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RESUMO DE HEMATO BL2 A. HEMOSTASIA PRIMÁRIA: A hemostasia é importante na elaboração de um sistema de controle da formação de trombo fora do local de lesão, evitando coagulação disseminada. No momento da lesão vascular há a formação do trombo e a liberação de mediadores que irão atuar na reparação tecidual e, uma vez que haja a completa reparação tecidual deve acontecer a reversão do coágulo, no processo de fibrinólise, garantindo o retorno a circulação normal. A vasoconstrição favorece o processo, uma vez que ao reduzir a área de lesão, reduz o sangramento, sendo o primeiro evento que ocorre após a lesão. O megacariócito na medula óssea é uma célula gigante, que ao receber estímulo de proliferação não realiza divisão, apesar de aumentar o conteúdo nuclear e citoplasmático. Por conta de seu tamanho, é impossível que saia da medula óssea, por isso que em determinado estágio da maturação há a formação de prolongamento e a emissão de pseudópodes que atravessarão os capilares sinusóides presentes entre as células endoteliais. Esse processo resulta na formação das plaquetas, propriamente ditas. Conforme mais plaquetas vão sendo formadas, mais fragmentos do megacariócito foram liberados, reduzindo seu conteúdo citoplasmático, resultando em uma célula menor, com núcleo grande e pouco citoplasma, promovendo a apoptose. As plaquetas apresentam poucas organelas, o que contribui para o período de vida de 7 a 10 dias, caso não sejam ativadas. As plaquetas devem estar presentes, em condições normais, na faixa de 150 a 400 mil/mm³, uma vez que este valor esteja inferior a 150.000 há o quadro de trombocitopenia, no qual há maior risco de hemorragia. Acima de 400.000 há o quadro de trombocitose, no qual há maior risco de formação de trombo. Próximo ao limite inferior não há sangramento espontâneo, o qual já começa ocorrer quando se encontra abaixo de 100.000. ESTRUTURA DAS PLAQUETAS: o SEM ATIVAÇÃO: são estruturas discóides e simples, apresentando mitocôndrias, lisossomos e alguns depósitos de glicogênio. Apresenta 2 tipos de grânulos: os grânulos α e os grânulos densos. Tais grânulos se aproximam da membrana da plaqueta quando a mesma se ativa a fim de degranular. o COM ATIVAÇÃO: apresentam estrutura mais arredonda, com a centralização dos grânulos antes dispersos, pois a membrana da plaqueta é bastante invaginada e a centralização permite a aproximação com a membrana. Há a emissão de pseudópodes decorrente de reorganização do citoesqueleto. outra estrutura importante é a presença do sistema tubular denso, o qual é um reservatório de cálcio. Quando as plaquetas são ativadas há a abertura de canais de cálcio, que favorecem o aumento da liberação desse, favorecendo as mudanças de citoesqueleto, as quais são fundamentais para a ativação plaquetária. Os grânulos α apresentam os fatores de coagulação V e IX, os quais produzidos e degranulados a fim de promover a presença de fatores de coagulação no local de lesão. Apresentam também fibrinogênio, sendo a segunda proteína mais abundante e é secretada para oferecer suporte no sítio da lesão. Há também a presença de trombospondina e β-tromboglobulina, as quais estão relacionadas a ativação plaquetária. ATIVAÇÃO, ADESÃO E AGREGAÇÃO PLAQUETÁRIA: Na superfície das plaquetas há receptores para trombina, TXA2, ADP (P2Y21 e P2Y1), os quais são agonistas da agregação plaquetária. As plaquetas e os fatores de coagulação precisam resistir ao fluxo sanguíneo, a fim de chegar ao local de lesão. As proteínas subendoteliais devem ser expressas na lesão a fim de que sejam reconhecidas pelas plaquetas, favorecendo a adesão plaquetária. Após as plaquetas aderirem há a redução da expressão dessas proteínas, mas essa camada de plaquetas aderidas ainda é capaz de conter o sangramento, sendo necessário que as proteínas trombospondina e β-tromboglobulina estejam presentes para que novas plaquetas possam aderir. PDGF é um fator importante para acelerar o reparo do vaso. Nos grânulos densos há cálcio, ADP e ATP, os quais apresentam receptores na superfície das plaquetas, bem como serotonina e NE, sendo responsáveis por estimular a vasoconstrição. A PGI2 é uma PG produzida pelo endotélio que apresenta a função de inibir a agregação plaquetária, estimulando a produção de NO, resultando em vasodilatação. Ou seja, PGI2 e NO contribuem para a não formação de trombo. Com a ocorrência da lesão há a redução da proteção endotelial, com isso há a redução de PGI2. Há também a exposição de proteínas subendoteliais como fator de Von Willembrand (FVW) e de colágeno, os quais apresentam receptores nas superfície das plaquetas, ativando- as. O processo deve acontecer com rapidez a fim de evitar ao máximo o sangramento. Na ativação das plaquetas, as mesmas alteram sua forma para o formato arredondado e emitem pseudópodes, aumentando a superfície de contato. Após esta etapa há a formação do tapete plaquetário, mediado pela liberação dos grânulos contendo ADP e ATP, os quais contribuem para que mais plaquetas formem o tapete, nesta etapa de adesão plaquetária. Quando mais plaquetas são recrutadas via mediação dos fatores dos grânulos há a agregação plaquetária, na quais mais plaquetas são aderidas a camada inicial. Na agregação plaquetárias há uma quantidade maior de plaquetas que estão em contato via receptores, promovendo a formação de tampão mais eficiente. No entando, as interações entre as plaquetas ainda são fracas, requerendo a ativação de fatores de coagulação, a qual culminaria na formação da rede de fibrina, a qual consolida o coágulo, uma vez que este é uma massa mais compacta e que bloqueia de modo eficaz o sangramento. Adesão plaquetária é diferente de agregação plaquetária. Na primeira temos a ação das proteínas gp Ia/IIb e na segunda a ação é da proteína gp Iib/IIIa. Problemas na adesão plaquetária, ou seja, na gp Ia/IIb são mais graves para o paciente, pois se aquelas primeiras células que se ligam ao sítio da lesão não funcionam, as demais células que serão recrutadas não irão aderir e muito menos agregar, lentificando o processo e isso implica em aumento do sangramento. INIBIÇÃO DA AGREGAÇÃO PLAQUETÁRIA: A PLA2 é uma fosfolipase que cliva os fosfolipídeos de membrana, resultando na formação de ácido araquidônico, o qual sofre ação das ciclooxigenases (COX) 1 e 2 a fim de formar PG, LT e TX. A COX-1 é constitutiva presenta nas plaquetas e relacionada com a secreção gástrica. Já a COX-2 apresenta função inflamatória. As plaquetas apresentam apenas a COX-1 a qual é