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1 Profa. Maria Aline Gonçalves Máquinas e Acionamentos Elétricos Aula 3 Conversa Inicial Princípio de funcionamento Chave de partida direta Chave de partida direta com reversão no sentido de rotação Dimensionamento de dispositivos de manobra Característica do torque de partida Chave de partida direta Princípio de funcionamento Os motores elétricos possuem diversas opções de partida em instalações elétricas A escolha do método de partida depende de critérios como potência do motor e características da carga Não há uma regra universal para a escolha do método de partida, que pode ser estrela- triângulo, eletrônica etc. Métodos de partida para motores elétricos A relação Ip por In (𝑰𝒑 𝑰𝒏 = m) é fundamental na escolha da partida Ela representa quantas vezes a corrente de partida (Ip) excede a corrente nominal do motor (In) Indústrias podem determinar o método de partida com base nessa relação para otimizar o funcionamento dos motores elétricos Relação entre corrente de partida e corrente nominal 1 2 3 4 5 6 2 Exemplo: 𝑰𝒏 𝟐𝟐,𝟑A 𝑰𝒑 = 151,64 A No caso de uma partida direta, em que o motor é diretamente energizado pela fonte de alimentação, se ele estiver com carga mecânica nominal aplicada ao eixo, no instante da partida, o motor pode absorver o valor integral da corrente de partida Relação entre corrente de partida e corrente nominal A corrente de partida elevada ocorre devido ao motor estar em repouso ao ser energizado Para superar a inércia do rotor, o motor requer uma grande quantidade de energia, absorvendo-a da rede elétrica A corrente varia para atingir a potência nominal à medida que o motor ganha velocidade Por que a corrente de partida é alta? Os dispositivos de proteção devem ser dimensionados adequadamente para não atuarem durante a partida Não há uma potência máxima definida para a partida direta, mas muitas indústrias a utilizam para motores até 5 CV ou 10 CV no máximo Proteção durante a partida Destinada a motores de baixa potência Não reduz a corrente de partida do motor O motor pode ser ligado em estrela ou triângulo A tensão da rede deve ser a mesma da tensão de ligação do motor Elevado torque de partida Custo e volume físico reduzido Simplicidade de implementação Características da chave de partida direta Acentuada queda de tensão na instalação Sobre dimensionamento do sistema de acionamento e proteção Imposição das concessionárias de energia, limitando a queda de tensão aceitável Desvantagens da partida direta em motores de alta potência Partida estrela-triângulo Partida compensadora Partidas eletrônicas Alternativas para motores de alta potência 7 8 9 10 11 12 3 Chave de partida direta Motor energizado pelo acionamento do contator K1 Tensão trifásica aplicada diretamente aos terminais do motor Corrente passa por fusíveis e contatos do relé de sobrecarga RT1 antes de chegar ao motor Desligamento ocorre com a desenergização do contator K1 Acionamento com contator Fonte: Gonçalves (2023) Motor acionado com o fechamento do disjuntor-motor Q1 Contatos de força do disjuntor-motor são normalmente abertos Proteções contra curto-circuito e sobrecarga habilitadas com o disjuntor-motor acionado Desligamento do motor ocorre ao desativar o disjuntor-motor Q1 Acionamento