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O CONSUMO DESENFREADO E O ENDIVIDAMENTO ARTIGO

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1 
 
O CONSUMO DESENFREADO E O ENDIVIDAMENTO: 
CONSEQUÊNCIAS DE UM MERCADO ACESSÍVEL 
 
 
NEILA SCHALM
1
 
 
RESUMO: O endividamento e o consumo exacerbado com destaque para a compulsão 
em consumir cada vez mais, aliada ao crédito fácil estendido pelos comerciantes e 
fornecedores, relatam-se como um dos grandes males auferidos pela sociedade na qual 
vivemos. A busca pela felicidade desejada, obtida tão somente pela obtenção de 
produtos sonhados provisoriamente, já vinha sendo um dos caminhos para a compra 
inconsciente, aliada claro, a publicidade das empresas. Porém, com o objetivo de vendas 
maiores, tais empresas aumentaram em demasia o crédito de seus clientes, não 
objetivando tão somente realizar o sonho de consumo do mesmo, mas pensando muito 
nas vendas que aumentam a cada dia, com créditos a mais cedidos e formar de 
pagamento diferenciado. Esse modo de comportamento por parte de comerciantes, além 
de ferir o consumidor, no sentido do mesmo não controlar sua ambição em possuir tal 
objeto, causando um endividamento impensado, acaba por atingir o próprio comércio, 
em razão de contas não pagas, as quais poderão virar uma “bola de neve”, onde um 
inadimplemento levará a outro e assim por diante. O grande acesso a compras, com 
grandes prazos para pagamentos cria, assim, a falsa ideia de que poderá se gastar mais 
em objetos de consumo desejáveis superfluamente, gerando o endividamento sem 
tamanho à consumidores que acabaram gastando muito mais do que recebem, vendo 
que ao final de cada mês, apesar de serem parcelas em valores baixos, não conseguiram 
cumprir com sua palavra dada no momento em que firmou a compra. 
 
Palavras-Chave: endividamento – crédito fácil – compra inconsciente – aumento em 
vendas. 
 
 
1
 Bacharela em Direito pela faculdade UNISEP, Campus Dois Vizinhos. 
2 
 
SUMMARY: The debt and the excessive consumption highlighting the compulsion to 
consume more and more, combined with easy credit extended by merchants and 
suppliers, are reported as one of the great evils earned by the society in which we live. 
The search for the desired happiness, obtained solely by obtaining dreamed 
provisionally products, was already one of the paths to the unconscious buying, of 
course allied to corporate advertising. However, with the goal of higher sales, these 
companies have increased too much credit to its customers, not only as aiming to realize 
the dream of the same, but thinking too much in sales increasing every day, with the 
most credits transferred and form differentiated payment. This mode of behavior by 
traders, besides hurting the consumer in the sense of it not control his ambition of 
owning such an object, causing a thoughtless borrowing, eventually reaching the trade 
itself, because of unpaid bills, which may turn a "snowball" where a breach will lead to 
another and so on. Great access to shopping, great with deadlines for payments thus 
creates the false idea that you can spend more on consumer objects desirable 
superfluously, generating debt without size to the consumers who ended up spending 
much more than they receive, seeing that the end of each month, although portions at 
low values, failed to keep his word given at the time they signed the purchase. 
 
Keywords: debt - easy credit - unconscious purchase - increase in sales. 
 
