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aula 1 - constitucional

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DIREITO CONSTITUCIONAL
Profª. SÔNIA LETÍCIa de mello cardoso
DIREITO CONSTITUCIONAL
O Direito, segundo Miguel Reale é fato, valor e norma.
DIREITO CONSTITUCIONAL
Nestes termos: 
“a) onde quer que haja um fenômeno jurídico, há, sempre e necessariamente, um fato subjacente (fato econômico, geográfico, demográfico, de ordem técnica etc.); 
um valor, que confere determinada significação a esse fato, inclinando ou determinando a ação dos homens no sentido de atingir ou preservar certa finalidade ou objetivo; e, finalmente, uma regra ou norma, que representa a relação ou medida que integra um daqueles elementos ao outro, o fato ao valor; 
b) tais elementos ou fatores (fato, valor e norma) não existem separados um dos outros, mas coexistem numa unidade concreta;
c) mais ainda, esses elementos ou fatores não só exigem reciprocamente, mas atuam como elos de um processo (já vimos que o Direito é uma realidade histórico-cultural) de tal modo que a vida do Direito resulta da interação dinâmica e dialética dos três elementos que a integram”. 
(Reale, Miguel. Lições preliminares de direito. 24 ed., São Paulo: Saraiva, 1998, p. 65)
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O Direito é uno e indivisível e deve ser estudado como um grande sistema em harmonia. Modernamente fala-se em microssistemas, por exemplo, como o Código de Defesa do Consumidor, Estatuto da Criança e do Adolescente, Direito Ambiental, dentre outros. 
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A divisão do direito, que a doutrina denomina em ramos da ciência jurídica é meramente didática, a fim de facilitar o entendimento da matéria. 
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Desse modo divide-se o direito em público e privado, segundo a predominância do interesse social ou particular. 
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O Direito Público subdivide-se em Interno e Externo. 
O Direito Público visa regular, precipuamente, os interesses estatais e sociais cuidando apenas reflexamente da conduta individual. 
Direito Público interno: Direito Constitucional, Direito Administrativo, Direito Tributário, Direito Penal, Direito Processual (Civil e Penal) Direito do Trabalho, Direito Eleitoral, Direito Municipal, dentre outros. Esta subdivisão não é estanque podendo ensejar a cada dia, a especialização do Direito e consequente formação de disciplinas autônomas.
O Direito Público externo destina-se a reger as relações entre os Estados Soberanos e as atividades individuais no plano internacional. 
O Direito Privado tutela predominantemente os interesses individuais, de modo a assegurar a coexistência das pessoas em sociedade e a fruição de seus bens, quer nas relações de indivíduo a indivíduo, quer nas relações do indivíduo com o Estado, biparte-se em civil e empresarial.
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O Direito Constitucional, segundo José Afonso da Silva “configura-se como Direito Público fundamental por referir-se diretamente à organização e funcionamento do Estado, à articulação dos elementos primários do mesmo e ao estabelecimento das bases da estrutura política”, e assim o define como: “ramo do Direito Público que expõe, interpreta e sistematiza os princípios e normas fundamentais do Estado”. (Silva, José Afonso. Curso de Direito Constitucional positivo. 16 ed., São Paulo: Malheiros, 1999, p. 36)
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Pedro Lenza afirma que: “apesar da ‘suposta’ utilidade didática, parece adequado não mais falarmos em ramos do direito, e sim em um verdadeiro escalonamento verticalizado e hierárquico das normas, apresentando-se a Constituição como norma de validade de todo o sistema, situação essa decorrente do princípio da unidade do ordenamento e da supremacia da Constituição (força normativa da Constituição – Konrad Hesse)”. (Lenza, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 16. Ed., São Paulo: Saraiva, 2012, p. 55)
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Para Zulmar Fachin “o Direito Constitucional é a dimensão nuclear o ordenamento jurídico. Não se trata, portanto, de uma especialidade do Direito, pois está localizado no próprio cerne deste e em conexão direta com cada um dos seus ramos. Consequentemente, todos os campos específicos do conhecimento jurídico estão vinculados diretamente o Direito Constitucional. Este é o núcleo irradiador de legitimidade, capaz de validar as normas jurídicas localizadas em qualquer campo do ordenamento jurídico. Tal maneira de conceber o Direito Constitucional não invalida a tese segundo a qual a Constituição é o ápice da pirâmide jurídica ou a base do ordenamento jurídico do Estado. Assim, o Direito Constitucional pode ser visto em tríplice dimensão: ápice, como base ou como núcleo de todo o ordenamento jurídico, abarcando, portanto, os denominados direito público e direito privado”. (Fachin, Zulmar. Curso de Direito Constitucional. 7 ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015, p. 2)
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FONTES DO DIREITO CONSTITUCIONAL – ZULMAR FACHIN
1 – Constituição: é a principal fonte e é o objeto de estudo do Direito Constitucional. Surgiu para proteger os direitos fundamentais e limitar o poder e, ainda, meio ambiente, família, economia, dentre outras matérias.
