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1 VOZ E O CANTO Sumário FACULESTE ............................................. Erro! Indicador não definido. INTRODUÇÃO ......................................................................................... 2 O que é voz ............................................................................................. 3 Quais são os tipos de voz para cantar ................................................... 10 Classificação Vocal ................................................................................ 13 Voz Cantada X Voz Falada .................................................................... 19 Falar e Cantar Faz Bem à Saúde .......................................................... 21 CONCLUSÃO ........................................................................................ 27 REFERÊNCIA ........................................................................................ 28 INTRODUÇÃO É altamente provável que, sem o desenvolvimento do canto humano não teria havido qualquer desenvolvimento civilizacional tanto musical como cultural. O cantor inspira não só através do conteúdo linguístico da sua canção, mas também através das características e emoção da sua voz. Cantar é uma tarefa complexa e difícil que frequentemente requer anos de treino para alcançar os mais altos níveis de performance. O público encara essa tarefa como um dado adquirido, e só vai reconhecer os riscos de lesões vocais ou dificuldade quando o cantor não puder atuar. Por tudo isto, a prestação de cuidados a esses artistas exige uma compreensão dos múltiplos sistemas fisiológicos que interagem para permitir a apresentação de uma voz de extrema qualidade. A estrutura em camadas da prega vocal é única entre os animais e confere as características vibratórias à laringe humana, permitindo, por exemplo, o aumento do volume para gritar e a subtileza vocal para cantar uma canção de embalar. Quando a voz começa a falhar, e particularmente, quando há uma mudança na voz de um cantor, o profissional clínico deve efetuar uma abordagem mais intensa a esse paciente, comparando com outros indivíduos cuja qualidade de voz não seja fundamental para sua profissão. O que é voz Sob o ponto de vista fisiológico, a voz humana pode ser definida como o som produzido pela passagem do ar pelas pregas vocais e modificado nas cavidades de ressonância e estruturas articulatórias. Sobre voz normal. Não existe uma definição aceitável de voz normal, por falta de padrões ou limites definidos, e, portanto, o conceitomais correto é o de voz adaptada, ou seja, em que a pessoa (ou trabalhador) demonstra estabilidade e resistência aouso específico, laborativo e/ou social, que habitualmente faz da voz. Conceito de voz falada. Voz falada é a voz utilizada na comunicação oral e fornece ou transparece informações físicas e culturais doindivíduo. Conceito de voz cantada. A voz cantada é uma forma de comunicação oral, utilizada no canto e traduz características específicas relacionadas às modificações fisiológicas, acústicas e musicais. Voz profissional. É definida como a forma de comunicação oral utilizada por pessoas que dela dependem para sua atividade ocupacional. Características da VOZ FALADA 1. Respiração A. É natural; B. O ciclo completo de respiração varia de acordo com a emoção e o comprimento das frases e velocidade de fala; C. Inspiração relativamente lenta e nasal nas pausas longas, sendo mais rápida e bucal durante a fala; D. Pequena movimentação pulmonar e da expansão da caixa torácica; E. Coordenação pneumofonoarticulatória. 2. Fonação A. As PV fazem ciclos vibratórios com o quociente de abertura levemente maior que o de fechamento. B. Produção de uma série regular de harmônicos. C. Atrito das PV bastante aumentado durante emissões com ênfase. D. Discreta movimentação da laringe no pescoço. E. Curta extensão de frequências em uso habitual. 