Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
INTRODUÇÃO AO MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO Esses apontamentos tem como finalidade básica oferecer os subsídios básicos aos iniciantes dessa área de conhecimento agronômico. Para tanto torna-se necessário uma rápida discussão até do próprio termo empregado para sua designação, para que se possa, a partir daí, desenvolver os relativos estudos, tendo sempre em mente que, além dos conhecimentos teóricos e práticos, é fundamental o desenvolvimento de um adequado senso crítico de raciocínio e análise. Comumente entende-se por manejo e conservação do solo o estudo da erosão e os métodos e meios disponíveis para seu controle. Tem-se portanto que melhor definir este termo pois na verdade o significado é muito diferente do acima retratado. Ao se basear apenas nas regras da língua portuguesa, o terno “Conservação do solo” assume o significado de manter o solo em suas características originais ou sem modificações a partir do momento em que se passa a utiliza-lo como meio produtivo, seria a mesma coisa que inalterar suas características físicas, químicas e biológicas, o que não pode ocorrer em uma agricultura explorada economicamente. Aparentemente a grande falha existente é que no Brasil utiliza-se o termo “Conservação do solo” com a mesma finalidade do termo em inglês “Soil Conservation”, que foi traduzido literalmente. Na língua inglesa, “Soil Conservation” significa o estudo e emprego de práticas de controlo de erosão. Tem-se portanto uma designação errônea, que entretanto opta-se por manter, em função especialmente pelo fato dessa designação estar já devidamente arraigada entre os agricultores e mesmo técnicos dessa área de conhecimento. Enfatiza-se portanto o fato de que deve- se continuar a empregar o termo “Conservação de solo” para designar o estudo da erosão e as práticas e métodos disponíveis para seu controle, mesmo sabendo-se que a nível de língua portuguesa o correto seria modifica-lo. Os técnicos da área agronômica não podem se dar ao luxo de explorar um dado solo sem melhora-lo ao longo dos anos. Se ele for pobre ou não oferecer boas condições de sobrevivência às plantas, como é o caso comum da grande maioria dos solos sob vegetação nativa de cerrado, deve- se empreender técnicas e práticas que possam melhora-lo de acordo com suas carências, e não simplesmente promover a sua “Conservação”. A partir do desmate, se deve atuar no sentido de promover técnicas que viabilizem a manutenção dessas características. Às técnicas disponíveis para possibilitar melhoria das condições de desenvolvimento das plantas dá-se o nome de “Manejo do solo”, dentre as quais pode-se citar desde as ações de adubação e calagem até a utilização de sistemas de preparo de solo, irrigação e drenagem. Se pode portanto definir “Manejo de solo” como sendo o conjunto global de formas, métodos e frequência de uso de solo. Assim, por exemplo, ao se variar sistemas de rotação de culturas, estar-se-á promovendo diferentes manejos de solo, pois espera-se que haja diferentes ações sobre o solo. 1.1- Propósitos do manejo do solo sobre suas características físicas As muitas ações que o manejo do solo pode ter sobre as condições físicas podem, no contexto básico do Engenheiro Agrônomo ou do agricultor, serem reduzidas em três ações básicas que são: 1.1.1- Fornecimento de ambiente favorável às culturas Parte-se do pressuposto que se um solo oferecer ambiente favorável às plantas, que pode iniciar na adequação do pH até o fornecimento de colorações ao solo que em algumas regiões 1 podem influir positivamente sobre as mesmas, haverá no mínimo a tendência de aumentos em sua produtividades. Essa pressuposição na verdade é um dos maiores motivos da existência do estudo do manejo dos solos, especialmente em termos de condições físicas, haja visto que nunca poderemos nos distanciar das diferenças existentes entre dois termos comumente usados nessa área de ação, os quais são a fertilidade e produtividade dos solos, sendo a física do solo o fator preponderante. Para o agricultor um solo não pode ser apenas fértil, ele deve ser produtivo. Como definições temos que um solo fértil é aquele que possui todos os nutrientes essenciais ao pleno desenvolvimento das plantas em quantidades suficientes e balanceadas e um solo produtivo é aquele que, além de ser fértil, oferece às plantas as condições necessárias para absorver os nutrientes, pode fornecer água e ar nas quantidades requeridas e tem condições de suportar as plantas, notadamente em épocas adversas do ano, via penetração de um adequado sistema radicular em profundidade. Com exceção de alguns elementos químicos, especialmente do cálcio, que é predominantemente absorvido por fluxo de massa (sistema esse que requer muita água disponível, e portanto também necessita de características físicas adequadas), a grande maioria dos nutrientes é absorvida por difusão, sistema em que o gasto de energia por parte das plantas é muito grande, e se o gasto de energia é grande a demanda de oxigênio cresce proporcionalmente, exigindo do solo um pleno fornecimento de ar constantemente renovado (troca pelo menos parcial do ar do solo pelo ar atmosférico), pois a obtenção de energia por parte das plantas somente é obtida quando ocorre respiração radicular onde o oxigênio é fundamental. Diz-se, baseado no exposto, que mesmo que um solo tenha por exemplo níveis adequados de fósforo disponível, se a planta não dispuser de energia para absorver a quantidade necessária, haverá deficiência nutricional com consequente redução em termos de produtividade, o que poderá ser amenizado com um pleno fornecimento de oxigênio pela melhoria de alguns parâmetros físicos do solo. A física do solo do solo interfere portanto na absorção dos nutrientes essenciais. Os fatores físicos mais importante, e portanto os mais considerados no manejo de solo, para a maioria das regiões do Brasil, são a umidade, a aeração, a densidade e a agregação (que afetam a resistência à penetração do sistema radicular em função notadamente da porosidade e distribuição de poros) e a temperatura. Existe uma preocupação especial, como já comentado, sobre as características físicas do solo pela ação do manejo, no entanto não se deve esquecer que igualmente importantes são os fatores químicos e biológicos, pois entre esses parâmetros e desses para com o solo existe uma harmoniosa e forte interrelação, ou seja, um desses fatores é diretamente afetado pelo outro e vice-versa. O que deve ficar patente neste caso é que não basta por exemplo, a aplicação de fertilizantes no solo, pois parte dos elementos assim fornecidos não terão condições de serem absorvidos, podendo tornar a prática de adubação desde antieconômica até, se houver desequilíbrio em termos quantitativos entre alguns elementos nutrientes, a ação negativa de um deles sobre a absorção de outro. 1.1.2- Conservação do solo O segundo propósito básico do manejo do solo é sobre a erosão e seus efeitos, onde se busca, através de ações que possam disponibilizar melhorias em termos de agregação e estabilidade dos agregados existentes (com consequente diminuição no processo dispersivo do solo), uma máxima infiltração de água com uma consequente diminuição no movimento superficial de água. Não se pode idealizar sistemas eficientes de controle à erosão que desconsiderem métodos que diminuam o escorrimento superficial da água. O controle da erosão apenas baseado em terraços é muito local e de pouca significância prática, pois mesmo que os terraços forem eficientes, entre eles continuará havendo processos erosivos. 2 Práticas como adequação de doses de calcário em função de profundidades preestabelecidas, aplicação de materiais orgânicos com métodos variados de manejo (Quadro 7), adequação nos processos de adubações e gessagens, adequaçãodos sistemas de preparo e cultivo de solo, viabilização de sistemas de controle de plantas daninhas que possam menos influir sobre o solo, dentre outras, podem e devem ser utilizadas para que se possa melhorar (ou no mínimo afetar menos intensamente de forma negativa) algumas características físicas do solo, com consequente aumento na infiltração de água reduzindo-se portanto os processos erosivos. Quadro 7- Resultados médios do diâmetro médio geométrico dos agregados (DMG) dos agregados estáveis em água, considerando-se os sistemas de manejo da palhada em associação aos tipos de arado. Preparo do Manejo da palhada Média dos solo Enxada rotativa Queima Grade pesada Roçadeira arados Arado de 2,42 AB 2,12 B 2,09 B 2,67 A 2,32 discos a b b a b Arado de 2,68 A 2,52 A 2,61 A 2,47 A 2,57 aivecas a a a a a Média seguidas de letras minúsculas diferentes, na mesma coluna, diferem entre sí, ao nível de 5%, pelo teste de F. Médias seguidas de letras maiúsculas diferentes, na mesma linha, diferem entre sí, ao nível de 5%, pelo treste de Tuckey. Fonte: Alvarenga (1983). 