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1 
 
Direito Internacional e sua Efetivação na Ordem Jurídica Interna 
Modalidade da apresentação: Comunicação oral 
 
A CRISE INTERNACIONAL DOS REFUGIADOS E A CONCESSÃO DE 
REFÚGIO À LUZ DA ORDEM JURÍDICA DO ESTADO BRASILEIRO 
 
Grazielly dos Anjos Fontes 
Mestra em Direito Constitucional pela UFRN e Docente do Curso de Direito da 
UNP, Natal-RN, Brasil 
professora.grazielly@gmail.com 
 
Eloísa Cunha Herculano 
Bacharela em Direito pela UNP, Natal-RN, Brasil 
eloisacherculano@gmail.com 
 
Rafael Andrew Gomes Dantas 
Discente do Curso de Direito da UNP, Natal-RN, Brasil 
rafa-andrew@hotmail.com 
 
Resumo: O presente trabalho busca fazer uma análise da legislação vigente no Brasil 
no que concerne à concessão do refúgio. Tendo em vista a constante e crescente crise 
internacional dos refugiados, que se agravou a partir dos conflitos na Síria, em 2015, 
faz-se necessário refletir sobre o compromisso assumido pelo Brasil frente à 
comunidade mundial no que tange à questão dos refugiados. Para tanto, esta pesquisa 
se baseia na revisão de tratados, convenções, disposições e afins, relativos ao assunto 
no âmbito internacional, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948; 
a Convenção das Nações Unidas sobre o Estatuto dos Refugiados, de 1951; o Protocolo 
de Nova Iorque, de 1967, que expandiu e efetivou a aplicação da Convenção; bem como 
da legislação pátria, a Lei nº 9.474/97, também conhecida como “Estatuto dos 
Refugiados”. Além da revisão legislativa, vale ressaltar as doutrinas de Amaral Júnior, 
Jubilut, Magnoli, Mazzuoli, Piovesan, para o entendimento de uma questão tão 
complexa como a proteção internacional dos Direitos Humanos e da crise dos 
refugiados. A partir da análise das mencionadas legislações, este trabalho veio 
demonstrar qual a conjuntura do atual cenário para concessão/manutenção do refúgio, 
suas hipóteses geradoras, direitos tutelados e garantias prescritas, tanto a nível 
internacional quanto nacional, evidenciando o caráter vanguardista do ordenamento 
nacional quanto à matéria e concluindo que o Estatuto brasileiro serve de norte para 
que os demais países latino-americanos possam regulamentar o trato do assunto. 
Assim, tem início os estudos acerca do panorama legislativo brasileiro para a concessão 
de refúgio, através de uma metodologia descritiva, baseada em pesquisa bibliográfica, 
incluindo doutrina e legislação. 
Palavras-chave: Refúgio; Refugiados; Concessão; Direitos Humanos; Crise. 
 
1 INTRODUÇÃO 
Há anos os deslocamentos humanos se tornaram realidade, seja pela 
crescente globalização, seja pelos constantes conflitos enfrentados na 
comunidade internacional. Instabilidades políticas, guerras, fome e violações aos 
2 
 
