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**Entre o real e o virtual: os impactos do metaverso na vida em sociedade** Com o avanço da realidade virtual e das tecnologias imersivas, surge o conceito de metaverso: um ambiente digital tridimensional que promete revolucionar a forma como interagimos, trabalhamos e nos divertimos. Embora essa perspectiva envolva possibilidades inovadoras, como salas de aula virtuais e encontros com avatares hiper-realistas, também levanta dilemas sobre pertencimento, isolamento e desigualdade digital. Diante disso, é essencial refletir sobre os impactos sociais e psicológicos desse novo modo de viver entre mundos. Em primeiro lugar, a expansão do metaverso pode acirrar a exclusão social já existente no mundo físico. Para acessar essas plataformas, são necessários equipamentos caros, como óculos de realidade virtual, computadores potentes e conexão de alta velocidade — itens distantes da realidade de grande parte da população brasileira. Caso não haja políticas públicas de democratização tecnológica, corre-se o risco de reproduzir no ambiente virtual as mesmas barreiras de acesso à cultura, ao lazer e à educação que já marcam o cotidiano fora das telas. Além disso, o uso prolongado desses ambientes digitais pode comprometer as relações sociais concretas. Ao se habituarem a interações mediadas por avatares, indivíduos podem desenvolver dificuldade de comunicação no mundo físico, bem como dependência de recompensas virtuais. Estudos já apontam correlação entre o uso excessivo de plataformas imersivas e sintomas de depressão, ansiedade e despersonalização. O metaverso, se não for encarado com senso crítico, pode gerar fuga da realidade em vez de aprimoramento da convivência. Conclui-se que, diante da inevitável expansão do metaverso, é necessário construir uma cultura digital orientada pela ética, pela inclusão e pelo bem-estar social. Isso requer investimento em infraestrutura tecnológica acessível, regulamentação clara sobre coleta de dados e educação midiática desde os primeiros anos escolares. Assim, será possível garantir que a vida digital complemente — e não substitua — as relações humanas reais, mantendo a tecnologia a serviço da empatia, da convivência e da pluralidade.