responsável pela formção de TXA2, o qual é um agonista da agregação plaquetária. O AAS inibe a produção de TXA2 através da inibição irreversível da COX-1, reduzindo a resposta plaquetária, sendo reduzida também a PGI2 endotelial, já que também é produzida via COX-1. As plaquetas não apresentam renovação da COX-1, diferente do endotélio, o qual é capaz de sintetizar novas COX-1. Com isso, a inibição da COX-1 nas plaquetas é cumulativa, enquanto que no endotélio é não cumulativa. Isso resulta na redução de TXA2 de modo significativo, mas sem reduzir significativamente a PGI2. Sangramentos de mucosa podem estar relacionados a problemas plaquetários, são exemplos as petéquias isoladas, as equimosoes, todas superficiais, já que os problemas nas plaquetas apresentam como consequências alterações na microvasculatura e sangramentos superficiais. Já os hematomas mais profundos podem estar relacionados com problemas de coagulação. Os cortes superficiais tendem a sangrar mais que os profundos, quando há problemas plaquetários e não de coagulação. AVALIAÇÃO LABORATORIAL – COAGULOGRAMA: o CONTAGEM DE PLAQUETAS: é um teste qualitativopara avaliar a presença de trombocitopenia ou trombocitose, sem avaliação em termos de função. o PROVA DE RESISTÊNCIA CAPILAR (PROVA DO LAÇO): consiste na aplicação de pressão moderada no braço a fim de avaliar o aparecimento de petéquias. Não é possível identificar se é uma alteração de permeabilidade vascular ou se é plaquetária. Muitas vezes é utilizado o garrote na realização do teste e isso é problemático, pois a falta de controle sobre a pressão aplicada, a qual não é padronizada. O ideal é a utilização do esfignomanômetro, o qual apresenta melhor controle da pressão, a qual é padronizada em 80 mmHg. O ideal é adequar a pressão arterial do paciente, pois em pacientes hipertensos deve ser utilizada uma pressão acima de 80 mmHg a fim de desafiar o vaso. A pressão é mantida por 5 minutos. Desenha-se um quadrado de 5 cm². Afrouxa-se a pressão, o braço retorna a cor normal e aparecerão petéquias, inclusive dentro do quadrado. Conta-se as petéquias dentro do quadrado. Se o resultado for > 5 temos resultado positivo e se for < 5 o resultado é negativo. Este teste é empregado no diagnóstico de dengue hemorrágica. o TEMPO DE SANGRAMENTO: Se realiza um corte superficial e se avalia em quanto tempo há o cessamento do sangramento. Há diversas técnicas distintas, como a coleta do lóbulo da orelha, da polpa digital, sendo que estes podem alterar a viabilidade do teste. O método mais aceito é o método de Ivy. O método de Ivy consiste na realização de 40 mmHg com esfignomanômetro a fim de realizar o controle de fluxo. Há a utilização de lanceta graduada para furar a pele, devendo garantir que toda a agulha penetrou na pele, pois quanto mais profundo corte maior será o tempo de sangramento. No momento do corte deve-se esticar a pele e realizar o primeiro corte, esperando sair a primeira gota a fim de ativar o cronômetro, secando com papel de filtro, até que não sangre mais. Devem ser realizados 2 furos a fim de abrangir áreas com vasculaturas diferentes, realizando uma média dos 2 tempos. O segundo furo deve ser realizado 10 cm acima ou abaixo do primeiro. o TESTE DE RETRAÇÃO DO COÁGULO: o número de plaquetas influencia neste teste, o qual avalia a agregação plaquetária. Pode ser que o trombo fique na circulação por muito tempo, pois quando tem a fibrinólise, ainda pode ocorrer estímulo a formação do coágulo. As hemácias são encarceradas na rede de fibrina, por isso que o trombo é vermelho. A retração do coágulo acontece quando as plaquetas se aproximam e expulsam o plasma que pode ter ficado aprisionado, resultando na redução do tamanho do coágulo. Coleta-se 5 mL de sangue sem anticoagulante, ocorrendo a formação do coágulo. Coloca-se no banho maria por 1h. com o funcionamento normal das plaquetas há a redução do tamanho, resultando em uma parte líquida (plasma) e um coágulo mais compacto. Mede-se o volume de plasma, e uma vez que se conhece o volume inicial, a diferença entre estes dois volumes fornece o volume do coágulo. Deve-se levar em consideração o hematócrito do paciente, pois dependendo o número de hemácias o volume do coágulo pode ser maior ou menor, em função das hemácias que ficam aprisionadas. B. HEMOSTASIA SECUNDÁRIA: Acontece paralelamente a hemostasia primária, também sendo iniciada pela lesão. A diferença entre hemostasia primária e secundária são as moléculas iniciadoras. Na hemostasia secundária a molécula iniciadora é o fator tecidual (TF), o qual é uma proteína transmembrana presente nos fibroblastos subendoteliais que são expostos com a lesão. O FT tecidual é o responsável por disparar a cascata de coagulação. CASCATA DE COAGULAÇÃO: o FASE DE INICIAÇÃO: A sequência de ativação dos fatores não é diferente do fisiológico quando se realiza laboratorialmente. Fisologicamente, quando há lesão vascular há a exposição do FT e a formação do complexo tenase extrínseco (tenase, pois irá resultar na ativação do fator X e extrínseco, pois se inicia com um fator extrínseco que é o fator tecidual). O complexo tenase extrínseco é formado pelo FT e o fator VII. O fator VII não é um zimógeno, o qual ou pode se ativar pela ação do FT ou pode ser encontrado ativado em pequenas concentrações na circulação. O complexo tenase extrínseco ativa os fatores IX e X à IXa e Xa, sendo que o próprio fator IXa é capaz de ativar o X. Com isso o fator Xa ativa o fator II ( protrombina) à IIa (trombina). Trombina é a enzima chave do processo de coagulação, devendo estar presente em grande quantidade, porém esta produção de trombina neste momento não é muito grande. O TFPI é um inibidor da cascata de coagulação, pois se liga ao complexo tenase extrínseco, reconhecendo, principalmente, o fator tecidual e inativa o complexo. É um fator endógeno que realiza a inibição a fim de realizar o controle do sistema de coagulação, já que acontece em cascata e se não for finamente controlado haverá coagulação disseminada pelo corpo. o FASE DE PROPAGAÇÃO: A trombina está envolvida com a etapa de propagação, uma vez que ativa os fatores XI, V e VII. O fator XIa ativa o fator IX à IXa, o qual ativa X à Xa e este ativa II à IIa . Os fatores V e VIII não apresentam funções catalíticas, sendo apenas cofatores. O complexo tenase intrínseco ( tenase, pois ativa fator X, e intrínseco, pois é composto pelos próprios fatores de coagulação) não apresenta fator externo, sendo composto pelos fatores IXa e VIII, sendo responsável por uma formação de fator Xa