1 Introdução 
 
O presente trabalho terá como tema principal o endividamento crescente do 
consumidor na sociedade atual, tendo como principal meio o crédito estendido de modo 
exacerbado por parte do comerciante/fornecedor, que, com o intuito de aumentar suas 
vendas acaba por liberar crédito de compra sabendo que o seu cliente não conseguirá 
horar com o acordado em parcelas. 
Tais fatores, quais sejam, a grande facilidade que o consumidor encontra em 
entrar em uma loja e satisfazer o seu desejo supérfluo em comprar, acaba por evidenciar 
outro mau crescente, sendo aquele em que os problemas pessoais e angustias do dia-a-
3 
 
dia acabam por serem supridas ou suprimidas por objetos a serem adquiridos, como 
forma de “recompensa” por um dia cansativo ou um momento ruim suportado. 
Dessa forma, parcelas e mais parcelas de objetos adquiridos de forma 
compulsiva acabam por se encontrar, fazendo com que, ao final do mês, o 
cliente/consumidor não possua condições para cumprir com suas dívidas, ficando tão 
somente com o produto impensadamente adquirido, o qual muitas vezes não é mais o 
“sonhado objeto” da qual queria. 
Ademais, o status pessoal perante a sociedade sempre falou alto, as marcas e 
grifes sempre querem vender mais e chegar aos mais variados clientes. A acessibilidade 
vem como algo bom, ao proporcionar objetos que a certo tempo atrás somente algumas 
pessoas podiam tê-las; porém todo cuidado é pouco quando a compulsão e supressão de 
sentimentos faz-se através das compras. 
Destaca-se ainda, a grande falha em um sistema educacional que persiste em 
não ter como uma das principais matérias a educação financeira. A educação voltada ao 
ser consumidor e ao entendimento do que pode gerar um endividamento em razão de 
compras supérfluas e compulsivas, evitariam em certo número, o grande aumento no 
endividamento e perca de créditos entre os consumidores. 
Tais assuntos serão amplamente debatidos no trabalho que segue. 
 
2 Uma sociedade de consumo acessível a todos 
 
Com a globalização crescente, sabemos como o acesso a vários itens de 
consumo se tornou fácil a toda a classe social. Neste fato, podemos descrever como 
muito feliz tal ato, ao popularizar marcas e produtos que antes muitas pessoas não 
possuíam formas de adquiri-las, pelo simples fato de não fazerem parte do “mundo” 
econômico e social das menos abastadas. 
Assim, além da igualização em termos de consumo, onde cada um 
compra/consume o que quer e no momento em que desejam, outro fator importante a se 
4 
 
destacar foi o crédito estendido as mais variadas pessoas e nas mais variadas situações 
sociais. 
Por tal fato, e por haver um grande apelo por parte, até mesmo dos 
comerciantes, que incitam a venda de seus produtos, alargando prazos de pagamentos e 
abrindo linhas de crédito que a poucos anos não existia na sociedade; houve um 
crescente aumento no número de pessoas endividadas e sobrepesadas de parcelas das 
quais não dão conta de liquida-las mês a mês. 
Além do relatado, no que concerne ao crédito rápido e fácil, também podemos 
observar uma “falha” no sistema em que nossas crianças e adolescentes são criadas para 
o consumo; tornando-se pessoas compulsivas pelas compras e ludibriadas facilmente. 
José Pio Martins
2
, professor economista, relata o fato de como uma criança que 
passa oito anos no ensino fundamental, mas três anos no ensino médio, gerando um 
total de doze anos de educação básica, é obrigada a memorizar nomes e datas de pouca 
utilidade em sua vida e que, em na grande maioria serão esquecidas; porem não estudará 
pouco ou nada sobre noções de comercio, economia, fianças ou impostos. 
Relata-se assim, o professor
3
 citado que: “(...) O sistema educacional ignora o 
assunto “dinheiro”, algo incompreensível, já que a alfabetização financeira é 
fundamental para ser bem-sucedido em um mundo complexo.”. 
Ao analisarmos tal questão educacional, podemos nos perguntar: E o que tal 
fato tem em comum com o tema de descontrole emocional, compras compulsivas e 
credito em demasia? Respondo-lhe que este tema possui muita ligação entre si. 
Quando pensamos que, a educação auferida a jovens e adolescentes deve visar 
seu comprometimento com o seu futuro, passamos a acreditar que, com um ensino 
voltado à compra conscientee à gerencia financeira, a compulsividade e compras para 
acalmar um desejo súbito e irredutível tornam-se mais raras, evitando também o 
descontrole por parte do comerciante, ao impulso de aumentar suas vendas, esbanjar 
créditos e formas de pagamento a pessoas que não conseguem controlar seus gastos e 
equívocos, os quais em grande maioria haverá arrependimento. 
 