2 – Tratados Internacionais: os valores protegidos pelos tratados internacionais passam a figurar na Constituição dos países, como por exemplo, proibição de tortura e de tratamento desumano e degradante.
3 – Lei: é a fonte remota do Direito Constitucional, isto porque quando surgiu o constitucionalismo moderno, a Constituição acolheu normas que já estavam consagradas em preceitos legais como o direito de propriedade, a liberdade, a igualdade e a segurança.
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4 – Costume jurídico: decorrente da prática reiterada e permanente de certos atos, pode ser elevado ao status de norma constitucional, especialmente em países como a Inglaterra – onde não existe Constituição formal. 
5 – Jurisprudência – é uma fonte na medida em que os juízes e tribunais podem criar normas jurídicas, as quais acabam tendo um status constitucional. Ex.: bem de família, união estável e nos USA o direito dos negros estudarem nas mesmas escolas frequentadas por brancos.
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6 – Doutrina científica: pode ser considerada fonte do Direito Constitucional embora grande parte dos estudiosos negem esta possibilidade. Os ensinamentos inovadores, de caráter científico, produzidos por constitucionalistas de vários países, tem gerado normas constitucionais. No Brasil, especificamente, temos a CF/88 que adotou o Município como membro da Federação, tese sustentada por alguns publicistas desde a Constituição de 1946.
7 – Princípios gerais do direito: pode ser fonte do Direito Constitucional, pois são princípios ditados pela equidade; decorrem da natureza das coisas, ditados pela ciência e pela filosofia do direito ou resultam do sistema jurídica de cada país. Ex.: “dar a cada um o que é seu”, “não lesar o próximo”, “viver honestamente”, dentre outros.
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OBJETO DE ESTUDO
O objeto de estudo do Direito Constitucional é a constituição política do Estado, ou seja, a sua organização jurídica fundamental.
 
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CONTEÚDO CIENTÍFICO – ZULMAR FACHIN
Direito Constitucional positivo
É o Direito Constitucional específico de cada Estado (Brasil, Portugal, Espanha, etc.). No Brasil, é o estudo de diversos temas inseridos na CF/88, tais como o direito fundamental à educação (art. 205); a dignidade da pessoa humana (art. 1º, inciso III); os princípios da ordem econômica (art. 170) e o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado (art. 225).
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Direito Constitucional comparado
Dedica-se ao estudo comparativo entre Constituições ou entre temas disciplinados por Constituições de vários Estados. 
Direito Constitucional geral
Está no campo da teoria geral do direito e cumpre a tarefa de elaborar princípios, conceitos e instituições, bem como estudar os que se encontram no direito positivo de vários países, com o objetivo de classifica-los e sistematiza-los, a partir de uma visão unitária. Entre os temas pertencentes
ao Direito Constitucional Geral, estão o conceito de Direito Constitucional, o conceito de Constituição, a tripartição de poderes, a classificação das normas constitucionais, o poder constituinte e os direitos fundamentais. 