3. Ressonância e projeção de voz A. Ressonância equilibrada em condições naturais do trato vocal, sem uso particular de alguma cavidade, sem a necessidade de grande projeção da voz na conversação. B. Intensidade habitual ao redor de 64dB para conversação, com uma faixa de variação de cerca de 10dB. C. Quando é necessária maior projeção vocal geralmente usam-se inspirações mais profundas, com maior abertura de boca, sons mais agudos e mais longos. 4. Qualidade vocal A. Pode ser neutra ou com pequenos desvios que identificam o falante. B. Extremamente sensível ao interlocutor, à natureza do discurso ou a aspectos emocionais da situação. 5. Articulação dos sons da fala A. O objetivo da voz falada é a transmissão da mensagem, com articulação precisa mantendo a identidade dos sons. B. Vogais e consoantes com duração definida pela língua que se fala. C. O padrão de articulação sofre grande influência dos aspectos emocionais do falante e do discurso. D. Fala espontânea e articulada. 6. Pausas A. As pausas são individuais do falante, podendo ocorrer por hesitação, por valor enfático ou, ainda, refletir interrupções naturais do discurso. B. São normais e aceitáveis, podendo ser silenciosas ou preenchidas por sons prolongados. 7. Velocidade e ritmo A. São pessoais e dependem da característica da língua falada, personalidade e profissão do falante, objetivo emocional do discurso e fatores de controle neurológico. B. Geralmente ocorrem variações independentes da consciência do falante, mas podem ser reguladas de acordo com o objetivo emocional da emissão. C. Levemente entoada. 8. Postura A. É variável, com mudanças constantes. B. As mudanças habituais na postura corporal não interferem de modo significativo na produção da voz coloquial. C. A linguagem corporal acompanha a comunicação verbal e a intenção do discurso. D. Por vezes com agregados ruidosos como grito, sussurro e assovio. Características da VOZ CANTADA 1. Respiração A. É treinada. B. Ciclos respiratórios programados de acordo com as frases musicais. C. Inspiração rápida e nasobucal. D. Volume de ar muito maior durante o canto (do que na voz falada). E. Grande, movimentação pulmonar durante a tomada de ar, com expansão das paredes do tórax. F. Expiração com controle ativo. 2. Fonação A. Quociente de fechamento da PV maior que o de abertura. B. Série mais rica de harmônicos e com intensidade mais forte. C. Atrito da mucosa das PV reduzido, sem início de sonorização brusco, mas sim com mudança da tensão das estruturas. D. Laringe com permanência da posição baixa e estabilizada, mesmo nas frequências mais altas, (mas nem semprepara o canto popular). E. Ampla extensão de frequências. 3. Ressonância e projeção de voz A. A ressonância é geralmente mista (cabeça e peito). B. Intensidade muito variável, controlada e de variação rápida. C. Projeção vocal é uma necessidade constante no canto e para isso é necessária uma inspiração sempre maior que para a fala. A boca está sempre aberta. 4. Qualidade vocal A. Depende da natureza do coral, do estilo musical e do repertório com integração das características pessoais. B. Mais estável devido ao treinamento, com menos influência de fatores externos à realidade musical. 5. Articulação dos sons da fala A. A mensagem a ser transmitida está além das palavras, privilegiando- se os aspectos musicais, com sacrifício da articulação de certos sons, que podem ser subarticulados ou distorcidos. B. As vogais são geralmente mais longas que as consoantes e servem de apoio à qualidade vocal. C. Os movimentos articulatórios básicos recebem influência dos aspectos tonais da música e da frase musical em si; desta forma, as constrições queproduzem os sons e que são realizadas ao longo do trato vocal tendem a ser reduzidas. 