muito maior que na fase de iniciação. O complexo protrombinase é composto pelos fatores Xa e Va, sendo responsável pelo aumento da atividade catalítica e da clivagem de protrombina à trombina, aumentando a quantidade de trombina. A trombina cliva o fibrinogênio, o qual é solúvel no plasma, em fibrina a qual é insolúvel. A trombina também ativa o fator XIII, o qual realiza reações cruzadas entre os filamentos de fibrina, formando a rede de fibrina, resultando em um trombo consistente. Quando há a ativação plaquetária, há a reorganização do formato e da organização das plaquetas, com isso há ação de enzimas que irão promover expressão de fosfolipídeos negativos, como o fosfatidil serina e o fosfatidil etanolamina. Isso é importante, pois quando há a lesão, há a ativação plaquetária e a inicialização da coagulação. E a inicialização da coagulação é favorecida pelo fato de esta carga negativa da superfície das plaquetas formar um ponto de ancoragem para os fatores de coagulação, o que acelera o processo, resultando em menor perda de sangue. Qualquer problema na produção dos fatores altera a velocidade das reações e, consequentemente, o processo, resultando em aumento do tempo de sangramento. Quanto maior a deficiência do fator, maior será o tempo que levará a formação do trombo, aumentando o tempo de sangramento. COAGULOGRAMA: Para avaliar a coagulação se coleta o sangue em tubo contento citrato como anticoagulante. E para realização do exame há várias opções de iniciadores da cascata. Quando se ativa pela via intrínseca há uma avaliação diferente do que quando se ativa pela via extrínseca. No entanto, não se pode falar estritamente de ativação de uma via só, principalmente, quando se fala da via extrínseca, já que a trombina retroalimenta a cascata. o TEMPO DE PROTROMBINA (TAP): AVALIA A VIA EXTRÍNSECA A tromboplastina fornece o FT e os fosfolipídeos com carga negativa a fim de realizar o papel plaquetário. A maioria das tromboplastina apresentam cálcio, já que todo o sistema de coagulação e a ativação plaquetária dependem de cálcio. O tempo normal do teste é de 11 a 16 s quando se usa tromboplastina não recombinante, já quando se utiliza tromboplastinarecombinante este tempo cai para 10 a 12 s. Este teste é bem rápido pelo fato de avaliar a via extrínseca, na qual o complexo tenase extrínseco rapidamente ativa o fator X. Deve-se utilizar plasma pobre em plaquetas, o qual é obtido por centrifugação em alta rotação do sangue coletado , a fim de sedimentar as células e as plaquetas, coletando-se apenas o plasma. É recomendável que se utilize um controle do laboratório, com pelo menos 20 amostras que sejam conhecidas por apresentarem TAP normal, a fim de realizar a validação do equipamento/ metodologia. Deve ser realizada a validação toda vez que for trocar de kit, ou trocar de lote de kit. Isso é importante, pois mesmo pequenas variações podem alterar significativamente o teste, já que se trabalha com tempos bem curtos. Existem os coagulômetros ópticos, os quais avaliam a diferença da passagem de luz entre um plasma límpido e o plasma coagulado, calculando a diferença de tempo que foi levada na coagulação do plasma límpido. Um bom controle da temperatura deve ser realizado, bem como rapidez na realização do teste. O teste deve ser realizado em até 2h após a coleta, quando sob a temperatura ambiente, não podendo ultrapassar jamais o tempo de 4h de espera para processamento. O sangue deve ser mantido a temperatura ou ambiente, ou ter o plasma congelado, nunca deve- se refrigerar o sangue, pois a refrigeração pode promover a precipitação dos fatores de coagulação. Deve-se coletar o sangue com citrato, centrifugar e retirar o plasma pobre em plaquetas. Adiciona-se a lâmina e espera-se 5 min. a fim de estabilizar a temperatura a 37ºC, devendo ser realizado em banho maria. Após os 5 min. adiciona-se tromboplastina e dispara o cronômetro a fim de contabilizar o tempo que levou até a coagulação, momento no qual se para o cronômetro. É recomendável que sempre se confira o tempo padrão fornecido na embalagem da tromboplastina, já que este é fundamental no cálculo do INR. O INR retira a diferença do tempo da tromboplastina, e utiliza a média das 20 amostras controlea fim de corrigir essa diferença. Deve-se considerar o ISI, o qual também é fornecido pelo kit, estando relacionado com a ativação da tromboplastina, devendo atentar caso mude de kit, verificar o ISI a fim de corrigir o INR. Os valores normais de INR estão entre 1 e 1,3. No entanto, para pacientes em terapia anticoagulante é aceitável INR de 2, pois em função da terapia anticoagulante há aumento do tempo de formação do trombo, refletindo em maior tempo de TAP. o TEMPO PARCIAL DE TROMBOPLASTINA ATIVADA (TTPA): AVALIA A VIA INTRÍNSECA É um teste que apresenta kit com grande quantidade de fosfolipídeos carregados negativamente, já que ambos os complexos tem a atividade facilitada na superfície plaquetária. Deve apresentar algo para a iniciação da coagulação, já que não pode ser utilizado fator tecidual, então alguns kits apresentam caolin. Os valores de referência são maiores que de TAP estando entre 30 e 40 s. Também utiliza plasma pobre em plaquetas obtido de sangue coletado com citrato. Adiciona-se o plasma à lâmina e adiciona o reagente de aptt e espera 2 a 3 min. para garantir que a temperatura seja a ideal, bem como para que haja a interação dos fatores de coagulação com os fosfolipídeos. Adiciona-se CaCl2 a fim de iniciar a coagulação, sendo então disparado o cronômetro. O reagente de aptt não apresentam cálcio, pois é necessário que os fatores de coagulação interajam com os fosfolipídeos e se organizem, o que não iria acontecer se contivesse cálcio, o qual iria promover precocemente o inicio da coagulação. DEFICIÊNCIAS DE COAGULAÇÃO: TAP normal e TTPA elevado Deficiência na via intrínseca TAP e TTPA elevados Deficiência na via comum TAP elevado e TTPA normal Deficiência na via intrínseca. Quando se encontra TAP ou, principalmente, o TTPA deve-se realizar a dosagem dos fatores de coagulação a fim de investigar em qual fator reside a deficiência. Para a dosagem dos fatores há a utilização de um kit que apresenta todos os fatores, exceto o fator que se pesquisa. Então adiciona-se o plasma do paciente e realiza a dosagem. Se a dosagem para o fator que se investiga estiver negativo é sinal de que o paciente não apresenta o fator pesquisado. No entanto, se for positivo, o paciente apresenta aquele fator e, na verdade, sua deficiência é em outro fator. As alterações hepáticas promovem