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Criminologia aula 4

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Aula 04
Criminologia p/ Delegado de Polícia -
2021 - Pré-Edital (Curso Regular) 
Autor:
Diego Pureza
Aula 04
3 de Fevereiro de 2021
Sumário 
Introdução .......................................................................................................................................................... 3 
TEORIAS SOCOLÓGICAS EXPLICATIVAS DA CRIMINALIDADE ............................................................................. 4 
Teorias de nível individual .............................................................................................................................. 4 
Teorias biológicas (bioantropológicas): ............................................................................................................................ 4 
Teorias psicológicas: ......................................................................................................................................................... 4 
Teorias de nível sociológico (Macrossociológicas ou Sociologia Criminal) .................................................... 5 
Teorias do Conflito / de Cunho Argumentativo................................................................................................................ 5 
Teorias do Consenso / Funcionalistas / da Integração ..................................................................................................... 6 
TEORIAS CRIMINOLÓGICAS EM ESPÉCIE ............................................................................................................ 8 
Escola de Chicago (1920-1940) ...................................................................................................................... 8 
Teoria da Desorganização Social (Teoria Ecológica) ......................................................................................................... 9 
Teoria Espacial Defensável ............................................................................................................................................... 9 
Teoria das Janelas Quebradas (The Broken Windows Theory) ......................................................................................... 9 
Teoria/Política de Tolerância Zero .................................................................................................................................. 11 
Teoria dos Testículos Despedaçados / Quebrados / Esmagados (Breaking Balls Teory) ............................................... 11 
Teoria da Associação Diferencial / Aprendizagem / Social Learning ........................................................... 11 
Teoria da Identificação Diferencial ................................................................................................................................. 12 
Teoria do Condicionamento Operante ........................................................................................................................... 13 
Teoria do Vampiro .......................................................................................................................................................... 13 
Teoria do Reforço Diferencial ......................................................................................................................................... 14 
Teoria da Neutralização .................................................................................................................................................. 14 
Teoria da Subcultura Delinquente .................................................................................................................................. 15 
Teoria da Anomia / Estrutural-funcionalista .................................................................................................................. 16 
Teoria do Labelling Approach (Rotulação, Etiquetamento, Interacionismo simbólico ou Reação Social) .. 20 
Teoria Crítica, Radical, Marxista ou Nova Criminologia .............................................................................. 22 
Diego Pureza
Aula 04
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Teoria Abolicionista (Liberdade Individual Máxima) ...................................................................................................... 23 
Teoria Minimalista .......................................................................................................................................................... 24 
Teoria Neorrealista de Esquerda (Anti-Liberal) .............................................................................................................. 24 
Criminologia Cultural e Mídia ...................................................................................................................... 25 
Teoria “Queer” ............................................................................................................................................. 25 
Teoria Feminista ........................................................................................................................................... 26 
Teoria dos Instintos ...................................................................................................................................... 26 
Criminologia Ambiental e Teorias ................................................................................................................ 26 
Teoria das Atividades Rotineiras (routine activies theory) ............................................................................................. 27 
Teoria da Escolha Racional (rational choice theory) ....................................................................................................... 27 
Teoria do Padrão Criminal (crime pattern theory) ......................................................................................................... 27 
Teoria da Oportunidade (crime opportunuty) ................................................................................................................ 28 
Teoria do Autocontrole (Self-control)........................................................................................................... 29 
Teoria da Graxa sobre Rodas ....................................................................................................................... 29 
Teoria do Delito como Eleição ...................................................................................................................... 30 
Teoria das Predisposições Agressivas .......................................................................................................... 30 
Teoria Behaviorista ou do Comportamentalismo ........................................................................................ 30 
Teoria do Mimetismo ................................................................................................................................... 31 
Teoria do Cenário da Bomba-Relógio (Tincking time bomb scenario) ......................................................... 31 
Teoria da Coculpabilidade e o princípio da parcialidade positiva do juiz .................................................... 32 
Resumo Estratégico .......................................................................................................................................... 35 
Questões Comentadas ..................................................................................................................................... 40 
Lista de Questões ............................................................................................................................................. 56 
Gabarito............................................................................................................................................................ 65 
Diego Pureza
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INTRODUÇÃO 
 Prezado(a) aluno(a), dando sequência ao nosso curso, trabalharemos nesta 
aula todos os assuntos que relacionam as Teorias Sociológicas da Criminologia 
e do Direito Penal. 
Muito cuidado e total atenção nesta aula: é o tema mais cobrado em 
concursos públicos sobre criminologia e, ao mesmo tempo, o mais amplo e 
complexo. 
É tema dos mais amplos por tratar de diversas teorias esparsas (dezenas, 
sendo que elencamos aquelas mais importantes e com incidência em concursos 
públicos). 
Também é tema dos mais complexos por exigir do(a) aluno(a) intensa compreensão e segurança em cada 
teoria (defensores, características, críticas, etc.), bem como por se tratar de assuntos densos e, por vezes, 
extremamente teóricos. Nesse sentido, “decorar” o tema não é aconselhável (depender da própria memória 
em um concurso seria o mesmo que contar com a sorte). O ideal será realmente aprender, compreender cada 
teoria (se tornando conhecimento, dificilmente você se esquecerá). 
Considerando a complexidade do tema, será característica desta aula a linguagem descomplicada, 
abusando dos exemplos e esquemas, como fatores de facilitação à você. 
Ao final, é importante conjugar a teoria com a resolução de exercícios – sempre se atentando aos 
comentários em cada questão. 
Após superar as questões, você perceberá que com métodos de revisão este tema estará entre os seus 
pontos de segurança em qualquer concurso público! Aliás, vale frisar que é tema previsto em QUALQUER 
EDITAL de concurso público que venha exigir a Criminologia. 
Bons estudos! 
Diego Luiz Victório Pureza 
 
 
Prof. Diego Pureza 
 
@prof.diegopureza 
Diego Pureza
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TEORIAS SOCOLÓGICAS EXPLICATIVAS DA 
CRIMINALIDADE 
Dentro da perspectiva macrocriminológica, temos diversas teorias que visam explicar, justificar ou criticar 
o crime. Muitas se baseiam em critérios científicos, valendo-se de outros ramos do saber como a medicina, 
antropologia, estatística, etc., enquanto que outras apresentam forte carga ideológica. 
Em todo caso, é sem dúvida o tema mais cobrado em concursos públicos na atualidade merecendo análise 
retida sobre cada teoria. 
A doutrina apresenta classificação que divide as teorias criminológicas em teorias de nível individual e 
teorias sociológicas (macrossociológicas). A seguir, analisaremos cada um desses grupos para, em seguida, 
enfrentarmos o estudo de cada teoria em espécie. 
 
TEORIAS DE NÍVEL INDIVIDUAL 
As teorias de nível individual procuram apontar explicações sobre as causas individuais do fenômeno criminal, 
ou seja, analisa o próprio criminoso visando diagnosticar quais os fatores que são determinantes para a prática 
de delitos. Podem ser divididas em: 
a) Biológicas: buscam explicar o fenômeno criminal a partir de fatores orgânicos (biologia do criminoso); b) 
Psicológicas – explicação do comportamento criminoso através do mundo anímico, dos processos psíquicos 
ou nas vivências subconscientes do criminoso, bem como nos seus processos de aprendizagem e socialização. 
 
Teorias biológicas (bioantropológicas): 
Trabalham com a ideia de que a prática do delito está associada a fatores congênitos do indivíduo, ou melhor, 
ao próprio organismo do criminoso. O delinquente seria um ser biologicamente distinto dos demais cidadãos. 
Logo, são teorias que visam localizar e identificar em alguma parte ou no funcionamento do organismo do 
delinquente o fator diferencial que explica a conduta delitiva (tais como deformidades, doenças mentais, 
tumores, atavismo, etc.), enquanto consequência patológica ou disfuncional 
 
Teorias psicológicas: 
Procuram explicar as causas do fenômeno criminal a partir do estado anímico do criminoso (geralmente 
resultados da vivência do subconsciente ou mesmo nos processos de aprendizagem e socialização do 
indivíduo). 
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As teorias psicológicas podem ser da espécie psicodinâmica, hipóteses em que se conclui que houve falha no 
processo de aprendizagem ao longo da vida. Investiga-se quais os motivos da maioria das pessoas não praticar 
crimes. Como visto, trata-se de uma espécie do gênero teorias psicológicas. 
 
TEORIAS DE NÍVEL SOCIOLÓGICO (MACROSSOCIOLÓGICAS OU 
SOCIOLOGIA CRIMINAL) 
Partindo da premissa de que o crime é um fenômeno social, as teorias sociológicas buscam explicar a 
criminalidade na perspectiva etiológica (causas do crime) ou interacionistas (reação social). 
Ademais, a maioria das teorias que analisaremos em capítulo próprio pertencem à esse grupo, apontando como 
fatores determinantes da delinquência a sociedade. 
Variando de teoria para teoria, a sociedade seria a culpada ou responsável em parte pela criminalidade, seja 
por proporcionar aos indivíduos potencialmente criminosos o ambiente propício, seja por criar o criminoso 
em processos de estigmatizações, preconceitos, etc. 
O pensamento criminológico contemporâneo recebe fortes influências de dois grandes movimentos: as teorias 
do consenso e teorias do conflito. 
 
