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Prévia do material em texto

Indaial – 2022
IndustrIaIs
Prof.ª Rafaela Franqueto
Prof.ª Victoria Regina Celso Monteiro Zanona
1a Edição
Projetos de aterros 
sanItárIos e
Elaboração:
Prof.ª Rafaela Franqueto
Prof.ª Victoria Regina Celso Monteiro Zanona
Copyright © UNIASSELVI 2022
 Revisão, Diagramação e Produção: 
Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI
Impresso por:
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI.
Núcleo de Educação a Distância. FRANQUETO, Rafaela.
Projeto de Aterros Sanitários e Industriais. Rafaela Franqueto; Victoria Re-
gina Celso Monteiro Zanona. Indaial - SC: Arqué, 2022.
230 p.
ISBN Digital 978-65-5466-167-6
“Graduação - EaD”.
1. Aterros sanitários 2. Industriais 3. Brasil 
CDD 304.2
Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679
Bem-vindos aos estudos referentes à disciplina de Projeto de aterros sanitários 
e industriais! Este material conta com um amplo apanhado de conteúdos referentes a 
essa temática tão atual no Brasil e no mundo, contemplando os tipos de resíduos que 
podem ser encaminhados aos aterros, seus conceitos e sua importância. O entendimento 
que trazemos aqui é que a gestão e os tratamentos dos resíduos sólidos são problemas 
mundiais que demandam a participação de toda a sociedade.
Na Unidade 1, abordaremos os conceitos básicos de resíduos sólidos e suas 
formas de classificação e composição. Esclareceremos as variações na composição 
dos resíduos, principalmente com relação à sazonalidade e às características locais. 
Também serão estudadas as origens e características dos resíduos, assim como o grau 
de periculosidade ou não dos resíduos, que pode influenciar na forma de tratamento e 
disposição final deles. Ainda nesta unidade, trataremos a gestão e a destinação final do 
Resíduo Sólido Urbano (RSU) como constituintes de um dos grandes impasses a ser 
enfrentado pela humanidade. Veremos que no Brasil esse é um problema de grande 
dimensão, diante do grande volume gerado e as formas, na maior parte das vezes, 
inadequadas em que o resíduo tem sido gerenciado e disposto.
Na Unidade 2, serão abordados os conceitos de aterros sanitários e sua 
importância para a saúde pública, questões sociais e ambientais. Nesse sentido, é 
importante que realizemos sempre uma análise macro, pois a implantação de um aterro 
sanitário gera inúmeros impactos no local e no seu entorno, tanto positivos quanto 
negativos. Atualmente, a solução mais utilizada para a questão do resíduo sólido no 
Brasil é o destino em aterro sanitário. Assim, explicitaremos as formas de decomposição 
dos resíduos no interior de tais aterros. Conheceremos de forma preliminar os fatores 
que influenciam a decomposição, auxiliando no aceleramento da degradação ou que 
podem retardar o processo. Estudaremos também a composição dos gases gerados e 
sua influência no aterro sanitário e no seu entorno.
Finalmente, na Unidade 3, explicaremos o que é um aterro industrial e quais as 
diferenças com relação ao aterro sanitário convencional. Abordaremos os resíduos que são 
destinados aos aterros industriais, suas formas de geração e quem são os responsáveis 
pelo tratamento e destinação final. Também serão mencionados os tipos de aterros 
disponíveis para a destinação final dessa classe de resíduos, gerada pelas indústrias.
O aprendizado aqui proposto é baseado em todas as legislações disponíveis 
para a correta elaboração dos projetos de aterros.
APRESENTAÇÃO
GIO
Olá, eu sou a Gio!
No livro didático, você encontrará blocos com informações 
adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento 
acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender 
melhor o que são essas informações adicionais e por que você 
poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações 
durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais 
e outras fontes de conhecimento que complementam o 
assunto estudado em questão.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos 
os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. 
A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um 
novo visual – com um formato mais prático, que cabe na 
bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada 
também digital, em que você pode acompanhar os recursos 
adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo 
deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura 
interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no 
texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que 
também contribui para diminuir a extração de árvores para 
produção de folhas de papel, por exemplo.
Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente, 
apresentamos também este livro no formato digital. Portanto, 
acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com 
versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
Preparamos também um novo layout. Diante disso, você 
verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses 
ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos 
nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, 
para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os 
seus estudos com um material atualizado e de qualidade.
Esperamos que o conteúdo apresentado possa ser de grande valia para sua 
formação profissional!
Bons estudos a todos vocês!
Professora: Rafaela Franqueto
Professora: Victoria Regina Celso Monteiro Zanona
Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e 
dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes 
completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite que você 
acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar 
essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só 
aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos.
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ENADE
LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma 
disciplina e com ela um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conheci-
mento, construímos, além do livro que está em 
suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, 
por meio dela você terá contato com o vídeo 
da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa-
res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de 
auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que 
preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um 
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de 
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar 
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem 
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo 
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confi ra, 
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
SUMÁRIO
UNIDADE 1 - ATERRO SANITÁRIO E INDUSTRIAL: ASPECTOS CONCEITUAIS .................. 1
TÓPICO 1 - RESÍDUOS: CONCEITOS BÁSICOS .....................................................................3
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................3
2 TIPOS DE RESÍDUOS E SUAS CARACTERÍSTICAS: CLASSIFICAÇÃO ............................4
2.1 RESÍDUOS SÓLIDOS ..............................................................................................................................4
2.1.1 Lixo, resíduo ou rejeito ................................................................................................................4
2.1.2 Resíduos sólidos .......................................................................................................................... 6
2.2 COMPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS ...........................................................................................................7
2.3 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOScolonizações de microrganismos de espécies distintas ao longo das fases. 
Portanto, se ocorrer quedas bruscas de pH ao longo do processo, acarretará “morte” de 
microrganismos importantes em determinadas fases. Nesse sentido, o pH considerado 
ótimo para o desenvolvimento do processo está na faixa de 5,5 a 8,0 (BOSCO, 2017).
Outro fator muito interveniente ao processo de compostagem é a relação 
carbono e nitrogênio, mas conhecida como relação C/N. A relação C/N é muito utilizada 
na avaliação dos níveis de maturação de materiais orgânicos. Com relação ao valor da 
relação C/N, o mais apropriado é que esteja próximo de 30/1, ou seja, 30 partes de 
carbono para uma de nitrogênio (FRANQUETO, 2020). 
22
A otimização da relação C/N possibilita no processo a minimização ou evita-se 
a produção de amônia, visto que quando a relação C/N é alta, ou seja, há um alto teor de 
carbono disponível, a degradação biológica dos resíduos orgânicos é significativamente 
rápida, devido ao nitrogênio ser insuficiente para manter a biomassa estável (MOMAYEZ; 
KARIMI; TAHERZADEH, 2019).
Quando a relação C/N é baixa, ou seja, há pouco carbono e muito nitrogênio, 
propicia o aumento ao risco de inibição do processo por amônia (NÁTHIA-NEVES et al., 
2018), resultando em morte dos microrganismos devido às fontes de carbono estarem 
em quantidades insuficientes (KWIETNIEWSKA; TYS, 2014). 
Para facilitar, vamos elencar os resíduos que podem ser inseridos no processo de 
compostagem, que são ricos em carbono, os que são ricos em nitrogênio e os resíduos 
que não devem ser inseridos.
Os resíduos que são ricos em nitrogênio “verde” e que podem ser inseridos no 
processo de compostagem são:
• restos de jardim: folhas, flores;
• restos de vegetais: frutas, verduras, legumes;
• dejetos e urina de animais: bovinos, suínos, caprinos, ovinos, galináceos (somente 
utilizar se tiverem sido curtidos);
• solo;
• borra de café: inibe o aparecimento das formigas e é um excelente complemento 
nutricional para as minhocas. O filtro de papel usado para o preparo do café também 
pode ser adicionado na compostagem;
• saquinhos de chá;
• massas e arroz cozidos;
• cascas de ovos;
• alimentos cozidos ou assados:  usados desde que em pequenas quantidades. É 
preciso evitar o excesso de sal e conservantes dos alimentos processados. Esse tipo 
de material não pode estar úmido, por isso, deve-se adicionar bastante pó de serra 
em cima dos restos.
Para a característica de resíduos ricos em carbono, elencamos os que podem 
ser inseridos no processo de compostagem:
• folhas secas: serragem não tratada, ou seja, sem verniz e as folhas secas ajudam no 
equilíbrio, são ricos em carbono e evitam o aparecimento de animais indesejados e 
do mau cheiro;
• aparas de gramas e capins secos;
• galhos e cascas de árvores;
• palhadas: milho, banana, arroz, feijão (secos);
• plantas mortas e secas;
• feno;
23
• serrapilheira;
• aparas de madeira;
• papel;
• cinzas resultantes de queima de madeira;
• guardanapos.
Infelizmente, nem todos os restos de comida podem ser inseridos no processo 
de compostagem. Alguns desses resíduos são de difícil decomposição, outros porque 
atraem muitos insetos e outros porque alteram muito o pH do adubo. 
Nesse sentido, elencamos os resíduos que não são indicados para o processo 
de compostagem:
• carnes: decomposição de restos de frango, peixe e carne bovina são muito longas e 
causa mau cheiro, além de atrair animais;
• peixes, mariscos, frutos do mar em geral;
• laticínios: decomposição é muito lenta, causa um mau cheiro e atrai organismos 
indesejáveis;
• frutas cítricas: a polpa e as cascas podem alterar o PH da terra, é o caso da laranja, 
abacaxi, limão, entre outros;
• óleos e gorduras, porque podem impermeabilizar o composto atrapalhando a sua 
degradação. Liberam a substância que retardam a compostagem e prejudicam o 
composto;
• derivados do trigo: decomposição lenta em comparação aos demais e, ainda, atraem 
pragas;
• dejetos e urina de animais domésticos;
• resíduos de jardim tratados com pesticidas;
• madeiras envernizadas;
• papel encerado;
• cinzas de carvão;
• tecidos;
• tintas;
• vidro, plástico e metal;
• medicamentos;
• produtos químicos em geral;
• pilhas e baterias.
Com relação aos microrganismos envolvidos e necessários no processo da 
compostagem, cita-se:
• bactérias;
• fungos e actinomicetos;
• algas;
• protozoários;
24
• nematoides, vermes, insetos e larvas podem surgir, dependendo principalmente 
das características do material orgânico que está sendo compostado e dependendo 
da manutenção do processo (BOSCO, 2017).
Ressaltar que os microrganismos envolvidos no processo de compostagem já 
se encontram presentes na massa de resíduos. Outro detalhe importante é que, como o 
processo é de decomposição de resíduos, há a geração de resíduos líquidos, o chamado 
chorume. Assim, na compostagem, também se tem o chorume orgânico. 
O chorume é a parte líquida originada do processo de decomposição 
de resíduos orgânicos, apresentando uma cor escura e cheiro forte 
característico, além de ser pouco biodegradável. Quando formado em 
aterros sanitários, o líquido possui elementos tóxicos como o cádmio, 
cobre, cobalto, chumbo, mercúrio e arsênio.
IMPORTANTE
O chorume orgânico é adubo em estado líquido. Em geral, o chorume precisa 
ser escoado a fim de permitir a formação do húmus seco, o adubo orgânico seco que é 
misturado à terra, posteriormente, para repor os nutrientes do solo. 
Por fim, o processo de compostagem acarreta inúmeros benefícios, dentre eles a 
redução da quantidade de resíduos orgânicos, que são destinados aos aterros sanitários, 
aumentando sua vida útil; enriquecimento do solo com nutrientes necessários para 
as plantas; evita as queimadas de resíduos que acarretam poluição atmosférica e que 
tendem a produzir incômodos para a vizinhança do local; e a redução da necessidade 
de empregar herbicidas e pesticidas na agricultura, devido ao uso do adubo orgânico.
3.1.2 Coleta seletiva
A coleta seletiva tem objetivo de reaproveitamento e volta da matéria no 
ciclo produtivo de algum produto. Ainda, refere-se ao recolhimento de resíduos com 
características recicláveis, por exemplo, papéis, plástico, vidros e metais. Os resíduos 
precisam estar previamente separados nas fontes geradoras, acondicionados em sacos 
plásticos resistentes e dispostos em lixeiras já com as cores da coleta seletiva. Para a 
separação dos materiais para a coleta seletiva, é preciso seguir a regra dos três Rs:
• reduzir: mudar os hábitos relacionados a consumo;
• reutilizar: reutilização de materiais, por exemplo, sacos de supermercado, potes 
de plástico e vidro;
• reciclar: transformar os materiais em novos produtos.
25
O acondicionamento dos resíduos sólidos urbanos, ou seja, a forma como “guar-
damos” é uma etapa muito importante na gestão dos resíduos de qualquer município. A 
forma de como é realizado o acondicionamento dependerá de algumas características, 
como o tipo de resíduo, peso, volume gerado, tipo de coleta e sua frequência.
Além das lixeiras que são empregadas para serem colocadas em logradouros 
públicos (Figura 8), existem outras formas de acondicionamento, por exemplo:
• sacos plásticos: são úteis porque facilitam a limpeza do local e evitam proliferação 
de odores;
• carrinho para os coletores: utilizado para varrição de logradouros e locais públicos;
• caçambas estacionárias: empregados como forma de solução para locais de difícil 
acesso.
Figura 8 – Lixeiras para acondicionamento de resíduos recicláveis
Fonte: https://bit.ly/3SDgmhg. Acesso em: 26 set. 2022.
Na coleta seletiva, os recipientes que podem ser utilizados, precisam obedecer 
e seguir algumas cores, que são estabelecidas na Resolução Conama nº 275/2001: 
• azul: papel/papelão;
• vermelho: plástico;
• verde: vidro;
• amarelo: metal;
• preto: madeira;
• laranja: resíduos perigosos;
• branco: serviço de saúde;
• roxo: radioativos;
• marrom: orgânicos;
• cinza: resíduo geral não reciclado ou misturado.Entre os resíduos que podem ser reciclados, citam-se: 
• papel: jornais, revistas, caixas, embalagens de papelão, papel de fax, sulfites, folha 
de caderno, envelope;
26
• plástico: garrafas de pet, embalagens de plástico e sacos;
• metal: lata de alumínio e metal, tampa de garrafa, clipes, grampos;
• vidro: copos, garrafas, frasco de medicamento, perfume, materiais de vidro.
A implantação da coleta seletiva é dita como uma obrigação dos municípios e se 
refere às metas preconizadas ao tema de “coleta seletiva”. Essas metas fazem parte do 
conteúdo mínimo que deve constar nos planos de gestão integrada de resíduos sólidos 
dos municípios brasileiros. Entretanto, não são todos os municípios que contam com a 
coleta seletiva dos recicláveis e, em muitos municípios brasileiros, a coleta seletiva não 
abrange todos os bairros (BRASIL, 2010).
Os catadores ou coletores de resíduos recicláveis são peças fundamentais no 
processo da coleta seletiva. A atuação dos profissionais se dá de forma individual, na 
maioria das vezes, de forma autônoma e dispersa nas ruas e nos aterros. Outra forma dos 
coletores se organizarem é de forma coletiva, por meio da organização em cooperativas 
e associações. A atividade profissional só foi reconhecida pelo Ministério do Trabalho e 
Emprego no ano de 2002.
O documentário Lixo extraordinário acompanhou durante dois anos o 
desdobramento do trabalho do artista plástico Vik Muniz no maior aterro 
sanitário do mundo, no Jardim Gramacho, município de Duque de Caxias 
no Rio de Janeiro. A proposta inicial do artista era produzir retratos dos 
catadores que trabalham no aterro, mas acaba ganhando outra dimensão 
devido à maneira profunda e sensível com que Vik Muniz se relaciona com 
seus retratados. Disponível em: https://bit.ly/3RG9IoV.
DICA
Para conscientizar a população dos municípios brasileiros sobre a importância 
da separação correta dos resíduos sólidos domésticos, é preciso que ocorram 
investimentos em políticas públicas de educação ambiental por parte da gestão pública, 
buscando orientar a população sobre a importância da separação e destinação correta 
dos resíduos. Dessa forma, todos os atores pertencentes ao ciclo da coleta seletiva e 
reciclagem são beneficiados. 
As principais vantagens relacionadas à implantação da coleta seletiva são: 
economia de matéria-prima e energia, combate ao desperdício, redução da poluição 
ambiental, possibilidade de comercialização dos recicláveis.
Lembre-se de que o resíduo separado deve ser colocado limpo nos tambores 
para facilitar o trabalho de quem recicla e para que não haja perda de material. 
Conhecendo essas informações, é bem mais fácil separar seu resíduo reciclável. A 
27
coleta seletiva é considerada uma atitude simples, que cada pessoa pode realizar e que 
ajuda na preservação do meio ambiente, evitando o acúmulo de resíduos nas ruas e nos 
aterros sanitários, aumentando a vida útil desses locais.
3.1.3 Incineração 
Os primeiros fornos incineradores apareceram no fim do século XVIII. Os fornos 
eram de simples concepção e apresentavam vários inconvenientes de ordem tecnológica 
e ecológica. Até os anos 1920, as formas de carregamento do forno e de extração das 
cinzas eram realizadas manualmente e, assim, os trabalhadores das fornalhas eram ex-
postos às chamas, à poeira, aos odores e à fumaça com elevada concentração de fuligem. 
Rubin et al. (2021) reportam que o processo de incineração de resíduos sólidos 
consiste na destruição de forma térmica (calor) por oxidação. A incineração ocorre em 
temperaturas na faixa de 900 ºC até 1250 ºC. 
A incineração apresenta como vantagem a redução do volume do resíduo, 
a eliminação de microrganismos e patógenos. O processo é realizado em fornos e 
incineradores. Com relação às principais desvantagens do processo incineração, cita-se:
• elevado custo operacional e manutenção; 
• exige trabalho constante de limpeza no sistema de alimentação de combustível 
auxiliar, exceto se for utilizado gás natural, tornando a manutenção mais difícil 
quando comparado a outros processos de tratamento de resíduos; 
• risco de contaminação do ar, devido à produção de dioxinas durante a queima de 
materiais com origem clorada; 
• risco de contaminação do ar pela emissão de materiais particulados, quando o 
processo é mau monitorado;
• custo de tratamento dos efluentes gasosos e líquidos (águas de arrefecimento das 
escórias e de lavagem de fumos) considerado elevado.
Uma central de incineração funcionando corretamente gera resíduos sólidos e 
gases estéreis e não contribui para a poluição ambiental do solo e do ar. As emissões 
gasosas têm de ser tratadas, devido aos resíduos provenientes dos materiais incinerados.
Em geral, os resíduos que devem ser incinerados são os resíduos hospitalares, 
do grupo A (resíduos infectantes em potencial, como bolsa de sangue, seringas, gases) e 
grupo B (resíduos químicos capazes de poluir o meio ambiente, como os medicamentos 
para câncer, reagentes).
Como a temperatura de queima dos resíduos não é suficiente para volatilizar 
os metais, eles se misturam às cinzas, podendo ser, posteriormente, separados e 
recuperados para fins de comercialização.
28
Para os resíduos tóxicos que contenham em sua composição cloro, fósforo ou 
enxofre, é preciso, além de maior permanência dos gases na câmara (cerca de dois 
segundos), a inserção de sistemas de tratamento atmosférico, para que estes possam 
ser lançados na atmosfera sem que ocasione poluição.
Já para resíduos compostos por átomos de carbono, hidrogênio e oxigênio, a 
exigência é de um sistema eficiente de remoção do material particulado, que é expelido 
com os gases da combustão do processo.
Em geral, os resíduos sólidos são incinerados com objetivo de redução do volume 
e, consequentemente, do passivo enviado para os aterros sanitários. As desvantagens 
desse processo são os gases gerados que contribuem para o efeito estufa e, também, 
para o aquecimento global, além de ser um processo caro de instalação. A redução de 
volume dos resíduos é geralmente superior a 90% e, em peso, superior a 75%.
Existem diversos tipos de fornos de incineração. Os mais comuns são os de 
grelha fixa, de leito móvel e o rotativo.
Outra tecnologia empregada é o consórcio dos aterros sanitários com a queima 
dos resíduos. Esse consórcio tem como objetivo, a produção de energia por meio dos 
resíduos sólidos e também de propiciar o aumento da vida útil dos aterros sanitários, 
reduzindo o volume enviado para os mesmos (RUBIN et al., 2021).
A incineração sozinha não resolve o problema da destinação dos resíduos sólidos 
no Brasil, havendo a necessidade de se providenciar uma disposição final adequada 
para os subprodutos produzidos, como as cinzas e o lodo resultante do tratamento 
dos gases. O processo de incineração é ainda considerado uma alternativa com custo 
elevado de implantação e ao risco ambiental inerente.
Por fim, com o aumento do controle ambiental sobre os países, cada dia mais 
vem sendo incentivado o abandono da incineração do resíduo. É um método bastante 
polêmico sobre seus reais efeitos ao meio ambiente, uma vez que possuem alto gasto 
de energia e são incompatíveis com outros sistemas de gestão de resíduos sólidos. 
Esse fato é porque a incineração é considerada uma das vilãs do efeito estufa. Além dos 
potenciais danos ambientais, os poluentes lançados na atmosfera em decorrência da 
incineração podem causar doenças respiratórias e problemas reprodutivos nos homens.
3.2 DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS
A disposição final de resíduos sólidos é considerada uma das alternativas 
ambientalmente adequada que está prevista na Política Nacional de Resíduos Sólidos 
(PNRS). Entretanto, a destinação final só é considerada adequada quando impostas 
29
as normas operacionais específicas, que evitam danos ou riscos à saúde pública e à 
segurança da sociedade, além da minimização dos impactos ambientais adversos que 
possam ocorrer.
No Brasil, segundo dados da Associação Brasileira de Empresasde Limpeza 
Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE) (2020), grande parte dos resíduos sólidos 
urbanos coletados no ano de 2020 seguiu para disposição final em aterros sanitários. 
Foram enviados a aterros sanitários um total de 46 milhões de toneladas no ano de 
2020, sendo, aproximadamente, 60,20% do total coletado. 
3.2.1 Aterros
Os resíduos sólidos gerados precisam ser destinados para locais adequados que 
minimizem o passivo ambiental. Aterros se referem ao enterramento planejado de resíduos 
sólidos, de modo a evitar a proliferação de vetores, roedores e demais riscos à saúde. 
A disposição de resíduos no solo é uma das soluções mais antigas e tradicionais 
adotadas pelo homem para subsidiar a destinação aos resíduos que a sociedade produz. 
Essa solução é denominada como aterro sanitário. Os aterros sanitários podem ser 
divididos em duas classes, utilizados principalmente para resíduos urbanos e industriais.
Além da classificação dos aterros sanitários, há outra denominação para a 
disposição dos resíduos, os chamados lixões e os aterros clandestinos. Nessas duas 
modalidades de destinação final, ocorre a proliferação da poluição e riscos à saúde 
pública nos arredores dos grandes centros urbanos. Lixão é uma forma inadequada de 
destinação final e que precisa ser banida da sociedade.
Os aterros sanitários e industriais, de forma geral, permitem o confinamento 
seguro dos resíduos em termos de contaminação ambiental e de saúde pública. Nos 
aterros, os resíduos são dispostos em camadas compactadas e cobertas por uma 
camada de solo, que se torna a base para uma nova camada de resíduos e, assim, até 
o seu encerramento.
Segundo a norma da NBR 8419 (ABNT, 1992a, p. 1), aterro sanitário é uma 
"técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo, sem causar danos à saúde 
pública e ao meio ambiente, minimizando os impactos ambientais”. 
Já os aterros para resíduos industriais requerem projeto e execução mais 
elaborados que os aterros sanitários de forma convencional, visto que os tipos de 
materiais que receberão apresentam características de resíduos perigosos.
30
Neste tópico, você aprendeu:
• O que é resíduo sólido e seus conceitos atribuídos pelos órgãos competentes e a 
diferença entre resíduo e rejeito, suas formas de disposição final e reaproveitamento 
da matéria.
• Sobre as características e composições dos resíduos sólidos e que a composição 
e o volume dos resíduos são influenciados por diferentes situações, como local de 
moradia, poder aquisitivo e pelas épocas do ano (sazonalidade).
• Que os resíduos sólidos englobam todos resíduos provenientes das atividades 
domésticas e comerciais. Ainda, é possível analisar a PNRS, que determina, em seu 
Art. 13, quanto à origem dos resíduos sólidos urbanos: a) resíduos domiciliares: os 
originários de atividades domésticas em residências urbanas; b) resíduos de limpeza 
urbana: os originários da varrição, limpeza de logradouros e vias públicas e outros 
serviços de limpeza urbana.
• Sobre as características de decomposição dos resíduos, incluídos os microrganismos 
que estão presentes, auxiliando na decomposição e que também podem produzir 
doenças se não bem monitoradas. Aprendeu quais são os microrganismos 
patogênicos e os tempos de sobrevivência na massa de resíduos, que podem 
acarretar doenças para os seres humanos e animais.
• Sobre as classes de resíduos a partir de suas características e composição. 
A classificação depende muito da origem da geração dos resíduos, incluindo 
características especificas, como periculosidade, classificando-os como perigosos 
e não perigosos.
• As formas de tratamento de resíduos a partir da classificação e locais de destinação, 
dando maior ênfase para o aterro sanitário. 
RESUMO DO TÓPICO 1
31
AUTOATIVIDADE
1 Com base nos fatores intervenientes para a degradação dos resíduos nos aterros, 
cita-se a presença de microrganismos, configurando-os como a característica 
biológica da composição dos resíduos sólidos. Entretanto, essa característica é de 
extrema importância, visto que, na massa dos resíduos sólidos, apresentam-se 
agentes patogênicos e microrganismos com capacidade de interferências negativas 
para a saúde humana. Baseando-se nas informações aqui dispostas e nos seus 
conhecimentos, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) O microrganismo Salmonella sp tem o tempo de sobrevivência de 29 a 70 dias.
b) ( ) O microrganismo Vibrio cholerae tem o tempo de sobrevivência de 150 a 180 dias.
c) ( ) O microrganismo Trichuris trichiura tem o tempo de sobrevivência de 35 dias.
d) ( ) O microrganismo Entamoeba histolytica tem o tempo de sobrevivência de 2000 
a 2500 dias.
2 Resíduo perigoso é relacionado ao grau de nocividade que representa para o ser humano 
e o meio ambiente. Os resíduos perigosos fazem parte da Classe I e são aqueles tipos 
de materiais que apresentam riscos à saúde pública e ao meio ambiente, exigindo 
tratamento e disposição especiais em função de suas características de inflamabilidade, 
corrosividade, reatividade, entre outras. De acordo com a ABNT NBR 10004 (2004a), 
resíduos perigosos apresentam determinadas propriedades. No que se refere aos 
resíduos perigosos, observe as propriedades e analise as afirmativas a seguir:
I- Patogenicidade.
II- Combustibilidade.
III- Biodegradabilidade.
IV- Reatividade.
Sobre as propriedades características dos resíduos não perigosos, assinale a alternativa 
CORRETA:
a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) A sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e IV estão corretas.
d) ( ) A sentença III está correta.
3 O acondicionamento dos resíduos sólidos é uma etapa muito importante na gestão 
dos resíduos em um município e primordial na coleta seletiva. A forma de como é 
realizado o acondicionamento dependerá de algumas características, como o tipo 
de resíduo, peso, volume gerado, tipo de coleta e sua frequência. Diante disso, 
amele
X
amele
X
32
existem dois tipos de recipientes para acondicionamento: recipientes para pequenos 
e grandes volumes de resíduos. Diante do exposto, classifique V para as sentenças 
verdadeiras e F para as falsas:
( ) As lixeiras utilizadas na coleta seletiva são soluções para locais de difícil acesso. 
( ) Os sacos plásticos facilitam o acondicionamento dos resíduos e a limpeza do local, 
evitando a proliferação de vetores de doenças, por exemplo.
( ) O emprego de caçambas estacionárias é para serem colocadas em logradouros 
públicos, de fácil acesso.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
4 O aterro sanitário é uma obra de engenharia que tem única e exclusivamente o intuito 
de fazer o tratamento e a decomposição final de resíduos da maneira mais “saudável” 
possível. Tem seu grau de importância para a sociedade e para a saúde pública, uma 
vez que ajuda a solucionar parte dos problemas que são causados por conta do 
excesso de lixo gerado nas cidades e nos grandes centros urbanos, especialmente 
considerando os novos e altos índices referentes ao consumismo. Nesse sentido, o 
correto planejamento e projeto para uma obra dessa dimensão é imprescindível. Para 
aumentar o tempo de vida útil dos aterros sanitários e maximizar os benefícios para o 
meio ambiente, sociedade e saúde pública, é ideal minimizar os resíduos produzidos, 
seja por meio da sensibilização de mudanças de hábitos de consumo, ou por meio de 
campanhas de conscientização de reciclagem ou de reuso. É considerada a forma 
de destinação de resíduos mais correta em termos ambientais, visto que são menos 
nocivos ao meio ambiente do que os lixões, por exemplo. Disserte sobre a importância 
do aterro sanitário para o meio ambiente.
5 Resíduos são os materiais, substâncias, objetos ou bens descartados resultantes 
de atividades humanas em sociedade, cuja destinação final se procede, se propõe 
proceder ou se está obrigado a proceder nos estados sólidos ou semissólidos, bem 
comogases contidos em recipientes e líquidos, cujas particularidades tornem inviável 
o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água ou exijam para 
isso soluções técnicas ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia 
disponível. Nesse contexto, a classificação de forma correta é primordial. Diante do 
exposto, disserte sobre a importância da correta classificação dos resíduos sólidos.
amele
X
amele
amele
amele
DIFICÍL
amele
FACIL
33
ATERRO SANITÁRIO
1 INTRODUÇÃO
Os resíduos sólidos precisam ser destinados para locais adequados, que 
minimizem o passivo ambiental gerado. Esses resíduos têm valor econômico agregado, 
pois podem produzir adubo e energia, além da reciclagem gerar emprego e renda, reduzir 
a quantidade de recursos naturais processados e também diminuir a necessidade de 
ocupar (e poluir) espaços, para depositar os materiais que cumpriram apenas uma vez 
sua função socioeconômica (SEBRAE, 2012).
O método tradicional para disposição de resíduos em municípios onde ocorre a 
falta de recursos financeiros, ou por não apresentarem políticas ambientais definidas, é 
o lixão. Entretanto, sua localização se dá, na maioria dos casos, de forma inadequada, 
ocasionando a degradação do local e propiciando graves problemas para a população do 
entorno, por exemplo, maus odores, proliferação de doenças devido aos microrganismos 
patogênicos, entre outros. Além do que, o lixão acarreta em problemas sérios de ordem 
ambiental, como as poluições atmosférica e hídrica. 
O lixão é dito como uma forma inadequada de disposição final de resíduos 
sólidos, que tem como característica principal a simples descarga do lixo sobre o solo, 
sem nenhuma medida de proteção ao meio ambiente ou à saúde pública, sendo ainda 
caracterizado como descarga de resíduos a céu aberto (VILHENA, 2018).
Para evitar ou minimizar problemas decorrentes da destinação final inadequada 
dos resíduos, é preciso trocar o “lixão” pelo método adequado: aterros sanitários. 
Tem-se um termo muito empregado que são os chamados “aterros controlados”. O 
termo aterro controlado é utilizado para designar os aterros “não sanitários”, os quais 
podem apresentar algumas faltas de implantação, por exemplo, impermeabilização do 
fundo da célula, não coleta de gases, o não recobrimento das células de trabalhos ao 
longo do dia de trabalho, dentre outras.
Os aterros sanitários são a única forma de disposição final de resíduos admitida 
pela legislação brasileira (Lei nº 11.445/2007 e nº 12.305/2010), regulamentada por 
Resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) e por normas técnicas 
da ABNT. 
UNIDADE 1 TÓPICO 2 - 
34
2 IMPORTÂNCIA DE ATERRO SANITÁRIO 
De acordo com o Plano Nacional de Resíduos Sólidos, em 2012, tanto lixões e 
aterros controlados são proibidos por legislação. O uso das duas formas de destinação 
final configura-se como crime ambiental, por não apresentarem medidas e sistemas 
adequados para a proteção ambiental e da população de um modo geral (BRASIL, 2012).
Um aterro sanitário é uma obra de engenharia e deve apresentar um projeto 
executivo bem elaborado (BRASIL, 2012). Nesse sentido, os aterros são importantes, 
pois solucionam parte dos problemas causados pelo excesso de resíduos gerados 
nas grandes cidades e ainda tem a forma ambientalmente correta para tratar da 
decomposição dos resíduos.
2.1 FUNCIONAMENTO E PLANEJAMENTO DE UM ATERRO 
SANITÁRIO 
Embora a construção de um aterro sanitário exija uma extensa área e, na maioria 
dos casos, tenha alto custo de implantação e manutenção, com relação à disposição 
final de resíduos sólidos, essa é a forma mais vantajosa.
Russo (2003) reporta que as principais vantagens dos aterros sanitários 
são a grande flexibilidade para receber uma gama muito grande de resíduos; fácil 
operacionalidade; relativo baixo custo, comparativamente a outras soluções como a 
incineração; e a grande disponibilidade de informações acerca do assunto, seja com 
relação à implantação, ao funcionamento ou ao desligamento. 
A norma brasileira que regulamenta e normatiza os projetos relacionados aos 
aterros sanitários de resíduos sólidos é a NBR 8419/1992. Dessa forma, para elaboração 
de um projeto de aterro sanitário, é preciso seguir os princípios da engenharia regidos 
pela NBR. Entre os princípios que precisam ser seguidos, cita-se a compactação e 
confinamento dos resíduos com manta e camada de solos. Assim, a NBR 8419 (ABNT, 
1992a, p. 4-5) determina que:
[...] as diretrizes técnicas dos elementos essenciais aos projetos de 
aterros, como a impermeabilização da base e impermeabilização su-
perior, monitoramento ambiental e geotécnico, sistema de drenagem 
de lixiviados e de gases, exigência de células especiais para resíduos 
de serviços de saúde, apresentação do manual de operação do aterro 
e definição de qual será o uso futuro da área do aterro após o encer-
ramento das atividades.
35
2.1.1 Estudos preliminares 
Os estudos preliminares, segundo Rubin et al. (2021), consistem na caracterização 
do município e na elaboração de um diagnóstico sobre o gerenciamento de resíduos 
sólidos no local. Essa fase dos estudos preliminares visa levantar informações sobre 
a geração per capita de resíduos sólidos gerados no município em questão, assuntos 
relacionados à composição gravimétrica e aos serviços de limpeza executados.
2.1.2 Escolha da área adequada para a instalação
A escolha da área para instalação do aterro sanitário é realizada a partir de 
critérios técnicos, ambientais, operacionais e sociais, visto que se trata de um projeto 
de engenharia. Nesse sentido, a área escolhida deve ser caracterizada por meio de 
levantamentos: topográficos, geológicos, geotécnicos, climatológicos e relativos ao 
uso de água e solo (RUBIN et al., 2021). Todos esses critérios precisam ser muito bem 
caracterizados para que haja o bom desempenho de um aterro sanitário, visto que está 
diretamente relacionado a uma adequada escolha de área de implantação.
Em geral, a seleção de áreas para implantação de aterros sanitários é uma das 
principais dificuldades enfrentadas pelos municípios. Isso se deve ao fato de que uma 
área, para ser considerada adequada para disposição final de resíduos sólidos, precisa 
cumprir e reunir um grande conjunto de condições técnicas, econômicas e ambientais, 
que demandam o conhecimento de um grande volume de dados e informações, 
normalmente indisponíveis para as administrações municipais.
Dentre as áreas pré-selecionadas para instalação de um aterro sanitário, pode-
se relacionar com aquela que melhor possibilita um menor potencial para geração de 
impactos ambientais, uma maior vida útil para o empreendimento, baixos custos de 
instalação e operação do aterro e aceitabilidade social. A área selecionada deve ter uma 
distância 200 metros de qualquer curso d’água. Ainda, a declividade da área deve ser 
superior a 1% e inferior a 30%.
Quando se relaciona com um menor potencial para geração de impactos 
ambientais, é preciso analisar a localização fora de áreas de restrição ambiental, os 
aquíferos menos permeáveis, solos mais espessos e menos sujeitos aos processos de 
erosão e escorregamentos, declividades apropriadas e distância de habitações, cursos 
d’água e rede de alta tensão.
A capacidade máxima de recebimento de resíduos está relacionada à maior vida 
útil para o empreendimento. As áreas de aterro devem ter, no mínimo,15 anos de vida útil.
Os baixos custos de instalação e operação do aterro são relacionados aos 
menores gastos com infraestrutura, menores distâncias da área geradora dos resíduos 
e disponibilidade de material (solo) para cobertura das células do aterro.
36
Os principais critérios a serem avaliados são aos meios físico, biótico e antrópico 
(BRASIL, 2012). Com relação ao meio físico, os aspectos que precisam ser avaliados pelo 
engenheiro responsável são:
• geológicos e hidrogeológicos: é preciso verificar a profundidade do lençol freático; 
a espessura da camada de solo não saturada soba base do aterro e a proximidade 
das zonas de recarga e mananciais subterrâneos;
• geotécnicos: verificar a existência de solos da área e de jazidas de materiais 
terrosos para camada de cobertura diária e final;
• topográficos e de relevo: verificar a topografia local para facilitar os acessos tanto 
de construção quanto de operação, além de limitar a vida útil do aterro;
• hidrológicos: posição em relação ao sistema de drenagem superficial natural, 
proximidade de nascentes e corpos de água, e extensão da bacia de contribuição 
ao montante da área de implantação.
No meio biótico, é preciso que o engenheiro avalie a existência e a tipologia da 
fauna e flora presentes na região de implantação do aterro (CONDER, 2010).
Por fim, com relação ao meio antrópico, é preciso que o engenheiro responsável 
analise a distância do centro gerador dos resíduos e de aglomerações urbanas, as 
proximidades de residências e a existência de infraestrutura básica, como água, energia, 
sistema de acesso aos veículos. As áreas não devem se situar a menos de 1500 metros 
de núcleos residenciais urbanos que abriguem 200 ou mais habitantes.
Depois de selecionar uma área, parte-se para um estudo mais aprofundado da 
área, em que serão verificadas todas as condições geológicas, geotécnicas, hidrológicas, 
entre outras.
É preciso, ainda, ressaltar que a distância da rede viária é uma característica mui-
to importante que deve ser contabilizada, mas que não é regulamentada por nenhuma 
legislação brasileira. A área de implantação de um aterro sanitário deve estar localizada 
entre 200 e 500 m da rede viária, entretanto, tais valores foram utilizados com base em-
pírica (SAMIZAVA, 2006). O acesso ao aterro deve ter pavimentação de boa qualidade de 
forma a minimizar o desgaste do veículo coletor e permitir seu livre acesso ao local.
2.1.3 Estudos aprofundamentos 
Conder (2010) enfatiza o conjunto de informações aprofundadas que é preciso 
analisar em um projeto de aterro. Entre essas informações, cita-se: dados geológico-
geotécnicos, distribuição e características das unidades geológico-geotécnicas da região.
37
Nos estudos mais específicos e aprofundados para áreas em que serão 
implantados aterros sanitários, é importante verificar as principais feições estruturais, ou 
seja, as falhas e fraturas. Além disso, Conder (2010) comenta que é importante analisar 
se a área apresenta a disponibilidade necessária de materiais de empréstimo, ou seja, 
solos para cobertura de células do aterro sanitário. Entretanto, quando se relaciona 
solos da área destinada ao aterro sanitário, é extremamente importante analisar as suas 
características, ou seja, verificar o tipo, espessura, permeabilidade, capacidade de carga 
do terreno de fundação do solo da área a ser implantado o aterro (CONDER, 2010). 
Ainda nos estudos aprofundados relacionados à área destinada a aterros sanitários, 
é preciso analisar o relevo do local, considerando alguns fatores como primordiais. Nessa 
análise, Conder (2010) relata que é preciso identificar se as áreas escolhidas se apresentam 
na forma de morros, planícies, encostas, entre outros, assim como a declividade do 
próprio terreno. É importante emitir um laudo técnico sobre a existência ou não de sítios 
de interesse arqueológico, configurando a etapa de dados arqueológicos.
Ainda, quando se fala em relevo, logo se relaciona com o clima da região. 
Nesse sentido, é preciso analisar a série histórica do regime de chuvas e precipitação 
pluviométrica; dados de evapotranspiração e a direção e intensidade dos ventos, de 
modo a evitar a má odorização do local. 
Dados sobre as águas subterrâneas e superficiais são importantes para evitar 
a contaminação das águas do local. Assim, é preciso que o engenheiro projetista 
conheça a profundidade do lençol freático para determinar a profundidade máxima das 
células. Nesse requisito, é importante conhecer a forma e velocidade de infiltração que 
o solo permite. Ainda, é preciso conhecer o padrão de fluxo das águas subterrâneas 
e sua qualidade, quais são e onde estão localizados os principais mananciais para 
abastecimento público e as áreas destinadas à proteção desses mananciais.
Quando se pretende instalar um aterro, é preciso considerar os aspectos 
socioeconômicos do empreendimento e da área ao entorno. Nesse sentido, é importante 
considerar o valor da área, o uso e ocupação dos terrenos vizinhos, assim como a 
aceitabilidade da população. 
Por fim, os dados sobre a legislação precisam ser conhecidos e verificados. 
Dessa forma, é preciso conhecer a legislação sobre a localização das áreas de proteção, 
a distribuição do zoneamento urbano relatados no plano diretor do município. 
2.2 GERENCIAMENTO E OPERAÇÃO DE ATERROS 
Todos os sistemas de um aterro sanitário são controlados e monitorados pelo 
órgão ambiental responsável, tanto municipal como estadual. A Lei nº 11.107/2005 e a 
Resolução nº 404/2008 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) estabelece 
38
critérios e diretrizes para o licenciamento ambiental de aterro sanitário de pequeno 
porte de resíduos sólidos urbanos.
A gestão e a disposição adequadas de resíduos sólidos urbanos são consideradas 
grandes desafios para a totalidade dos municípios brasileiros. 
Ao se projetar um aterro sanitário, é preciso considerar seu tempo de vida útil, 
ou seja, por quanto tempo o aterro vai operar e, preferencialmente, o aterro deve possuir 
uma vida útil superior a 10 anos, prevendo-se ainda o seu monitoramento por alguns 
anos após o seu fechamento.
2.2.1 Gerenciamento de aterros 
A inexistência de um modelo adequado de gestão e gerenciamento para os 
resíduos tem apresentado sérios problemas, os quais podem comprometer o meio 
ambiente e, consequentemente, a qualidade de vida da população daquele local próximo 
à área do aterro sanitário. 
Considerando que um aterro sanitário de resíduos é a forma adequada para 
disposição final dos resíduos no solo, é preciso seguir as normas operacionais específicas. 
Procedimentos tecnológicos executivos devem ser adotados antes e durante o 
desenvolvimento e encerramento, bem como nos anos futuros, após o encerramento 
do aterro, de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e ao meio ambiente.
Um projeto de aterro sanitário precisa minimizar os riscos à saúde pública, 
ao meio ambiente e à sociedade. É preciso ainda assegurar, em caso de falhas na 
construção ou na operação, o atendimento aos padrões de projeto. Esse assegurar é 
garantir a não poluição ambiental e problemas para a sociedade.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) define que o gerenciamento 
dos resíduos sólidos seja um conjunto de ações exercidas, direta ou indiretamente, nas 
etapas de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinação final ambientalmente 
adequada dos resíduos sólidos.
Quando se fala em segurança, é imprescindível que o aterro assuma o mínimo 
para continuidade de fornecimento de energia e combustíveis no local; operação e 
manutenção de equipamentos sofisticados ou caros; operação e manutenção de 
bombas, misturadores e outros equipamentos elétricos ou mecânicos associados com 
controle de lixiviados e biogás; e integridade de longo prazo dos sistemas artificiais de 
impermeabilização da base.
39
2.2.2 Operação de aterros 
 Todos os aterros apresentam uma rotina operacional e que precisa ser obedecida 
por todos os colaboradores. 
 A primeira etapa da operação se refere à recepção dos resíduos. Nessa fase 
da operação, é preciso que, ao receber os caminhões com resíduos, eles estejam 
cadastrados e que sejam registradas e verifi cadas as procedências da carga. Ainda, é 
necessário pesar e registrar toda a operação. Ao pesar os resíduos, é preciso que o 
colaborador controle a origem, qualidade e quantidade dos resíduos a serem dispostos 
no aterro. Esse controle é realizado por meio de uma “planilha para pesagem diária de 
veículos”, contendo dados como: tipo de veículo, tipo de resíduo, número de cadastro e 
autorização, horade entrada e saída, peso, entre outras informações.
 Após a entrada do caminhão e pesagem do material, este será encaminhado 
para a área de descarga, ou seja, disposição dos resíduos. No início da operação do 
aterro, a deposição dos resíduos se processa sobre o fundo da célula que deve estar 
preparado e impermeabilizado com camada de argila compactada. 