direitos humanos são causas comuns do fluxo imigratório de indivíduos no 
planeta desde a Segunda Guerra Mundial. 
Nesse contexto, a integração entre as pessoas de diversos países, 
inclusive com culturas distintas, emerge e se consolida a cada dia, o que levanta 
questões atinentes a pontos complexos que tal fenômeno abarca: soberania; 
direitos; cooperação; humanitarismo; auxílio; cidadania; dignidade; vida. 
A recente “crise dos refugiados”, que alcançou seu ápice entre meados e 
final de 2015, com a guerra civil na Síria e a ditadura do governo de Bashar Al-
Assad, tem despertado o incansável debate acerca dessas pessoas, que se 
veem obrigadas a deixar sua terra, seus lares, bens, costumes e direitos em 
nome de uma última tentativa de mantença de suas vidas e dignidade. 
Diariamente o noticiário internacional expõe as adversidades impostas 
àqueles que, em grande parte, lutam apenas por suas vidas. Tornou-se comum 
ouvir sobre a morte de dezenas de pessoas aparentemente esquecidas e 
excluídas pelo mundo. Intolerância e xenofobia parecem ter se enraizado em 
todos os cantos, enquanto a indiferença condena seres humanos à indignidade 
total. 
Com a gradativa ascensão brasileira no panorama internacional, o 
governo vem sinalizando a disposição em juntar-se à cooperação quanto aos 
refugiados – diretiva da ordem constitucional brasileira –, dando-lhes 
receptividade em meio às negativas e dissabores por eles vividos. 
Tendo fulcro em uma criteriosa compilação doutrinária, com referências 
como Amaral Júnior (2008), Cruz (2010), Jubilut (2007), Piovesan (2013), 
Mazzuoli (2014), dentre outros, além da análise das convenções internacionais 
e normas referentes à problemática dos refugiados, como a Declaração 
Universal dos Direitos Humanos; a Convenção das Nações Unidas sobre o 
Estatuto dos Refugiados; o Protocolo de Nova Iorque, e da Lei nº 9. 474/97 – 
Estatuto dos Refugiados –, o presente trabalho tem por objetivo pesquisar a 
importância da participação nacional como Estado receptivo aos deslocados, a 
influência deste processo na repercussão de sua imagem na integração de 
pessoas de diversos países, bem como a análise da legislação pátria de acolhida 
aos refugiados, por meio de uma metodologia qualitativa e majoritariamente 
descritiva, em consonância com o método dedutivo, baseada em pesquisa 
3 
 
bibliográfica, doutrinária e normativa relativas ao Direito Internacional dos 
Refugiados. 
2 DIREITO INTERNACIONAL E O INSTITUTO DO REFÚGIO 
Com o fim da Segunda Guerra Mundial e a criação da Organização das 
Nações Unidas (ONU), os Estados nacionais buscaram maneiras de manter a 
paz e a segurança mundial, haja vista o fracasso da Liga das Nações em impedir 
a eclosão da Segunda Guerra. 
A ocorrência de duas guerras mundiais com efeitos 
devastadores para muitas partes do globo explica a necessidade 
de alterar a natureza e o processo de governança do sistema 
internacional. A restrição ao uso da força, a previsão de meios 
pacíficos para a solução das controvérsias e o reconhecimento 
da interdependência entre os Estados representavam 
aspirações incontornáveis delimitando o conjunto de problemas 
a ser enfrentado. A criação da ONU, em 1945, coroa o esforço 
de aprimoramento da regulação internacional com vistas a 
superar as debilidades que haviam impregnado a Liga das 
Nações (AMARAL JÚNIOR, 2008, p.185). 
Nesse sentido, a criação da ONU deu-se num período em que a os 
Estados nacionais ansiavam pela manutenção da paz mundial, bem como no 
importante momento de afirmação dos direitos humanos, face à devastação 
lograda com as guerras. 
Assim, visando a proteção da pessoa humana a nível mundial, a ONU 
elaborou, em 1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, documento 
que serve de norte jurídico para a tutela de direitos fundamentais em todo o 
globo. Ademais, em 1951, a organização decidiu implementar um órgão 
exclusivo para o debate e tomada de providências no que concerne ao assunto 
dos refugiados: o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados – 
ACNUR. 
A fim de lidar com o problema dos refugiados, que assolava o 
continente europeu ao final da primeira metade do século XX, a 
ONU criou, através da Resolução 319 (IV), o Alto Comissariado 
das Nações Unidas (ACNUR), tendo este entrado em 
funcionamento em 01.01.1951. Desde então, o ACNUR é uma 
organização internacional vinculada à ONU (uma agência 
especializada, conforme previsto no art.57 da ‘Carta das Nações 
Unidas’) e que tem por objetivo ‘ser um terceiro nas questões 
concernentes à proteção dos refugiados (CRUZ, 2010, p.199). 
4 
 