alteração da produção de fatores de coagulação, alterando TAP e TTPA. o COAGULOPATIAS: ADQUIRIDAS CONGÊNITAS Deficiência hepática severa Hemofilia A – deficiência do fator VIII Coagulação intravascular disseminada Hemofilia B – deficiência do fator IX Deficiência de vitamina K Hemofilia C – deficiência do fator XI Deficiência do fator de Von Willembrand Deficiência de outros fatores Na coagulação intravascular disseminada há alta demanda de coagulação, aumentando consumo dos fatores de coagulação acima da capacidade de reposição. Na deficiência hepática severa se avalia via TAP, pois o primeiro fator a apresentar alteração é o fator VII, já que o mesmo está encontrado em pequenas concentrações na circulação, e quando o fígado altera sua produção a resposta é rápida. As hemofilias A e B, mas não a C são heranças ligadas ao sexo, sendo alterações presentes no cromossomo X. Portanto, as mulheres que receberem apenas 1 cromossomo X alterado, serão portadoras, enquanto que não existem homens portadores, já que se receberem o cromossomo X alterado serão hemofílicos. A hemofilia apresenta como manifestações hemartroses, as quais consistem em extravasamento de sangue para as articulações, havendo também a sinovite, na qual há infiltração no sangue nas articulações. Hemofilia A TAP normal e TTPA prolongado - dosar fator VIII Hemofilia B TAP normal e TTPA prolongado – dosa fator IX Hemofilia C TAP normal e TTPA prolongado - dosa fator XI Não se diferencia as Hemofilias A, B e C pelo coagulograma, pois todas são deficiências da via intrínseca. Dependendo do grau de deficiência dos fatores as hemofilias podem ser: Leve 10 – 30% Moderada 2 - 10% Severa < 2% Há também as trombofilias, nas quais há aumento da ativação dos fatores de coagulação, resultando em redução do tempo de TAP e TTPA, como presente no quadro de trombose, a qual pode ser de 2 tipos: TROMBOSE ARTERIAL Relacioanda a PLAQUETAS ALTERAÇÕES PLAQUETÁRIAS ANTIPLAQUETÁRIO S VENOSA Relacionada a FIBRINA ALTERAÇÕES DE COAGULAÇÃO ANTICOAGULANTES Maior incidência Genéticas C. LEUCÓCITOS E INFECÇÃO: Tempo de meia vuda no sangue periférico e tempo que leva para chegar aos tecidos. Os neutrófilos são as principais células de defesa, apresentando a maior porcentagem, uma vez que atua como um vigia do sangue periférico, estando em constante busca por microorganismos. LEUCÓCITOS NEUTRÓFILOS SEGMENTADOS 55 - 65% 3000 - 5000m² BASTONETES 3 -5% 150 - 400m² EOSINÓFILOS 2-4% 100-300m² BASÓFILOS 0-1% 50-80m² MONÓCITOS 4-8% 200-650m² LINFÓCITOS 20-30% 1500- 2500m² Mielóide Neutrófilos Eosinófilos Basófilos Monócitos Linfóide Linfócitos T Linfócitos B • Plasmócitos No processo de maturação da linhagem dos granulócitos há o processo de condensação e formação de lóbulos no núcleo, aumentando a relação citoplasma núcleo. Os mielócitos já apresentam a sinalização para a diferenciação para neutrófilos, eosinófilos e basófilos. As células na medula apresentam compartimentos. Por exemplo, se houvesse a retirada de todas as células da medula e houvesse a inserçãode 1 blasto, o mesmo iria iniciar um compartimento de proliferação. Após a proliferação devida, haveria a criação de um compartimento de maturação, no qual as células iriam sofrer os processos de condensação de núcleo. Após a maturação, haveria a migração para um compartimento de diferenciação, diferenciando nas células que deverão estar presentes no circulação sanguínea. Quando há a saída do compartimento de proliferação e entrada no compartimento de maturação há a redução do pool mitótico. Os 20% de neutrófilos segmentados presentes no compartimento de maturação constituem a reserva medular, sendo os primeiros a serem utilizados quando mais neutrófilos são requisitados à medula. No processo de maturação há a condensação e redução do tamanho do núcleo a fim de facilitar a diapedese. Quando a célula está madura completamente, significa dizer que as enzimas presentes nos grânulos ( no caso dos granulócitos) estão preparadas de modo eficientepara eliminar os microorganismos, por isso que os bastões são menos eficientes na eliminação de microorganismos, em relação aos segmentados, em função dos últimos serem mais maduros. De uma maneira geral a maioria dos distúrbios de granulócitos está relacionado a distúrbios quantitativos, com aumento ou diminuição. Leucocitose acontece quando há aumento, e leucopenia, quando há redução, podendo ser específico – neutropenia/leucocitose; eosinopenia/eosinofilia; basopenia/ basofilia. Há também distúrbios qualitativos, os quais estão relacionados com alterações morfológicas, são eventos frequentes. As anomalias qualitivas: Corpúsculo de Dohle, o qual é um agregado de retículo endoplasmático, apresentando-se com uma linha azul próxima ao citoplasma. Geralmente no RE tem agregado de RNA, por isso que fica esta parte mais azul. Presente em infecções virais, mas não é diagnóstico diferencial. Não é muito fácil de observar na clínica - depende colaração adequada. Granulócitos hipersegmentados – anemia macrocítica, apesar de não ser diagnóstico diferencial, mas em função da grande prevalência desse tipo de anemia, é um forte indicativo. Alterações nos grânulos - mais escuros ou com vacúolos, estando relacionado ao processo infeccioso Anomalia de Pelger-Huët é uma mutação no gene da laminina, levando a alteração dos neutrófilos, os quais estão bilobulados – “Ray – Ban”. É diagnóstico diferencial. No entanto, se há processo infeccioso que demande grande quantidade de neutrófilos, há também a presença da bilobação. Não há alteração funcional, mas não são tão eficientes que os normais. Chediak Higashi apresenta a presença de inclusões citoplasmáticas com grânulos exageradamente grandes. Doença rara, autossômica recessiva, alterada com albinismo, com prejuizo na quimiotaxia e fagocitose dos neutrófilos, não sendo tão eficazes. A. NEUTRÓFILOS: São os leucócitos mais abundantes na circulação. Conferem proteção contra bactérias, fungos, protozoários. São as primeiras a agir quando há infecção bacteriana. Quando ativadas, penetram nos tecidos e fagocitam patógenos. Grânulos ricos em hidrolase lisossomal, lisozima (destrói o esqueleto glicosídico do peptideoglicano que forma a parede celular bacteriana) e mieloperoxidase. Recebe a informação de que há bactéria no tecido, adere ao endotélio, fagocita, libera seus grânulos, funde a bacteria, expõe proteínas de membrana que sinalizam ao baço para retirá-lo de circulação, por estar contaminado. Neutrofilia está relacionada com condições inflamatórias e infecções em geral, já