Importante sempre o caminhão depositar o resíduo na frente de serviço 
mediante presença do fi scal, para controle dos tipos dos resíduos. Essa 
“dica” é porque com a diminuição da frente de trabalho, isso permite 
uma melhor manipulação do resíduo, tornando o processo mais prático 
e efi ciente.
DICA
Com referência ao espalhamento e compactação dos resíduos, estes devem ser 
espalhados em rampa, numa proporção de um na vertical para três na horizontal (1:3). 
O trator de esteira deve compactar o resíduo com movimentos repetidos de baixo para 
cima (três a cinco vezes).
40
Figura 9 – Exemplo de compactação de resíduos em uma célula de aterro
Fonte: Conder (2010, p. 19)
Ao fi m do dia de trabalho no aterro sanitário, o montante de resíduo sólido 
daquele dia, disposto e compactado, deverá receber uma cobertura de solo, espalhada 
em movimentos de baixo para cima. As coberturas de solo que um aterro precisa são 
as diárias e fi nal. 
 A cobertura diária se refere à camada, preferencialmente, de argila de 15 a 20 cm 
de espessura. Esse tipo de cobertura evita a presença de vetores como ratos, baratas 
e aves e que o resíduo se espalhe em dias com vento intenso. Já a cobertura fi nal é 
realizada uma vez esgotada a capacidade do aterro, então, procede-se essa cobertura 
com 60 cm de espessura (sobre as superfícies que fi carão expostas permanentemente 
– bermas e taludes defi nitivos). 
Berma é uma parte superior das plataformas de resíduo que fi ca exposta, 
tendo como objetivo aumentar a estabilidade do aterro e facilitar sua 
manutenção e monitoramento. 
Taludes se referem a superfícies inclinadas formadas em aterros ou cortes.
NOTA
Na Figura 10, é apresentado um exemplo para a camada diária e fi nal.
41
Figura 10 – Cobertura final e diária em aterros
Fonte: Conder (2010, p. 20)
Importante ressaltar que, após o recobrimento, é preciso plantar a grama nos 
taludes definitivos e platôs, que servirá como proteção contra a erosão. Recomenda-
se ainda o lançamento de uma camada de cascalho sobre as bermas, as quais serão 
submetidas ao tráfego operacional.
2.3 ENCERRAMENTO DE ATERROS
A Norma Brasileira NBR 13896/1997 define que, para o fechamento e 
encerramento de um aterro sanitário, por ocasião do encerramento das atividades, 
devem constar os métodos e as etapas do fechamento total ou parcial, além do projeto 
e construção da cobertura final, de forma a minimizar a infiltração, prevenir erosões, 
acomodar recalques sem fraturas e que o coeficiente de permeabilidade seja inferior ao 
solo natural da área do aterro.
O encerramento é uma ação necessária para o atingimento em âmbito 
nacional, estadual e municipal dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), 
estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU), com destaque para os ODS 
11 (Cidades e Comunidades Sustentáveis) e ODS 15 (Vida Terrestre).
2.3.1 Camada de cobertura
Ao encerrar as atividades, os aterros sanitários precisam recebem a cobertura 
final que varia de acordo com as características geotécnicas do material utilizado e 
atributos climatológicos da região em que o aterro está inserido.
42
Tradicionalmente, a camada de cobertura é definida como um recurso de 
engenharia para fechamento e isolamento dos resíduos confinados com o ambiente 
externo (GUEDES, 2007). Outras funções da camada de cobertura foram reportadas, 
tais como:
• auxiliar na minimização da geração de lixiviado após o fechamento do aterro;
• auxiliar no escoamento superficial de água;
• evitar o espalhamento de resíduo ou poeira;
• acomodar possíveis recalques das camadas de resíduos;
• prevenir contra proliferação de vetores; 
• permitir que o local possa ser utilizado com algum benefício social (PARO; COSTA; 
COELHO, 2008; TEIXEIRA, 2008; FRANQUETO, 2016).
A camada de cobertura tem uma grande importância na minimização da emissão 
de gases nos aterros sanitários, assim como na oxidação do metano e redução de odores. 
Dependendo do material utilizado na camada de cobertura, as oxidações de gases 
relacionados a maus odores também são diferentes. Nesse sentido, Lopes et al. (2010) 
relatam que os sistemas de cobertura empregados nos aterros sanitários podem ser dos 
mais variados, sendo que os mais empregados e conhecidos são as camadas homogêneas 
de argila (com graduações distintas). Recentemente, muitos pesquisadores estão testando 
e utilizando materiais alternativos, como solos com maior percentagem orgânica, cinzas 
oriundas de incineração e lodos de estações de tratamento de água e esgoto, entre outros.
No Brasil, não há uma padronização quanto ao tipo de solo a ser utilizado na 
camada de cobertura, assim como características geotécnicas e espessura em aterros 
sanitários de resíduos sólidos.
3 DECOMPOSIÇÃO DE MATERIAIS EM ATERROS 
A decomposição do resíduo com características orgânicas é relativamente 
rápida na natureza. Já os produzidos pelo homem podem demorar vários anos para 
sumir do ambiente. Isso é um grave problema, uma vez que muitos afetam diretamente 
o ambiente, poluindo-o e causando danos aos seres vivos.
Os materiais depositados em áreas reservadas para aterros passam por um 
processo natural de decomposição físico-química de seus componentes, produzindo 
líquidos percolados (chorume) e gases (biogás).
Alguns itens de plástico levam em média 450 anos, mas outros podem levar 
até 1.000 anos para se decompor nos aterros sanitários! Assim, é muito importante a 
separação dos resíduos na fonte, para que se evite o envio de materiais que demoram 
muito para se decompor.
43
3.1 COMPOSIÇÃO E EMISSÃO DE GASES EM ATERROS 
O processo de decomposição dos resíduos sólidos urbanos ocorre em duas 
fases: aeróbia e anaeróbia. Na fase aeróbia, os microrganismos se desenvolvem em 
presença de oxigênio molecular. No processo de decomposição biológica, os principais 
responsáveis pela decomposição do resíduo orgânico são as bactérias e os fungos 
saprófitos, que se alimentam de vegetais e animais mortos ou de restos orgânicos.
3.1.1 Tempo de decomposição de resíduos
O tempo de decomposição de alguns resíduos, como os plásticos e os vidros é 
extremamente longo. Fica claro que, por várias gerações, esses resíduos permanecerão 
no ambiente, causando danos tanto para o meio ambiente quanto para os seres 
humanos e animais. Nesse sentido, muitos animais morrem ao se alimentar do resíduo, 
sem contar os resíduos que podem contaminar a água e o solo.
Uma das formas de evitarmos problemas ambientais e de saúde pública, é por 
meio da reciclagem desses resíduos. A reciclagem auxilia na diminuição de resíduo 
descartado no meio ambiente e garante uma utilização menor dos nossos recursos 
naturais.
Com relação ao tempo de decomposição de resíduos, uma simples tampinha de 
garrafa leva aproximadamente, de 100 a 500 anos para se decompor. Muito tempo, não 
é? Imagine se todas as tampinhas fossem levadas para o aterro? 
Os vidros, os pneus e as cerâmicas têm tempo indeterminado de decomposição. 
Importante pensar em reciclagem. O vidro, por exemplo, é feito de cacos de vidro, areia, 
calcário, feldspato, barrilha e outros minerais, além de corantes e descorantes e pode ser 
100% reciclado. Na indústria de reciclagem, o vidro triturado é realimentado no processo 
produtivo, fundido e moldado em recipientes e frascos para embalagens alimentícias ou 
garrafas em geral (FUNASA, 2020).
Materiais com base em alumínio levam de 300 a 500 anos para se decompor. 
É importante mencionar que a lata de alumínio é 100% reciclável, ou seja, não é preciso 
retirar nenhuma parte dela antes da reciclagem, nem mesmo o anel (FUNASA, 2020).
O isopor, por exemplo, que parece ser ummaterial simples, demora de 80 a 400 
anos para se decompor de forma natural. Um copo de plástico, sim esse que você usa 
para tomar seu cafezinho, leva em torno de 100 anos para se decompor. Você pode usar 
um agora e deixar de “lembrança” para sua geração seguinte. 
44
3.1.2 Processo de decomposição de resíduos
O processo de decomposição anaeróbia de resíduos orgânicos produz biogás. 
O biogás é constituído, majoritariamente, de 45 a 60% de metano (CH4), 35 a 50% de 
dióxido de carbono (CO2) (SPOKAS et al., 2006; FRANQUETO, 2016). 
Além dos compostos majoritários, há os compostos odoríferos, entre eles, 
destacam-se o sulfeto de hidrogênio. O sulfeto de hidrogênio tem o cheiro característico 
de “ovo podre” e é um dos principais compostos odoríferos no biogás de aterros (KIM, 
2006; DUCOM et al., 2009). Ainda é o composto mais abundante (~ 80%) entre os 
pertencentes ao grupo do enxofre (LEE et al., 2006).
3.1.3 Fatores intervenientes na geração e composição do 
biogás
A geração e composição do biogás pode ser variável dentro de um aterro 
sanitário devido ao fato de ocorrer grande diversidade de resíduos aterrados e de tempo 
(RASI; LÄNTELÄ; RINTALA, 2011). Outra grande influência é o teor de matéria orgânica, 
temperatura, idade dos resíduos, teor de umidade e pH que estão presentes na célula 
(FRANQUETO, 2016).
A composição do resíduo afeta devido ao tipo da massa residual e a quantidade. 
Quanto maior for a fração orgânica biodegradável, a tendência é de que maior será o potencial 
de produção de biogás. A presença de substâncias tóxicas, por exemplo, os detergentes e 
outros produtos químicos deve ser evitada, pois eles podem provocar intoxicação e morte 
dos microrganismos, prejudicando a produção de biogás (OLIVEIRA, 2004).
Com relação à umidade dos resíduos, este influencia diretamente na aeração 
dos gases no interior da massa da célula. Ainda, serve como meio de transporte para 
os microrganismos no interior das células do aterro. Considera-se um valor aceitável de 
umidade um teor entre 40 a 60% (BIDONE; POVINELLI, 1999).
O pH das camadas de coberturas dos aterros depende do tipo de solo usado. 
Além disso, os microrganismos metanotróficos se desenvolvem numa ampla faixa de 
pH, minimizando, assim, os efeitos desse fator no crescimento desses microrganismos. 
Liu, Yuan e Zeng (2008) afirmam que os microrganismos anaeróbios são frágeis às 
condições ácidas. Alguns estudos indicam que a produção máxima de metano é quando 
o pH se situa na faixa de 7,0 a 7,2 (próxima à neutralidade) (BIDONE; POVINELLI, 1999; 
FRANQUETO, 2016).
A temperatura é o fator que influencia diretamente a atividade enzimática dos 
microrganismos e a sua influência depende das faixas de variações da temperatura 
local entre o inverno e verão. 
45
Quando se fala em temperatura, existe também a faixa psicrófi la. Essa 
faixa é importante ser observada para efl uentes produzidos em baixas 
temperaturas, que não é caso da biomassa residual produzida no Brasil 
(COLLINS et al., 2003).
IMPORTANTE
Basicamente, duas faixas de temperatura interferem na produção de biogás. 
A faixa mesofílica, nela a temperatura ótima deve estar entre 30 ºC e 35 ºC, e a faixa 
termofílica, que deve ser mantida entre 50 ºC e 60 ºC (SINGH; ANAND, 1994).
46
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:
• O que é aterro sanitário, seus conceitos e, principalmente, as formas de recebimento 
de resíduos, seguindo a sua classificação e composição.
• A importância do aterro sanitário para a minimização de problemas de ordem de 
saúde pública, social e ambiental.
• Como é o funcionamento dos aterros sanitários seguindo as normas pertinentes.
• Sobre o projeto de um aterro sanitário que passa por muitas etapas, tais como os 
estudos preliminares que consistem na caracterização do município e na elaboração 
de um diagnóstico do gerenciamento de resíduos sólidos no local.
• A respeito dos estudos que visam levantar informações sobre a geração per capita 
de resíduos sólidos gerados no município, a composição gravimétrica e os serviços 
de limpeza executados. 
• Sobre a escolha da área adequada para a instalação, considerada a partir de 
critérios técnicos, ambientais, operacionais e sociais. Assim, a área escolhida deve 
ser caracterizada por meio de levantamentos topográficos, geológicos, geotécnicos, 
climatológicos e relativos ao uso de água e solo.
• A forma de operação de todas as atividades relacionadas às etapas de um aterro 
sanitário.
• Sobre o gerenciamento de aterros, desde a chegada dos resíduos na balança até 
as etapas de inserção de camadas diárias após o fim do dia de trabalho. Ainda, 
aprendeu como é a frente de trabalho e como deve ser executada, principalmente 
para inserção do solo na camada de cobertura diária e final.
• Sobre a decomposição de materiais no interior do aterro, seguindo todas as etapas 
pertinentes, aprendeu sobre a geração de gases no aterro e, principalmente, sobre 
a sua composição, em parcelas majoritárias e minoritárias.
47
AUTOATIVIDADE
1 Quem trabalha com aterros sanitários sabe que uma das maiores dificuldades opera-
cionais é a frente de trabalho que exige, dia após dia, cobertura provisória a cada nova 
leva de lixo depositado. Atualmente, o sistema utilizado pela maior parte dos aterros 
para realizar essa tarefa é a cobertura com solo. Ao fim do dia de trabalho, o montante 
de resíduo disposto e compactado deverá receber uma cobertura de solo, espalha-
da em movimentos de baixo para cima. Nesse sentido, as coberturas de solo que um 
aterro precisa são as diárias e final. O uso do material de cobertura evita a presença de 
vetores como ratos, baratas e aves e que o lixo se espalhe em dias de ventania. Ainda, 
as coberturas, apresentam finalidades que se complementam durante a vida útil e após 
o processo de utilização da área de armazenagem de resíduo. Baseando-se nas infor-
mações aqui dispostas e nos seus conhecimentos, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) A cobertura diária apresenta de 15 a 20 cm de espessura.
b) ( ) A cobertura diária apresenta de 20 a 25 cm de espessura. 
c) ( ) A cobertura diária apresenta de 25 a 30 cm de espessura. 
d) ( ) A cobertura diária apresenta de 30 a 35 cm de espessura. 
e) ( ) A cobertura diária apresenta de 5 a 10 cm de espessura. 
2 A decomposição dos resíduos é um estágio em que a matéria se desintegra 
gradualmente e isso faz com que ela perca a sua funcionalidade. Tanto a matéria 
orgânica como a bruta está mais vulnerável à decomposição. O período para o material 
se decompor varia muito e dependerá das condições do ambiente e da sua composição. 
Com a decomposição dos resíduos ocorre a geração de gases que possuem em sua 
composição, diferentes parcelas de compostos. Esse gás gerado é conhecido como o 
biogás. O biogás é uma fonte de energia alternativa que tem ganhado força nas últimas 
décadas, por ser uma fonte de energia limpa, de baixo custo e que contribui com a 
redução do volume de resíduos sólidos encaminhados para aterros. No que se refere à 
composição dos gases de aterro, analise as afirmativas seguir:
I- Metano.
II- Dióxido de carbono.
III- Monóxido de carbono.
IV- Nitrogênio.
Sobre os compostos constituintes, majoritariamente, do biogás, assinale a alternativa 
CORRETA:
a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) A sentença II está correta.
amele
X
amele
X
48
c) ( ) As sentenças I e IV estão corretas.
d) ( ) A sentença III está correta.
3 O biogás é um produto da decomposição de material orgânico biodegradável, por 
meio da ação de várias populações de microrganismos anaeróbios. A geração e 
composição do biogás pode ser variável dentro de um aterro sanitário devido ao fato 
de ocorrer grande diversidade de resíduos aterrados e de tempo. Outras grandes 
influências são o teor de matéria orgânica, temperatura, idade dos resíduos, teor de 
umidade e o pH que estão presentes na célula. Diante do exposto, classifique V para 
as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
() O teor de umidade influencia diretamente na aeração dos gases. 
( ) A composição do resíduo afeta o meio de transporte para os microrganismos.
( ) A temperatura afeta o tipo da massa residual e a quantidade dos resíduos.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
4 A camada de cobertura final, objeto deste estudo, é uma medida de proteção am-
biental constituída de multicamadas que serve para reduzir a infiltração de água para 
o lixo depositado e para minimizar emissões de gases do aterro para a atmosfera. A 
camada de cobertura deve possuir alguns atributos de um sistema impermeabilizan-
te, como estanqueidade, durabilidade, resistência mecânica, resistência a intempé-
ries e compatibilidade físico-química-biológica com os resíduos aterrados. Disserte 
sobre a importância da camada de cobertura diária e final nos aterros.
5 Os sistemas de cobertura empregados nos aterros sanitários podem ser dos mais 
variados. No Brasil, não há uma padronização quanto ao tipo de solo a ser utilizado na 
camada de cobertura, assim como características geotécnicas e espessura em ater-
ros sanitários de resíduos sólidos. Ainda, existem as chamadas camadas alternativas 
que propõem uma cobertura econômica e eficiente para aterros, levando em consi-
deração a oxidação biológica do metano. Essas camadas representam uma alterna-
tiva economicamente atraente para o tratamento de emissões fugitivas de metano. 
Nesse sentido, disserte sobre os tipos de materiais que podem ser empregados na 
cobertura dos aterros.
amele
X
49
TÓPICO 3 - 
ATERRO SANITÁRIO INDUSTRIAL
1 INTRODUÇÃO
Atualmente, a indústria é responsável por grande quantidade dos resíduos 
produzidos, tais como sobras de carvão mineral, refugos da indústria metalúrgica, 
resíduos químicos e gás, além das fumaças lançadas pelas chaminés das fábricas, entre 
outros. Os resíduos perigosos são gerados principalmente nos processos produtivos, 
em unidades industriais e fontes específicas. No entanto, também estão presentes nos 
resíduos sólidos gerados principalmente nos domicílios e comércio.
Para resíduos considerados perigosos, não se pode simplesmente depositá-
los em extensas áreas a céu aberto sem qualquer tipo de tratamento como é feito 
com os resíduos não perigosos, nos chamados lixões. Sem apresentar nenhuma 
impermeabilização, o solo fica exposto à degradação e há risco de contaminação dos 
lençóis freáticos pelos efluentes produzidos na degradação do resíduo quando estes 
são absorvidos pelo solo. É devido a esse fato que é tão importante a erradicação e 
encerramentos dos lixões.
De um modo geral, os resíduos lançados em lixões acarretam problemas de 
saúde pública, como a proliferação de vetores de doenças (moscas, mosquitos, baratas, 
ratos), geração de gases que causam odores desagradáveis e intensificação do efeito 
estufa e, principalmente, poluição do solo e das águas superficiais e subterrâneas pelo 
chorume – líquido de coloração escura, malcheiroso e de elevado potencial poluidor, 
produzido pela decomposição da matéria orgânica contida nos resíduos.
O maior lixão a céu aberto da América Latina está no Brasil, no Distrito Federal, 
bem próximo de Brasília. Inicialmente, o “Lixão da Estrutural” seria um aterro controlado, 
entretanto, os resíduos continuaram sendo dispostos no local após seu esgotamento, 
recebendo atualmente cerca de duas toneladas de resíduos por dia (BURLAMAQUI, 2017).
Os resíduos industriais são aqueles resíduos provenientes dos processos 
industriais (forma sólida, líquida ou gasosa ou combinação dessas), com características 
físicas, químicas ou microbiológicas que não se assemelham aos resíduos domésticos 
(BRASIL, 2011).
Acadêmico, no Tópico 3, abordaremos sobre o tema “aterro industrial”, 
evidenciado suas diferenças para o aterro sanitário convencional, quais os tipos de 
resíduos que podem ser encaminhados para esse tipo de tratamento e disposição final, 
entre outros assuntos pertinentes ao estudo.
UNIDADE 1
50
2 ATERRO INDUSTRIAL
O princípio do “poluidor-pagador” se encontra estabelecido na Lei da Política 
Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981). Isso significa dizer 
que “cada gerador é responsável pela manipulação e destino final de seu resíduo”. 
No Brasil, de acordo com a Política Nacional dos Resíduos Sólidos, a destinação dos 
resíduos industriais é obrigação do gerador.
A NBR 10157/1987 é útil para apresentação de projetos de aterros de resíduos 
perigosos e a NBR 13896/1997 para projetos de aterros de resíduos não perigosos.
O aterro industrial consiste em confinar os resíduos industriais na menor área 
e volume possíveis, cobrindo-os com uma camada de material inerte na conclusão de 
cada jornada de trabalho ou intervalos menores, caso necessário.
2.1 ATERRO SANITÁRIO E INDUSTRIAL
Hoje, há mais de 7 milhões de produtos químicos conhecidos e a cada ano, 
outros milhares são descobertos. Esse fato dificulta, cada vez mais, o tratamento efetivo 
dos resíduos. Nesse sentido, conhecer bem as formas de destinação adequadas é 
extremamente importante.
Os produtos químicos estão presentes no nosso dia a dia, desde os componentes 
nos alimentos, medicamentos, produtos destinados a limpeza das residências, entre 
outros. Dessa forma, o conhecimento da sua classificação e formas de tratamento e 
destinação é muito importante.
2.1.1 Diferenças entre aterro sanitário e industrial
Aterro sanitário é o local de destino dos resíduos urbanos provenientes da 
coleta de lixo e de alguns resíduos industriais não perigosos (Classe II), no qual podemos 
dizer que possui o solo impermeabilizado, canaletas para coleta do chorume (líquido 
resultante do processo de decomposição de matéria orgânica) para tratamento. O mesmo 
pode atingir lençóis freáticos, rios e córregos, contaminando-os, isto acontecendo, os 
peixes são contaminados e, se a água for utilizada para irrigação agrícola, a contaminação 
pode chegar aos alimentos.
O aterro industrial possui basicamente os mesmos critérios na estrutura que um 
aterro sanitário, com a diferença do resíduo recebido e depositado. Os aterros industriais 
se destinam a armazenar os resíduos sólidos produzidos pelas indústrias dos mais 
variados segmentos. São classificados nas Classes I, II ou III, conforme a periculosidade 
dos resíduos a serem dispostos. Esse tipo de aterro não pode ser instalado em áreas 
51
inundáveis, de recarga de aquíferos, em áreas de proteção de mananciais, mangues 
e habitat de espécies protegidas, ecossistemas de áreas frágeis ou em todas aquelas 
definidas como de preservação ambiental permanente, conforme legislação em vigor.
O aterro industrial possui basicamente os mesmos critérios na estrutura que um 
aterro sanitário, mas então onde está a diferença? A diferença é que o aterro industrial 
é destinado a armazenar os resíduos sólidos produzidos pelas indústrias dos mais 
variados segmentos, já um aterro sanitário é o local onde é destinado os resíduos urbanos 
provenientes da coleta de lixo e de alguns resíduos industriais não perigosos (Classe II).
2.1.2 Resíduos destinados ao aterro industrial
Os resíduos sólidos industriais são todos os resíduos no estado sólido ou 
semissólido, resultantes das atividades industriais, incluindo lodos e determinados 
líquidos cujas características tornem inviável seu lançamento na rede pública de 
esgotos ou corpos d’água.
Em seu Artigo 13, a Política Nacional de Resíduos Sólidos define resíduos industriais 
como aqueles gerados nos processos produtivos e instalações industriais. Entre os resíduos 
industriais, inclui-se também grande quantidade de material perigoso, que necessita de 
tratamento especial devido ao seu alto potencial de impacto ambiental e à saúde.
De acordo com a Resolução Conama nº 313/2002, que dispõe sobre o Inventário 
Nacional de Resíduos Sólidos Industriais, a definição para resíduo sólido industrial é o 
que resulta de atividades industriaise que se encontra nos estados sólido, semissólido, 
gasoso – quando contido e líquido – cujas particularidades tornem inviável o seu 
lançamento na rede pública de esgoto ou em corpos d’água, ou exijam para isto soluções 
técnicas ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível.
Os resíduos industriais apresentam composição variada, dependendo do 
processo industrial. Ácidos, as bases fortes, os materiais inflamáveis, explosivos e 
resíduos radioativos não podem ser dispostos em aterros industriais, a menos que 
sejam empregadas técnicas especiais de pré-tratamento, a exemplo de estabilização, 
encapsulamento, solidificação e vitrificação.
Ainda, os resíduos destinados ao aterro industrial são os contemplados na Classe 
I: perigosos. Os resíduos dessa classe podem apresentar riscos à saúde pública e aos 
organismos vivos, contribuindo para aumento de mortalidade, incidência de doenças e 
causando efeitos adversos ao meio ambiente, considerando fatores de periculosidade 
como a inflamabilidade, corrosividade, reatividade, patogenicidade e toxicidade.
Nos resíduos industriais, segundo o IBAM (2004), são inclusas as seguintes 
composições:
52
• produtos químicos: cianureto, pesticidas, solventes;
• metais: mercúrio, cádmio, chumbo;
• solventes químicos.
Metal pesado é um termo coletivo para um grupo de metais que apresenta 
densidade atômica maior que 6 g/cm³. No entanto, atualmente é utilizado para designar 
alguns elementos (Cd, Cr, Cu, Hg, Ni, Pb e Zn) que estão associados aos problemas de 
poluição e toxicidade. Teoricamente, esses elementos pertencem aos metais traços, no 
entanto, esta nomenclatura é pouco utilizada quando se refere à poluição ambiental.
Metais pesados são muito empregados nos componentes de produtos da 
indústria e estão em diferentes produtos do nosso dia a dia. São utilizados nas indústrias 
eletrônicas, maquinários e outros utensílios da vida cotidiana. Sua ocorrência nos 
resíduos está correlacionada às principais fontes, como baterias (inclusive de telefones 
celulares), pilhas e equipamentos eletrônicos em geral.
Os efeitos do chumbo na saúde humana dependem da intensidade e duração 
da exposição. Dependendo do nível de exposição pode resultar em uma série de efeitos. 
É um metal que tem efeito cumulativo no organismo, provocando doença crônica 
(saturnismo), cujos efeitos tóxicos podem ser exemplificados como hematológicos, 
neurológicos, encefalopatia com sintomas de coma e convulsões, efeitos sobre o 
sistema nervoso central, psicológicos, renais, mutagenicidade e sobre a reprodução 
(NASCIMENTO; HYPOLITO; RIBEIRO, 2006; PAOLIELLO et al., 2001).
O consumo habitual de água e alimentos – como peixes de água doce ou do mar – 
contaminados com metais pesados coloca em risco a saúde. As populações que moram em 
torno das fábricas de baterias artesanais, indústrias de cloro-soda que utilizam mercúrio, 
indústrias navais, siderúrgicas e metalúrgicas, correm risco de serem contaminadas.
As pilhas, baterias de telefones e equipamentos eletrônicos que são formados 
por compostos químicos com alta capacidade de poluição e toxicidade para o solo e a 
água, são também extremamente tóxicos aos seres humanos e animais. Esse tipo de 
material deve ser tratado com muita cautela durante os processos de coleta seletiva, 
uma vez que hoje existem postos de coleta e de depósito desses tipos de materiais, onde 
as pessoas podem descartá-los, para que depois possam ser coletados por empresas 
especializadas na sua destinação.
A classificação dos resíduos segue normas especificas. A NBR 10004 (2004a) é a que 
rege a classificação dos resíduos conforme as reações que produzem quando são dispostas:
• perigosos (Classe I): referem-se às substâncias inflamáveis, corrosivas, reativas, 
tóxicas e patogênicas. Por possuírem as características citadas anteriormente, 
exigem tratamento e disposição final especiais. Alguns exemplos de resíduos Classe 
I: cianetos, solventes contendo flúor, cloro, bromo ou iodo, benzenos e derivados e 
soluções contendo metais;
53
• não inertes (Classe II): referem-se às substâncias não enquadradas nas Classes 
“I” ou “III, não apresentem periculosidade. Resíduos dessa classe podem apresentar 
as seguintes características: combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade 
em água. Alguns exemplos de resíduos Classe I: água oleosa oriunda de algum 
processo; papel e papelão; sucata ferrosa e não ferrosa não contaminada; 
• inertes (Classe III): referem-se às substâncias que não possuem constituintes 
solubilizados, de acordo com as normas da ABNT, a concentrações superiores 
de potabilidade da água. Muitos são recicláveis e não se decompõem quando 
dispostos no solo. Alguns exemplos de resíduos da Classe I: entulhos de demolição 
na construção civil, plásticos, vidros etc.
Os aterros sanitários Classe I podem receber resíduos industriais perigosos; 
os Classe II, resíduos não inertes; e os Classe III, somente resíduos inertes.
DICAS
Para diferenciar os resíduos classifi cados pela ABNT NBR 10004/2004 em 
Classe I ou Classe II, é preciso realizar testes ou ensaios. Para realizar as amostragens de 
resíduos, é preciso considerar os padrões exigíveis pela norma ABNT NBR 10007/2004, 
que apresenta os métodos, procedimentos e equipamentos a serem empregados.
 O primeiro teste a ser realizado é referente à lixiviação (ABNT NBR 10005/2004b). 
Esse teste é defi nido como uma operação de separação de certas substâncias contidas 
nos resíduos por meio da lavagem ou percolação.
O segundo teste é referente à solubilidade (ABNT NBR 10006/2004c). O 
teste é realizado para um determinado resíduo qual ou quais dos seus constituintes 
solubilizados ultrapassam as concentrações superiores aos padrões já defi nidos.
O IBAM (2004) relata que as indústrias tradicionalmente responsáveis pela maior 
produção de resíduos perigosos são as metalúrgicas, as indústrias de equipamentos 
eletroeletrônicos, as fundições, a indústria química e a indústria de couro e borracha.
Com relação aos resíduos industriais, seu gerenciamento adequado muitas 
vezes está relacionado às opções disponíveis e ao custo referente ao tratamento e 
disposição dos resíduos.
54
2.1.3 Acondicionamento, coleta e transporte de resíduos 
industriais
Pelo tipo de resíduo, é possível criar um plano de armazenamento que não 
atrapalhe a produção, que utilize do menor número de equipamentos possível e no qual 
o processo de acondicionamento seja o mais eficiente, pensando tanto nos processos 
envolvidos, quanto na segurança.
A legislação ambiental exige que todo o resíduo coletado tenha a destinação 
final correta de acordo com sua classificação. Deve ser realizada somente por empresas 
cadastradas e devidamente licenciadas. A importância de contratar uma empresa 
licenciada para coletar, armazenar e transportar seu resíduo, trará para a sua empresa 
toda a tranquilidade legal para estar de acordo com os órgãos fiscalizadores, além 
de contribuir para a não contaminação de rios, solo e meio ambiente em geral com o 
descarte ilegal.
O acondicionamento de resíduos industriais deve ser realizado em locais 
estanques e/ou herméticos, de modo a minimizar a proliferação de vetores e o impacto 
visual e olfativo, além de facilitar a etapa de coleta. O bom acondicionamento dos 
resíduos evita acidentes. O acondicionamento deve ser realizado de acordo com a NBR 
12235 (ABNT, 1992b). Algumas formas de acondicionamento de resíduos industriais são:
• tambores metálicos para resíduos sólidos sem características corrosivas;
• bombonas plásticas para resíduos sólidos com características corrosivas ou 
semissólidos em geral;
• caçambas roll on: resíduos de construção civil, metal, varrição, orgânicos, lodos 
sólidos, entre outros;
• compactadores estacionários: acondicionar resíduos orgânicos.
O local de armazenamento de produtos perigosos deverá ter uma área de 
contenção, fazer um inventário e um plano de amostragem. O local de armazenamento 
precisa cumprir as seguintes exigências:• coberta, ventilada, com acesso adequado e controlado para a entrada e saída dos 
resíduos e acesso restrito para pessoas não autorizadas;
• base impermeável que impeça a lixiviação e percolação de substâncias para o solo 
e águas subterrâneas;
• área de drenagem e captação de líquidos contaminados para posterior tratamento;
• os resíduos devem estar devidamente identificados, controlados e segregados 
segundo suas características de inflamabilidade, reatividade e corrosividade, 
evitando-se a incompatibilidade entre eles;
• deverá estar distante de nascentes, poços, cursos d’água e demais locais sensíveis.
55
As empresas coletoras de resíduos industriais devem ser cadastradas e 
autorizadas pela prefeitura e os veículos devem ser apropriados e licenciados, atendendo 
as normas da ABNT NBR 7500/2001 e ABNT NBR 7501/2003.
Em caso de grandes distâncias entre o local de geração do resíduo até sua 
destinação final, às vezes se faz necessária a instalação de estações de transferências 
(ou transbordo), que têm a função de acumular o resíduo para transportá-lo, em 
caminhões de maior capacidade, até seu destino final.
Para conter esses resíduos, os aterros industriais precisam receber tratamento 
específico de forma que minimizem o impacto no meio ambiente. Entre os tipos de 
tratamento estão: a impermeabilização das trincheiras, o tratamento de efluentes 
e de gases liberados. De acordo com a classificação, determina-se o descarte em 
coprocessamento, incineração, aterramento e beneficiamento de resíduos.
2.2 CARACTERÍSTICAS DE UM ATERRO INDUSTRIAL
Assim como os aterros sanitários possuem normas específicas para seu projeto e 
gerenciamento, normas técnicas estão disponíveis para dar suporte à construção e à ma-
nutenção de aterros industriais e gerenciamento de resíduo. A NBR 10157/1987 estabele-
ce os critérios técnicos para construção de aterro para resíduos considerados perigosos.
2.3.1 Áreas para aterros industriais
O aterro industrial não pode ser instalado em áreas inundáveis, de recarga 
de aquíferos, em áreas de proteção de mananciais, mangues e habitat de espécies 
protegidas, ecossistemas de áreas frágeis ou em todas aquelas definidas como de 
preservação ambiental permanente, conforme legislação em vigor.
Para a instalação do aterro industrial, deverão ser selecionados, preferencialmente, 
áreas naturalmente impermeáveis, para construção de aterros de resíduos industriais. 
Estas áreas se caracterizam pelo baixo grau de saturação, pela relativa profundidade do 
lençol freático e pela predominância, no subsolo, de material argiloso.
Ainda, o aterro industrial precisa respeitar as distâncias mínimas estabelecidas 
em norma, a corpos d'água, núcleos urbanos, rodovias e ferrovias, quando da escolha 
da área do aterro. A construção de aterros em áreas cujas dimensões não possibilitem 
uma vida útil para o aterro igual ou superior a 20 anos, não deverá ser executada.
56
2.3.2 Estrutura dos aterros industriais
A estrutura dos aterros industriais é composta de um sistema de dupla 
impermeabilização. O sistema duplo de impermeabilização deverá ser construído de 
modo a evitar rupturas devido às pressões hidrostáticas e hidrogeológicas, condições 
climáticas, tensões da instalação, da impermeabilidade ou aquelas originárias da 
operação diária.
O sistema duplo de impermeabilização deverá ser assentado sobre uma base 
ou fundação capaz de suportá-lo, bem como resistir aos gradientes de pressão acima 
e abaixo da impermeabilização de forma a evitar sua ruptura por assentamento com 
pressão ou levantamento do aterro. A impermeabilização inferior, de base, é composta 
de manta sintética sobreposta a uma cama de argila.
A manta sintética precisa apresentar resistência química aos resíduos a serem 
dispostos e às intempéries; suportar os ciclos de umedecimento; ser resistente à 
tração, apresentar flexibilidade e alongamento; suportar os esforços de instalação e de 
operação; resistência à laceração, abrasão e punção de qualquer material pontiagudo ou 
cortante que possa estar presente nos resíduos. Ainda, é preciso apresentar facilidade 
para execução de emendas e reparos em campo, em quaisquer circunstâncias.
Sobre o material sintético, deverá ser assentada uma camada de terra com 
espessura mínima de 50 centímetros. 
Já a impermeabilização superior é composta de solo original para garantir o 
recobrimento com vegetação nativa, camada drenante, manta sintética com a mesma 
especificação utilizada no sistema de impermeabilização inferior e camada de argila.
3 DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS EM ATERRO INDUSTRIAL
A última etapa do gerenciamento de resíduos é a sua disposição final ambien-
talmente adequada, que consiste na distribuição ordenada de rejeitos em aterros, ob-
servando normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde 
pública e à segurança, e a minimizar os impactos ambientais adversos (BRASIL, 2010).
3.1 PROJETO: ATERRO INDUSTRIAL
Os aterros industriais requerem projeto e execução mais elaborados que os 
aterros sanitários, em razão dos materiais que receberão, particularmente quando se 
trata de resíduos perigosos.
57
Para viabilizar a implantação de um aterro sanitário para resíduos perigosos, é 
necessário atender as condições mínimas de projeto. As condições mínimas para o local 
de instalação são:
• adequado do ponto de vista geológico e hidrológico;
• afastado de áreas densamente povoadas;
• fácil acesso sem passar por meio de aglomerados urbanos.
Além das condições mínimas referentes à localização do aterro, existem 
exigências quanto às características construtivas e funcionais.
Como aspecto construtivo, o aterro industrial precisa apresentar um sistema de 
drenagem para as águas pluviais; de impermeabilização superior e inferior, de forma que 
eles não contaminem o meio ambiente.
Ainda, é preciso projetar um sistema para detecção de vazamentos, inserindo 
uma série de drenos e poços de inspeção do lençol freático.
O sistema de drenagem e tratamento do percolado tem como finalidade 
acondicionar todo o chorume gerado pelo aterro e enviá-lo até a Estação de Tratamento 
de Efluentes líquidos (ETE). Assim como é preciso monitorar o percolado, é preciso 
drenar os gases gerados durante a decomposição dos resíduos.
O monitoramento do aterro industrial tem que ser permanente, a fim de prevenir 
a possibilidade de contaminação do solo ao redor e das águas subterrâneas. Ainda, 
é preciso reduzir ao mínimo a quantidade de material lixiviado emitido pelo aterro 
industrial, evitando-se a disposição de resíduos muito úmidos e pastosos.
A vida útil de um aterro é em função do volume de material que recebe na 
unidade de tempo e da densidade aparente do material.
3.2 TIPO DE ATERRO INDUSTRIAL
Assim como os aterros sanitários são preparados para receber os rejeitos domés-
ticos, o aterro industrial é preparado para receber os resíduos das mais diversas indústrias.
3.2.1 Aterro industrial Classe I
Esse tipo de aterro se destina aos resíduos considerados perigosos de alta 
periculosidade, como cinzas do processo de incineração, resíduos inflamáveis, resíduos 
tóxicos, entre outros. Devido à periculosidade dos resíduos destinados aos aterros 
Classe I, há um controle ainda maior, visando evitar contaminação do solo, água e ar, 
por meio de protocolos específicos.
58
Os resíduos são dispostos em valas cobertas, cuja a base de impermeabilização 
é composta por camada de argila, geocomposto bentonítico, manta de polietileno 
de alta densidade (PEAD) de 2 mm, geotêxtil, geogrelha, geotêxtil camada drenante 
(areia) com dreno testemunho. Após esta primeira base de impermeabilização, é feita 
nova sequência de manta, geotêxtil, geogrelha, geotêxtil camada drenante e dreno 
testemunho, manta, camada drenante e dreno de chorume.
Após a vala estar completa, ela é encerrada. São então dispostos argila, outra 
manta de PEAD, solo vegetal e, por fim, paisagismo com espécies nativas. Poços de 
monitoramento do chorume garantem o controle do aterro................................................................................................... 10
3 FORMAS DE DISPOSIÇÃO/TRATAMENTO DE RESÍDUOS ..............................................18
3.1 TRATAMENTO DE RESÍDUOS ............................................................................................................ 19
3.1.1 Compostagem ............................................................................................................................ 19
3.1.2 Coleta seletiva ............................................................................................................................24
3.1.3 Incineração ................................................................................................................................ 27
3.2 DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS .............................................................................................................28
3.2.1 Aterros ..........................................................................................................................................29
RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................................ 30
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................. 31
TÓPICO 2 - ATERRO SANITÁRIO ........................................................................................ 33
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 33
2 IMPORTÂNCIA DE ATERRO SANITÁRIO ......................................................................... 34
2.1 FUNCIONAMENTO E PLANEJAMENTO DE UM ATERRO SANITÁRIO ......................................34
2.1.1 Estudos preliminares ................................................................................................................35
2.1.2 Escolha da área adequada para a instalação .....................................................................35
2.1.3 Estudos aprofundamentos ....................................................................................................36
2.2 GERENCIAMENTO E OPERAÇÃO DE ATERROS .......................................................................... 37
2.2.1 Gerenciamento de aterros .....................................................................................................38
2.2.2 Operação de aterros ...............................................................................................................39
2.3 ENCERRAMENTO DE ATERROS ....................................................................................................... 41
2.3.1 Camada de cobertura............................................................................................................... 41
3 DECOMPOSIÇÃO DE MATERIAIS EM ATERROS ............................................................. 42
3.1 COMPOSIÇÃO E EMISSÃO DE GASES EM ATERROS .................................................................43
3.1.1 Tempo de decomposição de resíduos ..................................................................................43
3.1.2 Processo de decomposição de resíduos .............................................................................44
3.1.3 Fatores intervenientes na geração e composição do biogás ........................................44
RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................................ 46
AUTOATIVIDADE ..................................................................................................................47
TÓPICO 3 - ATERRO SANITÁRIO INDUSTRIAL .................................................................. 49
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 49
2 ATERRO INDUSTRIAL ...................................................................................................... 50
2.1 ATERRO SANITÁRIO E INDUSTRIAL .................................................................................................50
2.1.1 Diferenças entre aterro sanitário e industrial ......................................................................50
2.1.2 Resíduos destinados ao aterro industrial .............................................................................51
2.1.3 Acondicionamento, coleta e transporte de resíduos industriais ...................................54
2.2 CARACTERÍSTICAS DE UM ATERRO INDUSTRIAL ......................................................................55
2.3.1 Áreas para aterros industriais ................................................................................................55
2.3.2 Estrutura dos aterros industriais ..........................................................................................56
3 DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS EM ATERRO INDUSTRIAL.................................................. 56
3.1 PROJETO: ATERRO INDUSTRIAL .....................................................................................................56
3.2 TIPO DE ATERRO INDUSTRIAL ......................................................................................................... 57
3.2.1 Aterro industrial Classe I .......................................................................................................... 57
3.2.2 Aterro industrial Classe II ........................................................................................................58
LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................................................59
RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................................ 62
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 63
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 65
UNIDADE 2 — ATERROS: CRITÉRIOS E FORMAS DE LICENCIAMENTO ............................73
TÓPICO 1 — SELEÇÃO DE ÁREAS ........................................................................................75
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................75
2 SELEÇÃO DE ÁREAS .........................................................................................................75
2.1 CRITÉRIOS: ATERRO SANITÁRIO ..................................................................................................... 76
2.1.1 Avaliação de áreas .................................................................................................................... 76
2.1.2 Critérios ambientais .................................................................................................................. 77
2.1.3 Critérios de uso e ocupação do solo ....................................................................................78
2.1.4 Critérios operacionais ............................................................................................................... 79
2.1.5 Atividades para identificação e análise de áreas .............................................................. 79
2.1.6 Outros métodos para identificação e escolha de áreas .................................................83
2.2 CRITÉRIOS: ATERRO INDUSTRIAL .................................................................................................. 84
2.2.1 Critérios para a localização de aterros de resíduos perigosos .....................................85
RESUMO DO TÓPICO 1 .........................................................................................................87
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 88de resíduos perigosos 
Classe I. Assim, todos os poluentes que poderiam chegar ao ambiente ficam contidos 
e, posteriormente, tratados.
Além da estrutura física necessária, todo aterro industrial precisa da presença 
de um técnico habilitado em programa de gestão, saúde, segurança do trabalho e 
monitoramento ambiental. Tudo para garantir que a produção industrial brasileira 
continue em pleno desenvolvimento, impactando o mínimo possível no meio ambiente.
3.2.2 Aterro industrial Classe II
O aterro industrial Classe II é dividido em dois tipos. O aterro Classe II-A e 
Classe II-B. O funcionamento de aterros industriais de Classe II é relativamente simples 
e, assim como os aterros sanitários, funcionam a partir da compactação dos resíduos 
depositados, que serão sobrepostos por novas camadas de rejeitos.
A base do aterro Classe II é formada por solo compactado, geocomposto com 
bentonita e uma manta de PEAD texturizada de 2 mm de espessura. Uma nova camada 
de solo protege a manta de PEAD de possíveis danos causados pelos resíduos. Sobre 
essa camada é implantado o sistema de drenagem de chorume e de biogás.
O chorume drenado será encaminhado a uma estação de tratamento de 
chorume, enquanto o biogás (que possui em sua composição o gás metano) será 
queimado em “flares”. Em uma segunda fase, o biogás poderá ser utilizado para geração 
de energia.
Diferentemente dos aterros urbanos, no entanto, os aterros industriais contam 
com duas camadas de impermeabilização, sendo uma superior e outra inferior.