1.1.3- Conservação da água Ao se falar em manejo e conservação do solo deveria-se, de imediato já se pensar na água e em sua conservação, notadamente em função da sua importância para todos os seres vivos, dentre os quais estão inclusos as plantas, no entanto existe uma tendência, especialmente por parte dos iniciantes no estudo da ciência do solo, de desconsidera-la. Vale salientar no entanto, que a água e a sua conservação no solo é de fundamental importância no processo produtivo. Para isso o manejo e a conservação do solo, pela sua abrangência, a estudam, bem como as práticas e métodos que possam ser dispostos para que se tenha o mínimo de água perdida, quer seja por escorrimento superficial ou por evaporação, e haja no solo um máximo de água disponível às plantas e microorganismos do solo. Quando ocorre um processo erosivo, em que o veículo causador é a chuva, o prejuízo que se visualiza de imediato é a perda de solo (material sólido), mas torna-se necessário que saibamos que a água que leva esse material sólido também é perdida para rios , córregos e em última instância o mar, onde parte será evaporada. Se houver a preocupação de que não haja erosão, e em decorrência, uma redução drástica nas perdas de água do sistema produtivo, terce-a como benefício imediato para as plantas uma possibilidade maior de fornecimento de umidade nas épocas em que usualmente a quantidade de chuvas é reduzida no decorrer do ano, pois deve-se ter como certo que a maior fonte de água para as plantas é o subsolo, via processo de capilaridade. Similarmente, à medida em que a quantidade de água infiltrada for maior, existirá no mínimo a tendência de que a altura média do lençol freático aumentará, possibilitando condições maiores para a utilização dos mecanismos de irrigação à partir de rios e especialmente córregos menores pois, ao se ter dentro de sua bacia ou microbacia hidrográfica, a preocupação de promover as maiores infiltrações possíveis, uma decorrência imediata será o 3 aumento da vazão média do leito do córrego ou, no mínimo a sua manutenção quando o consumo de água for grande. Nessa linha de raciocínio tem-se o exemplo de um agricultor na região da Grande Dourados (MS) que resolveu instalar uma bateria de pivôs centrais em sua propriedade, não obtendo êxito com um deles, pois a vazão do córrego à medida que se ligava o aparelho reduzia-se a níveis que inviabilizava a prática. O problema foi resolvido a partir de práticas de manejo de solo na bacia do referido córrego, de tal forma que houvesse a máxima infiltração das águas das chuvas e em decorrência, com aumento em sua vazão média que possibilitou o perfeito funcionamento do equipamento. 1.2- Requerimentos das culturas em termos de condições físicas Os requerimentos ou necessidades das culturas em termos de condições físicas do solo não pode ser generalizado, pois depende de cada planta em particular, de seu estágio de crescimento, do clima (com efeito sobre a temperatura e umidade), da localidade onde a cultivamos e, indiretamente, das condições sócio econômicas do agricultor. 1.2.1- As necessidades específicas das plantas Tende-se a generalizar o fato de que o solo deve estar sempre bem agregado para fornecer as melhores condições possíveis de aeração e água disponível ao longo do perfil do solo, no entanto deve-se considerar que tal fato, como muitos outros é uma regra, mas usualmente uma regra pode ter uma ou mais exceções. A cultura do arroz irrigado por exemplo é uma dessas importantes exceções, pois para esse tipo de exploração agrícola o solo deve estar compactado (além de nivelado), tanto é que em algumas regiões do pais uma das práticas de manejo utilizadas na condução dessa cultura é a compactação superficial, a qual tem como objetivo básico a manutenção de uma lâmina mínima de água superficialmente sobre o solo . Normalmente comenta-se que as boas características físicas de um solo devem estar presentes à maiores profundidades, o que também é uma verdade e uma regra, no entanto outras exceções existem, como é o caso de plantas cujos sistemas radiculares se desenvolvem a pequenas profundidades, como é o caso de algumas hortaliças, como alface, almeirão e morango, dentre outras. Deve-se considerar também que um solo com a presença de uma camada compactada subsuperfialmente, usualmente não proporciona boas condições de desenvolvimento às plantas, mas se houver uma adequada fonte de nutrientes e fornecimento de água via processos de irrigação, essa compactação que sob métodos extensivos de cultivo seria nociva, pode ser tida até como meio de proporcionar maior economicidade ao agricultor com a realização de irrigação, pois haveria no mínimo aplicação de menores doses de insumos como adubos e calcário. Nos Latossolos, é comum haver encrostamentos superficiais, notadamente quando os solos são cultivados por períodos acima de 6 – 7 anos com procedimentos convencionais. Esses encrostamentos podem assumir efeitos negativos muito intensos para muitas plantas, especialmente quando os níveis de umidade superficiais forem pequenos, no entanto esse efeito nocivo é variável em função também do tipo de planta, pois as gramíneas de forma geral, em função de emitirem cotilédones pontiagudos que possuem a capacidade de mais facilmente romperem esse pequeno adensamento em forma de lâmina, o que não se observa por exemplo com as leguminosas, que nessas condições devem despender de muita energia para romper esse obstáculo, pois o cotilédone desse tipo de vegetal possui uma grande área que necessita emergir. 4 1.2.2- Efeito do estágio de crescimento das plantas Plantas em estágios (estádios) iniciais de crescimento requerem condições físicas ótimas à menores profundidades, sendo que à medida em que vão se desenvolvendo, essas condições são requeridas à maiores profundidades. 1.2.3- Efeito do clima Em função da região em que se cultiva ou se pretende explorar determinadas culturas é que se deve verificar as necessidades em termos de condições físicas do solo. Dessa forma, as “boas” condições físicas do solo requeridas para uma mesma espécie de planta pode ser variável em intensidade de acordo com a região em que se pretende explora-las. Existe uma tendência por exemplo de que nas regiões semi-áridas do Brasil as características físicas desejáveis dos solos devem ser mais intensas e à maiores profundidades do que aquelas necessárias para a região sul, pois naquelas condições, em função da mais elevada temperatura (maior evaporação) e da maior profundidade do lençol freático,as raízes terão que se aprofundar mais em busca da umidade necessária para seu pleno desenvolvimento. O manejo da temperatura do solo, embora não precise ser feito para as condições brasileiras (esse tipo de manejo normalmente é feito para solos de regiões muito frias, para proporcionar condições de germinação e desenvolvimento das plantas), não pode ser desprezado, mesmo porque, em função da utilização crescente do sistema de plantio direto na região Centro Oeste, a temperatura do solo é quase sempre alterada. A alteração dos níveis de temperatura dos solos normalmente é obtido mediante o manejo de materiais orgânicos, os quais por uma lado podem alterar a coloração dos solos, escurecendo-os e portanto dando-lhes condições de absorver mais calor e portanto terem sua temperatura aumentada ou por serem deixadas grandes quantidades de materiais orgânicos superficialmente sobre o solo e com isso reduzindo a ação direta dos raios solares sobre o solo, promovendo com isso um decréscimo nos níveis de temperatura dos solos, o que pode ser visualizado no Quadro 8. Quadro 8- Temperaturas médias, coletadas às 13:00 horas, aos 20, 50, 80 e 110 dias após a semeadura da soja, considerando seis profundidades de amostragens, e sob cinco sistemas de preparo/ cultivo em um Latossolo Roxo Distrófico de Dourados- MS. Tratamentos(1) Dias após Profundidade de amostragem (cm) semeadura 0 4 8 12 16 20 Média Pousio (PC) 20 48,4 30,5 29,2 28,8 28,3 28,2 32,2 50 40,1 35,6 34,3 33,0 31,8 31,4 34,4 80 29,7 30,7 30,2 29,2 28,7 28,5 29,5 110 34,3 35,1 33,4 32,1 30,8 30,0 32,6 Média 38,1 33,0 31,8 30,8 29,9 29,5 32,2 Pousio (PD) 20 40,1 32,7 30,4 28,5 27,6 27,3 31,1 50 39,6 36,8 35,1 33,3 32,2 31,6 34,8 80 30,8 30,0 29,3 28,7 28,1 28,6 29,3 110 34,5 34,2 32,9 31,4 30,3 29,6 32,2 Média 36,3 33,4 31,9 30,5 29,6 29,3 31,8 Aveia (PD) 20 39,6 32,9 30,7 29,3 28,9 28,7 31,7 50 37,8 36,1 34,4 32,6 31,9 31,5 34,1 80 30,7 29,9 29,3 28,8 28,2 28,2 29,2 110 34,3 32,8 31,9 31,0 30,2 29,9 31,7 Média 35,6 32,9 31,6 30,4 29,8 29,6 31,7 5 Milheto (PD) 20 34,5 31,9 29,5 28,0 27,5 27,4 29,8 50 38,5 26,5 34,2 32,7 31,4 30,7 32,3 80 30,3 29,2 28,7 28,4 27,9 27,5 28,7 110 31,9 31,7 30,7 30,0 29,4 28,8 30,4 Média 33,8 31,7 30,7 30,0 29,1 28,6 30,7 (1) Tratamentos: Pousio (PC) = Pousio seguido do sistema de preparo convencional Pousio (PD) = Pousio seguido do sistema de plantio direto Aveia (PD) = Aveia cultivada antes da utilização do plantio direto Milheto (PD) = Milheto cultivado antes da utilização do plantio direto Fonte: Rosa Junior (1999) 1.2.4- Efeito da localização da área na paisagem A princípio, quando se discrimina um determinado solo para se implantar explorações agrícolas, as recomendações técnicas em termos de melhorias das condições químicas e físicas seriam as mesmas no entanto, em função da paisagem local haverá, com grande possibilidade de ocorrência, necessidades diferentes da mesma forma Figura 1- Ilustração esquematizada de uma paisagem agrícola . que cuidados a serem tomados. Ao se avaliar uma paisagem agrícola, como é o caso da Figura 1, algumas considerações podem e devem serem feitas, no mínimo a nível de hipótese de ocorrência, tendo em vista notadamente a declividade. A Figura 1 possui apenas a intenção de demonstrar o efeito da declividade sobre o processo