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WBA0324_v1.0 Estudos, causas e recuperações das manifestações patológicas nas edificações Manifestações patológicas do concreto armado Bloco 1 Hudson Goto Concreto armado: versátil, mas precisa de manutenção Fonte: Avalon_Studio/iStock.com. • Consumo mundial aproximado de 11 bilhões de toneladas/ano. • No Brasil: 30 milhões de m³/ano. • Boa durabilidade em relação aos outros materiais. • O concreto não é eterno. • Mecanismos de deterioração: químicos, físicos, biológicos e mecânicos. Figura 1 – O concreto nas estruturas Mecanismos de deterioração química • Fonte interna ou externa → subprodutos solúveis ou insolúveis. • Concreto de boa qualidade. Figura 3 – Representação esquemática da estrutura de poros do concreto Fonte: adaptada de Ribeiro et al. (2018, p. 154).Fonte: adaptada de Goto (2017a). Figura 2 – Concreto como proteção física Ataque por ácidos • Ação do dióxido de carbono do meio ambiente: 𝐶𝑂2 𝑔á𝑠 𝑐𝑎𝑟𝑏ô𝑛𝑖𝑐𝑜 + 𝐻2𝑂 á𝑔𝑢𝑎 → 2𝐻2𝐶𝑂3 á𝑐𝑖𝑑𝑜 𝑐𝑎𝑟𝑏ô𝑛𝑖𝑐𝑜 2𝐻2𝐶𝑂3 á𝑐𝑖𝑑𝑜 𝑐𝑎𝑟𝑏ô𝑛𝑖𝑐𝑜 + 𝐶𝑎(𝑂𝐻)2 (ℎ𝑖𝑑𝑟ó𝑥𝑖𝑑𝑜 𝑑𝑒 𝑐á𝑙𝑐𝑖𝑜) → 𝐶𝑎𝐶𝑂3 (𝑐𝑎𝑟𝑏𝑜𝑛𝑎𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑐á𝑙𝑐𝑖𝑜) Figura 4 – Lixiviação de produtos cálcicos Fonte: adaptada de Bolina, Tutikian e Helene (2019). Ataque por sulfatos • Origem: fonte interna ou externa de íons sulfatos (𝑆𝑂4 2−). • Degradação e expansão. Figura 6 – Características da precipitação dos sais de sulfatos (a) e seu formato microscópico (b) Fonte: adaptada de Goto (2017a, p. 215). Fonte: adaptada de Emmons (1993 apud RIBEIRO et al., 2018, p. 132). Figura 5 – Esquema do ataque por sulfatos no concreto Reação álcali-agregado (RAA) • Álcalis do cimento (Na+ e K+) + agregados reativos + umidade. • Gel exsudado. • Fissuras irregulares e perda de resistência mecânica. Figura 7 – Fissuras em mapa, por RAA Fonte: adaptada de Goto (2017a, p. 214). Figura 8 – Bloco de concreto armado com RAA Fonte: adaptada de Bolina, Tutikian e Helene (2019). Corrosão das armaduras • Interação das barras de aço com o meio. • Acesso de 𝑂2, 𝐻2𝑂, diferença de potencial (ddp). • Zonas anódicas e catódicas. Figura 9 – Processo de deterioração por corrosão das armaduras Fonte: adaptada de Helen (1999 apud RIBEIRO et al., 2018, p. 192). Fonte: adaptada de Mehta e Monteiro (2006). Figura 10 – Produtos da corrosão e suas consequências Carbonatação • Acesso de 𝐶𝑂2 no interior do concreto. • Reduz o pH → perda de alcalinidade → despassivação de armaduras. 𝐶𝑂2 𝑔á𝑠 𝑐𝑎𝑟𝑏ô𝑛𝑖𝑐𝑜 + 𝐶𝑎(𝑂𝐻)2 (ℎ𝑖𝑑𝑟ó𝑥𝑖𝑑𝑜 𝑑𝑒 𝑐á𝑙𝑐𝑖𝑜) → 𝐶𝑎𝐶𝑂3 (𝑐𝑎𝑟𝑏𝑜𝑛𝑎𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑐á𝑙𝑐𝑖𝑜) + 𝐻2𝑂 á𝑔𝑢𝑎 Figura 11 – Aspersão de fenolftaleína para detecção e medição da zona carbonatada Fonte: adaptada de Bolina, Tutikian e Helene (2019). Íons Cloreto • Despassivação mesmo em pH elevado. • Fonte externa ou interna. Figura 12 – Mecanismo de ruptura causado pelos íons cloreto Fonte: adaptada de Ribeiro et al. (2018, p. 123). Mecanismos físicos Figura 13 – Retração em vigas e lajes Fonte: adaptada de Souza e Ripper (2001). Figura 15 – Movimentações térmicas Fonte: adaptada de Bolina, Tutikian e Helene (2019). Figura 14 – Desgaste superficial Fonte: acervo do autor. Mecanismos mecânicos • Esforços maiores do que as solicitações projetadas. Figura 16 – Fissuras causadas por solicitação excessiva Fonte: adaptada de Souza e Ripper (2001, p. 58). Figura 17 – Esmagamento de pilar por compressão Fonte: adaptada de Hernandes (2015 apud BOLINA; TUTIKIAN; HELENE, 2019). Figura 18 – Movimentação térmica Fonte: adaptada de Goto (2017a). Manifestações patológicas do concreto armado Bloco 2 Hudson Goto Ensaios não destrutivos • Não causam danos ao concreto