6. Pausas A. São pré-programadas e definidas pelo compositor e/ou pelo regente do coral, possuindo forte apelo emocional e de interpretação. B. As que ocorrem por hesitação do cantor não são aceitáveis. C. Responder à alta demanda em relação à frase musical e articulação do texto. 7. Velocidade e ritmo A. Dependem do tipo de música, da harmonia, da melodia e do andamento que o regente confere ao tema. B. As alterações são controladas, pré-programadas e ensaiadas. 8. Postura A. É menos variável, procurando-se sempre manter o equilíbrio do eixo corporal. B. As mudanças na postura corporal interferem tanto na produção da voz quanto na estabilidade da qualidade vocal. Quais são os tipos de voz para cantar No estudo musical, descobrimos que existem algumas categorias nas quais as vozes dos cantores se enquadram. Entender qual é o seu “rótulo” é uma forma de descobrir o melhor tom para cantar uma canção e onde você se encaixa no espectro musical. Antes de tudo, vale ressaltar que essas categorias não são limitantes. Muitas pessoas acreditam que ao ser classificado como soprano, por exemplo, é possível apenas cantar músicas agudas. Na verdade, o treino vocal é uma forma de aumentar a sua tessitura e garantir versatilidade na hora do canto. Por mais que algumas canções devam ser adaptadas para o seu tom, lembre-se de que é, sim, possível interpretar qualquer canção que você deseje, independente de qual é o seu tipo de voz. A classificação serve, principalmente, para encontrar as notas com as quais você se sente confortável. Ao englobar as notas que não exigem esforço para serem alcançadas, fica mais fácil entender seu desempenho vocal e começar os estudos. Quais são os tipos de voz para cantar Basicamente, podemos dividir as vozes em 6 grandes categorias: • Soprano: nessa categoria, enquadram-se as vozes mais agudas femininas; • Mezzo soprano – a voz mezzo soprano se enquadra na categoria de notas média, ainda no gênero feminino; • Contralto – por outro lado, aqui se encaixam as vozes graves femininas; • Tenor – vozes agudas masculinas, são como o soprano; • Barítonos – vozes médias masculinas, em oposição ao gênero das mezzo sopranos; • Baixos – vozes graves da categoria feminina, ao contrário do contralto. Apesar de esses serem os principais tipos de vozes, vale a pena ressaltar que existem ainda subdivisões para entender a performance vocal. Essas subdivisões afunilam ainda mais a grande diversidade de vozes encontradas ao redor do mundo. Porém, de uma forma geral, a classificação vocal abrangente já é o suficiente para conhecer melhor a sua voz. Quando pensamos no coro, é comum encontrar pessoas que são soprano, contralto, tenor e baixo. Em óperas e grandes espetáculos musicais, a composição é completa por todos os tipos de voz. Como é feita a classificação vocal Para descobrir qual é a categoria na qual você se enquadra, o apoio de um profissional é imprescindível. Existem pessoas especializadas em mapeamento vocal. Elas são responsáveis por estudar e analisar a sua voz, encontrar a sua tessitura e classificação vocal. O estudo geralmente é feito com o acompanhamento de um instrumento musical. Na maioria das vezes, é utilizado o piano ou teclado, já que eles emitem notas sem muitos ruídos, sendo de fácil identificação. O profissional pede para que você reproduza as notas tocadas no piano. De acordo com a performance, fica mais fácil saber qual é o seu tipo de voz. O enquadramento pode ser feito de acordo com o seguinte alcance: • Sopranos: entre Dó3 a Lá 4; • Mezzos: entre Lá 2 a Fá 4; • Contraltos: entre Sol 2 a Mi 4; • Tenores: entre D3 a Lá 4 (mas soa oitava abaixo); • Barítonos: entre Sol1 a Sol 3 e; • Baixos: entre Si 1 a Mi 3. A classificação