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SINALIZAÇÃO CELULAR POR CÁLCIO Cálcio é um sinalizador intracelular responsável por controlar inúmeros processos celulares. A ação é simples: células em repouso possuem concentração intracelular de cálcio ao redor de 100 nM, e são ativadas quando essa concentração passa, grosseiramente, para 1000 nM. A sinalização por Ca+2 é um mecanismo versátil por sua velocidade, amplitude e padrão tempo-espaço, usando um arsenal de componentes sinaliza- dores, que agem em diferentes padrões de tempo e espaço. A CAIXA DE FERRAMENTAS DA SINALIZAÇÃO POR CÁLCIO A rede de sinalização por cálcio divide-se em quatro subunidades: A sinalização é desencadeada por um estímulo que gera vários sinais mobilizadores de Ca+2; O último ativa o mecanismo que coloca Ca+2 dentro do citoplasma; Ca+2 funciona como um mensageiro para esti- mular vários processos sensíveis a Ca+2; Os mecanismos de saída (bombas e trocado- res) removem o Ca+2 do citoplasma, restauran- do o estado de repouso. GERAÇÃO DE SINAIS MOBILIZADORES DE CÁLCIO Células geram sinais de Ca+2 ao usar os fornecedores internos e externos de cálcio; os internos relacionam-se ao sistema de membranas do retículo endoplasmático, cuja liberação é controlada por uma série de canais, como o receptor de inositol-1,4,5-trifosfato e o receptor de rianodina. O principal ativador desses canais é o próprio Ca+2, causando uma liberação de Ca+2 dependente de Ca+2. MECANISMOS “ON” Esses mecanismos dependem dos canais de Ca+2 que controlam a entrada de cálcio do meio externo ou o influxo de cálcio de reserva- tórios internos. Os canais dependentes de vol- tagem são os mais conhecidos pela entrada de cálcio do meio extracelular. Ca+2 de reservatórios intracelulares tam- bém dependem de canais e mensageiros como os do meio extracelular. Os mais conhecidos são os InsP3Rs e o RYR, regulados por muitos fatores, sendo o mais importante o próprio cálcio, que regula a saída de Ca+2. Aumentar o nível de cálcio no lúmen do retículo aumenta a sensibilidade desses receptores. Já a ação cito- sólica do cálcio é mais complexa: em geral, pequenas concentrações de cálcio (100 – 300 nM) são estimulatórias, enquanto grandes concentrações (> 300 nM) são inibitórias e desligam o canal. PROCESSOS SENSÍVEIS A CA+2 Uma vez que os mecanismos “ON” gera- ram um sinal de cálcio, vários processos tradu- zem esse sinal em respostas celulares. Há diver- sas proteínas que ligam cálcio, que se dividem em amortecedores e sensores. Os sensores clássicos são a troponina C e a calmodulina, que ligam Ca+2 e promovem uma mudança con- formacional que ativa vários efetores. A tropo- nina controla a interação entre actina e miosina na contração muscular; a calmodulina regula muitos outros processos, como a contração do músculo liso, a transcrição de genes e a modulação de canais iônicos. Uma mesma célula pode usar sensores diferentes para modular processos diferentes. MECANISMOS “OFF” Uma vez que o cálcio exerceu sua função sinalizadora, ele é rapidamente removido do citosol por bom- bas e trocadores. A Ca2+-ATPase da membrana plasmática e os trocadores Na+/Ca2+ mandam cálcio para fora, enquanto a ATPase do retículo manda o cálcio de volta aos compartimentos intracelulares. A mitocôndria sequestra Ca+2 durante o desenvolvimento do sinal e devolve lentamente durante a fase de recuperação. Isso ajuda a modular a amplitude e o padrão da sinalização. A mitocôndria possui uma ca- pacidade enorme de acumular cálcio, e sua matriz possui amortecedores que previnem um aumento muito absurdo na concentração do íon. Assim que o nível de cálcio no citosol chegou ao repouso, um trocador Na+/Ca+2 da mitocôndria empurra o cálcio para o citoplasma, de onde ele é removido ou para o retículo ou para o exterior. ASPECTOS GLOBAIS DA SINALIZAÇÃO POR CÁLCIO EVENTOS ELEMENTARES Os diferentes tipos de sinalização por Ca+2 resultam dos diferentes graus de excitabilidade dos receptores InsP3Rs e RYR frente aos níveis dos mensageiros mobilizadores de cálcio apropriados. Em pequenos níveis de estimulação, o grau de excitabilidade abre canais individuais, evento chamado de quark ou blip (RYR e Ins, respectivamente). Esses são os even- tos fundamentais de sinais mais complexos, como a abertura coordenada de grupos de receptores (puffs ou sparks, relacio- nados a Ins e RYR). ONDAS DE CÁLCIO Puffs e sparks contribuem para sinais intracelulares de Ca+2, como as ondas que varrem as células. Para que elas o- corram, é necessário que os receptores sejam sensíveis o sufi- ciente ao cálcio para que respondam à liberação de cálcio induzida por cálcio. Um grupo libera Ca+2, que difunde-se pe- los receptores da vizinhança. Com junções gap, essas ondas intracelulares podem espalhar-se para as células vizinhas, criando ondas capazes de coordenar a atividade de várias células. ASPECTOS TEMPORAIS DA SINALIZAÇÃO POR CÁLCIO Sinais de cálcio são geralmente breves. Células geralmente respondem a mudanças na intensidade do estímulo variando a frequência das ondas de cálcio. As duas proteínas que parecem decodificar a frequência das ondas são a proteína quinase II e a proteína quinase C, ambas dependentes de Ca+/calmodulina. Isso é usado para controlar processos como o metabolismo do fígado, a contração do músculo liso e a transcrição de genes. A VERSATILIDADE DA SINALIZAÇÃO POR CÁLCIO FERTILIZAÇÃO Durante a fertilização, óvulos geram traços regulares de Ca+2, que iniciam o desenvolvimento. Cada tra- ço espalha-se pelo óvulo através de receptores Ins; o aumento no inositol necessário para suportar essas ondas pode ter sido gerado por uma única fosfolipase C transferida ao óvulo pelo espermatozoide na fertili- zação. Esse padrão regular de cálcio estimula a proteína quinase II, que age através do CDC25 (uma fosfata- se), desfosforilando a quinase dependente de ciclina 1, que ativa a ciclina B e o término da meiose.
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