erosivo, sem que haja pormenorizações do efeito dos tipos de solos. Quando se analisa uma determinada paisagem e o efeito da erosão sobre ela, muitas considerações, particularidades e efeitos interativos devem ser considerados, assim, e considerando-se somente a ação da erosão sobre esta área (representando uma porção representativa das condições da Região de Cerrados e Campos do Centro Oeste do Brasil), pode-se fazer as seguintes inferências sobre as sub áreas delimitadas: Sub área “A” Região de topo, sujeita normalmente a pequenas ações dos processos erosivos hídricos, especialmente pelo fato de que possuem uma pequena declividade, podendo no entanto contribuir para que a erosão seja instalada na sub área “B”, pelo fato de que normalmente são grandes extensões de terra, o que possibilita, notadamente em condições de solos compactados, pequena infiltração e portanto viabilizando a possibilidade de maiores volumes e velocidade de escorrimento superficial. Sub área “B” Área normalmente de grandes comprimentos de rampa, que se associados à menores taxas de infiltração do solo e inexistência de práticas conservacionistas, pode vir a ser aquela que mais perderá em termos de erosão hídrica, notadamente em função de tipos específicos de erosão A B C D Córrego 6 (laminar). A princípio seria a que mereceria maiores atenções em termos de melhorias em suas características físicas, o que seria feito em busca de maiores taxas de infiltração. Sub área “C” É comum, para as condições de paisagem dessa região, um aumento representativo do declive quando se aproxima de córregos e rios, onde normalmente se tem a presença de solos mais jovens daqueles usualmente encontrados em toda a região, o que lhes confere particularidades específicas e por decorrência, efeitos diferenciados em termos de erosão. Embora se prevaleça nessa grande região solos como o Latossolo Roxo Distrófico e Latossolo Vermelho Escuro (variáveis em textura), pode-se comumente encontrar nessas condições (“C”) solos classificados como Terra Roxa Estruturada. Sob essas condições (particularidades intrínsecas ao solo e declividade), é comum grandes efeitos negativos em termos de erosão, o que requer por parte do técnico, atenção especial em seu controle, o qual deve ser feito associando-se além de um controle mecânico mais afinado ações de caráter vegetativo, especialmente o solo dessas áreas for realmente a Terra Roxa estruturada, pois o benefício relativo em termos de condições físicas seria pequeno em função da qualidade do solo. Sub área “D” Pode ser mais ou menos longa mas, independente do tamanho normalmente, se existente, é região onde se acumulará pelo menos parte do material de solo carreado das áreas à montante, os quais podem variar desde pequenas concreções de ferro de manganês, até as mais variadas partículas de solo (minerais ou orgânicas). Como normalmente é uma região de acumulo, é comum a permanência de água superficial por longos períodos, o que se deve mais em função da eluviação de partículas menores carreadas das parte mais altas do que por estarem próximas de leitos de água ou mesmo por possuírem lençóis freáticos mais superficiais. São área menos susceptíveis à ação da erosão do que aquelas localizadas à montante, mas requerem atenção especial em termos de condições físicas do solo pelo acúmulo comum de água em função especialmente de menores taxas de infiltração. 1.2- Os objetivos do manejo sobre as condições físicas do solo Desde o momento do preparo do solo, passando por outras formas de manejo de solo, para que se possa ter incrementos nas produtividades de quaisquer produtos agrícolas, que é a finalidade básica de toda atividade ligada ao campo, não se pode desconsiderar o manejo e a conservação do solo (incluindo aqui a água). Dentro desse contexto é que as características físicas do solo assumem importância, e o que é melhor, nos últimos anos vem ganhando a atenção que merece, pois no passado o agricultor somente dava atenção às características químicas do solo. O efeito do manejo do solo sobre as características físicas do solo é bastante variável, notadamente em função da resposta do manejo variar em função do tipo de solo, do tipo de manejo empregado,da sua intensidade de uso, das plantas que se cultiva ou pretende cultivar, das condições climáticas, dentre outros fatores intervenientes. Será retratado a seguir algumas possíveis ações do manejo do solo sobre as características físicas mais importantes para a obtenção de bons níveis de produtividade agrícola, sendo fundamental no entanto que se tenha em mente que estas ações são variáveis em função dos muitos fatores que podem atuar no sistema como um todo. 1.3.1- Objetivos do manejo sobre a água do solo De forma geral, é objetivo do manejo do solo o fornecimento de quantidades suficientes de umidade ao bom desenvolvimento das plantas, entendendo-se aqui, que essa quantidade de água deve ser oferecida às plantas em condições de ser absorvida, o que se conhece por água disponível. 7 Define-se água disponível como sendo a quantidade total de água que está presente no solo e retida entre 1 atm a 15 atm de tensão de retenção (alguns autores consideram que o início da água disponível pode se dar entre 1/10 a 1/3 de atm, em função especialmente do tipo de solo, pois se um solo for por exemplo arenoso, a tensão de retenção mínima pode ser menor). É compreensível no entanto que, quanto mais água disponível a menores tensões de retenção estiver presente, tanto melhores serão as condições de absorção por parte das plantas, o que se daria preferivelmente até tensões de 6 atm, o que pode parcialmente ser verificado através da Figura 2. Figura 2- Quantidade de água retida em um Latossolo Roxo Distrófico (%) em função da tensão de retenção (bar) e do tempo de uso, sob cultivo de soja/trigo. Fonte: Rosa Junior (1984) Pode-se observar pela Figura 2, que à medida que o tempo de uso aumenta, aumenta a quantidade de água retida no solo. Coincidentemente nesse caso, à medida em que se teve o aumento da água retida, se teve também o aumento da água disponível (1 bar é aproximadamente 1 atm), no entanto faz-se necessário ressaltar que esta não é uma regra, pois pode-se ter aumento da água retida, mas com retenção a tensões maiores que aquelas em que as plantas podem absorver. Usualmente considera-se esta faixa de retenção de água (1 – 15 atm), pois a maioria das plantas cultivadas absorvem a umidade do solo nesta faixa, mas existem plantas que podem ter maior habilidade em absorver água a tensões de retenção maior, da mesma forma que o ótimo em termos de tensão de retenção varia de planta para planta. Normalmente a água retida à menores tensões de retenção são mais facilmente absorvidas pelas plantas em função no mínimo de um menor gasto de energia por parte do vegetal. A presença da umidade no solo depende da taxa de infiltração da água que se encontra na superfície do solo, mas torna-se necessário que se coloque que na verdade a maior fonte de umidade de água para as plantas é o subsolo (a partir da água que se infiltrou) e portanto deve-se considerar também outro fator importante, o qual denomina-se de “Armazenamento de água no solo”, a qual ocorre principalmente nos horizontes mais profundos. Tem-se portanto que é desejável uma capacidade maior de penetração do sistema radicular das plantas à maiores profundidades, o que proporcionaria melhores condições de 15 20 25 30 35 40 0 5 10 15 20 T ensão de retenção (bar) Um id ad e re tid a (% ) 9 anos uso 4 anos uso cober.nat. 8 absorção de água notadamente nas épocas de seca ou de ocorrência de verânicos. Esse maior desenvolvimento no sistema radicular poderá, além de proporcionar maiores quantidades de umidade, melhores condições de nutrição às plantas. Embora possa ser contraditório, outro detalhe que pode assumir importância quanto a umidade no solo é que em alguns casos pode ser vantajoso para o solo em termos físicos, que haja variação entre os teores de umidade (alternância entre umidecimento e secagem) com o passar do tempo, pois é uma forma de se incrementar a ação sobre os níveis de agregação do solo e a estabilidade dos mesmos. No contexto produtivo no entanto, essa forma de aumentar os níveis de agregação deixa de ser desejável em função do maior efeito que possibilita às plantas maiores quantidades de água disponível. Em função do manejo do solo a distribuição da umidade no solo no decorrer do perfil não é uniforme, o que se demostra na Figura 3. Figura 3- Quantidade de água retida (%) em um Latossolo Roxo Distrófico em função de sistemas de preparo/manejo e da profundidade (cm). Fonte: Rosa Junior (1999) Pela Figura 3 observa-se que a quantidade de água retida varia com o sistema de preparo/cultivo e em função da profundidade. Quanto à profundidade observa-se de forma geral que há de forma geral um aumento nos níveis de umidade especialmente na profundidade de 8 – 12 cm, o que é devido à presença de uma camada compactada ocorrente nesses solos e normalmente existente nessa profundidade média, pois, á medida em que o solo torna-se compactado é mais intensa a ação da adesão ao mesmo tempo em que, pelo fato do solo possuir mais microporos, se terá mais água e consequentemente menos aeração nos mesmos, o que poderá trazer problemas secundários, a serem tratados oportunamente. A utilização de diferentes sistemas de preparo de solo e de variáveis plantas como fonte de cobertura do solo também podem alterar as quantidades de água em função da profundidade, por atuarem em parâmetros que podem ser desde a influência sobre a distribuição de poros até a temperatura, dentre outros. 