pode variar, mas essa é a tabela padrão de alcance para definição de diferentes tipos de vozes. Por que e quando preciso descobrir o meu tipo de voz Como mencionamos acima, saber qual é a sua classificação vocal ajuda você a entender o seu perfil e saber o que precisa treinar para aumentar sua tessitura. Porém, não necessariamente você deve descobrir o seu tipo de voz logo ao iniciar os estudos. Na verdade, o ideal é que você comece a entender a performance vocal, treine e, então, comece a pensar nos tipos de vozes. Afinal, depois do treino, você já conseguirá alcançar as notas com mais facilidade. Então, será muito mais fácil entender suas necessidades como cantor. Isso sempre lembrando de que a classificação vocal não é limitante. Lembre-se de que é, sim, possível interpretar qualquer canção independente do seu tipo de voz. Como diversas áreas do conhecimento, com a música não é diferente: a prática garante sempre os melhores resultados. Logo, quem quer se tornar um cantor profissional precisa estar sempre disposto a estudar e treinar muito! Se você tiver outras dúvidas sobre os tipos de vozes ou quiser compartilhar sua trajetória conosco, aproveite o espaço de comentários abaixo. Não deixe também de divulgar este artigo em todas as suas páginas nas redes sociais! Classificação Vocal Você, provavelmente, já está familiarizado ou, pelo menos, já ouviu falar em termos como: Soprano, Contralto, Tenor e Baixo. São as vozes de uma forma de composição bem conhecida: o coral, cujo nome também, popularmente, representa o grupo de pessoas que executa a tal composição (pode-se chamar, mais corretamente, o grupo de coro). Mas estas não são as únicas possibilidades de classificação das vozes. Vamos, em primeiro lugar separar as vozes em agudas, médias e graves. A voz aguda feminina é o Soprano e a masculina é o Tenor. São as vozes encontradas com maior abundância no Brasil. A voz média feminina é o Meio-soprano (ou Mezzo-soprano) e a masculina é o Barítono. Também são encontradas no Brasil, mas bem menos em relação às vozes agudas. A voz grave feminina é o Contralto e a masculina o Baixo. São vozes raras no Brasil. O Baixo ainda encontramos, mas o Contralto verdadeiro é raríssimo e tem partituras interpretadas por Mezzo-sopranos Dramáticos (ver mais abaixo). A maioria dos coros tem de valer-se de Barítonos para cantar a linha dos Baixos dos corais. Por outro lado, a Rússia é um exemplo de abundância em vozes médias e graves, notório em seus coros, por outro lado são escassas as vozes ligeiras (sobre as quais falaremos mais abaixo). Faço aqui um parêntese para um esclarecimento vital. Todos nós já nascemos com um tipo de voz. Nossa voz é o resultado de várias características físicas que herdamos de nossos pais. Por isso, é impossível um Tenor “desenvolver” uma voz de Barítono. Vai, sim, desenvolver sérios problemas vocais se tentar. Deus fez você com esta voz. É um presente dEle a você. Não “fabrique” uma voz que não é a sua. Vai estragar sua voz. E esta, nesta vida, é uma só. Agora atente para a subdivisão das vozes: Vozes femininas: • O Soprano Ligeiro: é o chamado 1º Soprano, que tem por característica uma voz de volume menor, mas que alcança notas muito agudas, além de ter facilidade para cantar notas com ritmo rápido (volaturas). Referências: Joan Sutherland, Kathleen Battle, Sumi Jo; • O Soprano Lírico-Ligeiro: Também chamado de Lírico Spinto, é um pouco mais encorpado que o ligeiro puro, também tem facilidade pra agudos e volaturas. Referências: Renata Tebaldi, Victoria de Los Angeles. • O Soprano Lírico: de voz mais cheia, também possui maior volume. É também chamada de 2ºSoprano. Referências: Kiri Te Kanawa, Mirella Freni, Renata Scotto;. • O Soprano Dramático: raro e de sonoridade peculiar, é o soprano mais grave. Normalmente tem