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Estrutura Atômica Química Geral e Orgânica 2013/2 1 Descoberta e Propriedades do Elétron • Natureza Elétrica da Matéria • Em 1874, o cientista inglês Michael Faraday mostrou que a passagem de eletricidade por soluções aquosas de variados compostos podia promover processos químicos, demonstrando que a matéria possui uma natureza elétrica. • G. J. Stoney, 40 anos mais tarde, propõe a existência de partículas de eletricidade a que deu o nome de elétrons. 2 Descoberta e Propriedades do Elétron • Ao final do século XIX, as características de descargas elétricas produzidas em tubos de raios catódicos (tubos de vidro selados, dotados de eletrodos metálicos e parcialmente evacuados) eram alvo de constante investigação. • Sob alta voltagem, uma descarga originada no catodo (eletrodo negativo) flui para o anodo (eletrodo positivo) e o ar residual no interior do tubo se ilumina. • Essas descargas foram denominadas raios catódicos. 3 Tubo de Raios Catódicos 4 Tubo de raios catódicos (foto) http://www.chem.uiuc.edu/clcwebsite/cathode.html Esquema de um tubo de raios catódicos Descoberta e Propriedades do Elétron Características observadas nos raios catódicos: 1. normalmente, deslocam-se em linha reta; 2. delineiam sombras; 3. fazem girar um pequeno moinho colocado em seu caminho, sugerindo que são constituídos por partículas; 4. podem ser deslocados por campos elétricos e magnéticos em direção condizente com a de partículas eletricamente carregadas com carga negativa; 5. independente da natureza do material que compõe os eletrodos ou do gás residual no interior do tubo, têm sempre idênticas características (mesma identidade). 5 Descoberta e Propriedades do Elétron • Estas características sugeriam que os raios catódicos seriam formados de partículas energéticas com carga negativa. • E, por fazerem parte da constituição de todas as substâncias conhecidas, são partículas fundamentais. • De fato, veremos a seguir que as partículas dos raios catódicos são os elétrons descritos por Stoney. 6 Descoberta e Propriedades do Elétron • Em 1897, J.J. Thomson, físico inglês (1856-1940), efetuou os experimentos com tubos de raios catódicos modificados que levaram ao estabelecimento da relação carga/massa (e/m) dos elétrons. • Em seu experimento, os elétrons produzidos no catodo foram acelerados a um anodo perfurado. Alguns elétrons passaram pelo orifício do anodo e prosseguiram até chocarem-se com a parede recoberta de material fosforescente do tubo, em B. 7 Razão carga/massa do Elétron 8 Colocando-se placas com cargas opostas acima e abaixo do tubo, observa- se deflexão do feixe de elétrons em direção à placa positiva e colisão com a parede do tubo no ponto A. Quando somente o campo magnético é aplicado os elétrons colidem no ponto C. O ponto de colisão na ausência de campo elétrico e campo magnético é em B. Descoberta e Propriedades do Elétron • A trajetória dos elétrons, (como acontece com partículas carregadas), foi desviada por campos magnéticos e elétricos. • Quanto maior a magnitude de carga de uma partícula, mais intensa é a interação com os campos elétricos e magnéticos e maior será a deflexão. Quanto menor a massa, maior também é a deflexão. • E ainda, quanto mais intensa a força dos campos elétricos e magnéticos, maior será a deflexão das partículas carregadas. 9 Razão carga/massa do Elétron A trajetória de uma partícula carregada em movimento é afetada por campos elétricos e magnéticos. • A deflexão das partículas pelo campo elétrico é: (a) diretamente proporcional à carga; (b) inversamente proporcional à massa (as mais pesadas são menos afetadas pela atração eletrostática). • Na ausência de campo elétrico, um campo magnético gerado em ângulo reto ao campo elétrico deflete o feixe na direção oposta à causada pelas placas carregadas do campo elétrico. 10 Razão carga/massa do Elétron Em seu experimento, J.J Thomson : • Aplicou um campo magnético de intensidade conhecida através do tubo e verificou a deflexão do feixe de elétrons. Em seguida, aplicou carga nas placas até que o feixe voltasse a colidir no ponto de impacto original (B). • Calculou a razão entre as intensidades dos campos elétrico e magnético usados e determinou a razão carga e a massa do elétron (e/m): • Onde e é a carga do elétron e m é a sua massa em gramas. 