2
 MARTINS, José Pio. Educação financeira ao alcance de todos: adquirindo conhecimentos 
financeiros em linguagem simples. 1º ed. São Paulo/SP: Editora Fundamento Educacional, 2004. 
3
 Ibidem. 2004, p. 05. 
5 
 
Mas, para seguirmos com o presente assunto, o qual se faz de toda forma em 
demasia atual, devemos ter em mente alguns conceitos referentes ao que temos, perante 
a lei, como consumidor e fornecedor. 
Tais preceitos são trazidos pelo autor Josué Rios
4
, no que tange ao consumidor, 
considerado como: 
 
Além das pessoas físicas, o Código coloca as empresas na condição de 
consumidor. (...) Mas a empresa só tem o direito a essa condição quando 
adquire um produto ou serviço como destinatária final. Exemplo: uma fábrica 
de móveis que compra refeições para os seus empregados ou que contrata 
serviços de limpeza é consumidora. Mas quando a empresa adquire peças de 
madeira para a fabricação dos móveis, ai já não é consumidora, porque as 
peças de madeira se destinam à transformação e produção de outros bens e 
não ao consumo final da empresa. 
 
De tal forma, o conceito de consumidor também se estende as próprias 
empresas, quando estas compram determinado produto sendo a destinatária final do 
mesmo, assim, empresas também estão sujeitas ao endividamento relatado, tendo por 
consequência muitas vezes a linha de crédito amplamente facilitada, exatamente por se 
tratar de uma pessoa jurídica, oferecida ate mesmo em bancos e agências de crédito. 
O presente autor
5
 também define o fornecedor como sendo: 
 
Todos aqueles que vendem bens ou serviços para o consumidor são 
chamados pelo Código de Defesa do consumidor de fornecedores. Assim, são 
fornecedores os bancos, os hospitais, as escolas, os hotéis, os profissionais 
liberais ou prestadoras de serviço, e as empresas em geral. 
 
Os fornecedores, dessa forma, se expressam como aqueles que ofertam seus 
produtos finais ao consumidor. O autor Josué Rios
6
, portanto destaca que: 
 
O Código entende que o consumidor (aquele que esta do lado fora do balcão) 
é a parte mais faca em relação ao fornecedor. Por quê? Porque o fornecedor é 
especialista naquilo que faz e, por isso detém as informações técnicas e 
estratégicas na fabricação dos produtos ou na organização dos serviços que 
oferece no mercado. Por exemplo, um contrato que o consumidor vai assinar 
 
4
 RIOS, Josué Oliveira. Guia dos seus direitos, 12 Ed. São Paulo. Editora Globo, 2002, p. 388. 
5
 RIOS, Op. Cit., 2002, p. 388. 
6
 Ibidem, 2002, p. 389. 
6 
 
– antes disso, o fornecedor já teve tempo de consultar especialista e de 
preparar o contrato de modo a atendes às suas expectativas. E o consumidor? 
Na prática, além de não poder sequer discutir as cláusulas do contrato, não 
tem as informações que orientam a elaboração dele e, muitas vezes, nem 
entende o que está escrito ali. 
 