 
Teorias do Conflito / de Cunho Argumentativo 
As teorias do conflito (de esquerda, ligadas à movimentos revolucionários) recebem forte influência da 
filosofia marxista, tendo como característica o entendimento de que a convivência harmônica em sociedade 
decorre de imposição, por meio da força e da coerção, havendo uma relação entre dominantes e dominados 
(adaptação da ideia de luta de classes cunhada por Karl Marx). 
Para os adeptos das teorias do conflito, não existiria voluntariedade por parte do indivíduo ao buscar a 
pacificação social. A pacificação seria fruto de imposição. 
Há, todavia, algumas teorias do conflito (em especial, as teorias mais recentes) que afastam a ideia de luta de 
classes, argumentando que a violação da ordem derivaria mais do comportamento dos indivíduos, bandos ou 
grupos do que propriamente de um substrato político-ideológico. 
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Postulados das teorias do conflito: toda a sociedade está sujeita a mudanças contínuas, 
sendo que cada indivíduo poderá cooperar para a sua dissolução. 
Com esse entendimento, algumas teorias do conflito chegam a enxergar o criminoso 
como uma espécie de “agente revolucionário ou de transformação social” (considerados 
por alguns como sendo os sucessores dos “proletariados” de Marx) – algumas teorias 
chegam a demonstrar até certo apreço pela figura do delinquente. 
São exemplos de teoria do conflito: 
Labelling approach (Etiquetamento, Rotulação, Interacionismo simbólico ou da Reação Social) e 
Teoria Crítica (Radical, Marxista, Nova Criminologia) 
Em síntese: 
 
 
Teorias do Consenso / Funcionalistas / da Integração 
Para as teorias do consenso, os objetivos da sociedade só podem ser atingidos quando há concordância por 
todos sobre as regras de convivência. Estão ligadas a movimentos de direita e ao conservadorismo. 
Os sistemas sociais dependeriam da voluntariedade tanto dos cidadãos, quanto das instituições, ao dividirem 
valores semelhantes. 
Tomemos a título de ilustração a ideia de uma máquina que funciona (representando os anseios sociais). Cada 
peça ou engrenagem representaria cada indivíduo ou instituição. Na medida em que todos cooperam no mesmo 
sentido e com os mesmos valores, a máquina funcionará normalmente. 
A partir do momento em que uma peça ou engrenagem passa a apresentar falhas (cometimento de crime), o 
problema deverá ser detectado de forma específica, retirado para restaurar o funcionamento da máquina 
(representandoa ideia do cárcere), corrigido (ressocialização) para, só após, realocar a peça na máquina 
(sociedade). 
Perceba que a ideia é que a sociedade se baseia no consenso entre seus integrantes (daí o nome). Aliás, 
explicando os nomes para facilitar, podemos concluir que: 
Exemplos:
- Labelling Approach
- Teoria Crítica / Radical
Elementos sociais
Mudança contínua
Cooperação para 
dissolução
Luta de classes
Teorias do 
Conflito
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 Para o bom funcionamento, toda a sociedade deve se encontrar integrada (Integração); 
 A estrutura da sociedade se baseia no consenso entre os cidadãos sobre os diversos valores 
dominantes (consenso); 
 Cada um é responsável pela função que lhe é conferida, de modo a contribuir para a manutenção do 
corpo social (Funcionalismo). 
Importante mencionar que, apesar das teorias do consenso trabalharem com maior enfoque sobre o criminoso, 
não negam que fatores externos podem influenciar a prática de crimes (a exemplo de ambientes hostis, 
sociedades corrompidas, etc.). 
Postulados das teorias do consenso: a sociedade é composta dos seguintes elementos: 
- Perenes: há valores que são eternos, valores que servem para alicerçar a sociedade 
independentemente do momento; 
- Integrados: os membros da sociedade deve estar em harmonia constante para o bom 
funcionamento; 
- Funcionais: cada cidadão (ou instituição) é responsável por exercer alguma função que 
seja útil em prol da coletividade; 
- Estáveis: noção de que mudanças devem acontecer de forma natural e sem pressa 
(rechaçando a ideia de revoluções imediatistas). 
São exemplos de teoria do consenso: 
Escola de Chicago; Teoria da Associação Diferencial; Teoria da Anomia; Teoria da 
Desorganização Social, Teoria da Neutralização e Teoria da Subcultura Delinquente 
Em síntese: 
 
 
Exemplos:
- Escola de Chicago;
- T. Associação Diferencial;
- T. Anomia;
- T. Desorganização Social;
- T. Neutralização;
- T. Subcultura 
Delinquente
Elementos sociais
Perenidade
Integralidade
Funcionalidade
Estabilidade
Teorias do 
Consenso
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TEORIAS CRIMINOLÓGICAS EM ESPÉCIE 
 
ESCOLA DE CHICAGO (1920-1940) 
A Escola de Chicago é a grande propulsora da sociologia americana moderna, iniciando nas décadas de 1920 
e 1930, por meio dos estudos da “Sociologia das grandes cidades” apresentado pelo Departamento de 
Sociologia da Universidade de Chicago, diante do crescimento da criminalidade na mencionada cidade. 
Com a revolução industrial houve o crescimento dos centros urbanos e, ao mesmo tempo, crescimento da 
criminalidade. 
Com isso, a Escola de Chicago voltou sua atenção para os estudos dos meios urbanos, chegando à conclusão 
de que o meio ambiente influenciava a conduta criminosa. Logo, concluíram também que o crescimento 
da população nas cidades representavam um crescimento na criminalidade. 
A ideia é que as pessoas acabavam, mais cedo ou mais tarde, sendo contaminadas pelo meio social em que 
conviviam, por meio do convívio com semelhantes que apresentavam comportamentos criminosos. Com a 
convivência, passavam a enxergar todo aquele ambiente criminoso com naturalidade e, consequentemente, 
passava também a delinquir. 
Logo, é correto concluir que à luz da Escola de Chicago a cidade era responsável por produzir a 
criminalidade. Considerando o fato de existir regiões na cidade de Chicago que proporcionavam também 
ambientes mais calmos e pacíficos, reforçou-se a ideia de que o ambiente de convivência poderia contribuir 
para o crescimento ou diminuição da delinquência. 
Podemos destacar como características da Escola de Chicago: 
 Valia-se do método empírico: trabalhava com a observação dos fatos concretos; 
 Apresentava finalidade pragmática: tentava explicar as causas do delito de forma específica e segura, 
voltada para os problemas de Chicago à época; 
 Utilizava Inquéritos Sociais (social surveys): bairros e cidades eram investigadas por meio de índices 
de criminalidade como meio para se enxergar o real grau de delinquência localizada. 
 
A importância da Escola de Chicago para a sociologia é inegável, sendo responsável, 
inclusive, por influenciar no surgimento de outras teorias a saber: Teoria da 
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Desorganização Social (Ecológica), Teoria Espacial, Teoria das Janelas Quebradas e 
Teoria/Política de Tolerância Zero. Estudaremos cada uma a seguir em tópicos próprios. 
 
Teoria da Desorganização Social (Teoria Ecológica) 
A Teoria da Desorganização Social (também chamada de Teoria Ecológica) surge em 1915 e conclui que o 
progresso e a expansão da sociedade acarreta no crescimento da criminalidade nos grandes centros urbanos. 
Tem como principal obra The City: Suggestion for the Investigation of Human Bahavior in the City 
Environment, dos autores Robert Park e Ernest Burguess. 
A ideia básica gira em torno principalmente do enfraquecimento dos meios de controle social informal, 
desordem social e falta de integração. Com a expansão dos centros urbanos, surge inevitavelmente, segundo 
esta teoria, desorganização social e degradação dos grupos informais de controle social, tais como a família, 
círculo de amizades, etc. 
Com o enfraquecimento de tais grupos, haverá também a diminuição (ou até a perda) de valores positivos 
como a amizade (comumente presente em regiões mais pacatas e afastadas), o civismo, companheirismo, 
dentre outros, até chegarmos à uma sociedade desorganizada. A desorganização social, por sua vez, será 
criminógena (causadora da delinquência). 
 
Teoria Espacial Defensável 
Formulada em 1940, apresenta como um possível mecanismo de prevenção da criminalidade a 
reestruturação arquitetônica e urbanística das grandes cidades. 
A ideia básica é de que casas e prédios podem ser reestruturados de modo a garantir a segurança de seus 
habitantes e usuários e, ao mesmo tempo, oferecer riscos aos criminosos. 
Teve como expoente o arquiteto Oscar Newman, por meio da obra Defensible Space, ao qual apresentou uma 
série de modelos de construção adequados e capazes de prevenir as pessoas contra a criminalidade. Em síntese, 
o modelo ideal de construção, segundo Newman, seria a estrutura arquitetônica que permite maior vigilância 
por seus habitantes e usuários e, ao mesmo tempo, que apresente mecanismos de autodefesa por meio de 
barreiras reais (capazes de ferir o criminoso) e simbólicas (gerando efeitos de desestímulo e dissuasão no 
criminoso). 
 
