Buscar

Art 5º comentado

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Art. 5º comentado 
XXI – as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;
 
Com autorização expressa dos filiados (como um mandado, por exemplo) uma associação tem legitimidade para mover um processo contra o Estado para obter benefícios que a eles façam jus, representando-os judicial ou extrajudicialmente. Um sindicato de trabalhadores, por exemplo, pode entrar, em nome de seus filiados, em negociação com o sindicato patronal para efetuar determinados acertos salariais (representação extrajudicial).
 
 XXII – é garantido o direito de propriedade; 
 
Em termos constitucionais, o direito de propriedade abrange qualquer direito de conteúdo patrimonial, econômico, tudo que possa ser convertido em dinheiro, alcançando créditos e direitos pessoais. A utilização e o desfrute devem ser feitos de acordo com a conveniência social da utilização da coisa (função social da propriedade). O direito do dono deve ajustar-se aos interesses da sociedade e, em caso de conflito, o interesse social pode prevalecer sobre o individual (ex.: em razão da função social da propriedade é prevista pela CF a desapropriação, para fins de reforma agrária, de uma propriedade rural improdutiva, com pagamento de indenização em títulos de dívida agrária). 
 
 O direito de propriedade importa em duas garantias sucessivas:
 
 a) garantia de conservação: ninguém pode ser privado de seus bens fora das hipóteses previstas na CF.
 b) garantia de compensação: caso privado de seus bens, o proprietário tem o direito de receber a devida indenização, equivalente pelos prejuízos sofridos (desapropriação).
 
 A garantia estende-se desde os bens imóveis (terrenos, casas, empresas, fazendas, 
 etc.), aos bens móveis (veículos, joias, objetos de arte), até os bens imateriais (direitos autorais, etc.). No entanto, essas garantias estão submissas aos preceitos restritivos previstos nos incisos seguintes. 
 
 XXIII – a propriedade atenderá a sua função social;
 
 A propriedade poderá ser urbana ou rural. Assim, a função social da propriedade urbana será cumprida quando se atende às exigências do Plano Diretor (instrumento de política urbana) e, em relação às propriedades rurais, sua função social está definida no art. 186 da Constituição, quando define, por exemplo, que elas devem atender o aproveitamento racional e adequado.
 
 XXIV – a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição; 
 
 Desapropriação é a transferência compulsória da propriedade de um bem de uma determinada pessoa para o Estado, em razão da necessidade (desapropriação indispensável para a realização de uma atividade essencial do Estado) ou utilidade pública (embora não imprescindível, é conveniente para a realização de uma atividade estatal) ou interesse social (desapropriação conveniente para o progresso social, para o desenvolvimento da sociedade, em razão da justa distribuição da propriedade ou da adequação a sua função social).
 
 A indenização consiste no pagamento de uma importância que recomponha o patrimônio da pessoa desapropriada. É justamente a indenização que distingue a desapropriação do mero confisco, da simples transferência da propriedade particular para o Estado, sem qualquer recomposição do patrimônio individual. A indenização deve atender determinadas exigências constitucionais para ser válida:
 
 1. Justa: deve ser feita de forma integral, reparando todo o prejuízo sofrido pelo particular.
 2. Prévia: o pagamento deve ser feito antes do ingresso na titularidade do bem
 3. Em dinheiro: o pagamento deve ser feito em moeda corrente e não em títulos para pagamento futuro e de liquidez incerta, salvo disposto na lei.
 
 Entretanto, para tais exigências existem algumas exceções, previstas ao final do inciso XXIV:
 
 - Desapropriação para reforma urbana (desapropriação-sanção): o pagamento pode ser feito em títulos de dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de dez anos. 
 - Desapropriação para reforma agrária: o pagamento pode ser feito em títulos de dívida agrária, resgatáveis no prazo de até vinte anos. 
 - Iminente perigo público (requisição): a CF autoriza que a autoridade pública utilize qualquer propriedade particular, mediante o pagamento de posterior indenização, se houver dano.
 
 XXV – no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;
 
 No caso desse inciso, o direito de posse da propriedade privada passará temporariamente para o Estado, mas não haverá alteração de domínio. Esta é uma previsão de restrição ao direito de propriedade (requisição administrativa ou utilização de propriedade alheia). É a utilização de bens ou serviços particulares coativamente pelo Poder Público, para a execução de obras, serviços ou atividades públicas ou de interesse público.
 