que é a primeira célula a estar aumentada no sangue periférico. Frio ou calor, induzem liberação de citocinas que aumentam o número de neutrófilos. Tabagismo. Cirurgias, queimaduras, exercício vigoroso, náusea e vômitos, bem como leucemias. Na verdade qualquer pequena alteração pode permitir uma alteração de neutrófilos. Neutropenia está presente em casos mais particulares, que podem resultar de anemia aplásica, onde todas as células do sangue periférico diminuem, mas como os neutrófilos se renovama a cada 6 horas, são os primeiros a indicar a redução. Deficiências nutricionais, com carência de folato ou vitamina B12, influem na maturação e diferenciação, acontecendo em todas as linhagens, apresentando hipersegmentação que são características de anemia macrocítica. Infiltrados de células malignas na medula óssea, reduzindo o compartimento de células saudáveis. Doenças que aumentam a destruição dos neutrófilos, como esplenomegalia que aumenta a velocidade de retirada da circulação. Tuberculose e infecções virais, justamente pelo fato de que os neutrófilos estarão no tecido combatendo a infecção. Drogas anti-inflamatórias causam neutropenia, mesmo assim são muito utilizadas na clínica. B. EOSINÓFILOS: Estão mais presentes quando ocorre ataque de parasita ou em processo alérgico, a diferença está em seus grânulos que contém outras proteínas como histamina, fosfatase ácida e peroxidase, e não apresenta a lisoenzima, sendo mais eficientes em infecções por parasitas, e facilitam a atividade dos neutrófilos, por ao liberar histamina aumentam a vascularização do tecido. Os grânulos vermelhos são diferenciados em relação aos neutrófilos. Eosinofilia relacionada ou a quadro alérgico, dermatite e infecção parasitária, podendo estar presente também na leucemia. Eosinopenia é rara, estando relacionada com estresse e ao aumento de cortisol. C. BASÓFILOS: Raridade nos esfregaços. Seu papel está relacionado no processo alérgico, apresenta em seus grânulos heparina e histamina, e a heparina promove a ação anticoagulante no sítio da infecção, possibilitando a chegada de sangue no local com os patógenos. Aumenta quando há choque anafilático. Basofilia em colite ulcerativa, leucemia mielóide, policitemia vera, hiperlipidemia, varíola, varicela. Pode auxiliar no diagnóstico, mas não é um diagnóstico diferencial. Basopenia relacionada a corticotropinas e progesterona. A progesterona promove redução de basófilos durante a ovulação. D. MONÓCITOS: São classificados quanto a origem mielóide ou como agranulócitos – sem grânulos. Apresentam menor quantidade de precursores como o monoblasto, o prómonocito e o monócito. Há a diminuição do tamanho da célula e a redução do núcleo. O grande diferencial é o direcionamento aos tecidos periféricos, formando os macrófagos, os quais são células residentes, como os histiócitos na pele, as células de Kupffer nos fígado e os osteoclastos, os quais apresentarão outras funções além da defesa dos tecidos, como os osteoclastos atuando na reabsorção do tecido ósseo, promovendo renovação. Os monoblastos são de difícil indentificação tanto na medula óssea quanto no sangue periférico, sendo uma célula muito grande, e como não apresenta grânulos e como a célula apresenta morfologia variada, é dificil identificar se é monoblasto ou prómonócito. Existe dificuldade de atribuir morfologia característica aos monócitos, mas de maneira geral, são os leucócitos de maior tamanho. A função dos macrófagos é basicamente fagocitose, mas como os neutrófilos, liberam citocinas. Geralmente estão fixos nos tecidos, mas há alguns que fazem varredura, mas a maioria dos monócitos saem dos tecidos e se transformam em macrófagos, fazendo varredura e promovendo a fagocitose dos patógenos no tecido periférico. Em locais onde há dano inflamatório, promovem a liberação de citocinas que irão mediar o processo inflamatório.As alterações nos monócitos, mas que irão se manifestar nos macrófagos, geralmente estão relacionadas as doenças lisossomais de deposição. A doença mais comum é a doença de Gaucher, mas há outras doenças, em geral relaciondas com o metabolismo, promovendo o acúmulo de alguma proteína ou lipídeo, pois são os macrófagos que irão retirar esse acúmulo dos tecidos. Na doença de Gaucher há dificuldade de clivar um glicolipídeo, e os macrófagos irão retirar o acúmulo desse glicolipídeo, apresentando-se grande e cheios de vacúolos. E. LINFÓCITOS: São o segundo tipo de leucócitos mais predominante no sangue periféricos, são menores e co núcleo mais condensado, e realizam o trânsito de fora para dentro do sangue periférico, saindo da MO ou dos órgão linfóides primários, vão para o sangue periférico e depois para os órgãos linfóides secundários, realizando varredura. Relacionados a imunidade adaptativa. A hematopoese dos linfócitos, inicialmente era pensada como totalmente na MO, mas hoje se sabe que existe a excessão de células precursoras (pró – linfócitos) que saem da MO e vão para o timo, acontecendo a hematopoese dos linfócitos T. No entanto, os linfócitos B e as células NK apresentam todo seu desenvolvimento na MO. Na maturação dos linfócitos há os linfoblastos, o pró-linfócito, o linfócito médio e o linfócito menor, bem diferente dos precursores e dos monócitos. No sangue periférico não há como saber se é linfócito B ou T. Os linfócitos médios podem ser encontrados nos órgãos linfóides secundários, onde os linfócitos T completam sua maturação. Existem 3 tipos principais: linfócitos B, T e NK, os quais estão relacionados a defesa do sistema imune, com diferença entre as funções principais. Os linfócitos T vão participar do processo de resposta imune adaptativa, bem como da resposta humoral, pois é capaz de realizar fagocitose do patógeno, bem como é capaz de apresentar os antígenos aos linfócitos B, havendo a produção de anticorpos T dependentes. Os linfócitos T também atuam na estimulação ou repressão da produção de linfócitos B, havendo estimulação da produção quando há fagocitose de algum patógeno e apresentação de seus antígenos, resultando na produção de anticorpos diferentes para aquele patógenos, havendo a seleção de alguns anticorpos que serão mais eficazes para a eliminação do patógeno. Atua contra fungos, bactérias e protozoários, bem como contra nossas próprias células - doenças autoimunes. Os linfócitos B atuam na resposta humoral. Uma queda nesses linfócitos pode levar ao indivíduo a um quadro imunossopressor, como na AIDS. Uma vez ativados vão ser chamados de plasmócitos, os quais são células grandes com o núcleo mais