Buscar

Direito Subjetivo e Abuso: Aula 5 de Direito Civil

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

Direito Civil
Aula 5
- Direito Subjetivo e Abuso
Na aula passada, terminamos a parte de introdução do direito civil constitucional. Hoje falaremos sobre direito subjetivo,
falando também sobre abuso do direito. Para quem for ler isso nos livros, não necessariamente está no livro de parte geral,
pois são matérias que dividem sua pertinência entre direito civil e estudo do direito. E a segunda metade da aula de hoje
sobre abuso de direito também não aparece, mas é um bom complemento do direito subjetivo.
Se ficarmos com apenas o conceito de direito subjetivo, teremos uma concretização dele como algo pragmático, por isso, falare
mos de abuso.
No grupo do facebook, foi postado um vídeo e algumas outras notícias. Além disso, temos o caso de Clement-Bayard.
Nos chama atenção que para diferenciar direito subjetivo com objetivo, mas vamos começar com o caso. Estamos em 1912, na
França e existe um caso curioso: um senhor Clement-Bayard ficou conhecido por desenvolver uma indústria de veículos automo
tores tanto em terra quanto em ar e começou a desenvolver e comercializar dirigíveis.
Ele tinha, dentro de um terreno, um hangar, onde se construia dirigíveis e faziam-se testes. Um vizinho ao terreno dos
dirigíveis não gostava de ser vizinho de um campo de pouso de zepellin. Logo, começa a instalar uma série de muros de madeira
com lanças pontiagudas em cima para tentar destruir os zepellins.
Estamos em 1912, num momento em que o direito de propriedade é visto como o mais puro direito que a pessoa pode ter exercendo
sobre uma coisa de forma a evitar que qualquer pessoa possa perturbar sua propriedade. O direito do proprietário de usar
sua propriedade como quiser era algo quase inalienável.
Tudo isso chega ao tribunal, e surge-se o dilema entre falar que o proprietário está fazendo algo errado ou se cabe ao pro
prietário utilizar o terreno como bem entender. Hoje em dia temos como ideia que o direito de um vai até onde começa o de
outro, logo, não se pode entender juridicamente esse problema com facilidade.
Para as cortes francesas era difícil imaginar como você restringiria o direito do proprietário. Logo, a corte estabeleceu que
as lanças de aço só teriam finalidade de causar dano aos dirigíveis. Por conta disso, começa a ser conceituado pelas cortes
francesas que você pode abusar do seu direito. Essa ideia é, uma vez germinada, iniciadora de um mecanismo muito importante
que pode antecipar alguns preceitos legislativos. Não podia se dizer que isso era função social, logo, se utilizou o conceito
de abuso.
O abuso serve como bom medidor para até qual momento o exercício do direito subjetivo é regular ou abusivo. Sendo abusivo,
podemos restringir o uso desse direito, ou seja, começar a sancionar o sujeito que vai além das funções do direito que o
foi concedido.
vamos estudar a transformação do conceito do direito subjetivo, típico do século XIX, que começa a ser transformado no séc.
XX pois começou a configurar abusos. Por conta disso, juristas do mundo inteiro tiveram que criar meios para transformar
o direito subjetivo em algo mais social.
Direito subjetivo e objetivo são conceitos que não se encontram na natureza, mas sim, construídos. Direito objetivo é norma
geral de conduta, é o mandamento legal. Quando dizemos que o direito brasileiro protege certas áreas, podemos dizer que isso
é o direito objetivo. Quando se diz que a pessoa tem direito a privacidade, a honra, etc, estamos falando não mais do direito
abstrato, mas sim o que a lei prevê e você está qualificado a exigir. Isso é o direito subjetivo.
Em latim, ficariamos com norma agendi (objetivo) e facultas agendi (subjetivo). Alguns autores, olhando a diferença entre
esses direitos, dizem que o objetivo é a norma que se aplica à sociedade como um todo e o subjetivo atua sobre o indivíduo,
como instituto de voluntarismo jurídico.
Porém, o subjetivo não pode ser lido apenas como individualista, ele é um instrumento para entender como as relações jurí
dicas se desempenham na sociedade e, ao lado do direito subjetivo, temos uma situação que, ao exercer esse direito, ele é
exercido contra alguém, logo, eles se relacionam.
Alguns autores dizem que a ideia do direito subjetivo não existe, que é impraticável, como Kelsen e Diguit. Temos também uma
teoria que diz que o direito subjetivo é vontade (Windschied), que diz que o direito subjetivo é o poder de ação assegurado
pela ordem jurídica e sua essência é a vontade de agir. Esta caracterizado pela decisão de fazer ou não valer um direito seu.
Temos outra teoria, de von Jhering, que diz que o querer individual é importante, mas há algo mais que apenas querer, quem
quer, o quer por alguma razão. Logo, devemos entender o interesse que leva alguém a utilizar seu direito. Pois temos também
os casos de deficientes mentais e menores. Diz que o direito tem dois elementos, o substancial, que foca em sua finalidade,
no seu interesse; e por outro lado há o compontente formal, a via que se efetiva o primeiro, ou seja, sua proteção jurídica.
Essa ideia nos leva a uma visão mais complexa do direito subjetivo, que não o torna utilizavel com a vontade apenas como parâ
metro.
Quando falamos de poder subjetivo, falamos de um poder de ação. Segundo o Caio Mario, é um poder de agir, dirigido a um
interesse, submetido ao direito objetivo. Mas a doutrina decompõe o direito subjetivo com três elementos: a ideia que o
poder tem o outro lado de um dever, logo, sempre se corresponderá a um dever.
Tradicionalmente a doutrina quando quebra elementos do direito subjetivo, acerta em três pontos: O sujeito, que tem poder
de exigir; o Objeto, o que traduz a satisfação do poder exercido pelo sujeito, ele é o comportamento que satisfaz esse poder
de exigir; a Relação, a percepção técnica de que existe um vínculo entre quem exige e quem tem o dever de prestar essa con
duta.
Na aula que vem, terminaremos direito subjetivo, falando sobre direito potestativo. Terça que vem não haverá aula.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Continue navegando