59
GESTÃO DE RESÍDUOS NA PROTEÇÃO CONTRA A COVID-19
ABRELPE
ABETRE, ABLP, ABRELPE e SELUR/SELURB, tradicionais entidades do setor 
de Gestão de Resíduos Sólidos, compreendendo a responsabilidade que os serviços 
essenciais de limpeza urbana e manejo de resíduos têm para com a sociedade, em 
conjunto, desenvolvem várias ações não só para proteger a sua força de trabalho em todo 
o país, assim como a população em geral. Neste momento de pandemia, compreendem 
que a responsabilidade ainda é maior no sentido de oferecer os serviços com qualidade, 
segurança e pontualidade. A boa gestão de resíduos sólidos, constitui-se, juntamente com 
os serviços de atendimento à saúde, na principal barreira sanitária contra a transmissão 
do novo coronavírus e prevenção do processo de contaminação da Covid-19.
Partindo dessa premissa, que tem sido reforçada mundialmente, as entidades 
representativas do setor de resíduos sólidos no Brasil, com décadas de atuação técnica 
e abrangência nacional em representação de seus associados, empresas e técnicos, tem 
dedicado especial atenção e empreendido todos os esforços para possibilitar uma atuação 
rápida e efetiva do setor nesse momento de pandemia, reunindo dados, informações 
e estudos abalizados de forma a assegurar que o conhecimento mais completo, 
fundamentado e confiável seja disseminado de maneira ampla, para toda a sociedade.
Para tanto, ABETRE, ABLP, ABRELPE e SELUR mantêm estreita cooperação e 
vêm realizando pesquisas periódicas e de maneira contínua desde o início da pandemia, 
junto aos diversos atores, a fim de poder orientar as melhores práticas para a gestão de 
resíduos durante essa situação de calamidade pública.
De acordo com os dados e informações até o momento obtidos, que cobrem 
o período de 15 de março a 17 de abril, a geração de resíduos sólidos no país tem 
apresentado uma tendência de queda, tanto na fração dos resíduos sólidos urbanos, 
como nos resíduos de serviços de saúde. A exceção ocorre com os resíduos da coleta 
seletiva, cujo indicativo de aumento está presente em todas as regiões.
No caso dos resíduos de serviços de saúde, a redução média foi de 17% na 
primeira quinzena de abril, conforme balanço que a Associação Brasileira de Empresas 
de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE) realizou com empresas que 
representam 80% do mercado nacional.
LEITURA
COMPLEMENTAR
60
Diferentemente do que se esperava e do que tem sido observado ao redor 
do mundo, que tem apresentado índices de crescimento desse tipo de resíduo, a 
constatação traz um alerta, pois os dados mostram que o Brasil está na direção oposta, 
o que pode indicar uma deficiência na segregação desses materiais infectantes e sua 
destinação a locais inadequados.
Dados da última edição do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil mostram 
que, em 2018, foram coletadas 252.948 toneladas de resíduos de serviços de saúde e, 
no mesmo período, a capacidade instalada em unidades para tratamento era de 479.653, 
ou seja, quase o dobro do volume atualmente coletado, o que demonstra que o mercado 
nacional conta com unidades de autoclave, micro-ondas e incineração, devidamente 
licenciadas, em todas as regiões, que são capazes de assegurar o devido tratamento 
aos RSS e atender a uma demanda maior neste período de pandemia.
Apesar disso e em virtude das perspectivas de eventual aumento na geração, 
as entidades se anteciparam e atuaram junto aos órgãos ambientais para que, em caso 
de necessidade, fosse dada uma autorização especial nesse momento de emergência 
o que, de fato, foi feito, permitindo o recebimento de volumes superiores nas unidades 
licenciadas, tal qual foi feito nos demais países, a fim de assegurar sua destinação segura.
Além disso, desde o início das medidas para prevenção contra o coronavírus 
no território nacional, as entidades têm buscado as melhores orientações com vistas 
a promover as melhores práticas para assegurar uma adequada gestão dos resíduos 
sólidos durante o período de emergência sanitária decorrente da pandemia de Covid-19. 
Destinado às empresas do setor e outros públicos de interesse, como municípios, 
departamentos de limpeza urbana e órgãos de regulação, o conteúdo tem observado 
orientações internacionais, aliadas à combinação de ações conforme os padrões e 
protocolos já existentes e em uso.
Em relação à força de trabalho do setor – cerca de 348.000 profissionais – 
as empresas aumentaram a segurança de seus funcionários, adotando uma série de 
medidas de prevenção e contenção das possibilidades de transmissão que já foram 
implementadas e tem resultado em índices de contaminação inferiores a 0,3% junto aos 
trabalhadores do setor, conforme pesquisa feita até 17/4/2020.
No tocante às orientações gerais para os municípios e sociedade, as entidades 
têm se pautado nas diretrizes da OMS, das organizações internacionais de saúde e 
segurança do trabalho, e nas orientações da Associação Internacional de Resíduos 
Sólidos, da National Waste & Recycling Association (NWRA), que são harmônicas no 
sentido de afirmar que os serviços de limpeza urbana e manejo de resíduos quando 
executados conforme as normas operacionais e de saúde e segurança aplicáveis não 
exigem medidas adicionais, já que as orientações e práticas existentes para a prestação 
segura e eficiente desses serviços, no dia a dia, são suficientes para a contenção da 
transmissão do novo vírus.
61
Diante de referidos posicionamentos, as orientações mais adequadas à 
população são no sentido de acondicionar seus resíduos de maneira adequada, isto 
é, com uso de sacos duplos (um dentro do outro) devidamente amarrados, para evitar 
derramamentos e disponibilizados para a coleta da limpeza urbana nos dias e horários 
praticados em cada localidade. As máscaras e luvas descartáveis devem ser descartadas 
preferencialmente no lixo do banheiro e nunca juntos aos materiais recicláveis. Nos 
casos em que não houver nenhuma suspeita de contaminação por Covid-19, deve ser 
mantida a separação dos resíduos para coleta seletiva.
Importante ressaltar que o gerenciamento e manuseio adequado dos resíduos 
sólidos previne uma série de doenças e contaminações, não apenas contra o coronavírus, 
sendo que as normas operacionais vigentes asseguram proteção adequada para os 
trabalhadores e para as comunidades que estão protegidas e não precisam se preocupar 
com quaisquer outras medidas nesse momento.
Indicações extremas como as que tentam classificar os resíduos domiciliares 
comoresíduo de saúde infectado, além de não ter nenhum fundamento técnico, servem 
apenas para criar pânico desnecessário, de maneira oportunista e como verdadeiro 
desserviço.
Fonte: adaptado de http://www.mpce.mp.br/wp-content/uploads/2020/06/GEST%C3%83O-DE-RES%-
C3%8DDUOS-NA-PROTE%C3%87%C3%83O-CONTRA-A-COVID.pdf . Acesso em: 28 set. 2021. 
http://www.mpce.mp.br/wp-content/uploads/2020/06/GEST%C3%83O-DE-RES%C3%8DDUOS-NA-PROTE%C3%87%C3%83O-CONTRA-A-COVID.pdf
http://www.mpce.mp.br/wp-content/uploads/2020/06/GEST%C3%83O-DE-RES%C3%8DDUOS-NA-PROTE%C3%87%C3%83O-CONTRA-A-COVID.pdf
62
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:
• O que é um aterro industrial e sobre seus conceitos, seguindo os órgãos pertinentes.
• Qual a diferença entre aterros sanitários e aterros industriais.
• O que são resíduos perigosos e por que devem ser encaminhados para aterros 
industriais e não sanitários convencionais.
• Sobre as características dos resíduos industriais, suas formas de geração e de quem 
é a responsabilidade pela correta destinação.
• Sobre as características dos resíduos industriais.
• Sobre os tipos de aterros industriais e suas principais características.
63
AUTOATIVIDADE
1 Quando se fala em destinação para resíduos com características perigosas, como é 
o caso dos resíduos industriais, é preciso conhecer toda sua cadeia gerada. Todos os 
resíduos industriais possuem características especificas, sendo que a responsabilidade 
do tratamento e disposição final desses resíduos são estabelecidas na Lei da Política 
Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938, de 31/8/1981) e se refere que “cada gerador é 
responsável pela manipulação e destino final de seu resíduo”. Baseando-se nas infor-
mações aqui dispostas e nos seus conhecimentos, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Princípio do poluidor-pagador.
b) ( ) Princípio do pagador-poluidor. 
c) ( ) Princípio do receber-poluidor. 
d) ( ) Princípio do pagador-gerador. 
e) ( ) Princípio do poluidor. 
2 Os resíduos industriais são todos os resíduos no estado sólido ou semissólido, 
resultantes das atividades industriais, incluindo lodos e determinados líquidos, cujas 
características tornem inviável seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos 
d’água. Dessa forma, apresentam grande variedade de sobras, dejetos ou restos 
originados das atividades fabris. No que se refere aos tipos de resíduos industriais, 
analise as afirmativas a seguir:
I- Apresentam composição variada.
II- Resíduos são os contemplados na Classe II.
III- Nos resíduos industriais são inclusos os materiais orgânicos.
IV- A classificação deve seguir a NBR 10004.
Sobre os compostos constituintes, majoritariamente, do biogás, assinale a alternativa 
CORRETA:
a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) A sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e IV estão corretas.
d) ( ) A sentença III está correta.
3 A caracterização é um processo em que se determina a composição química de um 
resíduo e suas propriedades físicas, químicas e biológicas. A caracterização de um re-
síduo deve ser realizada em função de uma necessidade específica, ou seja, deverá 
ser sempre realizada segundo parâmetros definidos caso a caso. Não é viável realizar 
caracterizações somente para se ter em mãos dados gerais sobre o resíduo. A classi-
amele
X
amele
X
64
ficação dos resíduos deve seguir a NBR 10004 (2004a) que classifica os resíduos con-
forme as reações que produzem quando são dispostas em Classe I, Classe II e Classe 
III. Diante do exposto, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
(    ) A Classe II se refere aos resíduos inertes.
(    ) As substâncias não possuem constituintes solubilizados e são enquadradas como 
Classe I.
(        ) Resíduos recicláveis e que não se decompõem quando dispostos no solo são 
pertencentes à Classe III.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
4 Depois da disposição final do resíduo é que o problema realmente começa. Isso porque 
nem todas as formas de destinação dos resíduos são adequadas, provocando uma 
série de problemas para o meio ambiente. A Política Nacional de Resíduos Sólidos 
é uma lei (Lei nº 12.305/2010) que trata sobre o gerenciamento de resíduo. A PNRS 
procura organizar a forma correta de tratamento do resíduo, para isso exige dos setores 
públicos e privados transparência no gerenciamento de resíduos e principalmente o 
processo ideal de disposição dos resíduos sólidos. Aterro é um espaço destinado ao 
armazenamento dos resíduos urbanos, derivados das coletas de lixo e de resíduos 
industriais não perigosos. Eles se dividem, grosso modo, em aterro sanitário e aterro 
industrial. Disserte sobre a diferença entre aterros sanitários e aterros industriais.
5 O lixão é a forma inadequada de dispor os resíduos sólidos urbanos sobre o solo. Sem 
nenhuma impermeabilização, sem sistema de drenagem de lixiviados e de gases, 
e sem cobertura diária do lixo. Exatamente por esses motivos, acabam causando 
impactos à saúde pública e ao meio ambiente. Muitas vezes os lixões são construídos 
em áreas completamente inadequadas. Normalmente, a disposição dos resíduos 
é feita sem o emprego de critérios técnicos de engenharia. Apesar disso, as áreas 
apresentam boas características para a implantação de um aterro sanitário. Nesse 
sentido, disserte sobre a importância do encerramento dos lixões.
amele
65
REFERÊNCIAS
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resíduos perigosos – Critérios para projeto, construção e operação. Rio de Janeiro: 
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ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8419 – Apresentação 
de projetos de aterros sanitários de resíduos sólidos urbanos. Rio de Janeiro: ABNT, 
1992a. Disponível em: https://bit.ly/3RJogo8. Acesso em: 27 set. 2022.
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12235 – 
Armazenamento de resíduos sólidos perigosos. Rio de Janeiro: ABNT, 1992b. 
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ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10006 – 
Procedimento para obtenção de extrato solubilizado de resíduos sólidos. Rio de 
Janeiro: ABNT, 2004c. Disponível em: https://bit.ly/3T06TAp. Acesso em: 27 set. 2022.
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Paulo: Cempre, 2018. Disponível em: https://bit.ly/3Eha9mF. Acesso em: 27 set. 2022.
72
73
ATERROS: CRITÉRIOS 
E FORMAS DE 
LICENCIAMENTO
UNIDADE 2 —
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• conhecer as formas de seleção de área para a instalação dos aterros sanitários e 
industriais; 
• aprender as formas de dimensionamento de células de aterros sanitários e 
industriais;
• dimensionar os sistemas de coleta de efl uentes líquidos e gasosos;
• estabelecer as etapas de licenciamento ambiental;
• reconhecer a importância do monitoramento ambiental em aterros.
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de 
reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – SELEÇÃO DE ÁREAS
TÓPICO 2 – DIMENSIONAMENTO DE ATERRO
TÓPICO 3 – LICENCIAMENTO AMBIENTAL
TÓPICO 4 – MONITORAMENTO AMBIENTAL
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure 
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
CHAMADA
74
CONFIRA 
A TRILHA DA 
UNIDADE 2!
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75
TÓPICO 1 — 
SELEÇÃO DE ÁREAS
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 1, abordaremos as formas de seleção de áreas para aterros 
sanitários e industriais. Apesar de parecer simples, a determinação de um local é uma 
etapa muito importante, e deve ser conduzida com cautela para que sejam evitados 
problemas no futuro. 
As áreas devem atender a diversos critérios preestabelecidos e, nesse processo 
de escolha, também são necessários diversos estudos e avaliações. Normalmente, são 
pré-selecionadas algumas áreas para as quais é feito um levantamento de dados e, 
então, as áreas passam pelos estudos. Somente após a realização dos estudos no local 
a decisão pode ser tomada com base em todas as informações levantadas. 
Outra questão relevante é a diferença entre os aterros sanitários e os aterros 
industriais. Será importante relembrarmos a classificação dos resíduos dada pela norma 
NBR 10004/2004, para entender ao conceito dos aterros industriais e porque eles 
podem ser diferentes dos aterros sanitários. 
2 SELEÇÃO DE ÁREAS
Com relação à seleção de áreas, alguns critérios e recomendações podem ser 
diferentes dos aterros sanitários convencionais para os aterros sanitários industriais. Por 
isso, esse assunto está dividido em dois tópicos. São muitos os critérios de engenharia 
que podem ser aplicados para auxiliar na determinação da área para a disposição final 
de resíduos sólidos. Além disso, existem diferentes metodologias apresentadas por 
autores distintos. As metodologias mais usuais serão apresentadas e, na sequência, 
alguns estudos recentes serão abordados, pois este tema ainda é objeto de pesquisas 
e estudos de casos. 
Inicialmente, antes de abordarmos os critérios e as metodologias, é interessante 
fazermos algumas reflexões e elucidar alguns conceitos, por exemplo,a importância da 
escolha do local adequado para a construção de aterros. Em seguida, parte-se para a 
avaliação de áreas com base nos critérios preestabelecidos.
76
2.1 CRITÉRIOS: ATERRO SANITÁRIO 
A fim de entendermos qual a importância da escolha da área para a construção 
de um aterro sanitário, pode ser feita uma reflexão. Quais as consequências de uma 
decisão errada? Construir um aterro em um local inadequado pode aumentar o risco de 
contaminação do meio ambiente e, dependendo da forma, a poluição pode atingir a po-
pulação, colocando em risco a saúde pública, como no caso da contaminação da água. 
Por outro lado, a escolha do local também deve considerar o preço dos 
terrenos, a distância das cidades, que são os principais focos de geração de resíduos, o 
monitoramento do aterro que deve ser continuado mesmo após o encerramento, e até 
reclamações da comunidade que vive nas redondezas do aterro, afinal algumas pessoas 
não desejariam morar perto de um aterro, não é verdade? 
Segundo Monteiro (2001), a determinação de uma área para a construção do 
aterro sanitário é uma atividade complexa, pois as cidades vêm se desenvolvendo 
e crescendo dia após dia, expandindo-se e ocupando muitos terrenos e espaços 
anteriormente disponíveis. Portanto, as dificuldades para se encontrar áreas que 
apresentem tamanho adequado e que não sejam muito distantes dos locais de geração 
de lixo aumentam. 
2.1.1 Avaliação de áreas 
São várias as etapas para a realização da avaliação de áreas e as decisões que 
forem tomadas influenciarão nas outras fases, como o projeto e a própria implantação 
e operação, portanto, a área escolhida deve atender a alguns objetivos, como minimizar 
os impactos ambientais negativos, os gastos, as dificuldades técnicas e a aceitação da 
comunidade. O município pode disponibilizar algumas áreas para serem avaliadas e isso 
diminui os custos com a compra do terreno, assim como com a eventual desapropriação 
de terrenos e até de residências (CASTILHOS JUNIOR, 2003; VILHENA, 2018).
Segundo Lupatini (2002), existem diversas abordagens para o processo de 
escolha de áreas, no entanto, todas as abordagens realizam o processo em etapas, o 
que traz como vantagem a redução da quantidade de informações a serem analisadas, 
ficando a avaliação mais completa para ser realizada em menos locais. 
Para selecionar a área a ser construído um aterro sanitário, pode ser interessante 
adotar uma estratégia que segue alguns passos. Inicialmente, são selecionadas algumas 
áreas disponíveis no município, em seguida, são estabelecidos um conjunto de critérios 
para a seleção, após isso, são definidas quais são as prioridades para o atendimento dos 
critérios estabelecidos e, por fim, é realizada uma análise crítica das áreas selecionadas 
com relação aos critérios e prioridades que foram estabelecidos. Será selecionada 
aquela área que atenda à maior parte das restrições de forma natural. Ao ser adotada 
77
essa estratégia, serão diminuídas as medidas corretivas que teriam que ser aplicadas 
para que a área se tornasse adequada e atendendo à legislação e, assim, também são 
diminuídos ao máximo os gastos iniciais para a obra (MONTEIRO, 2001).
A primeira abordagem que conheceremos é a da Norma Brasileira NBR 8419, 
que tem como título Apresentação de projetos de aterros sanitários de resíduos sólidos 
urbanos e foi lançada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) no ano de 
1992. Nesse documento, são abordados, de forma bem resumida, os critérios básicos 
para a escolha de áreas para aterros sanitários.
A NBR 8419/1992 indica que, para escolher o local adequado para o aterro 
sanitário, devem ser considerados: o zoneamento ambiental e o zoneamento urbano do 
município; se a área possui acessos adequados; qual é a vizinhança da área; se a área 
adotada possibilitará a economia com o transporte dos resíduos; a titulação da área 
escolhida; se a área possibilitará economia na fase de operação do aterro (se possui 
jazidas, por exemplo); se possui infraestrutura urbana adequada e, por fim, quais as 
bacias e sub-bacias hidrográficas nas quais o aterro será localizado.
A segunda abordagem para a determinação de locais adequados para a constru-
ção de aterros é a de Castilhos Junior (2003), que sugere que sejam utilizados parâmetros 
que envolvem o meio ambiente, parâmetros associados ao uso e à ocupação do solo e 
parâmetros relacionados à operação. Cada critério pode ter um peso diferente e ser di-
vidido em classes, as quais podem receber pontuação, facilitando a avaliação das áreas. 
2.1.2 Critérios ambientais
Nos critérios ambientais, são avaliadas as questões e preocupações ambientais, 
uma vez que os aterros sanitários são considerados como atividades que têm potencial 
para causar poluição, portanto, são critérios fundamentais e, de acordo com Castilhos 
Junior (2003), tem peso três na pontuação. É importante que o município considere em 
seu plano diretor municipal quais são as áreas que devem ser protegidas, como áreas 
verdes e recursos hídricos. A partir disso, fica mais fácil definir a localização de atividades 
potencialmente poluidoras. A seguir, são apresentados os critérios sugeridos pelo autor:
• Distância dos recursos hídricos: foi definida uma distância mínima de 200 metros 
de distância de corpos hídricos ou cursos de água. Se o corpo hídrico que está sendo 
avaliado estiver a menos de 200 metros da área a ser construído o aterro, ele receberá 
nota zero. Caso esteja entre 200 e 499 metros, recebe nota três; entre 500 e 1.000 
metros, recebe nota quatro; e se estiver a mais de 1.000 metros, receberá nota cinco.
• Áreas inundáveis: são aquelas áreas que podem alagar pelo extravasamento do 
corpo hídrico devido a grandes chuvas. Essas áreas não são adequadas devido ao ris-
co de contaminação dos recursos hídricos pelo lixiviado gerado nos aterros sanitários.
78
• Geologia – potencial hídrico: quanto maior for o potencial hídrico de uma região, 
menor será a sua aptidão para receber resíduos sólidos, tendo em vista o risco de 
contaminação água. Se um determinado local apresentar geologia com falhas ou 
fraturas, sugere-se a pontuação zero para evitar impacto nas águas do local.
• Condutividade hidráulica do solo: este parâmetro representa a facilidade com 
que a água infiltra no solo. Dessa forma, é recomendado que a área para a construção 
do aterro tenha infiltração baixa, a fim de dificultar a infiltração do lixiviado, evitando 
também a contaminação das águas.
• Profundidade do lençol freático: esse é um parâmetro muito importante e, para 
obter essa informação, usualmente são feitas sondagens. A distância ideal da base 
do aterro até o lençol freático deve ser preferencialmente maior do que quatro metros.
• Fauna e flora local: essa característica avalia a presença ou ausência na área, 
de espécies da fauna e da flora que são raras ou ameaçadas de extinção, que 
tenham valor científico e econômico. O ideal é que tais espécies estejam ausentes, 
justamente para evitar os possíveis impactos que a construção do aterro sanitário 
poderia causar. 
2.1.3 Critérios de uso e ocupação do solo
São três os critérios de uso e ocupação do solo relatados por Castilhos Junior 
(2003) que recebem peso um na avaliação, são eles: 
• Distância de vias: para esse quesito, foi adotada uma distância mínima de 100 
metros do eixo de rodovias federais e estaduais, sendo que a área que apresente 
uma distância de mais de 1.000 metros recebe a pontuação máxima.
• Legislação municipal: nesse caso, a avaliação será feita de acordo com as leis do 
município frente às restrições ambientais e, portanto, serão específicas para cada 
local.
• Distância aos centros urbanos: esse é um critério muito relevante, pois os 
fatores que o influenciam são contrários. Quanto mais longe o aterro fica da zona 
urbana, que é onde se concentra a geração de resíduos, maior será o gasto com o 
transporte desses resíduos pelos caminhões. Então, a distância máxima que tem 
sido recomendadaé de 15 quilômetros. Por outro lado, a população muitas vezes 
não fica confortável em ter um aterro sanitário muito próximo da sua residência, 
pois, apesar de não trazer riscos à saúde ou ao meio ambiente, pode gerar odores, 
ruídos, poeira e poluição visual. Portanto, uma distância entre 100 e 250 metros dos 
centros urbanos recebe a menor pontuação, enquanto uma distância maior do que 
15.000 metros ficam com a pontuação maior. 
79
2.1.4 Critérios operacionais
Castilhos Junior (2003) indica três critérios operacionais. São eles: 
• Declividade do terreno: terrenos ou áreas com declividade muito elevada podem 
dificultar a disposição de resíduos sólidos e dificultar o transporte dos materiais até 
o local. Portanto, a declividade menos recomendada é a alta, mais de 30 %, e a mais 
recomendada é a área plana, com menos do que 3 % de declividade.
• Espessura do solo: esse critério é importante para a fase de implantação do 
aterro, em que será necessária a utilização de uma certa quantidade de solo para as 
camadas de cobertura e base. O considerado ideal é que o solo da área possua mais 
do que 2 metros de espessura.
• Reaproveitamento da área do lixão: é um critério interessante, pois muitas 
cidades que construirão um aterro ainda possuem um lixão, certo? Portanto, ao 
reaproveitar a área do lixão, recuperaremos uma área que estava degradada e 
dando uma nova ocupação a ela. 
O conceito de declividade do terreno pode ser entendido como: “a inclinação 
da superfície do terreno em relação à horizontal, ou seja, a relação entre a 
diferença de altura entre dois pontos e a distância horizontal entre esses 
pontos. É dada pelo ângulo de inclinação da superfície do terreno em relação 
à horizontal. Os valores podem variar de 0º a 90º e podem ser expressos em 
porcentagem” (AMBDATA, 2022, s. p.). 
Fonte: https://bit.ly/3SWI6NC. Acesso em: 28 set. 2022.
NOTA
2.1.5 Atividades para identificação e análise de áreas
O Manual de gerenciamento integrado de lixo municipal, elaborado pelo 
Compromisso Empresarial para a Reciclagem (CEMPRE) e coordenação geral de Vilhena 
(2018) aborda essa questão da escolha de áreas para aterros sanitários de forma mais 
detalhada. Essa será a abordagem que estudaremos neste tópico. De acordo com o manual, 
a avaliação de áreas inicia-se com estudos mais gerais, a partir dos quais são identificadas 
algumas áreas potenciais e, em seguida, as áreas mais favoráveis e promissoras são 
estudadas detalhadamente. Usualmente, são organizadas três etapas: levantamento de 
dados, pré-seleção de áreas e estudos das áreas pré-selecionadas (VILHENA, 2018).
• Levantamento de dados gerais
Para o levantamento de dados gerais, deve-se buscar informações sobre os 
dados populacionais do município, como o número de habitantes atual, futuro e flutuante.
80
O número de habitantes fl utuante é importante, principalmente em cidades 
turísticas, pois a variação usualmente é grande, mas ainda falaremos sobre 
esse assunto na etapa de projeto.
A composição gravimétrica mostra a porcentagem de cada componente 
do lixo em relação ao peso total de uma amostra. Normalmente, são 
determinadas as porcentagens de matéria orgânica, papel, plástico, vidro, 
metais e rejeitos. A composição pode ser ainda mais detalhada, separando 
diferentes tipos de metais, como alumínio ferrosos e não ferrosos ou 
plásticos rígidos e maleáveis, vidro claro e escuro, borrachas, trapos etc. 
(MONTEIRO, 2001).
ESTUDOS FUTUROS
NOTA
Também são procuradas informações sobre as características dos resíduos, 
como quais tipos são gerados, qual a composição gravimétrica e as quantidades que 
serão lançadas no aterro. Serão observados dados sobre o sistema de coleta de resíduos 
do município, como os horários da coleta, turnos, quais equipamentos são utilizados, 
entre outros (VILHENA, 2018). Após a coleta de todos esses dados, as informações são 
avaliadas para se ter uma ideia do tamanho e do tipo de aterro que será projetado e 
construído e, consequentemente, do tamanho da área necessária.
Para a estimativa do tamanho da área necessária de um aterro, Monteiro 
(2001) indica que pode ser feita a multiplicação da quantidade de resíduos coletados 
diariamente, em toneladas, pelo fator 560, o qual considera a vida útil do aterro de 20 
anos, a altura do aterro de 20 metros, a proporção dos taludes de um para três e a 
ocupação de 80 % do terreno para a área operacional. 
• Pré-seleção de áreas
Nesta fase, vários dados do meio físico, biótico e socioeconômico serão 
avaliados para a seleção das áreas potenciais. Normalmente, serão utilizados os dados 
já disponíveis, somente sendo feitas visitas ou análises de campo quando necessário. 
Inicialmente, serão levantados dados geológicos-geotécnicos, pedológicos e 
geomorfológicos. Vamos entender o que são esses dados. Os dados geológicos indicam 
as características dos terrenos, quais os tipos de rocha, por exemplo, as características 
estruturais e se apresenta falhas ou fraturas. Os dados pedológicos se referem às 
características e aos tipos de solos da região, se são solos argilosos, arenosos, silto-
81
argilosos, entre outros. Os dados geomorfológicos analisam as formas do relevo da 
região, se existem morros, colinas, planícies e quais fenômenos podem ocorrer, tais 
como erosões e inundações (VILHENA, 2018). 
Ainda nesta etapa, de acordo com o manual (VILHENA, 2018), é importante obter 
informações sobre as águas subterrâneas e superficiais e dados climatológicos. Sobre 
as águas, serão avaliados principalmente as distâncias do lençol freático e as principais 
bacias hidrográficas e rios da região. Os dados climatológicos trazem informações sobre 
temperaturas, ventos, regime de chuvas, chuvas históricas, ou seja, volumes altos de 
chuva que já ocorreram e dados de evaporação da região.
Por fim, são avaliados dados sobre a legislação e dados socioeconômicos. Na par-
te da legislação, são buscadas informações sobre as leis ambientais municipais, estaduais 
e federais, prestando atenção em leis que indiquem áreas de proteção ambiental, par-
ques, reservas e o zoneamento urbano do município. Para os dados socioeconômicos, é 
importante saber como os terrenos são ocupados, o preço dos terrenos, as distâncias dos 
locais de coleta de lixo, a infraestrutura básica e a aceitação da população.
Agora, de posse de todas essas informações levantadas, algumas áreas propícias 
poderão ser escolhidas e comparadas, utilizando-se uma tabela para poder analisar 
esses terrenos e suas características com as características que são recomendadas. 
Um exemplo de como essa tabela pode ser montada é apresentada a seguir:
Tabela 1 – Dados para avaliação de áreas de aterros sanitários
Fonte: Vilhena (2018, p. 263)
DADOS NECESSÁRIOS
ÁREAS DISPONÍVEIS
Área 1 Área 2 Área 3
Vida útil
Distância do local
Zoneamento urbano
Zoneamento ambiental
Densidade populacional
Uso e ocupação do solo
Valor da terra
Aceitação da população
Declividade do terreno
Proximidade de corpos d'água
Em seguida, a Tabela 1 pode ser comparada ao Quadro 1, que apresenta os 
critérios a serem aplicados a cada um dos parâmetros. 
82
Quadro 1 – Critérios para classificação de áreas para instalação de aterros sanitários
Fonte: adaptado de Vilhena (2018)
Palavra-chave
ÁREAS DISPONÍVEIS
Possível Adequada Não recomendada
Vida útil
Maior do que 10 
anos
Menor do que 10 anos (a critério do órgão 
ambiental)
Distância do local 5 a 20 km
Menor do que 5 km 
Maior do que 20 km
Zoneamento urbano
Crescimento 
mínimo
Crescimento médio Crescimento máximo
Zoneamento ambiental Sem restrições Áreas protegidas ou similares
Densidade populacional Baixa Média Alta
Uso e ocupação do solo Pouco utilizado Muito utilizado
Valor da terra Baixo Médio Alto
Aceitação da população Boa Razoável Ruim
Declividade do terreno Entre 3% e 20%
Entre 20% e
30%
Menor do que 3% ou 
maior do 30%
Proximidade de corpos 
d'água
Maior do que 
200 m
Menor do que 200 m (a critério do órgão 
ambiental)
Assim, estão consideradosa vida útil do aterro, que deve ser maior do que 
dez anos, a distância ao local atendido, se está na faixa de 5 a 20 quilômetros. Para 
o zoneamento ambiental, não deve haver restrições, como áreas protegidas; e no 
zoneamento urbano, devem ser priorizadas áreas que tenham uma tendência menor de 
crescimento, ou seja, que a população não vá crescer tanto naquela área. A densidade 
populacional deve ser preferencialmente baixa e o uso e a ocupação do terreno não 
devem ser intensos. O valor da terra preferencialmente deve ser baixo e a aceitação da 
população boa. A declividade do terreno deve ficar entre 3 % e 20 % e a distância de 
corpos de água deve ser maior que 200 metros (VILHENA, 2018). 
Seguindo essa metodologia, as áreas poderão ser recomendadas, quando podem 
ser utilizadas da forma como estão; recomendadas com restrições, quando precisar de 
algumas adequações; ou não recomendadas, quando apresentar muitas restrições e 
pontos negativos. Normalmente, espera-se ter ao menos uma área recomendada, mas 
caso não seja encontrada, todo o procedimento precisa ser refeito. O nosso processo de 
escolha de área ainda não acabou! Vamos passar para a próxima etapa! 
83
• Estudos das áreas pré-selecionadas
Os estudos das áreas pré-selecionadas irão compor a última etapa do processo. 
Nessa etapa, o levantamento de dados da etapa anterior será mais detalhado, ou seja, 
agora sim serão feitas visitas em campo na área e as análises necessárias, coletados 
os dados de infraestruturas, determinadas as condições geológicas, feitas medidas dos 
dados hidrológicos, avaliados o meio biótico e o meio socioeconômico, tudo isso com 
coletas de amostras, análises, questionários, contagem de espécies (VILHENA, 2018). 
Então, após a análise e interpretação de todos esses estudos, será determinada 
qual a melhor área para a instalação do aterro sanitário! Será aquela área que apresentar 
menos riscos para causar impactos ao meio ambiente, que trará maior vida útil para o 
aterro e menores custos de implantação e operação. 
Depois de definida a área, poderão ser iniciados os processos para o 
licenciamento ambiental do empreendimento, assunto que veremos mais 
adiante!
ESTUDOS FUTUROS
2.1.6 Outros métodos para identificação e escolha de áreas 
Castilhos Junior (2003) relata que atualmente a seleção de áreas para aterros 
sanitários pode ter resultados melhores e se tornar mais fácil quando se utilizam 
ferramentas mais modernas, como o geoprocessamento e os sistemas de informações 
geográficas.
Nesse sentido, diversos autores têm realizado pesquisas para facilitar o processo 
de escolha de áreas. Em sua pesquisa, Lino (2007) comparou dois métodos aplicados na 
mesma região geográfica (Campinas-SP) para a seleção de áreas para aterros sanitários. 
O primeiro método estabeleceu as categorias: área eliminada, área sem restrição e área 
com restrição de acordo com o uso e ocupação do solo. Foram consideradas também as 
unidades de conservação, classificadas como áreas com restrições. Após a análise dos 
mapas, apenas as áreas sem restrições passaram para a próxima avaliação referente às 
características das rochas, solo e relevo. Foram avaliados também a suscetibilidade de 
contaminação de aquíferos e os aspectos climáticos. 
O segundo método avaliado por Lino (2007) considerou apenas áreas com 
restrição e áreas sem restrição e considerou nível d’água, áreas alagadas, profundidade 
das rochas e zonas saturadas, características do solo e das rochas, declividade dos 
terrenos. Utilizando métodos de sistemas de informações geográficas, a autora fez uma 
84
superposição de mapas gerados pelos dois métodos diferentes e observou quais áreas 
coincidiam, concluindo que o segundo método se apresentava como mais restritivo 
apesar de não considerar aspectos do meio biótico e socioeconômico (LINO, 2007). 
Sendo assim, ressalta-se a importância desse tipo de avaliação, pois para uma mesma 
área, podem ser obtidos resultados diferentes. 
Montaño et al. (2012) ressaltaram que o processo de escolha de áreas acabava 
negligenciando alguns aspectos ambientais e sociais e, por isso, propuseram uma 
metodologia que integra critérios técnicos com aspectos ambientais, sociais e 
econômicos, com a participação da comunidade. Segundo os autores, os resultados 
obtidos permitiram minimizar medidas de mitigação e compensação, aumentar a 
segurança do empreendimento, diminuir riscos, facilitar a realização de estudos 
ambientais e, consequentemente, facilitar a aprovação do empreendimento. 
Ainda, Cardoso, Blanco e Friaes (2021) utilizaram ferramentas de geoproces-
samento para identificação de áreas para construção de aterro sanitário no município 
de Abaetetuba, no Pará. Foram utilizadas como base as normas da ABNT e resoluções 
do Conama. O estudo considerou a projeção da população e a consequente geração 
de resíduos sólidos para um horizonte de 20 anos. Foram construídos mapas de uso e 
ocupação do solo, de distâncias das estradas, declividade e distância de núcleos po-
pulacionais que foram sobrepostos, gerando um mapa final com as áreas aptas para a 
implantação de aterros sanitários no qual foram identificadas seis áreas possíveis. 
A partir desses estudos, podemos verificar a importância da seleção de áreas para 
a construção dos aterros sanitários, tendo em vista que a área ficará em uso por muitos 
anos e o local deve causar o menor risco possível de contaminação ao meio ambiente. 
Além disso, as técnicas de geoprocessamento têm contribuído muito para esses estudos. 
2.2 CRITÉRIOS: ATERRO INDUSTRIAL
Agora, vamos falar sobre os aterros industriais. Antes de iniciarmos, vamos 
refletir e relembrar alguns conceitos. Atualmente, existem inúmeros ramos de indústrias 
atuando nas mais diversas áreas, como a indústria metalúrgica, indústrias químicas, 
indústrias de alimentos, indústria da construção civil, indústria de medicamentos e 
várias outras. Cada tipo de indústria gerará um tipo de resíduo diferente. Nesses casos, 
o próprio gerador de resíduo será o responsável por dar a destinação correta ao material 
que será descartado. 
Por que os aterros de resíduos industriais têm que ser diferentes? Porque 
muitos desses resíduos gerados pelas indústrias são classificados como resíduos 
perigosos. Então, a indústria precisará classificar os seus resíduos para verificar como 
se enquadram de acordo com as características que apresentam.
85
A norma brasileira NBR 10004/2004 apresenta essa classificação dos resíduos 
quanto aos riscos que eles podem trazer à saúde pública e ao meio ambiente, para que 
possam ser gerenciados corretamente. De acordo com a norma, os resíduos Classe I são 
resíduos perigosos, que apresentam periculosidade, podendo apresentar como riscos à 
saúde pública, à mortalidade, à incidência de doenças ou à acentuação dos índices de 
doenças. Tais resíduos podem ser inflamáveis, corrosivos, reativos, tóxicos ou patogê-
nicos. Os resíduos Classe II são os não perigosos. Essa classe se subdivide em Classe 
II-A, que representa os não inertes, e a Classe II-B dos resíduos inertes (ABNT, 2004).
A partir disso, podemos entender por que os aterros industriais são diferentes, 
pois são projetados para receber resíduos essencialmente perigosos e, portanto, a 
escolha da área para a construção de um aterro industrial também deve ser feita com 
mais cautela, conforme veremos adiante. Esses aterros, muitas vezes, também são 
chamados simplesmente de aterros de resíduos perigosos. 
2.2.1 Critérios para a localização de aterros de resíduos 
perigosos 
De acordo com a norma NBR 8419/1992 já mencionada, os resíduos industriais 
perigosos são definidos como:
[...] todos os resíduos sólidos, semissólidos e os líquidos não passíveis 
de tratamento convencional, resultantes da atividade industrial 
e do tratamento de seus efluentes que, por suas características, 
apresentam periculosidade efetiva ou potencial à saúde humana 
ou ao meio ambiente, requerendo cuidados especiais quanto ao 
acondicionamento, coleta,transporte, armazenamento, tratamento 
e disposição (ABNT, 1992, p. 2).
Além disso, a norma NBR 10157/1987 trata dos critérios para projeto, construção 
e operação de aterros de resíduos perigosos (os quais são definidos de acordo com a 
NBR 10004/2004) e apresenta, também, alguns critérios para que um local possa ser 
utilizado para a construção de um aterro de resíduos perigosos. 
Inicialmente, de acordo com a norma, o impacto ambiental a ser causado pelo 
aterro deve ser minimizado, a população deve aceitar a instalação do aterro ao máximo 
e o local deve estar de acordo com o zoneamento da região. O aterro deve poder ser 
utilizado por um longo período, exigindo o mínimo de obras possível para o início da 
operação (ABNT, 1987). 
Além disso, algumas recomendações técnicas são feitas na NBR 10157/1987. A 
primeira está relacionada à topografia do local, que é muito importante para se escolher 
qual será o método no qual o aterro funcionará e para as obras de terraplanagem. Indica-
se, portanto, que as áreas tenham inclinação maior do que 1% e menor do que 20%. 
86
As diferenças de solo e as características geológicas também precisam ser analisadas, 
com o objetivo de determinar se o solo apresenta potencial para a depuração de 
contaminantes e qual a velocidade de penetração de líquidos. 
Com relação aos recursos hídricos, deve-se verificar se o aterro poderá 
influenciar na qualidade e nos usos tanto das águas superficiais, por exemplo, lagos e 
rios quanto das águas subterrâneas. A distância mínima do aterro para corpos d’água 
deve ser de 200 metros, porém o órgão ambiental pode autorizar alterações nesta 
distância. Para a vegetação, na norma, é relatada a necessidade de se fazer um estudo 
macroscópico, pois poderá ser escolhida uma área que diminua alguns efeitos como a 
erosão, formação de poeira e transporte de odores (ABNT, 1987).
A NBR 10157/1987 apresenta recomendações com relação aos acessos, como 
as estradas e vias, estas devem ter boas condições para utilização por todo o período 
de funcionamento do aterro. Além disso, recomenda-se que a distância do entorno 
do aterro até os bairros ou comunidades seja maior do que 500 metros. Indica-se 
também que o aterro seja construído de forma a receber resíduos por pelo menos 10 
anos, portanto, a área deve ter o tamanho adequado para isso. Os valores gastos na 
construção podem se alterar muito conforme o método escolhido e com o tamanho do 
aterro, então deve ser organizado um cronograma com todas as etapas, para verificar se 
o empreendimento é viável economicamente.
São apresentados ainda pela NBR 10157/1987 alguns critérios que devem, 
obrigatoriamente, ser observados como a não execução do aterro em áreas que possam 
sofrer inundações em períodos de recorrência de 100 anos. A distância da base do aterro 
para o nível mais alto do lençol freático deve ser de 1,5 metro de solo insaturado, sendo 
que o nível do lençol freático deve ser medido no período de chuvas da região. A área 
escolhida para o aterro deve possuir um solo com baixo coeficiente de permeabilidade, 
ou seja, não deve infiltrar líquidos com facilidade e, por fim, os aterros só podem ser 
construídos em áreas de uso conforme normas. 
Como podemos observar, várias das recomendações para aterros sanitários 
perigosos são similares às recomendações para os aterros sanitários, porém alguns pontos, 
como declividade do terreno e distância de núcleos populacionais, são mais restritivos. 
O tempo de recorrência, ou também chamados de períodos de retorno, 
referem-se ao intervalo médio de tempo, em anos, em que pode ocorrer ou 
ser superado um determinado evento. É o inverso da probabilidade que um 
evento seja igualado ou ultrapassado (SOUSA, 2017).
NOTA
RESUMO DO TÓPICO 1
87
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:
• Quão importante é a determinação de um local compatível para construir um aterro 
sanitário, pois essa decisão está associada à vida útil do aterro, à distância a ser 
percorrida diariamente do aterro até os locais de coleta de resíduos e, principalmente, 
aos perigos de poluição do meio ambiente, entre outros. 
• Que para a determinação de uma área para a construção de um aterro sanitário, 
devem ser consideradas as condições ambientais, como as distâncias dos corpos 
d’água, por exemplo, as condições de uso e ocupação do solo, como a distância aos 
centros urbanos e as condições operacionais, como a declividade dos terrenos.
• Que a deliberação de um local para construir um aterro é um processo que pode ser 
facilitado caso seja realizado em três fases. A primeira é a pesquisa de informações, 
em que são buscados dados como tamanho da população a ser atendida e quantidade 
de resíduos gerados. Em seguida, realiza-se uma pré-seleção de prováveis locais, 
sendo abordados os dados do meio físico, biótico e socioeconômico. Por fim, os 
locais pré-escolhidos são avaliados, a partir de estudos realizados in situ para, 
então, ser apresentado o resultado final.
• Que os aterros industriais normalmente recebem resíduos perigosos e, por isso, 
apresentam algumas características diferentes na escolha das áreas para a 
construção do aterro. 
88
AUTOATIVIDADE
1 Para a determinação de áreas na construção de um aterro sanitário, alguns critérios 
podem ser adotados, como os critérios ambientais, de uso e ocupação de solo e 
critérios operacionais. Os critérios ambientais refletem as preocupações com o meio 
ambiente, visto que o aterro sanitário é uma atividade que tem potencial para causar 
poluição. Quanto ao critério ambiental, assinale a alternativa INCORRETA: 
a) ( ) Profundidade do lençol freático.
b) ( ) Áreas inundáveis.
c) ( ) Distância aos centros urbanos.
d) ( ) Distância dos recursos hídricos.
2 De acordo com o Manual de gerenciamento integrado de lixo municipal (2018), a ava-
liação de áreas para a construção de aterros sanitários é organizada em três etapas: 
levantamento de dados, pré-seleção de áreas e estudos das áreas pré-selecionadas. 
De acordo com a etapa de pré-seleção de área, analise as sentenças a seguir:
I- É recomendado que a distância da área avaliada ao local atendido com a coleta de 
resíduos esteja entre 2 e 12 quilômetros.
II- Para o zoneamento ambiental, não deve haver restrições, como áreas protegidas; 
e no zoneamento urbano, devem ser priorizadas áreas que tenham uma tendência 
menor de crescimento.
III- A densidade populacional deve ser preferencialmente baixa e o valor da terra deve 
ser preferencialmente alto. 
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) A sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) A sentença II está correta.
