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Classificações do Aborto

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Aborto	
Classificações:
Quanto à intenção e cronologia, o abortamento pode ser classificado da seguinte forma:
Quanto à intenção: o abortamento pode ser espontâneo, se ocorrer sem ação deliberada de qualquer natureza, ou induzido (provocado), caso a interrupção da gestação seja resultante de interferência intencional antes de alcançadas as condições mínimas de sobrevivência extrauterina do produto conceptual.
Quanto à cronologia: o abortamento é denominado como precoce se a perda gestacional ocorrer até 12 semanas e tardio, se ocorrer entre 12 e 20 semanas de gestação.
Drogas e agentes nocivos
Tabagismo
A associação entre tabagismo e abortamento tem sido admitida por muitos estudos; contudo, a maioria não de pura adequadamente algumas variáveis de confusão. Mulheres que fumam mais que 10 cigarros/dia apresentam maior risco de abortamento (risco relativo: 1,2 a 3,4).
O cigarro contém mais de 3 mil diferentes compostos; entre os teratógenos estão a nicotina, cotinina, cianida, tiocianato, monóxido de carbono, cádmio, chumbo e vários hidrocarbonetos. Embora essas e outras substâncias químicas presentes no cigarro representem risco para a gestação, a maior preocupação está relacionada à nicotina e ao monóxido de carbono.
Essas substâncias, além de serem fetotóxicas, têm efeitos vasoativos ou reduzem os níveis de oxigênio. A nicotina promove a liberação de adrenalina, que resulta em redução marcante do "uxo sanguíneo uterino e aumenta a resistência vascular placentária.
Vasoconstrição e danos placentários podem estar implicados na gênese do abortamento em fumantes.
Álcool
Estudos observacionais têm relatado, ainda que de forma inconsistente, que o consumo moderado ou excessivo de álcool na gestação se relaciona com maior risco de abortamento. Apesar da difícil interpretação desses estudos, uma vez que existem variáveis de confusão, as gestantes deveriam evitar o consumo habitual de álcool por seu efeito teratogênico e pelo pouco conhecimento a respeito do nível de segurança da ingestão de álcool na gestação.
Medicamento
Métodos encontrados nos estudos dos anos 1980, como venenos, líquidos cáusticos ou injeções, passaram a ser inexpressivos nos relatos das mulheres. O misoprostol se tornou o método preferencial para realizar o aborto em casa ou para iniciá-lo em casa e terminá-lo no hospital.
O misoprostol, um análogo sintético de prostaglandina E1, foi originalmente comercializado para tratamento e prevenção de úlcera péptica em pacientes que fazem uso crônico de anti-inflamatórios não hormonais. Entretanto, por seus efeitos na contratilidade uterina e no esvaecimento cervical, esse medicamento tem sido utilizado na prática obstétrica em várias situações, como no esvaecimento cervical pré-curetagem, no tratamento medicamentoso do abortamento e do óbito fetal, na indução do trabalho de parto e na hemorragia pós-parto.
Após a absorção, o misoprostol é transformado em seu metabólito farmacologicamente ativo, o misoprostol ácido. Ocorre metabolização hepática e menos de 1% de sua forma ativa é excretada pelos rins. As concentrações plasmáticas de misoprostol ácido aumentam rapidamente após administração oral, atingindo o pico máximo 30 minutos após a ingestão e depois declinando rapidamente.
O pico máximo plasmático, quando aplicado na vagina, é inferior ao da administração oral; porém, a concentração plasmática do misoprostol é sustentada por período superior a 4 horas.
Os principais efeitos adversos do misoprostol, que costumam ser dose-dependentes, são náuseas, vômitos, diarreia, hipertermia e tremor.
O uso do misoprostol no tratamento do abortamento de primeiro trimestre tem se mostrado efetivo e seguro.
Existem dúvidas, no entanto, principalmente a respeito da segurança do emprego dessa medicação no segundo trimestre da gravidez, sobretudo nas pacientes com cicatriz uterina prévia, uma vez que existem relatos de rotura uterina nessas situações
Obs: Outras formas utilizadas pelas mulheres que praticaram o aborto além do misoprostol, foram com os medicamentos por via oral, não identificados pelo nome; chás de ervas; injeções intramusculares; introdução de sondas; clínicas de aborto; exercícios e pressão violenta no abdômen; tablete de permanganato de potássio: entre outros.
Infecções
Teoricamente, as infecções maternas (bacterianas ou virais) podem ocasionar abortamento por lesões da decídua, da placenta, das membranas ovulares e do produto conceptual.