condensado em um dos lados do citoplasma, sendo responsável por sintetizar os anticorpos. Na maioria das vezes se encontram nos órgãos linfóides secundários ou primários. As células NK são muito citotóxicas, apresentando ação similar aos neutrófilos, fagocitando e liberando seus grânulos que são tóxicos, promovendo a morte do patógeno, participam da resposta inata. Existem alguns marcadores de membrana para os linfócitos, que vão caracterizar a maturação dos linfócitos, como CD9 e CD10 que são marcadores para linfócitos mais imaturos, enquanto que CD4 e CD8 são marcadores para células maduras. Esses marcadores são importantes na detecção de neoplasias, onde se consegue entender qual célula da linhagem está promovendo a proliferação. As funções dos linfócitos T: auxliar a produção de anticorpos, estimular a ativdade fagocitária dos macrófagos, recrutar neutrófilos, eosinófilos e basófilos para o sítio de infecção, produzir citocinas e quimiocinas para integrar a resposta imune. Infecções por HIV matam as células T helper que realizam tais funções. Os linfócitos quando ativados, após contato com o patógeno, alteram sua morforlogia. Podem ser chamados de atípicos, mas é uma nomenclatura obsoleta. Mesmo não estando em processo infeccioso, basalmente há a presença de 5-6% de linfócitos ativados. Linfocitose pode ser decorrente de infecção viral aguda, como mononucleose infecciosa e citomegalovírus. Infecções bacterianas por Bordatella pertussis, causadora da coqueluche. Infecções parasitárias por T.gondii, e o T.gondii não é eliminado pelos macrófagos e neutrófilos, apresentando infecção recorrente, e muitas vezes o indivíduo consegue debelar a inflamação, mas o parasita está lá e quando há uma imunossupressão há retorno da infecção. Reações medicamentosas, em quadros de hipersensibilidade. Leucemias linfóides aguda e crônica. Linfopenia é decorrente de estresse, do uso de glicocorticóides, na AIDS e na síndrome de DiGeorge. F. MÉTODOS DE CONTAGEM DE LEUCÓCITOS: A quantificação pode ser manual ou automatizada. A quantificação automatizada pode acontecer através de impedância elétrica ou detecção óptica. Na impedânca elétrica há lançamento de elétrons sobre a partícula e, dependendo de como a corrente elétrica é desviada haverá a caracterização das células. Na detecção óptica há a emissão de luz e como a luz é desviada há a caracterização dos diferentes tipos de células. Há diferenças entre as células em relação a absorvância e volume. Na contagem manual há a utilização de microscópio óptico e câmara de Newbauer, onde há diluição do sangue do sangue total, utilizando o corante Turk que apresenta ácido acético e que mantém o pH evitando hemólise dos leucócitos. Os leucócitos devem ser contados nos quadrantes maiores, contados quadro a quadro, e depois se obtém a contagem de leucócitos por mm³ após cálculo. Há também a contagem diferencial de leucócitos, onde se realiza esfregaço do sangue periférico, a fim de avaliar o aspecto morfológico, bem como para diferenciação. O local ideal para a contagem dos leucócitos é aquele onde as hemácias não estão tão agregadas, bem como não estão muito afastadas. Deve ser realizada a contagem, de maneira geral, de 300 – 100 leucócitos, multiplicando para realizar a contagem relativa. D. NEOPLASIAS: De mandeira geral há 3 tipos de neoplasias hematológicas: as leucemias, os linfomas e os mielomas. Estas neoplasias são originadas de um clone de célula com mutação relacionada a linhagem hematopoética, com alteração na diferenciação e maturação. A. LEUCEMIAS: As leucemias afetam células cujo clone se encontra na MO, já os linfomas afetam células cujo clone está localizado nos linfonodos, sendo uma neoplasia da linhagem linfóide, já os mielomas apresentam o clone mutante nos plasmócitos. As leucemias podem ser divididas entre aguda e crônica e em linfóide e mielóide. A classificação aguda e crônica está relacionada com o aparecimento dos sintomas, que podem ser rápidos ou sintomas graduais, ou discretos, em que o indivíduo apresenta um maior tempo para apresentar. A aguda é mais perigosa, apresentando um bloqueio de maturação, o que quer dizer que a célula afetada pela mutação não consegue se diferenciar e maturar, reduzindo a produção das células finais da linhagem. Na crônica acontece ou a proliferação aumentada ou acontece de células que deveriam entrar em apoptose e morrer não entrarem em apoptose. Na crônica há blastos na circulação, mas ainda há as células finais de linhagem em número até normal, não sendo susceptível a infecção, como acontece na aguda, por não apresentar as células finais de linhagem. O influencia ser aguda ou crônica está relacionada com algumas mutações direcionadas, outras são mais prevalentes em algumas faixas etárias e podem estar mais presentes em um ou outro sexo. Quais os clones da leucemia? Qualquercélula da linhagem hematopoética pode ser um clone neoplásica, podendo ter diferentes tipos de leucemia, por isso que é uma doença sem sintomas fixos, variando conforme a linhagem do clone neoplásico. O que promove o aumento da susceptibilidade a leucemia? Fatores genéticos ou imunológicos, acontecendo mutações como translocação, deleção, inversão ou adição, em algumas leucemias é bem marcado a presença do cromossomo filadélfia, que é uma translocação entre os cromossomos 9 e 22, bem como outras deleções, a trissomia do 21 – fatores que aumentam a susceptibilidade. Exposição ocasional ou ambiental a radiação, raios X, como aconteceu o aumento da incidência de leucemia após as bombas de Hiroshima e Nagasaki. Exposição a produtos químicos ou drogas, como o benzeno. Agentes virais como Epstein baar e HIV – os quais promovem alterações nos leucócitos, e com isso pode aumentar a susceptibilidade a mutações e a leucemia. Algumas leucemias apresentam diferença quanto a gênero e idade, bem como o tabagismo que está relacionado ao aumento da incidência de câncer, inclusive as leucemias. Os sintomas são inespecíficos em geral, as vezes bem assustadores como febre noturna, anemia, hemorragia. São inespecíficos, pois são decorrentes da realização de uma hematopoese ineficaz, já que a célula neoplásica altera a produção das demais linhagens, alterando a produção de hemácias, gerando anemia, alteração na produção de plaquetas, promovendo hemorragia, e alteração na produção de leucócitos, aumentando a susceptibilidade a infecções. Além disso o inflitrado das células neoplásicas promove o aumento de linfonodos, como por exemplo na leucemia linfóide, sendo os primeiros sintomas que levará o paciente