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39 TECIDO CARTILAGINOSO A cartilagem é um tecido conjuntivo de consistência rígida não sendo vascularizado e nem suprido com nervos ou vasos linfáticos. Entretanto, suas células recebem nutrição e eliminam as escórias a partir dos vasos sangüíneos do pericôndrio, uma membrana formada por tecido conjuntivo denso não modelado que reveste quase todas as cartilagens do corpo humano. Estas trocas entre o pericôndrio e as células ocorrem por difusão pela matriz cartilaginosa. Nas superfícies articulares dos ossos de articulações sinoviais, onde não há pericôndrio, as células cartilaginosas recebem nutrição do líquido sinovial que banha as superfícies articulares. Como veremos, o pericôndrio participa também do crescimento das cartilagens. A matriz extracelular da cartilagem, como acontece no tecido conjuntivo propriamente dito, é constituída por substância fundamental e pelas fibras. A substância fundamental da cartilagem é também formada por glicosaminoglicanas (GAGs), proteoglicanas e por glicoproteínas adesivas. As proteoglicanas, como já discutido anteriormente, são moléculas semelhantes à escova de lavar tubos, constituídas de uma cadeia central de protéica onde se ligam as GAGs formando as cerdas dessas moléculas. A grande quantidade de cargas negativas presentes nessas GAGs atrai cátions, predominantemente íons Na+ que, por sua vez, atraem moléculas de água. Dessa forma, a matriz da cartilagem torna-se muito hidratada o que faz com que ela seja resistente às forças de compressão e atue como um sistema de absorção contra choques mecânicos. As glicoproteínas adesivas da cartilagem possuem grande capacidade de realizar ligação entre os diferentes componentes da matriz cartilaginosa, capacidade muito maior do que as glicoproteínas adesivas encontradas no tecido conjuntivo, resultando em grande ligação entre os componentes do tecido cartilaginoso. A grande quantidade de moléculas de água encontrada na substância fundamental e essa grande capacidade de ligação das glicoproteínas adesivas são fatores que fazem com o tecido cartilaginoso seja mais rígido do que o tecido conjuntivo. Existem três tipos de cartilagem com base nas fibras que são encontradas na matriz: cartilagem hialina, cartilagem elástica e cartilagem fibrosa. A cartilagem hialina contém fibras colágenas formadas por colágeno do tipo II, é a mais abundante do corpo e desempenha muitas funções descritas adiante. A cartilagem elástica também contém fibras colágenas formadas por colágeno do tipo II e grande quantidade de fibras elásticas, dando-lhe mais flexibilidade. A cartilagem fibrosa possui fibras colágenas grossas formadas por colágeno tipo I, o que permite que ela tenha uma grande resistência à tração. Células Cartilaginosas Três tipos de células estão relacionadas com a cartilagem: células condrogênicas, condroblastos e condrócitos. As células condrogênicas estão localizadas no pericôndrio e são células ainda indiferenciadas podendo se multiplicar por mitoses e se diferenciar em condroblastos. Os condroblastos são células que sintetizam intensamente a matriz cartilaginosa e conforme sintetizam a matriz ficam aprisionados pela própria matriz que eles mesmos sintetizaram e neste momento passam a ser chamados de condrócitos. Os condrócitos não possuem grande atividade de síntese de matriz cartilaginosa e apenas mantém uma pequena atividade de síntese. Durante o processo de elaboração das lâminas histológicas os condrócitos sofrem retração, o que faz com que eles fiquem menores do que os espaços por eles ocupados na matriz, e por isso, quando observados na microscopia, são referidos como condrócitos no interior de lacunas. Observe na figura a seguir as células condrogênicas do pericôndrio, os condroblastos e os condrócitos no interior de lacunas. Regeneração do Tecido Cartilaginoso A regeneração da cartilagem é geralmente ineficiente, exceto em crianças. Durante o processo de regeneração, células condrogênicas do pericôndrio penetram na região lesionada da cartilagem se diferenciam em condroblastos e formam cartilagem nova. Se a lesão for grande, as células formarão tecido conjuntivo denso para reparação da lesão. 