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Metabolismo do eritrócito 1 🆎 Metabolismo do eritrócito Funções do sangue Transporte → gases, hormônios, nutrientes e metabólitos. Homeostase → equilíbrio hídrico, eletrolítico, no pH e na temperatura. Sistemas de defesa → a coagulação é um desses processos. Coagulação: alteração nas propriedades do sangue formando uma malha sólida e resistente de proteínas para impedir seu extravasamento. Hemostasia Interrupção de uma hemorragia Fases rápidas, integradas e praticamente simultâneas: Vasoconstrição → contração do músculo liso que reveste o vaso, reduzindo o fluxo sanguíneo local Atividade plaquetária → o colágeno exposto pela lesão permite a adesão das plaquetas no local. Em seguida, as plaquetas sofrem desgranulação liberando seratonina, ADP e tromboxano A2 (manutenção da vasoconstrição e recrutamento de mais plaquetas), formando um tampão plaquetário (trombo branco → barreira física) Coagulação → fase complexa, composta por várias reações que envolvem proteínas, cálcio e fosfolipídeos e resultam na produção da fibrina (insolúvel) formando o trombo vermelho → mecanismo mais eficiente da hemostasia 4. Fibrinólise → destruição do coágulo pela enzima proteolítica plasmina para restaurar o fluxo original Como a fibrina surge no plasma para formar a rede do coágulo? A fibrina surge no plasma por modificações estruturais do fibrinogênio (glicoproteína sintetizada pelo fígado) pelas alterações enzimáticas da trombina. Metabolismo do eritrócito 2 Qual a causa da sua resistência? O fibrinogênio é composto por 3 pares de cadeias peptídicas ( 2 α, 2 β e 2 γ) cujas extremidades amino-terminais são unidas por ligações dissulfeto na região media da molécula. As cadeias alfa e beta dessas extremidades são ricas em resíduos de aminoácidos negativos (aspártico, glutâmicos e tirosina sulfatada) que o torna solúvel e evita a agregação das proteínas. A trombina atua removendo esses segmentos (fibrinopeptídios A e B - FPA e FPB formando um polímero de fibrina (coágulo frouxo) que ainda não é suficientemente resistente para conter a hemorragia. A enzima fator estabilizante de fibrina promove ligações covalentes entre resíduos de lisina e glutamina de fibrinas adjacentes estabelecendo ligações cruzadas formando um polímero mais estável resistente a proteólise (coágulo compacto). Dessa forma, os fibrinopeptídeos A e B impedem a polimerização espontânea do fibrinogênio e sua presença livre no plasma pode indicar eventos trombóticos. Modelo Clássico da Cascata de Coagulação Assim com a fibrina, a trombina não se encontra na sua forma ativa no plasma, ela existe na forma de um precursor (protrombina), que é ativada por uma proteólise parcial (pelo fator X ativado e pelo fator V acessório ativado) que remove segmentos da protrombina. A maioria dos fatores da coagulação são serinoproteinases sintetizadas na forma inativa. O fator Va é um fator acessório, que ajuda o fator Xa a realizar a conversão de protrombina em trombina. Ele não é enzimático. O "a" depois do número do fator significa "ativado" O fator X pode ser ativado por duas rotas que convergem para a via final comum de ativação de fator X, que leva a formação do coágulo: Na via intrínseca, todos os fatores enzimáticos são encontrados na sua forma inativa no plasma antes da coagulação é iniciada em resposta a uma superfície estranha ao endotélio, sem ser necessário injúria tecidual. O contato com uma superfície ativadora, ativa o complexo XII a se transformar em XIIa. O fator XIIa vai ativar o fator XI, que vai ativar Metabolismo do eritrócito 3 o fator IX, que associado ao cofator VIII ativado, ativa o fator X. A superfície anormal in vivo é o colágeno e algumas outras substâncias como DNA e RNA. A outra via de ativação é denominada de via extrínseca e se dá pela ação proteolítica do fator VIIa associado ao fator III ou fator tecidual (tromboplastina