1.3.2- Objetivos do manejo sobre o ar do solo O ar do solo, como fornecedor de oxigênio às plantas tem o seu papel fundamental, sendo que este deve estar em constantes trocas com o ar atmosférico, pois em função da respiração dos 18 20 22 24 26 28 30 32 Profundidade (cm ) Co n te úd o de u m id ad e (% ) Pousio (PC)Pousio (PD) Aveia (PD) Milheto (PD) T eosinto (PD) 0-4 4-8 8-12 12-16 16-20 9 vegetais superiores e dos microorganismos, a sua quantidade de oxigênio vai se reduzindo da mesma forma em que se nota incrementos nos níveis de CO2, também em função da respiração e de outros gases nocivos ao pleno desenvolvimento da vida no solo, como é o caso da amônia (NH3). Esta troca entre o ar do solo e o ar atmosférico mostra ser suficiente quando pelo menos 30 x 10 –8 gO2 /cm2 x min. (até a profundidade do solo que contenha raízes suficientes para o pleno desenvolvimento do vegetal – normalmente 75% do sistema radicular) sejam trocados por difusão. Como esclarecimentos complementares, diz-se que a profundidade efetiva de um solo é aquela na qual existam pelo menos 75% do sistema radicular de uma dada planta. Em média, o consumo de oxigênio situa-se ao redor de 3 litros/m2/dia, podendo chegar aos níveis de 11 a 12 litros/m2/dia, fato que pode se dar em função da região ou das épocas do ano (aumentos em termos de temperatura) e da quantidade de matéria orgânica que existe no solo. A temperatura faz com que os seres vivos respirem mais, aumentando o consumo desse elemento, da mesma forma que ocorre com o incremento da quantidade de materiais orgânicos no solo que, especialmente para as regiões tropicais e subtropicais, onde a atividade microbiana aumenta com o fornecimento de substratos. Partindo-se dessa linha de raciocínio e considerando-se a maioria das regiões do Brasil, pode-se dizer que o consumo de oxigênio pelos organismos do solo (incluindo-se as plantas) deverá ser maior no verão do que no inverno. Dessa forma, em função apenas do consumo de oxigênio, é recomendável para os agricultores que utilizam-se de sistemas alternados de preparo/cultivo, que procedam à práticas de preparo de solo nas épocas de verão e não nas de inverno. Frisa-seno entanto que esse tipo de raciocínio não pode ser simplista como foi exposto, pois deve-se computar ainda fatores como a disponibilidade de tempo e o efeito das chuvas sobre o solo, que em muitas regiões é mais constante justamente nas épocas de verão. 1.3.3- Objetivos do manejo sobre a estrutura do solo Dentre os seus tipos básicos de estrutura do solo, a que mais é considerada são os agregados, e portanto considera-se (até de forma errônea) a agregação do solo como sendo o tipo único de estrutura. No entanto e, considerando-se a grande importância que os agregados tem para a grande maioria dos solos localizados nas regiões de Cerrados e Campos do Brasil, se considera agregação até como sinônimo de estrutura. Comentou-se nos dois itens anteriores sobre a água e o ar do solo, no entanto torna-se imperioso que além de se ter quantidades adequadas desses dois componentes, que haja entre ambos um perfeito equilíbrio. Como o ar e a água ocupam no solo o mesmo espaço, à medida em que a quantidade de um deles for muito maior que a do outro, existirá no mínimo a tendência de que ter- se-á deficiência de um dos parâmetros. Como exemplo diz-se que se um solo estiver encharcado de água, o ar não encontrará espaço para estar presente e portanto, não poderá ser utilizado por parte das plantas, fato comum de ser observado em áreas que podem facilmente serem recobertas por água e desta forma permanecerem por um grande tempo. Nestas condições há, para a maioria das plantas, uma enorme chance de que murchem e sequem, justamente por falta de umidade, e esse fato ocorre pelas plantas não terem condições de absorverem a totalidade de água que necessitam (especialmente de dia) por, pelo fato de não respirarem, não terão a energia suficiente que lhes possibilitaria a absorção da quantidade total de água para sua sobrevivência. A estrutura , ou agregação do solo, dentre os parâmetros físicos existentes assume o papel de mais importante, pois tem influência direta ou indireta sobre a maior parte deles, sendo por exemplo esse o efeito que tem na manutenção entre a relação ar/água do solo. Outros parâmetros físicos que podem, em maior ou menor grau, ser afetados pela agregação do solo são a densidade do solo, a infiltração, a capilaridade, a retenção de água no solo, a porosidade total e a distribuição entre os poros do solo e a consistência do solo, dentre outros parâmetros físicos (e também químicos e biológicos). 10 Tais alterações ocorrem porque, se um solo tornar-se mais agregado, é de se esperar que: A- Ter-se á uma quantidade maior de poros. B- Com essa quantidade maior de poros (em função dos agregados serem maiores), existe no mínimo uma grande tendência de que haverá um aumento nos macroporos em detrimento dos microporos, o que equilibraria a relação entre eles ( o diâmetro que diferencia os macro dos microporos é de 0,06 mm). C- Com um melhor equilíbrio entre os macro e microporos tende-se a possuir, no solo, a água contida nos microporos ou poros capilares e o ar do solo nos macroporos. D- Se há predominância, e esse fato é regra, da água nos microporos, por um lado Ter-se-á o fornecimento suficiente de oxigênio às plantas pois espera-se que 50% dos espaços porosos (os macroporos) estarão preenchidos pelo ar, que além de estar presente terá condições plena de estar continuamente sendo trocado com o ar atmosférico exterior. E- Como 50% dos poros serão, pelo seu tamanho, serão classificados como microporos, haverá, além do fornecimento desse componente, uma plena condição de que a umidade que está “armazenada” no subsolo possa via a estar a disposição das plantas pelo processo de capilaridade o qual, para que possa ocorrer, necessita obrigatoriamente da presença de microporos (poros capilares), pois o movimento ascendente da água no solo somente ocorre via ação da tenção superficial. F- Se há um equilíbrio entre os macro e microporos do solo ( o ideal seria, notadamente para solos argilosos uma leve predominância de macroporos) a consistência do solo seria afetada diretamente, quer seja sob condição de úmida, friável ou seca, pois a intensidade de contato entre as partículas e/ou agregados tornaria o solo mais ou menos úmido ou mais ou menos seco por períodos maiores, da mesma forma em afetaria o tempo em que o solo poderia estar nas condições de friabilidade. G- Espera-se da mesma forma, que solos que possuam maiores quantidades de macroporos, tenham condições de oferecer melhores condições de infiltração à água superficial. H- Aumentos nos agregados e em suas quantidades relativas atuam diretamente também sobre a densidade do solo, pois teoricamente a densidade do solo é definida como sendo a massa do solo/volume do solo. Embora essas colocações sejam verdadeiras, deve-se considerar que muitas especificidades existem, dentre elas tem-se aquela que diz que os níveis de agregação não devem ser uniformes à medida em que se aprofunda no perfil. O esperado ou desejável a nível de agregação em função do perfil do solo é que nos primeiros 30 cm de profundidade exista a predominância de macroporos , que é atingida com a predominância de agregados maiores, pelo fato de se poder obter maiores facilidades de infiltração, de desenvolvimento do sistema radicular, de aeração além de oferecer condições para que haja menor chance de haver perdas de água por evaporação, pois com agregados maiores haverá pelos menos uma quebra ou diminuição na quantidade de água que se movimenta no sentido ascendente no solo. Usualmente se tem como adequado para os solos que o seu volume total seja percentualmente dividido como o apresentado na Figura 4, no entanto, deve-se sempre considerar as grandes especificidades que existem entre os mais diferentes tipos de solos. 11 Figura 4- Distribuição percentual, considerada como adequada, dos componentes básicos (em volume) de um dado solo. Essas generalizações são no entanto no mínimo perigosas, pois podem induzir os técnicos da área a erros, o que é de comum ocorrência pois não se leva em conta as muitas especificidades, o que por exemplo é demonstrada no Quadro 9, dados decorrentes daqueles que podem ser observados no Quadro 10. Quadro 9- Média dos dados de distribuição de poros, por tamanho (percentagem em relação ao volume total de solo), porosidade total (Pt), densidade da partícula (Dp) e densidade do solo (Ds), em amostras de materiais de solo de um Latossolo Roxo Distrófico, fase Cerrado, com 4 e 9 anos de rotação soja/trigo e sob cobertura vegetal natural (1) . Manejo Profund. Dp Ds Pt Tamanho dos poros (mm) < 0,03 0,03-0,05 0,05-0,07 0,07-0,15 > 0,15 (cm) (g/cm3) (g/cm3) --------------------------------- % --------------------------------- 0-10 2,78 1,21 56,79 36,72 3,12 3,01 3,00 10,94 9 anos 10-20 2,86 1,37 52,16 36,73 1,96 2,18 2,27 9,02 20-30 2,86 1,20 58,09 - - - - - 0-10 2,76 1,08 60,78 37,04 2,93 4,63 2,85 13,33 4 anos 10-20 2,86 1,21 57,61 42,83 0,57 0,76 1,61 11,84 20-30 2,81 1,28 54,24 - - - - - Cob. 0-10 2,77 0,95 65,70 30,71 1,96 5,09 5,28 22,66 Nativa 10-20 2,75 1,04 62,18 29,63 2,44 5,28 5,76 19,07 20-30 2,78 1,18 59,85 - - - - - (1) Média de 4 repetições Fonte: Rosa Junior (1984) Quadro 10- Média dos resultados percentuais de análise de estabilidade de agregados em água, em amostras de materiais de um Latossolo Roxo Distrófico, fase Cerrado Matéria Orgânica (5%) Materiais minerais (45%) Água (25%) Ar (25%)12 com 4 e 9 anos de sucessão soja/trigo e sob cobertura vegetal nativa (1). Manejo Profund. Classes de agregados (mm) > 2,0 2,0-1,0 1,0-0,50 0,50-0,25 0,25-0,105 < 0,105 (cm) --------------------------------------%------------------------------------- 9 anos 0-15 82,52 7,17 4,25 3,11 2,13 0,83 15-30 72,56 11,31 7,07 4,65 2,92 1,54 4 anos 0-15 86,56 3,97 2,76 2,58 2,15 1,97 15-30 92,11 3,44 1,68 1,39 0,89 0,50 Cobert. 