Sabemos assim, o grande poder de persuasão que o fornecedor possui ante o 
consumidor, além de conhecer minuciosamente o seu produto, tanto em suas qualidades 
como possíveis defeitos, o acesso às cláusulas contratuais e informações, até mesmo 
jurídicas, por parte do fornecedor se tornam mais latentes, deixando assim, o 
consumidor em uma notória desvantagem ante as facilidades ofertadas e divulgadas 
pelo vendedor. 
Porém, no que se refere às informações detidas pelo fornecedor, o autor
7
 em 
voga, faz-se categórico em afirmar que: 
 
As informações sobre características, qualidade, quantidade, composição, 
origem, preço e prazo de validade dos produtos devem ser dadas de forma 
clara e correta ao consumidor. Isso vale para as informações dadas por escrito 
ou no atendimento direto ao consumidor. E quando essas informações 
estiverem relacionadas com a perda da qualidade do produto ou risco à saúde 
ou à vida do consumidor, devem, obrigatoriamente, constar por escrito dos 
rótulos e de outros informativos dados, ao consumidor. Exemplo: prazo de 
validade dos produtos perecíveis, como alimentos ou bebidas que deteriorem 
com o passar do tempo. 
 
Assim, sabemos que o fornecedor/comerciante possui certos deveres a cumprir 
com seu consumidor, desde fatos como os citados, levando em consideração as 
informações sobre o produto ofertado e vendido, até o seu induzimento e sedução do 
cliente ao fazê-lo desejar o produto oferecido. 
Aliado a uma boa educação financeira, que deveria ser regida na juventude de 
tais potenciais consumidores, a linha de crédito auferida a pessoas que realmente 
possuem condições, não somente financeiras, como emocionais, de gerir tal liberação 
por parte de um lojista, bastariam em parte para uma queda no endividamento dos 
consumidores, diminuindo um dado estatístico crescente na sociedade de consumo 
atual, qual seja, pessoas que perdem crédito e são inseridas em cadastros negativos por 
 
7
 RIOS, Op. Cit., 2002, p. 390. 
7 
 
conta de prestações, muitas vezes em valores ate baixos, das quais não conseguem 
honrar. 
Destarte, veremos no próximo capítulo como as empresas estão intimamente 
ligadas ao endividamento dos seus consumidores, tendo como grande consequência a 
expressiva oferta e crédito muitas vezes em demasia. 
 
3 O endividamento como consequência e a influência das empresas: 
 
Conforme destaca a autora Marcia Tolotti
8
: 
 
Partindo-se do principio de que as escolhas financeiras não são regias apenas 
pela racionalidade, o endividamento pessoal pode ser visto tanto como efeito 
de uma gestão financeira equivocada quanto como resultado de modificações 
afetivas. Muitas decisões financeiras são tomadas por avaliações errôneas, 
impulso, compulsão e, principalmente, pelo significado que determinados 
produtos adquiridos têm para cada um. 
 
Na sociedade atual, constata-se a busca constante pela satisfação pessoal. As 
grandes empresas e comerciantes criaram em seu público a idéia de que o simples fato 
de consumir suprirá faltas emocionais e afetivas das pessoas. Aliado a tal fato, o 
crescente aumento de crédito pessoal ofertados em lojas e departamentos aumentou em 
grande peso nos últimos anos, fazendo com que a compra pela compulsão aumentasse 
também, em função de que, como o crédito se tornou fácil, mais fácil ainda tornou-se 
conseguir o objeto sonhado, muitas vezes supérfluo. 
Em razão de uma má educação voltada a como reger sua vida financeira, 
pessoas das mais variadas classe sociais, aproveitam os créditos ofertados nas lojas, que 
muitas vezes possuem até um cartão de crédito próprio, com varias “promoções”, 
induzido ainda mais à compra inconsciente, para, não somente realizar o sonho de 
comprar um determinado objeto, mas de curar angústias, depressão e serem 
“recompensadas” por si próprias por um dia ou fase ruim em que passam; restando 
 
8
 TOLOTTI, Marcia. As armadilhas do Consumo: acabe com o endividamento, Rio de Janeiro: 
Elseivier, 2007 - 4º reimpressão, p. 30. 
8 
 
assim, dívidas não planejadas que, após outras tentativas de buscar a felicidade através 
do consumo, viram “bolas de neve”, onde o indivíduo não conseguirá mais salda-las. 
Explica a autoraTolotti
9
 que: 
 
São tantos os endividados que a sociedade absorve isso como um padrão 
natural e legítimo. As pessoas acreditam e reproduzem a ideia de que é 
insuportável ficar sem um objeto que as satisfaça, a ponto de suportarem com 
mais facilidade o endividamento do que a falta de algo. Dessa maneira, 
contribuem para que o endividamento seja tolerado socialmente. 
 