3 Os aterros industriais costumam receber resíduos classificados como perigosos e, por 
isso, precisam atender a alguns critérios diferenciados na hora da seleção das áreas 
para a construção. De acordo com os critérios apresentados pela NBR 10157/1987, 
classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
( ) Deve-se verificar se o aterro poderá influenciar na qualidade e nos usos tanto das 
águas superficiais quanto das águas subterrâneas, sendo a distância mínima do 
aterro para corpos d’água de 500 metros. 
amele
X
amele
amele
X
89
( ) A distância do limite da área útil do aterro até núcleos populacionais deve ser maior 
do que 500 metros.
( ) As áreas devem ter declividade superior a 1% e inferior a 20 %.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – V.
d) ( ) F – F – V.
4 A Norma Brasileira NBR 8419/1992 tem como título Apresentação de projetos de 
aterros sanitários de resíduos sólidos urbanos. Explique, de forma resumida, quais 
são os critérios básicos para a escolha de áreas para aterros sanitários segundo a 
norma citada.
5 De acordo com a abordagem de Castilhos Junior (2003), para a seleção das áreas, 
podem ser utilizados critérios ambientais, critérios relacionados ao usoe ocupação do 
solo e critérios operacionais. Dentre os critérios de uso e ocupação do solo, explique 
por que a distância aos centros urbanos é uma característica importante.
amele
X
90
91
DIMENSIONAMENTO DE ATERRO
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 2, abordaremos o dimensionamento de aterros sanitários. 
Iniciaremos com o projeto de aterro sanitário que reúne muitas informações e é composto 
por diversas etapas, incluindo o memorial descritivo de todos os componentes de 
projeto que um aterro sanitário precisa ter. O memorial de cálculo também é exigido no 
projeto e nele são detalhados os componentes do projeto e apresentadas as equações 
de dimensionamento das estruturas a serem construídas. Serão demonstrados também 
alguns exemplos de cálculo, adotados para um pequeno aterro sanitário. 
Em seguida, estudaremos o projeto para aterros industriais, ressaltando as 
necessidades e diferenças da construção e da operação com relação aos aterros 
convencionais. Serão abordadas informações de projeto e operação, inspeção e 
manutenção, segurança e encerramento do aterro.
 
Para finalizarmos o Tópico 2, estudaremos os sistemas de coleta de efluentes 
líquidos e gasosos gerados no aterro sanitário. Tais sistemas também são partes 
importantes do projeto de aterros sanitários, assim serão abordados os principais 
conceitos, o dimensionamento e alguns aspectos construtivos. 
UNIDADE 2 TÓPICO 2 - 
2 DIMENSIONAMENTO DE ATERRO
A etapa de dimensionamento de aterros faz parte do projeto, tanto dos aterros 
sanitários convencionais quanto dos aterros sanitários industriais. Na verdade, o 
dimensionamento está relacionado à obtenção das dimensões das estruturas do aterro 
por meio de cálculos e estimativas. No entanto, o projeto é mais abrangente e contém 
outros itens igualmente necessários. Antes de ser iniciado o dimensionamento de 
aterros, serão apresentados alguns conceitos básicos.
Vamos iniciar com a definição de aterro sanitário de resíduos sólidos urbanos 
indicada pela norma da NBR 8419 (ABNT, 1992, p. 1): 
[...] técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo, sem 
causar danos à saúde pública e à sua segurança, minimizando 
os impactos ambientais, método este que utiliza princípios de 
engenharia para confinar os resíduos sólidos à menor área possível 
e reduzi-los ao menor volume permissível, cobrindo-os com uma 
camada de terra na conclusão de cada jornada de trabalho, ou a 
intervalos menores, se necessário.
92
2.1 ATERRO SANITÁRIO: PROJETO
A partir da definição apresentada, podemos entender que o aterro sanitário é 
um método no qual o lixo é depositado no solo de forma controlada e todo o processo 
é projetado para que não ocorram problemas ao meio ambiente nem à saúde, portanto, 
sua relevância é inegável. Nesse método, os resíduos serão confinados ou enterrados 
de forma que ocupem o menor espaço, ou seja, menor volume e menor área. Como 
já aprendemos que a escolha da área é uma etapa delicada e complexa, podemos 
entender o porquê dessa economia de área citada na definição. A cobertura com terra 
é também uma atividade muito importante, porque evita que os resíduos fiquem a céu 
aberto, o que é uma característica que encontramos nos lixões.
De acordo com a NBR 8419/1992, o projeto de aterros sanitários deve conter 
o memorial descritivo, o memorial técnico, o cronograma de execução e estimativa de 
custos, os desenhos e eventuais anexos. Para a realização do projeto, o profissional 
deve estar devidamente habilitado no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia 
(CREA), sendo que os documentos e plantas devem ter a indicação da Anotação de 
Responsabilidade Técnica (ABNT, 1992). 
2.1.1 Memorial descritivo
O memorial descritivo é um item importante a ser incluído no projeto do aterro 
sanitário e deve apresentar uma descrição detalhada de todos os componentes do 
projeto, constando as especificações, justificativas e métodos a serem adotados. Os 
cálculos e o dimensionamento, por outro lado, devem ser apresentados no memorial de 
cálculo, também chamado de memorial técnico.
 
O memorial descritivo faz um resumo dos estudos preliminares que foram feitos 
e direciona a escolha da alternativa de disposição. Deve conter as informações cadas-
trais, as informações sobre os resíduos a serem dispostos no aterro sanitário, a carac-
terização do local destinado ao aterro sanitário, a concepção e justificativa do projeto, a 
descrição e especificações dos elementos de projeto, a operação do aterro sanitário e o 
uso futuro da área do aterro sanitário (ABNT, 1992; CASTILHOS JUNIOR, 2003). Todos os 
itens que devem ser incluídos no memorial descritivo são apresentados a seguir. 
• Informações cadastrais e informações sobre os resíduos
As informações cadastrais e informações sobre os resíduos são os primeiros 
dados a serem apresentados no memorial descritivo. Sendo assim, neste item, serão 
incluídos os nomes dos profissionais envolvidos no projeto, acompanhados de suas 
respectivas formações ou especialidades, tanto dos responsáveis pela área escolhida 
para a disposição dos resíduos quanto dos que serão responsáveis pela elaboração 
93
do projeto. Todos os profissionais devem ser habilitados pelo Conselho Regional de 
Engenharia e Agronomia (CREA) e/ou pela entidade responsável pelo aterro (ABNT, 
1992; CASTILHOS JUNIOR, 2003). 
Neste item, também devem ser apresentados dados sobre os resíduos a 
serem depositados na área, como as informações das fontes geradoras, ou seja, se 
são resíduos domiciliares, comerciais ou outros, conforme a classificação dos resíduos; 
características dos resíduos e quantidade gerada, diária e mensalmente, e a quantidade 
gerada por pessoa; a composição gravimétrica, ou seja, a porcentagem referente a cada 
tipo de material; a massa específica dos resíduos; os dias e horários de coleta; e os meios 
e especificações do transporte dos resíduos (ABNT, 1992; CASTILHOS JUNIOR, 2003). 
• Caracterização da área
Alguns dados de caracterização da área são levantados na etapa da escolha da 
área. Em geral, para o projeto, devem ser apresentadas informações sobre levantamento 
topográfico, com o mapeamento do relevo e usos da área, com curvas de nível, área na 
qual vão ser dispostos os resíduos, onde vão ser construídos os prédios de administração, 
acessos etc. Deve aparecer também o levantamento geológico-geotécnico realizado, 
com informações do solo e do subsolo obtidos por meio de sondagens e análises, 
tais como espessura, textura, granulometria e condutividade hidráulica, entre outros 
(CASTILHOS JUNIOR, 2003).
De acordo com Castilhos Junior (2003), devem ser apresentados também o 
levantamento climatológico e o levantamento de uso de água e solo, que são informações 
importantes para as estimativas de geração de lixiviados, também conhecido como 
chorume. Como a precipitação tem uma grande contribuição para a quantidade de 
lixiviado gerada, observam-se os índices pluviométricos da região para definir algumas 
questões como cobertura da área de disposição, cobertura da frente de trabalho e, mais 
adiante, dimensionamento do sistema de coleta de lixiviado. 
• Concepção técnica e justificativa do projeto
Nesta etapa, será apresentado o sistema a ser adotado, explicando os métodos 
de operação e justificando-os de acordo com as suas finalidades. Para isso, as 
alternativas e sistemas disponíveis devem ser avaliados. Podemos citar quatro linhas 
principais de tratamento nos aterros sanitários: digestão anaeróbia, digestão aeróbia, 
tratamento biológico e digestão semianaeróbia (VILHENA, 2018).
Na digestão anaeróbia, a decomposição dos resíduos ocorre na ausência de 
oxigênio, é o tratamento mais utilizado no Brasil e tem sido muito empregado nos Es-
tados Unidos. Por outro lado, o tratamento por digestão aeróbia ocorre na presença de 
oxigênio, o que pode trazer benefícios na degradação do lixo, no entanto, esse método 
não é comumente aplicado, já que apresenta custos elevados, pela aplicação de ar na 
massa de resíduos. Outraforma de tratamento que pode ser adotado é o tratamento 
94
biológico, que torna o processo de degradação dos resíduos mais rápido, porém os ní-
veis de complexidade e de controle são elevados. Além disso, nem todos os estudos já 
realizados na América do Norte, Europa e Brasil tiveram sucesso. Existe ainda o trata-
mento por digestão semianaeróbia, que busca eliminar as desvantagens do processo 
aeróbio e é uma alternativa que vem sendo implementada no Japão (VILHENA, 2018).
Com relação à metodologia de operação, usualmente, são três as principais 
formas que podem ser adotadas, sendo que a escolha do método depende das 
características físicas e geográficas da área e da quantidade de resíduos a serem 
dispostos (VILHENA, 2018).
O primeiro método é o da trincheira ou da vala. Nesse método, são abertas valas 
onde os resíduos são dispostos, compactados e, posteriormente, cobertos com solo. 
As valas podem ser pequenas e de operação manual (para pequenos municípios) ou de 
tamanhos grandes, com operação por equipamentos.
O segundo é o método da rampa, também chamado de método da escavação 
progressiva, ocorre pela escavação da rampa. Os resíduos são dispostos na rampa, 
compactados pelo trator de esteira e depois cobertos com solo. É mais utilizado em 
áreas de meia encosta, se houver condições para escavação e utilização do material 
escavado para cobertura.
O terceiro é o método da área, que é utilizado geralmente em locais de topografia 
plana e lençol freático raso. 
• Descrição e especificações dos elementos de projeto
Neste subtópico, são descritos e especificados todos os elementos que fazem 
parte do aterro sanitário, de acordo com a NBR 8419/1992 (ABNT, 1992) e Castilhos Junior 
(2003). Iniciando com o sistema de drenagem superficial. Esse sistema de drenagem 
é necessário para evitar que as águas superficiais escoem para dentro do aterro e 
para escoar a água que precipita diretamente na área. A justificativa desse sistema 
é diminuir a geração de lixiviados e evitar a erosão que pode ser causada pela água, 
destruindo a camada de cobertura e os taludes. O sistema deve ser descrito indicando-
se a vazão de dimensionamento, a disposição dos canais em planta, a indicação das 
seções transversais e declividade de fundo, a indicação do tipo de revestimento (se for 
adotado), a indicação dos canais de descarga da água que foi coletada e os detalhes de 
todas as singularidades como alargamentos, curvas, degraus e outros. 
O sistema de drenagem e remoção de lixiviado é o sistema que removerá o 
chorume gerado pela decomposição dos resíduos para fora do aterro para, então, 
receber o tratamento adequado. Deve ser prevista a quantidade de lixiviado gerado, a 
disposição em planta dos elementos necessários, as dimensões, os materiais utilizados 
com especificações e os cortes e detalhes necessários para a visualização.
95
O sistema de tratamento do lixiviado é necessário, pois deve-se implementar 
uma alternativa adequada para o tratamento deste líquido gerado, uma vez que ele 
apresenta um elevado potencial poluidor. Devem ser apresentados a estimativa da 
quantidade de lixiviado a ser tratado, a disposição, dimensões e capacidade dos 
elementos, os materiais utilizados, cortes e detalhes e o processo utilizado, com as 
operações adotadas.
A impermeabilização inferior e/ou superior e das laterais é prevista com o 
objetivo de proteger o solo e os cursos d’água da contaminação. Deve ser indicado o tipo 
de impermeabilização adotado e os materiais empregados, com suas especificações e 
características.
O sistema de drenagem de gases é necessário para remover os gases gerados 
pela decomposição dos resíduos e evitar que se formem bolsões em meio aos resíduos, 
que podem gerar incêndios e até explosões. Dependendo da necessidade, a drenagem 
pode ser tanto horizontal quanto vertical e devem ser descritos todos os elementos do 
sistema, a disposição em planta, as dimensões, os materiais utilizados e os cortes e 
detalhes necessários.
O sistema de cobertura dos resíduos tem como objetivo evitar que animais 
transmissores de doenças se propaguem, reduzir a quantidade de lixiviado gerado, 
diminuir os odores exalados pelos resíduos e evitar que o biogás escape sem controle. 
A cobertura dos resíduos deve ser realizada diariamente, mas quando as atividades 
precisarem ser suspensas por um período determinado, pode ser aplicada a cobertura 
intermediária. Ainda, quando são finalizadas as atividades de disposição de resíduos, 
aplica-se a cobertura final. É indicada a aplicação de solo argilo-arenoso para as 
camadas de cobertura.
Por fim, um sistema de monitoramento deve ser previsto para identificar 
previamente quaisquer problemas de contaminação. Esse monitoramento é mais focado 
em águas superficiais e subterrâneas, mas pode incluir também o monitoramento de 
outras questões, como a qualidade do ar, a poluição do solo, os níveis de ruído, a erosão, 
entre outros (VILHENA, 2018). 
• Operação do aterro sanitário
Após o término das obras, poderá ser iniciada a operação do aterro, ou seja, o 
recebimento de carregamentos de resíduos. Deve ser previsto um plano de operação 
para auxiliar nas atividades a serem desenvolvidas no dia a dia, para que o funciona-
mento ocorra de forma segura. De acordo com a NBR 8419/1992, na operação do aterro 
sanitário devem ser considerados os acessos e o isolamento da área, o preparo do local 
de disposição dos resíduos, o transporte e a forma de disposição. Devem ser incluídos o 
método de operação, os equipamentos a serem utilizados, a espessura das camadas de 
cobertura, a necessidade ou não de empréstimos de material para cobertura. Além dis-
96
so, deve ser previsto um plano de encerramento indicando como e quando o aterro será 
dado como encerrado e os cuidados que serão mantidos após o encerramento das ati-
vidades, como o controle de vetores e o monitoramento (ABNT, 1992; MONTEIRO, 2001). 
Segundo Monteiro (2001), os aterros devem possuir uma balança rodoviária 
para a pesagem dos caminhões e o devido registro das quantidades de lixo recebidas. O 
descarregamento dos resíduos será feito na área de operação. Em seguida, procede-se 
à disposição de resíduos na célula previamente preparada, eles devem ser espalhados 
e compactados por tratores de esteiras, sendo então realizada a cobertura diariamente. 
Após atingir a capacidade da célula em questão, realiza-se o fechamento e o preparo da 
célula seguinte e repete-se o mesmo processo de operação. 
• Uso futuro da área
Ainda, é recomendado que se apresente um plano de uso futuro da área do aterro 
sanitário, indicando a proposta para uma nova utilização do terreno (ABNT, 1992). O uso 
futuro deve ser compatível com a ocupação nos entornos, porém, grandes construções, 
principalmente para moradias, devem ser evitadas. Como atividades preferenciais, 
podem ser adotadas parques e campos para práticas esportivas (VILHENA, 2018).
Segundo Castilhos Junior (2003), uma nova disposição de resíduos em 
áreas onde a decomposição já ocorreu também pode ser viável, desde que seja feito 
um acompanhamento adequado. Além disso, o aterro encerrado ainda pode ser 
transformado em áreas de lazer ou jardins. Ressalta-se que não é recomendada a 
edificação de obras, pois a massa de resíduos continua sofrendo degradação, podendo 
provocar movimentações. 
2.1.2 Memorial técnico
Conforme comentado anteriormente, o memorial técnico também pode ser 
denominado memorial de cálculo, justamente por apresentar os cálculos necessários e 
o dimensionamento das estruturas e componentes do aterro. De acordo com a norma 
NBR 8419 (ABNT,1992, p. 5) o memorial técnico deve conter os seguintes tópicos: 
Cálculo dos elementos de projeto, sendo apresentado o dimensiona-
mento de todos os elementos de projeto, devendo ser indicados: a) 
dados e parâmetros de projeto; b) critérios, fórmulas e hipóteses de 
cálculo; c) justificativas e d) resultados. 
Prazo de operação do aterro sanitário. Devem ser apresentados: a) 
a quantidadeTÓPICO 2 - DIMENSIONAMENTO DE ATERRO .................................................................... 91
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 91
2 DIMENSIONAMENTO DE ATERRO .................................................................................... 91
2.1 ATERRO SANITÁRIO: PROJETO ........................................................................................................92
2.1.1 Memorial descritivo ....................................................................................................................92
2.1.2 Memorial técnico .......................................................................................................................96
2.1.3 Cronograma de execução e estimativa de custos .........................................................104
2.2 ATERRO INDUSTRIAL: PROJETO ..................................................................................................105
2.2.1 Informações sobre projeto e operação de aterros industriais ....................................105
2.2.2 Inspeção e manutenção no aterro de resíduos perigosos ..........................................108
2.2.3 Segurança do aterro de resíduos perigosos ..................................................................109
2.2.4 Análise de estabilidade do aterro de resíduos perigosos .............................................110
2.2.5 Encerramento do aterro de resíduos perigosos ..............................................................110
2.3 SISTEMA DE COLETA DE EFLUENTES LÍQUIDOS E GASOSOS ................................................111
2.3.1 Sistema de coleta de efluentes líquidos..............................................................................111
2.3.2 Sistema de coleta de gases ..................................................................................................115
RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................................117
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 118
TÓPICO 3 - LICENCIAMENTO AMBIENTAL ....................................................................... 121
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 121
2 LICENCIAMENTO AMBIENTAL ....................................................................................... 121
2.1 ESTUDOS AMBIENTAIS PARA LICENCIAMENTO ........................................................................ 125
2.1.1 Definições de EIA e RIMA ........................................................................................................ 125
2.1.2 Estudo de impacto ambiental .............................................................................................. 126
2.1.3 Conteúdo mínimo do EIA ....................................................................................................... 126
2.1.4 Relatório de Impacto Ambiental .......................................................................................... 127
2.1.5 Conteúdo mínimo do RIMA ................................................................................................... 127
2.1.6 Impactos ambientais negativos que podem ser causados por aterros sanitários ...........128
2.1.7 Licenciamento ambiental para aterros de resíduos sanitários de pequeno porte............ 129
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................... 131
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................132
TÓPICO 4 - MONITORAMENTO AMBIENTAL .....................................................................135
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................135
2 MONITORAMENTO AMBIENTAL .....................................................................................135
2.1 MONITORAMENTO DE ÁGUA ........................................................................................................... 137
2.1.1 Monitoramento de águas subterrâneas ............................................................................. 137
2.1.2 Monitoramento de águas superficiais ................................................................................ 139
2.1.3 Parâmetros a serem analisados .......................................................................................... 139
2.1.4 Exemplos de monitoramento de águas em aterros .......................................................140
2.2 MONITORAMENTO ATMOSFÉRICO .................................................................................................141
LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................143
RESUMO DO TÓPICO 4 .......................................................................................................150
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 151
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................153
UNIDADE 3 — TRATAMENTO DE EFLUENTES LÍQUIDOS E GASOSOS DE ATERROS 
 SANITÁRIOS ................................................................................................ 157
TÓPICO 1 — EFLUENTES LÍQUIDOS EM ATERRO ..............................................................159
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................159
2 EFLUENTES LÍQUIDOS EM ATERRO ...............................................................................160
2.1 EFLUENTE LÍQUIDO: TIPO E FORMAÇÃO .....................................................................................160
2.1.1 Origem e processo de formação do chorume ..................................................................160
2.1.2 Caracterização dos componentes do chorume .............................................................. 163
2.1.3 Concentração dos componentes do chorume ................................................................ 165
2.1.4 Biodegradabilidade do chorume .........................................................................................168
2.2 GERAÇÃO DO CHORUME ............................................................................................................... 169
2.2.1 Fatores intervenientes na geração do chorume ............................................................. 169
2.2.2 Contaminação do chorume ................................................................................................. 170
3 SISTEMAS DE TRATAMENTO DE CHORUME .................................................................170
3.1 SISTEMA DE COLETA E DESTINAÇÃO DE CHORUME ................................................................ 171
3.1.1 Sistema de impermeabilização .............................................................................................. 171
3.1.2 Drenagem do chorume .......................................................................................................... 172
3.1.3 Recirculação do chorume no aterro ................................................................................... 173
3.1.4 Evaporador de chorume ........................................................................................................ 174
3.1.5 Oxidação química do chorume ............................................................................................176
3.1.6 Adsorção .....................................................................................................................................176de resíduos sólidos a ser disposta (diária e anual); b) 
o peso específico adotado; c) a capacidade prevista para a área; d) 
o prazo de operação do aterro sanitário, estimado em função da 
quantidade de resíduos sólidos a ser disposta e capacidade da área.
Sistema de drenagem superficial. Devem ser apresentados todos 
os parâmetros e fórmulas utilizadas para o dimensionamento dos 
canais e singularidades do sistema de drenagem superficial, dando 
97
ênfase a: a) intensidade de chuva; b) tempo de recorrência (período 
de retorno); c) duração; d) coeficiente de escoamento superficial.
Sistema de drenagem e remoção de percolado. Devem ser apresentados 
os parâmetros e fórmulas utilizadas para o dimensionamento dos ele-
mentos integrantes do sistema de drenagem e remoção de percolado.
Sistema de drenagem de gás. Devem ser apresentados os parâmetros 
e fórmulas utilizadas para o dimensionamento dos elementos 
integrantes do sistema de drenagem de gás.
Sistema de tratamento de percolado. Devem ser apresentados 
os parâmetros e fórmulas utilizadas para o dimensionamento dos 
elementos integrantes do sistema de tratamento de percolado.
Cálculo de estabilidade. Devem ser apresentadas as hipóteses, os 
parâmetros e as fórmulas utilizadas para o cálculo de estabilidade de 
taludes, bermas de equilíbrio e recalques diferenciais. 
• Cálculos de estimativa de lixo a ser gerado
Para fins de exemplificação, o dimensionamento e os principais cálculos serão 
apresentados considerando pequenos aterros construídos pelo método da trincheira 
ou valas. 
O objetivo do cálculo da estimativa de lixo é predizer a quantidade de resíduos 
gerados no município, considerando a geração atual e a geração futura, tendo em vista 
que o aterro continuará em funcionamento por alguns anos. Devem ser considerados 
o número de habitantes atual, a geração per capita de resíduos, obtida por processos 
de amostragem, o nível de atendimento atual dos serviços de coleta de lixo, a taxa 
de crescimento populacional, a taxa de incremento da geração per capita, o nível de 
atendimento dos serviços de coleta de lixo após um determinado número de anos e o 
intervalo de tempo que será considerado (VILHENA, 2018). Para o cálculo de resíduos 
atual, tem-se a Equação (1):
Geração atual = 
Enquanto para o cálculo da geração futura, tem-se a Equação (2):
Geração futura= 
Em que:
• O A representa o número de habitantes atual.
• O B representa a geração per capita de resíduos (kg/habitante/dia).
• O C0 representa o nível de atendimento atual dos serviços de coleta de lixo em 
porcentagem (%).
• O D representa a taxa de crescimento populacional em porcentagem (%).
• O E representa a taxa de incremento da geração per capita, também em porcentagem (%).
• O Ct representa o nível de atendimento dos serviços de coleta de lixo, após n anos, 
em porcentagem (%).
• O n representa o intervalo de tempo considerado em anos. 
98
A estimativa da massa e do volume de resíduos a serem gerados é uma etapa 
muito importante para o dimensionamento do aterro sanitário, pois é a partir desses 
dados que serão definidos os outros cálculos. De acordo com o Manual de gerenciamento 
integrado, essa projeção deve ser cuidadosamente realizada, possibilitando que a área 
definida tenha uma vida útil de operação de, no mínimo, dez anos, sendo a melhor forma 
de se conhecer as quantidades de lixo geradas e as flutuações que podem ocorrer em 
cada comunidade, por meio das pesagens periódicas (VILHENA, 2018).
• Dimensionamento de trincheiras ou valas
As trincheiras são escavações feitas no solo para o aterramento de resíduos. 
Esse é o método mais adequado para ser empregado em pequenos municípios. A NBR 
15849/2010 apresenta as diretrizes para localização, projeto, implantação, operação e 
encerramento de aterros sanitários de pequeno porte. 
De acordo com Castilhos Junior (2003), nas escavações, o solo retirado do local 
deve ser reservado para a utilização posterior na cobertura dos resíduos. As trincheiras 
têm formato de prisma, com profundidade que pode variar entre dois e três metros. 
Podem ter também formato de paralelepípedo, com as laterais verticais em relação ao 
fundo e inclinação 1:1 ou, ainda trapezoidais, com laterais um pouco inclinadas, entre 1:2 
e 1:3, no caso da utilização das mantas plásticas para impermeabilização. Os seguintes 
passos são adotados no dimensionamento das trincheiras:
• geração de resíduos: verificar a quantidade de resíduos que será encaminhada 
diariamente ao aterro;
• cobertura diária: utilizar entre 10 e 20 centímetros de solo local ou 25 % do volume 
de resíduos a serem aterrados;
• vida útil de cada trincheira: estimar como sendo de 2 a 4 meses;
• grau de compactação a ser realizado no aterramento dos resíduos: sem 
a compactação a densidade dos resíduos varia entre 100 e 150 kg/m³. Se a 
compactação for feita de forma manual, a densidade ficará entre 250 e 350 kg/m³;
• profundidade da trincheira: sugere-se de 2 a 3 metros, dependendo do nível do 
lençol freático e da camada de solo;
• forma da trincheira: definir qual será a forma utilizada, adotar uma das dimensões 
e realizar o cálculo da outra. 
Agora, como exemplo, realizaremos o dimensionamento de uma trincheira em 
formato de trapézio para um pequeno município (CASTILHOS JUNIOR, 2003): 
• Considerando uma população de 2.096 habitantes.
• A produção per capita diária de 0,135 kg por pessoa por dia.
• Multiplicando-se a população pela geração per capita e por 7 dias, teremos a geração 
de resíduos semanal: 1960 kg.
• Adotando-se uma quantidade de resíduos reciclados em cerca de 30 % do total, 
teremos 597,8 kg/semana.
99
• Descontando a quantidade de resíduos a serem reciclados e dividido por 7 dias, 
obtém-se a quantidade de resíduos a ser aterrado por dia: (1960 kg – 597,8 kg) / 7, 
que é igual a 194,6 kg/dia.
• Adotando-se uma vida útil de dois meses para a trincheira, multiplicaremos por 60 
dias para obtermos a quantidade total de resíduos a serem enterrados na trincheira: 
195 kg x 60 dias e teremos 11.700 kg.
• Considerando que a densidade de resíduos na trincheira será de 220 kg/m³, 
poderemos determinar o volume da trincheira:
• Considerando que a cobertura diária será de 25 %, teremos um volume de 53 m³ x 
25 %, igual a 13,25 m³ de cobertura.
• Adota-se a profundidade média da trincheira em 3,5 metros.
• Adota-se a largura da trincheira como sendo 6,0 metros no topo do trapézio e 2,0 
metros na base, portanto, a largura média será de 4,0 metros.
• Podemos calcular então o comprimento médio da trincheira pela fórmula: 
Volume = largura média x comprimento médio x altura
53 m³ = 4,0 metros x comprimento médio x 2,5 metros
Comprimento médio = 5,3 metros
• Considerando-se a inclinação dos taludes, teremos 7,3 metros de comprimento no 
topo do trapézio e 3,3 metros de comprimento na base.
• A dimensão final da trincheira será: forma trapezoidal, topo 6,0 x 7,3 metros; base: 
2,0 x 3,3 metros e profundidade de 2,5 metros. 
A Figura 1 ilustra o dimensionamento da trincheira trapezoidal. A partir do 
dimensionamento da trincheira, pode-se projetar o número de trincheiras que serão 
necessárias na área do aterro para que este receba resíduos durante todo o período de 
operação preedeterminado. 
100
Figura 1 – Detalhe de uma trincheira no formato trapezoidal
Fonte: Castilhos Junior (2003, p. 69)
• Dimensionamento de células
Para aterros de maior porte, podem ser utilizados os métodos construtivos da 
rampa e da área e, nesses casos, é importante ser calculada a chamada célula diária de 
lixo. De acordo com Vilhena (2018), as dimensões de uma célula diária de lixo podem ser 
estimadas pelas Equações 3, 4 e 5.
(Equação 3)
(Equação 4)
(Equação 5)
Em que:
• A letra h representa a altura da célula, em metros.
• O V representa o volume de resíduos da célula em m³, que é igual a geração de lixo 
em toneladas por dia (t/d) dividida pela densidade do lixo compactado (com valores 
médios de 0,7 t/m³).
• O p representa o talude da rampade trabalho e é igual a 3.
• O l representa a profundidade da célula em metros.
• O b representa a frente de operação, também em metros.
• Por fim, o A representa a área a ser coberta com terra em m². 
101
(Equação 6)
• Sistema de drenagem de águas pluviais
Este sistema busca coletar e desviar o escoamento superficial da água da 
chuva durante e após a vida útil do aterro, evitando a infiltração da chuva na massa 
de resíduos. O sistema deverá ser projetado observando-se o relevo do local. Para 
municípios de pequeno porte, o processo será simples, sendo construídas canaletas 
manualmente na direção preferencial do fluxo da água, direcionando os volumes para 
longe das trincheiras, evitando a infiltração na massa de resíduos e evitando a formação 
de poças no terreno, o que dificulta o acesso. Em aterros convencionais, o sistema de 
drenagem pode ser constituído de canaletas de concreto, com escadas d’água e tubos 
de concreto (CASTILHOS JUNIOR, 2003; VILHENA, 2018).
Para o cálculo da vazão de águas pluviais, utiliza-se o método Racional 
(VILHENA, 2018), representado na Equação 6: 
Em que:
• Q é igual a vazão a ser drenada em m³/s.
• C é igual ao coeficiente de escoamento superficial, adimensional e tabelado em 
função do tipo de cobertura do solo e declividade.
• I é igual a intensidade da chuva crítica (m/s).
• A é a área da bacia contribuinte em m².
É importante lembrar que a água da chuva não deve ser misturada com o lixi-
viado produzido no aterro, pois a água pluvial não necessita de tratamento, podendo 
ser lançada à drenagem natural, seguindo diretamente para o corpo hídrico próximo, 
apenas observando-se os cuidados necessários para evitar a erosão durante o escoa-
mento. Além disso, podem ser construídas canaletas de curta duração, que podem ser 
destruídas à medida que o aterro vai se alterando, ou canaletas definitivas que perma-
necerão ativas, mesmo após o encerramento das atividades do aterro (VILHENA, 2018). 
• Sistema de impermeabilização
O sistema de impermeabilização tem como função proteger a base do aterro, 
evitando que ocorra contaminação do solo e das águas subterrâneas pelo lixiviado 
gerado. A impermeabilização da parte inferior do aterro pode ser realizada utilizando 
camadas de solo impermeável, como a argila ou por meio da aplicação de geomembranas 
sintéticas, que são mantas impermeabilizantes. Podem ser utilizados ainda argilas 
expansivas (OBLADEN et al., 2016). 
Em determinados casos, se estiverem disponíveis dados geotécnicos 
confiáveis, espessura da camada do solo, granulometria do solo, coeficiente de 
condutividade hidráulica, distância do lençol freático, entre outros, a impermeabilização 
102
de fundo e laterais pode ser simplifi cada, sendo realizada apenas a compactação das 
camadas de solo no fundo das trincheiras. No entanto, nesses casos, é difícil garantir 
a impermeabilização completa e, por isso, tem sido utilizado revestimentos minerais ou 
sintéticos (CASTILHOS JUNIOR, 2003). 
O sistema de impermeabilização deve apresentar algumas características 
como a estanqueidade, durabilidade, resistência mecânica, resistência às condições do 
tempo e compatibilidade físico-química-biológica com os resíduos a serem aterrados 
e seus percolados. Dentre os materiais mais utilizados estão os solos argilosos, as 
argilas compactadas e as geomembranas. As geomembranas que têm se mostrado 
mais adequadas são a Polietileno de Alta Densidade (PEAD), por possuírem elevada 
resistência mecânica, durabilidade e alta compatibilidade com diversos tipos de resíduos 
e a geomembrana de PVC (VILHENA, 2018). 
Para o revestimento mineral, o solo deve ser compactado em camadas. Nos 
Estados Unidos, a espessura mínima exigida é de 60 centímetros. No procedimento, 
o solo solto é espalhado em camadas de espessura ideal de 20 centímetros sobre a 
superfície do terreno. Para esse processo, são utilizados rolos compactadores do tipo 
“pé de carneiro”, com um número mínimo de cinco passadas. Antes de ser aplicada 
a próxima camada, deve receber ranhuras para garantir que as camadas fi quem bem 
ligadas. Após a compactação, o solo deve ser protegido com uma lona plástica ou deve 
ser molhado periodicamente para evitar o ressecamento (CASTILHOS JUNIOR, 2003). 
De acordo com Castilhos Junior (2003), para o solo ser empregado no revesti-
mento mineral, deve possuir algumas características que são a porcentagem de fi nos 
entre 20 % e 30 %, a porcentagem de pedregulhos igual a 30 %, o índice de plasticidade 
entre 7 % e 10% e o tamanho máximo das partículas entre 25 milímetros e 50 milímetros. 
Na sequência, será apresentado o dimensionamento do revestimento mineral. 
“A plasticidade ou consistência de um solo defi ne a capacidade dos solos 
de serem moldados, sob certas condições de umidade, sem variação do 
volume sendo uma importante propriedade dos solos fi nos (argilas e siltes)” 
(CAPUTO, 1994 apud SILVA; MIRANDA, 2016, p. 3).
Fonte: https://bit.ly/3e5CYb4. Acesso em: 28 set. 2022.
NOTA
Inicialmente é recomendado que se adote 60 cm para a espessura da camada 
de impermeabilização. Para se calcular a área total de uma trincheira a ser revestida, 
divide-se a trincheira:
103
• Considerando que a base da nossa trincheira foi calculada como sendo 3,3 metros 
x 2 = 6,6 m².
• Como são duas laterais maiores, tem-se: diagonal = 3,2 x = 33,9 m².
• A diagonal é o comprimento do talude, desde a base até o topo.
• Temos também duas laterais menores, logo, repetindo-se a equação, teremos 3,2 
x = 25,6 m².
• Portanto, a área total a ser revestida será de 59,5 m² e o volume de solo necessário 
será 59,5 m² x 0,6 m de espessura, o que resulta em 35,7 m³. 
Normalmente, o revestimento com geomembrana é aplicado sobre uma camada 
de revestimento mineral, formando uma dupla proteção para casos de problema com a 
geomembrana. A superfície em que será aplicada a geomembrana deve estar lisa, sem 
pedras, raízes ou água em excesso. Na etapa de acabamento da compactação do solo, 
recomenda-se a utilização de um rolo compactador liso. Para a aplicação na trincheira, 
deve-se considerar 1,5 metro para a ancoragem de cada lado, ou seja, a fixação nas 
bordas da trincheira. Considerando a direção da largura da trincheira igual a: 2 x diagonal 
+ comprimento do fundo + 2 x ancoragem, tem-se: 2 x 3,2 +2 + 2 x 1,5 = 11,4 metros. 
Para a direção do comprimento, teremos 2 x diagonal + comprimento de fundo + 2 x 
ancoragem, igual a 2 x 3,2 + 3,3 + 2 x 1,5 = 12,7 metros. A área da manta então será 11,4 
m x 12,7 m = 145 m² (CASTILHOS JUNIOR, 2003).
• Sistema de cobertura do aterro 
A norma da NBR 15849/2010 define o sistema de cobertura operacional do aterro 
como a camada de material que é aplicada aos resíduos ao final de cada jornada de 
trabalho, destinada a minimizar a infiltração das águas da chuva, evitar o espalhamento 
de materiais leves pela ação do vento, a presença de animais, a proliferação de vetores 
e a emanação de odores (ABNT, 2010).
A partir disso, podemos verificar que a cobertura do aterro é um sistema também 
de grande importância em um aterro sanitário, pois diminui a quantidade de lixiviado 
gerada por diminuir a infiltração de chuva e evitar impactos negativos. 
A cobertura no aterro pode ocorrer em três diferentes etapas. Diariamente, é 
aplicada uma camada de cerca de 0,20 m de espessura solo, assim que é finalizada a 
disposição de resíduos naquele dia. Quando a deposição do lixo precisar ser interrompida 
temporariamente, por mais de um mês, é aplicada uma cobertura intermediária. Já a 
cobertura final só ocorre quando a célula ou a trincheira tiver esgotado a sua capacidade 
e for fechada, por isso, nessa camada, recomenda-se a utilização da cobertura vegetal, 
ou seja, de plantas, que contribuirão também auxiliando na evapotranspiração da água 
da chuva. Normalmente, é utilizada para a cobertura o próprio solo do local, que foi 
retirado na construção das trincheiras (VILHENA, 2018).
104
• Cálculo de estabilidade dos taludes
De acordo comDamasceno e Ferreira (2018), a estabilidade dos taludes merece 
atenção, pois está relacionada à ruptura da massa de resíduos sólidos urbanos em 
aterros sanitários. Essa ruptura é causada por um cisalhamento. Em outras palavras, 
pode ocorrer o deslizamento do aterro sanitário causando, inclusive, acidentes. 
A norma NBR 11682/2009 trata da estabilidade de encostas e tem sido usada 
para o cálculo de estabilidade de taludes de aterro sanitário, uma vez que não existe 
uma norma específica para aterros. No entanto, segundo Damasceno e Ferreira (2018), 
a análise de estabilidade dos aterros pode se tornar complexa, uma vez que o material 
é heterogêneo. 
A análise da estabilidade de encostas é feita por meio de avaliações e medições 
no local, seguidas de cálculos matemáticos que visam à determinação de um fator de 
segurança, determinado por FS. Caso o fator de segurança resulte em valores maiores 
do que um, a obra pode ser considerada estável, se o valor for igual a um, pode ocorrer 
a ruptura do talude (ABNT, 2009; DAMASCENO; FERREIRA, 2018). 
“Qualquer maciço de solo ou rocha com superfície inclinada pode ser 
denominado de talude. Sendo ele conhecido como encosta, em local com 
inclinação natural, ou como aterros e cortes, para taludes construídos” 
(DAMASCENO; FERREIRA, 2018, p. 4).
NOTA
2.1.3 Cronograma de execução e estimativa de custos
Deve ser apresentado ainda, na etapa final do projeto, um cronograma 
detalhado contendo todas as fases para a execução, além de uma planilha de custos, 
em que devem ser apresentados, em detalhes, os custos de implantação, operação, 
manutenção, materiais e outros (VILHENA, 2018).
Dentre os custos considerados para a construção do aterro, devem ser incluídos 
os serviços de terraplanagem, construções de estradas, obras de drenagem e serviços 
básicos, materiais de construção utilizados, mão de obra e custos de equipamentos 
e manutenções. É importante ressaltar também que a compra da área representa um 
dos maiores gastos na implementação de aterros. No entanto, devem ser considerados 
custos de limpeza da área, construção de portarias, vestiários, banheiros e a construção 
dos elementos de projeto previstos. Por fim, as atividades de operação e encerramento 
do aterro apresentarão custos que devem ser contabilizados (CASTILHOS JUNIOR, 2003).
105
2.2 ATERRO INDUSTRIAL: PROJETO
Conforme já comentamos, um aterro industrial também pode ser considerado 
um aterro para resíduos perigosos, tendo em vista que essa é a característica 
apresentada por grande parte dos resíduos industriais. De acordo com Obladen et al. 
(2016), os resíduos perigosos são gerados em pequenas quantidades pela comunidade 
em geral, sendo realmente as unidades industriais as principais geradoras desse tipo 
de resíduo, embora as quantidades ainda sejam pequenas quando comparados aos 
resíduos sólidos domiciliares, aqueles originados nas nossas residências.
O projeto de aterros sanitários industriais apresenta algumas particularidades, 
principalmente relacionadas aos tipos de resíduos que serão recebidos, sendo necessária 
uma investigação prévia das características destes. Também são demandadas condições 
diferenciadas para as camadas de impermeabilização. Outro ponto de bastante atenção 
está relacionado aos sistemas de segurança, como alertas, planos de emergência e 
treinamento de funcionários. 
2.2.1 Informações sobre projeto e operação de aterros 
industriais 
De forma geral, o projeto de um aterro industrial é similar ao do aterro 
convencional com relação aos elementos exigidos, porém, de acordo com Tocchetto 
(2005), os aterros industriais requerem projeto e execução mais elaborados devido 
ao tipo de resíduos que receberão. Serão destacadas, neste subtópico, portanto, os 
principais pontos que o diferenciam dos aterros convencionais. 
A norma que trata do projeto de aterros perigosos é a NBR 10157/1987. 
Inicialmente, ela indica que um aterro para resíduos perigosos deve possuir uma cerca 
que feche completamente a área de operação, evitando a entrada de pessoas ou 
animais, um portão com controle de acesso, sinalização nas entradas e nas cercas com 
a indicação de “Perigo – não entre” e uma cerca viva de arbustos ao redor da instalação, 
quando for necessário (ABNT, 1987). 
Com relação aos acessos do aterro de resíduos perigosos, como entradas e 
portões, não devem ficar exposto às condições climáticas, como chuva, sol e ventos. 
O local deve possuir iluminação e energia para possibilitar o uso de equipamentos 
em casos de emergências, inclusive, à noite e um sistema de comunicação interno e 
externo para poder ser utilizado em emergências (ABNT, 1987). 
Outra questão interessante abordada pela NBR 10157/1987 é sobre a análise 
dos resíduos. Todos os resíduos que chegam no aterro precisam ter suas características 
físicas e químicas investigadas, para que, então, sejam gerenciados de maneira adequada. 
Além disso, deve ser projetado um laboratório para a realização das análises. Indica-se 
106
que seja realizado um plano para a análise dos resíduos que contenha: a descrição do 
resíduo quanto a seu aspecto e geração, os procedimentos para amostragem, quais 
parâmetros serão avaliados, a justificativa e o método, a caracterização do resíduo com 
relação à periculosidade e a incompatibilidade com outros resíduos (ABNT, 1987). 
Para auxílio na caracterização dos resíduos, pode ser utilizada a NBR 
10004/2004, já comentada anteriormente. Segundo Tocchetto (2005), no entanto, não 
devem ser dispostos em aterros industriais materiais, como ácidos, bases fortes, com-
postos orgânicos muito solúveis e voláteis, materiais inflamáveis, explosivos e radioati-
vos. A alternativa é a aplicação de alguns processos de tratamento como estabilização, 
encapsulamento, solidificação e vitrificação para, então, poder ser feita a disposição 
desses resíduos. 
É ressaltada também pela NBR 10157/1987 a necessidade de realização de 
treinamento com os funcionários para garantir o correto funcionamento do aterro, 
inclusive, no atendimento às emergências.
Alguns dos cuidados mais importantes a serem tomados no projeto de aterro in-
dustrial estão relacionados à impermeabilização do aterro e às drenagens. A camada de im-
permeabilização deve ser construída com materiais quimicamente compatíveis, que resiste 
às pressões, ao contato físico com o líquido percolado ou ao próprio resíduo, às condições 
climáticas e às tensões de instalação ou diárias. A impermeabilização deve ser instalada 
cobrindo toda a área para que o resíduo não entre em contato com o solo (ABNT, 1987).
Normalmente, aterros construídos para o recebimento de resíduos perigosos são 
projetados como valas. Com relação aos aspectos geológicos e climáticos que podem ser 
variáveis, são recomendados alguns critérios. Caso esses aspectos sejam considerados 
favoráveis, como solo argiloso com coeficiente de permeabilidade igual ou menor do que 
1x10-7 cm/s e evapotranspiração anual que exceda a precipitação anual em, pelo menos, 
500 mm, o aterro industrial será construído da mesma forma que convencional, devendo 
ser respeitadas as regras de operação. A distância mínima entre a base do aterro e o nível 
mais alto do lençol freático deve ser de 4,5 metros (OBLADEN et al., 2016).