Preliminarmente, faz-se necessário elucidar o que seja o instituto do 
refúgio, para então poder vislumbrar seu alcance e as motivações que ensejam 
sua concessão no âmbito internacional. 
O refúgio é um instituto de natureza humanitária, motivado, 
essencialmente, por uma situação de violência generalizada 
apta a provocar o deslocamento em massa de parte de uma 
população. Trata-se de um evento desencadeado em meio à 
séria turbulência institucional (e, frequentemente, associado a 
situações de conflitos armados) (CRUZ, 2010, p.201). 
Nesse contexto, o refúgio é, portanto, meio garantidor de guarda da vida, 
tendo em vistatal instituto proteger, de maneira igualitária e indistinta, indivíduos 
que se achem em situação de risco e vulnerabilidade com fulcro em uma 
perseguição que se utilize do emprego da violência para lograr êxito em sua 
coação, esta sempre como uma persecução ilegítima. 
Desse modo, pode-se dizer que há perseguição quando houver 
uma falha sistemática e duradoura na proteção de direitos do 
núcleo duro de direitos humanos, violação de direitos essenciais 
sem ameaça à vida do Estado, e a falta e realização de direitos 
programáticos havendo os recursos disponíveis para tal 
(JUBILUT, 2007, p.43). 
No que pese haver diferenças sucintas quanto à motivação para a 
concessão do refúgio e do asilo político, não há controvérsia de que ambos 
institutos visam resguardar o indivíduo de perseguição infundada e ilegítima. 
Enquanto o refúgio possui essência estritamente humanitária, com base em uma 
possível opressão generalizada, o asilo político se configura com relação à 
persecução concreta e dirigida a determinado indivíduo, ou grupo de pessoas 
em particular, por suas convicções políticas, sejam contrárias à autoridade 
governamental, sejam contrárias a grupos por estes protegidos. 
 Vale ressaltar que a Declaração Universal dos Direitos Humanos, em seu 
art. 14, §1º, consagra como direito tutelado internacionalmente o asilo, sem fazer 
qualquer diferenciação entre suas modalidades (refúgio e asilo político): “todo 
ser humano, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo 
em outros países”. 
 A partir da leitura do supratranscrito dispositivo, é direito de todo ser 
humano alvo de perseguições espúrias, buscar a proteção humanitária em país 
diverso do de sua nacionalidade. 
Como corrobora Jubilut (2007, p.36), quanto ao asilo positivado na 
Declaração Universal, “serve ele de base jurídica para as diversas modalidades 
5 
 
modernas de proteção às pessoas perseguidas por um Estado, tanto por meio 
do asilo propriamente dito quanto do refúgio”. 
Já no tocante ao conceito de pessoa refugiada, a Convenção de 1951 
corrobora com a ideia nuclear do refúgio: para ser assim considerada, a pessoa 
necessita apenas ter fundado temor de perseguição por parte de seu Estado 
natal. 
[...] considera-se então "refugiado" qualquer pessoa: que, 
temendo ser perseguida por motivos de raça, religião, 
nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas, se encontra 
fora do país de sua nacionalidade e que não pode ou, em virtude 
desse temor, não quer valer-se da proteção desse país, ou que, 
se não tem nacionalidade e se encontra fora do país no qual 
tinha sua residência habitual, não pode ou, devido ao referido 
temor, não quer voltar a ele (MAZZUOLI, 2015, p.830). 
Desta feita, pode-se depreender que refugiado é todo aquele que sofra de 
fundado temor de perseguição, tendo em seu Estado de origem a figura do algoz 
de tal ilegitimidade, num cenário onde este ou é quem o persegue e/ou o 
desrespeita ou não é capaz de dar àquele a proteção necessária e devida. 
3 O DIREITO INTERNACIONAL DOS REFUGIADOS 
Seguindo a ideia de pacificar de forma duradoura a convivência no plano 
internacional, a Assembleia Geral da ONU proclamou a Declaração Universal 
dos Direitos Humanos (1948), que se tornou o grande marco da paz mundial. 
A Declaração de 1948 introduz a concepção contemporânea dos 
direitos humanos, na medida em que consagra a ideia de que os 
direitos humanos são universais, inerentes à condição de 
pessoa e não relativos às peculiaridades sociais e culturais de 
determinada sociedade, incluindo em seu elenco não só direitos 
civis e políticos, mas também direitos sociais, econômicos e 
culturais. Afirma, assim, ineditamente, a universalidade e a 
indivisibilidade dos direitos humanos (PIOVESAN, 2009, p.121). 
A Declaração sistematiza os direitos humanos e os eleva a um patamar 
até então nunca alçado, reconhecendo as mais diversas garantias a todos os 
indivíduos numa preocupação internacional, com o intuito de serem absorvidas 
através da tutela dos Estados. 
Especificamente quanto aos direitos que se relacionam aos refugiados, a 
Declaração, em seu Art. XIV, deixa expresso o direito de asilo – o que abarca 
também o instituto do refúgio, por analogia de finalidade e pela ausência de 
distinção no texto: “Todo ser humano, vítima de perseguição, tem o direito de 
procurar e de gozar asilo em outros países”. 
6 
 