O endividamento, desta forma, tornou-se “moda”; uma moda viral; onde a 
ideia vendida é aquela em que o consumidor não pode ficar se o objeto de desejo 
imediato que o aflige, devendo ir até o mesmo e o adquirir, mesmo que para isso fique 
com mais parcelas para pagar ao final de cada mês, não se importando com o fato de 
conseguir ou não honrar com seus deveres mensais. 
A facilidade esta ai. Muitas vezes compras são realizadas até mesmo em redes 
sociais. Compra-se facilmente, alegra-se facilmente, porém quando a data para o 
pagamento chega, nem sempre o consumidor possui o valor acertado, correndo o risco 
de ter seu nome negativado em sites de crédito, e o comerciante/fornecedor, ter sua 
mercadoria vendida, mas não recebida, fazendo com o que este também passe por 
situações desagradáveis para com os seus próprios cobradores. 
Aliada a facilidade descrita, o fornecedor/vendedor, passa a errônea ideia ao 
consumidor que o mesmo está lá para satisfazer os seus desejos de consumo e que, em 
sua loja, ele poderá tudo, poderá comprar e se deleitar com o objeto que quiser adquirir 
imediatamente, dado a sua proposta tentadora de crédito fácil, vários meses para pagar e 
amplo crédito estendido, até mesmo a familiares. 
Assim, observamos que, apesar das boas vendas que poderá auferir o 
fornecedor, esta, além de ludibriando o consumidor, esta enganando a si mesmo, 
quando do fato de embutir na cabeça de seu cliente o fato de que ele não poder ficar sem 
o objeto, vendendo o mesmo em várias parcelas, contribuindo para o endividamento 
deste, que provavelmente já possui outras dívidas, e que não terá, muitas vezes como 
 
9
 TOLOTTI, Op. Cit. 2007, p. 32. 
9 
 
cumprir com o acordo de pagamento estabelecido, deixando assim, o próprio fornecedor 
que lhe garantiu o crédito, sem o seu devido pagamento. 
E dessa forma se vão vários relatos de perdas de crédito pessoal devido ao 
inadimplemento e inscrição em entidades restritivas de créditos. 
 
4 A busca da felicidade através do consumo 
 
Conforme vimos, o consumo se tornou uma fuga para vários desprazeres 
diários que as pessoas podem passar. A felicidade moderna se resume em possuir 
objetos supérfluos e poder suprir com desejos consumistas imediatos, através de 
empresas que garante o longo prazo de parcelas. 
Explica José Pio Martins
10
 que: 
 
Desejar coisas é uma emoção legitima do ser humano. Afinal, na nossa 
experiência de vida na terra, o ato de desejar é parte importante da realização 
pessoa e profissional. Ausência de desejo pode significar, muitas vezes, 
ausência de vida e de alegria. O problema não está no desejo em si; está no 
desejo que extrapola os limites do bom senso, torna-se excessivo e passa a ser 
causa de problemas. 
 