0-15 98,06 0,45 0,25 0,17 0,12 0,95 Nativa 15-30 98,30 0,41 0,08 0,21 0,21 0,79 (1) Média de 4 repetições Fonte: Rosa Junior (1984) Pelo Quadro 9 pode-se observar que o que se considera como 1ideal a nível de distribuição de volume dos solos (Figura 4), não pode ser generalizado, pois o Latossolo Roxo Distrófico, por exemplo, tem os percentuais de poros totais maiores (chegando, em média, até 65,70% na camada superficial, decrescendo com o aprofundamento do perfil). Ao se considerar os solos sob 4 e 9 anos de manejo, a porosidade existente deveria ser adequada para o bom desenvolvimento vegetal, no entanto, está muito aquém do exigido por parte das plantas, especialmente na faixa entre 10-20 cm de profundidade, pois mesmo estando ainda acima de 50% de poros em média, faz parte de uma camada compactada que restringe violentamente o desenvolvimento das raízes e das plantas por decorrência. Entre 30 –150 cm de profundidade o desejável é que se tenha aproximadamente um equilíbrio entre agregados grandes e pequenos, o que possibilitaria consequentemente, um equilíbrio entre os macro e microporos. Esta faixa de solo deveria ter essas características pelo fato de que, os macroporos seriam responsáveis pela plena infiltração de água no solo e os microporos o papel de promover a redistribuição interna no perfil e facilitar a movimentação ascendente da água no solo pelo processo da capilaridade. Para as camadas localizadas abaixo de 150 cm de profundidade, o desejável seria a predominância de microporos, pois estes teriam como função básica o “armazenamento de água no solo”. As contraposições feitas até o momento foram feitas baseadas em dados de um Latossolo Roxo Distrófico, no entanto é fundamental que não se restrinja a interpretação pessoal nesse caso. Deve-se ter sempre como regra que cada solo é um solo, e que cada solo tem suas características intrínsecas, respondendo de forma diferente aos mais variados sistemas e tempo de manejo a serem empregados. Tal afirmação pode ser verificada observando-se os Quadros 11 e 12. Quadro 11- Média dos dados de distribuição de poros, por tamanho (percentagem em relação ao volume total de solo), porosidade total (Pt), densidade da partícula (Dp) e densidade do solo (Ds), em amostras de materiais de solo de uma Terra Roxa Estruturada, com 4 e 9 anos de rotação soja/trigo e sob cobertura vegetal natural (1) . Manejo Profund. Dp Ds Pt Tamanho dos poros (mm) < 0,03 0,03-0,05 0,05-0,07 0,07-0,15 > 0,15 (cm) (g/cm3) (g/cm3) --------------------------------- % --------------------------------- 0-10 2,87 1,24 56,85 29,16 1,29 2,87 4,05 19,48 13 9 anos 10-20 2,84 1,25 55,93 31,48 0,49 1,36 3,49 19,11 20-30 2,82 1,26 55,24 - - - - - 0-10 2,74 1,03 62,53 34,32 1,05 2,10 3,77 21,29 4 anos 10-20 2,79 1,12 59,75 36,88 0,43 0,92 1,76 19,76 20-30 2,82 1,14 59,60 - - - - - Cob. 0-10 2,72 0,88 67,67 30,99 1,73 4,53 5,67 24,65 Nativa 10-20 2,73 1,09 60,18 33,63 0,68 1,83 5,06 18,98 20-30 2,78 1,13 59,36 - - - - - (1) Média de 4 repetições Fonte: Rosa Junior (1984) Quadro 12- Média dos resultados percentuais de análise de estabilidade de agregados em água, em amostras de materiais de uma Terra Roxa Estruturada com 4 e 9 anos de sucessão soja/trigo e sob cobertura vegetal nativa (1). Manejo Profund. Classes de agregados (mm) > 2,0 2,0-1,0 1,0-0,50 0,50-0,25 0,25-0,105 < 0,105 (cm) --------------------------------------%------------------------------------- 9 anos 0-15 59,57 16,09 11,34 7,12 3,57 2,31 15-30 50,05 28,37 12,69 5,29 2,43 1,17 4 anos 0-15 75,66 12,40 6,08 3,15 1,42 1,32 15-30 55,16 28,36 10,55 3,22 1,44 1,28 Cobert. 0-15 96,92 1,48 0,62 0,41 0,26 0,24 Nativa 15-30 78,83 13,81 3,66 1,76 0,84 1,11 (2) Média de 4 repetições Fonte: Rosa Junior (1984) Quando se compara portanto os dados existentes entre os Quadros 9 e 11 e entre os Quadros 10 e 12, pode-se notar claramente algumas diferenças a nível de solos sob vegetação nativa e o comportamento dos mesmos quando submetidos aos mesmos tipos de manejo e uso ao longo dos anos. 1.3.4- Objetivos do manejo sobre a temperatura do solo Os requerimentos ou necessidades em termos de temperatura do solo variam grandemente com as culturas, não se podendo confundir essas necessidades com a exigência mínima em termos de número mínimo média de horas de brilho solar por dia (fotoperíodo de cada planta). É sempre um risco se fazer qualquer afirmação que seja dentro da ciência de manejo e conservação dos solos, pelo simples fato de que são sempre muitos os fatores atuantes sobre uma determinada situação, no entanto, pode-se considerar como benéficas as flutuações diurnas nos índices de temperatura do solo. Isso pode ocorrer porque as diferenças de pressão de vapor controlam o caminhamento da água para onde ela é necessária, fato comum nos processos de ascensão superficial pelo processo de capilaridade. Normalmente, e considerando-se que a maioria das plantas são mesófitas, flutuações extremas ou manutenção de índices elevados de temperatura no solo podem causar prejuízos aos seres vivos, especialmente quando os níveis de umidade estiverem baixos. Desta forma, um dos objetivos do manejo do solo seria promover condições de não ocorrência de temperatura altas (acima de 40º C nas horas mais quentes do dia), que pode ser feito mediante manejo de materiais 14 orgânicos depositados e mantidos superficialmente sobre o solo. Este tipo de preocupação e/ou prática de manejo se aplica à maioria das regiões brasileiras, no entanto, um dos mais importantes objetivos do manejo de solo quanto à temperatura em regiões temperadas é justamente o inverso, ou seja, viabilizar incrementos nos níveis de temperatura locais, tendo em vista, além de uma germinação mais eficiente, condições mais adequadas à fisiologia das plantas. Para as nossas condições, um dos maiores problemas do manejo do solo sobre a temperatura, reside em se procurar manter a temperatura do solo de tal forma que se equilibre com aquela transmitida pelo ar atmosférico, pois a temperatura do solo, sem a participação de determinadas práticas de manejo, somente é influenciada por características morfológicas do solo (especialmente a coloração e os constituintes minerais) e as possíveis alterações em termos físicos, que este solo pode sofrer com a aplicação de determinados sistemas de manejo. O manejo da temperatura do solo pode parecer difícil e, para as condições de clima tropical e subtropical, especialmente nos solos que tenham elevados teores superficiais de argila (retenção maior de água), este manejo realmente é complicado pelo fato de haver nessas condições uma elevada atividade microbiana, o que pode ser visualizado no Quadro 13. Quadro 13- Cobertura morta superficial (peso seco em kg/ ha) remanescentes do cultivo de Aveia, Milheto e Teosinto e de ervas daninhas originárias da manutenção de pousio em área cultivada com soja, submetida a cinco sistemas de preparo/ cultivo em um Latossolo Roxo Distróficode Dourados- MS(1) . Tratamentos (2) Dias após semeadura 5 33 64 95 123 Média Pousio (PC) 1.117,6 837,6 725,6 297,6 301,2 655,9 Pousio (PD) 3.281,8 2.784,8 2.415,3 1.897,3 1.601,2 2.396,1 Aveia (PD) 3.235,3 2.556,3 2.417,3 1.500,0 1.293,7 2.200,5 Milheto (PD) 7.045,0 6.208,3 5.006,5 4.056,0 3.125,5 5.088,3 Teosinto (PD) 3.746,8 2.807,0 2.615,5 2.538,8 1.998,7 2.741,4 Média 3.685,3 3.038,8 2.636,0 2.057,9 1.664,1 2.616,4 (1) Média de 4 repetições (2) Tratamentos: Pousio (PC) = Pousio seguido do sistema de preparo convencional Pousio (PD) = Pousio seguido do sistema de plantio direto Aveia (PD) = Aveia cultivada antes da utilização do plantio direto Milheto (PD) = Milheto cultivado antes da utilização do plantio direto Teosinto (PD) = Teosinto cultivado antes da utilização do plantio direto A intensidade de decomposição dos materiais vegetais deixados sobre o solo é o fator que mais interfere no controle efetivo da temperatura para os solos das regiões supra citados, no entanto, embora as plantas utilizadas como fonte de biomassa terem sido gramíneas (mesmo nas condições de pousio, pois estas predominavam), deve-se considerar que entre elas existe diferenças a nível de constituição e suculência. Para as mesmas condições de estudo, as temperaturas médias, coletadas às 13:00 horas, podem ser observadas no Quadro 14. 