Existem ainda passagens da Declaração que vêm a reforçar o direito 
individual à proteção em razão de perseguição, tanto no sentido de liberdade de 
locomoção, para deixar seu país (Art. XIII, II), quanto liberdades de pensamento, 
consciência e religião (Art. XVIII), bem como liberdade de opinião e expressão 
(Art. XIX). 
Tais passagens ora destacadas possuem ligação intrínseca com a 
questão da concessão e manutenção do direito de refúgio, tendo em vista que a 
perseguição ensejadora dessa proteção, por mais das vezes, emana de cismas 
que têm por base disputas político-ideológicas – seja na seara estritamente 
política e da disputa de soberania, seja no que tange à religião. 
Como esforço para formalizar a proteção dirigida especialmente aos 
refugiados, conjuntamente à criação do ACNUR, a ONU elaborou a Convenção 
Relativa ao Estatuto dos Refugiados, em Genebra, no ano de 1951, a fim de 
disciplinar informações, direitos, trâmites e demais matérias referentes aos 
refugiados. 
O art. 1º da Convenção de 1951 considera como refugiada toda 
pessoa que ‘em virtude dos eventos ocorridos antes de 1º de 
janeiro de 1951 e devido a fundado temor de perseguição por 
motivos de raça, religião, nacionalidade, participação em 
determinado grupo social ou opiniões políticas, está fora de sua 
nacionalidade, e não pode, ou, em razão de tais temores, não 
queira valer-se da proteção desse país; ou que, por carecer de 
nacionalidade e estar fora do país onde antes possuía sua 
residência habitual não possua ou, por causa de tais temores ou 
de razões que não sejam de mera conveniência pessoal, não 
queira regressar a ele’ (CRUZ, 2010, p.199). 
Ao longo de 46 artigos, a Convenção de 1951 vem organizar toda sorte 
de disposições acerca dos refugiados, num rol que contempla a situação jurídica 
destes, com a previsão de regulação da matéria por lei nacional de cada país; 
os empregos remunerados e a forma de exercício destes pelos refugiados; 
questões atinentes ao bem-estar, tais como racionamento (sendo os refugiados 
submetidos às mesmas condições dos nacionais, caso haja tal necessidade), 
alojamento, educação e assistência pública e previdência social; e ainda 
medidas administrativas, que preveem a assistência administrativa ao refugiado, 
quando necessária ao exercício de quaisquer de seus direitos, a liberdade de 
movimento, expedição de identidades e documentos de viagem, igualdade das 
despesas fiscais entre refugiados e nacionais, transferência de bens, trato 
quanto aos refugiados irregulares, condições de expulsão, naturalização, bem 
7 
 
como a consagração do “princípio do non-refoulement”, ou da proibição de 
expulsão ou rechaço. 
A despeito do grande marco que representou a Convenção de 1951, 
notou-se sua limitação na proteção integral dos refugiados, expressa logo em 
seu Art. 1º, o que exigiu das Nações Unidas a edição de um tratado adicional à 
Convenção de Genebra, que ficou conhecido como “Protocolo de 1967 Relativo 
ao Estatuto dos Refugiados”. 
Originariamente, a Convenção de Genebra, de 1951, só era 
aplicável aos eventos ocorridos na Europa antes de 01 de janeiro 
de 1951. À época, imaginou-se que o problema dos refugiados 
seria algo temporário. Infelizmente, uma série de 
acontecimentos mostrou que tal problema não era um fenômeno 
exclusivo do pós-guerra e, muito menos, restrito aos refugiados 
europeus. Para sanar tais limitações (geográfica e temporal), um 
novo tratado, denominado ‘Protocolo relativo ao Estatuto dos 
Refugiados’ foi elaborado e submetido à aprovaçãoda 
Assembleia Geral da ONU (CRUZ, 2010, p.200). 
Já no Preâmbulo do Protocolo de 1967, a falha que deu azo a limitar a 
proteção dos refugiados de forma plena é explicitada, deixando ainda 
convencionado o surgimento de novas categorias de refugiados e a necessidade 
de tornar sem efeito a limitação temporal contida na Convenção. 
Nesse sentido, o §2º do Art. 1 do Protocolo revoga as limitações temporais 
contidas na Convenção, passando a ampliar a aplicação do termo “refugiado” de 
forma incondicional, e o parágrafo único do mesmo artigo deixa expressa a 
ausência de limitação geográfica quanto à aplicação do refúgio. 
É cabível ressaltar a independência de ratificação dos instrumentos de 
1951 e de 1967. Por se tratarem de tratados relativamente distintos, ambos 
podem ser ratificados individual e mutuamente, sem, contudo, impor a 
necessidade da celebração dos dois. 
Como meio de ordenar os efeitos de um e de outro, o Protocolo de 1967 
traz em seu Art. 1, §1º, cláusula compromissória que vincula os Estados-
Membros que assinarem o Protocolo a aplicar os arts. 2 a 34 da Convenção de 
1951 – que tratam da proteção e disposições acerca dos refugiados –, sanando 
assim quaisquer possíveis prejuízos que poderiam advir da ausência de tal 
compromisso. 
Dessa maneira, o Direito Internacional, gradativamente, ordenou a 
proteção e o tratamento no que diz respeito aos refugiados, formalizando a tutela 
8 
 