armado. • Auxiliam na etapa preliminar ou para a especificação de ensaios semidestrutivos. Figura 19 – Medição de fissuras Fonte: adaptada de Goto (2017a). Figura 20 – Pacometria Fonte: adaptada de Goto (2017a). Ensaios não destrutivos Figura 21 – Esclerômetro Fonte: adaptada de Bolina, Tutikian e Helene (2019). Figura 22 – Ultrassom Fonte: adaptada de Bolina, Tutikian e Helene (2019). Ensaios semidestrutivos • Danos localizados e dimensões reduzidas. Figura 23 – Aspersão fenolftaleína Fonte: adaptada de Goto (2017a). Figura 24 – Aspersão nitrato de prata Fonte: adaptada de Bolina, Tutikian e Helene (2019). Ensaios semidestrutivos Figura 25 – (a) Extração de testemunhos; (b) Armazenamento em caixas de madeira para ensaios laboratoriais Fonte: adaptada de Goto (2017b, p. 82). Fonte: adaptada de ABNT (2015a apud BOLINA; TUTIKIAN; HELENE, 2019). Figura 26 – Sequência de reparo de furos de extração de testemunhos com dry pack Manifestações patológicas do concreto armado Bloco 3 Hudson Goto Manutenção • Terapia propriamente dita. • Retorno da edificação às premissas iniciais. Figura 27 – Desempenho das estruturas em concreto armado ao longo do tempo Fonte: adaptada de Ribeiro et al. (2018, p. 104). Fissuras ou desplacamentos por corrosão Manifestação patológica • Fissuras paralelas às armaduras. • Manchas marrom-avermelhadas na superfície do concreto. • Desplacamento da camada de cobrimento. Origem • Elevada agressividade do meio ambiente. • Alta porosidade do concreto/ má execução do concreto. • Especificação inadequada do concreto/ cobrimento insuficiente. Fissuras ou desplacamentos por corrosão – reparo Figura 28 – Sequência de reparo de estruturas em concreto armado Fonte: adaptada de Helene (1992). 1) 2) 3) 4) Fissuras ou desplacamentos por corrosão – reparo Figura 28 – Sequência de reparo de estruturas em concreto armado (cont.) Fonte: adaptada de Helene (1992). 5) 6) 7) 8) 9) 10) Fissuras ou desplacamentos por corrosão – reforço Fonte: acervo do autor. Figura 29 – Reforço de estruturas em concreto armado 1) 2) 3) 4) 5) 6) 7) Fissuras por flexão Manifestação patológica: • Fissuras superficiais. • Pontos de máximos momentos fletores positivos ou negativos. Origem: • Excesso de carregamento (modificações de uso ou sobrecarga não prevista). • Insuficiência de armaduras. • Fluência do concreto. • Retirada prematura dos escoramentos. Fissuras por flexão Figura 30 – Sistemas de reforço em estruturas em concreto armado com chapas metálicas Fonte: adaptada de Souza e Ripper (2001, p. 58). Figura 31 – Sistemas de reforço em estruturas em concreto armado com fibra de carbono Fonte: adaptada de Souza e Ripper (2001, p. 58). Fissuras por flexão Figura 32 – Sistemas de reforço em estruturas em concreto armado com aumento de seção transversal Fonte: adaptada de Marcelli (2007). Fissuras por esforço cortante Manifestação patológica: • Fissuras superficiais inclinadas a aproximadamente 45° próximo aos apoios. Origem: • Excesso de carregamento (modificações de uso ou sobrecarga não prevista). • Insuficiência de armaduras. Fissuras por esforço cortante Figura 33 – Sistemas de reforço em estruturas em concreto armado com aumento de seção transversal Fonte: adaptada de Helene (1992). Teoria em Prática Bloco 4 Hudson Goto Reflita sobre a seguinte situação Considere uma situação em que os moradores de um edifício residencial perceberam sinais de desplacamento do revestimento argamassado e do concreto até o aparecimento de algumas barras de aço. O responsável pela administração do condomínio contatou você para efetuar uma vistoria nas estruturas da edificação. Ao efetuar a anamnese com o responsável, este