a procurar os serviços de saúde; esplenomegalia, hepatomegalia e dores nos ossos, e isso se justifica pelo fato dos blastos serem retirados pelo baço - esplenomegalia, o fígado pode incrementar a hematopoese em função da medula óssea não conseguir suprir a produção, bem como a ação das células de Kupffer retirando as células neoplásicas da circulação – hepatomegalia, infiltrados de células maiores nas articulações, e muitos ossos retornam a hematopoese. Estado hipermetabólico leva a febre, perda de peso sem motivo aparente. Leucemia é um dos tipos mais predominantes de câncer em crianças. Quais são as ferramentas para diagnóstico? O tratamento e o prognóstico podem ser diferentes para cada tipo de leucemia, variando conforme a faixa etária, por isso que é importante identificar qual o tipo de leucemia que o indivíduo apresenta. Se utiliza como ferramenta os aspectos morfológicos, buscando identificar se é um blasto da linhagem linfóide ou da mielóide. Nem sempre as alterações morfológicas são tão claras, por isso que há outros métodos, como: coloração citoquímica (para ter certeza da linhagem), imunofenotipagem (utiliza marcadores de diferenciação para saber que tipo aquele blasto vai diferenciar) e Leucemias Mielóide Aguda (LMA) Crônica (LMC) Linfóide Aguda (LLA) Crônica (LLC) cariotipagem (observar anomalias genéticas que são mais características de uma leucemia em relação a outra). Análise coloração citoquímica: ] o Sudan Black: marcação azul escura quase preta, marcando grânulos dos blastos, mostrando que aquele blasto é de origem mielóide, sendo capaz de diferenciar leucemia mielóide de linfóide. o Mieloperoxidase: também consegue diferenciar mielóide de linfóide, é uma enzima presente nos grânulos dos precursores da linhagem mielóide, observando-se precipitados pretos. Muitos blastos são Sudan Black negativos, sendo mieloperoxidase positivos, e vice-versa, por isso que é importante a realização de mais de uma reação para diferenciar. o PAS: é uma reação que indica a presença de glicogênio presente em linfócitos e linfoblastos ( os quais apresentam acúmulo de glicogênio no citoplasma), aparece também em neutrófilos maduro, mas é fácil a diferenciação. Imunofenotipagem: método mais apurado, que apresenta marcadores que permitem a diferenciação da origem mielóide e linfóide, permitindo identificar também o quão imatura é a célula. Consiste em marcação das células com marcadores fluorescentes e análise por citometria de fluxo. CD13 e CD33 presentes em granulócitos e monócitos; CD7 presente na membrana de blastos de origem linfóide; CD19 presente em blastos de linfócitos B. Cariotipagem: é a análise dos cromossomos, realizada com leucócitos do sangue periférico, ou diretamente da MO, buscando identificar alguma inversão , deleção translocação que possa justificar aqueles sintomas ou possa ajudar no diagnóstico. a. LMA: M0 À M7, buscando entender qual é o clone neoplásico. Se é um clone mais indiferenciado, mieloblástico, pode ser M0,M1 ou M2. M0 é completamente indiferenciado, não sabendo se dará origem aos granulócitos, monócitos, eritrócitos ou megacariócitos, M1 começa apresentar algum grânulos sutis e M2 apresenta mais granulos. M3 o clone é o prómielócito, M4 o clone é mielomonocítico, M5 o clone é monoblástico, M6 o clone é eritroblástico e M7 o clone é megacarioblástico. É importante saber qual é a subclassificação, já que LMA pode atingir qualquer célula da linhagem mielóide. É mais frequente em adultos, em ampla faixa de idade, ocorre igualmente em ambos os sexos, está relacionada a fatores ambientais como benzeno, radiação, fumo e quimioterapia. Como atinge diversos precursores apresenta uma ampla gama de sintomas, por isso que a classificação é muito importante para tratamento e prognóstico. Tríade de sintomas da LMA é astenia e cansaço, os quais são reflexos de anemia de instalação rápida, hemorragia, devido a prejuízo da hemostasia, sendo anomalia, redução da produção ou redução da atividade das plaquetas, a febre é geralmente causada por Essa diferenciação oferece 50% de certeza da diferenciação entre linfóide e mielóide, juntamente com os sintomas que dirão se é aguda ou crônica. neutropenia ou febre neoplásica ( em função da produção exacerbada). Todos decorrente de hematopoese medular ineficaz. Sinal característico é o inchaço de gengiva, em função da infiltração dos blastos. Achados laboratoriais são anemia, plaquetopenia, deve fazer esfregaço para identificar os blastos, pois os mesmos podem ser lidos na leitura automatizada como outros tipos de células. A Imunofenotipagem confirma via CD13 e CD33, bem como a marcação citoquímica com Sudan Black e MPO. Bastonetes de Auer é um bom indício de que os blastos são de origem mielóide. b. LLA: é a forma mais comum em crianças, quando é leucemia em crianças busca sempre saber se é LLA. Apresenta 2 tipos de distribuição: crianças de 3 – 5 anos ou idosos. Ocorre mais frequentemente em meninos, sendo leucemia que tem diferença de sexo. Os sintomas se dão em função da proliferação de um determinado tipo de célula, reduzindo a produção das outras. Dor óssea é bem comum, devido aos infiltrados blásticos. Afeta SNC e promove inchaço de testíticulo. É dividida em 1, 2 e 3, sendo baseada na morfologia e no tipo de blasto. LLA 1 apresenta blastos mais arrendondados, LLA 2 apresenta blastos não tão uniformes, LLA 3 apresenta blastos com citoplasma proeminte e com vacúolos. Os achados laboratoriais no esfregaço do sangue periférico é a presença grande de linfoblastos, anemia, granulocitopenia, ausência de bastonetes de Auer e PAS positiva, que é característica da linhagem linfóide. As leucemias crônicas apresentam acúmulo lento e gradativo dos clones neoplásicos no sangue e na MO, as células estão em fase tardia dematuração e o início é insidioso, apresentando sintomas muito sutis. Quando a anemia é crônica o indíviduo se adapta a falta de HB, compensando. Não há bloqueio de maturação, logo se há blasto neoplásico, o mesmo pode proliferar e amadurecer, diferente do que é presente nas leucemias agudas. c. LMC: pico na idade adulta, sendo marcada pela presença do cromossomo filadélfia – BCR/ABL. Começa a ser expresso um gene que produz tirosina quinase ativa constitutivamente, isso desrregula toda cascata intracelular, aumentando eventos de mitose e freando eventos de apoptose, resultando em aumento da velocidade de proliferação e redução da velocidade de apoptose, gerando o clone neoplásico. Há esplenomegalia, em função da retirada das células neoplásicas do sangue, e