Assim, o fato de haver o desejo por algum objeto de toda forma nãos e faz 
negativo. O ser humano é impulsionado pelo desejo de obtenção, e isto faz com que o 
mesmo lute pelos seus ideais de vida e prosperidades. Algo que não deve ser 
confundido com o excesso em compras e abusos econômicos, os quais não terão como 
serem saldados, gerando problemas financeiros não somente para o detentor do crédito, 
mas para sua família também. 
Em contrapartida, para Marcia Tolotti
11
, autora empenhada em tal assunto, 
destaca um breve exemplo de como a sociedade se ofusca pela ideia de fácil obtenção 
de objetos: 
 
 
10
 MARTINS, Op. Cit., 2004, p. 52. 
11
 TOLOTTI, Op. Cit. 2007, p. 47. 
10 
 
Após se sentir sufocada, uma pessoa poderá interpretar que seu mal-estar é 
em função de não possuir algum objeto, por exemplo, um computador. 
Localizada a causa da angústia, qual será o próximo passo? Certamente a 
busca por esse suposto objeto – causa de desejo. Após comprar o 
computador, parcelado em 24 vezes, a pessoa se tranquiliza. Problema 
resolvido? Claro que não! Mas por quê? 
Porque o ponto em que angústia emerge não pode ser resolvido com algum 
objeto concreto. A angústia possui uma função: é como uma mola propulsora 
que alavanca o sujeito em busca de algo. O problema é acreditar que essa 
algo pode ser comprado. Para aqueles que duvidam desse processo, basta 
fazer uma observação do tempo em que alguém se mantem tranquilo após 
efetuar alguma compra. Certamente, será um tempo infinitamente menor do 
que aquele que levara para quitar a divida. Quando a angústia retornar, além 
de lidar novamente com ela, será necessário lidar também com mais uma 
dívida. 
O relato de tal fato se faz em total veracidade ao nos depararmos com 
consumidores totalmente endividados, sem condições financeiras nem psicológicas de 
saírem sozinhos da situação em que se encontram, mas que, mesmo assim, não deixam 
de se sentir “angustiados” e buscar cada vez mais o objeto que lhe darão alívio imediato 
ao seu sufoco compulsivo. 
Destacamos ainda que o ato de comprar é muito prazeroso. Comprar algo que 
se deseja muito, ou que poderá ser a solução para seu stresse, nos deixa aliviados, sendo 
até mesmo viciante a sensação obtida ao sair de uma loja com o bem desejado. 
O professor Martins
12
 profere também que: 
 
A psicologia diz que toda qualidade levada al extremo é um defeito. O desejo 
em excesso ofusca a razão e a racionalidade. As pessoas que têm compulsão 
ao consumo não são pessoas que apenas desejam coisa, elas compram por 
impulso, compram em exagero e, por conseguinte, comprar o que não 
precisam com o dinheiro que não têm. 
 
Interessante analisarmos a expressão “comprar o que não precisam com o 
dinheiro que não têm”; tal frase relata em muito a situação financeira de vários 
consumidores tentados diariamente pela compulsão de compra, que, quando realizada 
acaba por gerar mais dívidas, afundando o individuo em um ciclo sem volta, e 
principalmente, depreciando a sua qualidade de vida, em aproveitar tais gastos em 
compras conscientes e necessárias. 
 
12
 MARTINS, Op. Cit., 2004, p. 52. 
11 
 
Sabemos que tais compras e atos compulsivos não deve ser a solução para 
problemas aflitivos e emergenciais, como uma válvula de escape a pressões diárias, mas 
sim a melhoria da qualidade de vida destes consumidores, os quais adquirem objetos 
para seu maior conforto e não, em razão a um impulso que erroneamente “curará” uma 
angústia. 
A autora citada
13
 relata em seu trabalho que: 
 
Uma das principais causas do endividamento é a aquisição de bens e serviços 
que, supostamente, elevam o status da pessoa. 
A grife, por exemplo, é um dos indicadores de sucesso, ou seja, é um 
marketing pessoal que diz algo sobre a pessoa. As marcas, as grifes 
utilizadas por alguém servem como uma espécies de cartão de visitas e 
determinarão em grande parte o relacionamento social, profissional e, 
infelizmente, amoroso em muitos casos. 
 