Por outro lado, de acordo com Obladen et al. (2016), caso as condições climáticas 
não forem satisfatórias, o projeto deve prever uma impermeabilização superior do aterro 
para que não ocorra infiltração de água pelos resíduos. Caso as condições geológicas 
não sejam satisfatórias, ou ambas as condições – geológicas e climáticas –, deve-se 
prever a impermeabilização de toda a superfície inferior do aterro, com sistema de 
coleta e remoção dos líquidos gerados. Conforme as condições geológicas e grau de 
periculosidade dos resíduos, existem duas alternativas de projeto:
• com impermeabilização inferior com uma camada de, no mínimo, 1,5 metros de 
espessura de solo argiloso compactado, com coeficiente de permeabilidade menor 
ou igual a 1x10-7cm/s;
107
• ou impermeabilização inferior equipada com um sistema que consiga detectar e re-
mover o lixiviado no caso de ocorrer danificação da impermeabilização, sendo cons-
tituído por uma camada de, no mínimo, 0,15 metros de espessura de solo arenoso, 
que facilitará o escoamento rápido dos lixiviados até os tanques de coleta e remo-
ção. A camada de impermeabilização deve ter coeficiente de permeabilidade igual 
ou equivalente a 1x10-12 cm/s sobre toda a superfície inferior do aterro. Além disso, 
recomenda-se uma camada de solo compactado de espessura mínima de 1 metro e 
coeficiente de permeabilidade menor ou igual a 1x10-7 cm/s (OBLADEN et al., 2016). 
Com relação à drenagem para coleta e remoção do lixiviado gerado, a NBR 
10157/1987 ressalta que o sistema deve ser instalado imediatamente acima de 
impermeabilização, devendo ser dimensionado para que não se forme uma lâmina 
líquida de percolado, ou seja, não se acumule mais do que 30 centímetros sobre a 
impermeabilização. O material do sistema deve ser quimicamente resistente ao resíduo 
e ao lixiviado e resistente às possíveis pressões da operação. Ainda, o sistema deve 
ser projetado para que não entupa durante o período de operação e até mesmo após o 
encerramento do aterro (ABNT, 1987).
Na etapa de operação dos aterros de resíduos industriais, também podem ser 
destacadas algumas questões como a aplicação diária sobre os resíduos depositados 
de uma camada de no mínimo 0,15 m de material inerte, por exemplo. Todo o recipiente 
que contiver resíduo líquido deve ser envolvido em uma quantidade de material inerte, 
que possa absorver todo o seu conteúdo. Caso o resíduo permaneça sem receber 
outra camada de resíduos por mais de uma semana, ele deve receber uma camada de 
cobertura de material inerte de, no mínimo, 0,30 m de espessura (OBLADEN et al., 2016).
Ainda com relação à operação, a norma NBR 10157/1987 ressalta que não 
podem ser recebidos resíduos inflamáveis ou reativos nos aterros de resíduos perigosos. 
Tais resíduos só poderão ser recebidos caso passem por um tratamento prévio como 
neutralização, diluição, absorção, entre outros. Assim, após o tratamento, a mistura não 
deve possuir mais a característica de inflamabilidade ou reatividade (ABNT, 1987).
Considerando a disposição de resíduos líquidos, recomenda-se que resíduos 
que apresentem menos de 15 % de sólidos totais (em massa) não podem ser dispostos 
diretamente nos aterros, pois não suportam cobertura. Por outro lado, a codisposição 
desses resíduos que tenham menos de 15% de sólidos em células com outros resíduos 
deve ser estudada com cautela, para que não ocorra o extravasamento do aterro ou 
uma geração de lixiviados em excesso (ABNT, 1987).
108
O processo de codisposição ocorre “quando a mistura rejeito-rejeito ou 
rejeito-estéril for realizada previamente ou efetivada no próprio ambiente 
da disposição. Quando os materiais estéreis e os rejeitos forem dispostos no 
mesmo espaço físico, sem, contudo, precisar misturá-los, tem-se a técnica 
defi nida por disposição compartilhada” (PEIXOTO, 2012 apud SILVA 2014).
Fonte: SILVA, R. K. A. Codisposição e disposição compartilhada de rejeitos e 
estéreis em cava exaurida. 2014. 158 f. Dissertação de (Mestrado em Engenha-
ria Geotécnica) – Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2014. Disponível 
em: https://bit.ly/3CzHat1. Acesso em: 28 set. 2022.
NOTA
Outro ponto relevante na etapa de operação do aterro é relativo à disposição 
de embalagens dos resíduos perigosos, uma vez que as embalagens podem ser 
consideradas igualmente perigosas. De acordo com a NBR 10157/1987, as embalagens 
podem ser dispostas com os resíduos, desde que, se estiverem vazias, tenham o volume 
reduzido ao mínimo possível e, caso estejam cheias com o resíduo, devem alcançar 90% 
de sua capacidade. 
Para as emissões gasosas, recomenda-se que todo aterro seja projetado de 
forma que emissões sejam minimizadas e as eventuais gerações sejam dispersadas, 
porém, tendo em vista as características dos resíduos industriais, que em sua maioria 
não são orgânicos ou biodegradáveis, a geração de gases deve ser reduzida em 
comparação aos aterros sanitários convencionais (ABNT, 1987). 
2.2.2 Inspeção e manutenção no aterro de resíduos 
perigosos
A fi m de identifi car e corrigir possíveis problemas que possam causar acidentes que 
prejudiquem o meio ambiente e a saúde humana, o proprietário ou encarregado do aterro 
sanitário de resíduos perigosos deve realizar inspeções. Assim como em muitas outras eta-
pas, deve ser organizado um plano para a inspeção, para que sejam verifi cados o monito-
ramento das águas superfi ciais e subterrâneas e de drenos, diques e bombas, por exemplo. 
No plano, deve constar a frequência da inspeção, considerando qual a probabilidade de 
ocorrerem falhas e os problemas que possam ser encontrados durante a inspeção, como 
bombas paradas ou vazando, erosão nos diques ou drenos entupidos (ABNT, 1987).
A norma NBR 10157/1987 também recomenda que o empreendimento do 
aterro sanitário de resíduos perigosos deve manter um registro da sua operação, que 
necessita ser preenchido até o fi m da sua vida útil e inclusive, após o encerramento. 
Neste registro deve constar a descrição e quantidade de cada resíduo perigoso 
que foi recebido e a sua data, a indicação do local onde o resíduo foi disposto e a 
109
quantidade, o resultado das análises que foram realizadas no resíduo, o registro das 
inspeções realizadas e de incidentes que ocorreram, também com as datas, por fim, 
as informações sobre o monitoramento das águas superficiais e subterrâneas e dos 
efluentes gasosos que forem gerados. Ao final de cada ano, deve ser preparado ainda 
um relatório anual, apresentando a quantidade de resíduos que foi recebida no período 
(no ano e acumulada) e do tratamento aplicado a cada resíduo perigoso e, mais uma 
vez, as informações sobre o monitoramento das águas e efluentes gasosos. 
2.2.3 Segurança do aterro de resíduos perigosos 
Sobre a segurança do aterro, também são apresentadas várias questões pela 
NBR 10157/1987. Inicialmente, recomenda-se que o aterro seja operado de forma que 
minimize os riscos de ocorrência de fogo, explosões, derramamentos ou vazamentos 
de substâncias perigosas no ar, na água ou no solo, justamente porque podem causar 
riscos à saúde e ao meio ambiente. As principais recomendações serão descritas a 
seguir (ABNT, 1987):
• Segregação de resíduos: algumas substâncias ao serem misturadas podem 
causar fogo, liberação de gases tóxicos ou lixiviação de substâncias tóxicas e, por 
isso, não podem ser colocadas em contato. A norma apresenta uma tabela indicando 
a incompatibilidade de alguns resíduos. Alguns exemplos são resíduos do Grupo 1A, 
como líquidos de limpeza alcalinos, águas residuárias alcalinas, lama de cal e outros 
álcalis corrosivos que não devem ser misturados com resíduos do Grupo 1B, como 
lamas ácidas e ácidos de baterias, pois podem gerar calor e uma reação violenta. A 
mistura de resíduos de pesticidas com solventes em geral pode gerar substâncias 
tóxicas em caso de explosão. Álcoois e soluções aquosas misturados com cálcio, 
lítio, potássio e sódio, por exemplo, podem causar fogo, explosão, geração de calor 
e geração de gases inflamáveis e tóxicos. Outras misturas podem até causar reação 
violenta, por isso é tão importante a caracterização prévia dos resíduos.
• Plano de emergências: indica as ações a serem tomadas de forma coordenada, 
no caso de acidentes. Devem existir informações sobre possíveis acidentes e ações 
que devem ser realizadas, pessoas que atuarão como coordenadores de emergên-
cias, lista do equipamento de segurança disponível, com localização e descrição.
• Dando continuidade ao atendimento a emergências, cada aterro de resíduos 
perigosos deverá ter um funcionário que será o coordenador de emergências, 
que deverá conhecer o plano de emergências, as condições dos resíduos e deve 
liderar a execução do plano, caso seja necessário.
• A instalaçãodeve possuir todos os equipamentos de segurança necessários. 
O plano de emergências deve conter: equipamentos, aparelhos e métodos para 
alarmes e comunicação interna e externa, equipamento para controle de incêndios 
e derramamentos e equipamento para descontaminação. Telefones e endereços de 
bombeiros, órgãos ambientais, pronto-socorro e médicos, defesa civil e polícia. Deve 
110
conter também os procedimentos para casos de incêndios, explosões, liberações de 
gases e vazamento de líquidos. A cópia do plano deve estar em local de fácil acesso 
para que todos os funcionários tenham conhecimento dele. 
2.2.4 Análise de estabilidade do aterro de resíduos perigosos 
Apesar de não ser mencionado na norma NBR 10157/1987, a estabilidade de 
aterros perigosos também é uma questão importante que deve ser monitorada. De 
acordo com Fayer et al. (2018), para a análise da estabilidade de taludes de aterros 
sanitários, deve ser levado em consideração a composição do aterro, que é bastante 
heterogênea, tanto em aterros da Classe I, os perigosos, tanto os da Classe II, não 
perigosos. Essa questão da heterogeneidade dificulta as análises que devem ser feitas 
para a avaliação da estabilidade. 
Uma análise em um aterro sanitário da Classe I foi conduzida por Fayer et al. 
(2018), que apresentaram um levantamento de dados operacionais, levantamento 
topográfico e monitoramento geotécnico e, a partir de parâmetros de resistência como 
coesão, ângulo de atrito e peso específico dos resíduos, realizaram uma modelagem 
geotécnica. Portanto, de forma computacional, puderam avaliar a estabilidade dos 
taludes do aterro que, para o aterro do estudo, foi considerado satisfatório, ratificando o 
projeto e as boas práticas de engenharia executadas no local. 
2.2.5 Encerramento do aterro de resíduos perigosos
Segundo Obladen et al. (2016), no momento do encerramento, uma camada de 
cobertura final deve ser aplicada no aterro, com, pelo menos, 0,30 m de solo argiloso 
compactado. Em seguida, essa primeira camada deverá receber uma segunda camada 
de qualquer tipo de solo, porém mantendo-se, pelo menos, 0,30 m de espessura, 
sendo, então, realizada a plantação de grama. Deve ser evitado, no entanto, o plantio de 
vegetação com raízes profundas. 
Além disso, o proprietário ou o operador do aterro precisa manter o sistema de 
coleta de líquidos percolados, o sistema de coleta de gases (quando houver), o sistema 
de monitoramento do aquífero e a integridade do aterro, com a verificação dos taludes 
e cobertura, por exemplo, além do isolamento da área, por, no mínimo, 20 anos após o 
encerramento das atividades (OBLADEN et al., 2016). 
É indicado também que seja preparado um plano para o encerramento do aterro, 
o qual deve conter os processos e fases indispensáveis para o fechamento, o projeto 
e a implementação da cobertura final, com enfoque para a diminuição da infiltração de 
águas pluviais na célula. O projeto da camada de cobertura deve ser elaborado prevendo 
ainda uma manutenção simples, cuidados para evitar erosão e deve apresentar um 
coeficiente de permeabilidade menor que o solo do aterro. Deve ser prevista ainda a 
111
data para início do processo de fechamento, a estimativa dos tipos e quantidades de 
resíduos que estarão no aterro, qual o uso programado para a área após o fechamento, o 
monitoramento das águas, as atividades de manutenção e os recursos financeiros que 
serão necessários para essa etapa (ABNT, 1987).
2.3 SISTEMA DE COLETA DE EFLUENTES LÍQUIDOS E 
GASOSOS
Os efluentes líquidos, também denominados de lixiviados, percolados ou 
popularmente “chorume”, e os gases gerados nos aterros sanitários podem ser 
considerados subprodutos da decomposição dos resíduos sólidos do aterro. A geração 
desses compostos é uma característica ou pode ser considerada uma consequência 
do processo de aterramento dos resíduos e, por isso, também precisamos providenciar 
um gerenciamento adequado. Dessa forma, vamos continuar evitando a contaminação 
causada não só pelos resíduos, mas também pelos seus subprodutos. 
2.3.1 Sistema de coleta de efluentes líquidos
Iniciaremos este subtópico definindo e relembrando alguns conceitos 
relacionados aos efluentes líquidos gerados em aterros sanitários. De acordo com 
Gomes (2009), o lixiviado é composto pelos líquidos gerados a partir da decomposição 
da parte orgânica dos resíduos sólidos, juntamente com a água da chuva que penetra 
no aterro. Essa água da chuva, pode carregar ainda substâncias orgânicas e inorgânicas. 
Sendo assim, o volume de lixiviado gerado no decorrer do tempo, está muito associado 
com a quantidade de água pluvial que percola pelo aterro. Por outro lado, a composição 
do lixiviado está associada com as características físicas, químicas e biológicas dos 
resíduos sólidos que estão sendo dispostos no aterro.
Uma questão que podemos antecipar no conteúdo é o potencial poluidor que 
o lixiviado gerado no aterro sanitário apresenta, pois é formado por uma infinidade 
de substâncias. Devido a isso, segundo Gomes (2009), o lixiviado pode causar danos 
ambientais caso venha a atingir o solo, o lençol freático ou as águas superficiais. Esses 
danos podem alcançar a comunidade animal e vegetal aquática, inclusive, os seres 
humanos que possam utilizar a água contaminada. 
A partir disso, fica muito claro porque o sistema de coleta de efluentes líquidos do 
aterro sanitário também é um componente de projeto muito importante. Além do potencial 
de contaminação do meio ambiente, existem motivos operacionais para que seja feita a 
drenagem ou coleta do lixiviado, gerado nas células ou nas trincheiras de um aterro.
De acordo com Vilhena (2018), a tubulação de drenagem recolhe e direciona o 
lixiviado para o tratamento e essa ação diminui a pressão que o efluente gerado entre as 
camadas de lixo. A remoção do lixiviado também atenua as chances desse líquido alcançar 
112
as camadas mais profundas do solo. Além disso, a remoção do lixiviado é relevante para 
evitar que devido às características do líquido ocorra a deterioração de componentes do 
aterro, como a estrutura de impermeabilização, por exemplo (VILHENA, 2018).
O sistema de coleta de efluentes líquidos, também pode ser chamado de 
sistema de drenagem e remoção de lixiviado ou percolado. Esse sistema também deve 
fazer parte do projeto de um aterro sanitário e, sendo assim, é abordado pela norma 
NBR 8419/1992, devendo ser incluído no memorial descritivo e no memorial técnico. 
Segundo a norma, é preciso apresentar todos os detalhes dos constituintes do sistema 
de coleta, com a proposição do volume de lixiviado a ser gerado, como os dispositivos 
que serão alocados na planta do aterro, as dimensões, os materiais a serem empregados 
e os cortes e especificações exigidos (ABNT, 1992). 
A coleta do lixiviado pode ser realizada utilizando drenos de material filtrante com 
um tubo perfurado, que direcionará os líquidos para um tanque chamado de tanque de 
acumulação ou poço de captação, de onde serão enviados para o tratamento. É importante 
que os materiais utilizados sejam resistentes para não serem danificados pelo lixiviado. Por 
exemplo, os seixos de rios podem ser mais resistentes e, portanto, mais recomendados 
que as pedras britas (VILHENA, 2018). Mesmo assim, as pedras britas ainda são muito 
utilizadas. De acordo com Castilhos Junior (2003), para pequenas comunidades, pode ser 
adotado um leito de 30 centímetros de pedra brita de tamanho 1 ou 2, em todo o fundo 
da trincheira ou uma canaleta central (com pedra brita tamanho 3) e uma inclinação de 
fundo da trincheira de 1%, para facilitar o escoamento. Para a captação dos lixiviados, 
deve ser usada uma tubulação de PVC de 40 milímetros perfurada de aproximadamente 
2 metros, que será disposta sob a brita. A Figura 2 exemplifica esse sistema. 
Figura 2 – Tubulação perfurada disposta sobre a brita para coleta de lixiviado
Fonte: Castilhos Junior (2003, p. 83)
113
Figura 3 – Sistema de drenagem de lixiviado em formato deespinha de peixe
Fonte: https://bit.ly/3yf6LVO. Acesso em: 28 set. 2022.
A tubulação usada para captar o lixiviado passará pela geomembrana de 
impermeabilização por meio de um flange. A parte final do sistema é em um poço de 
captação, para o qual normalmente é utilizado um tubo pré-fabricado de concreto com 
1 metro de diâmetro, colocado sobre uma base de cimento. Dentro desse poço deverá 
ser instalado um registro para controlar o fluxo do lixiviado. O poço deve ser instalado no 
ponto mais baixo do terreno para que a drenagem dos lixiviados ocorra de forma natural, 
por gravidade e sem bombeamento (CASTILHOS JUNIOR, 2003). 
Em aterros de maior porte, como no caso de aterros em rampa, o sistema de coleta 
de lixiviado precisa ser aplicado em todas as camadas de lixo. Normalmente, os tubos 
são instalados em canais cavados no solo ou acima da camada de impermeabilização 
e são completadas com material filtrante. Os drenos são comumente projetados em 
forma de “espinha de peixe”, com drenos secundários conduzindo os líquidos coletados 
para um dreno principal que levará ao poço de captação, sendo direcionados para o 
sistema de tratamento (VILHENA, 2018; LANGE et al., 2006). A Figura 3 ilustra o sistema 
de drenagem no formato de espinha de peixe.
Para a realização do dimensionamento desse sistema, é essencial conhecermos 
a vazão de lixiviado a ser drenada e as condições geométricas da massa de lixo. Sua 
concepção dependerá da alternativa de tratamento adotada para o aterro sanitário 
(VILHENA, 2018). De qualquer forma, o cálculo inicia-se com a vazão de lixiviado de 
acordo com a Equação 7 (CASTILHOS JUNIOR, 2003): 
(Equação 3)
114
Em que:
• O P representa a precipitação média anual em mm/ano.
• O Q representa a vazão média em L/s.
• O A representa a área da trincheira em m².
• O t representa o número de segundos em um ano (31.536.000).
• O K é um coeficiente que depende do grau de compactação dos resíduos.
Aterros fracamente compactados, com densidade dos resíduos entre 400 e 700 
kg/m³ possuem coeficiente de compactação entre 0,25 e 0,5. Se o aterro for fortemente 
compactado, os resíduos apresentando densidade maior do que 700 kg/m³, os valores 
de K ficam entre 0,15 e 0,25.
 
Considerando a área da trincheira calculada anteriormente, de 43,8 m², uma 
precipitação anual média de 1500 mm, e adotando-se um valor de K de 0,5, a vazão de 
lixiviados será igual a: 
= 0,0014 L/s
Se o lixiviado for removido da trincheira após o período de dois meses, haveria 
um total de 5,2 m³ para ser retirado. Por outro lado, se o lixiviado se acumular no fundo 
da trincheira, resultaria em uma altura de 20 centímetros. Para o dimensionamento do 
dreno adotado, utiliza-se a Equação 8: 
Q = V x A (Equação 8)
Em que:
• Q é igual a vazão em m³/s.
• A é a área da seção transversal em m² e igual a πR².
• V é a velocidade de escoamento em m/s, que fica na faixa de 1 a 5 m/s.
Substituindo a fórmula da área na Equação 8, adotando-se a velocidade de 
escoamento de 2 m/s e dividindo-se a vazão de 0,0014 L/s por 1000 para converter em 
m³/s, tem-se o valor do raio necessário para a tubulação:
, ou seja, , R = 0,0004 m = 0,04 cm = 0,4 mm
Nesse caso, como o volume de lixiviado a ser gerado foi muito pequeno, o 
raio necessário da tubulação para conduzir a vazão seria de apenas 0,4 mm, portanto, 
adota-se o menor diâmetro comercial para a tubulação, que provavelmente seria o de 
20 milímetros. 
115
2.3.2 Sistema de coleta de gases
Os gases gerados no aterro sanitário são também chamados de biogás e, assim 
como o lixiviado, são provenientes da decomposição da matéria orgânica que ocorre no 
sistema. É importante fazer essa coleta, pois esses gases podem migrar pelo subsolo, 
acumulando-se em redes de esgoto, fossas, poços e até abaixo de edificações (VILHENA, 
2018). Como o biogás é inflamável, o acúmulo dos gases gerados pode representar um 
perigo nas imediações do aterro, pois, de acordo com Lange et al. (2006), a existência 
desses bolsões internos de gás pode gerar incêndios ou explosões e até agravar 
problemas de instabilidade no aterro. 
Sendo assim, toda migração do gás deve ser controlada pela rede de drenagem, 
que deve ser instalada em diversos pontos no aterro. Normalmente, esses drenos 
atravessam todo o aterro no sentido vertical, desde a base impermeabilizada até o topo 
da camada de cobertura. Além dos drenos verticais, podem ser projetados também os 
drenos horizontais para drenar de forma mais eficiente. No caso de aterro em valas, os 
drenos podem ser construídos na parte central e nas laterais, facilitando a exaustão dos 
gases. Em aterros muito pequenos, o sistema de gases pode ser dispensado pelo órgão 
ambiental. O dimensionamento desses drenos depende da vazão de biogás gerada, que 
precisará ser drenada (VILHENA, 2018). 
A previsão da geração de gases, no entanto, não é uma tarefa muito simples, 
muitos estudos têm sido feitos baseados na biodegradabilidade dos resíduos ou em 
métodos estequiométricos. Uma das alternativas apontadas pela literatura é que cada 
quilo de resíduos aterrado tem potencial para gerar um volume de 0,4 m³ de biogás. 
Outros autores sugerem a instalação de um dreno para cada 7.500 kg de resíduos 
aterrados (CASTILHOS JUNIOR, 2003). 
Um método de cálculo apresentado por Castilhos Junior (2003) considera as 
porcentagens de resíduos facilmente biodegradáveis e moderadamente biodegradáveis 
para estimar a produção de biogás. Considerando-se que em uma célula de aterro 
63,4 % dos resíduos dispostos são biodegradáveis e, deste total, 56,7 % são facilmente 
biodegradáveis e 6,7 % são moderadamente biodegradáveis, estima-se que para uma 
tonelada de resíduos, sejam produzidos 50 m³ de biogás, sendo 44,7 % da fração 
facilmente biodegradável e 5,3 % da fração moderadamente biodegradável.
 
Os drenos para o gás são normalmente tubos perfurados em linha, sobrepostos 
e envoltos por uma camada de brita, de espessura igual ao diâmetro do tubo. Um 
exemplo da construção de dreno e queimador de gases é apresentado na Figura 4.
116
Figura 4 – Exemplo de dreno e queimador de gás para aterros sanitários
Fonte: http://tics.ifsul.edu.br/matriz/conteudo/disciplinas/dfr/ud/4/5.html. Acesso em: 28 set. 2022.
Os tubos atravessam de forma vertical a massa de resíduos que estão sendo 
aterrados, constituindo uma chaminé. As chaminés podem ser construídas com manilhas 
drenantes de concreto armado, preferencialmente perfuradas, de 50 centímetros de 
diâmetro, espaçados entre 50 e 60 centímetros entre si e executados com pedra brita 
ou rachão. Existem duas formas de se executar os drenos de gás, sobe-se o dreno 
à medida que o aterro vai evoluindo e subindo ou escava-se a célula encerrada para 
implantar o dreno. Na ponta dos drenos, usualmente são instalados queimadores para 
que ocorra a queima do metano e sua transformação em dióxido de carbono. Em geral, o 
sistema de drenagem é do tipo aberto, com queimadores do tipo “flare”. Uma vez aberto 
o dreno, o solo ao seu redor deve ser aterrado com uma camada de argila, para evitar 
que o gás se disperse na atmosfera (MONTEIRO, 2001; LANGE et al., 2006; CASTILHOS 
JUNIOR, 2003; VILHENA, 2018). 
117
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:
• Como é definido o aterro sanitário, quais são os seus principais aspectos e o que 
deve ser abordado na realização de um projeto de aterro sanitário. Como pontos 
principais, pode ser destacado o memorial descritivo, contendo dados essenciais, 
as características do local, os princípios técnicos do projeto e a justificativa, a 
explicação e o detalhamento dos elementos do projeto, os dados sobre a operação 
do aterro e o uso previsto para a área após o encerramento. No memorial técnico, 
deve ser apresentado o dimensionamento e os cálculos fundamentais para todos os 
elementos do projeto de um aterro sanitário.
• As diferenças de um projeto de aterro sanitário para um projeto de aterro industrial, 
com destaque para as exigências mais rigorosas, tanto na fase deprojeto quanto na 
fase de operação. Ressaltou-se também a necessidade de inspeção, manutenção e 
procedimentos para manter a segurança neste tipo de aterro que costuma receber 
resíduos perigosos.
• Que o dimensionamento, tanto dos sistemas de coletas de efluentes líquidos quanto 
os sistema de efluentes gasosos dependem das estimativas de geração dessas 
substâncias e é fundamentalmente baseado na utilização de tubulações que serão 
projetadas e construídas nos aterros, para captar o lixiviado e o biogás gerados nos 
aterros sanitários e encaminhá-los para tratamento. 
118
AUTOATIVIDADE
1 Na implementação de um aterro sanitário, usualmente precisa ser decidido qual será 
a metodologia que o aterro será operado e qual será a linha de tratamento utilizada. 
Essas escolhas normalmente são apresentadas na fase de concepção técnica e 
justificativa do projeto, apresentadas no memorial descritivo. Sobre esses elementos, 
assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As únicas opções disponíveis para a linha de tratamento são a digestão aeróbia e 
a digestão anaeróbia, sendo que esta última é a mais utilizada no Brasil.
b) ( ) Para a metodologia de operação, podem ser adotados os métodos da trincheira 
ou vala, método da rampa ou tratamento por digestão semianaeróbia.
c) ( ) O método da rampa também é chamado de escavação progressiva e ocorre pela 
escavação da rampa. É mais utilizado em áreas de meia encosta, com condições 
de escavação.
d) ( ) O método da área é utilizado em locais com topografia plana e lençol freático 
profundo.
2 O memorial descritivo é um dos itens exigidos para o projeto de aterros sanitários. 
Entre as informações necessárias para esse item, estão a descrição e especificações 
dos elementos do projeto. Sobre esses elementos, analise as sentenças a seguir:
I- O sistema de drenagem superficial será projetado para remover o lixiviado gerado na 
decomposição dos resíduos e, então, direcioná-lo para o sistema de tratamento. 
II- A impermeabilização do aterro tem como objetivo a proteção do solo e dos cursos 
d’água da contaminação. 
III- O único objetivo do componente de cobertura dos resíduos sólidos é evitar que 
o biogás seja liberado para a atmosfera, fazendo com que ele seja encaminhado 
diretamente para o sistema de drenagem de gases.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) A sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) A sentença III está correta.
3 O método das trincheiras é uma das formas de operação dos aterros sanitários. As 
trincheiras são escavações feitas no solo para o aterramento de resíduos e o método 
mais adequado para pequenos municípios. Sobre os aspectos construtivos das 
trincheiras, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
amele
X
amele
x
119
( ) As trincheiras podem ser construídas em formato de prisma, paralelepípedo com 
inclinação de 1:1 ou trapézio com inclinação de 1:2 ou 1:3. 
( ) A quantidade de resíduos que será encaminhada diariamente para a trincheira não 
é um dado relevante para o seu dimensionamento, apenas o grau de compactação 
dos resíduos que normalmente fica entre 100 e 150 kg/m³.
( ) Usualmente, estima-se que a vida útil de uma trincheira seja de um a dois anos e a 
profundidade média de 2 a 3 metros. 
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
4 O propósito do sistema de impermeabilização é resguardar a parte inferior do 
aterro, para que o lixiviado não contamine o solo e as águas subterrâneas. Essa 
impermeabilização pode ser realizada aplicando camadas de solo como a argila, por 
exemplo, que é um solo impermeável ou utilizando as mantas impermeabilizantes, 
chamadas de geomembranas sintéticas. Explique as principais características dessas 
duas formas de impermeabilização. 
5 Para o projeto de aterro industrial, é necessário um projeto mais elaborado, pois 
usualmente recebem resíduos classificados como perigosos. Relate os principais 
aspectos relacionados à segurança do aterro de resíduos perigosos. 
120
121
TÓPICO 3 - 
LICENCIAMENTO AMBIENTAL
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 3, abordaremos o licenciamento ambiental. Iniciaremos 
com uma introdução sobre o surgimento do licenciamento e os principais conceitos 
apresentados na legislação ambiental. Veremos que as resoluções do Conama são 
muito importantes para todo esse processo. 
Na sequência, analisaremos o passo a passo do licenciamento, os detalhes ne-
cessários para as três etapas que são exigidas, a ordem em que acontecem, os proce-
dimentos que devem ser realizados para ser possível completar o processo do licencia-
mento e receber as licenças necessárias para o funcionamento do empreendimento. 
Sobre os estudos ambientais exigidos para o licenciamento, serão apresentados 
os conceitos e os detalhes necessários para a elaboração do Estudo de Impacto 
Ambiental (EIA) e do Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), que é o levantamento mais 
completo estabelecido para as atividades que tem potencial para causar poluição, como 
os aterros sanitários. 
UNIDADE 2
2 LICENCIAMENTO AMBIENTAL
O licenciamento ambiental pode ser entendido como um processo pelo qual 
os empreendimentos, que têm potencial ou que causam impactos ao meio ambiente, 
precisam ser submetidos. Esse processo é gerenciado pelo órgão ambiental responsável 
que, na maioria das vezes, é o órgão estadual, mas, em alguns casos, se o empreendimento 
for de maior porte, estiver nos limites entre dois estados ou for de alguma atividade 
específica, por exemplo, o licenciamento pode ser competência do órgão federal.
Iniciaremos o nosso tópico com um breve histórico e introdução sobre o 
licenciamento ambiental. O conceito de licenciamento ambiental surgiu com a Lei nº 
6.938/1981, que lançou a Política Nacional de Meio Ambiente. Entre os instrumentos 
da Política Nacional de Meio Ambiente, estão a avaliação de impactos ambientais e o 
licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras. 
A avaliação de impactos ambientais tem como objetivo identificar e estimar 
a importância dos impactos ambientais, físicos, socioeconômicos e culturais, sejam 
positivos ou negativos, causados por um determinado empreendimento. Além disso, 
122
avaliar se a realização do projeto é conveniente, levando em conta as vantagens e 
desvantagens e, caso a decisão seja favorável, podem ser propostas ações que causem 
menos impactos na implantação do empreendimento (VILHENA, 2018). 
A Lei nº 6.938/1981 indica que a construção, instalação, ampliação e 
funcionamento de estabelecimentos e atividades que utilizem recursos ambientais, que 
causem ou possam causar poluição ou degradação ambiental, necessitam de um prévio 
licenciamento ambiental. 
Alguns anos depois, foi lançada a Resolução do Conama nº 1/1986, que dispõe so-
bre critérios básicos e diretrizes gerais para a avaliação de impacto ambiental. No Artigo 2º, 
a lei diz que será necessário realizar estudo de impacto ambiental e seu respectivo relatório 
de impacto ambiental, que deve ser submetido ao órgão estadual, para o licenciamento de 
diversas atividades poluidoras, inclusive aterros sanitários, processamento e destino de resí-
duos tóxicos ou perigosos (CONAMA, 1986. Portanto, até hoje os órgãos ambientais estadu-
ais são os responsáveis pelo processo de licenciamento das principais atividades poluidoras. 
Em 1997, o Conama lança a Resolução nº 237, que dispõe sobre a revisão e 
complementação dos procedimentos e critérios utilizados para o licenciamento ambiental. 
De acordo com esta resolução, o conceito de licenciamento ambiental foi definido como:
[...] procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental 
competente licencia a localização, instalação, ampliação e a 
operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos 
ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras 
ou daquelasque, sob qualquer forma, possam causar degradação 
ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as 
normas técnicas aplicáveis ao caso (CONAMA, 1997, p. 1). 
Aliado ao conceito de licenciamento, temos também o conceito da licença 
ambiental: 
[...] ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente, 
estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental 
que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou 
jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimento ou 
atividades utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva 
ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, 
possam causar degradação ambiental (CONAMA, 1997, p. 1).
De forma mais simplificada, a licença ambiental é obtida pelo empreendimento 
como o resultado da avaliação realizada pelo órgão ambiental, após passar pelo processo 
de licenciamento ambiental, garantindo que todas as recomendações e atividades 
necessárias para evitar a degradação ambiental foram cumpridas e continuarão a ser 
cumpridas no futuro, na etapa de renovação das licenças. 
De acordo com a Cartilha de licenciamento ambiental (2007), elaborada pelo 
Tribunal de Contas da União, em parceria com o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente 
e Recursos Naturais (IBAMA), o procedimento do licenciamento é uma sequência de 
123
ações que visa um fi m, obter a licença ambiental. A licença ambiental é uma autorização 
concedida pelo órgão competente para que o empreendedor possa exercer as suas 
atividades sem causar prejuízo ao meio ambiente (TCU, 2007). 
Os trâmites para o licenciamento da área do aterro devem ser iniciados assim 
que o contrato para a execução dos serviços for assinado (MONTEIRO, 2001). O processo 
de licenciamento ambiental é composto por três etapas, que devem ser consecutivas: a 
licença prévia, a licença de implantação e a licença de operação. 
A licença prévia deve ser solicitada ainda na fase de concepção do 
empreendimento, nos primeiros 30 dias da assinatura do contrato, e não precisa 
acompanhar o projeto básico. A partir desse pedido, o órgão ambiental elaborará uma 
instrução técnica, ou chamado de termo de referência, que é um documento no qual 
serão defi nidos os aspectos ambientais mais relevantes, com as orientações sobre o 
que deve ser abordado nos estudos ambientais que serão exigidos. O Estudo de Impacto 
Ambiental (EIA), por exemplo, deve conter as alternativas tecnológicas e de localização 
e a análise de viabilidade ambiental; e para o respectivo Relatório de Impacto Ambiental 
(RIMA), as principais conclusões (MONTEIRO, 2001; TCU, 2007; VILHENA, 2018). 
Na sequência, verifi caremos detalhadamente quais são os conteúdos bási-
cos necessários para a apresentação de um estudo de impacto ambiental.
ESTUDOS FUTUROS
De acordo com o porte do empreendimento, principalmente em empreendimentos 
de pequeno porte, o órgão ambiental pode dispensar a realização do EIA/RIMA ou 
solicitar um estudo simplifi cado. No entanto, a licença prévia também pode ser exigida 
em casos de ampliação da obra ou do empreendimento ou, ainda, de mudanças muito 
signifi cativas na concepção dos processos (VILHENA, 2018).
Após solicitar a licença formalmente ao órgão ambiental e receber as devidas 
instruções necessárias para o início do processo de licenciamento, o empreendedor 
precisa contratar uma empresa para elaboração dos estudos ambientais. O pedido do 
licenciamento deverá ser publicado em um jornal ofi cial do estado e em um jornal regional 
ou local de grande circulação. É necessário obter, na prefeitura municipal, uma certidão 
indicando que o empreendimento está de acordo com o zoneamento municipal ou 
outras legislações e documentos, como autorizações para outorga da água e supressão 
da vegetação, dos respectivos órgãos responsáveis (TCU, 2007).
124
A licença prévia também pode ser considerada como um compromisso que o 
empreendedor assume de que vai seguir o projeto de acordo com os requisitos exigidos 
pelo órgão ambiental. Nesse sentido, a licença prévia está muito relacionada ao princípio da 
prevenção do direito ambiental. Durante o processo, são avaliadas algumas questões como: 
• os prováveis impactos ambientais e sociais do empreendimento;
• a magnitude e a abrangência dos impactos;
• as medidas que poderão mitigar os impactos; 
• as consultas dos órgãos ambientais e entidades do setor envolvidos;
• em audiência pública, os impactos e medidas que serão discutidos com a 
comunidade;
• a decisão sobre a viabilidade ambiental do empreendimento (TCU, 2007). 
Após receber a solicitação de licença e os documentos, o órgão ambiental fará 
a avaliação, podendo realizar visitas técnicas ou solicitar esclarecimentos, que devem 
ser atendidos pelo empreendedor dentro do prazo estabelecido. Nesta etapa da licença 
prévia, também pode ser exigida a realização da audiência pública. Esse processo ocorrerá 
caso haja solicitação pelo órgão ambiental, ou outra entidade civil, ou o Ministério Público 
ou, ainda, por abaixo-assinado de, pelo menos, 50 pessoas. Na audiência pública, a 
comunidade será chamada a participar do processo de licenciamento, nela o documento 
do RIMA é apresentado, sendo explicitadas as principais questões envolvendo o projeto, 
sanando dúvidas da população e anotando críticas e sugestões (TCU, 2007).
Ainda, de acordo com a Cartilha de licenciamento ambiental (TCU, 2007), após 
a análise ser finalizada, o órgão responsável emitirá um parecer com a sua conclusão. 
Na expedição da licença prévia, o órgão também indicará as medidas mitigadoras que 
devem ser consideradas para o projeto. Após o pagamento da licença ambiental, o 
empreendedor pode retirar o documento e publicar no jornal oficial do estado e no jornal 
regional ou local. Estando com a licença prévia em mãos, o empreendedor pode dar 
início à elaboração do projeto básico, que é o projeto de engenharia, ou contratar a 
empresa que o elaborará. Para o caso dos aterros sanitários, o conteúdo exigido é o que 
foi abordado no Tópico 2. 
A licença de instalação permite que o empreendedor comece a implantação da 
obra. Para que essa licença seja liberada, deve ser comprovado que todas as exigências 
estabelecidas na etapa da licença prévia foram atendidas (VILHENA, 2018). 
Da mesma maneira que na etapa anterior, o empreendedor deve solicitar a 
licença de instalação ao órgão responsável, comprovando as exigências da licença 
prévia, conforme comentado, apresentando os planos, projetos e programas ambientais 
e um cronograma detalhado da implementação. Deve ser apresentado também o 
detalhamento do projeto de engenharia, principalmente nas partes relacionadas às 
questões ambientais. Após a entrega dos documentos, o órgão ambiental fará a análise, 
125
emitirá o parecer, o empreendedor fará o pagamento da taxa cobrada pela licença, 
devendo, mais uma vez, publicar o recebimento da licença no jornal oficial do estado e 
no jornal regional ou local (TCU, 2007).
O empreendedor deve, então, executar a obra, seguindo o projeto e todas 
as exigências determinadas, durante o prazo de validade da licença de instalação. 
Licitações de obras, instalações e serviços só podem ser realizadas após a obtenção da 
licença de instalação (TCU, 2007).
A licença de operação é a última a ser solicitada, após o término da instalação 
do empreendimento, quando a operação poderá entrar em funcionamento. O 
empreendedor deve comprovar que implantou todos os programas ambientais, projeto 
de compensação ambiental e todas as condições estabelecidas na licença de operação. 
Com base nos documentos comprobatórios, o órgão ambiental liberará o parecer da 
licença de operação e será realizado o mesmo procedimento das licenças anteriores, 
pagamento e publicação nos jornais. Ao vencer o prazo da licença de operação, deve ser 
solicitada a renovação com antecedência mínima de 120 dias (TCU, 2007). 
2.1 ESTUDOS AMBIENTAIS PARA LICENCIAMENTO
 
A definição de estudos ambientais pode ser encontradana Resolução do 
Conama nº 237 (1997, p. 1) como sendo: 
[...] todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos ambientais 
relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de 
uma atividade ou empreendimento, apresentado como subsídio 
para a análise da licença requerida, tais como: relatório ambiental, 
plano e projeto de controle ambiental, relatório ambiental preliminar, 
diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de recuperação de 
área degradada e análise preliminar de risco.
Existem, portanto, diversos tipos de estudos ambientais que são requeridos pelo 
respectivo órgão ambiental, de acordo com as atividades exercidas, particularidades ou 
de acordo com o porte do empreendimento. Conforme já estudamos, o licenciamento 
de aterro sanitário convencional exige a realização do EIA/RIMA, que é o mais completo 
estudo ambiental, pois está incluído na lista dos empreendimentos com potencial para 
causar poluição apresentada na resolução do Conama nº 1/1986. 
2.1.1 Definições de EIA e RIMA
A Resolução do Conama nº 1/1986, além de abordar o licenciamento e a 
avaliação de impactos ambientais, trouxe também a exigência do Estudo de Impacto 
Ambiental (EIA) e do Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) associado ao processo de 
licenciamento para os empreendimentos potencialmente poluidores.
126
O EIA pode ser definido como “o exame necessário para o licenciamento de em-
preendimentos com significativo impacto ambiental” (TCU, 2007, p. 33). Outra definição 
indica que o Estudo de Impacto Ambiental é um documento técnico científico que tem 
por objetivo embasar a avaliação dos impactos ambientais gerados pelos empreendi-
mentos, permitindo a verificação de sua viabilidade ambiental (FIORENTIN, 2014).
Por outro lado, o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) é um documento 
elaborado com uma linguagem apropriada ao entendimento do público, mas contém 
as informações técnicas apresentadas no EIA (FIORENTIN, 2014). Ele oferece todas 
as informações importantes para que a comunidade possa conhecer as vantagens e 
desvantagens do projeto e as implicações ambientais de sua implementação. O RIMA 
pode ser entendido como sendo um relatório gerencial (TCU, 2007; FIORENTIN, 2014).
2.1.2 Estudo de impacto ambiental
De acordo com a Resolução do Conama nº 1/1986, o Estudo de Impacto 
Ambiental deve contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização do 
projeto, comparando-as com a não realização do projeto. Deve também identificar e 
avaliar de forma sistemática os prováveis impactos gerados nas fases de implementação 
e operação do empreendimento. No EIA, deve ser definida a área de influência do 
projeto, considerando as áreas direta e indiretamente afetadas e deve considerar a 
compatibilidade com planos e programas governamentais propostos (CONAMA, 1986).
2.1.3 Conteúdo mínimo do EIA
A Resolução do Conama nº 1/1986 destaca ainda quatro tópicos de conteúdo 
mínimo que o EIA deve conter. O primeiro tópico trata sobre o diagnóstico ambiental 
da área de influência do projeto. Deve ser apresentada uma descrição completa dos 
recursos ambientais tal como existem, ou seja, como a área se encontra no momento do 
estudo, caracterizando a situação ambiental da área, antes da implantação do projeto. 
Precisam ser considerados: 
• o meio físico, incluindo o subsolo, as águas, o ar, o clima, os recursos minerais, 
a topografia, os tipos e usos do solo, os corpos d’água, o regime hidrológico, as 
correntes marinhas e as correntes atmosféricas;
• para o meio biológico, devem ser investigadas as características dos ecossistemas 
em sua forma natural, abrangendo animais e vegetais, espécies que possam indicar 
a situação do meio ambiente, chamadas de indicadoras, a presença de espécies 
raras e em ameaça de extinção, espécies importantes para estudos científicos ou 
que tenham valor econômico e a existência de áreas de preservação permanente;
127
• no meio socioeconômico, devem ser apresentadas informações sobre o uso e a 
ocupação do solo, utilização da água, deve ser apontada a existência de locais 
importantes e monumentos arqueológicos, históricos e culturais. Ainda, deve ser 
investigada a organização da sociedade local, quais recursos estão presentes e qual 
o uso previsto para esses recursos (CONAMA, 1986).
O segundo tópico aborda a análise dos impactos ambientais do projeto e de 
suas alternativas, que deve ser feito pela identificação, avaliação da magnitude e 
interpretação dos prováveis impactos relevantes, especificando os impactos positivos 
e negativos, diretos e indiretos, imediatos e a médio e longo prazos, temporários 
e permanentes. Ainda sobre os impactos, deve-se avaliar se são reversíveis, se tem 
propriedades cumulativas e sinérgicas e como ficam distribuídos os prejuízos e os 
benefícios sociais (CONAMA, 1986).
No terceiro tópico, é exigida a definição das medidas mitigadoras dos impactos 
negativos, como os equipamentos de controle e os sistemas de tratamento de efluentes, 
por exemplo. Devem ser apresentadas também a eficiência das medidas adotadas. O 
quarto e último tópico compreende a elaboração do programa de acompanhamento 
e monitoramento dos impactos positivos e negativos, indicando quais fatores e 
parâmetros serão considerados (CONAMA, 1986).
2.1.4 Relatório de Impacto Ambiental
Apesar do Relatório de impacto ambiental ser um documento com proposta 
e finalidade diferente do EIA, como veremos, o seu conteúdo é similar. Vale dizer 
também que o RIMA não existe sem o EIA e vice-versa, ou seja, se for elaborado o EIA, 
obrigatoriamente ele deve vir acompanhado pelo RIMA e o RIMA também não pode ser 
apresentado isolado para o pedido da licença ambiental.