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Direito Constitucional Internacional
É formado por normas (regras e princípios) que, inseridas na Constituição de um País, disciplinam matérias de Direito Internacional. A CF/88 trata de várias matérias de Direito Internacional, tais como os princípios gerais (art. 4º); a extradição (art. 5º, inciso LII); a nacionalidade (art. 12); as relações mantidas pela União (art. 21); a competência do Presidente da República para celebrar tratados internacionais (art. 84, inciso VIII).
Direito Internacional comunitário
Suas normas, de natureza transnacional, têm vigência para além dos limites territoriais do Estado-nação. Desse modo poder-se-ia falar também em Direito Comunitário Penal, Direito Comunitário Ambiental, Direito Comunitário do Consumidor, Direito Comunitário Econômico etc. Ex.: União Europeia.
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DIREITO CONSTITUCIONAL E INTER-RELAÇÃO CIENTÍFICA – ZULMAR FACHIN 
1 – Direito Constitucional e Ciência Política
“A Ciência Política fornece ao Direito Constitucional dados importantes sobre formas de Governo (república ou monarquia), sistemas de governo (presidencialista ou parlamentarismo), participação popular (plebiscito, referendo, iniciativa popular), organização dos poderes, mandatos eletivos, perda e suspensão de direitos políticos, partidos políticos etc.”
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2 – Direito Constitucional e Economia
A economia, localizada no campo das ciências sociais, tem merecido tratamento normativo constitucional. Tornou-se comum à Constituição Federal utilizar termos da Economia, tais como desenvolvimento econômico, crescimento econômico, escassez, produto nacional, capital, demanda, oferta, procura, pleno emprego, moeda, inflação, mercados, monopólio, concorrência, juros, renda, dentre outros. A CF/88 reservou o Título VII para tratar de matérias econômicas (arts. 170 a 192) destinando o Título VIII para as matérias relativas à ordem social (arts. 193 a 232).
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3 - Direito Constitucional e História
A História fornece ricos exemplos para a compreensão do Direito Constitucional. Para se compreender uma Constituição, é necessário entender os fatos históricos que a precederam. Somente o conhecimento das circunstâncias fáticas, que cercaram os momentos decisivos do constitucionalismo brasileiro, poderá lançar luzes sobre o momento presente. Ex.: Diretas Já.
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4 - Direito Constitucional e Filosofia
Os Estudos da Filosofia são importantes para a compreensão de valores primordiais que têm assento constitucional. A dignidade da pessoa humana, bem como os direitos fundamentais podem ser mais bem compreendidos a partir das reflexões dos filósofos. Localizam-se na Filosofia as raízes de temas essenciais, tais como o Estado Democrático de Direito (art. 1º); a forma de Estado (art. 1º); a forma de Governo (art. 1º); a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, o pluralismo político (art. 1º); a tripartição de funções do Estado (art. 2º); o regime político (art. 44); a vida, a igualdade, a liberdade, a segurança e a propriedade (art. 5º), dentre outros.
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5 - Direito Constitucional e Sociologia
A Sociologia, tanto a política quanto a jurídica, exerceram e continuam a exercer influência sobre o Direito Constitucional. Ex. bem de família (art. 5º, inciso XXVI); união estável (art. 226, § 3º); família monoparental (art. 226, § 4º); direito de greve (art. 9º); a liberdade de associação sindical (art. 8º, inciso V).
6 - Direito Constitucional e Teoria do Estado
Tradicionalmente a Constituição tem sido interpretada como o documento político organizador da vida do Estado. Ainda hoje, ela é o instrumento normativo próprio, por meio do qual se realiza a distribuição do poder estatal, embora seja também um documento jurídico-normativo assegurador dos direitos fundamentais da pessoa. A CF/88 define o tipo de Estado (federal ou unitário), a forma de governo (republicano ou monárquico) e o sistema de governo (presidencialista ou parlamentarista); estabelece e discrimina as funções do Estado (legislar, governar e julgar) e os sistemas eleitorais (majoritário ou proporcional).