15 Quadro 14- Temperaturas médias, coletadas às 13:00 horas, aos 20, 50, 80 e 110 dias após a semeadura da soja, considerando seis profundidades de amostragens, e sob cinco sistemas de preparo/ cultivo em um Latossolo Roxo Distrófico de Dourados- MS. Tratamentos(1) Profundidade de amostragem (cm) (2) 0 4 8 12 16 20 Média Pousio (PC) 38,1 33,0 31,8 30,8 29,9 29,5 32,2 Pousio (PD) 36,3 33,4 31,9 30,5 29,6 29,3 31,8 Aveia (PD) 35,6 32,9 31,6 30,4 29,8 29,6 31,7 Milheto (PD) 33,8 31,7 30,7 30,0 29,1 28,6 30,7 Teosinto (PD) 35,5 33,2 31,8 30,9 30,2 30,0 31,9 (1) Tratamentos: Pousio (PC) = Pousio seguido do sistema de preparo convencional Pousio (PD) = Pousio seguido do sistema de plantio direto Aveia (PD) = Aveia cultivada antes da utilização do plantio direto Milheto (PD) = Milheto cultivado antes da utilização do plantio direto Teosinto (PD) = Teosinto cultivado antes da utilização do plantio direto (2) Média de 4 repetições durante o ciclo da cultura de soja Fonte: Rosa Junior (1999) No decorrer do dia, e considerando-se valores médios de temperatura entre 0 e 20 cm de profundidade, podem ser visualizados na Figura 5. Figura 5 – Valores médios(1) da temperatura entre 0 e 20 cm de profundidade de um Latossolo Roxo Distrófico submetido a diferentes sistemas de manejo/cultivo sob o cultivo de soja. (1) Média de 4 repetições Fonte: Rosa Junior (1999) 1.3.5- Objetivos do manejo sobre a coloração do solo 27,5 28,0 28,5 29,0 29,5 30,0 30,5 31,0 31,5 32,0 32,5 9:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 Horário de amostragem Te m pe ra tu ra do so lo (ºC ) Pousio (PC) Pousio (PD) Aveia (PD) M ilheto (PD) Teosinto (PD) 16 Para as condições edafoclimáticas do Brasil e especialmente da região dos Cerrados, o manejo da coloração não assume interesse de ordem prática, o que não ocorre em regiões de clima frio, já que este parâmetro está intimamente relacionado com a temperatura do solo. Uma das maiores aplicações desse parâmetro físico do solo está, em especial, na morfologia e classificação de solos. CONSIDERAÇÕES SOBRE ALGUNS PARÂMETROS FÍSICOS DO SOLO ASSOCIADOS AO SEU MANEJO E SUA CONSERVAÇÃO. No Brasil, as evoluções técnicas são normalmente mais lentas e as razões podem ser as mais variadas em se tratando especificamente em termos de explorações agrícolas e/ou pecuárias, podendo ir desde a cultura média de nossos produtores e passando por desconhecimento técnico, falta de uma política agrícola definida e ineficiência de órgãos financiadores, dentre outras. De qualquer forma, estamos muito aquém dos sistemas produtivos de países mais desenvolvidos, mas em nome da globalização e tendo como certo que a eficiência em qualquer sistema produtivo é sinônimo de lucros, está se reproduzindo grandes alterações, sendo a maioria delas de caráter benéfico para o solo. Dentre os benefícios que está se delimitando, temos dois de grande importância, que são: A- A consciência de que o solo deve ser encarado como um meio perpétuo de produção, e portanto se tem iniciado o desenvolvimento de um grande censo de preservação. B- O fato de que o solo para ser utilizado como meio produtivo, deve ser encarado como um sistema complexo que possui partes distintas, mas que são intimamente relacionadas e interdependentes, as quais são a sua química, a sua biologia (incluso aqui microorganismos e plantas superiores) e a sua física. Somente a compreensão de que se houver a busca incessante pela obtenção plena dos benefícios citados anteriormente é que poder-se-á obter o sucesso desejado nas explorações agrícolas (isso dito apenas sobre o ponto de vista do solo, pois existem as demais áreas de importância igualmente relevante). O Engenheiro Agrônomo deve portanto possuir, além do conhecimento técnico, um elevado senso crítico que o faça pensar e de acordo com cada situação, após as análises devidas, proferir sua recomendações, é o caso por exemplo de ser contratado para prestar assistência técnica a um agricultor que esteja pretendendo mudar o sistema de produção, e passando dos sistemas convencionais de preparo de solo para o sistema de plantio direto. Essa hipótese, é um exemplo que pode ser utilizada para desenvolvimento de raciocínio, o qual se procurará desenvolver, no entanto deve-se considerar que pode haver possíveis falhas em função da enormidade de fatores que podem estar interagindo no momento. O DESENVOLVIMENTO DO EXEMPLO. Como ocorre normalmente a alteração das técnicas: 17 a- A informação técnica que diz que o sistema de plantio direto é uma ótima alternativa chega ao agricultor, quer seja por ter assistido a uma palestra, por um amigo ou mesmo por um técnico, que a recebeu de alguém ou possui algum interesse na disseminação de tal técnica. b- Motivado por alguma razão, o agricultor aceita ser está nova técnica realmente melhor que a utilizada anteriormente e a adota. c- Adquire os equipamentos e insumos necessários e, a partir daí, começa a produzir dentro desses novos conceitos. d- Não será incomum o prejuízo. Essa situação é apenas um exemplo, no entanto, algo semelhante ocorreu na região da Grande Dourados – MS entre 1984 e 1988, quando muitos agricultores dessa região, motivados pela disseminação de resultados práticos de agricultores do Estado do Paraná, adotaram esse sistema de produção sem levar em consideração alguns fatores que são fundamentais, os quais são: - A cultura específica média dos agricultores daquela região, que sem demérito algum para esses agricultores, é um importante fator produtivo. - O diferencial em termos de situação sócio-econômica média, possivelmente existente entre eles. - As especificidades existentes a nível de solo e de clima entre as regiões, sendo que dentre elas tem-se a gênese dos solos e seus possíveis efeitos e a distribuiçãode chuvas no decorrer do ano. - O desconhecimento técnico de algumas condições básicas para o sucesso desse sistema de produção, como é o caso de haver a necessidade da disponibilidade de plantas adequadas e adaptadas que bem pudessem servir de meio para manter o solo coberto (essa é a sua essência). Como deveria ocorrer a alteração das técnicas: a- A informação técnica que diz que o sistema de plantio direto é uma ótima alternativa chega ao agricultor, quer seja por ter assistido a uma palestra, por um amigo ou mesmo por um técnico, que a recebeu de alguém ou possui algum interesse na disseminação de tal técnica. b- O agricultor ou o seu técnico deve se inteirar completamente das finalidades da nova técnica a ser experimentada (ou mesmo adotada), de sua filosofia e de todos os meios necessários para que se possa ter sucesso, como por exemplo: b.1- Considerando-se que um dos fundamentos da mesma é a manutenção de cobertura morta sobre o solo, procurar plantas que possam fornecer grandes quantidades de biomassa, preferencialmente de decomposição mais lenta. b.2- Estudar o clima local e compara-lo com as condições em que o sistema foi anteriormente proposto e se consagrou. b.3- Avaliar as condições locais de solo, não apenas sob o ponto de vista químico, mas também em termos físicos e até biológicos, entendendo que se a física do solo for deficiente, existirá uma tendência de que apenas os índices químicos não poderão ser responsáveis por uma projeção correta de incremento e/ou manutenção da produtividade nos níveis desejados. b.4- Fazer uma completa e eficiente análise de custos (considerando aqui todos os equipamentos e insumos que serão utilizados), pois mesmo se houver incremento nos níveis de produtividade, o que deve estar sempre na mente do produtor é a lucratividade e não, pura e simplesmente a produtividade. 18 b.5- Avaliar a possibilidade de mercado para as culturas que se pretende implantar, pelo menos nos primeiros anos, pois os custos iniciais de implantação deverão ser maiores que o método anteriormente empregado nos sistemas de cultivo. c- Motivado pelas possibilidades da técnica, após todas as análises e estudos realizados, o agricultor aceita ser está nova técnica realmente melhor que a utilizada anteriormente e a adota. c- Adquire os equipamentos e insumos necessários e, a partir daí, começa a produzir dentro desses novos conceitos. d- Os benefícios devem vir ao longo do tempo, podendo ser imediatos ou a médio/longo prazo. Pode e deve aqui ser considerado que os benefícios desejados não sejam efetivamente aumentos em termos de lucratividade, e sim, a manutenção do patrimônio “Terra” como veículo perpétuo de produção, passando-o de pai para filho. e- Nunca ser radical nos preceitos originais dessa ou de qualquer outra técnica, visto que existem, como já relatado, muitas especificidades locais ou regionais que devem ser respeitadas. 2.1- Fatores que possibilitam alterações sobre a física do solo Existem um número muito grande de fatores que podem ser manejados de tal forma que possam influenciar (o desejável é que essa influência seja de forma positiva) as características físicas que mais podem influenciar as explorações agrícolas, dentre esses fatores, alguns merecem atenção especial, tendo em vista que seus efeitos, quer de forma individual ou em conjunto, se manejados corretamente, são reconhecidamente eficientes. Quando se considera que existem especificidades locais, a ‘princípio não se pode descartar nenhuma técnica de apoio, este é o caso por exemplo da utilização das grades e de arações profundas, cuja utilização é combatida por alguns autores. Deve-se sempre ter em mente, e considerando-se sempre que no solo todas as características são interdependentes, que à medida em que por exemplo se pretende aumentar o suprimento de água disponível no solo, outras características físicas, químicas e/ou biológicas poderão ser afetadas (positiva ou negativamente), o que demandará de parte do técnico, estudos no sentido de se verificar se este benefício desejado não trará um dano ainda maior, o que é difícil, mas pode ocorrer. Alguns fatores, comumente utilizados no sistema produtivo, que podem alterar característica físicas do solo são comentados a seguir. 