2.1.5 Conteúdo mínimo do RIMA
De acordo com a Resolução nº 1/1986, o RIMA deve refletir as conclusões obtidas 
pelo EIA, além de possuir linguagem acessível como já mencionado, deve apresentar 
mapas, fotos, quadros, gráficos e materiais visuais que facilitem o entendimento das 
informações apresentadas, pois o documento deverá ficar acessível ao público. O 
relatório deve apresentar como conteúdo mínimo: 
• objetivos e justificativas do projeto e como está relacionado com políticas 
governamentais;
• o projeto do empreendimento a ser construído, apresentando quais são as opções 
de locais e de tecnologia a ser utilizada. Deve ser detalhado para cada opção, 
tanto na etapa de construção quanto na de operação, as regiões que sofrerão a 
influência do empreendimento. Além disso, devem ser citados os insumos e mão 
128
de obra necessários, as fontes e perdas de energia, quais serão os procedimentos e 
métodos de operação, os efluentes que serão gerados, as emissões e os empregos 
originados;
• um compilado da avaliação ambiental prévia da região impactada pelo projeto;
• o detalhamento dos possíveis impactos ambientais, levando em conta todas as questões 
envolvidas, apresentando as metodologias de levantamento e avaliação dos impactos;
• as características ambientais previstas para o local no futuro, contrastando com as 
diferentes opções apresentadas e com a não realização do projeto;
• o resultado esperado das medidas mitigadoras dos impactos ambientais negativos;
• o programa de monitoramento dos impactos;
• a recomendação quanto a melhor alternativa a ser adotada, as conclusões e 
comentários (CONAMA, 1986).
2.1.6 Impactos ambientais negativos que podem ser 
causados por aterros sanitários
Como exemplo, serão apresentados alguns impactos ambientais negativos que 
podem ocorrer na instalação, operação e encerramento de aterros sanitários. A avaliação 
deve ser feita caso a caso, de acordo com as especificidades de cada local e projeto, 
porém, determinados aspectos podem servir como base para os estudos ambientais.
De acordo com o Manual de Gerenciamento Integrado, na fase de implantação 
do aterro, que é a fase de obras, deve-se prestar atenção nos incômodos causados pela 
desapropriação de imóveis, na remoção da cobertura vegetal, em mortes e incômodos 
à fauna, nas alterações doescoamento superficial que podem causar erosão e 
consequente assoreamento do corpo d'água, na emissão de gases, material particulado 
e ruídos dos equipamentos, na poluição do solo com óleos e graxas, nas alterações 
de paisagem, na intensificação do trânsito em vias de acesso e na própria geração de 
resíduos sólidos e efluentes (VILHENA, 2018).
Terminada a etapa da construção e iniciada a operação do aterro, determinados 
impactos deixam de acontecer como os impactos na desapropriação de imóveis; vários 
se mantêm, como a geração de gases, material particulado e ruídos dos equipamentos, 
a intensificação do trânsito em vias de acesso, a remoção da cobertura vegetal, as 
alterações do escoamento superficial entre outros; e outros surgem como a liberação de 
material esvoaçante dos veículos de transporte e da própria frente de trabalho, a geração 
de gases e odores pela decomposição do lixo, o espalhamento de resíduos ao longo 
das vias de acesso, por conta de perdas e lançamentos clandestinos, a proliferação de 
vetores e a poluição do solo e águas subterrâneas (VILHENA, 2018).
Ainda, para a fase de encerramento ou desativação do aterro, devem ser 
observados principalmente a geração de gases, partículas, odores, a poluição do solo e 
das águas subterrâneas, a deterioração das estruturas do aterro, o uso incompatível da 
área, entre outros (VILHENA, 2018).
129
2.1.7 Licenciamento ambiental para aterros de resíduos 
sanitários de pequeno porte
Conforme mencionado anteriormente, as etapas do licenciamento ambiental 
podem ser diferentes dependendo das características, porte e tipo de empreendimento, 
mas principalmente tendo em vista o potencial de poluição do empreendimento. 
Sendo assim, no ano de 2008, foi lançada a Resolução nº 404/2008 do Conama, que 
estabelece critérios e diretrizes para o licenciamento ambiental de aterro sanitário de 
pequeno porte de resíduos sólidos urbanos.
De acordo com a Resolução nº 404/2008, é considerado um aterro sanitário de 
pequeno porte aqueles que recebam até 20 toneladas diárias de resíduos sólidos. Para 
este tipo de aterro, fica dispensada a realização de EIA/RIMA. Em locais que apresentem 
grandes variações nas quantidades geradas, como as cidades turísticas, devem estar 
previstos os prováveis aumentos no projeto (CONAMA, 2008).
Os resíduos que podem ser depositados nos aterros de pequeno porte, além 
dos domiciliares, são os de limpeza urbana, os resíduos de serviços de saúde e os de 
pequenos estabelecimentos comerciais, industriais e de prestação de serviços, desde 
que não sejam perigosos e tenham características similares aos resíduos domiciliares. 
Também podem ser recebidos lodos secos de estações de tratamento de água e 
esgoto, desde que atendam às especificações. Por outro lado, não podem ser dispostos 
resíduos perigosos, que apresentem risco à saúde e ao meio ambiente, nem resíduos 
da construção civil, provenientes das atividades agrossilvopastoris, de serviços de 
transporte, mineração e de saúde perigosos (CONAMA, 2008).
A Resolução nº 404/2008 apresenta, ainda, as exigências para o licenciamento 
ambiental desses aterros de pequeno porte, sendo assim, os seguintes itens devem ser 
considerados:
• as vias de acesso do local devem ter boas condições, mesmo em épocas de chuva;
• as distâncias mínimas previstas devem ser cumpridas, tanto com relação às normas e 
leis, quanto relacionadas às áreas de preservação permanente, às unidades de conser-
vação, aos ecossistemas suscetíveis e aos cursos d’água subterrâneos e superficiais;
• os locais escolhidos para a construção do aterro devem ser adequados frente às 
questões hidrogeológicas, geográficas e geotécnicas. Devem ser respeitadas as 
normas de uso e ocupação do solo do município, estarem localizadas longe da 
região urbanizada e apresentarem baixo custo;
• é indicado que a área escolhida apresente tamanho compatível para que o aterro 
possa receber resíduos por pelo menos 15 anos. Devem ser evitadas áreas de risco, 
a menos que sejam feitas intervenções para garantir a estabilidade da área, e não 
podem ser utilizadas áreas sensíveis e sujeitas a inundações;
• deve ser apresentada uma descrição da população que será beneficiada com a 
obra, além da caracterização quantitativa e qualitativa dos resíduos;
130
• a capacidade prevista para o recebimento e gerenciamento dos resíduos deve ser 
destacada, aliada à caracterização da área, aos instrumentos para evitar e minimizar 
os impactos ambientais, ao planejamento da operação, monitoramento e controle, 
aos estudos ambientais e à anotação de responsabilidade técnica;
• é exigido também um programa de educação ambiental que deve ser implementado 
concomitantemente com a implantação do aterro, desestimulando a geração de 
lixo e estimulando a coleta seletiva;
• um projeto e um plano para o fechamento do aterro também precisam ser 
apresentados, incluindo a regeneração, o acompanhamento e a utilização esperada 
para a área, tanto para o caso de haver antigo lixão quanto para o novo aterro 
sanitário sugerido;
• ainda, deve ser incluído o plano de gestão integrada de resíduos ou de saneamento 
do município em questão ou regional, em caso de o plano ter sido realizado em 
conjunto com outros municípios. Além disso, o órgão ambiental pode acrescentar 
exigências ou critérios, com base nas condições específicas locais.
131
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:
• Um breve histórico sobre o licenciamento ambiental, a diferenciação entre os 
significados de licenciamento e licença. As fases do licenciamento ambiental que 
são três: licença prévia, licença de instalação e licença de operação e as demandas 
apresentadas em cada uma das fases.
• Sobre os estudos ambientais que são exigidos no processo de licenciamento, 
com destaque para o EIA/RIMA, pois é o estudo comumente exigido pelo órgão 
ambiental responsável para o licenciamento de aterros sanitários. Foram expostos 
os conceitos e requisitos para o EIA/RIMA e as definições e o conteúdo básico tanto 
para o EIA, quanto para o RIMA.
• Sobre alguns impactos ambientais que podem ocorrer na construção, operação e 
encerramento de um aterro sanitário, os quais podem orientar no desenvolvimento 
de estudos ambientais.
• Os requisitos para o processo de licenciamento ambiental de aterros sanitários de 
pequeno porte, destacando-se a dispensa da elaboração do EIA/RIMA para esses 
empreendimentos.
132
AUTOATIVIDADE
1 A definição de licenciamento ambiental foi concebida pela Política Nacional de Meio 
Ambiente, lançada pela Lei nº 6.938/1981. A avaliação de impactos ambientais e o 
licenciamento de atividades que podem causar poluição são dois dos instrumentos 
apresentados pela Política Nacional de Meio Ambiente. Sobre esse assunto, assinale 
a alternativa CORRETA:
a) ( ) A avaliação de impactos ambientais tem como objetivo identificar e estimar 
a importância dos impactos negativos, tanto ambientais quanto físicos, 
socioeconômicos e culturais, causados por um determinado empreendimento.
b) ( ) De acordo com a resolução do CONAMA nº 237/1997, o licenciamento ambiental 
licencia a localização e a instalação de empreendimentos e atividades 
potencialmente poluidoras.
c) ( ) A licença ambiental é uma autorização concedida pelo órgão competente para 
que o empreendedor possa exercer as suas atividades, sem causar prejuízo ao 
meio ambiente.
d) ( ) O processo de licenciamento ambiental é composto por duas etapas, a licença 
prévia e a licença de instalação.
2 Os trâmites para o licenciamento da área do aterro devem ser iniciados assim que 
o contrato para a execução dos serviços for assinado. O processo de licenciamento 
ambiental é composto por algumas etapas, que devem ser consecutivas. Sobre as 
etapas do licenciamento ambiental, analise as sentenças a seguir:
I- A licença prévia deve ser solicitada ainda na fase de concepção do empreendimento. 
A partir desse pedido, o órgão ambiental elaborará uma instrução técnica, com as 
orientações sobre o3.1.7 Precipitação química ..............................................................................................................177
3.1.8 Filtração por membrana ........................................................................................................ 178
3.1.9 Processo biológico ................................................................................................................. 178
RESUMO DO TÓPICO 1 .......................................................................................................180
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 181
TÓPICO 2 - GASES EM ATERRO .........................................................................................183
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................183
2 GASES EM ATERROS .......................................................................................................184
2.1 COMPOSIÇÃO, CARACTERÍSTICAS, GERAÇÃO E TRANSPORTE DOS GASES 
 NO INTERIOR DOS ATERROS ..........................................................................................................184
2.1.1 Histórico do biogás .................................................................................................................184
2.1.2 Composição do biogás ..........................................................................................................185
2.1.3 Mercado do biogás .................................................................................................................186
2.2 GERAÇÃO DO BIOGÁS .................................................................................................................... 187
2.2.1 Histórico da digestão anaeróbia .......................................................................................... 187
2.2.2 Digestão anaeróbia: geração de biogás ...........................................................................188
2.3 TRANSPORTE DO BIOGÁS NO INTERIOR DOS ATERROS .........................................................191
2.3.1 Difusão ........................................................................................................................................191
2.3.2 Advecção ...................................................................................................................................191
2.3.3 Sorção e atenuação microbiológica .................................................................................. 192
3 PRINCIPAIS FATORES INTERVENIENTES NA GERAÇÃO E COMPOSIÇÃO DO BIOGÁS ........192
3.1 COMPOSIÇÃO E IDADE DO RESÍDUO ........................................................................................... 193
3.2 TEOR DE UMIDADE DO RESÍDUO .................................................................................................. 193
3.3 EFEITO DA TEMPERATURA DO RESÍDUO ................................................................................... 194
3.4 POTENCIAL HIDROGENIÔNICO (PH) DO RESÍDUO ................................................................... 195
3.5 DISPONIBILIDADE DE MICRORGANISMOS E NUTRIENTES NA MASSA DE RESÍDUO ...... 195
3.6 PRECIPITAÇÃO .................................................................................................................................. 196
3.7 CÉLULAS DE RESÍDUO .................................................................................................................... 196
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................... 197
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................198
TÓPICO 3 - EMISSÃO DE GASES DE FORMA FUGITIVA EM ATERRO ..............................201
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................201
2 EMISSÕES FUGITIVAS EM ATERRO ...............................................................................201
2.1 EMISSÃO FUGITIVA .......................................................................................................................... 202
2.1.1 Oxidação biológica do metano pela camada de cobertura de aterros sanitários ......... 202
2.1.2 Fatores intervenientes na oxidação biológica pela camada de cobertura de 
 aterros sanitários .................................................................................................................... 203
2.1.3 Materiais empregados na camada de cobertura para oxidação do metano .......... 204
3 MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO DE EMISSÕES FUGITIVAS ........................................... 205
3.1 MÉTODO DO GÁS TRAÇADOR ........................................................................................................ 205
3.2 CÂMARA DE FLUXO ........................................................................................................................ 206
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................. 209
RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................................212
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................213
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................215
1
UNIDADE 1 -
ATERRO SANITÁRIO E 
INDUSTRIAL: ASPECTOS 
CONCEITUAIS 
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• conhecer os tipos de resíduos e suas principais características;
• aprender sobre as formas de disposição e tratamento de resíduos;
• compreender o que são aterros sanitários e aterros industriais e qual a importância 
de cada um;
• aprender quais as diferenças entre o aterro sanitário e o industrial.
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de 
reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – RESÍDUOS: CONCEITOS BÁSICOS
TÓPICO 2 – ATERRO SANITÁRIO
TÓPICO 3 – ATERRO SANITÁRIO INDUSTRIAL
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3
RESÍDUOS: CONCEITOS BÁSICOS
1 INTRODUÇÃO
As novas dinâmicas sociais que passaram a ser desenvolvidas em virtude da 
pandemia trouxeram um relevante impacto na temática dos resíduos sólidos, que foram 
afetados pelo deslocamento e concentração das atividades nas residências, ou seja, 
para onde foram transferidas boa parte do descarte dos materiais consumidos.
Antes da pandemia ocasionada pela Covid-19, a produção de resíduos sólidos 
era descentralizada, ou seja, sua origem estava em diferentes regiões das cidades, visto 
que as atividades diárias eram desempenhadas em diferentes locais, por exemplo, nos 
escritórios, nas escolas, nos grandes centros comerciais, entre outros lugares. 
Nesse sentido, você já parou para pensar na quantidade de resíduos que você e 
sua família geram por dia, mês ou ano? 
De acordo com os dados oriundos da publicação do Panorama dos Resíduos 
Sólidos, elaborada pela Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e 
Resíduos Especiais (ABRELPE, 2020), a geração de resíduos sólidos urbanos no Brasil é 
considerada expressiva, pois foram produzidos, aproximadamente, 225.965 t/dia ou 82,5 
milhões de toneladas no ano de 2020. Com relação à coleta desses resíduos produzidos 
para o ano de 2020, foi de aproximadamente 92% do total, ou seja, 76.079.836 t/ano. 
Esse valor é expressivo e refere-se à nova dinâmica imposta à boa parte dos brasileiros.
Outros questionamentos muito pertinentes a esse assuntoque deve ser abordado nos estudos.
II- A licença de instalação será expedida automaticamente, assim que a licença prévia 
for aprovada.
III- A licença de operação é a última a ser solicitada, após o término da instalação do 
empreendimento, quando então a operação poderá entrar em funcionamento e tem 
prazo indeterminado.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) A sentença I está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) A sentença afirmativa III está correta.
133
3 As etapas do licenciamento ambiental podem ser diferentes de acordo com as 
características, porte, tipo de empreendimento, mas principalmente tendo em vista 
o potencial de poluição do empreendimento. Sobre o licenciamento ambiental de 
aterro sanitário de pequeno porte de resíduos sólidos urbanos, classifique V para as 
sentenças verdadeiras e F para as falsas:
( ) De acordo com a Resolução do Conama nº 404/2008, um aterro sanitário de 
pequeno porte pode receber até 50 toneladas por dia de resíduos sólidos.
( ) Os resíduos que podem ser depositados nos aterros de pequeno porte são apenas 
os domiciliares e os de limpeza urbana.
( ) Para os aterros sanitários de pequeno porte fica dispensada a realização de EIA/
RIMA.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
4 Os estudos ambientais são definidos como quaisquer estudos relacionados aos 
aspectos ambientais e associados à localização, instalação, operação e ampliação de 
uma atividade ou empreendimento, apresentado como requisito e como base para a 
análise da licença requerida. Entre os estudos ambientais, o EIA e o RIMA podem ser 
considerados os mais importantes. Explique os conceitos e as diferenças entre eles.
5 Para o Estudo de Impacto Ambiental e avaliação de impacto ambiental, devem ser 
levantados todos os possíveis impactos ambientais que podem ser causados pela 
atividade. Aponte alguns dos principais impactos que podem ser causados na 
construção de aterros sanitários.
134
135
TÓPICO 4 - 
MONITORAMENTO AMBIENTAL
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 4, abordaremos o monitoramento ambiental. Iniciaremos 
com o conceito de monitoramento, ressaltando os tipos de monitoramento que devem 
ser realizados em um aterro sanitário. Apesar de existirem outros tipos de monitoramento, 
o enfoque será dado ao monitoramento da água e do ar.
Com relação ao monitoramento da água, observaremos que este pode ser 
dividido em monitoramento da água superficial e subterrânea e ambos são muito 
importantes para se avaliar o desempenho do aterro sanitário e a possibilidade de 
contaminação. Estudaremos também quais são os parâmetros mais importantes que 
devem ser avaliados neste processo de monitoramento e analisar alguns exemplos de 
estudos que fizeram esse tipo de avaliação e quais foram suas principais conclusões.
Por fim, será abordado o monitoramento atmosférico, que está relacionado com a 
qualidade do ar. Neste quesito, é importante, principalmente, o monitoramento de gases 
e de material particulado, sendo apresentados estudos que realizaram essas avaliações.
UNIDADE 2
2 MONITORAMENTO AMBIENTAL
 
De maneira geral, o conceito de monitoramento ambiental está associado a um 
acompanhamento realizado em pontos estratégicos do meio ambiente, que possam es-
tar sofrendo interferência humana. O monitoramento é muito relevante, principalmente, 
para que se tenha um conhecimento prévio das condições ambientais e, assim, seja 
possível fazer uma comparação das condições naturais com as condições atuais. Afinal, 
se não conhecermos as características padrão, como saberemos se ocorreu modifica-
ção? Essa é a questão principal que pode ser colocada para a reflexão. Daremos início 
ao assunto apresentando alguns conceitos.
O sistema de monitoramento requer um controle e uma supervisão no funcio-
namento de um processo, possibilitando fazer modificações a partir dos resultados ob-
servados. Com o sistema de monitoramento, podem ser identificados logo no início, de 
maneira preliminar, impactos ambientais negativos que estejam sendo causados por um 
processo ou atividade, possibilitando a implantação de ações para controlar ou diminuir 
os impactos, antes que atinjam maiores proporções e sua correção se torne mais difícil 
(VILHENA, 2018). A partir disso, podemos entender o quão importante o monitoramento 
136
é, pois sem ele não sabemos o que está acontecendo no nosso empreendimento ou 
para este caso, no aterro sanitário. A partir do monitoramento, podemos detectar de for-
ma rápida quaisquer problemas que estejam acontecendo e então agir para corrigi-los.
Castilhos Junior (2003), apresenta outro conceito para o monitoramento 
ambiental de aterros sanitários, definindo-o como um grupo de medidas empregadas 
para observar os impactos e riscos ambientais que podem ser gerados. Além disso, o 
monitoramento é uma ferramenta para identificar a eficiência do funcionamento dos 
sistemas construídos no aterro que visam a proteção do meio ambiente.
O monitoramento deve ser previsto para as fases de implantação, operação e 
após o encerramento do aterro. Na etapa de construção, o monitoramento auxilia na 
realização da avaliação ambiental prévia do local, principalmente na análise dos corpos 
d’água que são mais suscetíveis à contaminação causada pelo lixiviado e porque 
podem propagar a contaminação. Na etapa de operação, será dado continuidade ao 
monitoramento, com o acompanhamento do lixiviado e do biogás produzidos pela 
decomposição dos resíduos. Após a finalização do recebimento de resíduos no aterro, o 
monitoramento deve continuar, porém, podem ser flexibilizadas a frequência da coleta 
de amostras e das análises (CASTILHOS JUNIOR, 2003).
A norma NBR 8419/1992 também aborda a questão da necessidade de se fazer 
um levantamento das características da região que sofrerá com os impactos do aterro, 
com enfoque para a observação da qualidade das águas superficiais e subterrâneas 
e depois apresentar uma proposta para o monitoramento enquanto o aterro estiver 
em operação e após a finalização das atividades. Além disso, recomenda-se que seja 
organizado um plano para a verificação de outros componentes do aterro. Toda essa 
etapa é considerada como sendo o controle tecnológico (ABNT, 1992).
Um aterro sanitário necessita de monitoramento ambiental e de monitoramen-
to geotécnico. O monitoramento geotécnico deve controlar os deslocamentos verticais 
e horizontais, o nível de lixiviado, a pressão de biogás dentro do aterro e a descarga 
de lixiviado pelos drenos. Devem ser realizadas, ainda, verificações periódicas, a fim de 
encontrar sinais de erosão, trincas ou outros problemas (VILHENA, 2018). Além disso, o 
trabalho de enchimento das células deve ser acompanhado de forma topográfica, assim 
como a execução da declividade de fundo dos drenos secundários e do coletor princi-
pal, de modo que o escoamento do lixiviado ocorra de forma correta (MONTEIRO, 2001).
Por outro lado, o monitoramento ambiental abrange o controle da qualidade das 
águas subterrâneas e superficiais, o controle da qualidade do ar, o controle da poluição 
do solo, o controle de insetos e vetores de doenças, de ruído e vibração, de poeira e 
material esvoaçante e o controle de impactos visuais negativos. Para efetuar esse 
monitoramento, podem ser instalados poços, piezômetros, medidores de deslocamentos 
horizontais e verticais, medidores de vazão, podem ser realizadas análises físico-
137
químicas e biológicas e outras inspeções diversas. A frequência de coleta de amostras e 
medições no local, os parâmetros a serem analisados e as técnicas utilizadas devem ser 
discutidos com o órgão ambiental para serem apresentados no projeto (VILHENA, 2018).
2.1 MONITORAMENTO DE ÁGUA
Para o monitoramento da água, vale ressaltar a importância do monitoramento 
na etapa de implantação, ou seja, do diagnóstico, para as próximas etapas do 
monitoramento,pois servirá como base, valores naturais ou de fundo, para os parâmetros 
monitorados. O diagnóstico é realizado por meio de coletas de amostras de água e da 
análise em laboratório para a determinação dos parâmetros indicadores de qualidade. 
O sistema de monitoramento será formado pelos pontos de coleta de amostra definidos 
de acordo com a localização do aterro e dos corpos d’água (CASTILHOS JUNIOR, 2003).
2.1.1 Monitoramento de águas subterrâneas
A norma NBR 15849/2010 define o sistema de monitoramento de águas 
subterrâneas como “estruturas, instrumentos e procedimentos que têm por objetivo a 
avaliação sistemática e temporal das alterações da qualidade das águas subterrâneas” 
(ABNT, 2010), ou seja, avalia-se de forma organizada e periódica a qualidade das águas 
subterrâneas a fim de se identificar a ocorrência de alterações.
Com o objetivo de estabelecer o diagnóstico das águas subterrâneas, ou seja, 
conhecer a qualidade da água antes da implantação do aterro, implanta-se um conjunto 
de poços de monitoramento, que devem ser construídos de acordo com as normas. 
Os poços de monitoramento são distribuídos de forma estratégica pelo aterro, sendo 
necessário, no mínimo, um poço a montante da área do aterro e três poços a jusante, 
todos no sentido do fluxo do escoamento do lençol freático, conforme ilustrado na 
Figura 5. A partir dessa localização dos poços, será possível detectar se a disposição 
de resíduos na área do aterro está influenciando na qualidade da água subterrânea 
(CASTILHOS JUNIOR, 2003).
138
Figura 5 – Localização dos poços de monitoramento
Fonte: Monteiro (2001, p. 169)
Antes de se realizar a primeira coleta, o poço deve ser esgotado uma vez e 
aguardado o retorno do nível da água, pois a água parada não pode ser considerada 
representativa. Tanto para o esgotamento quanto para as coletas, devem ser utilizados 
coletores ou amostradores especiais, do tipo garrafa coletora. Devem ser tomados todos 
os cuidados e seguidas as recomendações vigentes para o esgotamento, coleta e para 
o armazenamento e preservação das amostras (CASTILHOS JUNIOR, 2003).
Com relação à frequência das coletas, recomenda-se que sejam realizadas pelo 
menos quatro vezes ao ano em cada poço, sendo analisados todos os parâmetros a 
serem monitorados. Isso deve ocorrer durante todo o período em que o aterro ainda 
apresentar algum tipo de emissão (durante e após a operação). Os métodos e técnicas 
para amostragem e análises normalmente utilizados são os recomendados pelo manual 
da Associação Americana de Saúde Pública, o Standard Methods for Examination of 
Water and Wastewater (CASTILHOS JUNIOR, 2003; VILHENA, 2018).
Para os aterros de resíduos perigosos também está previsto o monitoramento 
das águas subterrâneas, de acordo com a NBR 10157/1987. De forma similar aos aterros 
comuns, também são recomendados a instalação de quatro poços, um a montante e três 
a jusante, no sentido do escoamento do lençol freático. Os poços devem ter diâmetro 
mínimo para permitir a coleta e devem ser revestidos e tampados na parte de cima para 
evitar contaminação (ABNT, 1987).
No programa de monitoramento do aterro de resíduos perigosos, inicialmente 
devem ser estabelecidos os valores base dos parâmetros que serão monitorados, por 
meio de quatro amostragens com intervalos de três meses. Devem ser apresentados 
os parâmetros que serão monitorados, considerando os tipos de resíduos que vão ser 
dispostos, se os constituintes têm mobilidade, são estáveis ou persistentes, e possíveis 
reações que podem ocorrer no aquífero. Além disso, deve-se indicar os limites de 
detecção dos métodos, parâmetros que possam indicar pluma de contaminação e 
procedimentos para coleta, preservação da amostra e análise. Recomenda-se, ainda, 
139
a análise de todos os parâmetros pelo menos quatro vezes ao ano, em cada poço e o 
registro do nível do lençol freático, bem como a direção e a velocidade do escoamento, 
a cada coleta (ABNT, 1987).
2.1.2 Monitoramento de águas superficiais
Da mesma forma que para as águas subterrâneas, a norma NBR 15849/2010 
também traz a definição do monitoramento das águas superficiais como sendo 
“estruturas, instrumentos e procedimentos que têm por objetivo a avaliação sistemática 
e temporal das alterações da qualidade das águas superficiais” (ABNT, 2010).
Quando houver, na área impactada pelo aterro sanitário, nascentes, vertentes, 
rios, córregos, represas ou lagos, deve ser realizado o monitoramento das águas 
superficiais. Usualmente, o lixiviado, após o tratamento, é lançado no corpo hídrico 
mais próximo, sendo assim, devem ser acompanhadas as suas características, com um 
ponto de coleta 100 metros a montante do ponto de descarga do efluente e outro a 50 
metros a jusante. Além disso, todos os corpos d’água que estejam integrados deverão 
ser acompanhados, de acordo com os pontos de amostragem determinados para 
cada local. A amostragem e as análises laboratoriais devem seguir as recomendações 
vigentes e o Standard Methods for Examination of Water and Wastewater, no entanto, 
o órgão ambiental igualmente pode fazer recomendações. A amostragem pode ser feita 
utilizando-se os próprios frascos de coleta ou com coletores específicos. A frequência 
das coletas deve ser mensal, mas pode ser alterada ao longo do plano de monitoramento, 
se houver necessidade (CASTILHOS JUNIOR, 2003).
2.1.3 Parâmetros a serem analisados
Tanto para os aterros sanitários convencionais quanto para os de resíduos 
perigosos, a qualidade exigida para as águas subterrâneas é a do padrão de potabilidade 
da legislação vigente, podendo o órgão ambiental estabelecer critérios caso a caso, 
quando algum parâmetro normalmente apresentar concentração acima do permitido 
pela legislação vigente ou quando o principal poluente emitido não tiver sido abordado 
pela legislação (ABNT, 1987; CASTILHOS JUNIOR, 2003). Alguns parâmetros importantes 
são: cor aparente, turbidez, sólidos dissolvidos totais, amônia, dureza, ferro, manganês, 
coliformes totais e escherichia coli.
Por outro lado, para as águas superficiais, os parâmetros a serem monitorados 
devem observar a Resolução do CONAMA nº 357/2005 que dispõe sobre a classificação 
dos corpos hídricos em classes, de acordo com a qualidade. Os parâmetros mais 
comumente utilizados em análises de qualidade da água são o pH, a Demanda 
Bioquímica de Oxigênio (DBO), o oxigênio dissolvido, a turbidez, a cor verdadeira, os 
coliformes totais e escherichia coli, além do nitrogênio amoniacal total e do fósforo total, 
sendo que os valores variam para cada classe de corpo hídrico.
140
2.1.4 Exemplos de monitoramento de águas em aterros
A fim de entendermos melhor os conceitos de monitoramento de águas em 
aterros, apresentaremos alguns exemplos de estudos que realizaram esta avaliação. 
Beck et al. (2010) realizaram o monitoramento de águas subterrâneas no local de 
disposição de resíduos sólidos urbanos da cidade de Passo Fundo no Rio Grande do 
Sul. O local funcionava como área de disposição irregular de resíduos e, posteriormente, 
foi transformado em aterro controlado. Foram instalados um poço a montante e 
três a jusante da célula de resíduos, sendo avaliados os parâmetros pH, DQO, DBO, 
cloretos, nitrato, nitrito, nitrogênio total, dureza, turbidez, condutividade elétrica, cromo 
hexavalente, sódio, zinco, cobre, ferro, magnésio, potássio, coliformes totais e fecais, e 
bactérias heterotróficas.
Fazendo-se a comparação com as legislações vigentes, Beck et al. (2010) 
relataram que a qualidade das águas subterrâneas se encontrava em desacordo com 
relação aos parâmetros microbiológicos, pH, concentração de ferro, nitrato e turbidez. 
Além disso, valores encontrados para parâmetros não citados nas legislações, como 
DBO, DQO e nitrogênio total sugeriram que a qualidade da água subterrânea poderia 
estar sendo comprometida pela contaminação pelo lixiviado (BECK et al., 2010).
De forma similar, Mondelli, Giacheti e Hamada (2016) avaliaram a contaminação 
por meio de poçosde monitoramento no entorno de um aterro de resíduos sólidos urba-
nos. Foram avaliados 16 poços em áreas diferentes do aterro, para os parâmetros tem-
peratura, pH, condutividade elétrica, cloretos, carbono orgânico total, sulfatos, sulfetos, 
nitrogênio amoniacal, nitratos, nitritos, nitrogênio total, fosfato, DQO, DBO, coliformes 
totais, escherichia Coli, e os metais zinco, chumbo, níquel, cádmio, ferro e cromo. Após 
o estudo, os autores ressaltaram a importância de se ter os valores de base, analisados 
antes da construção do aterro, para poder ser feita uma avaliação mais correta. Também 
ponderaram que os poços de monitoramento são uma técnica excelente para a ava-
liação da contaminação, no entanto, os diferentes tipos de solo, formas de perfuração, 
nível de água e outros fatores podem influenciar nos resultados. Sugere-se, ainda, a 
continuidade dos estudos, tendo em vista que foi possível a observação da influência 
do aterro sobre o aquífero (MONDELLI; GIACHETI; HAMADA, 2016).
Para o monitoramento de águas superficiais também são encontrados diversos 
estudos, como o de Martins (2018), que monitorou o corpo hídrico que recebe os 
efluentes do aterro sanitário de Rio Branco, no Acre. Foi realizado um monitoramento 
mensal sendo coletadas em um ponto a montante, um na zona de mistura e um a 
jusante do lançamento dos efluentes. Foram analisados os parâmetros pH, turbidez, 
temperatura, oxigênio dissolvido, sólidos dissolvidos totais, DBO, nitrogênio amoniacal, 
fósforo total e coliformes termotolerantes. Os resultados foram comparados com a 
Resolução do Conama nº 357/2005 para a Classe II dos corpos hídricos e foi observado 
que os parâmetros DBO e nitrogênio total apresentaram concentração acima do 
141
recomendado, principalmente para o ponto a jusante, sendo, portanto, indicadas 
propostas para manutenção do monitoramento, estudo de autodepuração e melhoria 
do sistema de tratamento de efluentes (MARTINS, 2018).
Por outro lado, Catapreta et al. (2021) avaliaram três córregos localizados no 
entorno da central de tratamento de resíduos sólidos de Belo Horizonte, Minas Gerais, 
onde fica localizado o aterro sanitário da cidade. O trabalho apresentou dados de 
monitoramento referente a um período de dez anos de coletas de amostras trimestrais. 
Foram avaliados os parâmetros cloreto, coliformes totais, condutividade elétrica, cor 
verdadeira, DBO, DQO, fósforo total, nitrato, nitrito, nitrogênio amoniacal, pH, turbidez e 
sólidos dissolvidos totais. Os resultados foram comparados com a Resolução do Conama 
nº 357/2005. Para os parâmetros microbiológicos, os resultados estiveram acima dos 
limites permitidos em todos os córregos e para sólidos dissolvidos, para um dos córregos. 
No entanto, como os valores para os demais parâmetros avaliados estiveram dentro 
dos limites estabelecidos, não foi confirmada a existência da poluição proveniente 
do aterro (CATAPRETA et al., 2021). Este estudo é interessante, pois demonstra que 
as construções e as operações corretas de aterros sanitários para a disposição dos 
resíduos sólidos minimizam os riscos de contaminação das águas superficiais e essas 
informações só podem ser obtidas por meio do monitoramento.
2.2 MONITORAMENTO ATMOSFÉRICO
O monitoramento atmosférico de um aterro sanitário tem como principal 
função avaliar a liberação de gases gerados pela decomposição dos resíduos. Os gases 
produzidos são captados, conforme observamos no Subtópico 2.3.2 e, de acordo com 
Castilhos Junior (2003), a principal opção comumente adotada para a atenuação dos 
efeitos negativos da liberação dos gases, é por meio da queima do gás. Como pontos de 
amostragem para o monitoramento, normalmente são escolhidos os próprios pontos de 
captação e queima de gases.
Para o monitoramento do biogás, usualmente são avaliados o metano (CH4), o 
dióxido de carbono (CO2), o nitrogênio (N2) e o oxigênio (O2), sendo o metano o gás de 
principal interesse (justamente por ser considerado um gás de efeito estufa, juntamente 
com o gás carbônico). Para a análise de gases, normalmente se utiliza a técnica da 
cromatografia gasosa, pois tem elevada precisão, porém, equipamentos portáteis de 
medição também podem ser utilizados (CASTILHOS JUNIOR, 2003).
Além disso, o monitoramento da qualidade do ar também deve levar em 
conta que nos aterros normalmente ocorre um alto fluxo de veículos, máquinas e 
equipamentos, que acabam liberando material particulado que fica em suspensão e 
flui pelo ambiente sem controle e sujeitos à ação dos ventos. Essas condições podem 
trazer desconfortos para a população do entorno e até riscos à saúde. Portanto, 
podem ser realizadas amostragens de partículas em suspensão e inaláveis que serão 
correlacionadas com variáveis do clima como temperatura, umidade e precipitação, que 
142
influenciam no comportamento das partículas. Os resultados podem ser comparados 
com os padrões de qualidade do ar, apresentados na Resolução do Conama nº 3/1990. 
A forma e a frequência de coleta de dados podem ser indicadas pelo órgão ambiental 
(BORGES; VIMIEIRO; CATAPRETA, 2016).
Salles e Piuzana (2013) avaliaram a qualidade do ar com relação ao material 
particulado na área de influência do aterro sanitário de Belo Horizonte, mencionando as 
concentrações de partículas totais em suspensão e partículas inaláveis. Para a realização 
das coletas, os autores instalaram coletores especiais, levando em consideração a 
direção do vento, chamados de amostradores de grandes volumes do tipo Hi-Vol para 
a coleta de partículas totais em suspensão, e coletores do tipo PI para as partículas 
inaláveis. Comparando os resultados com os limites estabelecidos na legislação, os 
autores observaram que o limite estabelecido não foi ultrapassado para as partículas 
inaláveis, porém, para as partículas totais em suspensão, sim. Portanto, reforça-se 
a necessidade do monitoramento, visando manter a qualidade do ar nas regiões de 
entorno de aterros sanitários.
Com relação ao monitoramento da qualidade do ar, estudos têm sido 
apresentados no sentido de alertar para a necessidade de se ter um gerenciamento 
da qualidade do ar em áreas próximas a terrenos contaminados ou de depósitos de 
resíduos sólidos, como demonstra o trabalho de Bezerra, Silva e Jucá (2018) que fizeram 
um levantamento da legislação do Brasil e da Colômbia, e apresentaram estudos de 
caso de monitoramento de biogás. Os autores concluíram que a legislação brasileira já 
apresenta alguns avanços, porém, reforça-se a necessidade de estudos da qualidade 
do ar devido aos riscos que dissipação do biogás pode causar.
143
PANORAMA GERAL DAS CONDIÇÕES DE FUNCIONAMENTO DOS ATERROS 
SANITÁRIOS COM BASE NO SNIS (2017)
 Andreza Sousa Gonçalves 
Gemmelle Oliveira Santos
Hábila Adriele de Souza Santos 
Mateus de Sousa Nogueira
Pollyana Rodrigues de Carvalho
A gestão e o gerenciamento adequados dos resíduos sólidos urbanos 
representam um importante desafio para os municípios, visto que a geração ocorre de 
forma ininterrupta com ampliados impactos negativos sobre o ambiente, a economia e 
a saúde da população.
Conforme a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) (BRASIL, 2010), cada 
município deve empreender esforços para não gerar, reduzir, reutilizar, reciclar e tratar 
resíduos e para dispor adequadamente seus rejeitos (Artigo 7º, II, Lei nº 12.305/2010) a 
partir de uma visão sistêmica (Artigo 6º, III) e cooperação entre os diferentes segmentos 
da sociedade (Artigo 6º, III).
No que diz respeito à disposição final, apenas aterros sanitários são permitidos 
no Brasil (desde 2010), por representarem – conforme a PNRS (Artigo 3º, VIII) e a NBR 
nº 8.419/1992 (Item 3.2) – uma técnica de distribuição ordenada de rejeitos no solo 
baseada em normas de projeto e operacionais específicas. Tais obras buscam evitar 
danos ou riscos à saúde pública, à segurança e minimizar os impactos ambientais 
adversos dos resíduos (para isso, utilizam-se princípios de engenharia para confinar 
os resíduos sólidos à menorárea possível e reduzi-los ao menor volume permissível, 
cobrindo-os com uma camada de terra na conclusão de cada jornada de trabalho ou a 
intervalos menores, se necessário).
No Brasil, as informações sobre os aterros sanitários variam conforme a fonte 
consultada (ABRELPE, IBGE, CEMPRE), sendo que em 1996, o Governo Federal criou 
e, desde então, administra uma importante base de dados sobre o setor: o Sistema 
Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS).
O SNIS está vinculado à Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental 
(SNSA) do Ministério das Cidades (MCidades) e tem como objetivo se constituir em 
uma ferramenta para auxiliar no(a): planejamento e execução de políticas públicas de 
LEITURA
COMPLEMENTAR
144
saneamento; orientação da aplicação de recursos; conhecimento e avaliação do setor; 
avaliação de desempenho dos prestadores de serviços; aperfeiçoamento da gestão; 
orientação de atividades regulatórias e de fiscalização; e exercício do controle social.
O SNIS foi a principal fonte de dados para o desenvolvimento dessa pesquisa 
por ser reconhecido como o mais robusto banco de dados existente no país sobre os 
serviços de saneamento. As informações obtidas por meio do SNIS são fornecidas 
diretamente pelos titulares dos serviços de saneamento (os municípios) e todas são 
abertas e disponibilizadas para o público gratuitamente. As análises apresentadas 
nessa pesquisa sobre as condições de funcionamento dos aterros sanitários não 
almejam esgotar a ampla possibilidade de avaliações que o conjunto de informações e 
indicadores escolhidos permite, sendo apenas um retrato sobre o setor.
No Brasil, existem 640 aterros sanitários (Sistema Nacional de Informações 
sobre Saneamento – SNIS, 2017), mas nem todos funcionam sob rígido controle 
administrativo, operacional e ambiental. Essa pesquisa apresenta e discute os dados 
mais recentes sobre as condições de funcionamento desses empreendimentos e se 
baseou nos relatórios do SNIS intitulados Diagnóstico do Manejo de Resíduos Sólidos 
Urbanos. O objetivo deste trabalho foi avaliar as condições de funcionamento dos aterros 
sanitários do Brasil com base nos dados mais recentes publicados pelo SNIS em 2017.
O SNIS é uma importante ferramenta de controle social e garante à sociedade 
informações que permitem avaliar os serviços públicos de saneamento básico. Todas 
as informações do SNIS são fornecidas anualmente pelos prestadores de serviços. O 
Ministério das Cidades, desde 2002, coleta informações referentes ao manejo de resíduos 
sólidos urbanos e publica anualmente um relatório intitulado Diagnóstico do Manejo 
de Resíduos Sólidos Urbanos, abrangendo aspectos operacionais, administrativos, 
econômico-financeiros, contábeis e de qualidade dos serviços.
Diante dessas informações, o presente trabalho foi desenvolvido em duas 
etapas: a primeira envolveu uma consulta à base de dados do SNIS para extração dos 
dados relativos ao objeto de estudo para o ano de 2017; na segunda etapa, realizou-se 
a interpretação dos dados e discussão frente a literatura. A seguir são mostradas as 
perguntas que nortearam o processo de avaliação das condições de funcionamento dos 
640 aterros sanitários do Brasil.
Temas utilizados na avaliação dos aterros sanitários do Brasil: pergunta de 
partida: quantos aterros sanitários do Brasil possuem/funcionam/realizam... licença 
de operação? Licença de instalação? Licença prévia? Sem licença? Com outro 
tipo de autorização? Sem nenhum(a) dado/informação? Cerca perimetral? Prédio 
administrativo? Serviço de vigilância? Cobertura dos resíduos? Drenagem de águas 
pluviais? Impermeabilização a base? Drenagem de chorume? Tratamento interno de 
chorume? Tratamento externo de chorume? Recirculação de chorume? Drenagem de 
gases? Sistemas de aproveitamento de gases?
145
O trabalho permitiu identificar, com elevado grau de objetividade, a situação de 
funcionamento dos aterros brasileiros de municípios participantes do SNIS. A análise 
de dados secundários permite economia de tempo, redução de custos e proporciona 
aprofundamento de conhecimentos no tema pesquisado (SOUZA, 2013; ZAMBERLAN, 
2008; PRODANOV; FREITAS, 2013).
Conforme os dados do SNIS (2017), existem 640 aterros sanitários no Brasil, 
dos quais 503 tem licença de operação, 50 estão em processo de licenciamento 
(33 com licença de instalação e 17 com licença prévia) e 46 estão funcionando sem 
nenhum tipo de licença. Existem ainda 37 aterros sanitários com “outro tipo de licença” 
não especificada no SNIS e quatro empreendimentos registrados, mas sem nenhuma 
informação sobre o tema.
Como se observa, a grande maioria dos aterros sanitários do Brasil passou pelos 
trâmites e etapas do licenciamento ambiental trifásico previstas em resoluções federais 
(CONAMA nº 1/1986; CONAMA nº 237/1997) e, em alguns casos, até aprimoradas por 
resoluções estaduais e municipais.
Para Araújo et al. (2016), os aterros sanitários são recomendados como uma 
técnica de tratamento segura, desde que operados de maneira correta e, para tanto, os 
órgãos ambientais têm um papel fundamental no processo de localização, implantação 
e operação desses empreendimentos.
Segundo Mota (2003), a escolha de um local para a execução de um aterro 
sanitário deve ser feita observando: a) afastamento adequado de áreas urbanas; b) 
distância satisfatória de recursos hídricos superficiais; c) afastamento do lençol freático; 
d) disponibilidade de material de cobertura; e) distância não muito grande das áreas de 
coleta e; f) facilidades de acesso (sistema viário).
Os dados permitem observar também que uma quantidade significativa de 
aterros sanitários (46) está funcionando sem as devidas autorizações, parecendo ser 
este um problema antigo, pois ainda na década de 90 o Instituto Brasileiro de Geografia 
e Estatística (IBGE) realizou uma pesquisa permitindo observar que apenas 9,6% dos 
municípios avaliados possuíam aterros sanitários em conformidade com as leis e 
resoluções pertinentes. Os dados permitem entender também que a universalização 
dos processos de licenciamento ambiental ainda é um desafio no país e enquanto 
alguns aterros estiverem funcionando na ilegalidade todo um conjunto de impactos 
negativos ao meio ambiente e à sociedade são esperados, pois os aterros sanitários são 
considerados empreendimentos de alto potencial poluidor para os quais são exigidos 
um EIA/RIMA (CONAMA nº 1/1986).