os sintomas são anemia, estado hipercatabólico, além da esplenomegalia. Infecção não é sintoma presente, pois há leucócitos adultos, pode não ter plaquetopenia, mas as plaquetas não são funcionais, promovendo hemorragia e trombos, em função do aumento de blastos na circulação. Os achados laboratorais são leucocitose, pode ocorre neutrofilia, eosinofilia, basofilia, monocitose e plaquetocitose, há anemia normocítica. A MO está hipercelular, com muitos precursores de granulócitos em vários estágios. Outras doenças relacionadas a clones neoplásicos mieloproliferativos da linhagem mielóide: policetemia vera (aumenta linhagem eritróide), mielofibrose primária e trombocitopenia essencial (aumenta linhagem megacariócito). Tais doenças não são leucemias, mas estão relacionadas ao aumento da proliferação dos blastos da linhagem mielóide. CD34 positivo na imunofenotipagem para neoplasias mieloproliferativas. Apresentam hematopoese extramedular, em função da MO não dar conta do aumento da hematopoese. Essas 3 doenças apresenta mutação na proteína JAK2, a qual fosforila a via JAK- STAT que está relacionada a proliferação da célula. Policitemia vera: apresenta sintomas decorrente da viscosidade do sangue, pois há aumento da proliferação do eritroblasto, ou de toda linhagem eritróide. Os sintomas são: cefaleia, tontura, disturbios visuais, parestesia, perda ponderal, febre baixa e sudorese. Hipervolemia - aumento pressão arterial. A face se apresenta mais vermelha, e há mudança de cor na pele, com partes mais escuras (mão) em função do acúmulo de hemácias - eritrocianose de extremidade. Pode apresentar esplenomegalia moderada, sangramento no TGI, complicação de eventos trombóticos e fibrose da medula. Os achados laboratoriais são eritrocitose, VGM, HCM E CHCM estão reduzidos, pois o aumento da produção de hemácias, promove problemas na incorporação de HB. Esta produção de hemácia está aumenta na ausência de eritropoetina, resultando em menor presença de eritropoetina na urina. Mielofibrose primária: fibrose na medula, que desencadeia hematopoese extramedular. Os clones neoplásicos, que na maioria das vezes são eritroblastos e megacarioblastos vão secretar fatores que ativam fibroblasto na MO, aumentando sua produção de colágeno e isso promove a fibrose medular. O marco da doença é a hepatoesplenomegalia de grande porte, mas é doença rara, de início insidioso, com perda de peso, anemia, com aparecimento por volta dos 50 anos. Trombocitopenia essencial: o clone neoplásico é o trombócito, promovendo trombocitose. Geralmente atinge indivíduos com 50 – 60 anos, geralmente assintomático, podendo apresentar trombose ou hemorragia . Os achados laboratoriais são aumento de plaquetas, formas anormais de plaquetas e plaquetas gigantes. Se observa o aumento de trombopoetina, e presença de megacariócitos gigantes. d. LLC: segunda causa de leucemia em adultos, afeta mais homens que mulheres. Sua característica é o clone neoplásico ser origem linfóide, podendo dar origem aos linfócitos B, T e NK, principalmente os linfócitos B. Geralmente é doença cumulativa e não proliferativa, as células não entram em apoptose e acumulam. Diferente de LMC não está associada a fator genético específico, apresentando heterogeneidade. É bem frequentes indivíduos assintomáticos. Os sintomas são febre baixa e suor noturno. Os marcadores clássicos que marcam a linhagem linfóide CD19, CD20, CD21, CD23 e CD24, sendo o CD5 que não é marcador de linfócito B, mas é presente em linfócitos neoplásicos. É marcada por anemia, trombocitopenia, neutropenia, devido ao infiltrado neoplásico da medula. O marco morfológico da doença são os linfócitos ativados ou com alteração morfológico – smudge cell. Há linfocitose. B. LINFOMAS: Ao contrário das leucemias linfocíticas, os linfomas nascem nos tecidos linfóides. O timo é capaz de apresentar hematopoese dos linfócitos, e os órgãos secundários, podem apresentar blastos que chegam para se diferenciar, podendo levar a produção de um clone neoplásico, resultando no acúmulo dessa célula que ainda é indiferenciada, nos linfonodos. Os linfomas são classificados em linfomas Hodgkin e linfomas não Hodgkin, os quais vão afetar as células T, B e NK. O marco é a presença de linfoadenomegalia, a qual também está presente nas leucemias, sendo necessário identificar se a alteração está acontecendo na MO ou nos linfonodos. A primeira procura que se realiza é as células Reed-Sternberg, as quais são clones neoplásicos derivado de linfócito B em um centro germinativo no linfonodo, sendo característica dos linfomas Hodgkin. O linfoma de Hodgkin apresenta 2 picos de incidência de 20 - 30 anos e de 50-60 anos. Apresenta ótimo prognóstico e cura com os tratamentos existentes. Os sintomas são suor noturno, perda de peso e febre. Os achados laboratoriais são inespecíficos, como anemia, leucocitose, linfopenia,neutrofilia, monocitose, eosinofilia e trombocitose, em quadro muito similar a processo inflamatório e infecção. O diagnóstico diferencial se dá com a histopatologia dos linfonodos. Neutrofilia do linfoma é mais intensa que na infecção. Os linfomas não Hodgkin não apresenta as células Reed-Sternberg, mas apresentam outros padrões histopatológicos alterados nos linfondos. O pico de incidência é de 50 -65 anos, muito relacionado com infecção por HIV e por Epstein barr. O vírus HIV replica nos linfócitos T e desestabiliza a proliferação desses linfócitos podendo predispor ao linfoma não Hodgkin. HIV, transplantes de órgãos sólidos, deficiência imune congênita, agentes infecciosos como HTLV1, H.pilory, Epstein barr, tireoidite de Hashimoto, são fatores de risco para linfomas não Hodgkin. Os sintomas são linfoadenomegalia perférica não dolorosa, febre, suor noturno e perda ponderal. Os achados laboratoriais anemia, leucopenia, trombocitopenia, presença de linfócitos neoplásicos no sangue. C. MIELOMAS: O clone neoplásico é um plasmócito, havendo aumento na produção de anticorpos, com o aumento das Rouleaux, que são hemácias enfileiradas e agregadas, pois há ligação de imunoglobulina, sendo sinal de aumento de imunoglobulina no sangue periférico. Há presença de anemia e distúrbios de plaquetas. Existem 23 famílias de anticorpos que se encontram aumentadas no mieloma múltiplo, que indica uma possível causa genética. Mais frequente em homens. Sintomas inespecíficos como dor nos ossos, fadiga, fraqueza, sudorese, hemorragia, infecções e IR, em função do aumento exagerado de imunoglobulinas, sobrecarregando os rins.
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