A ideia difundida da tão sonhada felicidade sempre será associada ao status e 
acúmulo de bens que esta pessoa possui. Somado a isso, a grife, a marca de tal roupa ou 
sapato, torna-se ponto de referência para personalidade e gosto do indivíduo que quer 
mostrar a sociedade que é feliz e que pode ter tudo que deseja. 
O patamar gerado pela marca da roupa que se veste,do calçado que se usa e 
assim por diante com todos os bens de consumo ofertados, colocam no indivíduo a 
obtenção de tal produto como um sonho a ser realizado. Tal sonho, a não muito tempo 
atrás, demorava-se mais para ser conquistado, pois as vendas de determinadas marcas 
seriam somente à vista. 
Já nos dias de hoje, além de sonhos como estes irem e virem muito rápido, e o 
desejo de possuir tal objeto se tornar banal, o crédito fácil, a facilidade em se chegar à 
uma loja e, mesmo não possuindo dinheiro na hora, levar o objeto, aumenta em 
expressividade o endividamento, não escolhendo-se pessoas jovens ou mais velhas nem 
mesmo a classe social em que estão. 
Pio Martins
14
 ainda cita que: 
 
 
13
 TOLOTTI, Op. Cit. 4º reimpressão, p. 49. 
14
 MARTINS, Op. Cit., 2004, p. 52. 
12 
 
A necessidade de ostentar e a vaidade excessiva são emoções que conduzem 
a pessoa a fazer gastos exagerados, na hora errada, de maneira impensada e 
abusiva, transformando-a em uma máquina de destruir dinheiro. Agir assim é 
pavimentar o caminho para o abismo de problemas financeiros, e isso ocorre 
com pessoas ricas...que acabam quebrando. 
 
A vaidade a ostenção por determinados objetos supérfluos também contribui 
para o endividamento assim como a compulsividade. O fato de querer sempre possuir 
algo novo e desejável para as outras pessoas que estão ao seu redor, faz com que o 
individuo, mesmo não necessitando, ou não tendo condições de adquirir tal objeto, o 
compre para satisfazer seu ego pessoal e intimidar de certa forma, pessoas conhecidas. 
No entanto a consequência de tal ato se faz forte ao entrar em um caminho 
perigoso de endividamento e problemas financeiros, ostentando aquilo que não pode 
pagar, para satisfazer ego pessoal e desejos alheios. 
Portanto, a “competição” criada entre o consumidor e ele mesmo, em favor de 
possuir objetos supérfluos e, mais, conseguir realizar estes desejos por tais objetos, 
possui grande parceria com as empresas que, mesmo sabendo que seu consumidor não 
poderá honrar com suas parcelas, vende seu produto e o incita a comprar cada vez mais, 
seja por liberação de mais crédito, seja pela publicidade feita em cima do produto 
ofertado. 
Por fim Tolotti
15
 destaca que: 
 
A busca por um status muito elevado pode levar ao consumo desenfreado e, 
certamente, ao endividamento. Muitas pessoas acreditam que o dinheiro, a 
fama e os bens garantem a tão sonhada felicidade e conquistam o amor dos 
outros. Obviamente isso não é regra geral, mas é igualmente certo que, para a 
maioria, esse processo é inconsciente, ou seja, é algo que, embora exerça uma 
grande força, passa despercebido. É assim que as pessoas dedicam grande 
parte da sua vida para conquistar coisas que supõem trazer felicidade e amor. 
 
Ai se encontra o grande mau da sociedade atual, onde a felicidade e satisfação 
pessoal possuem nome e endereço certo: o consumo. 
Possuir coisas, bens e objetos supérfluos, quando quiser, quando se sentir 
angustiado ou emocionalmente fragilizado se tornou a resposta para o sentir-se bem. 
 