forneceu as seguintes informações: • “Pedaços de cimento” haviam caído sobre o chão de algumas áreas comuns da edificação. • Foram identificadas barras de aço com coloração escura e manchas marrons. • Idade da edificação: aproximadamente 40 anos. • Projetos estruturais: não há. Existem apenas poucos projetos arquitetônicos. • Manifestações patológicas identificadas na vistoria: Reflita sobre a seguinte situação A) B) C) D) Figura 34 – Registro fotográfico da inspeção realizada nasestruturas Fonte: acervo do autor. Reflita sobre a seguinte situação • Diante das informações coletadas na inspeção, na sua avaliação, qual patologia da construção se desenvolveu nessa estrutura? • Considerando que as manifestações patológicas foram detectadas por toda a edificação, resultando em uma situação generalizada, quais procedimentos você recomendaria imediatamente? • Pensando nos mecanismos de deterioração e nos padrões normativos vigentes, quais ações de curto, médio e longo prazo você especificaria para o responsável pela administração do condomínio? Norte para a resolução... • Patologia da construção: corrosão avançada das armaduras com formação de fissuras e desplacamentos. • Manifestações patológicas: estufamentos do concreto de cobrimento, fissuras, manchas marrons, redução da seção da armadura. • Os procedimentos recomendados seriam a interdição e o isolamento imediato da área, evitando a circulação de moradores e eventuais acidentes. Imediatamente após essa ação, as vigas deverão ser cuidadosamente escoradas, evitando a formação de novos esforços. As lajes deverão ser analisadas pontualmente conforme cada caso. • Ações de curto prazo: reparo e/ou recuperação das estruturas com concreto (graute) e adição de novas barras de armadura. • Ações de médio prazo: proteção das estruturas contra o acesso de novos agentes agressivos, como a execução de pinturas acrílicas convencionais. • Ações de longo prazo: elaboração de manual de uso e operação da edificação com inspeções periódicas e manutenções preventivas. Dica do Professor Bloco 5 Hudson Goto Dica do Professor Termografia infravermelha e ultrassom • Corrosão de armaduras. • Termografia infravermelha + Ultrassom. • Detecção de áreas afetadas e distinção de áreas íntegras. Figura 35 – Exemplos de termogramas efetuados em corpos de prova Fonte: adaptada de Rocha e Póvoas (2019). Referências BOLINA, F. L.; TUTIKIAN, B. F.; HELENE, P. R. L. Patologia de estruturas. São Paulo: Oficina de Textos, 2019. v. 1. GOTO, H. Estruturas de edificações. Brasília: NT Editora, 2017a. 236 p. GOTO, H. Tendência à oxidação de agregados com sulfetos e mudanças provocadas nas propriedades físicas de testemunhos de CCR. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Construção Civil) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2017b. HELENE, P. R. L. Manual para reparo, reforço e proteção de estruturas de concreto. 2. ed. São Paulo: Pini, 1992. v. 1. MARCELLI, M. Sinistros na Construção Civil: Causas e soluções para danos e prejuízos em obras. São Paulo: Pini, 2007. MEHTA, P. K.; MONTEIRO, P. J. M. Concrete: microstructure, properties and materials. 3. ed. São Francisco: McGraw-Hill, 2006. 660 p. Referências RIBEIRO, D. et al. Corrosão e Degradação em Estruturas de Concreto. Rio de Janeiro: Elsevier, 2018. 416p. [Minha Biblioteca]. ROCHA, J. H.; PÓVOAS, Y. V. Detecção de corrosão em concreto armado com termografia infravermelha e ultrassom. Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 19, n. 3, p. 53-68, jul./set. 2019. SOUZA, V. C. M.; RIPPER, T. Patologia, Recuperação e Reforço de Estruturas de Concreto. 3. ed. São Paulo: Pini, 2001. Bons estudos!