 
 
 
 A requisição poderá implicar perda irrecuperável. Se houver dano, caberá indenização ulterior/posterior.
 
Embora o inciso preveja caso iminente de perigo público, há outras formas de requisição administrativa que são efetuadas sem a necessidade desse perigo presente, como nos casos da Justiça Eleitoral, que pode requisitar um prédio particular a fim de nele realizar as eleições, ou da Prefeitura Municipal, que pode requisitar a instalação de uma placa, com nome de rua, na parede do imóvel do particular.
XXVI – a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento; 
 
 A pequena propriedade rural foi considerada bem de família, insuscetível de penhora, ficando a salvo de execução por dividas decorrentes da atividade produtiva. 
 
 A penhora é o ato judicial pelo qual são apreendidos os bens do devedor para que por eles seja pago ao credor o que lhe é devido. Assim, este inciso protege o pequeno agricultor que poderia perder sua propriedade em virtude do não-pagamento dos empréstimos que fez para o plantio. Destarte, para que a propriedade não seja objeto de penhora, ela deverá ser pequena e trabalhada pela família, além disso, a dívida deverá ser contraída em função da atividade produtiva. O favor constante neste inciso não abrange dividas fiscais, pelo que poderá ser efetuada a penhora em decorrência do não-pagamento de tributos.
 
 Diz ainda o legislador que o pequeno produtor rural deverá receber recursos previstos em lei que financiem o seu desenvolvimento. Trata-se de uma preocupação do constituinte com a fixação do pequeno produtor rural e sua família na terra em que trabalham.
 
 XXVII – aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
 
 O direito do autor de exploração exclusiva de sua obra é vitalício, conforme a lei 5988/73. 
 Perdura também por toda a vida de seus herdeiros, se esses forem filhos, pais ou cônjuges. Os demais sucessores do autor gozarão de direito patrimonial pelo período de 60 anos. Esgotados os prazos, a obra cai no domínio público, de forma que seu uso passa a ser inteiramente livre.
 
 XXVIII – são assegurados, nos termos da lei:
 
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas;
 
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que participarem os criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas; 
 
 No inciso XXVIII, alínea a, nota-se uma mistura generalizada de conceitos: direito autoral (obras coletivas) funde-se com direitosde personalidade (imagem e voz), que por sua vez desembocam no chamado direito de arena.
 
 O direito de arena (previsto no final do dispositivo) consiste na faculdade, pertencente às entidades de prática desportiva, de negociar a imagem coletiva do espetáculo, e a obrigação que elas possuem de, salvo expresso em acordo em sentido contrário, repassar aos atletas um quinto do valor comercializado. Tal direito foi confirmado pela Lei 9.615/98 (Lei Pelé) como instituto exclusivo do Direito Desportivo. 
 
Já na alínea b do mesmo inciso, a Constituição vem assegurando direitos aos que contribuem para uma maior divulgação de obras intelectuais. São artistas, intérpretes e produtores, pessoas que participaram da elaboração de obras coletivas, como novelas e semelhantes. Assim, quem de alguma forma colaborou na composição de uma produção deverá ser contemplado com uma porcentagem no lucro sobre a obra.
 
 XXIX – a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País;
 
 Esse é o direito de obter a patente de propriedade do invento, tendo-se o direito de sua utilização exclusiva, mas apenas temporariamente. A lei ordinária o regulará, de forma que ele não será perpétuo. É o “privilégio da invenção industrial”.
 
 XXX – é garantido o direito de herança; 
 
Uma decorrência do direito de propriedade (a propriedade se perpetua através da herança), elevada à condição de direito constitucional, é a possibilidade da transferência dos bens de uma pessoa falecida a seus herdeiros e legatários. O direito das sucessões está regulamentado pelo Código Civil nos arts. 1784 a 2027.
 
 Ao assegurar o direito de herança, a Constituição impede que o Estado se aproprie dos bens do falecido quando não forem encontrados herdeiros diretos logo após sua morte. Isso acontece principalmente em relação aos bens de pessoas idosas que não providenciaram um testamento, vivem sozinhos ou reclusos, não dando sinais de possuírem parentes próximos. 
 Normalmente publicam-se editais em jornais de grande circulação, promove-se uma investigação da vida do falecido até que se encontrem parentes habilitados a receberem seus bens. 
 
REFERENCIAS
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: Senado Federal, 2015.

Outros materiais