grande extensão e desenvolve grande volume. Referências: Jessie Norman (polêmica classificação,pois alguns a consideram Mezzo-soprano Lírico). • O Mezzo-soprano Lírico: é também chamado em alguns lugares de Mezzo-soprano Ligeiro, pois apesar do timbre grave, assim como o Soprano Ligeiro, tem boa agilidade para volaturas (venho ressaltar que alguns classificam distintamente o Mezzo lírico do ligeiro). Referências: Tereza Berganza • O Mezzo-soprano Dramático: de grande extensão, timbre escuro e bem grave, muitas vezes canta também partituras de Contralto solo, o que pode ocorrer com mais freqüência com o abaixamento natural da voz ao passar os anos. Referências: Olga Borodina; • O Contralto: como já dissemos, é raro no Brasil. Tem timbre muito escuro e, até pela pouca oportunidade de se ouvir, impressionante. Tem poucos papéis em ópera, a maior parte do repertório está na música barroca e nas obras do séc. XX. Referências: canto lírico: Kathleen Ferrier. Algumas mulheres, devido a problemas hormonais ou disfunções do aparelho fonador, adquirem uma voz atenorada. A extensão destas vozes é bem curta (às vezes, de no máximo uma oitava) dificultando o desenvolvimento no trabalho de técnica vocal. É também importante mencionar a corrente moda que supervaloriza a voz grave feminina. A situação, embalada ao som da música comercial, está crítica, causando confusão no referencial das pessoas. Além de classificações erradas (Sopranos classificados como Mezzo-sopranos e, pasmem, como Contraltos), temos uma atitude prejudicial tanto à saúde quanto à estética da voz, com o incentivo de se cantar só na sua região grave e, na maioria das vezes, forçando muito. Seja ela Contralto, Mezzo-soprano ou Soprano, a voz tem uma tessitura grande, e uma composição agradável e de bom senso estético a utiliza como um todo. É ridículo legar à voz feminina, seja ela de que tipo for, uma região ínfima que não passa de poucas notas no grave. Vozes graves também tem agudos bonitos se bem colocados tecnicamente. Vozes masculinas: • O Contratenor: é atualmente a voz masculina que treina tecnicamente o falsete para cantar como Contralto. Comum em coros mistos e masculinos europeus que interpretam, principalmente, música dos períodos Renascentista (séc. XVI) e Barroco (do séc. XVII à primeira metade do séc. XVIII). Na liturgia católica não havia canto congregacional (até meados do séc. XX). A música era executada por coros masculinos. Por este motivo usavam-se meninos (os famosos sopraninos e contraltinos), os falsetistas e os castratti. O uso de coros apenas masculinos perdurou na liturgia após a reforma protestante. A mulher só participava do canto congregacional (todos os fiéis cantando juntos), reintroduzido por Lutero. Referências de Contratenores (falsetistas – cantando como contraltos) no canto lírico: Andreas Scholl, David Daniels . • O Tenor Ligeiro: também conhecido como 1o Tenor é a voz masculina natural mais aguda, também com facilidade para volaturas. Referência: Juan Diego Florez, Niccolai Gedda, Salvatore Licitra); • O Tenor Lírico-Ligeiro: Também chamado de Lírico Spinto, é um pouco mais encorpado que o ligeiro puro, também tem facilidade pra agudos e volaturas. Referências: Enrico Caruso, Franco Corelli. https://musicaeadoracao.com.br/25713/classificacao-vocal/#1 • O Tenor Lírico: voz mais rica em harmônicos que a anterior, tem o timbre mais cheio. É também chamado de 2o Tenor. Por erro ou, às vezes, por causa do repertório operístico, alguns Tenores Líricos são chamados de Dramáticos. Referências: Mario Lanza, Plácido Domingo; • O Tenor Dramático: assim como o Soprano Dramático desenvolve grande volume, e é mais raro no Brasil. É o Tenor mais grave. Quando intérprete de óperas do Romantismo Germânico (R. Wagner, R. Sttraus) é chamado de Heldentenor (diz-se: réldentênor) ou Tenor Heróico. Referências: Lauritz Melchior, Wolfgang Windgassen. • O Barítono Lírico ou Barítono Central: é comum como terceira voz em quartetos masculinos de música cristã. É importante salientar que alguns Tenores Dramáticos e Líricos podem ser classificados como Barítonos, devido a alguma dificuldade na identificação do timbre. O bom professor, com o desenvolver da técnica do aluno, corrige a classificação e redireciona o trabalho. Isto ocorreu com o conhecido Tenor Plácido Domingo (dos “Três Tenores”), classificado como Barítono, a princípio. Referência: Thomas Hampson ; • O Barítono Dramático: de voz bem grave e volumosa, é também chamado de Baixo Cantante ou Baixo Barítono (de acordo com o repertório operístico). Muitos dos Baixos de quartetos masculinos de música cristã são, na verdade, Barítonos Dramáticos. Referências: Bryn Terfel ; • O Baixo: tem o timbre bem escuro e potente. É raro mas encontra-se no Brasil. Referências: Gottlob Frick; • O Baixo Profundo: timbre escuríssimo, voz potente, impressionante, e muito rara no Brasil, é encontrado com maior facilidade em países eslavos (Rússia, Ucrânia, Letônia, etc.) Referência: Martti Talvela. Voz Cantada X Voz Falada As pregas vocais, conhecidas popularmente como cordas vocais, são dobras musculares que apresentam limites de extensão que atingem somente algumas notas da região aguda e também algumas notas da região grave. Devido a esse limite sonoro podemos classificar então as vozes que são divididas em: masculina (baixo, barítono, tenor), e feminina (contralto, mezzo- soprano e soprano). Para um cantor(a) é recomendado que se tome alguns cuidados com a voz, para que não haja necessidade de um constante acompanhamento médico. A ponderação na voz falada para que não haja sobrecarga nas pregas vocais. A competição entre a voz falada e a voz cantada sempre existe. Por exemplo, a maior parte dos cantores falam muito antes de cantar isso só aumenta o desgaste muscular, prejudicando logo em seguida a emissão da voz. A voz falada muita das vezes é aplicada da forma inadequada. É necessário que a voz falada também, receba disciplina. Sempre que estiver em um diálogo nunca fale quando alguém já estiver falando, pois sua voz sofrerá alteração no volume e ambos não se ouvirão. Espere alguém acabar a colocação que estiver fazendo, para que você possa então responder, indagando, concordando, exclamando, etc… se todos nós conversamos pausadamente, teríamos maior aproveitamento do assunto em pauta. O pausar respiratório, o volume da voz natural e a dicção bem aplicado lhe dará uma boa conclusão. Quando alteramos nossa voz, é bem provável que estejamos com uma certa ansiedade ou nervosismo, sendo assim podemos perder o controle da situação. Isso também se aplica na voz cantada. A partir do momento que você aplicar sua voz para cantar os cuidados vão ter que ser dobrados. Para que você possa cantar, é necessário conhecer bem sua extensão vocal. Todos nós somos limitados e precisamos saber até onde podemos chegar. Para voz cantada usamos 3 registros: graves (encontram-se na região abdominal), médio (região peitoral), agudo (na região do crânio). Pelo fato de passearmos por estes 3 registros o tempo todo quando estamos cantando, passagem de um registro para o outro deve ser bem ajustada para que a sonoridade não fique deficiente. Cantor(a), conheça sua classificação vocal respeitando sua extensão e não excedendo na impostação de sua voz. Uma boa voz, é aquela colocada de maneira natural, respeitando a afinação, a ressonância, a dicção e a articulação que estiver sendo pedida. Por isso procure um instrutor vocal. Há muito o que falar sobre este assunto. Falar e Cantar Faz Bem à Saúde Quando falamos ou cantamos de maneira correta estamos praticando uma arte ou ciência muito