com disjuntor-motor Fonte: Gonçalves (2023) O circuito da Figura (b) é mais simples, possui menos componentes, mas pode ter um custo mais elevado e requer acionamento manual do disjuntor-motor O circuito da Figura (a) tem um custo menor e é mais didático, mas pode sobrecarregar as fases restantes em caso de fusível rompido Comparação dos circuitos Fonte: Gonçalves (2023) A escolha entre os circuitos depende da aplicação específica e preferências dos profissionais Comparação dos circuitos Fonte: Gonçalves (2023) No circuito da Figura (a), um curto-circuito em uma fase pode sobrecarregar as fases restantes, exigindo intervenção no relé de sobrecarga e substituição de fusíveis No circuito da Figura (b), um curto-circuito em uma fase resulta na atuação imediata do disjuntor-motor, desligando todas as fases simultaneamente Proteção contra curto-circuito Fonte: Gonçalves (2023) 13 14 15 16 17 18 4 Restabelecimento mais simples e rápido no circuito da Figura (b) Proteção contra curto-circuito Fonte: Gonçalves (2023) Figura (a) é compatível com o circuito de acionamento com contator Figura (b) é para o circuito de acionamento com disjuntor-motor Circuitos de comando para partida direta Fonte: Gonçalves (2023) Energização da bobina de K1 ocorre quando a botoeira S2 é acionada, fechando seu contato (13-14) A corrente passa por S2, F4, contato normalmente fechado de RT1 (95-96), e contato normalmente fechado de S1 (11- 12) até a bobina de K1 Circuito de comando para acionamento com contator Fonte: Gonçalves (2023) Após a energização de K1, o contato (13-14) fecha, permitindo que o motor continue ligado após S2 ser liberada (contato de selo) Para desligar o motor, pressiona-se a botoeira S1, abrindo seu contato (11-12) O contato auxiliar de RT1 (95-96) atua em caso de sobrecarga, desenergizando K1 Circuito de comando para acionamento com contator Fonte: Gonçalves (2023) Acionamento e desligamento do motor idênticos ao circuito da Figura 3(a) Diferença: contato normalmente aberto do disjuntor-motor Q1 (13-14) deve ser fechado manualmente para permitir a corrente até a bobina de K1 Em caso de atuação do disjuntor-motor por sobrecarga ou curto-circuito, o contato auxiliar volta à posição aberta Circuito de comando para acionamento com disjuntor-motor Fonte: Gonçalves (2023) Ambos os circuitos usam tensão de comando de 24 VCC, menor que a tensão do circuito de força, para maior segurança Isolação da fonte de alimentação de 24 VCC protege o circuito de comando contra problemas na rede trifásica Tensão de comando Fonte: Gonçalves (2023) 19 20 21 22 23 24 5 Garante a integridade do circuito de comando, mesmo em condições adversas na rede de alimentação principal Tensão de comando Fonte: Gonçalves (2023) Chave de partida direta com reversão no sentido de rotação Em muitas aplicações, como em esteiras industriais, é necessário inverter o sentido de rotação de um motor elétrico Isso é alcançado alterando a sequência das fases que alimentam o motor Apresenta-se um novo circuito de comando e força para esse propósito Chave de partida direta com reversão Chave de partida direta com reversão Fonte: Gonçalves (2023) O contator K2 é crucial para inverter o sentido de rotação Quando K1 é acionado, o motor gira em sentido A Funcionamento do contator