A relação entre abortamento tardio e infecção materna pelo Treponema pallidum é bem estabelecida, entretanto, para microrganismos como Chlamydia trachomatis (clamidíase-bactéria), Neisseria gonorrhoeae(gonorreia-bactéria), Streptococcus agalactiae, herpes-vírus, citomegalovírus e Listeria monocytogenes (listeriose-pode provocar meningite), embora sejam implicados na gênese do abortamento espontâneo, não há uma relação causal bem estabelecida.
Inflamações cervicais/uretrais: A principal etiologia de cervicite é infecciosa e, na maioria das vezes, é causada por Neisseria gonorrhoeae ou Chlamydia trachomatis.
As cervicites que ocorrem no ciclo gravídico-puerperal têm importância prognóstica nos resultados obstétricos e perinatais, uma vez que são causa frequente de complicações, especialmente relacionadas à prematuridade.
Afecções dessa natureza também podem provocar doença inflamatória pélvica e, consequentemente, infertilidade em mulheres em idade reprodutiva.
As uretrites, por sua vez, são processos inflamatórios da uretra, com acometimento ou não da bexiga, que se apresentam com fluxo uretral mucopurulento. São mais frequentes em homens, mas podem estar relacionadas a quadros de cervicites em gestantes, apresentando mesma etiologia.
etiologia.
Em razão de a maioria das pacientes não apresentar sintomas típicos, o diagnóstico de cervicite na gestação é difícil de ser realizado. A presença de corrimento vaginal determina, muitas vezes, a necessidade de se realizar diagnóstico diferencial com vulvovaginites. Na gravidez, as cervicites se manifestam, em grande parte, como trabalho de parto prematuro ou rotura prematura de membranas ovulares (RPMO). Por esse motivo, é de suma importância realizar exame físico ginecológico detalhado na primeira consulta de pré-natal e em todas as ocasiões em que a gestante apresentar queixas pertinentes.
Clamidíase:
Durante a gravidez, é causa de abortamento, restrição de crescimento fetal, RPMO, trabalho de parto prematuro, baixo peso ao nascer e infecção puerperal
Gonorréia: 
Nas gestantes, a gonorreia é causa de abortamento,gravidez ectópica, trabalho de parto prematuro, RPMO, corioamnionte, infecção puerperal, baixo peso ao nascer e infecção neonatal.
A infecção neonatal se manifesta mais frequentemente pela oftalmia neonatorum, que ocorre durante a passagem pelo canal de parto infectado.
Obs: cesárea está indicada para os casos de infecção ativa não tratada até o momento do parto.
Úlceras Genitais: Na presença de paciente com queixa de úlcera genital, o diagnóstico clínico é de extrema importância, já que o tratamento inicial será instituído com base na apresentação clínica. O diagnóstico laboratorial, embora requeira alguns dias, é importante para elucidar o diagnóstico e permite a adequação do tratamento. Assim, o papel do obstetra e ginecologista é imprescindível no que diz respeito a essa forma de apresentação de doença genital, em especial durante a gestação.
A ocorrência de determinada doença não exclui a presença concomitante de outra, no que diz respeito a lesões ulceradas. É comum encontrar, por exemplo, úlceras genitais sifilíticas (cancro duro) dolorosas, superinfectadas pelo herpes-vírus.
Os microrganismos que mais frequentemente causam esse tipo de lesão genital são Treponema pallidum (agente etiológico da sífilis), herpes-vírus e Haemophylus ducreyi (agente etiológico do cancro mole). A associação com o vírus da imunodeficiência humana pode alterar a apresentação clínica, tornando o diagnóstico ainda mais difícil. O risco de transmissão de HIV é18x maior em portadores de úlceras genitais.
Sífilis:
Sabe-se que 30% dos conceptos de gestantes não tratadas evoluem para óbito fetal, 10% para óbito neonatal e 40% para retardo mental. As pacientes com sí!lis primária, secundária ou latente recente apresentam até 66% de fetos com algum acometimento.
Os achados mais frequentes são: alteração da função hepática, hepatomegalia, trombocitopenia, anemia, ascite e imunoglobulina M (IgM) antitreponema fetal presente.
Herpes:
Transmissão vertical ocorre, em 85% das vezes, duranteo parto ou próximo a ele. Teoricamente, a infecção materna primária, na ausência de anticorpos e durante o primeiro trimestre, pode permitir a disseminação hematogênica do vírus, causando uma variedade de malformações, evento este observado apenas em casos isolados.
Alguns estudos revelam maiores taxas de prematuridade em gestantes que apresentam infecção primária pelo HSV-2. O risco de trabalho de parto prematuro, no entanto, não está aumentado em gestantes com primeiro episódio não primário ou recorrência da doença
HPV:
A sua transmissão pode ocorrer por via sexual, vertical (mãe-filho) ou, muito raramente, por fômites. Do ponto de vista obstétrico, mais especificamente, a transmissão vertical pode ocorrer tanto por via hematogênica (transplacentária) quanto por contaminação via ascendente ou no canal do parto, o que pode resultar na temida e rara papilomatose laríngea.