Teoria das Janelas Quebradas (The Broken Windows Theory) 
Originada nos Estados Unidos, a Teoria das Janelas Quebradas foi cunhada pelos criminologistas da 
Universidade de Harvard, James Wilson e George Kelling (obra: The Police and Neiborghood Safety – “A 
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Polícia e a Segurança da Vizinhança”, publicada na revista Atlantic Monthly em 1982), apresentando um 
vínculo peculiar entre desordem/descaso e delinquência. 
Para entender a conclusão é necessário conhecer as pesquisas empíricas que inspiraram a teoria ora estudada: 
 
Experimento realizado em 1969 por Philip Zimbardo, psicólogo da Universidade de 
Stanford: 
Para o experimento, foram utilizados dois locais, um bairro de classe pobre (Bronx, Nova 
Iorque) e outro considerado de alto padrão (Palo, Alto, Califórnia). 
Em ambos, colocaram um veículo com a tampa do motor aberta. Em pouco tempo, o 
veículo foi completamente depredado no Bronx por vândalos, enquanto que em Palo Alto 
o veículo permaneceu intacto.Antes que alguns concluíssem de forma limitada e precipitada que a criminalidade estava 
vinculada apenas à classe social de cada região, Zimbardo quebrou uma das janelas do 
veículo até então preservado que havia estacionado em Palo Alto. Com isso, poucas horas 
após a janela ter sido quebrada, o veículo foi completamente destruído por pessoas que 
por ali passavam. 
A conclusão foi de que, com o exemplo de que algo está abandonado, haverá o recado subliminar de ausência 
de vigilância, de abandono, gerando, por conseguinte, a sensação de impunidade. Nesse sentido, pessoas que 
só não praticam crimes por receio da punição passam a não mais enxergar obstáculos para praticarem suas 
vontades. 
Com isso, o que a Teoria das Janelas Quebradas apresenta para a segurança pública é a ideia de que a tolerância 
de delitos menores (aplicando, por exemplo, medidas alternativas ao invés de pena), acaba por estimular os 
criminosos a praticarem delitos cada vez mais graves e violentos. 
Logo, é de extrema importância aplicar punição com rigor sobre qualquer delito, independentemente da 
gravidade, como forma de desestimular a delinquência na prática de crimes mais graves (caráter preventivo e 
dissuasório da pena). 
Também se evitaria que determinados bairros até então considerados perigosos se tornassem verdadeiras zonas 
de concentração da delinquência. 
Por fim, destaca-se que a teoria das janelas quebradas inspirou a Política de Tolerância Zero, a seguir 
estudada. 
 
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Teoria/Política de Tolerância Zero 
Fruto de inspiração da teoria das janelas quebradas, a teoria da tolerância zero foi implementada pelo ex-
Prefeito de Nova Iorque, Rudolph Giuliani, também decorrente do chamado movimento de Lei e Ordem 
(Law and Order), se tratando de uma filosofia jurídico-política baseada em medidas criminais sem qualquer 
discricionariedade por parte das forças policiais (limitavam-se em aplicar a lei igualmente para todos os que 
praticassem as mesmas condutas), cujo sistema de justiça criminal apresentava punições iguais a todos aqueles 
que cometessem os mesmos crimes, independentemente do grau de culpa do indivíduo. 
Perceba que tal política aplicava de forma estrita a filosofia da teoria das janelas quebradas, com penas firmas 
para todos os crimes, até mesmo aqueles considerados mais leves, sem possibilidade de penas alternativas (a 
punição era certa sobre os criminosos). 
A finalidade era incutir no pensamento comum a ideia de que as leis e regras de convivência deveriam ser 
respeitadas (mesmo que por meio da intimidação na aplicação das penas), proporcionando, a médio ou a longo 
prazo, ambientes seguros para a população, bem como reconquistando a confiança no Estado por parte de 
todos. 
Obviamente, ao incutir na população o hábito de respeitar a legalidade, a política de tolerância zero também 
alcançaria a redução nos índices de criminalidade. 
 
Teoria dos Testículos Despedaçados / Quebrados / Esmagados (Breaking Balls Teory) 
Também inspirada na teoria das janelas quebradas, aplica entendimento semelhante, porém não com o enfoque 
sobre as penas (como ocorre com a política de tolerância zero), mas com destaque para a atuação das forças 
policiais. 
Segundo essa teoria, a atuação policial deve ser firme, com rigor, inflexível, até mesmo contra crimes 
considerados leves ou de menor potencial ofensivo pois, aos policiais pressionarem os criminosos com 
firmeza, farão com que estes últimos fujam. 
O criminoso, se sentindo intimidado pela polícia, se afastaria por perceber que não teria “vida fácil” em seus 
intentos criminosos. 
A crítica que essa teoria sofre por parte da doutrina recai sobre o fato de que não é capaz de eliminar ou 
diminuir a criminalidade, mas de apenas realoca-la. A criminalidade apenas seria deslocada para regiões com 
atuação menos efetiva das forças policiais. 
 
TEORIA DA ASSOCIAÇÃO DIFERENCIAL / APRENDIZAGEM / SOCIAL 
LEARNING 
Baseada no pensamento de Edwin Sutherland (1883-1950), inspirado, por sua vez, nos ensinamentos do 
sociólogo e jurista francês, Gabriel Tarde, trabalha o pensamento segundo o qual o crime não consiste apenas 
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em uma inadaptação de pessoas pertencentes as classes menos favorecidas (não está vinculado apenas à 
pobreza), vez que não é praticado com exclusividade por seus integrantes (ricos também praticam crimes). 
Defende que comportamento humano tem origem social, e o homem, ao aprender a conduta desviada, associa-
se com referência nela. Sendo o cidadão estimulado a aprender e repetir os comportamentos praticados no 
círculo social ao qual pertence, seria capaz de aprender também a praticar crimes, como acontece ao se 
aprender uma profissão. Aprende a criminalidade desde os meios e métodos (modus operandi) até os 
respectivos resultados e “vantagens”. 
O indivíduo é convertido em delinquente no momento em que os valores predominantes no grupo, do qual faz 
parte, ensinam o delito. Isso pode acontecer especialmente quando os exemplos de comportamentos 
criminosos superam os de boa conduta, a exemplo de famílias com membros envolvidos com a criminalidade, 
círculo de amizades desvirtuados, etc. 
Se aprende o crime assim como se aprende uma boa ação. O delito não tem como causa fatores hereditários, 
mas sim a influência do meio. É aprendido mediante a comunicação com outras pessoas. 
Para Sutherland, era necessário processos de comunicação pessoal direta (convivência ativa) para que o sujeito 
aprendesse a criminalidade com seus pares (divergindo nesse ponto de Gabriel Tarde que defendia a ideia de 
aprendizagem por meio da mera imitação, funcionando o indivíduo como mero receptor passivo de 
informação). 
 
Importante: no final da década de 30, Edwin Sutherland cunhou a expressão White-collor 
crime (“Crime de Colarinho Branco”), explicando que membros de elites e de classes 
abastadas também praticavam crimes (geralmente, delitos de ordem econômica) por 
estarem inseridos em ambientes cujos membros estavam corrompidos (aprendiam, por 
exemplo, atos de corrupção). Tal teoria trouxe grandes avanços no Direito Penal 
Econômico. 
 
Teoria da Identificação Diferencial 
É semelhante a teoria anterior, mas com ela não se confunde. 
Vimos que para a Associação Diferencial, o crime se aprende com outras pessoas, por meio de processos de 
comunicação pessoal. 
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Já na Identificação Diferencial desenvolvida por Daniel Glasser, há a possibilidade do indivíduo aprender o 
crime a partir da identificação com o criminoso tomados como referência, independentemente de 
aproximação ou convívio pessoal. 
Parte da premissa segundo a qual para se aprender algo não é necessário a proximidade, bastando a existência 
de um modelo de conduta remoto. 
Daí critica-se o estímulo de crimes por parte da mídia que, segundo esta teoria, possui o poder de influenciar 
positiva ou negativamente as pessoas. 
Tal corrente critica cinemas, novelas, filmes ou qualquer cena de exibição que faz apologia, ainda que 
indiretamente, à prática de crimes, geralmente destacando vilões encarnando policiais e agentes do Estado 
corruptos e truculentos e “mocinhos” ou heróis no papel de criminosos e traficantes como espécies de 
“justiceiros sociais”. São casos em que há uma relação positiva com personagens delinquentes, ao passo que 
há ao mesmo tempo uma relação negativa sobre os personagens que representam agentes de combate ao crime. 
 