K2 na reversão Fonte: Gonçalves (2023) Ao acionar K2, as fases L2 e L3 são invertidas, resultando no sentido B Intertravamento entre K1 e K2 evita acionamento simultâneo e curto- circuito Funcionamento do contator K2 na reversão Fonte: Gonçalves (2023) 25 26 27 28 29 30 6 Dois contatores são usados para garantir o intertravamento Energização de K1 ocorre com S2, enquanto K2 é acionado por S3 após desenergizar K1 com S1 Circuitos de comando para reversão no sentido de rotação do motor Fonte: Gonçalves (2023) Contato de intertravamento entre K1 e K2 assegura o funcionamento seguro Circuitos de comando para reversão no sentido de rotação do motor Fonte: Gonçalves (2023) Dimensionamento de dispositivos de manobra O dimensionamento de contatores depende da corrente nominal a que eles estarão sujeitos A corrente nominal do motor (𝐼 ) é calculada usando a potência nominal (𝑃 ), tensão nominal de linha (𝑉 ), fator de potência (cos𝜙) e rendimento do motor (𝜂) Devido às correntes de partida, a corrente no contator pode ser maior que a nominal do motor Dimensionamento dos contatores 𝑰𝒏 𝑷𝑵 𝟑 ⋅ 𝑽𝑳 ⋅ 𝐜𝐨𝐬𝝓 ⋅ 𝜼 Em partida direta, a corrente do contator K1 é igual à corrente do motor Em partida direta com reversão,a corrente dos contatores K1 e K2 serão iguais Considerações importantes: capacidade de corrente para a categoria AC3 e disponibilidade de contatos auxiliares adequados Dimensionamento dos contatores 𝑰𝑲𝟏 𝑰𝑵 𝑰𝑲𝟏 𝑰𝑲𝟐 𝑰𝑵 Os relés de sobrecarga monitoram a corrente absorvida pelo motor para identificar sobrecargas A corrente que o relé deve suportar é a corrente em regime permanente que alimenta o motor O dimensionamento envolve especificar a corrente que o relé detectará como sobrecarga, ajustável no próprio dispositivo Dimensionamento dos relés de sobrecarga 31 32 33 34 35 36 7 𝑰𝑹𝑻 𝑰𝑵 A corrente do relé é igual à corrente dos contatores Importância de ajustar o valor da corrente de sobrecarga no centro da escala para permitir variações proporcionais para mais e menos Dimensionamento dos relés de sobrecarga Dimensionamento de fusíveis considera partida e operação normal do motor Durante a partida, a corrente pode ser muito alta, e o fusível não deve se romper A corrente nominal do fusível é determinada cruzando a corrente de partida com o tempo de partida na curva apropriada Dimensionamento dos fusíveis Exemplo: 𝑰𝒏 𝟏𝟖A 𝑰𝒑/𝑰𝒏= 5,55 t 𝟓𝐬 Fusível diazed Dimensionamento dos fusíveis 𝑰𝑷 𝑰𝒏 𝟓,𝟓𝟓 → 𝑰𝑷 𝟏𝟖 𝟓,𝟓𝟓 → 𝑰𝑷 𝟏𝟎𝟎𝑨 Análise da curva tempo x corrente do fusível diazed Fonte: Creder (2022) Corrente em A (valor eficaz) 10 000 1 000 100 10 1 0,1 0,01 0,001 12 5 2 1 10 100 1000 10000 Te m p o d e fu sã o v ir tu al ( s) 4 A 6 A 1 0 A 1 8 A 2 0 A 2 5 A 3 5 A 5 0 A 6 3 A 8 0 A 1 0 0 A 1 2 5 A 1 6 0 A 2 0 0 A 2 5 0 A 3 1 5 A 4 0 0 A 5 0 0 A 6 3 0 A 2 2 4 A 3 0 0 A 3 5 5 A 4 2 5 A If ≥ 1,2 x IN: significa que a corrente nominal do fusível deve ser no mínimo 20% acima da corrente nominal do motor Critérios de dimensionamento Corrente em A (valor eficaz) 10 000 1 000 100 10 1 0,1 0,01 0,001 12 5 2 1 10 100 1000 10000 Te m p o d e fu sã o v ir tu al ( s) 4 A 6 A 1 0 A 1 8 A 2 0 A 2 5 A 3 5 A 5 0 A 6 3 A 8 0 A 1 0 0 A 1 2 5 A 1 6 0 A 2 0 0 A 2 5 0 A 3 1 5 A 4 0 0 A 5 0 0 A 6 3 0 A 2 2 4 A 3 0 0 A 3 5 5 A 4 2 5 A Fonte: Creder (2022) If ≤ IK : significa que a corrente nominal do fusível não pode ser maior que a corrente máxima do valor dimensionado para os contatores Critérios de dimensionamento Corrente em A (valor eficaz) 10 000 1 000 100 10 1 0,1 0,01 0,001 12 5 2 1 10 100 1000 10000 Te m p o d e fu sã o v ir tu al ( s) 4 A 6 A 1 0 A 1 8 A 2 0 A 2 5 A 3 5 A 5 0 A 6 3 A 8 0 A 1 0 0 A 1 2 5 A 1 6 0 A 2 0 0 A 2 5 0 A 3 1 5 A 4 0 0 A 5 0 0 A 6 3 0 A 2 2 4 A 3 0 0 A 3 5 5 A 4 2 5 A Fonte: Creder (2022) 37 38 39 40 41 42 8 If ≤ IRT: significa que a corrente nominal do fusível não pode ser superior à corrente máxima do relé de sobrecarga Critérios de dimensionamento Corrente em A (valor eficaz) 10 000 1 000 100 10 1 0,1 0,01 0,001 12 5 2 1 10 100 1000 10000 Te m p o d e fu sã o v ir tu al ( s) 4 A 6 A 1 0 A 1 8 A 2 0 A 2 5 A 3 5 A 5 0 A 6 3 A 8 0 A 1 0 0 A 1 2 5 A 1 6 0 A 2 0 0 A 2 5 0 A 3 1 5 A 4 0 0 A 5 0 0 A 6 3 0 A 2 2 4 A 3 0 0 A 3 5 5 A 4 2 5 A Fonte: Creder (2022) Disjuntores-motores combinam funções de fusíveis e relés de sobrecarga Dimensionamento envolve combinar relé de sobrecarga com fusíveis Verificar curva de atuação para garantir partida adequada Ajustes na corrente de atuação podem ser necessários Dimensionamento de disjuntor-motor Característica do torque de partida Motor elétrico gera torque (conjugado) para girar o eixo Carga mecânica acoplada ao eixo reage com o conjugado resistente Dimensionamento do motor: torque do motor deve superar o conjugado resistente durante a partida Característica do torque de partida Curvas conjugados x velocidade Fonte: Franchi (2014) N (Rpm) C motor Conjugado acelerante C resistente Ponto de operação C A NBR 17094-1:2018 categoriza motores elétricos com base em suas características de partida Categoria N: motores de aplicação geral com conjugado de partida normal, corrente de partida normal e baixo escorregamento Usos típicos: ventiladores industriais, bombas, máquinas operatrizes Recomendado que o conjugado mínimo do motor seja pelo menos 30% do conjugado resistente da carga, com 15% em situações críticas Categorias de acordo com a NBR 43 44 45 46 47 48 9 Categoria H: motores para cargas com alto conjugado resistente durante a partida Usos típicos: britadores, peneiras, transportadores-carregadores Categoria D: motores para cargas com conjugado resistente muito elevado durante a partida, alta corrente de partida e alto escorregamento Usos típicos: elevadores de carga e aplicações semelhantes Categorias de acordo com a NBR Curvas conjugado x velocidade por categoria de motores de indução Fo n te : M am ed e Fi lh o ( 2 0 2 3 ) (%) 300 275 250 225 200 175 150 125 100 75 50 25 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 (%) Categoria D C on ju g ad o em p or ce n ta g em d o co n ju g ad o d e p le n a ca rg a Velocidade em função da velocidade síncrona Categoria H Categoria N Na partida direta, o torque (T) é dado por: 𝑻 𝑷 𝝎 𝐍.𝐦 P: potência nominal do motor [W] 𝝎 : velocidade de [rad/s] Cálculo do torque na partida direta P deve estar em watts [W] e ω em radianos por segundos [rad/s] 𝝎 𝟐𝝅 𝑻 Conversão: 1 rad/s = 𝝅 𝟑𝟎 rpm 𝝎 𝝅 𝑵 𝟑𝟎 Conversão de unidades Exemplo: Conversão CV para Watt 𝟏 𝐂𝐕 ≅ 𝟕𝟑𝟓,𝟓 𝐰 Potência: 3 kW (3000 W) Velocidade nominal: 1735 rpm 𝑻 𝟑𝟎𝟎𝟎 𝟏𝟖𝟏,𝟔𝟗 T = 16,51 𝐍.𝐦 Fo n te : W E G 49 50 51 52 53