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7 - Direito Constitucional e Antropologia
A Antropologia diz respeito à ciência que estuda e analisa as características biológicas, sociológicas e culturais do ser humano, levando-se em consideração os grupos nos quais ele está inserido. Todas as Constituições brasileiras tiveram a influência da Antropologia, tomando-a em suas mais variadas dimensões. Ex.: reconhece os índios sua organização social, seus costumes, línguas, crenças, tradições e o respeito aos seus bens, especificamente à posse da terra (art. 231); garante a todas as pessoas o direito ao meio ambiente como um bem necessário à sadia qualidade de vida (art. 225), apontando para a concepção antropocêntrica do tema; assegura a inviolabilidade da crença religiosa (art. 5º, inciso VI); proíbe discriminação com base na origem, raça ou cor (art. 3º, inciso IV); estabelece como princípio da ordem internacional a autodeterminação dos povos (art. 4º, inciso III).
 
 
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8 - Direito Constitucional e Biologia
A Biologia, ciência que estuda os seres vivos, especificamente fornece dados para o Direito Ambiental e Direito Urbanístico. Alguns temas próprios à Biologia passaram a desafiar os estudiosos do Direito Constitucional, como a fecundação in vitro, o congelamento de embriões, as alterações genéticas, as células-tronco e a clonagem.
 
9 - Direito Constitucional e Medicina
A Medicina, ao usar novas tecnologias geram fortes consequências jurídicas, tais como a eutanásia, clonagem humana, aborto, redesignação de sexo, transfusão de sangue e substâncias humanas, transplante de órgãos, etc.
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10 - Direito Constitucional e Física
A Constituição atribui competência privativa à União para explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer atividade sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e o reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus derivados. Ex.: atividades nucleares (art. 49, inciso XVI), estabelecendo que as usinas as quais operam com reator nuclear somente poderão ser instaladas, se a sua localização estiver definida em lei federal (art. 225, § 6º).
11 - Direito Constitucional e Educação
A CF/88 tem quase uma centena de normas relativas à educação, abrangendo está em todos os níveis Ex.: (art. 225), (art. 212); (art. 214); (art. 225 §1º, inciso VI).
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12 - Direito Constitucional e Religião
A CF prevê a inviolabilidade da liberdade de consciência e de crença, assegura o livre exercício dos cultos religiosos e garante a proteção aos locais de cultos e a suas liturgias (art. 5º, inciso VI); assegura a prestação de assistência religiosa em entidades civis e militares de internação coletiva, o que permite, por exemplo, levar a reflexão religiosa às pessoas que vivem em presídios (art. 5º, inciso VII); estabelece que ninguém poderá ser privado de direitos por motivo de crença religiosa, seja esta qual for, salvo se tal crença for invocada com o propósito de eximir-se de obrigação legal a todos imposta e, ainda, a pessoa recusar-se a cumprir uma prestação alternativa prevista em lei (art. 5º, inciso VIII); garante que o ensino religioso, de caráter facultativo, poderá ser ministrado em horários normas de aula das escolas públicas de ensino fundamental (art. 210, § 1º); prevê o casamento religioso, atribuindo-lhe efeitos civis, conforme dispuser a lei (art. 226, § 2º).
Por outro lado, veda aos membros do pacto federativo (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) que estabeleçam cultos religiosos ou igrejas; proíbe, ainda, que venham
subvenciona-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança. Permite, no entanto, que haja entre eles colaboração de interesse público (art. 19, inciso I).
REFERÊNCIAS
Fachin, Zulmar. Curso de Direito Constitucional. 7 ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015.
Lenza, Pedro. Direito Constitucional esquematizado. 16. ed., São Paulo: Saraiva, 2012.
Reale, Miguel. Lições preliminares de direito. 24 ed., São Paulo: Saraiva, 1998.
Silva, José Afonso. Curso de Direito Constitucional positivo. 16 ed., São Paulo: Malheiros, 1999.

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