importante inclusive para a saúde. Em geral todos os que podem falar também podem cantar e nunca é demasiado cedo ou tarde para começarmos estudos de técnica vocal. Os exercícios de técnica vocal ajudarão a criança,adolescente ou adulto a melhorar a postura do corpo, desenvolvendo o tórax proporcionando uma melhor oxigenação ao corpo do indivíduo pelos exercícios respiratórios. Quando respiramos é preciso renovar oxigênio do sangue e expulsar através da respiração o carbono que inspiramos. Um fator importante na respiração é a capacidade de inspirarmos o ar necessário para termos fôlego suficiente podendo assim emitir corretamente uma frase quando falamos ou cantamos. Existem três espécies de respiração: 1. Clavicular: É a que move as clavículas. Lembramos de quando crianças ao assistir filmes de quartel, o sargento ordenava aos soldados: “Respirar Fundo”. Os soldados levantavam os ombros, como se tivessem respirando profundamente. Agindo dessa maneira, só uma parte mínima dos pulmões recebe ar, comprime o tórax às vezes causando sua ruptura. Também comprime o esôfago, a laringe e a faringe ocasionando até fadiga devido a quantidade insignificante de ar pelo esforço desnecessário pra levantar asa costelas e clavículas tornando-se uma respiração ineficiente e perigosa. 2. Abdominal: É executada pelos movimentos do diagrama, músculo que se dilata quando recebe o ar voltando a posição normal quando o expele. Trata-se de uma respiração profunda. 3. Intercostal: É quando há uma dilatação lateral das costelas. É uma respiração ampla porque fornece uma maior quantidade de ar. A combinação dessas ultimas respirações produz um bom resultado para a saúde e para produzir um bom som sem cortar palavras e sentenças. A pratica da técnica vocal alem de aumentar o gosto pela arte desenvolve na pessoa um espírito de solidariedade e o canto coral desperta no individuo a capacidade de trabalhar em grupo. Quando se acostuma a falar e cantar erroneamente como pela garganta ou nariz, isso pode transtornar e mesmo destruir as cordas vocais até um cansaço contínuo, rouquidão quase incurável e muito mais. Uma boa dicção tanto no falar como no cantar depende de como pronunciamos as palavras. Quando articulamos bem as vogais e as consoantes, respeitando as acentuações das silabas tônicas dos vocábulos, estamos aperfeiçoando a nossa maneira de falar e cantar. Por isso uma música bem escrita deve respeitar as leis da Prosódia Musical, isto é, as silabas fortes das palavras devem coincidir exatamente com as notas acentuadas da musica. Em linguagem simples queremos dizer que prosódia nada mais é que o casamento perfeito da letra como a música. Quando isso acontece, os que cantam sempre irão entoar uma melodia corretamente, pois, reenfatizando, as silabas fortes e fracas de uma palavra sempre combinam com os tempos fortes e fracos da música propriamente dita. Muitas pessoas costumam falar rápido demais e com isto comem as palavras e engolem as terminações das mesmas além de ligar os vocábulos e sentenças tornando-se difícil a compreensão devido a rapidez e péssima dicção. Muitos defeitos quando falamos ou cantamos estão relacionados com: temperamento pessoal do indivíduo, estado emocional, má colocação da voz, respiração defeituosa, uso de vogais muito abertas, tensão muscular, problemas sérios fisiológicos do aparelho vocal, e nesse último caso depende-se muito da ajuda de médicos especialistas para resolvê-los. Em geral o homem apresenta maior trauma em relação à voz. Isto ocorre porque na puberdade a mudança da voz é mais drástica do que na mulher. Durante esse período a sociedade e a família muitas vezes acabam desmotivando o amor à música que o adolescente possui fazendo “chacotas” quando eles cantam ou falam usando termos tais como: voz de taquara