tecidual), que é uma proteína integral da membrana de células vasculares e atua como receptora para o fator VII, ativando-o. O acionamento dessa via se dá pela injúria vascular e exposição do fator tissular ao fator VII. O complexo fator VII-fator III também é capaz de ativar o fator X e, além disso, também é capaz de ativar o Fator IX, estabelecendo um importante ponto de conexão entre as vias. Tanto a via extrínseca quanto a intrínseca levam a formação do coágulo, já a rapidez e a eficiência da resposta aos estímulos de coagulação podem ser explicados pelo mecanismo em cascata da ativação do zimogênio. O fato de cada fator promover a ativação de várias unidades do fator seguinte acaba amplificando o estímulo inicial resultando na formação rápida do coágulo. Outra maneira de amplificar a cascata de coagulação consiste no mecanismo de retroativação. A exemplo disso temos a trombina, que além de formar a fibrina é também capaz de catalisar a formação dos fatores acessórios V, VIII, XI, favorecendo a formação de mais trombina. Semelhante a isso, vemos o fator VII, que é capaz de auto ativar-se, e sendo alvo da ação catalogadora da trombina. Importância dos cofatores Tanto o cálcio como a vitamina K atuam como cofatores para o funcionamento de varias proteínas da coagulação e em alguns casos suas ações se complementam. Na ativação da protrombina, o fator X depende da participação do fator acessório V ativado, então o conjunto desses fatores é denominado complexo da protrombinase, que necessita da presença do íon cálcio e fosfolipídios carregados negativamente. Essa dependência é recorrente em outros pontos da cascata de coagulação. O fator X, para ser ativado, depende do fato VII (que depende do cálcio e do fosfolipídio) adaptada pelo fator tecidual, em que o acoplamento entre essas 3 partes (fator VII fator tecidual - fator X se da em uma superfície com fosfolipídeos carregados negativamente como a Metabolismo do eritrócito 4 fosfatidilserina (encontrado no espaço citosólico e só fica disponível quando há dano celular ou é disponibilizado pelas plaquetas na via extrínseca). Já o cálcio atua como uma ponte entre o fator de coagulação e a fosfatidilserina ancorando e estabilizando o complexo proteico, essa ligação estável só é possível pela presença de resíduos de aminoácidos modificados na sua estrutura pela carboxilação adicional de ácidos glutâmicos no fígado para formar o ácido gama carboxglutâmico (que possui duas carboxilas disponíveis para interagir com o cálcio). Essa reação é feita a partir de gás carbônico e o aparato enzimático é dependente vitamina K como cofator, portanto a ausência dessa vitamina ou drogas antagônicas a esse fator torna os fatores de coagulação são funcionalmente inativos pela capacidade insatisfatória de se ligar ao cálcio e, por isso, podendo levar a um quadro hemorrágico. Modelo Clássico da Cascata da Coagulação Sanguínea Metabolismo do eritrócito 5 Modelo da Coagulação Baseado em Superfícies Celulares Metabolismo do eritrócito 6 Em casos de hemofilia ocorre a ausência de alguns fatores de coagulação, como fator VIII na hemofilia A, o que prova que a via intrínseca, a via extrínseca e a via final comum tem pontos de integração, que prejudicam a explicação da coagulação pelo modelo clássico. Hemofilia: é um distúrbio hemorrágico causado por deficiência nos fatores da coagulação dos quais o mais comum é a deficiência do fator VIII. Como falta o fator VIII, o processo de ativação da coagulação é bloqueado na formação do fator X. Como o fator X produzido pelo fator VIIa fica restrito a célula portadora do fator tecidual, não há como a ativação alternativa compensar a ativação do fator VIII. → O fator XIII não possui atividade proteolítica, é uma transaminase. Uma concepção mais atual se baseia em superfícies celulares e considera queba ativação de fatores pró coagulantes se da no contexto local de membranas de células