11 gC m e /1076,1 8 Carga do Elétron • R. A. Millikan em 1908, realizou um experimento com gotículas de óleo aspergidas em uma câmara entre duas placas metálicas. Fez incidir raios X na câmara, radiação ionizante que é capaz de retirar elétrons de átomos e moléculas do gás dentro câmara. • As gotículas de óleo, ao capturarem os elétrons arrancados, adquirem carga negativa, sendo possível interromper sua queda ao se aplicar carga nas placas. • Millikan notou que a carga nas gotas de óleo era sempre um múltiplo de -1,60 x 10-19 coulombs, carga que concluiu ser a de um elétron. 12 13 Uma vez determinada a carga do elétron, sua massa, 9,11 x 10-28 g, pode ser facilmente calculada pois era já conhecida a razão carga- massa. Partículas Positivas e Raios Canais • Uma vez que elétrons, com carga negativa, são partículas comuns a toda matéria e os materiais comuns do dia a dia são eletricamente neutros, concluiu-se que deveria haver também partículas positivamente carregadas em toda a matéria. • Estudos feitos por E. Goldstein, usando ampolas de descarga dotadas de catodos perfurados, constataram a existência de um outro tipo de raios lançados para trás do catodo quando alta voltagem era aplicada. • Esses raios foram chamados de raios canais. 14 Raios Canais • São compostos por íons positivamente carregados formados quando os elétrons originados no catodo, e acelerados ao anodo, colidem e arrancam elétrons das moléculas do gás no interior da ampola. • Ao contrário dos elétrons dos raios catódicos, as partículas dos raios canais não são todas semelhantes, ainda que um gás puro esteja no interior da ampola. • Suas massas dependem da identidade do gás no tubo de descarga (mas não só dela). Podem apresentar diferentes cargas, sempre múltiplas de +1,60 x 10-19 C. 15 Raios Canais 16 Tubos de Crookes Resumo dos Resultados • Quando alta voltagem é aplicada em tubos de descarga, elétrons deixam o cátodo e fluem em direção ao ânodo. Elétrons estão presentes e são idênticos, qualquer que seja o material usado como cátodo. • No trajeto, ao chocarem-se com moléculas do gás no interior do tubo podem gerar espécies que apresentam carga positiva. • Moléculas são espécies normalmente neutras, elas e os átomos que as compõem consistem de elétrons e de partículas com cargas positivas, de tal modo que a soma das cargas seja nula. 17 Experimentos com Tubos de Crookes Resumo dos Resultados • Comentários • Quando uma molécula (ou um átomo) perde um ou mais de seus elétrons, adquire carga positiva igual ao número de elétrons perdidos . • A partícula resultante é um íon positivo, (cátion), cuja carga é indicada por um sinal positivo na fórmula, exemplos: H2 + , Na+, O2 +, Ca2+, etc. • Moléculas e átomos também podem ganhar elétrons, nesse caso formam íons negativos (ânions) tais como Cl-, O2-, S2-, etc. 18 O Átomo de Thomson • A partir de 1890, cientistas estabeleceram que átomos tinham alguns elétrons e uma parte positivamente carregada, mas o arranjo atômico não estava ainda claro. • Em 1898, J. J. Thomson sugeriu que o átomo seria uma esfera positivamente carregada na qual os elétrons estariam inseridos. • Essa concepção do átomo foi chamada de modelo de “pudim de ameixas”. 19 20 O Átomo Nuclear • O modelo atômico de Thomson, que vinha sendo aceito já poralguns anos, foi substituído após os experimentos de E. Rutherford, E. Marsden e H. Geiger, no início do século XX • Para compreender esses experimentos, é necessário comentar brevemente sobre radioatividade, fenômeno em que alguns elementos não estáveis emitem espontaneamente radiações de vários tipos, que foi descoberto por Henri Bequerel em 1896. • A radioatividade é mais uma evidência de que átomos contêm partes mais simples e não são indestrutíveis. 