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Curso: Engenharia Civil / Engenharia Ambiental Sanitarista Disciplina: Projeto Integrador: Sistema Alternativo de Tratamento de Água Tutora: Helizângela Albéfaro Reggiani Costa Alunos: Carlos Henrique Lima Lemos; Osvaldo Luiz N.Sirino; Beatriz Vieira de Aguiar; José Fernando Monteiro Vianna Júnior. ESTUDO DIRIGIDO I - Introdução ao Tratamento de Água Esta primeira etapa do trabalho tem a finalidade de apresentar o desenvolvimento do projeto integrador na introdução ao tratamento de água no curso de engenharia, abordando os assuntos: 1- Principios básicos do tratamento de água 2- Padrões de qualidade da água. 3- Desafios e problemas relacionados ao acesso à água potável. 4- Tecnologias convencionais a alternativas de tratamento de água. 1- Princípios básicos do tratamento de água O tratamento de água é o processo de remoção de contaminantes e substâncias indesejadas para tornar a água segura e adequada para diversas aplicabilidades. A água é geralmente captada de mananciais, como lagos, rios e águas subterrâneas, e em seguida transportada pelo processo de adução que visa realizar o transporte por meios de tubulações ou canais, para estação de tratamento (ETAs). Esses processos são: • Gradeamento – Retenção de materiais maiores, como lixo e plásticos. • Desarenação – Retenção de partículas menores entre 0,1 e 0,4, presentes em água bruta. • Coagulação – Remoção de partículas suspensas, como argila, sedimentos. • Floculação – Agrupamento de partículas, como impurezas e sedimentos e micro- organismos. • Flotação – Utilizar microbolhas para arraste de particulas de óleo para superfície da água. • Decantação/Clarificação – Utiliza gravidade para separar sólidos suspensos e reduzir turbidez da água. • Processos biológicos – Utiliza-se a ação de micro-organismos para remover poluentes orgânicos. • Troca Iónica – Utiliza resinas sintéticas para remover íons indesejáveis, como dureza d’água. • Oxidação avançada – Utiliza reagentes químicos para quebrar moléculas orgânicas complexas. • Osmose inversa – Remove sólidos dissolvidos, como sais minerais e metais pesados. • Osmose reversa – Remove sais minerais, contaminantes, bactérias e vírus. • Filtração – Remove partículas, impurezas e contaminantes (utiliza areia, carvão ativado). • Desinfeccção – Iliminar ou inativar micro-organismos patogênicos, bactérias, vírus protozoários, presentes na água, tornando-a segura para o consumo. • Pós alcalinização – Tem como finalidade evitar que á água seja corrosiva ou cause incrustações nas tubulações. • Fluoretação – Consiste na adição controlada de flúor na água de abastecimento público. • Correção de PH – Consiste na correção de acidez garantindo a qualidade da água. • Armazenagem e distribuição – Consiste em armazenar água em reservatórios, podem ser internos e externos, para depois ser distribuída por tubulações e sistemas de bombeamento até os consumidores finais. 2- Padrões de qualidade da água Os padrões de qualidade da água reference ao critérios estabelecidos para garantir que a água seja segura para consumo humano e outros usos, esses padrões são baseados em parâmetros físicos, químicos e biológicos que podem indicar se a água está contaminada ou não. Os padrões podem ser detalhados em: Parâmetros físicos • Temperatura – Sabendo que a temperatura pode afetar a vida aquática e a potabilidade da água, a água quente pode ser desconfortável para beber e diminuir solubilidade do oxigênio, prejudicando os organismos aquáticos, a temperatura tem de estar em equilíbrio dinâmico entre os estados líquido e gasoso nas condições ambientes de temperatura e pressão (21-23º C, 1 atmosfera padrão). • Cor – A cor da água pode indicar a presença de matéria orgânica, minerais ou outros que pode afetar a transparência da água, a cor da água pode variar dependendo da fonte da água e da presença de substâncias como matéria orgânica, minerais e micro-organismos. • Turbidez – A turbidez da água indica presença de particulas em suspensão na água, como sedimentos, matéria orgânica e microrganismos, a turbidez afeta a transparência da água e qualidade da vida aquática. • Sabor e odor – O sabor e odor da água são parâmetros sensoriais que indicam a presença de substâncias químicas ou orgânicas que podem afetar a qualidade da água, a água potável deve ter um sabor e odor agradáveis e não deve apresentar substâncias indesejadas que possam afetar a saúde. Parâmetros químicos • PH – O pH da água é um parâmetro físico que indica o nível de acidez ou alcalinidade da água, o pH da água pode afetar a vida aquática e a qualidade da água. • Importante realizar monitoramento da qualidade