Papilomavírus humano dos sorotipos 6 e 11 pode causar papilomatose respiratória na criança contaminada no canal de parto. Essa afecção é de difícil controle e apresenta altos índices de recidivas. A rota de transmissão vertical ainda não foi completamente esclarecida, mas relaciona-se com exposição a canal de parto infectado.
Os sintomas iniciam entre 6 meses e 10 anos de idade, com quadro clínico de obstrução parcial de vias aéreas que se manifesta por sibilância, estridor e dispneia.
Infecções Congênitas
Citomegalia: Primeiramente, ocorre a infecção da placenta, quando o vírus se replica, e depois, a transmissão do vírus para o concepto. Neste, o citomegalovírus se instala no epitélio tubular renal.
Outra via menos frequente de infecção fetal é a ascensão viral a partir dos órgãos genitais maternos. Nesse caso, o vírus contamina o líquido amniótico e se instala na orofaringe do feto para depois atingir o epitélio tubular renal.
O citomegalovírus também pode ser transmitido durante o parto ou logo após o nascimento. O vírus pode causar lesão de órgãos fetais em qualquer fase da gestação, mesmo após a organogênese. Contudo, o acometimento é maior quando a infecção ocorre no primeiro trimestre.
O quadro fetal pode incluir restrição do crescimento,microcefalia, hepatoesplenomegalia, petéquias,icterícia, coriorretinite, trombocitopenia, anemia e alterações do sistema nervoso central (SNC) e cardíacas.
Rubéola: Apesar de o vírus da rubéola ser altamente teratogênico, felizmente nem todo caso de infecção materna por rubéola durante a gestação implica transmissão vertical para o feto. Mesmo após a passagem transplacentária, não são todos os conceptos que apresentam anormalidades ou sequelas relacionadas à infecção. A rubéola durante a gestação também aumenta significativamente o risco para ocorrência de abortamento e óbito fetal.
Toxoplasmose: O risco de infecção fetal aumenta com a idade gestacional em que ocorre a infecção materna, sendo a chance de transmissão para o feto em torno de 6% com 13 semanas, e chegando a 72%, com 36 semanas. Já o risco de acometimento é inversamente proporcional à idade gestacional. Infecções que ocorrem durante o primeiro e o segundo trimestres podem ocasionar abortamentos e óbitos fetais.
Hepatite: A inflamação viral do fígado pode ser causada por diferentes vírus, denominados vírus das hepatites A, B, C, D e E. Todos causam hepatite aguda ou de curto prazo. Os vírus das hepatites B, C e D podem causar hepatite crônica. O vírus B é um vírus DNA e os outros são vírus RNA.
-VHA: A inflamação viral do fígado pode ser causada por diferentes vírus, denominados vírus das hepatites A, B, C, D e E. Todos causam hepatite aguda ou de curto prazo. Os vírus das hepatites B, C e D podem causar hepatite crônica.
-VHB: transmitida pelo sangue, por produtos derivados do sangue e por transmissão sexual, e, verticalmente, da mãe para o feto durante a gestação ou parto. A transmissão vertical do VHB pode ocorrer durante a gestação ou no parto, principalmente se a infecção ocorrer na segunda metade da gestação, provocando hepatite fetal, que pode se tornar crônica quando o neonato não for tratado. A infecção por VHB na gestação não parece estar relacionada a malformações fetais ou piora do prognóstico fetal. A vacinação contra o VHB na gestação e a utilização de imunoglobulina da hepatite B são procedimentos seguros em relação ao feto.
-VHC: É transmitido por sangue e hemoderivados. A transmissão vertical é baixa, mas possível, estando mais relacionada à carga viral e proporcional à viremia materna. São raros os estudos que avaliam gestantes com hepatite C aguda, em relação ao prognóstico fetal e gestacional, e os resultados são controversos. Parece que nos recém-nascidos expostos à transmissão vertical, a hepatite C crônica e o estado de portador crônico são raros, uma vez que muitos desses vão se tornar RNA-VHC negativos nos primeiros anos de vida.
-VHD: semelhante à B, transmitida pelo sangue e derivados, cópia defeituosa do B
-VHE: É com frequência disseminado por água contaminada. A infecção é agravada durante a gravidez, podendo evoluir para insuficiência hepática fulminante e consequente edema cerebral, coagulação intravascular disseminada e óbito materno. No momento não existe vacina contra o VHE. A transmissão do VHE para o feto parece ser alta, ou seja, maior do que 50%.

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