40 CARTILAGEM HIALINA A cartilagem hialina, uma substância cinza-azulada e semi-transparente é a cartilagem mais comum do corpo. Ela está localizada no nariz, na laringe, nos anéis da traquéia e dos brônquios oferecendo suporte a estes órgãos. Ocorre também nas extremidades ventrais das costelas onde se articulam com o esterno e nas superfícies articulares das articulações sinoviais, onde absorve choques e evita desgaste ósseo. Forma o molde para muitos ossos durante o desenvolvimento embrionário e constitui os discos epifisários dos ossos longos participando de seu crescimento. Crescimento da Cartilagem Hialina Os condrócitos no interior de lacunas são células que ainda são capazes de se dividir, formando um grupo de duas, quatro ou mais células dentro de uma mesma lacuna. Estes grupos são conhecidos como grupos isógenos e são formados por divisões celulares de um único condrócito original. À medida que as células de um grupo isógeno produzem matriz, elas são empurradas para longe umas das outras, formando lacunas separadas, proporcionando o crescimento da cartilagem a partir do seu interior. Este tipo de crescimento é chamado crescimento intersticial. No outro tipo de crescimento da cartilagem, as células condrogênicas do pericôndrio sofrem divisão e se diferenciam em condroblastos, que começam a elaborar a matriz. Dessa forma, a cartilagem cresce por adição de células em sua periferia, um processo denominado crescimento aposicional. O crescimento intersticial ocorre somente na fase inicial da formação da cartilagem hialina. Entretanto, a cartilagem articular, que não possui pericôndrio, cresce somente por crescimento intersticial. Este tipo de crescimento também ocorre nos discos epifisários dos ossos longos provocando o alongamento do osso. A cartilagem do resto do corpo cresce, principalmente, devido ao crescimento aposicional. Matriz da Cartilagem Hialina A matriz da cartilagem hialina, como já descrito no início, é formada pela substância fundamental e pelas fibras. Igualmente ao tecido conjuntivo propriamente dito, a substância fundamental da cartilagem hialina é formada por glicosaminoglicanas, proteoglicanas e por glicoproteínas adesivas. A principal fibra encontrada na matriz da cartilagem hialina é a fibra colágena formada por colágeno do tipo II que não forma fibra de grande espessura e por isto não pode ser vista no microscópio óptico. A figura abaixo representa uma cartilagem hialina: (P) Pericôndrio, (Cb) Condroblasto, (C) Condrócito, (M) Matriz e (Gi) Grupo isógeno. 41 CARTILAGEM ELÁSTICA A cartilagem elástica está localizada no pavilhão da orelha, nas tubas auditivas externa e interna e na epiglote (cartilagem epiglótica). Devido à presença das fibras elásticas, a cartilagem elástica não apresenta a transparência da cartilagem hialina. A cartilagem elástica possui as mesmas células encontradas na cartilagem hialina, sendo também encontrados os grupos isógenos. Por outro lado, a matriz da cartilagem elástica possui grande quantidade de fibras elásticas ramificadas, entremeadas com feixes de fibras de colágeno tipo II, que lhe dão mais flexibilidade deixando esta cartilagem menos sujeita a processos degenerativos. Os condrócitos da cartilagem elástica são mais numerosos e maiores do que os da cartilagem hialina. A figura abaixo representa uma cartilagem elástica: (Fe) Fibras elásticas, (Gi) Grupo isógeno e (C) Condrócito FIBROCARTILAGEM A fibrocartilagem (ou cartilagem fibrosa) é encontrada nos discos intervertebrais, na sínfise púbica, nos discos articulares e nos meniscos. A fibrocartilagemapresenta feixes de 42 colágeno tipo I que formam fibras visíveis na microscopia óptica. Os condrócitos estão frequentemente alinhados em fileiras paralelas e geralmente se originam de fibroblastos. À medida que a substância fundamental rodeia o fibroblasto, a célula fica aprisionada na sua própria matriz e se diferencia em condrócito. Os discos intervertebrais, por exemplo, localizados entre os corpos das vértebras, funcionam como coxins lubrificados que previnem o desgaste das vértebras durante os movimentos da coluna vertebral. A ruptura desta fibrocartilagem provoca o achatamento do disco, comprimindo nervos, o que produz fortes dores e distúrbios neurológicos. A figura a seguir representa uma cartilagem fibrosa: (CF) Fibra colágena e (Cc) Condrócitos.
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