da água que inclui medição dos parâmetros físicos da água, como temperatura, turbidez, sabor, odor, cor e pH. • O monitoramento da qualidade da água é essencial para garantir a saúde pública, proteger os ecosistemas aquáticos e garantir a qualidade da água para uso doméstico e industrial. • Dureza – A dureza na água é classificada de acordo com a concentração de íons de cálcio e magnésio, podendo ser macia (brandinha), moderada, dura muito dura, dureza temporária e permanente, causando impactos como: menor formação de espuma com sabão e detergentes, incrustações em tubulações, caldeiras e aquecedores devido precipitação dos cátions em altas temperaturas, sabor desagrádavel e efeitos laxativos. • Alcalinidade – Quando a água sofre mudanças no pH e está diretamente relacionada à presença de íons bicarbonato. • Ferro e Manganês – Pode causar sabor e odor na água, além de afetar cor de roupas e equipamentos. • Cloretos – A presença de cloretos causar gosto salgado na água. • Oxigênio dissolvido – A concentração de oxigênio dissolvido na água é importante para vida aquática e prevenção de corrosão. • Nitrogênio e fósforo – São nutrientes que podem causar o crescimento excessivo de algas na água, impactando no sabor. • Micropoluentes – São substâncias orgânicas e inorgânicas que podem ser perigosas para a saúde humana, como metais pesados e pesticidas. • Como realizar o controle – Utilizar coagulantes, floculação, desinfecção e adição de fluoreto. Parâmetros biológicos • Trata-se de presença de microrganismos patogênicos, coliformes fecais, algas, bactérias decompositoras, escherichia coli, demanda bioquímica de oxigênio (DBO5) oxigênio dissolvido. • Coliformes fecais – São indicadores de contaminação fecal na água, indica que a água pode ter especialmente Escherichia coli, que é contaminação por fezes humanas e de animais, indicando microrganismos patogênicos. • DB05 – Tem como finalidade medir a quantidade de oxigênio que os microrganismos consomem durante a decomposição de matéria orgânica da água, sendo fundamental para avaliar a eficácia e capacidade do sistema de tratamento em remover a matéria orgânica. • Oxigênio dissolvido – Oxigênio dissolvido na água é essencial para a vida aquática e a degradação da matéria orgânica da água. Todos estes padrões são amparados pelas seguintes portarias. • A portaria Nº 888, de 4 maio de 2021 é um ato administrativo normativo editado pelo Ministério da Saúde (MS) que define os parâmetros de qualidade da água para consumo humano, incluindo procedimentos de controle e vigilância, ela estabelece critérios para potabilidade da água, como limites para substâncias químicas, microrganismos e subprodutos da desinfecção. Indices de qualidade – Para avaliar a qualidade da água, são utilizados avaliações como indice de qualidade da água (IQA) é o indice de qualidade da água bruta (IAP). Esses indices consideram os parâmetros mencionados anteriormente e atribuem um valor que indica a qualidade da água em relação a determinados usos. É importante ressaltar que a qualidade da água pode variar dependendo da sua origem, uso e tratamento. Por isto é fundamental que a água seja monitorada e tratada adequadamentepara garantir a sua qualidade e segurança. Classificação dos cursos d’água – No Brasil a classificação da água pela resolução Nº 20 de 18 junho 1986 do conselho Nacional do meio ambiente. Esta resolução estabeleceu 9 classes, sendo 5 de água doce com salinidade igual ou inferior a 0,5% de água salobra (salinidade entre 0,5 e 30%, e 2 de água salina (salinidade igual ou superior a 30%. Estas classes especiais é de 1 a 4 referem-se à água doce; classes 5 e 6 para água salina; as classes 7 e 8 para água salobra. Para água estadual são classificadas em cinco classes seguindo a normativa COPAM 10/86. - Classse Especial - Para abastecimento doméstico, sem prévia ou desinfecção. - Classe 1 - Abastecimento doméstico, após tratamento simplificado. - Classes - 2 e 3 - Abastecimento doméstico, após tratamento convencional. - Preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas Classe Especial - Proteção das comunidades aquáticas – classes 1 e 2. - Irrigação de hortaliças consumidas cruas – classe 1. - Irrigação de plantas frutíferas – classe 1. - Irrigação de hortalicas e plantas frutíferas – classe 2. - Criação de aguicultura – classe 1 e 2. 