21 Radioatividade As substâncias podem emitir espontaneamente três tipos mais importantes de radiação. • Radiação alfa, formada de íons He2+, chamados de partículas alfa (partículas ). • Radiação beta, que consiste de elétrons, que neste caso são chamados de partículas beta (partículas ). • Radiação gama (raios ), altamente energética consiste de luz altamente penetrante e semelhante aos raios X. 22 O Átomo Nuclear • Rutherford, Geiger e Marsden lançaram um fluxo de partículas (He2+) emitidas de pequena quantidade de polônio, elemento radioativo, sobre uma fina folha de ouro metálico. • Muitas das partículas atravessavam a folha em linha reta, mas algumas eram espalhadas, desviadas. Constataram desvios maiores até do que 90°, indicando colisão com região massiva no átomo que impedia as partículas de atravessar a folha de ouro. • Concluíram que o átomo possuiria uma região central densa, o núcleo, que concentraria a carga positiva do átomo com os elétrons distribuídos no volume restante atômico. 23 24 25 O Átomo Nuclear • Em 1914, Rutherford demonstrou a existência de uma partícula positiva com mesma magnitude de carga que o elétron, porém com massa muito maior. Mais tarde, sugeriu que a carga positiva de um núcleo atômico se devesse à essas partículas, que denominou prótons. • Rutherford concluiu, também, que embora os prótons fossem responsáveis pela carga do núcleo, não respondem pela totalidade de sua massa. • Em 1932, o físico inglês J. Chadwick anunciou a descoberta do nêutron, partícula eletricamente neutra com massa aproximada a do próton, resolvendo a questão da composição do núcleo atômico. 26 O Átomo Nuclear • Modernamente, acreditamos que o núcleo de muitos átomos contêm ambas as partículas, prótons e nêutrons, que chamamos de núcleons. (Com exceção do isótopo mais comum do hidrogênio, que contém apenas um próton e nenhum nêutron no núcleo.) • Por conveniência, as cargas nas partículas atômicas são expressas em termos de carga relativa à carga do elétron. Por essa convenção, um próton tem carga +1, um elétron tem carga -1 e o nêutron tem carga 0. 27 Partículas Fundamentais 28 29 •Visão esquemática do átomo: núcleo denso e positivamente carregado, contendo a maior parte da massa do átomo, rodeado por elétrons negativamente carregados. •O núcleo do átomo é extremamente pequeno em relação ao tamanho do átomo. Se o núcleo tivesse o tamanho de uma bola de tênis, o átomo inteiro teria cerca de 6,4 km de diâmetro. 30 Quando consideramos que os átomos são constituídos de partículas fundamentais idênticas, surge a questão: porque átomos diferentes têm propriedades químicas também diferentes? A resposta a essa questão está relacionada ao número de elétrons do átomo e seu arranjo. Os elétrons constituem a grande parte do volume atômico e são eles que interagem quando átomos se combinam para formar outras espécies (moléculas, íons, etc.). Portanto, o número de elétrons em um átomo afeta profundamente sua habilidade de interagir com outros átomos. Número Atômico e Número de Massa • Um átomo é identificado por dois números inteiros: • O número atômico Z , que é o número de prótons no núcleo; • O número de massa A que é o número total de núcleons (prótons + nêutrons) no núcleo. • Um elemento específico é identificado por seu símbolo com o número atômico Z indicado como um índice inferior e o número de massa A como um índice superior, ambos à esquerda do símbolo. • Como átomos não apresentam carga, o número de elétrons é igual ao número de prótons no núcleo. 31 Número Atômico e Número de Massa • Todos os átomos de um mesmo elemento têm o mesmo Z , pois o número de prótons no núcleo caracteriza o elemento. • Todos os átomos de sódio têm Z = 11. • O número de nêutrons no núcleo é dado por: A – Z 32 ZX A 11Na 23 por exemplo: Símbolo do elementoNúmero de massa Número atômico Isótopos • Átomos de um mesmo elemento podem apresentar números de massa (A) diferentes e, portanto, massas diferentes por apresentarem números de nêutrons diferentes no núcleo. • Tais átomos são chamados de isótopos. • Vejamos os isótopos de ocorrência natural do oxigênio: 33 8O 16 8O 17 8O 18 , , 34 Os Três Isótopos do Oxigênio Todos têm 8 prótons e 8 elétrons, mas diferem no número de nêutrons no núcleo. O isótopo mais abundante é o primeiro (oxigênio dezesseis). Isótopos • Os isótopos de um átomo apresentam propriedades químicas quase idênticas, já que essas propriedades estão principalmente relacionadas ao arranjo eletrônico, que é idêntico para os isótopos de um mesmo elemento. • Na natureza, a grande maioria dos elementos ocorre como uma mistura de isótopos. • O termo isótopo vem de palavra grega que significa “no mesmo lugar”. Na tabela periódica ou em qualquer outra listagem de elementos por ordem de número atômico, todos os isótopos de um elemento ocupam o mesmo lugar. 