De acordo com Sisinno (1995), a falta de infraestrutura e o não cumprimento de 
padrões básicos – que visem minimizar os riscos ambientais em áreas utilizadas como 
depósito final de lixo – configuram-se como focos potenciais de poluição do ar, do solo e das 
águas, influenciando negativamente na qualidade ambiental de regiões sob sua influência.
146
Além da área reservada para a disposição de resíduos sólidos, os aterros 
sanitários devem possuir toda uma estrutura de apoio com prédio administrativo, 
guarita e cerca para controle de acesso, balança rodoviária, estacionamento, estação de 
tratamento de lixiviados, oficina e outros, conforme a NBR 8419/1992, NBR 13896/1997, 
NBR 15849/2010 e Portela e Ribeiro (2014). A maior parte desses componentes foram 
verificados nos aterros pesquisados por Guizard et al. (2006) e por Marinho (2013).
Sobre esse assunto, os dados do SNIS (2017) revelam que 524 aterros sanitários 
do Brasil possuem cerca perimetral (estrutura que visa evitar o acesso de pessoas e 
animais na área do aterro), conforme a NBR 13896/1997; 377 aterros sanitários possuem 
prédio administrativo e 321 contam com sistema de vigilância (armada ou não).
A simples instalação de uma cerca não cessa os problemas, sendo necessário 
um programa de manutenção. Lima (2017), ao avaliar as condições de um aterro 
sanitário, notou que o isolamento físico estava comprometido, pois a lateral direita do 
terreno permanecia sem tela de proteção, permitindo o acesso de pessoas e animais.
Conforme Santos (2016), a pesagem dos resíduos na entrada do aterro e o registro 
dessas informaçõesno setor administrativo podem ser consideradas o início do processo 
de controle nesses empreendimentos e permitem, entre outros aspectos, monitorar a 
vida útil do empreendimento e alterar (ou manter) sua forma de operação (rampa, área 
ou trincheira). Além disso, a identificação do tipo de resíduo (domiciliar, poda, capina etc.) 
permite direcionar os veículos de coleta ao setor adequado, otimizando a rotina.
A atividade operacional de um aterro sanitário compreende o espalhamento, a 
compactação, cobertura e a drenagem dos resíduos, o monitoramento do sistema de 
tratamento de efluentes, o monitoramento topográfico e das águas, e a manutenção 
dos acessos e das instalações de apoio (ALBUQUERQUE, 2011). 
Os dados do SNIS (2017) revelam que 635 aterros sanitários do Brasil fazem a 
cobertura de resíduos, 392 possuem sistemas de drenagem de águas pluviais e 389 
tem impermeabilização de base; alguns dos itens básicos previstos na NBR 8419/1992, 
NBR 13896/1997 e NBR 15849/2010.
Conforme entendido em publicação do Instituto de Pesquisas Tecnológicas 
(IPT) (2000), o sistema de cobertura tem a função de proteger a superfície das células 
de resíduos sólidos, eliminar a proliferação de vetores, diminuir a taxa de formação 
de líquidos percolados, reduzir a exalação de odores, impedir a catação, permitir o 
tráfego de veículos coletores sobre o aterro, eliminar a queima de resíduos e a saída 
descontrolada do biogás. Por isso, existem preocupações quanto a sua durabilidade e 
exposição, devendo ser resistente a processos erosivos e adequado à futura utilização 
da área (SHARMA; LEWIS, 1994).
147
Conforme entendido em Mariano e Jucá (2009), um sistema de cobertura final 
de aterro é composto por seis componentes básicos: camada superficial, camada de 
proteção, camada de drenagem, barreira hidráulica ou de gás, camada de coleta de 
gás e camada de base, porém, a utilização simultânea desses componentes para os 
sistemas de cobertura final, muitas vezes, é inviável ou desnecessária, dependendo 
basicamente da condição climática e do balanço hídrico do local.
Segundo Ferreira (2006) o sistema de drenagem de águas pluviais deve ser 
composto por uma rede de canaletas superficiais, revestidas ou não, acopladas ou não, a 
escadas de dissipação de energia, conforme cada circunstância específica, envolvendo 
progressivamente o perímetro e a frente de operação de modo a coletar e promover o 
escoamento controlado das águas pluviais.
A impermeabilização de base tem o objetivo de confinar os resíduos por meio 
de barreiras impermeáveis, o que por consequência, os protege da entrada de líquidos 
externos e evita a infiltração de percolados e gases do aterro no subsolo (BUENO; 
BENVENUTO; VILAR, 2004). A impermeabilização da base e das laterais do aterro pode 
ser feita por meio de geomembranas sintéticas e/ou com camadas de solo impermeável 
(BOSCOV, 2008).
Conforme Santos (2016), os sistemas de impermeabilização inferior envolvem 
a aplicação, ora isolada ora combinada, de uma manta impermeável de PEAD e solos 
argilosos compactados. Pelo fato de as duas alternativas juntas encarecerem o aterro 
sanitário, é mais comum o emprego isolado dos solos argilosos, principalmente se há 
disponibilidade desse material no terreno escolhido, mas a modalidade aplicada varia 
entre os estados brasileiros.
Após confinamento dos resíduos sólidos nos aterros sanitários, inúmeros 
processos internos, sob influência também das condições externas, resultam na geração 
de lixiviados e gases, que precisam de um sistema de coleta, drenagem e tratamento 
(NBR 8419/1992, NBR 13896/1997, NBR 15849/2010).
Com relação ao chorume, os dados do SNIS (2017) revelam que 364 aterros 
sanitários possuem sistemas de drenagem, 208 promovem internamente o tratamento 
do chorume, 188 fazem a recirculação e 127 aterros enviam o chorume para tratamento 
fora do aterro.
Conforme Fagundes (2009), drenar o chorume é importante, uma vez que este 
apresenta um potencial poluidor elevado, principalmente devido à alta carga orgânica, 
metais pesados, cloretos, amônia, dentre outros compostos.
Para Santos (2016), deve-se executar a rede de drenagem para os lixiviados com 
o objetivo de conduzi-los da célula de resíduos para a estação de tratamento. Assim, a 
redução do volume de líquidos do interior da massa de resíduos permitirá os recalques 
148
e o aumento da estabilidade do maciço, reduzindo seu risco de desmoronamento, 
aumentando sua capacidade de carga.
O sistema de drenagem de lixiviados mais comum é composto por drenos 
secundários ligados a um dreno principal (modelo conhecido por “espinha de peixe”). 
Nesse sistema, duas modalidades de dreno podem ser aplicadas: dreno cego e dreno 
tubular. No primeiro caso, a escavação da vala no fundo da célula de resíduos é 
preenchida com brita, geralmente n° 4 e com um material drenante (ex.: areia grossa). 
No segundo caso, são implantados dentro do leito de brita um tubo perfurado de PVC, 
PEAD ou manilhas de concreto. Existem ainda os casos em que mantas revestem tais 
drenos (SANTOS, 2016).
O tratamento interno exige de a empresa responsável pelo aterro sanitário 
arcar com a construção, operação e manutenção do sistema, assumindo todos os 
riscos operacionais, trabalhistas e ambientais. No tratamento externo, uma empresa é 
contratada para coletar, transportar e dar uma destinação final para o chorume.
A recirculação do chorume tem sido apontada como excelente técnica para 
acelerar o processo de degradação dos resíduos sólidos em aterros (PINTO, 2000). 
Conforme Santos (2016), a recirculação tem um efeito positivo na formação de CH4 por 
aumentar o teor de água, fornece e distribuir nutrientes e biomassa. Além disso, é uma 
opção complementar de tratamento do lixiviado uma vez que propicia a atenuação de 
constituintes pela atividade biológica e por reações físico-químicas que ocorrem no 
interior do aterro. A recirculação diminui também o volume do lixiviado em função da 
evaporação que ocorre no platô do aterro se o solo de cobertura estiver quente.
Outros dados levantados no SNIS 2017, revelam que 314 aterros sanitários 
possuem drenagem de gases (49%) e apenas 48 dispõe de aproveitamento de gases 
(7,5%). Conforme Ribeiro et al., (2019) na maioria dos aterros sanitários, são instalados 
sistemas de captação de gases compostos por drenos horizontais e/ou verticais 
interligados (feitos de tubos de PVC, concreto, PEAD) com extração passiva ou ativa (sob 
pressão de bombeamento). Ainda, segundo os autores, a captação ativa dos gases de 
aterro está geralmente associada com algum projeto de aproveitamento do gás metano 
(para queima direta ou geração de energia térmica ou elétrica) e demanda a escolha 
de bons materiais para compor o sistema de drenagem (são necessários materiais 
resistentes, impermeáveis e flexíveis, a exemplo dos tubos de PEAD). É importante ainda 
determinar com precisão a profundidade de instalação, inclinação e proteção mecânica 
de cada dreno, além da pressão de sucção.
Os resultados obtidos permitiram concluir que: a grande maioria dos aterros 
sanitários do Brasil cadastrados no SNIS possui autorização ambiental emitida pelos ór-
gãos competentes, ou seja, passaram pelo crivo do licenciamento ambiental e isso deve 
resultar em boas condições de projeto, implantação, operação, encerramento e moni-
toramento. Quase metade dos aterros sanitários funcionam sem prédio administrativo, 
o que permite questionar como vem sendo feito o controle de acesso dos veículos de 
149
coleta e dos quantitativos de resíduos; informações básicas para organizar a rotina do 
empreendimento e acompanhar sua vida útil. Entre as atividades operacionais, a mais 
realizada nos aterros brasileiros é a cobertura dos resíduos, alcançando-se com isso 
melhoria nas condições de estabilidade e nos processos de degradação, mas quase 
metade dos aterros não faz drenagem de águas pluviais (que pode significar aumento 
da produção de chorume e dos processos erosivos), nem impermeabilizaçãode base (o 
que pode ampliar os riscos de contaminação). Mais da metade dos aterros realiza pelo 
menos a drenagem do chorume (o que diminui a poro-pressão no maciço de resíduos e 
permite os recalques) enquanto a grande maioria não faz tratamento (interno ou exter-
no) nem recirculação; aumentado as chances de contaminação ambiental para além da 
área ocupada pelo aterro. Mais da metade dos aterros não realiza drenagem de gases (o 
que aumenta a instabilidade e os riscos de explosão) e a quase totalidade não faz apro-
veitamento energético, ou seja, desperdiça uma importante fonte de energia renovável, 
amplia as contribuições locais em termos de aquecimento global e efeito estufa.
Fonte: SANTOS, H. A. S. et al. Panorama geral das condições de funcionamento dos aterros sa-
nitários do Brasil com base no SNIS [2017]. In: 10º Fórum Internacional de Resíduos Sólidos. 
João Pessoa: Instituto Venturi, 2019. Disponível em: https://repositorio.ufc.br/bitstream/riu-
fc/57335/1/2019_eve_hadessantos1.pdf. Acesso em: 29 set. 2022.
150
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você aprendeu:
• Que o monitoramento ambiental está relacionado ao acompanhamento dos 
processos e das características de determinados compartimentos. Sendo de 
importância fundamental para a detecção de problemas e proposição de soluções. 
No caso de aterros, o monitoramento é uma forma de avaliar se os impactos 
ambientais estão sendo corretamente mitigados.
• Que o monitoramento ambiental deve estar presente em todas as fases de um 
aterro; é muito importante na etapa de implantação, para que se tenham os valores 
de base ou naturais, assim como é importantíssimo nas etapas de operação e 
encerramento do aterro.
• Que o acompanhamento das características das águas superficiais e subterrâneas 
é essencial para se garantir a qualidade nos corpos d’água adjacentes aos aterros 
sanitários. Esse procedimento é realizado por meio do recolhimento de amostras de 
água e posterior análise dos parâmetros de qualidade da água em laboratório.
• Que devido às características das águas subterrâneas, que se encontram abaixo do 
solo, é necessário a construção de poços de monitoramento para a realização de 
coletas de água. É importante destacar que, em aterros perigosos, da mesma forma 
se recomenda o monitoramento das águas.
• Que o monitoramento atmosférico também é muito relevante, pois determinará 
as características do ar na região afetada pelo aterros, sendo acompanhados 
principalmente o espalhamento dos gases, dos materiais particulados e de partículas 
inaláveis que podem acarretar riscos para a saúde.
• Que os resultados de todos os parâmetros avaliados devem ser conferidos com os 
valores apresentados nas legislações vigentes, tanto para a qualidade das águas 
superficiais e subterrâneas quanto para a qualidade do ar. 
151
RESUMO DO TÓPICO 4 AUTOATIVIDADE
1 O monitoramento pode ser entendido como um grupo de atividades que devem 
ser realizadas com o objetivo de acompanhar os impactos ambientais que podem 
ocorrer nos aterros sanitários. Além disso, o monitoramento é uma maneira de avaliar 
se o funcionamento dos sistemas construídos para preservar o meio ambiente está 
adequado. Sobre o monitoramento ambiental, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) O monitoramento deve ocorrer apenas na etapa de operação do aterro sanitário.
b) ( ) Não há necessidade de se monitorar o aterro após o encerramento das atividades 
de disposição de resíduos e fechamento da área. 
c) ( ) Um aterro sanitário necessita de um monitoramento ambiental e também de um 
monitoramento geotécnico. 
d) ( ) Entre os sistemas de monitoramento geotécnico estão o controle de qualidade 
do solo, o controle de insetos e o controle de ruídos. 
2 Entre as diferentes formas de monitoramento ambiental, o monitoramento da água 
é um dos mais importantes para evitar contaminação das águas subterrâneas e 
superficiais. Sobre esse assunto, analise as sentenças a seguir:
I- Um dos pontos mais importantes no monitoramento da água é a fase do diagnóstico, 
ou seja, o monitoramento na fase de implantação do aterro, pois servirá como base 
para os parâmetros monitorados. 
II- O monitoramento da água é realizado por meio de coletas de amostras de água e 
determinação dos parâmetros pela análise em laboratório. 
III- A frequência de coleta de amostras, os parâmetros a serem analisados e as técnicas 
são definidos pelo empreendedor ou gestor do aterro sanitário.
 
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) A sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) A sentença III está correta.
3 O monitoramento das águas subterrâneas está previsto pela norma NBR 15849/2010 
e se refere às águas que estão no subsolo como lençóis freáticos e aquíferos. De 
acordo com os objetivos e especificações do sistema, classifique V para as sentenças 
verdadeiras e F para as falsas:
152
( ) O monitoramento das águas subterrâneas é realizado por meio de poços de 
monitoramento, que devem ser construídos seguindo as especificações técnicas. 
( ) É exigido no mínimo três poços a montante da área do aterro e três poços a jusante. 
( ) As coletas de amostras nos poços devem ser realizadas duas vezes ao ano em 
cada poço.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
4 Após definidos os pontos de amostragem de água e a frequência das coletas, será 
iniciado o monitoramento devendo ser determinados os parâmetros pela análise em 
laboratório. Relate quais são os principais parâmetros de monitoramento e quais os 
padrões que devem ser atendidos.
5 O monitoramento atmosférico é outra forma de monitoramento ambiental exigida 
para aterros sanitários, que verificará a influência do processo de disposição e 
degradação dos resíduos sólidos na qualidade do ar. Nesse contexto, explique quais 
são os principais impactos que os aterros podem causar na atmosfera.
153
REFERÊNCIAS
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10157 – Aterros de 
resíduos perigosos – Critérios para projeto, construção e operação. Rio de Janeiro: 
ABNT, 1987. Disponível em: https://bit.ly/3REF0N0. Acesso em: 28 set. 2022.
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8419 – Apresentação 
de projetos de aterros sanitários de resíduos sólidos urbanos. Rio de Janeiro: ABNT, 
1992. Disponível em: https://bit.ly/3RJogo8. Acesso em: 28 set. 2022.
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10004 – Resíduos 
sólidos – classificação. Rio de Janeiro: ABNT, 2004. Disponível em: https://bit.ly/3SO-
gydm. Acesso em: 28 set. 2022.
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 11682 – Estabilidade 
de encostas. Rio de Janeiro: ABNT, 2009.
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15849 – Resíduos 
sólidos urbanos – Aterros sanitários de pequeno porte – Diretrizes para localização, 
projeto, implantação, operação e encerramento. Rio de Janeiro: ABNT, 2010.
BECK, M. H. et al. Monitoramento das águas subterrâneas e lixiviado do local 
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157
TRATAMENTO DE 
EFLUENTES LÍQUIDOS E 
GASOSOS DE ATERROS 
SANITÁRIOS
UNIDADE 3 —
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• conhecer os efl uentes líquidos e gasosos produzidos em aterros;
• aprender sobre os sistemas de tratamento de efl uentes líquidos;
• reconhecer os tipos de gases e suas características;
• aprender sobre os principais fatores intervenientes na geração e composição dos 
gases;
• compreender o que é emissão fugitiva e suas formas de investigação.
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar 
o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – EFLUENTES LÍQUIDOS EM ATERRO
TÓPICO 2 – GASES EM ATERRO
TÓPICO 3 – EMISSÃO DE GASES DE FORMA FUGITIVA EM ATERRO
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure 
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
CHAMADA
158
CONFIRA 
A TRILHA DA 
UNIDADE 3!
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159
TÓPICO 1 — 
EFLUENTES LÍQUIDOS EM ATERRO
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Um dos principaisproblemas ambientais, quando se trata de áreas destinadas à 
disposição final de resíduos sólidos, diz respeito aos efluentes, oriundos da decomposição 
dos resíduos aliados às águas de chuva, que infiltram e percolam pelo solo. Nesse 
sentido, para garantir a segurança ambiental do local onde os resíduos são aterrados, 
ou seja, do aterro sanitário, é preciso que sejam projetados e instalados sistemas de 
controle, principalmente na contenção dos subprodutos, como o chorume, também 
chamado de “percolado” ou “lixiviado”. 
A norma brasileira NBR 8849/1985 define lixiviado utilizando o termo “chorume”. 
Refere-se ao líquido produzido pela decomposição dos resíduos sólidos, apresentando 
cor escura, mau cheiro e elevada concentração de Demanda Bioquímica de Oxigênio 
(DBO) (ABNT 1985).
O chorume é o efluente ou resíduo líquido oriundo da decomposição de resíduos, 
que apresenta elevado caráter poluidor, principalmente devido à grande concentração 
de matéria orgânica degradável com a amônia. Ainda, apresenta variações em sua 
composição química e na quantidade produzida (SOUTO, 2009). 
Dada a característica de caráter poluidor, é preciso que o chorume passe 
por um tratamento específico, considerado uma medida de proteção ambiental e de 
manutenção da estabilidade do aterro sanitário. Além disso, o correto tratamento é uma 
forma de garantir uma melhor qualidade de vida para a população local. 
Dessa forma, neste tópico, serão apresentadas as formas de geração do 
chorume, bem como sua caracterização. A origem dele é baseada de acordo com o 
tipo de resíduo que está aterrado. Para a caracterização do chorume, é preciso analisar 
alguns parâmetros, como DBO, DQO, presença de metais e pH. Entretanto, não basta 
somente conhecer a origem do chorume, é preciso, também, conhecer as condições 
locais para facilitar as formas de tratamento. 
160
2 EFLUENTES LÍQUIDOS EM ATERRO
Como mencionado, em aterros sanitários, os resíduos sólidos têm como premissa 
se decompor e originar um líquido malcheiroso, de coloração negra, denominado 
“lixiviado” ou “chorume”. Essa formação do chorume é decorrente da decomposição da 
massa de resíduos, por isso, apresenta uma alta carga poluidora, ocasionando diversos 
efeitos sobre o meio ambiente. 
De acordo com Alves e Teixeira (2004), esse tipo de efluente líquido apresenta 
grande potencial de impacto relacionado à alta concentração de matéria orgânica, 
reduzida biodegradabilidade e presença de metais pesados.
2.1 EFLUENTE LÍQUIDO: TIPO E FORMAÇÃO
"Chorume", "purina", "lixívia", "sumero", "líquido percolado" ou "lixiviado de aterro 
sanitário" são possíveis denominações para um líquido viscoso e escuro, produzido pela 
ação enzimática de microrganismos em resíduos, pela oxidação de metais e pela sua 
infiltração em aterros sanitários (MASSAI et al., 2020).
O chorume é um efluente líquido com características orgânicas, constituído por 
sais inorgânicos e ácidos orgânicos em sua maior parcela. Devido à heterogeneidade 
de sua constituição e aos diferentes tipos de resíduos decompostos, ele pode sofrer 
processos transformativos e de transporte diversos. Além disso, dependendo da 
degradação do resíduo, a concentração dos constituintes do chorume se modifica, 
tornando a interpretação dos processos subterrâneos bastante complexa, exigindo que 
seu acondicionamento e tratamento também sejam.
2.1.1 Origem e processo de formação do chorume
A origem da maior parte de fração orgânica dos resíduos sólidos desencadeia 
reações de degradação desempenhadas por microrganismos. Estes, por sua vez, a fim 
de obter energia para suas funções metabólicas, transformam os compostos orgânicos 
em moléculas mais simples (HUNG; WANG; SHAMMAS, 2014).
Lima (1995) enfatiza que o chorume é o líquido proveniente de teor de umidade 
natural dos resíduos sólidos, concentração de água de constituição dos vários materiais 
que sobram durante a decomposição e líquido proveniente da dissolução da matéria or-
gânica pelas exoenzimas bacterianas na fase inicial da degradação da matéria orgânica.
O chorume constitui um problema sério relativo à degradação do meio ambiente. 
Em aterro sanitário, ele é formado em decorrência da percolação intermitente e não 
uniforme de água de chuva, que infiltra na massa compactada de resíduos, lixiviando 
os compostos solúveis ali encontrados (CARRILHO; CARVALHO, 2016). A figura a seguir 
apresenta o esquema da formação de chorume em aterros. Observe.
161
Figura 1 – Esquema da formação de chorume
Fonte: a autora
Quando se correlaciona ao teor de matéria orgânica dissolvida, a origem do 
chorume é bastante variada, representada, principalmente, por ácidos orgânicos 
voláteis, como ácido acético e ácidos subprodutos da quebra de compostos orgânicos 
de cadeia longa. A qualidade do chorume muda com o tempo e conforme a degradação 
dos resíduos ocorre dentro do aterro (EPA, 1997).
Na área de Bioquímica, o processo de digestão anaeróbia dos resíduos sólidos é 
um processo bioquímico complexo, composto de diferentes reações sequenciais, sendo 
dividido em diferentes níveis metabólicos ou fases (EPA, 1997).
A digestão anaeróbia ocorre na inexistência de oxigênio, contando com o 
dióxido de carbono, nitrato, sulfato, ferro trivalente ou outra substância, 
como aceptores finais de elétrons (VILELA, 2012).
Fonte: VILELA, R. S. Remoção de matéria orgânica de águas residuárias com 
elevada concentração de sulfato pelas vias sulfetogênica e metanogê-
nica combinadas. 2012. 120 f. Dissertação (Mestrado em Ciências) – Escola de 
Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2012. Disponível 
em: https://repositorio.usp.br/item/002320111. Acesso em: 29 set. 2022.
IMPORTANTE
Devido à origem variada, os compostos orgânicos são medidos em termos de 
Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), Carbono Orgânico Total (COT) e Demanda Quí-
mica de Oxigênio (DQO) (AZIZ et al., 2014). Por sua vez, a parte inorgânica do chorume 
consiste em sais inorgânicos, como Ca2+, Mg2+, Na+, K+, NH4
+, Fe2+, Mn2+, Cl-, SO4
2-, HCO3
-; 
e metais pesados, como Cd2+, Cr3+, Cu2+, Pb2+, Ni2+, Zn2+ (BAIRD; CANN, 2008). Na tabela 
a seguir, são apresentados os íons encontrados no chorume e sua origem.
162
Tabela 1 – Íons encontrados no chorume e sua origem
Fonte: adaptada de Silva (2009)
Origem: tipo de resíduo Íons
Baterias Ni2+ Cd2+ Pb2+
Latas, cosméticos, embalagens 
laminadas
A13+
Material orgânico PO-3
4 NO-3
 CO-2
3
Material orgânico, entulhos de 
construção, cascas de ovos
Na+ K+ Ca2+ Mg2+
Pilhas e lâmpadas Hg2+ Mn2+
Resíduo eletrônico, latas Cu2+ Fe2+ SN2+
Solventes orgânicos e tintas AS+3 Sb3+ Cr3+
Tubos de PVC, raios X Cl- Br- Ag+
Íons de Na, K, Ca e Mg têm origem de material orgânico, entulhos de construção 
e cascas de ovos. Já os íons P, N e C têm origem concentrada no material orgânico, 
somente. Latas descartáveis, cosméticos e embalagens laminadas em geral são fontes 
de íon Al. Cu, Fe e Sn têm origem pautada em material eletrônico, latas e tampas de 
garrafas, assim como íons Hg e Mn, que se apresentam a partir de pilhas comuns e 
alcalinas e lâmpadas fluorescentes. Já as baterias recarregáveis (celular, telefone sem 
fio, automóveis etc.) são fontes de Ni, Cd e Pb. Por sua vez, As, Sb e Cr têm origem em 
embalagens de tintas, vernizes e solventes orgânicos. Os íons Cl, Br e Ar estão presentes 
nos tubos de PVC, negativos de filmes e raios-x (MOREIRA, 2019).
Conforme Massai et al. (2020), além desses metais, são encontrados MBAS 
(substâncias tensoativas), fenóis, óleos e graxas, BIS (2 etil hexil ftalato), boro, cromo, 
sulfatos, sulfetos, fosfatos, fluoretos e materiais orgânicos recalcitrantes. 
No processo de formação do chorume, as ações dos microrganismos são 
fundamentais. Isso porque eles atuam, primeiramente, nas camadas mais antigas e 
profundas dos aterros sanitários. Essa ação se dá, nesses locais, porque o chorume 
gerado nas camadas superiores, obrigatoriamente, sofre a ação delas. Logo, a biomassa 
produzida degradae consome os materiais presentes no chorume. Assim, ocorre a 
chamada “filtração biológica”, fazendo com que o chorume percolado por áreas com 
altas concentrações de microrganismos acabem por retirar os diversos nutrientes 
disponíveis e liberar seus respectivos produtos de excreção.
163
O chorume produzido por uma célula de aterro não é apenas uma combinação 
do chorume gerado nos diferentes pontos de massa de resíduos, mas sim 
o resultado dos processos que ocorrem nas camadas mais profundas, 
em que as características são regidas principalmente pela efi ciência dos 
microrganismos em eliminar os diversos poluentes existentes (SOUTO, 2009).
IMPORTANTE
Devido ao alto nível de toxicidade e compostos solúveis que o chorume possui, ele 
necessita de tratamento antes de ser lançado, pois pode contaminar as águas do subsolo 
nas proximidades do aterro. Quanto maior o tempo que a matéria orgânica fi ca aterrada, 
mais o chorume se torna complexo do ponto de vista da composição química, quando seu 
tratamento necessita de tecnologias mais avançadas, para que atenda aos parâmetros ne-
cessários, a fi m de ser, então, lançado nos corpos hídricos (PONTA GROSSA, 2013).
 Lange e Amaral (2009) mencionam que chorumes oriundos de aterros sanitários 
mais antigos, com matéria orgânica mais estabilizada, apresentam grande potencial polui-
dor devido à presença de substâncias recalcitrantes, que, usualmente, não são removidas 
por tratamento biológico, necessitando, portanto, da aplicação de um pós-tratamento.
2.1.2 Caracterização dos componentes do chorume
Chorumes de aterros sanitários apresentam concentrações altas de nitrogênio 
amoniacal e matéria orgânica, que não permitem seu descarte no meio ambiente sem 
um prévio tratamento (MOREIRA, 2019). Nesse sentido, uma boa caracterização previne 
problemas no seu lançamento.
 De acordo com os estudos de Barker e Stuckey (1999), a caracterização de 
efl uentes biológicos, em geral, pode ser realizada em três níveis: 
1. identifi cação individual dos compostos;
2. identifi cação de classes de compostos;
3. determinação de parâmetros coletivos específi cos e não específi cos.
Os parâmetros coletivos não específi cos ou convencionais são métodos 
padronizados na literatura e empregados na caracterização de efl uentes. Já os parâmetros 
coletivos específi cos (como DQO inerte, biodegradabilidade aeróbia e distribuição de 
massa molecular) são métodos de caracterização encontrados na literatura, ainda não 
padronizados, que fornecem informações direcionadas à determinada propriedade do 
efl uente (MORAVIA, 2007).
164
O pH é um parâmetro que retrata o processo de decomposição biológica de 
resíduos com características orgânicas. Em processos de biodegradação anaeróbia, 
o desenvolvimento dos microrganismos está relacionado diretamente às faixas 
predominantes de pH. Os ácidos orgânicos voláteis são excelentes indicadores do grau 
de degradabilidade e do andamento dos processos anaeróbios, pois são gerados na fase 
acidogênica (aterros jovens) e consumidos na fase metanogênica. O desenvolvimento 
de microrganismos arqueas metanogênicos ocorre em faixas de pH entre 6,7 e 7,4 
(TCHOBANOGLOUS; THEISEN; VIGIL, 1993).
Um grande problema relacionado à caracterização de chorume é a falta de 
preocupação com a descrição da natureza dessa matéria orgânica. Tão importante 
quanto saber a carga de matéria orgânica do chorume, é saber qual a constituição dessa 
fração, pois, ali, podem estar presentes substâncias com características tóxicas. Várias 
substâncias orgânicas já identificadas no lixiviado se destacam pelo seu comprovado 
potencial carcinógeno ou cocarcinógeno, como dodecano, clorofórmio, tetracloreto 
de carbono, benzeno, tolueno, xileno, fenol, clorofenóis, nitrofenóis, antraceno, 
diclorometano, dentre outros (GOMES, 2009).
Gomes (2009) relata que grande variabilidade de embalagens (ferrosas ou não) 
dispostas pós-uso em aterros sanitários são a principal fonte de metais posteriormente 
encontrados no chorume. Dessa forma, a concentração de metais como Fe, Mn, Zn, 
Cu, Pb e Cd pode ser elevada em aterros jovens devido ao ambiente ácido, que permite 
a solubilização dos íons metálicos. Com o passar do tempo, o pH tende a aumentar, e 
essas concentrações tendem a diminuir.
Andrade (2002) reporta que o grande problema dos metais pesados é sua 
capacidade de formar complexos organometálicos por reações de complexação com as 
moléculas orgânicas. A formação desses complexos facilita o transporte de metais e a 
mobilidade de diversos contaminantes orgânicos.
O chorume de aterro é rico em nutrientes, os quais podem ser utilizados 
em diversas atividades do ecossistema biológico. Dessa forma, são ricos em 
macronutrientes, como o nitrogênio e o fósforo; e em micronutrientes, como o 
cálcio, o enxofre, o potássio, o ferro, o zinco, o cobre, o cobalto, dentre outros. 
Nitrogênio e fósforo são responsáveis pelo fenômeno de eutrofização, cuja 
principal ação é a queda de oxigênio dissolvido na água e, consequentemente, o cres-
cimento de plantas aquáticas em cursos d’água. Ambos estão presentes no chorume, 
em concentrações que superam os limites para lançamento. Sendo assim, é necessário 
o tratamento adequado antes de dispor desse resíduo no meio ambiente (REQUE, 2015).
Uma das estratégias operacionais para o tratamento do chorume, principalmente 
o biológico, é a identificação das características do efluente, com ênfase na matéria 
orgânica. Baseando-se nisso, um dos parâmetros empregados para essa identificação é 
165
a DQO. Ela tem sido amplamente empregada, principalmente por sua facilidade analítica 
e por prover um balanço de elétrons e energia entre o substrato orgânico, a biomassa e 
o oxigênio utilizado.
2.1.3 Concentração dos componentes do chorume
A concentração dos componentes do chorume é distinta e decorrente do tipo de 
resíduo que está aterrado e sofrendo decomposição. Dependendo das características 
do resíduo aterrado, o chorume produzido pode ser altamente tóxico ao meio ambiente 
e à saúde pública. 
No Brasil, os estudos sobre a composição do chorume tiveram início na década 
de 1970 (FLECK, 2003). Lima (1988) destaca que o começo da participação brasileira 
no estudo do lixiviado se deu com o trabalho de Oliveira (1971), que descreveu os 
mecanismos básicos por meio dos quais um aterro sanitário construído e operado 
inadequadamente podiam poluir as águas subterrâneas e superficiais.
As taxas e características da produção de efluentes líquidos (chorume) e gasosos 
(biogás) tendem a variar ao longo do processo de degradação biológica e refletem na 
fase do processo que ocorre no interior do aterro. A duração das fases de degradação 
biológica depende de algumas condições de ordens física, química e microbiológica, 
que se desenvolvem dentro do aterro sanitário ao longo do tempo. 
Dessa forma, altas concentrações de matéria orgânica presente nos resíduos re-
presentam um risco aos ecossistemas, assim como a presença de metais, que podem con-
taminar o meio de maneira ainda mais acentuada e concentrada na poluição. Outros fatores 
(como quantidade do resíduo, taxa de infiltração, idade e maturidade biológica dos aterros) 
também interferem na sua composição e toxicidade (TCHOBANOGLOUS; KREITH, 2002). 
O volume do chorume produzido deve ser acrescido ao decorrente da precipitação 
pluviométrica, com vista à determinação do volume global de lixiviado gerado em 
determinado aterro. De forma geral, os métodos utilizados levam à determinação de 
um volume que já incorpora o chorume e a precipitação pluviométrica, com razoável 
precisão. Destacam-se, dentre eles, o método suíço e o método do balanço hídrico.
Christensen (2011) relata que fatores externos (como precipitação, infiltração e 
nível d’água) apresentam papel fundamental na taxa de geração do chorume. Abbasi et 
al. (2012), por sua vez, enfatizam que o volume de chorume gerado também apresenta 
grandes variações quanto aos fatores internos e à célula de resíduos, como otipo de 
resíduo, as condições de pH, a temperatura, a umidade e o tempo de aterramento, que 
interferem no volume produzido.
A concentração da composição dos resíduos é altamente influenciada pela fase 
de decomposição e pelo tempo de duração de cada fase. 
166
Abbasi et al. (2012) e Hung, Wang e Shammas (2014) reportam que, em geral, 
os resíduos apresentam cinco estágios de degradação, que ocorrem de forma 
simultânea, dentro da massa de resíduos, em diferentes regiões e profundidades. Esses 
estágios são: 
1. aeróbio inicial;
2. anaeróbico ácido;
3. metanogênico inicial;
4. metanogênico estável;
5. aeróbio final. 
A figura a seguir nos apresenta a composição do chorume em relação à fase de 
degradação dos resíduos. Vejamos.
Figura 2 – Composição do chorume em relação à fase de degradação dos resíduos biodegradáveis
Fonte: adaptada de Williams (2005)
O primeiro estágio (I) consiste na degradação aeróbia, que ocorre assim que 
o resíduo é espalhado na base do aterro, ainda na presença de oxigênio. É a fase mais 
curta, pois, conforme novas camadas de resíduo vão sendo empilhadas e compactadas, 
a disponibilidade de oxigênio para as reações diminui. A quantidade de oxigênio 
disponível nessa fase depende da forma como resíduo foi depositado, assim como se 
foi realizada compactação ou não, visto que não ocorre a reposição de oxigênio, uma 
vez que os resíduos foram recobertos (SILVA, 2016). 
Em aterros de resíduos sólidos nos quais estes possuem altas concentrações 
de matéria orgânica biodegradável, a depleção de oxigênio ocorre rapidamente. A 
degradação na fase aeróbia inicial consiste na oxidação da matéria orgânica em 
hidrocarbonetos simples, gás carbônico (CO2) e água (H2O). Durante a reação, há um 
aumento da temperatura interna da massa de resíduo (70º- 80º), uma vez que a reação 
é exotérmica. O principal subproduto formado nesse estágio é o CO2. Tal fenômeno 
167
ocasiona uma queda do pH interno da massa de resíduos, tornando o chorume ácido 
e com alta capacidade de lixiviação de metais. Outros subprodutos comuns são as 
cetonas, os aldeídos e os álcoois, que conferem o odor característico dos aterros. 
Essa fase pode levar dias ou meses, dependendo da quantidade de oxigênio dis-
ponível (SILVA, 2016). O chorume produzido durante essa fase é resultado da umidade 
aterrada com os resíduos sólidos durante a compactação e construção das células, sendo 
a água e o ácido carbônico os principais produtos nesse momento (MÁXIMO, 2007).
Em seguida, a fase anaeróbia ácida (II) consiste, basicamente, em reações de 
hidrólise e fermentação. Pela hidrólise, compostos como carboidratos, proteínas e lipí-
dios presentes nos resíduos são solubilizados, formando açúcares simples, aminoácidos 
e ácidos graxos. Esse processo é chamado de “acidogênese”. Os açúcares e aminoácidos 
são convertidos em ácidos graxos voláteis, álcoois, hidrogênio, gás carbônico e nitrogênio 
amoniacal no processo de fermentação. Os microrganismos convertem os ácidos gra-
xos voláteis formados em ácidos mais simples, principalmente ácido acético. A presença 
desses subprodutos contribui para o aumento do pH da massa de resíduos, que atinge 
valores inferiores a 6, o que possibilita a lixiviação dos metais presentes nos resíduos. 
Nesse estágio, a quantidade de oxigênio fica esgotada devido ao consumo de 
oxigênio pelas bactérias aeróbias, alternando o ambiente aeróbio para anaeróbio (SILVA, 
2016). O chorume produzido nessa fase pode conter elevadas concentrações de metais, 
os quais são solúveis em condições ácidas. Nesse sentido, a razão DBO/COT possui altos 
valores, além de altas concentrações de nutrientes e metais (SEGATO; SILVA, 2000).
A fase metanogênica inicial (III) é encontrada nas áreas com pH neutro, um 
equilíbrio entre os microrganismos acetogênicos e metanogênicos dá início à produção 
de metano. Nessa fase, distintas reações dentro da massa de resíduos são capazes de 
gerar metano e, como consequência, a concentração desse gás aumenta, e a de gás 
carbônico diminui. 
Na sequência, o estágio metanogênico estável (IV) está relacionado à fase 
final e mais duradoura. Tem início durante a operação do aterro e perdura por anos após 
o encerramento. 
Nessa fase, o equilíbrio entre os formadores de ácidos e metano se torna estável 
e a relação entre metano e gás carbônico reflete a natureza das reações e, portanto, dos 
resíduos aterrados. A taxa de geração de gases atinge picos nesse momento, enquanto 
o chorume, devido à degradação dos ácidos, tem um pH próximo da neutralidade (entre 
7 e 8), baixa degradabilidade e baixo conteúdo de metais. No entanto, o conteúdo de 
sais, principalmente Cl, Na e NH4
-, pode, ainda, apresentar concentrações elevadas.
A fase final de maturação tem característica aeróbia (V). Com o fim das reações 
de degradação, os microrganismos metanotróficos convertem o metano residual em 
CO2 e H2O. 
168
 As fases de degradação ocorrem de forma simultânea no aterro, mas o pro-
cesso mais acelerado de degradação se dá em alguns locais em detrimento de outros, 
quando as premissas para que as reações ocorram são encontradas em condições am-
bientais ótimas para cada fase (ABBASI et al., 2012). Na fase fi nal, o aterro sanitário pode 
retornar à condição aeróbia com condições oxidantes e pequenas quantidades dos ga-
ses oxigênio e nitrogênio (SILVA, 2016). 
2.1.4 Biodegradabilidade do chorume
 A biodegradabilidade é defi nida como a fração da matéria orgânica que pode 
ser oxidada por digestão dos microrganismos durante determinado período e sob 
determinadas condições operacionais (ALVES; TESSARO; CASSINI, 2010). Essa medida é 
importante para a avaliação da efi ciência de tratamentos de efl uentes via biodegradação. 
A biodegradabilidade é afetada por diferentes fatores, a saber: 
• fonte e quantidade de microrganismos;
• condições físico-químicas do meio (concentração de oxigênio, temperatura, pH, 
dentre outros). 
Alguns autores relatam que a presença de material recalcitrante em chorumes pro-
duzidos em aterros sanitários estabilizados é responsável pela sua baixa biodegradabilidade.
O material recalcitrante é aquele que não apodrece, não se decompõe.
NOTA
Um dos indicativos de biodegradabilidade é a chamada “razão entre DBO/DQO”. 
Quando o valor da razão é alto, grande parte da matéria oxidável é oriunda da ação dos 
microrganismos, ou seja, signifi ca uma alta biodegradabilidade do chorume em questão 
(SOUTO, 2009).
Por outro lado, quando há uma relação DBO/DQO com valores baixos, não sig-
nifi ca, exatamente, que os compostos presentes no efl uente sejam poucos biodegra-
dáveis, mas, sim, que os microrganismos que atuaram no processo de formulação não 
foram capazes de processar os componentes do chorume (SOUTO, 2009).
De acordo com Gomes (2009), para aterros jovens, os valores da relação DBO/
DQO variam entre 0,5 e 0,8, pois uma fração considerável da DQO corresponde a ácidos 
graxos voláteis. Já para aterros antigos, esses valores caem para a variação de 0,04 a 
0,08, pois a maior parte dos compostos biodegradáveis já foi degradada.
169
2.2 GERAÇÃO DO CHORUME 
A geração de percolado está totalmente atrelada à água proveniente de 
fontes externas, por meio da chuva ou pela umidade dos resíduos recém-dispostos. 
As principais fontes de formação do lixiviado são a água que infi ltra pela superfície, a 
umidade presente no resíduo sólido doméstico e a umidade de lodo, quando disposto.
 Moravia (2007) cita que é necessária uma estimativa aproximada da quantidade 
de chorume gerado para o dimensionamento dos sistemas de drenagem, armazenamento 
e tratamento de efl uentes em um aterro sanitário. Além disso, um entendimento melhor 
do fl uxo de umidade no aterro é importante para avaliação da degradação dos resíduos 
e produção de biogás.
2.2.1 Fatores intervenientes na geração do chorume
 Dentre os fatores que interferem diretamente na degradação dos resíduos, 
citam-se a quantidade e a qualidade da sua fração biodegradável. Tais fatores estão 
relacionadossão: desse total 
de resíduos coletados, para onde eles são transportados para destinação final? Por 
meio desses dados, podemos nos questionar sobre para onde o restante dos resíduos 
foi destinado? Será que toda essa quantidade foi disposta de forma inadequada, 
contaminando o meio ambiente, a nossa flora e fauna, poluindo o solo, a água e o ar?
Nesse sentido, acadêmico, no Tópico 1, abordaremos sobre os tipos de resíduos 
e suas características. Ainda neste tópico, você aprenderá como deve ser a classificação 
dos resíduos e a importância da boa classificação para posterior separação e formas de 
destinação final.
No Tópico 2, será estudado o tema “aterro sanitário”, sendo relacionado com os 
seus conceitos básicos e a importância da destinação para esse fim. Você conhecerá 
os estudos relacionados ao projeto de aterro sanitário, sua estrutura básica, como 
TÓPICO 1 - UNIDADE 1
4
impermeabilização de base, forma de seleção de áreas, entre outros temas pertinentes. 
Ainda neste tópico, comentaremos sobre a forma de decomposição dos resíduos e as 
de gerenciamento, operação e posterior encerramento da destinação.
Por fim, no Tópico 3, será abordado o aterro industrial. Neste tópico, compre-
enderemos sua importância e a diferença para o aterro sanitário “convencional”. Ainda, 
descreveremos o que é resíduo industrial, sua classificação e tipos de empreendimentos 
que os geram. Você conhecerá os itens necessários para o projeto básico de um aterro 
industrial, com ênfase na seleção de áreas e as formas de impermeabilização, que se 
diferem do aterro sanitário do tipo convencional.
A partir desses conhecimentos, você estará apto a construir uma base sólida 
sobre os pontos principais para compreender sobre o tema resíduos e aterros.
2 TIPOS DE RESÍDUOS E SUAS CARACTERÍSTICAS: 
CLASSIFICAÇÃO 
O controle e a destinação inadequada dos resíduos sólidos tendem a ocasionar 
impactos socioambientais negativos. Dentre esses impactos, temos como exemplos o 
aumento da emissão de gases de efeito estufa, a contaminação do solo, a poluição da 
água, a proliferação de vetores de importância sanitária, entre outros (FRANQUETO, 2016).
Nesse sentido, é preciso conhecer muito bem sobre o que são resíduos e quais 
as suas classificações, para que se possa trata-los e destiná-los corretamente.
2.1 RESÍDUOS SÓLIDOS
O resíduo é considerado uma infeliz “invenção” humana. Quando se relacionam 
com o ambiente natural, os processos cotidianos de consumo e transformação, como o 
crescimento de uma planta e a alimentação de um animal por outro, acontecem como 
um “sistema integrado”, ou seja, como ciclos nos quais as relações entre os seres não 
produzem sobras de alimento, fibra e energia.