dos direitos humanos decorrente da preocupação internacional em salvaguardar 
a vida e a integridade da pessoa humana, devida a tais indivíduos – que, como 
já exposto, encontram-se em situações de alta vulnerabilidade e necessidade de 
amparo –, e uniformizando o trato legislativo tanto a nível internacional quanto 
local, ao prever a criação de normas internas para o assunto. 
É a partir desse cenário de ampla importância dada aos refugiados que 
se passará à análise da legislação pátria que regulamenta a matéria: a Lei nº 
9.474/97. 
4 ANÁLISE DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA 
4.1 O Estatuto dos Refugiados 
Marco jurídico da proteção aos refugiados em solo nacional, a Lei nº 
9.474, de 22 de julho de 1997, mais conhecida como “Estatuto dos Refugiados”, 
configura-se como principal instrumento legal quanto à matéria, prestando ampla 
garantia e previsão aos direitos das pessoas deslocadas internacionalmente, 
bem como efetivando a cooperação internacional entre os povos e a dignidade 
da pessoa humana, ambos princípios fundamentais da República Federativa do 
Brasil. 
4.1.1 Da condição de refugiado 
 Em consonância com o disposto na Lei nº 9.474/97, refugiado é todo 
aquele que não se encontre em seu país de nacionalidade e não possa/queira 
ficar sob sua proteção, ou aquele sem nacionalidade, que se encontre fora do 
país que mantém sua residência habitual e não possa/queira nele regressar, por 
fundado receio de perseguição que tenham por motivação sua raça, religião, 
nacionalidade, grupo social ou opiniões política. Por fim, refugiado também é 
aquele que, em virtude de grave e generalizada violação de seus direitos 
humanos, é obrigado a deixar seu país e buscar abrigo em outro. 
 O reconhecimento de sua condição, além de garantir os benefícios da 
supramencionada Lei, assegura que aquele que necessita da ajuda possa gozar 
dos direitos de instrumentos internacionais que o governo brasileiro seja parte, 
ratifique ou venha a aderir, sendo-lhe assegurada a prerrogativa a possuir 
carteira de identidade comprobatória de sua condição jurídica, carteira de 
trabalho e documento de viagem. 
9 
 