2.1.1- Uso do solo Por uso do solo entende-se as culturas e demais plantas (vegetação) que possam ser cultivadas no solo e a intensidade em que esse cultivo possa ocorrer. A vegetação a ser implantada pode causar muitos efeitos ao ecossistema solo como um todo, podendo influencia-lo por ter efeitos sobre a cobertura vegetal, o sistema radicular e os possíveis efeitos das varias culturas usadas em susseção ou rotação (o efeito das associações vegetais). Toda vez que se tem plantas sendo cultivadas, em decorrência direta se obtém um específico grau de cobertura do solo, com efeitos diretos sobre a facilidade ou não desse solo ser erodido, desta forma, seria conveniente que as culturas a serem exploradas pudessem promover a maior cobertura do solo, e se isso não for possível em função de outras determinações (como é o caso de vantagens econômicas), deve-se cultiva-la em associação com outras plantas que minimizem o efeito de exposição do solo ao longo do tempo. O tipo de planta a ser explorada afeta ainda a quantidade e qualidade dos materiais orgânicos que serão depositados sobre o solo, quer seja para incorporação 19 ou para que posteriormente seja deixado sobre o solo, desta forma, em função dos objetivos específicos do técnico, deve-se proceder a escolha correta das plantas a serem cultivadas. Em termos gerais (embora existam outras classificações), as culturas que irão ser exploradas podem ser classificadas em: a) Perenes, como é o caso de pastagens e algumas frutíferas, b) Semi- perenes, como é o caso da cana de açúcar e c) Anuais em rotação, em susseção, na forma de consorciação ou na forma de monoculturas. Cada um desses casos poderá possibilitar sobre características do solo efeitos específicos e dessa forma devem ser estudados. As pastagens por exemplo são um dos tipos de exploração vegetal, sob o ponto de vista de conservação de solo, mais eficientes no controle da erosão, não obstante se observa que a grande maioria das áreas utilizadas por pastagem estão com os mais variados graus de degradação, sendo comum a verificação de grandes sulcos por onde corre a água, especialmente em solos menos argilosos. Nesse caso o problema deixa de ser da cultura e passa a ser do manejo empregado sobre ela, que pode variar desde a compactação até o fato de que, ainda hoje, a maioria dos pecuaristas não consideram as gramíneas forrageiras como culturas e portanto não fazem sobre elas aquelas práticas básicas como adubações, calagens e descompactações. Ora, os bovinos, da mesma forma que grãos de milho exportam nutrientes, além de terem uma elevada capacidade de compactação de solos. Esse tipo de análise simples pode ser além de ampliado, generalizado, até que se chegue o dia em que, para reduzir-se riscos e mantendo o solo em condições ótimas de produtividade se fará, como muitos países desenvolvidos a mais de 50 anos, rotações compostas ou complexas. Compostas quando se divide a área em duas partes, cultivando-se em uma delas tipos diferentes de culturas (também em rotação) por períodos que podem variar de 3 a 5 anos e na outra pastagens para exploração de animais. Passado esse tempo de 3 a 5 anos, na área que tinha pasto se cultivará culturas anuais e vice versa. A vantagem nesse caso é que as culturas anuais que forem cultivadas na área que anteriormente tinha pastagem, receberá um solo com características físicas mais adequadas (embora quimicamente deteriorado, mas de fácil restabelecimento) e as pastagens que forem implantadas naquelas áreas ondese cultivou por anos as culturas anuais, teria condições químicas mais adequadas. Neste caso é bom que se ressalte o fato de que as gramíneas tem maiores possibilidades de se desenvolver em condições adversas de física de solo, pois o seu sistema radicular normalmente é mais agressivo que o das leguminosas ou outras plantas que tem raízes pivotantes, além de contribuir com componentes orgânicos mais favoráveis (lignina, celulose, dentre outros) aos processos de agregação via ação de decomposição, pois no mínimo o seu efeito se dará por um tempo maior. Por outro lado as rotações são classificadas como complexas quando se fecha ao longo de 2 a 3 anos, nos quais se cultiva preferencialmente plantas diferentes. Quanto mais diferentes forem as plantas cultivadas dentre de uma rotação, mais uniformemente será a retirada dos elementos químicos do solo, tanto para exportação como para reciclagem. Monoculturas por sua vez podem, embora com possibilidade de lucros maiores, aumentar os riscos por parte do agricultor, no entanto, a nível de solo muitos serão os problemas secundários de sua manutenção, como é o caso de absorção predominante de alguns nutrientes, possibilidade de especialização de plantas daninhas, possibilidade de ser uma única camada de solo explorada e possibilidade de aumentos nos índices de ocorrência de pragas e moléstias. O efeito da cobertura do solo depende do número de plantas por hectare e de sua arquitetura foliar, desta forma, não se pode dizer que pelo fato da soja “fechar” mais rápida e eficientemente o solo, que ela seja mais adequada do que o trigo em termos de diminuir riscos de erosão, pois as raízes e o maior número de caules também tem grande efeito. O papel dos sistemas radiculares no contexto produtivo é mais importante do que a princípio se imagina, pois além de serem os órgãos ativos nos processos de respiração e absorção de água e nutrientes, pode, contribuir grandemente com o incremento na agregação do solo e ações decorrentes e até ser responsável pelo sucesso ou fracasso de consorciações. Raízes fasciculadas (gramíneas) normalmente possuem teores mais elevados de componentes orgânicos de decomposição mais demorada o que lhes possibilita continuar tendo ação benéfica em termos de 20 agregação por tempo maior, pois somente existe efeito da matéria orgânica sobre a agregação enquanto os materiais estiverem sendo decompostos. Além disso, esse tipo raiz possui a peculiaridade de ter ciclo anual, funcionando portanto como uma fonte permanente de materiais orgânicos ao solo. Uma das contribuições dos sistemas radiculares importante, e no entanto pouco estudada é o efeito que a CTC radicular pode ter na nutrição das plantas, notadamente daquelas que estiverem sendo cultivadas no sistema de consorciação, pois a regra coloca as leguminosas de forma geral como tendo maiores CTC radiculares que as gramíneas e, à medida em que a CTC radicular aumenta, aumenta proporcionalmente a capacidade que as plantas possuem de absorver cátions de maior valência, o inverso se aplicando para aquelas plantas que possuem pequena CTC radicular, ou seja, à medida em que a CTC radicular diminuir, aumenta sua eficiência em absorver cátions monovalentes, o que está de acordo com Rosa Junior e Vitorino (1994). Desta forma, se gramíneas e leguminosas são cultivadas em consorciação (relativamente juntas) e se o solo for pobre em potássio por exemplo, haverá por parte das gramíneas uma maior possibilidade de absorve-los do que as leguminosas, o que pode provocar o “abafamento” das leguminosas pelo maior crescimento das gramíneas. Não será esse um dos fatores que por muito tempo tem inviabilizado a utilização de consorciação em pastagens? Mais estudos devem ser realizados. As rotações de cultura e as consorciações devem ainda ser vistas como mecanismos que proporcionam a mais de um tipo de planta ou viverem juntas ou sobre os resíduos das outras, e portanto passíveis de mutuamente se afetarem. Esse efeito entre plantas diferentes pode ser positivo ou negativo, pois as plantas podem ser sinérgicas ou antagônicas entre sí. Tem-se outros tipos de ações indiretas, como é o caso de gramíneas sendo cultivadas após leguminosas, se beneficiando portanto do nitrogênio fixado. A intensidade de uso é outro fator importante nesse contexto, pois a princípio, à medida em que aumenta a intensidade ou frequência de uso de uma determinada gleba, tem-se proporcionalmente maiores prejuízos em termos de características físicas do solo, pois além de aumentar o número de operações mecânicas, o consumo de nutrientes aumentará, sendo que dentre esses, os cátions também participam no processo de agregação. Essa colocação no entanto não é regra, pois deve-se ter a consciência que outros fatores podem intervir no processo, sendo o caso de áreas com utilização muito frequente mas que recebem constantemente grandes quantidades de materiais orgânicos, amenizando os prejuízos e até melhorando as características físicas dos solos cultivados, como é o caso de áreas cultivadas com hortaliças. Embora existam muitas comprovações que demonstram que as culturas e o manejo que lhes é imposto podem causar danos sobre as condições físicas do solo, não se pode generalizar esse conceito, pois pode acontecer o inverso, é o caso de pastagens manejadas de forma correta, ou seja, existe em decorrência de seu cultivo benefícios em termos de algumas condições físicas. Em função de determinados usos do solo, fertilizações