rachada, lata velha, arame farpado, sapo desafinado e outros termos pejorativos. É muito importante que professores de Português (ou da língua natal do individuo), cuidem bem da fonética e os instrutores da musica utilizem partituras apropriadas para os adolescentes que tem “Voz de Cambiata” – isto é, não possuem ainda voz definida. Geralmente falando, as vozes são classificadas de acordo com a tessitura e timbre: Soprano, Meio – Soprano e Contralto(para as vozes femininas), Tenor, Barítono e Baixo(para as vozes masculinas). Porém é muito importante não confundirmos com o Registro de Voz. Os registros de voz são classificados em Grave, Médio e Agudo dependendo aonde se encontram as ressonâncias, como podemos observar: 1. Grave ou Voz do Peito – A ressonância vem do tórax. 2. Médio ou Voz Media – A ressonância se dá na face. 3. Agudo ou Voz Aguda – A ressonância se dá nos ossos da cabeça. O ideal para o orador ou cantor é desenvolver esses três registros porque usando só o registro grave produz fadiga nos ouvintes devido à monotonia. Usando só o registro agudo cansa e irrita os que ouvem, mas o registro médio é o mais natural sendo maleável e ponto de transição para os outros registros. Os que cantam as vozes intermediárias (Meio-Soprano e Barítono), possuem mais condições de desenvolver todos esses registros podendo cantar em um coral qualquer voz que necessitem em uma emergência. Esperamos com essa sucinta explanação, que o leitor possa incentivar o estudo da técnica vocal para o seu próprio prazer e saúde alegrando aos que rodeiam através da oratória e do canto. CONCLUSÃO A voz cantada é cada vez mais interpretada como o resultado da combinação harmoniosa da genética, anatomia, fisiologia, psicologia, desenvolvimento social e arte. Como tal, o especialista da voz cantada deve ter um conhecimento profundo em todas essas áreas para facilitar a avaliação e diagnóstico e ajudar a maximizar os resultados terapêuticos. Cada cantor é único e, portanto, uma história clínica e exame físicos detalhados são essenciais para identificar o seu problema e clarificar a intensidade e urgência do tratamento, com especial atenção para as cirurgias que devem ser realizadas com extrema cautela, tendo bem presentes os riscos e benefícios do procedimento. Com o advento da era tecnológica são cada vez mais e melhores os instrumentos auxiliares de diagnóstico e avaliação da função vocal. Muita investigação está a ser feita no sentido de compreender melhor esta área visto que existe ainda muito por esclarecer principalmente nos domínios da genética e física acústica. Como tal é uma área ainda em desenvolvimento, mas com derradeiras aplicações e resultados promissores. REFERÊNCIA PINHO, SILVIA. MÚSCULOS INTRÍNSECOS DA LARINGE E DINÂMICA VOCAL. V. 1 (SÉRIE: DESVENDANDO OS SEGREDOS DA VOZ). SÃO PAULO, REVINTER, 2008. PINHO, SILVIA, JARRUS, MARTA E TSUJI, DOMINGO. MANUAL DE SAÚDE VOCAL INFANTIL. SÃO PAULO, REVINTER, 2004. PINHO, SILVIA. FUNDAMENTOS EM FONOAUDIOLOGIA. RIO DE JANEIRO, GUANABARA KOOGAN, 1998. KAHLE, CHARLOTTE. MANUAL PRÁTICO DE TÉCNICA VOCAL. PORTO ALEGRE, SULINA, 1966 COSTA, HENRIQUE E ANDRADA E SILVA, MARTA, VOZ CANTADA - EVOLUÇÃO, AVALIAÇÃO E TERAPIA FONOAUDIOLÓGICA. SÃO PAULO, LOUVISE LTDA, 1998. MANUAL PRÁTICO DE TÉCNICA VOCAL, CHARLOTTE KAHLE, PORTO ALEGRE, LIVRARIA SULINA EDITORA, 1966 ESTÉTICA DA VOZ – UMA VOZ PARA O ATOR, EUDÓSIA ACUÑA QUINTEIRO. SUMMUS EDITORIAL, SÃO PAULO, 1989. FUNDAMENTOS EM FONOAUDIOLOGIA, SILVIA M. REBELO PINHO, EDITORA GUANABARA KOOGAN. RIO DE JANEIRO 1998. VOZ CANTADA – EVOLUÇÃO, AVALIAÇÃO E TERAPIA FONOAUDIOLÓGICA, HENRIQUE OLIVAL COSTA E MARTA ASSUMPÇÃO DE ANDRADA E SILVA. EDITORA LOUVISE LTDA, SÃO PAULO, 1998. CANTO Y DICCIÓN, JORGE PERELLÓ, MONSERRAT CABALÍE E ENRIQUE GUITART, EDITORA CIENTÍFICO-MÉDICA, BARCELONA