 Importante ressaltar, nesta toada, que os efeitos do refúgio transpassam 
a pessoa do refugiado, haja vista que o art. 2º do Estatuto anuncia que os 
mesmos serão estendidos ao cônjuge, aos ascendentes e descentes, bem como 
a todos os demais membros do grupo familiar que dele sejam economicamente 
dependentes, desde que se encontrem em território nacional. 
 Cabe asseverar, ainda, que o refugiado usufruirá dos direitos e estará 
submetido aos deveres impostos aos estrangeiros que se encontrem em solo 
brasileiro, ao disposto na Lei nº 9.474/97, na Convenção sobre o Estatuto dos 
Refugiados de 1951 e no Protocolo sobre o Estatuto dos Refugiados de 1967, 
sendo-lhe imposta a obrigação de seguir as leis, regulamentos e providências 
necessários a manutenção da ordem pública. 
 Contudo, impende frisar, que nem todos os indivíduos que requisitarem o 
refúgio terão o benefício concedido. De acordo com art. 3º do Estatuto, não se 
beneficiaram da condição de refugiados as pessoas que: (a) já desfrutem de 
proteção ou assistência por parte de organismo ou instituição das Nações 
Unidas, que não o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados – 
ACNUR; (b) residam no território brasileiro e possuam as mesmas obrigações e 
direitos de seus nacionais; (c) tenham cometido crime contra a paz ou contra a 
humanidade, crime de guerra, crime hediondo, participado de atos terroristas ou 
tráfico de drogas; e, por fim (d) sejam consideradas culpadas pela realização de 
atos contrários aos fins e princípios das Nações Unidas. 
4.1.2 Do pedido de refúgio 
 De acordo com supramencionado diploma legal, qualquer estrangeiro que 
chegar em território brasileiro poderá, caso seja de seu desejo, expressar a 
qualquer autoridade migratória que se encontre nas fronteiras do país, sua 
vontade de solicitar o reconhecimento de sua condição como refugiado. 
 Todavia, faz-se necessário esclarecer que benefício não poderá ser 
requerido por aqueles que são considerados perigosos para segurança do Brasil, 
não sendo admissível, entretanto, a deportação para fronteira do território 
daqueles que tenham sua vida ou liberdade ameaçadas em virtude de sua raça, 
religião, nacionalidade, grupo social ou opinião política. 
 Anunciam os arts. 8º e 9º da Lei nº 9.474/97, que o ingresso irregular do 
estrangeiro em solo brasileiro não constitui impedimento para solicitação do 
10 
 
refúgio, bem como que quando ela for apresentada a autoridade competente, o 
interessado deverá ser ouvido. Nesta ocasião, será lavrado um termo de 
declaração contendo as circunstâncias que ensejaram a sua entrada no Brasil e 
as razões que o fizeram deixar o seu país de origem. 
 Quando apresentada nas condições acima mencionadas, a solicitação de 
refúgio suspenderá todo e qualquer procedimento administrativo ou criminal 
contra o peticionante e as pessoas de seu grupo familiar que o acompanham, 
quando o motivo de sua instauração for sua entrada irregular em território 
nacional. 
 Nesta linha, cabe ainda frisar que, acaso seja reconhecida a condição de 
refugiado, quaisquer dos procedimentos anteriormente mencionados serão 
arquivados, desde que haja a constatação de que a infração cometida tem por 
fator determinante os mesmos que justificaram a concessão de seu refúgio. Tais 
fatos deverão ser comunicados à Polícia Federal que, no exercício de suas 
atribuições, informará o órgão no qual tramita os procedimentos administrativo 
ou criminal. 
4.1.3 Da cessação e perda do status de refugiado 
 Os refugiados poderão ter a sua condição revogada através dos institutos 
da cessação ou da perda. 
 De acordo com o art. 38 da Lei nº 9.474/97, existem seis possibilidades 
para a cessação da condição de refugiado, quais sejam: (a) quando o país do 
qual é nacional puder novamente lhe oferecer proteção; (b) quando ele 
recuperar, voluntariamente, a nacionalidade que perdeu; (c) quando ele adquirir 
uma nova nacionalidade e gozar da proteção do país cuja nacionalidade foi 
adquirida; (d) quando ele novamente se estabelecer, por vontade própria, no país 
que abandonou ou fora do qual permaneceu por medo de ser perseguido; (e) 
quando desparecem as circunstâncias que culminaram em seu reconhecimento 
como refugiado, não havendo mais motivo para recusa a proteção oferecida pelo 
seu país originário; e, (f) quando, no caso dos apátridas, houver2009. 
http://www.acnur.org/t3/fileadmin/Documentos/portugues/BDL/Convencao_relativa_ao_Estatuto_dos_Refugiados.pdf?view=1
http://www.acnur.org/t3/fileadmin/Documentos/portugues/BDL/Convencao_relativa_ao_Estatuto_dos_Refugiados.pdf?view=12009. 
http://www.acnur.org/t3/fileadmin/Documentos/portugues/BDL/Convencao_relativa_ao_Estatuto_dos_Refugiados.pdf?view=1
http://www.acnur.org/t3/fileadmin/Documentos/portugues/BDL/Convencao_relativa_ao_Estatuto_dos_Refugiados.pdf?view=1

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