Teoria do Condicionamento Operante 
Teoria similar à anterior, surgiu nos anos de 1960, por meio dos estudosde Robert Burguess e Ronald Akers 
(The Differential Association Reinforcement Theory of Criminal Behavior – 1966), que defendiam a ideia de 
que a conduta delinquente é fruto das experiências passadas do indivíduo, derivando de uma série de estímulos 
contínuos que o indivíduo recebe ao longo da vida. 
Segundo os mencionados autores, o processo de aprendizagem é otimizado pelo o que chamaram de princípios 
psicológicos de condicionamento operante, podendo serem positivos ou negativos. 
Condutas podem ser reforçadas e estimuladas por meio de princípios de condicionamento positivos, a exemplo 
do pai que premia o filho com gratificações por praticar boas ações, ou negativos, como em casos de abusos 
familiares em que filhos são castigados por qualquer comportamento (sendo capaz de estimular as vítimas a 
se tornarem criminosas no futuro). 
 
Teoria do Vampiro 
A Teoria do Vampiro é similar às teorias anteriores, porém, volta as atenções para casos de vítimas de abusos, 
estabelecendo que vítimas de violência sexual na infância, a título de exemplo, são propensas a serem também 
abusadoras e violentas na vida adulta. 
Não raras as vezes, vítimas de abusos acabam se tornando abusadoras na vida adulta. Daí a expressão 
“vampiro”, personagem folclórico cujo poder é de sugar o sangue de suas vítimas e, mantendo-as vivas, terá 
o poder de transformá-las também em vampiros. 
 
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Teoria do Reforço Diferencial 
Teoria pautada na ideia de que o comportamento criminoso está em processo de constante interação com o 
meio social em que se insere, com a incidência de condicionamentos por meio de ideias de saciedade e 
privação. 
Com isso, algumas pessoas saciadas por algum anseio responderiam de forma diversa daquelas não saciadas 
(privadas de algum desejo). 
Exemplo: pessoa privada de direitos econômicos (pobre), seria propensa a praticar crimes 
patrimoniais visando saciar as próprias vantagens. 
Importante destacar que esta teoria também considera outros fatores como estimulantes de condutas 
criminosas, a exemplo de fatores bioquímicos e biológicos. 
Influenciada pela Escola Clássica, defende como forma de prevenir crimes a certeza da punição (a 
impunidade estimula a prática de novos crimes) 
 
Teoria da Neutralização 
Cunhada por David Matza e Gresham Sykes ao analisarem a delinquência infanto-juvenil, percebem a 
utilização de técnicas de neutralização utilizadas pelo próprio delinquente na expectativa de racionalizar e 
justificar a própria conduta criminosa. 
Partindo também da premissa de que o crime é fruto de um processo de aprendizagem a partir da interação 
social, alguns criminosos podem apresentar a característica de autojustificação, passando a apresentar 
argumentos que de algum modo justificaria seus crimes. 
Conforme a doutrina, 5 técnicas de neutralização se destacam: 
 Negação da própria responsabilidade: o delinquente passa a alegar que a conduta criminosa que 
praticou foi fruto de acidente ou resultado de circunstâncias estranhas à própria vontade. Exemplo: 
criminoso justifica que é violento por ter vivido em um lar desestruturado, ou morado em bairro 
violento (“a culpa não foi minha”); 
 Negação da lesão praticada (Negação da ilicitude): o criminoso defende a ideia de que sua conduta 
não passou de brincadeira, não causando danos efetivos à vítima. Exemplo: furto de uso (“eu achava 
que minha conduta não causaria nenhum mal”); 
 Negação da vítima: o criminoso passa a alegar que o dano foi uma justa punição à vítima (vítima 
seria merecedora de punição). Exemplo: sujeito pobre que assalta rico alegando estar realizando uma 
espécie de justiça social, como o personagem literário Robin Wood (“ele teve o que merecia”); 
 Condenação dos condenadores: aqui o delinquente passa a acusar agentes de sistema de justiça 
criminal de injustos, chamando os policiais de torturadores, o promotor de inconsequente, o juiz de 
inescrupuloso, etc. (“todo mundo pega no meu pé injustamente”); 
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 Apelo à lealdade: o criminoso tenta justificar o próprio crime em alguma causa ou valor de 
superioridade ética. Exemplo: terrorista que mata dezenas de pessoas sob o argumento de que cumpria 
uma missão divina (“eu não fiz isso por mim, mas sim por um bem maior”). 
 
Teoria da Subcultura Delinquente 
Teoria formulada pelo sociólogo norte-americano Albert K. Cohen (1918-2014), em especial com a 
publicação da obra Delinquent Boys (1955), apontando pela existência de uma chamada subcultura, 
correspondendo por uma espécie de cultura inferior inserida em outra cultura (esta sim predominante). 
Tem origem nos Estados Unidos da América, pois logo após a segunda guerra mundial os EUA alcançava 
expressivo crescimento econômico e tecnológico. 
A partir daí, houve naturalmente um aumento na erosão da divisão de classes sociais, pois, com o crescimento 
das grandes metrópoles, houve naturalmente um afastamento das periferias – além do aumento da divisão entre 
as classes ricas (cada vez mais ricas com a revolução industrial) e classes menos favorecidas (cada vez mais 
pobres). 
Tal teoria vincula o aumento da criminalidade com o crescimento da população menos favorecida, sem 
acesso ao que seria considerado cultura de qualidade (daí o título). 
A chamada subcultura até reconhece a existência e os valores da cultura dominante, porém, acaba por colocar 
em prática os próprios valores que, por vezes, acaba por se traduzir na prática de crimes. 
Exemplos da subcultura delinquente nos EUA: gangues de delinquência juvenil em bairros 
localizados nas periferias das grandes cidades; tribos de pichadores e membros de facções 
criminosas em bairros afastados; a luta dos negros norte-americanos por direitos civis nos anos 60, 
demonstrando a não acessibilidade por direitos em alguns setores sociais (e, portando, da 
existência de uma subcultura), etc. 
 
Importante: segundo Cohen, a Subcultura Delinquente se caracteriza por 3 fatores: 
a) Não utilitarismo: muitos delitos não possuem motivação racional (exemplo: alguns 
jovens furtam roupas que não irão usar); 
b) Malícia da conduta: prazer em prejudicar o próximo (exemplo: atemorização que 
gangues fazem em jovens que não as integram); 
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c) Negativismo da conduta: oposição aos padrões predominantes na sociedade 
(exemplo: pichação de muros como demonstração de rebeldia). 
Crítica: recai sobre a sua incapacidade de explicar a criminalidade como um todo, de forma genérica, 
restringindo-se as manifestações da delinquência juvenil e em classes menos favorecidas. 
 
Teoria da Anomia / Estrutural-funcionalista 
Anomia possui origem grega, significando ausência de lei (a = ausência + nomos = lei), servindo para a 
sociologia criminal para apresentar a ideia de que, diante do fracasso dos meios regulares de proteção social 
(descrédito na certeza da punição, por exemplo), bem como descrédito das normas e dos valores sociais, será 
possível se atingir um estado de completo abandono das regras de convívio social (anarquia), importando na 
chamada anomia. 
Apesar de ser espécie de teoria do consenso, ante seu caráter estrutural-funcionalista, a teoria da anomia possui 
predicados Marxistas, e foi cunhada por Robert King Merton (artigo Social Structre and anomie, em 
American Sociological Review, 1938), inspirado nos ensinamentos de Émile Durkheim. Fazendo uma síntese 
dos mencionados autores, podemos explicar a criminalidade por meio de uma ótica sociológica sustentando 
que determinado comportamento pode ser considerado criminosopor violar o consciente coletivo 
(valores comuns da sociedade). 
O termo “anomia” foi cunhado por Émile Durkheim, sociólogo, antropólogo, cientista político, psicólogo 
social e filósofo francês (1858-1917) que servia para definir o cenário de uma sociedade que não funcionava 
de forma harmônica. Também utilizava o termo para designar grupos ou sociedades no interior delas, que 
sofrem da desorganização e caos ocasionado pela ausência de regras de boa conduta admitidas pela maioria, 
implícita ou explicitamente – ou mesmo em razão da instalação de regras que fomentam o isolamento e 
predação ao invés da cooperação. Entendia a anomia como um enfraquecimento do poder de influência e 
intimidação das normas penais vigentes (e não propriamente a ausência de leis). 
A título de exemplo, destacamos o não cumprimento da função da pena (ressocialização e prevenção). 
Posteriormente, nos Estados Unidos da América, fortemente influenciado pelos ensinamentos de Durkheim, 
Robert King Merton, sociólogo americano (1910-2003) deu novos contornos à expressão “anomia”, sendo o 
responsável por sistematizar e criar a teoria em estudo. Segundo Merton, anomia significa a incapacidade de 
alcançar os fins culturais. Ocorre quando o insucesso em atingir metas culturais, devido à insuficiência dos 
meios institucionalizados, gera alguma conduta antissocial e desviante. O seu pensamento ficou popular em 
1949 devido ao seu livro “Estrutura Social e Anomia”. 
Fazendo uma síntese dos mencionados autores, podemos explicar a criminalidade por meio de uma ótica 
sociológica sustentando que determinado comportamento pode ser considerado criminoso por violar o 
consciente coletivo (valores comuns da sociedade). 
Ademais, afastando das ideias da Escola Positivista, a teoria da anomia afasta a ideia do crime como anomalia 
(dispensando estudos biológicos), passando a adotar uma concepção puramente sociológica). 
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A partir da perspectiva que se enxerga o fenômeno criminal sob o prisma sociológico, a teoria da anomia chega 
às seguintes conclusões: 
 Crime: qualquer comportamento capaz de violar o consciente coletivo, ou seja, lesões aos valores 
preponderantes na sociedade; 
 Pena: passa a ser instrumento de defesa do consciente coletivo e preservação da sociedade. 
Mas como definir o que é, de fato, consciente coletivo? Evidentemente, será mais preciso uma análise de cada 
grupo social, diagnosticando quais os valores preponderantes em cada local, porém, a teoria da anomia nos 
fornece diretrizes mínimas para a correta compreensão do fenômeno criminal: é a estrutura social responsável 
por definir os fins e metas culturais dominantes, bem como quais os meios institucionalizados considerados 
legítimos. 
Fins e metas culturais podem ser definidos como os alvos almejados pela maioria dos cidadãos, tais como a 
riqueza, o sucesso, qualidade de vida, status social, estabilidade, etc, enquanto que os meios 
institucionalizados considerados legítimos são os modelos de condutas consideradas corretas para atingir os 
fins e metas culturais, tais como o trabalho, estudos, esforço pessoal, etc. 
 