3- Desafios e problemas relacionados ao acesso à água potável. O acesso à água potável deveria ser amplamente assegurado e de excelente qualidade, sendo um direito humano fundamental e um dos principais critérios de bem estar da população, no entanto desafios como mudanças climáticas, o aumento populacional e a necessidade de desenvolvimento sustentável em áreas rurais podem representar ameaças futuras para o fornecimento e a qualidade da água. Mudanças climáticas – Aumento das temperaturas e a alteração nos padrões de precipitação derretimento do gelo na região ártica podem impactar a disponibilidade e a qualidade da água doce. Aumento populacional – A crescente demanda por água em áreas urbanas e rurais pode colocar pressão nos recursos hídricos especialmente em regiões onde a infraestrutura de abastecimento não é adequada. Desigualdade regionais – A falta de financiamento para serviços de água e saneamento em zonas rurais pode aumentar as desigualdades no acesso à água potável entre áreas urbanas e rurais. Desenvolvimento sustentável – A necessidade de equilíbrar o desenvolvimento econômico com a proteção dos recursos hidrícos, especialmente em áreas rurais e industriais, pode gerar conflitos de uso da água e poluição. Poluição da água – O lançamento de esgoto doméstico e dejetos industriais, bem como a contaminação por produtos químicos de atividades agrícolas, pode comprometer a qualidade da água potável em algumas áreas. Perdas da distribuição – Vazamentos nas redes de distribuição, ligações clandestinas e problemas na medição do consumo podem gerar perdas significativas de água, reduzindo a eficiência do sistema de abastecimento. 4- Tecnologias convencionais a alternativas de tratamento de água. Como visto, existe as formas de tecnologias convencionais para o tratamento da água, como mencionado anteriormente: Gradeamento, desarenação, coagulação, flotação, floculação, decantação, clarificação e outras etapas deste processo. Hoje com o avanço da tecnologia temos adotado o desenvolvimento e a implementação de tecnologias de tratamento e purificação de água, bem como a gestão inteligente dos recursos hidrícos, podem contribuir para a eficiência do sistema de abastecimento e para qualidade da água. Não basta somente ter a tecnologias senão houver investimento em infraestrutura que seria a melhoria da distribuição de água, garantindo assim a qualidade e disponibilidade em áreas rurais e cidades em desenvolvimento. Com o aprofundamento dos estudos, temos avançado tecnologicamente criando alternativas, tais como: • Tratamento Biológico Avançado: Uso de tecnologias como MBBR (Moving Bed Bio-Reactor) e processos com biomassa aeróbica granular para maior eficiência na remoção de poluentes. • Tecnologias de Membrana: Além da osmose reversa, incluem nanofiltração e outras tecnologias de membrana para remover contaminantes. • Tecnologias de Gestão Inteligente da Água: Utilização de sensores, IoT (Internet das Coisas) e IA (Inteligência Artificial) para monitorar e otimizar o tratamento e distribuição da água, reduzindo perdas e melhorando a eficiência. • Biotecnologia: Uso de microrganismos geneticamente modificados para purificar a água. • Dessalinização com Energia Solar: Utilização de energia solar para dessalinização da água do mar, especialmente em regiões costeiras. • Eletrocoagulação e Eletrodeionização: Utilização de corrente elétrica para tratar água contaminada. • Tecnologia de plasma frio: A tecnologia de plasma frio oferece uma alternativa promissora para o tratamento de água, atuando como um agente oxidante avançado e capaz de remover poluentes e microrganismos sem a necessidade de produtos químicos agressivos, está tecnologia foi criada no Brasil e atualmente está em fase de teste em indústrias. • FennoTriox: Na indústria de fabricação de celulose temos um agravante muito sério que seria a contaminação da água, desta forma foi criado um produto químico para tratamento de água de celulose e papel , usado para reduzir a carga de DQO (demanda química de oxigênio) removendo a cor (turbidez) de efluentes das indústrias, também utilizada para avaliar as condições de uma estação e padrão, segundo RESOLUÇÂO nº 430 – Dispõe sobre as condições e padrões de lançamento de efluentes. • Reutilização de água e dessalinização: • A reutilização de água e a dessalinização estão ganhando importância, especialmente para garantir o abastecimento de água em diferentes regiões e lidar com o estresse hídrico. CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho apresentou a execução do projeto integrador no curso de engenharia, as considerações finais sobre tratamento de água ressaltam a importância de garantir a qualidade da água potável para a população, assim como a necessidade de um tratamento adequado para garantir a segurança sanitária e a saúde pública. A água, recurso vital para a vida, deve ser tratada de forma eficiente sempre removendo impurezas e microrganismos, assegurando que seja segura para consumo.