pesadas, especialmente se for unilateralmente aplicadas, podem causar problemas em termos físicos, como também acontece com as aplicações de calcário se recomendadas e incorporadas incorretamente, o mesmo acontecendo com o manejo superficial dos resíduos de vegetais. Solos permanentemente cobertos por vegetação e sem nenhum tipo de cultivo, podem apresentar ao longo dos anos, grandes e variáveis (em função do tipo de solo e de manejo) modificações em algumas de suas características físicas, químicas e/ou biológicas , quando as comparamos com as características originais dos solos. Algumas dessas diferenças podem ser visualizadas nos Quadros 15, 16, 17, 18, 19 e 20. Provavelmente (embora não é uma regra), a utilização de solos recém desmatados deve possibilitar melhores condições do que se os mesmos fossem cultivados com pastagens ou culturas anuais, os quais podem no mínimo terem sido compactados quer pelas patas de animais ou pelo efeito de máquinas e equipamentos de preparo de solo e condução das culturas. Obviamente, 21 condições específicas de densidade de animais e o clima poderão ter efeitos secundários sobre o solo. Os Quadros 15 e 16 ilustram o efeito do tempo de uso de dois solos submetidos às mesmas espécies vegetais sobre a textura e outros parâmetros físicos. Quadro 15- Média da percentagem de argila, silte, areia grossa, areia fina, argila dispersa em água (AD), grau de floculação (GF) e equivalente de umidade (EU) em materiais de um Latossolo Roxo Distrófico, com 9 e 4 anos de sucessão soja/ trigo e sob cobertura vegetal natural (1). Manejo Profund. Argila Silte A.grossa A. fina AD GF EU (cm) -------------------------------%------------------------------- 9 anos 0 – 10 62,00 18,33 5,67 14,00 28,49 54,16 29,86 10 – 20 62,33 16,67 5,67 15,33 29,33 53,44 30,51 20 – 30 66,00 17,33 5,00 11,67 22,90 65,17 30,36 4 anos 0 – 10 54,33 15,66 18,33 11,67 19,41 64,59 25,67 10 – 20 54,66 14,67 17,33 13,33 23,03 57,92 26,27 20 – 30 58,67 13,67 15,33 12,33 18,96 62,96 26,81 Cob. nativa 0 – 10 50,00 14,00 18,00 18,00 16,38 67,24 23,17 10 – 20 49,00 14,00 22,00 15,00 18,56 62,12 23,12 20 – 30 50,00 12,00 19,00 19,00 20,20 59,60 23,08 (1) Média de 4 repetições Fonte: Rosa Junior (1984)Quadro 16- Média da percentagem de argila, silte, areia grossa, areia fina, argila dispersa em água (AD), grau de floculação (GF) e equivalente de umidade (EU) em materiais de uma Terra Roxa Estruturada, com 9 e 4 anos de sucessão soja/ trigo e sob cobertura vegetal natural (1). Manejo Profund. Argila Silte A.grossa A. fina AD GF EU (cm) -------------------------------%------------------------------- 9 anos 0 – 10 46,67 27,33 8,33 17,67 25,07 45,95 29,48 10 – 20 56,33 20,67 8,67 14,33 29,10 48,02 30,80 20 – 30 63,33 14,67 7,00 13,00 33,52 46,15 31,93 4 anos 0 – 10 59,67 24,00 3,67 12,67 32,31 45,81 33,77 10 – 20 59,00 23,33 3,00 18,00 30,61 48,63 34,16 20 – 30 63,33 19,33 3,00 14,33 31,03 50,93 35,60 Cob. nativa 0 – 10 48,50 32,00 6,50 13,00 26,55 45,49 33,34 10 – 20 58,00 20,50 6,50 15,00 27,95 51,93 32,13 20 – 30 63,50 17,00 10,50 9,00 30,65 50,95 31,90 (2) Média de 4 repetições Fonte: Rosa Junior (1984) Considerando-se que para a determinação dos dados existentes nos Quadros 17 e 18 utilizou-se a mesma metodologia bem como foram iguais os sistemas e tempo de uso, a diferença de valores para as diversas características físicas presentes fica por conta das características intrínsecas de cada um dos dois solos. As explicações para esses tipos de alterações dentro e entre os solos estudados podem demonstrar o grande efeito do manejo sobre estas características do solo. Quadro 17- Médias percentuais da distribuição de agregados, pelo peneiramento a seco, em 22 amostras de materiais de um Latossolo Roxo Distrófico, com 9 e 4 anos de sucessão soja/trigo e sob cobertura vegetal nativa (1) . Manejo Profund. Classes de agregados (mm) (cm) > 9,52 9,52-4,76 4,76-2,00 2,00-1,00 1,00-0,50 < 0,50 -----------------------------------------%---------------------------------------- 9 anos 0 –15 55,43 8,24 6,54 6,33 7,44 16,02 15 – 30 38,51 12,21 11,28 7,45 8,11 22,44 4 anos 0 – 15 49,50 8,96 7,19 6,45 8,77 19,14 15 – 30 41,55 15,29 10,40 7,36 7,17 18,24 Cob. nativa 0 – 15 18,27 32,00 16,86 6,82 9,33 9,46 15 – 30 12,60 27,55 23,73 5,82 9,22 21,09 (1) Média de 4 repetições Fonte: Rosa junior (1984) As distribuições de agregados, determinados via peneiramento a seco, do Latossolo Roxo distrófico (Quadro 17) e da Terra Roxa Estruturada (Quadro 18) pode ser comparada, de onde se tem de forma muito clara que os agregados existentes na Terra Roxa Estruturada são percentualmente em número maior, o que deve ser em função de sua maior estabilidade, que é um fator até mais importante que a sua quantidade pura e simples. Quadro 18- Médias percentuais da distribuição de agregados, pelo peneiramento a seco, em amostras de materiais de uma Terra Roxa Estruturada, com 9 e 4 anos de sucessão soja/trigo e sob cobertura vegetal nativa (1) . Manejo Profund. Classes de agregados (mm) (cm) > 9,52 9,52-4,76 4,76-2,00 2,00-1,00 1,00-0,50 < 0,50 -----------------------------------------%---------------------------------------- 9 anos 0 –15 74,00 6,33 2,73 3,51 5,05 8,35 15 – 30 77,76 9,49 3,51 2,62 2,61 4,02 4 anos 0 – 15 71,38 7,31 4,06 5,67 6,03 5,55 15 – 30 69,84 12,46 7,46 4,61 2,91 2,87 Cob. nativa 0 – 15 58,27 17,05 8,00 5,65 5,12 5,92 15 – 30 60,56 13,56 9,62 4,85 5,65 5,66 (2) Média de 4 repetições Fonte: Rosa junior (1984) Para as mesmas condições de uso e manejo estão demonstrados nos Quadros 19 e 20 o comportamento de alguns parâmetros químicos. Quadro 19- Média dos dados de análises químicas em amostras de materiais de solo de um Latossolo Roxo Distrófico, com 9 e 4 anos de sucessão soja/trigo e sob cobertura vegetal nativa (1) . 23 Manejo Profund. pH Ca++ Mg++ K+ Na+ Al+++ S(2) H(3) CTC P Mn Fe MO N (cm) H2O -----------------e.mg/100g------------------ ------ppm----- ----%--- 9 anos 0 – 10 6,36 5,37 2,73 0,16 0,03 0,08 8,29 3,43 11,7 6,52 4,79 0,33 4,80 0,14 10 – 20 5,87 3,67 1,79 0,08 0,03 0,32 5,56 4,69 10,3 3,73 3,54 0,53 4,06 0,10 20 – 30 4,89 0,93 0,42 0,05 0,02 0,73 1,42 6,40 7,8 0,69 1,04 0,47 3,73 0,08 4 anos 0 – 10 5,54 3,68 2,21 0,15 0,02 0,13 5,07 5,61 10,7 4,06 3,34 0,50 5,43 0,15 10 – 20 5,12 2,42 0,85 0,07 0,02 0,22 3,36 6,23 9,6 0,59 1,88 0,68 4,58 0,13 20 – 30 4,72 0,62 0,19 0,05 0,02 0,63 0,88 6,16 7,04 0,00 0,00 0,68 3,31 0,09 Cob. natural 0 – 10 4,93 0,50 0,30 0,14 0,03 0,80 0,97 0,89 9,9 0,00 4,38 5,12 5,12 0,21 10 – 20 4,76 0,15 0,10 0,08 0,02 0,85 0,35 6,83 7,2 0,00 1,88 1,88 3,85 0,11 20 - 30 4,74 0,05 0,07 0,05 0,01 0,80 0,18 6,83 7,01 0,61 1,25 1,25 3,85 0,10 (1) Média de 4 repetições (2) S = (Ca +++ Mg++ +K+ + Na+) (3) H= (H+ + Al+++) Fonte: Rosa Junior (1984) Quadro 20- Média dos dados de análises químicas em amostras de materiais de solo de um Terra Roxa Estruturada, com 9 e 4 anos de sucessão soja/trigo e sob cobertura vegetal nativa (1) . Manejo Profund. pH Ca++ Mg++ K+ Na+ Al+++ S(2) H(3) CTC P Mn Fe MO N (cm) H2O -----------------e.mg/100g------------------ ------ppm----- ----%--- 9 anos 0 – 10 6,36 10,6 4,13 0,35 0,02 0,00 15,1 3,63 18,7 3,38 17,9 0,25 7,36 022 10 – 20 6,32 10,0 3,89 0,23 0,02 0,00 14,2 4,06 18,2 1,13 13,8 0,20 5,34 0,16 20 – 30 5,58 6,2 2,68 0,11 0,02 0,08 8,9 5,77 14,8 0,93 9,38 0,20 3,78 0,05 4 anos 0 – 10 6,31 11,9 4,84 0,30 0,03 0,03 17,1 4,08 21,2 5,25 18,5 0,32 7,04 0,37 10 – 20 6,06 7,07 4,44 0,18 0,02 0,02 11,7 5,24 17,0 1,20 12,1 0,40 6,39 0,31 20 – 30 5,34 6,38 3,21 0,07 0,02 0,35 9,7 7,53 17,2 0,04 8,96 0,67 4,06 0,06 Cob. natural 0 – 10 6,81 14,5 4,50 0,57 0,03 0,05 19,6 2,79 22,4 6,45 25,6 0,20 9,60 0,28 10 – 20 5,58 9,15 3,67 0,41 0,02 0,10 13,3 5,57 18,9 0,55 17,5 0,28 6,08 0,15 20 - 30 5,41 5,98 2,45 0,17 0,02 0,13 8,62 6,85 15,5 0,55 15,0 0,20 3,99 0,06 (1) Média de 4 repetições (2) S = (Ca +++ Mg++ +K+ + Na+) (3) H= (H+ + Al+++) Fonte: Rosa Junior (1984) 2.1.2- Métodos de colheita A nível de manejo do solo os métodos de colheita devem ser ampliados, podendo ser eles classificados em, a) mecânicos, b)manuais e c)animais, que passarão a ser discutidos sob o ponto de vista de possíveis efeitos especialmente sobre as características físicas do solo. a- Métodos mecânicos de colheita Sem a pretensão de discorrer sobre a evolução das colhedoras e sua forma de operação (que pode variar de equipamento para equipamento), o desejável é que o material não 24 aproveitado para comercialização, que são normalmente resíduos de culturas, devem ser depositados no solo o mais uniformemente possível, para que possa da melhor forma proteger o solo contra a ação direta de fatores climáticos, sendo dentre eles os mais importantes a ação direta das gotas de chuvas e a ação dos raios solares. Desta forma pode-se obter a maximização dos benefícios de uma colheita bem feita, que podem ser sintetizados no fornecimento uniforme da matéria orgânica, a qual proporcionará dois outros efeitos importantes sobre o solo que são, em primeiro lugar a sua participação no processo de agregação via fornecimento de cargas negativas durante a participação microbiana e pelo fornecimento de cátions, que poderão agir como “pontes” entre partículas de colóides, quer sejam eles minerais ou orgânicos e em segundo lugar, pelo fornecimento após a decomposição ter ocorrido, de parte dos nutrientes que haviam sido absorvidos
Compartilhar