A partir da ideia acima, Robert King Merton apresenta 5 possibilidades de adaptações distintas de um sujeito 
aos meios institucionalizados (alguns legítimos e outros não) visando alcançar as metas culturais: 
a) Conformidade (comportamento modal): é o modelo de adaptação comum (legítimo e não criminoso) em 
que o sujeito aceita as metas culturais elencadas pela sociedade, bem como os meios institucionalizados 
legítimos para alcança-las. 
Exemplo: indivíduo aceita a ideia de que precisa trabalhar para alcançar sucesso profissional, 
ainda que dessa forma precise de anos para atingir metas. 
b) Inovação: aqui o indivíduo até aceita as metas culturais, todavia, rejeita os meios legítimos elencados pela 
estrutura social, passando a praticar condutas desviadas como meio para atingir fins e metas culturais. 
Exemplo: indivíduo quer riqueza e status social (metas culturais dominantes), porém, rejeita a 
ideia de trabalho e passa a buscar tais metas por meio de assaltos a mão armada (meios ilegítimos). 
c) Ritualismo: aqui inverte-se os polos do modelo anterior. O indivíduo rejeita as metas culturais, porém, por 
meio de um comportamento rotineiro (por hábito) e conformista, permanece respeitando os meios 
legitimamente institucionalizados, agindo por toda a vida como se tivesse praticando um ritual. 
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Exemplo: indivíduo não concorda com a ideia de que só se consegue sucesso ou status social por 
meio da riqueza, todavia, mesmo assim permanece em sua rotina de trabalho e estudos deixando 
de praticar qualquer conduta delituosa (pratica hábitos ritualísticos como o trabalho rotineiro 
mesmo sem acreditar que seu fruto será o sucesso ou que o sucesso seja mesmo importante). 
d) Evasão (retraimento ou inocuização): o indivíduo rejeita tanto as metas culturais quanto os meios 
institucionalizados, passando a viver à margem da sociedade. 
Exemplo: mendigos, andarilhos, alcoólatras e dependentes químicos patológicos e crônicos que 
não buscam metas na vida, tampouco trabalham, estudam ou praticam qualquer outro meio 
institucionalizado. 
e) Rebelião: revoltado ou por inconformismo, o indivíduo rejeita as metas culturais e os meios 
institucionalizados, passando a praticar condutas desviadas na tentativa de mudar o corpo social atual 
(geralmente pela força). 
Exemplo: anarquistas, rebeldes sem causa e “revolucionários sociais” que tentam mudar o mundo 
por meios imediatistas e bruscos, cuja finalidade é implementar a própria visão ideal de sociedade. 
Em síntese: 
Modos de Adaptação 
Meios Culturais (status, poder, 
riqueza, qualidade de vida, etc.) 
Meios Institucionalizados 
(escola, trabalho, etc.) 
Conformidade Aceita Aceita 
Inovação Aceita Não aceita 
Ritualismo Não aceita Aceita 
Evasão/Retraimento Renúncia Renúncia 
Rebelião Não aceita Não aceita 
A conclusão é de que com o fracasso na perseguição das metas culturais (insucesso, por exemplo), somado a 
escassez dos meios institucionalizados (desemprego, desigualdade social, ensino público precário, etc.), a 
sociedade caminhará para um estado de anomia, ou seja, estado de desordem com comportamentos desviados 
e estranhos às normas sociais (crimes). 
Importante frisar que, segundo essa teoria, a prática de crimes em índices mínimos pode ser tolerada por se 
tratar de um fenômeno comum e natural, porém, se alcançado índices elevados e alarmantes de criminalidade, 
estaremos diante de um estado de desordem social e de caos, com o risco de subversão dos valores até então 
dominantes somados com a completa descrença no sistema normativo de condutas, acarretando no estado de 
anomia. 
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Questão interessante e que trabalha as teorias da subcultura delinquente e anomia foi cobrada no concurso para 
Delegado de Polícia da PC/BA em 2018. Vejamos: 
 
(VUNESP – PC/BA-Delegado – 2018) No tocante às teorias da subcultura delinquente e da 
anomia, assinale a alternativa correta: 
a) Uma das principais críticas às teorias da subcultura delinquente é a de que ela não consegue 
oferecer uma explicação generalizadora da criminalidade, havendo um apego exclusivo a 
determinado tipo de criminalidade, sem que se tenha uma abordagem do todo. 
b) A teoria da anomia, sob a perspectiva de Durkheim, define-se a partir do sintoma do vazio 
produzido no momento em que os meios socioestruturais não satisfazem as expectativas culturais 
da sociedade, fazendo com quea falta de oportunidade leve à prática de atos irregulares para atingir 
os objetivos almejados. 
c) A teoria da anomia, sob a perspectiva de Merton, define-se a partir do momento em que a função 
da pena não é cumprida, por exemplo, instaura-se uma disfunção no corpo social que desacredita 
o sistema normativo de condutas, fazendo surgir a anomia. Portanto, a anomia não significa 
ausência de normas, mas o enfraquecimento de seu poder de influenciar condutas sociais. 
d) O utilitarismo da ação é um dos fatores que caracterizam a subcultura deliquencial sob a 
perspectiva de Albert Cohen. 
e) O utilitarismo da ação é um dos fatores que caracterizam a subcultura deliquencial sob a 
perspectiva de Albert Cohen. 
 
RESOLUÇÃO: 
A) A principal crítica realizada pela doutrina relativo à teoria da subcultura delinquente recai sobre 
a sua incapacidade de explicar a criminalidade como um todo, de forma genérica, restringindo-se 
as manifestações da delinquência juvenil e em classes menos favorecidas. 
B) A perspectiva sobre a anomia destacada na alternativa “B”, em verdade fora cunhada por Robert 
King Merton. 
C) A perspectiva sobre a anomia destacada na alternativa “C”, em verdade fora cunhada por Émile 
Durkheim. 
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D) Um dos fatores que, de fato, caracteriza a subcultura delinquente, sob a perspectiva de Cohen, 
é o não utilitarismo da ação, diante dos crimes praticados por alguns delinquentes sem qualquer 
finalidade específica, ou seja, sem qualquer motivo racional. 
E) Não há antagonismo entre a sensação de impunidade de uma sociedade e o conceito de anomia 
cunhado por Durkheim pois, para a anomia, o indivíduo passa a delinquir partindo do pressuposto 
em que o cumprimento das normas na sociedade está enfraquecido, que seria a mesma sensação 
de impunidade transmitido à sociedade. Logo, não há antagonismo, o que há é justamente 
convergência. 
Gabarito: A 
 
TEORIA DO LABELLING APPROACH (ROTULAÇÃO, 
ETIQUETAMENTO, INTERACIONISMO SIMBÓLICO OU REAÇÃO 
SOCIAL) 
 