A geração de resíduos ocorre a partir do desenvolvimento social, tecnológico e 
cultural de uma região. Assim, é importante analisar a história da região para compreender 
a dinâmica da geração de resíduos.
2.1.1 Lixo, resíduo ou rejeito
Lixo, segundo a Funasa (2020), é considerado toda aquela massa de restos 
oriundos do nosso consumo, sem discriminação da fração orgânica e inorgânica, que 
descartamos no meio ambiente.
5
“Resíduo é aquilo que resta de qualquer substância, resto” (HOUAISS, 2009, p. 
1651). A Organização Mundial da Saúde (OMS) conceitua “resíduo” como qualquer coisa 
que seu proprietário não quer mais e que não possui valor comercial.
Dessa forma, há uma certa confusão quando se fala o que é resíduo e o que é 
rejeito. Para tentar amenizar essa problemática, a Política Nacional de Resíduos Sólidos 
(PNRS) mudou o paradigma do que é resíduo e o que é rejeito. Caro acadêmico, você 
sabe qual a diferença entre resíduo e rejeito?
Figura 1 – Resíduo ou rejeito? Qual a diferença existente?
Fonte: adaptada de https://bit.ly/3EgArpi. Acesso em: 26 set. 2022.
Art. 3o Para os efeitos desta Lei, entende-se por:
XVI - Resíduos sólidos: materiais, substâncias, objetos ou bens 
descartados resultantes de atividades humanas em sociedade, a cuja 
destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a 
proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos 
em recipientes e líquidos, cujas particularidades tornem inviável o 
seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou 
exijam para isso soluções técnicas ou economicamente inviáveis em 
face da melhor tecnologia disponível (BRASIL, 2010, p. 1).
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) é extensa e busca como objetivo 
abordar assuntos relevantes para a temática dos resíduos sólidos no Brasil, 
como por exemplo: evitar ou minimizar a geração de resíduos, determinar e 
mencionar algumas tecnologias que podem ser utilizadas para gerar energia 
a partir dos resíduos gerados, dentre outros. Para conferir o texto da PNRS 
na íntegra, acesso o endereço eletrônico http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm.
DICA
6
Já os rejeitos, são “resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as 
possibilidades de tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e 
economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a disposição fi nal 
ambientalmente correta” (BRASIL, 2010, p. 1).
2.1.2 Resíduos sólidos
Com base nas defi nições de resíduos, pode-se pensar em uma para os resíduos 
sólidos. De forma geral, os resíduos sólidos são materiais considerados heterogêneos, 
ou seja, apresentam distinções na sua composição, sendo considerados inertes, 
minerais e orgânicos. Os resíduos sólidos são aqueles oriundos das atividades humanas 
relacionadas com o meio ambiente, os quais podem ser parcialmente utilizados, gerando, 
entre outros aspectos, proteção à saúde pública e economia de recursos naturais. A 
Norma ABNT NBR 10004 (2004a, p. 1) defi ne resíduos sólidos como:
Resíduos nos estados sólidos e semissólidos, que resultam de 
atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, 
agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nessa defi nição, 
os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles 
gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem 
como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o 
seu lançamento na rede pública de esgoto ou corpos de água, ou 
exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis em 
face à melhor tecnologia disponível.
Já a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) defi ne resíduos sólidos, como:
Material, substância, objeto ou bem descartado resultante de 
atividades humanas em sociedade, a cuja destinação fi nal se procede, 
se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados 
sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e 
líquidos, cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na 
rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso 
soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor 
tecnologia disponível (BRASIL, 2010, p. 1).
A Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, que institui a Política Nacional de 
Resíduo Sólidos (PNRS) no Brasil, é considerada como um marco na gestão ambiental e 
legislação ambiental brasileira, ao descrever o contexto e lançar uma visão moderna na 
luta contra um dos maiores problemas ambientais no mundo: o Resíduo Sólido Urbano 
(RSU) (BRASIL, 2010).
A sigla RSU é fortemente reportada em livros, artigos e revistas da área de 
gestão de resíduos e signifi ca Resíduo Sólido Urbano.
NOTA
7
Os resíduos sólidos englobam uma grande variedade de materiais que podem 
ter dois destinos: recuperação e transformação do material descartado para retorno 
aos ciclos produtivos, ou à natureza por meio de processos como a reciclagem e o 
descarte ambientalmente seguro da fração dos resíduos, que não têm possibilidade de 
reaproveitamento.
2.2 COMPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS
A composição dos resíduos sólidos apresenta grande variedade, devido à sua 
heterogeneidade na origem deles. Em geral, os resíduos costumam variar de localidade 
para localidade, a partir dos hábitos e costumesao fato de que os resíduos funcionam como um aporte de nutrientes para 
os microrganismos.
Christensen (2011) relata que o conteúdo de umidade afeta a degradação de 
resíduos por ser determinante no crescimento dos microrganismos. A umidade intrínseca 
dos resíduos e a pluviosidade da área podem atingir um conteúdo de água que varia 
entre 15% e 40% da massa do resíduo. Em condições de baixa umidade, a transferência 
de substrato e nutrientes dentro da célula de resíduos é limitada, causando um retardo 
na degradação dos resíduos.
Com relação aos fatores temperatura e pH, em cada fase de degradação 
biológica, eles possuem um valor ótimo. A fase inicial apresenta um valor de pH próximo 
ao neutro (pH 7,00), seguido por uma fase ácida (pH abaixo de 7,00), que, ao fi nal, 
atinge valores neutros a alcalinos. Com relação ao fator temperatura, este sofre um 
incremento no valor devido às reações exotérmicas do processo de degradação aeróbia, 
que, em seguida, atingem temperaturas menores a partir das condições anaeróbias.
Reação exotérmica é aquela em que há liberação de energia.
IMPORTANTE
170
O volume de chorume tem a sua origem em maior quantidade na precipitação 
atmosférica e, em menor medida, na decomposição biológica dos resíduos aterrados 
(SILVA, 2009). 
A vazão de chorume depende das condições locais, como as condições 
climáticas, a disponibilidade hídrica, o tipo de aterro e as características geotécnicas do 
solo. Em cenários de aterros com grande disposição de resíduos orgânicos e úmidos, 
também se espera uma maior quantidade dessa vazão, pois se associa ao produto das 
atividades de decomposição pelos microrganismos (EL-FADEL et al., 1997). 
Ainda, a geologia e geomorfologia interferem devido ao escoamento superficial 
e/ou à infiltração subterrânea, ao grau de compactação e à capacidade dos solos em 
reter umidade.
2.2.2 Contaminação do chorume
O chorume está atrelado aos processos transformativos e de transporte que 
ocorrem no solo e nas águas subterrâneas. A maior ou menor intensidade desses 
processos depende de condições locais e características do chorume (BERKOWITZ; 
DROR; YARON, 2014).
O chorume percolado pelo leito do aterro contamina o solo conforme as suas 
condutividades hidráulicas, contaminando, principalmente, os lençóis freáticos. No 
caso das contaminações das águas subterrâneas, não existe nenhuma possibilidade 
de autodepuração, sendo que a atenuação da contaminação só ocorre pela diluição. 
Nesses casos e devido às altas concentrações de matéria orgânica, amônia e sais, 
os usos dos poços freáticos na área de influência dos lixões ou aterros podem ficar 
totalmente inviabilizados (PASCHOALATO, 2000).
3 SISTEMAS DE TRATAMENTO DE CHORUME
Pawlowska (2014) relata que, apesar de os resíduos sólidos domiciliares não 
serem classificados como substâncias perigosas, seu armazenamento não é seguro 
para o ambiente devido à instabilidade das reações químicas durante os processos de 
degradação e, principalmente, pelos subprodutos que são gerados. Segundo Abbasi 
et al. (2012), quando não são coletados e destinados de forma correta, podem atingir o 
ambiente e causar contaminação.
Devido às características físico-químicas, o tratamento do chorume deve 
ser realizado antes de ser lançado no meio ambiente, evitando, dessa forma, riscos 
concentrados de contaminação do solo, das águas subterrâneas e superficiais e da 
própria saúde pública (KJELDSEN et al., 2002).
171
No Brasil, a aplicação dos processos de tratamento de chorume tem por objetivo 
principal a redução das concentrações de compostos orgânicos e de N-amoniacal. É 
uma decorrência da vigência da Resolução Conama nº 357/2005, que dispõe sobre a 
classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, 
bem como estabelece as condições e os padrões de lançamento de efluentes.
3.1 SISTEMA DE COLETA E DESTINAÇÃO DE CHORUME
A eventual infiltração do chorume para aquífero é considerada um dos principais 
impactos ambientais dos aterros sanitários. Entretanto, os aterros sanitários continuam 
a ser a principal alternativa globalmente utilizada para a disposição final dos resíduos 
sólidos. A inexistência de uma alternativa mais atrativa economicamente e com a mesma 
simplicidade de operação corrobora para a preferência da técnica (BAIRD; CANN, 2008; 
ABBASI et al., 2012).
A não geração de chorume em aterros sanitários implica diferentes problemas 
para o seu monitoramento e a sua manutenção. Tal fato é citado porque uma das 
características de um aterro sanitário é a coleta e o armazenamento dos efluentes 
líquidos produzidos. Dessa forma, a ausência da geração pode sinalizar um sistema de 
drenagem falho e a contaminação do solo, das águas superficiais e da água subterrânea.
3.1.1 Sistema de impermeabilização
O sistema de impermeabilização em um aterro sanitário é projetado para ga-
rantir o isolamento da massa de resíduos do ambiente por meio da combinação de dois 
materiais com propriedades complementares, um solo compactado com baixa perme-
abilidade hidráulica e um revestimento impermeável. É um sistema fundamental nos 
aterros sanitários, com o objetivo de prevenir que o chorume atinja as águas subterrâ-
neas e superficiais (CHRISTENSEN, 2011).
O sistema de drenagem é aplicado no fundo do aterro e constituído, 
principalmente, por tubos perfurados com agregados graúdos em valas revestidas. 
O sistema pode ser em forma de espinha de peixe, com caimento para propiciar o 
escoamento e a captação do chorume, para posterior tratamento (GUEDES, 2007). 
A NBR nº 13896/1997 recomenda dimensionar os sistemas de drenagem 
para evitar que a impermeabilização do embasamento penetre por uma camada 
superior a 30 cm. Dentre as opções de revestimento mais utilizadas em sistemas de 
impermeabilização, está o uso de geomembranas. A implantação da geomembrana 
no aterro deve considerar o esforço causado pelos resíduos e pela camada de 
revestimento, a resistência química da geomembrana em relação ao chorume, os 
diferentes assentamentos do solo de fundação, além de exigências de deformação em 
declives laterais e íngremes (ABNT, 1997; TCHOBANOGLOUS; KREITH, 2002).
172
As geomembranas são materiais flexíveis, compostas por folhas finas de 
materiais termoplásticos ou poliméricos, os quais, por sua vez, são compostos 
por carbono, pigmentos, enchimentos, plásticos em geral, antiderrapantes e 
biocidas.
NOTA
Christensen (2011) comenta que os materiais poliméricos utilizados nas 
geomembranas são o Polietileno de Alta Densidade (PEAD), o Polipropileno (PP) e o 
Policloreto de Polivinila (PVC), com espessuras que variam de 0,5 a 2 mm. O PEAD é o 
material mais utilizado devido a sua baixíssima permeabilidade, resistência e custo.
3.1.2 Drenagem do chorume
 
A impermeabilização, projetada e executada nos aterros sanitários, deve ser 
incluída no sistema de drenagem para que a coleta do efluente líquido percolado seja 
enviada ao sistema de tratamento adequado. A drenagem do chorume ocorre pelas 
canalizações localizadas na base dos aterros, que coletam e transportam por gravidade 
o chorume até um sistema de tratamento (AZIZ et al., 2014). Uma drenagem eficiente 
busca evitar a desestabilização do aterro e o risco de um colapso futuro. Assim, vários 
sistemas drenantes são empregados, como os tubos de concreto perfurados, as valas 
com pedra amarroada e/ou brita e, mais recentemente, com termoplásticos, como o 
PVC e o PEAD perfurados, rígidos ou flexíveis. 
A construção de um sistema de drenagem para as águas pluviais visa evitar 
que a água precipitada se acumule e infiltre no aterro, com maior formação de lixiviado 
(TOZETTO, 2008). 
Alves e Teixeira (2004) reportam que a coleta do chorume é feita por drenos 
implantados sobre a camada de impermeabilização inferior e projetados em forma de 
espinha de peixe, com drenos secundários conduzindo o chorume coletado para um 
dreno principal, que irá levá-lo até um poço de reunião, de onde será bombeado para 
a estação de tratamento.da população daquela localidade, 
decorrente do número de habitantes, de seu poder aquisitivo, entre outros fatores. 
Ainda, as variáveis consideradas sazonais, ou seja, como datas comemorativas (Natal, 
Páscoa, Dia das Mães) acarretam em maior geração de resíduos devido aos presentes 
etc. O clima e o nível educacional dos habilitantes podem ainda acarretar em variação 
na geração dos resíduos, nas mesmas localidades com as mesmas estações do ano. 
As localidades mais desenvolvidas produzem grande quantidade de resíduos de 
embalagens e produtos industrializados, resíduos considerados recicláveis; ao passo 
que as localidades mais pobres produzem resíduos com grande quantidade de matéria 
orgânica (GUADAGNIN et al., 2014). Ainda, a composição contém substâncias do tipo:
• facilmente degradáveis: restos de comida, folhas, capim, animais mortos e 
dejetos;
• moderadamente degradáveis: papelão, papel;
• dificilmente degradáveis: couro, pano, trapos, borracha, plástico, madeira, osso;
• não degradáveis: cerâmica, vidro, pedras, cinzas, terra, areia, metal não ferroso.
Além da composição dos resíduos por sazonalidade, ela varia por condições 
físicas, químicas e biológicas. Essas características relacionadas à composição revelam 
dados importantes sobre os resíduos e fornecem um importante paradigma para as 
formas de coleta, de tratamento e sua destinação final.
Portanto, as características dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) não se 
apresentam iguais para todas as regiões de determinado local, por exemplo, para todo 
o Brasil, voltando ao ponto em que os resíduos são heterogêneos, proporcionando 
complexidade nas suas formas de destinação e tratamento final. Então, podemos 
concluir que as diferenças são influenciadas pelo tipo de clima, de acordo com as 
épocas festivas (tanto em âmbito nacional, quanto regional) e perfil socioeconômico 
da população, isso porque a renda da população, bem como os costumes influenciam 
diretamente no tipo de resíduo produzido.
A composição física dos resíduos, segundo Cabral (2013), pode ser realizada 
segundo o processo de compressão do resíduo, carregamento, acondicionamento 
temporário e final, e destinação final.
8
A caracterização dos componentes dos resíduos sólidos auxilia na determina-
ção dos seus principais aspectos físico-químicos, biológicos, qualitativo e/ou quantita-
tivo. Os resultados analíticos ajudam na classificação do resíduo e, a partir dessa classi-
ficação, pode-se escolher a melhor forma de sua destinação.
Como características físicas, temos: o teor de umidade, o peso específico, a 
composição gravimétrica e a compressividade e per capita dos resíduos.
O teor de umidade dos resíduos é a característica física que se refere à 
quantidade de líquidos ou fluídos presentes na massa residual. O teor de umidade 
apresenta forte influência com caráter determinante, especialmente nos processos de 
tratamento e destinação final do resíduo (FRANQUETO, 2016).
Com relação à composição gravimétrica, essa característica física se refere 
ao percentual apresentado de cada elemento em relação ao peso total do resíduo.
De acordo com IBAM (2004), a característica física referente ao peso específico 
é relacionada ao peso dos resíduos em função do volume por eles ocupados em um 
determinado recipiente. Dessa forma, a determinação do peso específico é considerada 
fundamental para o dimensionamento de equipamentos e instalações utilizados para 
acondicionamento, transporte intermediário e final dos resíduos, portanto, é um atributo 
de engenharia nos projetos. Guadagnin et al. (2014) relatam que os componentes 
mais comuns de ocorrerem na composição gravimétrica são os papéis, metais, vidros, 
plásticos e matéria orgânica. A unidade de medida utilizada para determinar o peso 
específico é kg/m3.
A característica compressividade que se refere ao grau de compactação, 
indica a redução de volume que uma massa de resíduo pode sofrer, quando submetida 
a uma determinada pressão. Essa característica física auxilia no aumento da vida útil 
dos aterros, visto que, compactar com eficiência os diferentes resíduos sólidos nas 
células dos aterros sanitários é, atualmente, uma das soluções mais eficazes em favor 
da gestão de resíduos sólidos. Esse fato é mencionado porque, quanto mais resíduo é 
confinado, menos a necessidade de se abrir novos aterros.
Por fim, o item per capita se refere à massa de resíduos sólidos produzida por 
uma pessoa em um dia (kg/hab/dia).
As características químicas de um resíduo auxiliam na análise da influência 
direta dos resíduos para com o seu tratamento final e também a definição da sua 
destinação final. Como exemplos de características químicas temos: poder calorífico, 
potencial de hidrogênio, teor de cinzas e relação de carbono e hidrogênio.
Por meio da característica do poder calorífico, é possível verificar a quantidade 
de calor desprendida durante a combustão de um quilo de resíduos sólidos.
9
O potencial de hidrogênio (pH) se refere ao teor de alcalinidade ou acidez da 
massa de resíduos.
Com relação ao teor de cinzas, a característica atua no percentual de cada 
constituinte da matéria orgânica, por exemplo as cinzas, gorduras, macronutrientes, 
micronutrientes, resíduos minerais, dentre outras.
Por fim, a relação de carbono e nitrogênio ou relação C/N determina o grau de 
degradação da matéria orgânica. Nesse sentido, é muito importante essa característica 
para a escolha do tratamento final de resíduos.
A última característica da composição dos resíduos é a biológica. Essa carac-
terística é de extrema importância, visto que, na massa dos resíduos sólidos, apresen-
tam-se agentes patogênicos e microrganismos com capacidade de interferências ne-
gativas para a saúde humana. No Quadro 1, são apresentados o tempo de sobrevivência 
(dias) de microrganismos patogênicos presentes nos Resíduos Sólidos (RS).
Quadro 1 – Tempo de sobrevivência de microrganismos patogênicos encontrados nos resíduos 
Fonte: adaptado de Funasa (2014)
Micro-organismo Tempo de sobrevivência (dias) Doenças causadas
Salmonella typhi 29 a 70 Febre tifoide
Salmonella Paratyphi 29 a 70 Febre paratifoide
Salmonella sp 29 a 70 Salmoneloses
Shigella 2 a 7 Disenteria bacilar
Coliformes fecais 35 Gastroenterites
Leptospira 15 a 43 Leptospirose
Mycrobacterium Tuberculosis 150 a 180 Tuberculose
Vibrio cholerae 1 a 13 Cólera
Enterovírus 20 a 70 Poliomielite
Ascaris lumbricoides 2000 a 2500 Ascaridíase
Trichuris trichiura 1800 Trichiuríase
Larvas de ancilóstomos 35 Ancilostomose
Entamoeba histolytica 8 a 12 Amebíase
Quando se relaciona microrganismos com resíduos, é preciso considerar que eles 
representam um problema sanitário de importância quando não recebem os cuidados 
necessários. A proliferação das doenças relacionadas aos resíduos se dá por meio dos 
vetores, por exemplo ratos, pulgas, moscas, mosquitos, baratas, gados, porcos, cães e 
gatos (FUNASA, 2014).
10
2.3 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS
Todo resíduo sólido gerado está direcionado a alguma origem, processo de 
produção ou utilização e transformação de algum bem adquirido na nossa sociedade. 
Atualmente, boa parte dos resíduos sólidos produzidos são compostos de materiais 
recicláveis, o que propicia criar alternativas para aproveitamento dos materiais e 
aumentar a vida útil dos aterros sanitários.
Nesse sentido, com o objetivo de aprimorar o gerenciamento do sistema de 
coleta, transporte e tratamento dos resíduos sólidos, utilizam-se diferentes tipos de 
classificações de acordo com as características e materiais constituintes dos diversos 
tipos de resíduos.
Uma das classificações de resíduos básicas é: resíduos orgânicos e 
inorgânicos. Resíduos orgânicos são aqueles que fazem parte do “lixo” orgânico, com 
origem animal ou vegetal e os resíduos inorgânicos não possuem origem biológica, ou 
seja, são produzidos por meios não naturais, pelo próprio homem.
Os principais métodos de classificação dos resíduos são quanto: 
• origem;
• riscos potenciais à saúde públicae ao meio ambiente;
• natureza físico-química dos resíduos.
De forma geral, a origem do resíduo está condicionada como o principal 
componente para a caracterização dos resíduos sólidos (BAASCH, 1995). No Quadro 2, é 
apresentada a classificação dos resíduos sólidos quanto à origem. 
Quadro 2 – Classificação dos resíduos quanto à origem
Resíduos Descrição: origem Exemplo
Domiciliares (a) Residências urbanas
Restos de comida, cascas de 
alimentos, produtos deterio-
rados, verduras, jornais e re-
vistas, garrafas, embalagens 
em geral, papel higiênico, fral-
das descartáveis
Limpeza urbana (b)
Varrição, limpezas de ruas 
e vias públicas, serviços de 
limpeza urbana
Metais, aço, papel, plástico, 
vidro, matéria orgânica
Comércio e 
prestadores de 
serviços (d)
Comércio e prestadores de 
serviços
Papel, plásticos, embalagens 
diversas e resíduos de asseio 
dos funcionários, tais como 
papéis toalha, papel higiênico
11
Fonte: adaptado de Brasil (2010)
Serviços públicos de 
saneamento básico (e)
Serviços de saneamento 
básico
Tratamento de esgoto
Industriais (f)
Processos produtivos e 
instalações industriais 
(grande parte são resíduos de 
alta periculosidade)
Cinzas, lodos, óleos, resíduos 
alcalinos ou ácidos, plásticos, 
papel, madeira, fibras, borra-
cha, metal, escórias, vidros e 
cerâmicas
Serviços de saúde (g)
Resíduos sépticos (potencial-
mente podem conter patóge-
nos), resíduos não sépticos que 
não entraram em contato dire-
to com os pacientes ou com os 
resíduos sépticos, são conside-
rados como domiciliares
Seringas, gazes, órgãos remo-
vidos, meios de culturas e co-
baias, remédios com validade 
vencida, filmes fotográficos de 
raio-X
Construção civil (h) Atividades na construção civil
Demolições e restos de obras, 
solos de escavações diversas
Agrossilvopastoris (i)
Atividades agropecuárias e 
silviculturais
Embalagens de defensivos agrí-
colas, restos de criatórios inten-
sivos (produtos veterinários, res-
tos de processamento, estrume 
etc.), bagaço de cana, laranja
Serviços de 
transportes (j)
Atividades de portos, aeropor-
tos, terminais alfandegários, 
rodoviários e ferroviários e 
passagens de fronteira
Materiais de higiene e asseio 
pessoal
Mineração (k)
Atividades de pesquisa, 
extração ou beneficiamento 
de minérios
-
Os resíduos sólidos orgânicos com origem domiciliar são geralmente aqueles 
que não constituem um grande problema nas áreas rurais, visto que em grande parte 
são oriundos de práticas usuais de uso dos restos orgânicos para a alimentação das 
criações animais (ex.: porcos, galinhas, cabras etc.).
Os resíduos especiais são aqueles provenientes do resíduo gerado na construção 
civil, chamados de entulhos, os resíduos biológicos, químicos ou rejeitos radioativos, 
provenientes de equipamentos usados no serviço de saúde e o resíduo industrial, 
formado por resíduos corrosivos, inflamáveis, tóxicos etc.
12
A Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil 
e Demolição é um órgão destinado a trabalhar com o que há de mais avançado na 
questão dos resíduos da construção civil, em consonância com as questões ambientais, 
é uma grade auxiliar para as empresas de construção civil. De acordo com a NBR 10004 
(2004a, p. 2), “para os resíduos sólidos e semissólidos, a referida norma tem como 
principal objetivo padronizar a classificação de resíduos, fortalecendo sua destinação 
adequada”. No Quadro 3, são apresentados os resíduos conforme a classificação quanto 
à periculosidade.
Quadro 3 – Classificação dos resíduos quanto à periculosidade
Fonte: adaptado de ABNT (2004a), Capanema, Cabana e Cabral (2014)
RESÍDUOS CARACTERÍSTICAS
Perigosos
Devido às características de inflamabilidade, corrosividade, reativida-
de, toxicidade, patogenicidade, carcinogenicidade, teratogenecidade e 
apresentam significativo risco à saúde pública ou à qualidade ambiental
Não perigosos aqueles não enquadrados como perigosos
A classificação de resíduos sólidos e semissólidos industriais é regida pela 
NBR 10004/2004 preconiza a padronização da classificação de resíduos industriais, 
fortalecendo sua destinação adequada, dividindo-os em duas classes: 
• Classe I: resíduos perigosos;
• Classe II: resíduos não perigosos.
Os resíduos classificados como perigosos são aqueles que podem ocasionar danos 
à saúde pública, meio ambiente (fauna e a flora), em função de suas propriedades físicas, 
químicas e infectocontagiosas, propiciando risco à saúde pública, provocando mortalidade, 
incidência de doenças ou acentuando seus índices. Segundo a ABNT (2004), devido às pro-
priedades físico-químicas ou infectocontagiosas, os resíduos sólidos podem desencadear 
riscos comprometendo o meio ambiente e a saúde humana e animal, portanto, precisam ser 
classificados corretamente e destinados ao melhor tratamento possível.
O descarte incorreto de resíduos classificados como perigosos pode acarretar 
em contaminações do solo e lençóis freáticos, propiciando risco à saúde de pessoas e do 
meio ambiente, visto que uma grande parte deste tipo de resíduo contém substâncias 
químicas muito perigosas em sua composição como em metais pesados.
Como características referentes aos resíduos perigosos, cita-se: corrosividade, 
patogenicidade, inflamabilidade, toxicidade ou reatividade.
Resíduos considerados corrosivos são aqueles que apresentam uma ou mais 
das características a seguir, segundo a NBR 10007 (2004d):
13
• ser aquoso e apresentar pH (potencial hidrogeniônico) inferior ou igual a 2, superior 
ou igual a 12,5 e quando misturado com água na proporção de 1:1 em peso produzir 
uma solução com pH inferior a 2 ou superior ou igual a 12,5;
• ser líquido e quando misturado com água na proporção 1:1 em peso produzir corrosão 
no aço maior que 6,5 mm/ano em temperatura de 55 ºC.
Os resíduos considerados inflamáveis são aqueles que apresentam uma ou 
mais das características a seguir, segundo a 10007 (2004d):
• ser líquido com ponto de fulgor inferior a 60 ºC, com exceção das soluções aquosas 
com menos de 24% do volume em álcool. O ponto de fulgor é determinado, conforme 
NBR 14598/ 2012;
• não ser líquido, mas em condições de temperatura de 25 ºC e pressão de 1 atmosfera 
produzir fogo por fricção, absorção de umidade ou alterações químicas espontâneas, 
queimando de modo vigoroso e persistente dificultando a extinção do incêndio;
• ser oxidante definido como substância que pode liberar oxigênio, estimulando a 
combustão ou aumentando a intensidade do fogo em outros materiais;
• ser gás comprimido inflamável de acordo com as regras para o transporte de 
produtos perigosos.
São considerados resíduos perigosos devido às suas características:
• restos de tinta (inflamáveis e podem ser tóxicas);
• material hospitalar (patogênicos);
• produtos químicos (podem ser tóxicos, podem ser reativos: reagir com alguma outra 
substância e causar incêndio ou serem corrosivos também);
• produtos radioativos;
• lâmpadas fluorescentes (metal: mercúrio, que é considerado metal pesado e 
bioacumula, contaminando o ambiente onde for descartada, pois o mercúrio solto na 
natureza contamina outros organismos, causando problemas para o metabolismo 
de quem absorver);
• pilhas e baterias (metais em sua composição que podem ser corrosivos, reativos e 
tóxicos dependendo do ambiente em que se encontram).
Toxidade se refere à propriedade que o agente tóxico possui de provocar um 
efeito adverso em consequência de sua interação com o organismo, seja por inalação, 
ingestão ou absorção cutânea. Os resíduos são classificados como tóxicos quando 
apresentam uma ou mais destas características:
• Quando o extrato obtido da amostra, segundo a ABNT NBR 
10005/2004 conter qualquer um dos contaminantes em concen-
trações superiores aos valores constantes no anexo F da norma. 
Ressalta-se que, para esse caso, o resíduo deve ser caracterizado 
como tóxico com base no ensaio de lixiviação.
• Possuir uma ou mais substâncias constantes no anexo C e 
apresentar toxicidade. Para avaliaçãoda toxicidade, considera-se 
os seguintes fatores: 
14
o natureza da toxicidade apresentada pelo resíduo; 
o concentração do constituinte no resíduo; 
o potencial que o constituinte, ou qualquer produto tóxico de sua 
degradação, tem para migrar do resíduo para o ambiente, sob 
condições impróprias de manuseio; 
o persistência do constituinte ou qualquer produto tóxico de sua 
degradação; 
o potencial que o constituinte, ou qualquer produto tóxico de sua 
degradação, tem para degradar-se em constituintes não perigosos, 
considerando a velocidade em que ocorre a degradação; 
o extensão em que o constituinte, ou qualquer produto tóxico de sua 
degradação, é capaz de bioacumulação nos ecossistemas; 
o efeito nocivo pela presença de agente teratogênico, mutagênico, 
carcinogênico ou ecotóxico, associados a substâncias isolada-
mente ou decorrente do sinergismo entre as substâncias consti-
tuintes do resíduo.
• Ser constituída por restos de embalagens contaminadas com 
substâncias constantes nos anexos D ou E.
• Resultar de derramamentos ou de produtos fora de especificação 
ou do prazo de validade que contenham quaisquer substâncias 
constantes nos anexos D ou E.
• Ser comprovadamente letal ao homem.
• Possuir substância em concentração comprovadamente letal ao 
homem ou estudos do resíduo que demonstrem uma DL50 oral 
para ratos menor que 50 mg/kg ou CL50 inalação para ratos menor 
que 2 mg/L ou uma DL50 dérmica para coelhos menor que 200 
mg/kg (ABNT, 2004a, p. 4-5).
Um resíduo é caracterizado como reativo quando:
• ser normalmente instável e reagir de forma violenta e imediata, 
sem detonar;
• reagir violentamente com a água;
• formar misturas potencialmente explosivas com a água;
• gerar gases, vapores e fumos tóxicos em quantidades suficientes 
para provocar danos à saúde pública ou ao meio ambiente, 
quando misturados com a água;
• possuir em sua constituição os íons CN- ou S2- em 
concentrações que ultrapassem os limites de 250 mg de HCN 
liberável por quilograma de resíduo ou 500 mg de H2S liberável 
por quilograma de resíduo;
• ser capaz de produzir reação explosiva ou detonante sob a ação 
de forte estímulo, ação catalítica ou temperatura em ambientes 
confinados;
• ser capaz de produzir, prontamente, reação ou decomposição 
detonante ou explosiva a 25°C e 0,1 MPa (1 atm);
• ser explosivo, definido como uma substância fabricada para 
produzir um resultado prático, através de explosão ou efeito 
pirotécnico, esteja, ou não, essa substância contida em 
dispositivo preparado para este fim (ABNT, 2004a, p. 4).
Os resíduos que contêm microrganismos associados a doenças, proteicas virais, 
ácidos desoxirribonucleicos (DNA) ou ribonucleicos (RNA), organismos geneticamente 
modificados, plasmídeos, cloroplastos, mitocôndrias e/ou toxinas capazes de alterarem 
as condições normais de saúde em seres humanos, animais e vegetais são considerados 
resíduos patogênicos. 
15
Dessa forma, os resíduos que mais se encaixam nessa categoria são os pro-
venientes dos serviços de saúde, assim como laboratórios, empresas, universidades 
e outras atividades que produzem uma ou mais das cinco categorias em que são en-
quadrados pela Resolução da Anvisa, nº 306/2004. Como reconhecimento, os resíduos 
podem ser classificados em grupos: Grupo A, Grupo B, Grupo C, Grupo D e Grupo E.
O descarte inadequado de resíduos da área de saúde tem produzido passivos 
ambientais capazes de colocar em risco e comprometer os recursos naturais e a 
qualidade de vida das atuais e futuras gerações. A RDC Anvisa nº 306/2004 e a Resolução 
Conama nº 358/2005 versam sobre o gerenciamento dos Resíduos do Serviço de Saúde 
(RSS) em todas as suas etapas. Definem a conduta dos diferentes agentes da cadeia de 
responsabilidades pelos RSS.
O Grupo A contém nos resíduos a presença de agentes biológicos (virulência), 
podendo acarretar risco de infecção ao ser humano. Por exemplo, resíduos de fabricação 
de produtos biológicos (exceto os hemoderivados), como resíduos de curativos; descarte 
de vacinas de microrganismos vivos; bolsas transfusionais contendo sangue rejeitado 
por contaminação (devem ser submetidas a tratamento por processo que reduzam ou 
eliminem a carga biológica); carcaças, peças anatômicas; produto de fecundação sem 
sinais vitais e órgãos, tecidos (ANVISA, 2004). A Figura 2 apresenta o símbolo universal 
de substância infectante.
Figura 2 – Identificação dos resíduos pertencentes ao grupo a (substância infectante)
Fonte: Anvisa (2006, p. 43)
Os resíduos do Grupo B são aqueles que apresentam características químicas, 
como inflamabilidade, corrosividade, reatividade ou toxicidade, propiciando risco à 
saúde pública ou ao meio ambiente. Como exemplo desse grupo temos: os produtos 
hormonais e produtos antimicrobianos; resíduos de saneantes, desinfetantes; efluentes 
de processadores de imagem (reveladores e fixadores); efluentes dos equipamentos 
automatizados utilizados em análises clínicas (ANVISA, 2004). A Figura 3 apresenta o 
símbolo universal de risco químico.
16
Figura 3 – Identificação dos resíduos pertencentes ao grupo b (símbolo de risco químico)
Figura 4 – Identificação dos resíduos pertencentes ao grupo c (símbolo de risco radioativo)
Figura 5 – Identificação dos resíduos pertencentes ao grupo d (símbolo de materiais recicláveis)
Fonte: Anvisa (2006, p. 43)
Fonte: Anvisa (2006, p. 43)
Fonte: Anvisa (2006, p. 43)
Os resíduos do Grupo C apresentam características radioativas e, para eles, não é 
prevista reutilização (Anvisa, 2004). A Figura 4 apresenta o símbolo universal de risco radioativo.
Resíduos resultantes de atividades humanas e que não apresentem risco (biológico, 
químico ou radiológico) à saúde e ao meio ambiente são classificados no Grupo D. Por 
exemplo, papel de uso sanitário e fralda; material utilizado em antissepsia e sobras de 
alimentos (ANVISA, 2004). A Figura 5 apresenta o símbolo universal de materiais recicláveis.
17
Figura 6 – Identificação dos resíduos pertencentes ao grupo e (símbolo de recipiente dos resíduos 
perfurocortantes)
Fonte: Anvisa (2006, p. 43)
Por fim, os resíduos pertencentes ao Grupo E, que são aqueles resíduos com 
características perfurocortantes, por exemplo, as lâminas de barbear, agulhas, escalpes, 
ampolas de vidro, brocas, lâminas de bisturi, lancetas; tubos capilares; micropipetas; 
lâminas e lamínulas; espátulas e todos os utensílios de vidro quebrados no laboratório 
(ANVISA, 2004). A Figura 6 apresenta o símbolo universal de resíduos perfurocortantes.
Já os resíduos classificados como não perigosos se referem àqueles que não 
apresentam riscos ao meio ambiente ou ameaçam a saúde pública. Por exemplo, papel, 
papelão, plástico e sucatas ferrosas não contaminadas.
Os resíduos considerados não perigosos são subdivididos em duas novas 
Classes: II-A (não inertes) e II B (inertes). 
Com relação aos resíduos II-A, são considerados não inertes e se referem 
àqueles que não estão enquadrados na Classe I ou II-B. Os resíduos enquadrados nessa 
classificação apresentam como propriedades: biodegradabilidade, solubilidade ou 
combustibilidade em água.
Já os resíduos II-B são considerados inertes e se referem a qualquer resíduo 
que, após uma avaliação em laboratório pelas normas NBR 10006 (2004c) ou 10007 
(2004d), não apresentaram em nenhum dos seus componentes solubilizados a 
concentração recomendada para os padrões de potabilidade de água, considerando as 
análises químicas: cor, turbidez, pH, sabor e dureza.
18
Você sabe o que é e onde foram encontrados os resíduos mais velhos 
do mundo? Esses resíduos foram encontrados na África do Sul e têm 
aproximadamente 140 mil anos de idade. O lixo é considerado milenar 
e contém ossos, carvão, fezes e restos de cerâmica, oferecendo aos 
pesquisadores informações preciosas sobre os hábitos de vida do homem 
antigo. Disponível em: https://bbc.in/3C9xwfb.
INTERESSANTE
Ainda, observamos a classifi cação dos resíduos sólidos quanto às características 
físico-química que se refereao método empregado pelos programas de reciclagem, por 
ser facilmente adotada pela população. 
Nesse sentido, os resíduos sólidos são classifi cados como “secos” ou “úmidos”. 
Esse tipo de classifi cação é considerado simples e tem como objetivo facilitar a triagem 
dos materiais recicláveis e o encaminhamento dos resíduos orgânicos para processos, 
por exemplo, a compostagem, que propiciam a redução do volume de resíduos 
depositados nos aterros.
O resíduo classifi cado como “seco” é composto por toda a gama de materiais 
que interessam para a reciclagem, como vidros, metais, plásticos, papel e papelão 
(FUNASA, 2020).
O resíduo considerado “úmido” corresponde à fração orgânica dos resíduos, por 
exemplo, as sobras de comida, cascas de frutas e ossos, restos de plantas, pó de café, 
resíduos de banheiro, entre outras (FUNASA, 2020).
O manejo incorreto dos resíduos sólidos acarreta contaminação do meio ambiente 
e proliferação de vetores transmissores de doenças, o grande volume de resíduos 
acumulados em áreas consideradas inadequadas pode ter como consequências: 
• a depreciação imobiliária, visto que as áreas ao entorno perdem valor; 
• o desperdício de matéria-prima;
• o aumento nos custos para coleta e tratamento dos resíduos sólidos;
• a difi culdade para encontrar locais disponíveis para a disposição fi nal dos resíduos 
sólidos.
3 FORMAS DE DISPOSIÇÃO/TRATAMENTO DE RESÍDUOS 
A partir do conhecimento adquirido até aqui, da conceituação do que é resíduo 
e suas formas de classifi cações, agora, será preciso considerar que os resíduos sólidos 
são agentes potenciais para poluição da água, solo e ar. Essa característica de poluição, 
quando descartados de forma incorreta ou inadequada, representam uma grande 
19
variação de contaminantes e contaminações, não só para a sociedade, em especial a 
vida humana, mas também para o meio ambiente (vida vegetal e animal). Dessa forma, 
é preciso prever o tratamento e disposição final adequada para os resíduos sólidos. 
3.1 TRATAMENTO DE RESÍDUOS
Os tratamentos de resíduos sólidos buscam aplicar técnicas que objetivem 
reduzir a quantidade e o potencial poluidor dos resíduos sólidos. Em geral, uma unidade 
de tratamento de resíduos sólidos é conceituada como toda e qualquer instalação que 
contenha, ou não, equipamentos eletromecânicos (RECESA, 2008). Nesse sentido, 
cita-se como unidades de tratamento o processo de compostagem, reciclagem, aterro 
sanitário e incineração.
3.1.1 Compostagem 
A compostagem é um tipo de tratamento biológico para resíduos, sendo 
empregado em sistemas aeróbios e controlados. No processo de compostagem, a 
matéria orgânica proveniente dos resíduos é degradada e convertida pela ação dos 
microrganismos (existentes ou incorporados) nos resíduos, em composto orgânico.
O Ministério do Meio Ambiente (BRASIL, 2012) reporta que a compostagem é a 
reciclagem dos resíduos orgânicos. 
A compostagem é uma técnica que permite a transformação de resíduos or-
gânicos, como as sobras de frutas, legumes e alimentos em geral, podas de jardim, 
trapos de tecido, serragem entre outros, em adubo orgânico, que pode ser incorporado 
à agricultura.
Como a técnica da compostagem é aplicada somente na fração orgânica dos 
resíduos sólidos, é muito importante que, ao projetar esse processo, haja uma análise 
da constituição das parcelas dos resíduos, pois é preciso que exista uma geração 
suficiente da fração orgânica para o sucesso do processo. Dessa forma, a característica 
de composição gravimétrica é fundamental, assim como sua análise e verificação. 
A decomposição envolve processos físicos e químicos. Os processos físicos são 
realizados por invertebrados, como ácaros, centopeias, besouros, minhocas, lesmas 
e caracóis, que transformam os resíduos em pequenas partículas. Já os processos 
químicos incluem a ação de bactérias, fungos e alguns protozoários, que degradam os 
resíduos orgânicos em partículas menores, dióxido de carbono e água.
Quando se fala em compostagem, é preciso considerar alguns fatores 
importantes, como a umidade, aeração, temperatura, pH, relação carbono/nitrogênio e 
microrganismos. 
20
A água é indispensável no preparo do composto orgânico, visto que os micror-
ganismos só sobrevivem na sua presença. Dessa forma, o teor de umidade ideal situa-
-se entre 40% e 60% (KIEHL, 2009). Entretanto, quando os resíduos estão muito secos, 
esse fator não impossibilita o sucesso do processo de compostagem, visto que poderá 
ser realizado algumas correções no teor de umidade, como a inserção de água na mas-
sa residual até que se atinja a faixa ideal, já preconizada na literatura e estudada neste 
tópico. Resíduos sólidos com elevado teor de umidade, muito acima do preconizado 
como ideal, tendem a difi cultar o processo da compostagem, sendo nesse caso, o mais 
indicado um tratamento de forma anaeróbio (que ocorre em ausência de oxigênio).
Resíduos de origem como esgoto sanitário e águas residuárias provenientes 
da higienização de baias de animais são ricos em matéria orgânica, porém, 
devido à grande quantidade de água em sua composição, indica-se 
que sejam tratados por meio de processos anaeróbios, como reatores 
biológicos, biodigestores.
INTERESSANTE
Como o processo de compostagem é aeróbio (com presença de oxigênio), o 
nível de oxigenação (aeração) é primordial para o sucesso do processo. Dessa forma, 
a quantidade necessária de oxigênio para a compostagem dependerá do estágio 
em que o processo se encontra (BOSCO, 2017). Nas primeiras etapas, o processo se 
confi gura como uma rápida degradação, dessa forma, o nível de aeração é muito 
exigido. Diferentemente das últimas etapas, em que ocorre redução da atividade dos 
microrganismos, estes preferem condições menos oxidativas, fazendo com que a 
necessidade de oxigênio decaia.
Ainda, no que tange à aeração, é preciso que o processo seja revolvido: ação 
manual ou mecânica. O ciclo de reviramento se situa, em média, duas vezes por semana 
durante os primeiros 60 dias do processo.
 A compostagem pode ser referenciada como um processo exotérmico, visto 
que ocorre a geração de calor, devido à atividade dos microrganismos presentes na 
massa residual. Nesse sentido, a temperatura é um fator extremamente importante. 
Bosco (2017) relata que a temperatura ideal para o processo é de 55 ºC. Ainda, a autora 
recomenda que temperaturas acima de 75 ºC, devido ao fato de acarretar a eliminação 
dos microrganismos estabilizadores do processo, são responsáveis pela degradação 
dos resíduos orgânicos.
 A temperatura tende a variar durante o processo todo de compostagem. Essas 
variações são denominadas de: fase mesofílica de aquecimento, fase termofílica, fase 
mesofílica e de resfriamento e maturação, conforme a Figura 7.
21
Figura 7 – Fases de temperatura no processo de compostagem
Fonte: adaptada de Kiehl (2009)
A fase mesofílica tem duração de poucos dias e propicia condições neces-
sárias para que o processo se inicie, ou seja, é uma fase de start. Durante sua manu-
tenção de processo predominam as faixas de temperaturas consideradas moderadas 
(30 a 45 ºC) (BOSCO, 2017).
Na segunda fase, denominada como termofílica, o processo tem como objetivo atin-
gir uma temperatura maior que 55 ºC. Nessa fase, é quando a matéria orgânica, em sua maior 
parte, é degradada. Após essa degradação da matéria, a temperatura inicia o decaimento e volta 
próximo às encontradas na fase mesofílica, configurando como uma fase denominada de res-
friamento. Nesse resfriamento do processo, a população de microrganismos termofílicos são 
desativadas por não sobreviverem devido às quedas de temperatura (BOSCO, 2017).
Na última etapa, denominada de maturação, ocorre a degradação final do 
material e a temperatura tende a apresentar seu valor próximo à temperatura ambiente 
do local (BOSCO, 2017).
Um fator de extrema importância e que interfere no processo de compostagem 
é o pH. Ele interferente no processo de degradação de matéria orgânica, visto a predo-
minância de

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