35 Massa Atômica • Uma importante propriedade de um átomo é sua massa. Em gramas, a massa de um átomo de oxigênio é 2,7 x10-23 g. • Esse é um número muito pequeno, portanto, a unidade adequada para expressar a massa do átomo deve ser bem menor do que o grama. • A massa de um átomo, conhecida como massa atômica, é usualmente expressa em uma unidade bem pequena chamada unidade de massa atômica (u). 36 Massa Atômica • A unidade de massa atômica, abreviada u*, corresponde a exatamente 1/12 avos da massa do isótopo , o mais comum isótopo de carbono. • Arredondando para o inteiro mais próximo, a massa de um átomo de oxigênio é 16 u, a massa de um átomo de flúor é 19 u, a de um átomo de ouro é 197 u. * Um u é chamado de um dalton. 1 u = 1,660540 x 10 -24 g 37 C126 Determinação de Massas Atômicas • A maioria dos elementos é encontrada na natureza como uma mistura de isótopos. • O cobre, por exemplo, ocorre na natureza como uma mistura de dois isótopos: • A massa atômica de um elemento é uma média ponderada entre as massas dos isótopos naturais, levando-se em conta sua abundância relativa. 38 átomoporumassaCu átomoporumassaCu 95,64%91,30 93,62%09,69 65 29 63 29 Determinação de Massas Atômicas • Então como calculamos a massa atômica do cobre? • O percentual indica que de 100 átomos de cobre: 69,09 átomos são 63Cu (massa 62,93 u) 30,91 átomos são 65Cu (massa 64,93 u) . • A massa média de um átomo de cobre é calculada pela média ponderada: 39 1 11 55,63 100 93,6491,3093,6209,69 átomou átomos átomouátomosátomouátomos Exercício • Na tabela abaixo estão os dados relativos aos isótopos naturais do enxofre: • Qual a massa atômica do enxofre? R: 32,06 40 Isótopo Massa (u átomo-1) Abundância (%) 32S 31,972 95,02 33S 32,972 0,75 34S 33,968 4,21 36S 35,967 0,02 Abundância Isotópica • Atualmente, as massas e abundâncias isotópicas são determinadas por uma técnica chamada espectrometria de massas. • O espectrômetro de massas é uma versão moderna do equipamento que J. J. Thomson usou para determinar a relação carga/massa do elétron. • A amostra é bombardeada por feixe de elétrons de alta energia, que dela arranca os elétrons mais externos, formando íons positivos que são aceleradospor um campo elétrico. No exemplo, são formados íons Ne+ (20Ne+, 21Ne+, 22Ne+) . 41 42 Amostra Neônio (20Ne, 21Ne, 22Ne) Isótopos de ocorrência natural Abundância Isotópica • A voltagem aplicada nas fendas é gradativamente aumentada de modo que cada um dos íons carregados entre no analisador isoladamente, segundo a magnitude da razão carga/massa. • A intensidade de cada feixe de íons com uma dada razão massa/carga é medida por um detector de íons que leva a resposta a um registrador, que desenha um gráfico de intensidade contra m/z. Pela intensidade de cada pico pode ser calculada a abundância relativa de cada íon e, portanto, de cada isótopo. 43 Abundância Isotópica • No caso da amostra de Neônio temos: 44 Isótopo Abundância relativa (%) 20Ne 90,92 21Ne 0,257 22Ne 8,82 Comentários Adicionais • Não confundir número de massa com massa atômica. • Número de massa é sempre um número inteiro que representa o número de partículas no núcleo. • Massa atômica de um elemento é uma média ponderada das massas dos isótopos de ocorrência natural expressa em u (1u= 1/12 da massa do isótopo 12C). 45 Referências • Russell, J. B., “Química Geral” Tradução de Márcia Guekezian, Pearson Makron Books Editora do Brasil Ltda, São Paulo, 1994. • Brady, J. E., Humiston, G. E. “Química Geral”, 2ª Edição, Tradução de Cristina M. P. dos Santos, LTC Livros Técnicos e Científicos Editora, Rio de Janeiro, 1996. • Zumdahl, S. S. “Chemical Principles”, D. C. Heath and Company, Lexinton, Massachusetts, USA, 1995. 46