Teoria cunhada em 1960 por Erving Goffman, Edwin Lemert e Howard Becker (autores da Nova Escola 
de Chicago), inspirados pelas doutrina de Émile Durkheim, defendem que o crime é produto de um processo 
social formal e informal de interação, seleção, discriminação e estigmatização. 
Segundo essa teoria, para que um fato seja considerado criminoso é necessário a criação de uma norma penal 
incriminadora. Tal norma seria preparada pelas elites dominantes com a finalidade de subjugar outras classes. 
A ideia básica é de que o processo de criminalização primário funcionaria como instrumento de proteção dos 
interesses individuais e egoístas da classe dominante (elites políticas e empresariais). 
A partir daí, duas correntes surgem criando variações da teoria do Etiquetamento: 
1ª Corrente (radical): defendem a ideia de que o processo de Etiquetamento é aplicado por agentes de 
controle social formal, tais como policiais, promotores, juízes, etc. 
2ª Corrente (ampliativa): acreditam que o processe de Etiquetamento é exercido por agentes de controle 
social formal, bem como agentes informais, ao exemplo de famílias que apontam quem seria desde a tenra 
idade a “ovelha negra da família”, ou em grupos escolares onde desde as fases iniciais grupos de alunos 
excluem ou estigmatizam alguns outros alunos (aluno difícil ou marginalizado). 
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A teoria em estudo aduz que o delito é desprovido de conteúdo, sendo resultado de mero processo de 
estigmatização arbitrário e discriminatório seletivo contra grupos inferiores e promovidos para a proteção dos 
interesses das elites. 
Perceba a ótica invertida dessa teoria: ao invés de se questionar os motivos do indivíduo ter praticado 
determinado delito, passa-se a investigar os motivos pelos quais determinadas pessoas seriam estigmatizadas 
pelo processo de criminalização (não se questiona o motivo do sujeito ter estuprado, mas sim o motivo dele 
ter sido etiquetado como estuprador pelo sistema de justiça penal). 
Partindo dessa premissa, a pena seria instrumento estatal gerador de desigualdades. O criminoso, ao adquirir 
tal status (rótulo), passará a encontrar enormes dificuldades em se ver livre da condição de delinquente, por 
dois motivos: 
a) a própria sociedade oferecia resistência em aceita-lo novamente; 
b) sendo massivamente estigmatizado como delinquente, seja pela sociedade, seja pela mídia ou mesmo pelo 
Estado, o indivíduo passaria a acreditar nessa ideia, assumindo-se como tal. 
Nas palavras de Paulo Sumariva, “para essa teoria, em termos gerais, é pela afirmação de que cada um de 
nós se torna aquilo que os outros vêem em nós e, de acordo com essa mecânica, a prisão cumpre uma função 
reprodutora”. 
Com isso, tal teoria sustenta que a criminalização primária produz a “etiqueta” ou “rótulo”, que, por sua vez, 
produz a criminalização secundária (reincidência). 
Exemplos de “etiquetas”: atestados de antecedentes, folha corrida criminal, divulgação de jornais 
sensacionalistas, etc.). 
Inspirações no Brasil: Por conta da ideia de que o cárcere é prejudicial, inspirou no Brasil 
a Lei dos Juizados Especiais Criminais (Lei nº 9.099/95), com a criação de institutos que 
evitam o cárcere (institutos despenalizadores: composição civil dos danos, transação 
penal e suspensão condicional do processo). 
Além disso, inspirou a Reforma Penal de 1984, que alterou a Parte Geral do Código Penal, 
a progressão dos regimes de penas e as penas alternativas, numa tendência garantista de 
não intervenção ou de Direito Penal Mínimo. 
 
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TEORIA CRÍTICA, RADICAL, MARXISTA OU NOVA CRIMINOLOGIA 
 
Responsável por criticar todos os modelos criminológicos – inclusive o labelling approach – a teoria crítica 
possui suas bases na filosofia do alemão Karl Marx, inspirador do comunismo e do socialismo, resumindo os 
conflitos sociais à velha luta de classes e culpando o sistema capitalista como o responsável por todos os males. 
A filosofia marxista foi importada para a criminologia por meio da sociologia criminal em diversos países. 
Na Holanda, teve origem no início do século XX, com o trabalho do holandês Bonger. Na Inglaterra, surgiu 
com os trabalhos de Ian Taylor, Paul Walton e Jock Young, especialmente com a obra The New 
Criminology: for a social theory of deviance, de 1973. 
Já na Itália, ganha força com Alessandro Baratta, responsável por fundar a revista La questione criminale 
(1975) e com a publicação da obra Criminologia Crítica e Crítica ao Direito Penal: Introdução à Sociologia 
Jurídico-Penal, de 1882. 
Na América Latina apresenta como principais defensores Eugênio Raul Zaffaroni e Rosa Del Omo. 
Defende que o homem não teria o livre-arbítrio, ou liberdade de escolha quando pratica um determinado delito 
por encontrar-se sujeito a um determinado sistema de produção. 
Critica todas as outras teorias e correntes da Criminologia, por considerar a criminalidade um problema 
insolúvel dentro da sociedade capitalista. 
Parte da ideia de que a divisão de classes no sistema capitalista gera desigualdades e violência a ser contida 
por meio da legislação penal. A desigualdade geraria o egoísmo sobre os oprimidos, levando-os a delinquir. 
Conclui que a norma penal surge como instrumento de controle social preconceituoso, por recair apenas sobre 
a classe trabalhadora e menos favorecida, não sendo aplicada da mesma forma às elites. 
Ademais, atualmente muitos defensores desta teoria marxista passa a enxergar o criminoso como um novo 
agente revolucionário (statusanteriormente empregado à classes de proletariados). Justamente por esse 
motivo, alguns enxergam o criminoso até mesmo com certo apresso, por entenderem se tratar de um agente 
transformador visando preparar uma nova ordem social. 
Justamente por não ventilar exceções às causas do crime, atribuindo culpa exclusivamente ao capitalismo, é 
que tal teoria é também chamada de radical. 
Sendo assim, podemos destacar como características da Teoria Crítica: 
- O Direito Penal se ocupa de defender os interesses do grupo social dominante; 
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- Reclama compreensão e até apreço pelo criminoso; 
- Critica severamente a criminologia tradicional; 
- O capitalismo é a base da criminalidade; 
- Propõe reformas estruturais na sociedade para a redução das desigualdades e, consequentemente, 
da criminalidade. 
Importante também apontar as diversas críticas sobre essa teoria: 
Críticas: 
I – Retira do ser-humano qualquer possibilidade de auto responsabilidade ao culpar 
exclusivamente o sistema capitalista, considerando o criminoso como uma mera vítima 
da sociedade e da classe em que foi inserida. 
II – Não explica os crimes dos mais abastados e não explica o não cometimento de crimes 
por outras pessoas que também vivem em classes menos favorecidas. 
III – Aponta apenas problemas em países capitalistas, deixando de analisar por completo 
os crimes praticados em países socialistas/comunistas, a exemplo da antiga União 
Soviética com índices elevados de criminalidade durante o comunismo, dentre outros 
exemplos como a criminalidade em países como Cuba, Venezuela, Nicarágua, dentre 
outros. 
Esta teoria inspirou três tendências da criminologia: neorrealismo de esquerda; abolicionismo penal e 
direito penal mínimo. 
 
Teoria Abolicionista (Liberdade Individual Máxima) 
Surge na Escandinávia, na década de 1990, com a criação do KRUM (que, traduzida, significa Associação 
Sueca Nacional para a Reforma Penal). 
Defendem a abolição do Direito Penal, excluindo, consequentemente, a prisão juntamente com todo o sistema 
de justiça criminal. 
Parte da ideia de que o Direito Penal não soluciona conflitos – ao contrário, seria fator capaz de criar novos 
crimes por meio de processos de estigmatizações seletivos. 
Com isso, a solução viria de instrumentos informais (diálogos, tratamentos médicos ou psicológicos, 
concórdia, solidariedade, etc.) ou de outras instâncias de controle menos repressivas como o Direito Civil e o 
Direito Administrativo. 
Apresentam as seguintes ideias visando solucionar o conflito criminal: 
a) Anarquismo: defendem o fim do Estado Penal. Sugerem que os indivíduos, passando a serem todos de 
total liberdade (sem freios legais impostos pelo Estado) estaria preparado para alcançar um estado de 
fraternidade e solidariedade plena, dispensando o sistema punitivo; 
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b) Marxismo: argumentam que o fim do sistema penal seria válido por representar mero instrumento de 
repressão cujo objetivo é ocultar os conflitos sociais; 
c) Cristão e liberal: sem o Estado ditando regras e imputações, o indivíduo resumiria todos os seus problemas 
a fatores econômicos (assuntos financeiros ocupariam seus próprios conflitos). 
Por fim, para muitos a ideia do abolicionismo não passa de utopia – ainda assim, extremamente perigosa dada 
a sua capacidade de criar uma sociedade anárquica. 
 
Teoria Minimalista 
Trata-se de uma espécie de “abolicionismo moderado”, apregoando que o Direito Penal deve subsistir de forma 
mínima, sendo aplicado apenas sobre casos extremamente graves. 
A pena privativa de liberdade, por exemplo, seria medida excepcionalíssima, sendo que o Estado deveria 
aplicar medidas alternativas de repressão (prestação de serviços à comunidade, pagamento em cestas básicas, 
multa, etc.). 
A título de exemplo, negam a possibilidade de aplicação da prisão aos crimes praticados por organizações 
criminosas e tráfico internacional de armas e fogo sob o argumento de que as finalidades não seriam 
alcançadas, quais sejam, a eliminação dos criminosos e o afastamento dos instintos delinquentes dos 
indivíduos. 
 
Teoria Neorrealista de Esquerda (Anti-Liberal) 
Apesar de ter influências marxistas, caminha em sentido diametralmente oposto comparada com o 
abolicionismo e minimalismo, por defender um Direito Penal rigoroso e maximalista (inspirada pela teoria da 
tolerância zero e janelas quebradas). 
Não enxergam apenas a pobreza como fator determinante para a prática de crimes, mas também a 
competitividade, ganância, machismo, consumismo, individualismo, etc. 
Com isso, sobre as demais causas, defendem um Direito Penal Máximo (defendem total rigor contra alguém 
considerado machista, homofóbico, ganancioso, etc.). 
Além disso, defendem o afastamento da discricionariedade do Poder Judiciário na aplicação da lei penal, 
limitando-se em aplicar a legislação de forma fria e objetiva, sem margens para interpretações ou juízos de 
valor. 
 