15
 TOLOTTI. Op. Cit., 4º reimpressão, p. 50. 
13 
 
Porém, quando o objeto desejado já não possui o status que antes tinha, ou 
novamente a angústia e a compulsão atacarem sobrarão somente dívidas de compras 
realizadas sem “intenção” e, muitas vezes levadas a cabo de um crédito fácil, parcelas 
longas e desejo desmedido por um objeto que não havia a necessidade de se possuir. 
Dessa forma fica a responsabilidade da empresa, do vendedor/comerciante, em 
alertar o seu consumidor para as extravagâncias desmedidas, restringindo quando 
necessário seu crédito em favor da preservação do mesmo. 
Ademais, ainda ressaltamos a boa educação financeira em idades apropriadas, 
gerando sempre gestos mais contidos e confiantes, no que tange a gastar ou não valores 
em algo que não solucionará problemas emocionais e que não serão tão úteis em pouco 
tempo. 
Conscientizando futuros e potenciais consumidores sobre os riscos de um 
consumo descontrolado, onde a situação financeira em risco pode influenciar muito 
mais que a perda de um crédito, mas sua vida social e principalmente a sua qualidade de 
vida. 
 
5 Conclusão 
 
A sociedade de consumo atual encontra-se em um dilema constante: se por um 
lado a linha de crédito avançado estimula as vendas, engrandece o comércio e favorece 
pessoas que não conseguiam obter certos bens a pouco tempo; por outro lado também 
há um aumento no consumo desenfreado, na compulsão consumista com base na busca 
da felicidade através da compra de objetos supérfluos, desejados rapidamente e 
esquecidos mais rápido ainda. 
Nesse sentido faz-se importante às empresas e fornecedores atentarem-se ao 
fato de que, com uma linha de crédito amplamente estendida, aliada a grande oferta de 
produtos supérfluos, criando neste um senso de utilidade demasiada, onde o consumidor 
necessita tê-lo para ser uma pessoa melhor, para ser realmente feliz; o acúmulo de 
parcelas e dívidas se engrandece e, por vezes o consumidor acaba por esquecer os vários 
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carnês que possui para pagar ao final de cada mês, não conseguindo cumprir com tais 
créditos. 
Dessa forma, o presente trabalho alerta para, além do consumo demasiado, a 
felicidade alcançada somente com a compra e sentimentos resolvidos através de objetos 
supérfluos, a crescente perca de um crédito por pessoas que, já tendo várias dívidas não 
possuem o controle esperado em se limitar a tais, aliado a grande oferta realizada pelos 
comerciantes, com esperança de vender cada vez mais seus produtos e serviços. 
Também destacamos a importância de uma educação financeira adequada e em 
idade propicia a formação critica e pessoal do jovem adolescente, o qual entra no 
mundo do consumo muito cedo, sem saber realmente o que deve fazer para não cair em 
certas armadilhas de consumo, as quais o induziram a um endividamento e acumulo de 
bens supérfluos sem utilidade, mas, porém, sendo um gasto inconsciente obtido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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6 Referências Bibliográficas 
 
BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Código de defesa do consumidor. 
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078.htm. Acesso em: 09 de 
jul. de 2013. 
 
DINIZ, Catarina Fernandes. A influência dos estímulos não conscientizados no 
comportamento do consumidor. Disponível em: 
http://www.valdata.com.br/html/downloads/estimulos.pdf. Acessado em: 05/03/2012. 
 
MARTINS, José Pio. Educação financeira ao alcance de todos: adquirindo 
conhecimentos financeiros em linguagem simples. 1º ed. São Paulo/SP: Editora 
Fundamento Educacional, 2004. 
 
NEALE, Martin. Hábitos de consumo: o comportamento do consumidor que a 
maioria dos profissionais de marketing ignora. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. 
 
RIOS, Josué Oliveira. Guia dos seus direitos. 12 Ed. São Paulo. Editora Globo, 2002. 
 
TOLOTTI, Marcia. As armadilhas do Consumo: acabe com o endividamento. Rio de 
Janeiro: Elseivier, 2007 - 4º reimpressão.

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