específicas e em etapas que contem etapas exclusivas e outra que contém etapas recorrentes. A primeira etapa(etapa de iniciação) é disparada quando células que expressam fatores teciduais nas suas membranas são expostas no sangue, dai o fator 7 se liga ao fator tecidual e o complexo ativa tanto o fator X como o fator IX. O fator X ativo transforma a protrombina em trombina em uma quantidade insuficiente para a produção de grandes quantidades de fibrina. Metabolismo do eritrócito 7 Já a segunda etapa (fase de amplificação) ocorre na superfície plaquetária onde a pouca fibrina é capaz de ativar os cofatores V, VIII e XI acelerando a ativação de mais plaquetas. Por último, a etapa de propagação consiste na produção de uma grande quantidade de trombina e, consequentemente, fibrina como resultado da amplificação das reações pró coagulantes da etapa anterior. A maior parte da fibrina é formada na fase de amplificação e propagação. Esse modelo explica quem em hemofílicos que a ativação do fator X se dá na última etapa pela associação dos fatores VIII e IX, por isso na hemofilia A a falta do fator VIII bloqueia a coagulação na formação do fator X e como o fator X produzido pelo fator VII na etapa de iniciação fica restrito a célula portadora do fator tecidual não há como compensar a falta do fator VIII. Regulação Inibidores naturais de coagulação São inibidores das enzimas que realizam a cascata e normalmente se encontram no sangue. Temos duas classes: Serpinas: A antitrombina AT - serinoproteases inibidoras de muitos fatores da coagulação, incluindo a trombina. Só se liga a esses fatores quando temos a ativação da coagulação. Localizada principalmente distante do local que está tendo estímulo para a coagulação. Metabolismo do eritrócito 8 ○ cofator II da heparina HCII - inibidor específico de trombina. ○ inibidores do fator tecidual TFPI - inibidor da via extrínseca, inibe o fator VIIa Metabolismo do eritrócito 9 Endopeptidases: A proteína C PC - inibe Va e VIIIa A trombina (IIa) ativa PC e PS, ou seja, ativando as proteínas que inibem a sua formação. Ao passo que ela também ativa fatores de coagulação que ativam a sua formação. O que vai definir se ela vai ativar PS ou PC ou então os fatores favoráveis à coagulação é o local onde ela vai estar. Se tiver no local exato da lesão, vai estimular a coagulação, se for nas células arredores vai inibir da coagulação. A trombomodulina é uma proteína de membrana que também ativa PS e PC → é um sinalizador para que só ocorra coagulação no local da lesão Metabolismo do eritrócito 10 Substâncias anticoagulantes São inibidores farmacológicos da coagulação. São eles: Potencializadores dos inibidores da coagulação Heparina - muita carga negativa, se ligando na antitrombina, assim ela aumenta muito a capacidade da antitrombina, potencializando a inibição da trombina. Metabolismo do eritrócito 11 Hirudina - inibe diretamente a trombina Quelante de cálcio: fixam o cálcio e com isso impedir a disponibilidade dele nos complexos de membranas. São eles: ácido cítrico, ácido oxálico, EDTA. Antagonistas da vitamina K dicumarol, varfarina. Eles atuam impedindo que haja carboxilação do ácido glutâmico. A heparina não é um anticoagulante fisiológico porque não se encontra naturalmente no sangue Metabolismo do eritrócito 12 Fibrinólise Degradação do coágulo já formado Degradação da fibrina pela plasmina liberando os fibrinopeptídeos. Esse processo é estimulado pela alta concentração de fibrina. O primeiro processo acontece quando a fibrina ativa o ativador de plasminogênio tecidual (tPA) que está localizada na lesão e converte plasminogênio em plasmina. Além do tPA, tem outros compostos que vão degradar a fibrina, como o tCUPA, sCUPA. Em contraste, há compostos que inibem a ativação do plasminogênio em plasmina, o PAI1 e a antiplasmina. A estreptoquinase é uma substância produzida por bactérias. Metabolismo do eritrócito 13