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CRIMINOLOGIA CULTURAL E MÍDIA 
Originada na década de 1990 como herança da criminologia crítica (especialmente das teorias da subcultura e 
labelling approach), por meio dos estudos de Jeff Ferrel, Clinton Sanders, Keith Hayward, Mike Presdee 
e Jock Young, que, segundo os próprios autores, passaram a analisar “o crime e as agências de controle como 
produtos culturais – como construções criativas. Como tais, devem ser lidas nos termos dos significados que 
carregam”. 
Em síntese, para a Criminologia Cultural, tanto o crime quanto os mecanismos de controle social são frutos 
da cultura de cada região. Daí, surge a necessidade de entender imagens, representações simbólicas, 
significados do delito, subculturas conforme os valores das culturas dominantes na sociedade. 
Apenas entendendo as bases culturais da sociedade será possível traçar um diagnóstico seguro sobre o crime. 
Nesse sentido, a Teoria Cultural contemporânea passa também a analisar o grande papel da mídia na 
criminalidade, isso porque a mídia exerce fortíssima influência em mudanças culturais. 
Por meio de novelas, filmes, documentários dentre outros produtos, a mídia é capaz de interferir diretamente 
na criação e modificação de pensamentos em grande escala, alcançando um número indeterminado de pessoas 
em fração de segundos. 
 
TEORIA “QUEER” 
A palavra queer possui origem norte-americana e significa literalmente esquisito, estranho ou excêntrico. A 
presente teoria surge no final dos anos 80 por meio de ativistas e movimentos cujas pautas são: “identidade de 
gênero e heteronormatividade”. 
Associa-se com a violência contra homossexuais (crimes com motivações homofóbicas). 
As chamadas “violências heterosexistas” são classificadas da seguinte forma: 
a) Violência simbólica: violência que parte de questões culturais homofóbicas de menosprezo e inferiorização 
sobre homossexuais; 
b) Violência das instituições: seria a homofobia praticada pelo próprio Estado, criminalizando ou rotulando 
como patológicas as identidades homossexuais; 
c) Violência interpessoal: consiste na violência individual propriamente dita de cunho homofóbico, como 
agressões e insultos contra homossexuais. 
 
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TEORIA FEMINISTA 
A teoria feminista pauta-se na luta pela igualdade entre homens e mulheres. 
Parte do pressuposto de que a sociedade é machista e impõe papéis opostos entre homens e mulheres. 
A sociedade seria responsável porconceder aos homens funções nobres e de prestígio, ao passo que conferiria 
posições inferiores e de pouco valor ou relevância às mulheres. 
Por fim, sustentam que, além da objetificação da mulher (tornando-a vulnerável em contextos privados a 
exemplo do próprio lar), há uma espécie de sexismo institucionalizado, evidenciando violências contra a 
mulher desde a criação de leis até as respectivas e efetivas aplicações concretas. 
 
TEORIA DOS INSTINTOS 
Trata-se de adaptação da sociologia para a criminologia da Teoria Freudiana do Delito por Sentimento de 
Culpa. 
Segundo a teoria dos instintos, o ser-humano possui naturalmente instintos criminosos. Tais instintos são 
reprimidos (mas nunca destruídos) pelo próprio ego ou vaidade, permanecendo adormecidos no inconsciente. 
Ainda no inconsciente humano, haveria ao mesmo tempo um sentimento de culpa e uma tendência a confessar 
as próprias vontades criminosas. 
Assim, a partir do momento em que o indivíduo pratica o crime, estaria, em verdade, superando o sentimento 
de culpa e realizando concretamente sua tendência à confissão delituosa. 
 
CRIMINOLOGIA AMBIENTAL E TEORIAS 
A chamada criminologia ambiental analisa a criminalidade e o processo de vitimização considerando o lugar, 
espaço e a respectiva interação entre ambos os fatores. Analisa como o ambiente proporciona oportunidades 
para a criminalidade. 
Segundo Jacobs (1967) e Newman (1972), são objetos de estudo da criminologia ambiental: 
 Alvos do crime (processos de vitimização); 
 Lugares do crime e suas características; 
Perceba que o enfoque não recai sobre a explicação dos motivos pelos quais os criminosos são “formados” 
como tais. A investigação recai sobre as circunstâncias que permearam o ato criminoso. A preocupação não 
recai sobre “quem” praticou o crime, mas sim em como o delito é praticado. 
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A partir desta noção, surgem algumas teorias como desdobramentos da criminologia ambiental, valendo 
estudarmos cada uma em tópicos próprios. 
 
Teoria das Atividades Rotineiras (routine activies theory) 
Segundo a teoria das atividades rotineiras, para que o ambiente esteja propício para o cometimento de um 
crime, é necessário a convergência de espaço e tempo em, ao menos, três elementos: 
 Agressor provável: criminoso motivado por alguma doença, ou pela ganância, vontade de lucro 
fácil, desorganização social, etc.; 
 Alvo adequado: confunde-se com o objeto do crime, podendo ser uma pessoa, local ou objeto. A 
noção do valor do alvo pelo criminoso pode aumentar ou diminuir o risco da ocorrência do crime; 
 Ausência de guardião ou vigilância adequada capaz de evitar o delito: trata-se de pessoas, agentes 
estatais ou instrumentos preordenados para a defesa de alguém ou de algo, podendo ser formal 
(polícia, guardas) ou informal (segurança particular, cerca elétrica, etc.). 
 
Teoria da Escolha Racional (rational choice theory) 
A ideia da teoria da escolha racional é se colocar no lugar do criminoso (hipoteticamente falando) como forma 
de diagnosticar as suas motivações para o crime (“pense como o criminoso”), ou seja, volta as atenção para o 
processo de decisão do delinquente. 
A noção de escolha do criminoso – que poderá optar por praticar ou não praticar o crime – se baseia na própria 
noção sobre o ambiente em que está inserido no momento da tomada de decisão (o criminoso, conforme a 
própria visão de mundo, avaliará a proporção entre riscos e recompensas se escolher o crime). 
Parte do pressuposto de que o criminoso é imediatista, analisando as características presentes no momento da 
decisão, pouco se importando com eventual punição. 
 
Teoria do Padrão Criminal (crime pattern theory) 
A presente teoria volta as atenções para as investigações policiais. A polícia judiciária, como representação de 
uma das diversas formas de apresentar diagnósticos sobre a criminalidade, costuma encontrar padrões sobre a 
atividade criminosa. 
Nesse sentido, podemos mencionar alguns exemplos de padrões capazes de fornecer informações úteis em 
futuras medidas de prevenção: 
 Espécie de crime: qual o crime praticado; 
 Modus operandi: diagnóstico da maneira como criminosos praticam determinados crimes; 
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 Ambiente/espaço/local: determinados crimes podem ocorrer com maior frequência em algumas 
regiões ou bairros, a exemplo dos chamados hot spots (locais com grande concentração de 
determinados crimes); 
 Pessoas: padrões de delinquência a exemplo de reincidentes ou padrões de vítimas com pessoas que 
costumar sofrer com frequência dos mesmos crimes (vítimas de golpes, de assaltos, de assédios, etc.); 
 Tempo: espécies de crimes que costumam ocorrer no mesmo período (exemplo: assaltos que 
costumam ocorrer no período noturno de determinado bairro pouco iluminado); 
 Eventos: índices criminais que sobem em determinadas épocas ou eventos (exemplo: crimes de 
estupros sendo praticados em maior escala no carnaval). 
 
Teoria da Oportunidade (crime opportunuty) 
Possivelmente você já deve ter ouvido ou lido a seguinte frase: “a oportunidade faz o ladrão”. É a representação 
mais simples e direta da teoria da oportunidade. 
Segundo seus defensores, Clark e Felson (1998), a oportunidade em se praticar determinado delito 
(juntamente com possíveis recompensas), está entre as principais causas da prática de crimes. 
Ainda conforme os autores acima, a teoria da oportunidade destaca algumas máximas: 
- As oportunidades representam um fator muito importante na causa de todos os delitos; 
- Oportunidades para o crime são precisamente específicas; 
- Oportunidades devem ser analisadas em cada caso concreto, conforme o tempo e lugar do contexto 
criminoso; 
- Oportunidades dependem de rotinas diárias; 
- Um delito pode gerar oportunidades para outros; 
- A tentação de cada oportunidade pode variar conforme o valor de cada produto/objeto do crime; 
- Avanços tecnológicos e sociais podem gerar oportunidades novas para a criminalidade; 
- Conclusão lógica da teoria: a prevenção criminal se traduz por meio de reduções das oportunidades e, sendo 
assim, a diminuição brusca das oportunidades acarretará inevitavelmente na queda dos índices de 
criminalidade. 
 
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TEORIA DO AUTOCONTROLE (SELF-CONTROL) 
Cunhada por Gottfredson e Hirschi (1990), a teoria do autocontrole procura aperfeiçoar a noção de escolha 
racional da Escola Clássica (livre-arbítrio), somada com o aperfeiçoamento do determinismo da Escola 
Positivista. 
Entendem que em regra, o que difere um criminoso de um não criminoso é justamente o autocontrole que este 
último possui contra os próprios impulsos para a prática de delitos. O criminoso seria um ser com baixa 
resistência contra as vontades criminosas que possui. 
Considerando o fato de que a maioria dos crimes não exigem grandes esforços ou meticulosos planejamentos, 
apenas seres de fraco autocontrole estariam propensos à criminalidade (tal teoria considera que crimes 
praticados por organizações criminosas seriam excepcionais). 
A teoria sugere que o delinquente seria um sujeito impulsivo, perseguidor de gratificações e recompensas 
imediatistas, ostentando a tendência de praticar uma gama ampla de condutas desviadas criminosas (furtos, 
roubos, agressões, etc.), e condutas desviadas não criminosas (consumo de drogas e álcool). 
Problemas com o autocontrole podem ter sido gerados por problemas e falta de orientação na infância. 
Segundo os autores desta teoria, “o autocontrole se fixa em uma idade muito prematura (aos oitoou dez anos), 
mantendo-se, desde então, relativamente constante, ao longo da vida do indivíduo”, concluindo em seguida 
que “uma educação familiar incorreta ou errática ou - em menor medida o fracasso escolar - podem determinar 
o baixo auto-controle do indivíduo”. 
 
TEORIA DA GRAXA SOBRE RODAS 
Teoria que constitui verdadeira aberração importada da área da economia (não pertence ao Direito e não foi 
introduzida por meio de métodos científicos na criminologia). 
Vale frisar que este tema já foi cobrado em concurso público (cargo de Promotor de Justiça do MP/MG), sendo 
posteriormente anulada pelo Conselho Nacional do Ministério Público sob o argumento de que o tema não 
estava previsto no edital e se tratava de assunto completamente desconhecido pelos tribunais superiores. Ainda 
assim, considerando a “criatividade” (maldade) das bancas, vale analisarmos o que apregoa esta teoria. 
A teoria da graxa sobre rodas procura enxergar aspectos positivos em algumas práticas corruptas e criminosas 
no âmbito da Administração Pública. 
A noção seria de que em algumas práticas corruptas determinadas burocracias seriam desrespeitadas e, com 
isso, a população e a economia seriam indiretamente beneficiadas (a máquina estatal se movimentaria de forma 
mais célere). 
Representa a famosa e desagradável frase: “rouba, mas faz”. 
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Sobre o título, a ideia é que mediante certos atos corruptos o indivíduo sujaria as próprias mãos, porém tal ato 
poderia ser capaz de fazer a máquina estatal se movimentar com maior eficiência (daí a expressão “graxa sobre 
rodas”). 
 
TEORIA DO DELITO COMO ELEIÇÃO 
A presente teoria nada mais é do que uma síntese de alguns dos principais valores da Escola Clássica: 
 Livre-arbítrio: o criminoso é um ser dotado de racionalidade, escolhendo praticar crimes de forma 
livre; 
 Finalidade dissuasória da pena: sendo o criminoso um ser dotado de razão, a pena deve ser aplicada 
com a finalidade de intimidá-lo, por meio do medo (coação psicológica), desestimulando-o a praticar 
novos crimes. 
Todavia, recebe críticas por não se importar com as bases etiológicas do crime, deixando de se preocupar com 
outras causas (internas e externas) que podem influenciar o indivíduo na prática de crimes. 
 
TEORIA DAS PREDISPOSIÇÕES AGRESSIVAS 
Trata-se de teoria que resume alguns dos valores da Escola Positivista, contando como principal defensor o 
médico legista italiano Cesare Lombroso, baseando-se no: 
 Determinismo biológico: o acaso não existe, sendo o criminoso fruto de hereditariedade (carga-
genética “criminosa” ou com tendências ao crime diante de fatores orgânicos) ou patologias; 
 Criminoso nato: em razão de características físicas e morais visíveis no indivíduo (estigmas 
degenerativos), era possível diagnosticá-lo como criminoso; 
 Atavismo: manifestação de características no organismo fruto de gerações passadas (“é bandido 
assim como seu avô foi um dia”). 
 
TEORIA BEHAVIORISTA OU DO COMPORTAMENTALISMO 
Behaviorismo possui origem inglesa, significando: comportamento, conduta. No início do século XX, 
influenciado pelo pensamento de Descartes, Pavlov, Loeb e Comte, o psicólogo norte-americano Johs 
Broadus Watson (1878-1958) publicou as obras Psicologia: como os behavioristas a veem (1913) e Behavior 
(1914) dando origem a presente teoria. 
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A teoria behaviorista analisa comportamentos de maneira funcional e reacional, ou seja, por meio de 
estímulos e reações. 
Comparando o ser-humano com qualquer outro animal, a teoria apregoa que o indivíduo aprende e se adapta 
ao ambiente em que convive por meio de estímulos e fatores hereditários apresentando certas respostas 
(perceba que se trata de teoria objetiva e empírica, que demanda a análise de cada caso concreto). A partir daí, 
conhecendo-se as respostas será possível também prever o estímulo e, com isso, se antecipar para controlar o 
comportamento do indivíduo (por exemplo, prevenindo crimes). 
A prevenção da criminalidade seria possível a partir de reforços positivos sobre o criminoso, como meios para 
estimulá-lo a mudar de comportamento. 
Exemplo: durante a execução penal, diante de comportamentos inadequados a resposta seria a 
punição, ao passo que diante de comportamentos positivos a resposta seria pela concessão de 
recompensas. 
 
TEORIA DO MIMETISMO 
René Girard, professor emérito da Universidade de Stanford e membro da Academia Francesa, é o criador da 
denominada “Teoria do Mimetismo” (originada da palavra “mímica”) e autor de suas obras fundamentais. 
O ponto central de sua pesquisa é focado na gênese da violência presente constantemente nas sociedades 
humanas. Para Girard essa violência tem como uma de suas principais raízes (embora não a única) o processo 
de imitação que torna todo desejo ou paixão algo que provém do “outro” de forma eminentemente social. 
Logo, trata-se do aprendizado da criminalidade por meio da imitação. 
Exemplo: sujeitos que idealizam, se inspiram e passam a imitar criminosos. 
 
TEORIA DO CENÁRIO DA BOMBA-RELÓGIO (TINCKING TIME BOMB 
SCENARIO) 
Teoria inspirada por romance publicado por Jean Larteguy (Les centurions) em 1960, busca demonstrar que 
há hipóteses em que a aplicação da tortura seria admitida (flexibilização de direitos e garantias fundamentais 
de suspeitos) em casos de terrorismo. 
A ideia é de que, sendo capturado um terrorista, bem como encontrando-se em tempo de desativar uma possível 
bomba programada para matar diversas pessoas, na hipótese de recusa do terrorista em colaborar, admitir-se-
á a aplicação da tortura como meio para se obter respostas no intento de salvar vidas inocentes. 
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Para os adeptos dessa teoria, o raciocínio é muito simples: diante de uma situação de grande perigo iminente, 
em que há conflito entre dois bens jurídicos (vida de diversos inocentes versus integridade física e psicológica 
de um terrorista), a vida dos inocentes deverá preponderar sobre a saúde do criminoso. 
 
Apesar de tal teoria não ser admitida no Brasil e em diversos outros países, importante destacar que até 
mesmo para seus adeptos alguns requisitos deverão ser preenchidos para a correta aplicação da medida: 
 Casos específicos: é necessário que o ataque terrorista ocorra em local certo e determinado, não se 
admitindo tortura em casos genéricos e vagos; 
 Ataque iminente: o ato terrorista se concretizará em curto prazo, não se admitindo torturas em casos 
de terrorismo já consumado (bomba já explodiu); 
 Potencialidade do ataque: o ato terrorista deve colocar em risco número expressivo de pessoas; 
 Envolvimento direto: os suspeitos torturados devem guardar vínculo direto com o ato terrorista; 
 Utilitarismo: certeza de que o suspeito possui a informação devida para evitar o ataque; 
 Ausência de opções (inevitabilidade): inexistência de qualquer outra opção ou caminho para se 
obter a informação necessária; 
 Subsidiariedade: todas as tentativas de obtenção da informação sobre o suspeito foram esgotadas; 
 Motivação específica: torturador deve buscar exclusivamente as informações para evitar o ataque, 
evitando excessos e tentativas de punições ou castigos; 
 Excepcionalidade: medida deve ser excepcional, não se admitido a sua aplicação de forma rotineira, 
com frequência habitual. 
 
TEORIA DA COCULPABILIDADE E O PRINCÍPIO DA PARCIALIDADE 
POSITIVA DO JUIZ 
A teoria da Coculpabilidade, cunhada pelo jurista argentino Eugênio Raul Zaffaroni, parte do pressuposto 
de que, uma vez constatado a prática de um crime,

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