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FAVENI MARIANA BORGES DE OLIVEIRA NUNES A INSERÇÃO DA FISIOTERAPIA NA GESTÃO EM SAÚDE PÚBLICA: ESTRATÉGIAS PARA A PROMOÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA E EFICIÊNCIA NO SUS POUSO ALEGRE – MG 2025 FAVENI MARIANA BORGES DE OLIVEIRA NUNES A INSERÇÃO DA FISIOTERAPIA NA GESTÃO EM SAÚDE PÚBLICA: ESTRATÉGIAS PARA A PROMOÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA E EFICIÊNCIA NO SUS Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial à obtenção do título especialista em GESTÃO EM SAÚDE PÚBLICA. POUSO ALEGRE – MG 2025 A INSERÇÃO DA FISIOTERAPIA NA GESTÃO EM SAÚDE PÚBLICA: ESTRATÉGIAS PARA A PROMOÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA E EFICIÊNCIA NO SUS Mariana Borges de Oliveira Nunes Declaro que sou autor(a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o mesmo foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial ou integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e corretamente referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por mim realizadas para fins de produção deste trabalho. Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação aos direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de Serviços). “Deixar este texto no trabalho”. RESUMO- O presente artigo analisa a inserção do fisioterapeuta na gestão em saúde pública e sua contribuição para a promoção da qualidade de vida e para a eficiência do Sistema Único de Saúde (SUS). Trata-se de uma pesquisa bibliográfica que discute o papel da fisioterapia nas três esferas de atenção à saúde: primária, secundária e terciária. A análise demonstra que o fisioterapeuta atua de forma estratégica na prevenção de agravos, na reabilitação funcional e na promoção da saúde, além de exercer funções educativas e de gestão. Observa-se que sua participação em programas como o NASF e sua atuação interdisciplinar fortalecem os vínculos com a comunidade e contribuem para a resolutividade dos serviços. A atuação do fisioterapeuta na gestão também tem impulsionado políticas de humanização e melhorias nos indicadores de saúde. Apesar dos avanços, persistem desafios como a limitação de recursos e a necessidade de maior integração entre os níveis de atenção. Conclui-se que o fisioterapeuta é essencial para um SUS mais eficaz, equitativo e humanizado, sendo necessário ampliar seu reconhecimento institucional e os investimentos na área. Palavras-chave: Fisioterapia. Gestão em Saúde Pública. Sistema Único de Saúde. Promoção da Saúde. Reabilitação. marianaborges.fisioterapia@yahoo.com.br 1 INTRODUÇÃO A saúde pública no Brasil é sustentada por princípios fundamentais que visam a universalidade, a equidade e a integralidade do atendimento à população. Nesse contexto, o Sistema Único de Saúde (SUS) destaca-se como um dos maiores sistemas públicos do mundo, sendo responsável por articular políticas de promoção, prevenção e reabilitação em todos os níveis de atenção. A gestão em saúde pública assume, portanto, papel essencial para garantir o funcionamento eficaz e humanizado dos serviços oferecidos à sociedade (DE ANDRADE, MATOS; CARDOSO, 2022). Com o avanço das demandas populacionais e a complexidade crescente dos agravos à saúde, torna-se imprescindível adotar modelos de gestão mais estratégicos, eficientes e interdisciplinares. A inserção de diferentes profissionais da saúde, incluindo o fisioterapeuta, nas práticas de gestão e nos serviços oferecidos pelo SUS contribui significativamente para a melhoria da qualidade de vida dos usuários e para a otimização dos recursos públicos (MENDES; ALMEIDA, 2022). Delimita-se como foco deste trabalho a análise da inserção da fisioterapia na gestão em saúde pública, buscando compreender de que maneira a atuação do fisioterapeuta pode contribuir para estratégias que promovam qualidade de vida e maior eficiência na execução das ações do SUS. O problema de pesquisa que norteia o estudo é: de que forma a inserção do profissional de fisioterapia na gestão em saúde pública pode contribuir para a promoção da qualidade de vida e a eficiência dos serviços prestados pelo SUS? Diante dessa problemática, levanta-se a hipótese de que a presença ativa do fisioterapeuta em espaços de gestão em saúde pública, especialmente na atenção primária, contribui para a elaboração de estratégias mais efetivas de cuidado, planejamento de ações preventivas e avaliação de resultados, gerando impactos positivos tanto na qualidade de vida da população quanto na racionalização dos recursos do sistema de saúde. O objetivo geral deste artigo é analisar a inserção do fisioterapeuta na gestão em saúde pública e sua contribuição para a promoção da qualidade de vida e para a eficiência do SUS. Como objetivos específicos, pretende-se: compreender o funcionamento da gestão em saúde pública dentro do contexto do SUS; discutir o papel do fisioterapeuta no sistema público de saúde; e apresentar estratégias de gestão que otimizem a atuação fisioterapêutica no SUS. A relevância deste estudo reside na necessidade de ampliar o olhar sobre a atuação do fisioterapeuta para além do ambiente clínico, considerando seu potencial de contribuição nos processos de planejamento, gestão e avaliação em saúde pública. Trata-se de uma discussão pertinente tanto para a comunidade acadêmica quanto para os gestores públicos, profissionais de saúde e a sociedade em geral, ao promover reflexões sobre a valorização e integração dos saberes da fisioterapia na administração dos serviços de saúde. Quanto à metodologia, trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa, com abordagem exploratória, realizada por meio de revisão bibliográfica. Foram utilizadas obras científicas, artigos acadêmicos e documentos oficiais que discutem a gestão em saúde pública, a atuação do fisioterapeuta no SUS e as estratégias de organização dos serviços de saúde. A estrutura do presente artigo está dividida em três capítulos principais. O primeiro capítulo apresenta uma visão geral da gestão em saúde pública no contexto do SUS, abordando seus princípios, desafios e diretrizes. O segundo capítulo discute o papel da fisioterapia no sistema público de saúde, com foco em sua atuação nas diferentes esferas de atenção. O terceiro capítulo explora estratégias de gestão voltadas à otimização da atuação fisioterapêutica no SUS, com destaque para práticas interdisciplinares e modelos inovadores de cuidado. Ao final, são apresentadas as considerações finais e as contribuições do estudo. 2 A GESTÃO EM SAÚDE PÚBLICA NO CONTEXTO DO SUS A gestão em saúde pública é um campo fundamental para a operacionalização de políticas, ações e serviços que atendam às necessidades coletivas de saúde da população. No Brasil, esse modelo de gestão é orientado por princípios como universalidade, integralidade e equidade, conforme previsto na Constituição Federal de 1988 e regulamentado pela Lei Orgânica da Saúde (Lei nº 8.080/1990). A gestão eficiente dos recursos e serviços de saúde requer planejamento estratégico, organização dos sistemas de atenção e mecanismos de avaliação contínua, aspectos que se mostram essenciais para garantir a efetividade do Sistema Único de Saúde (SUS) frente às desigualdades sociais e aos desafios epidemiológicos. O SUS representa um marco na democratização da saúde no país, consolidando-se como uma política pública de inclusão social que visa atender a todos os cidadãos, independentemente de classe, raça ou localização geográfica. Sua estrutura organizacional é compostapor três níveis de gestão – federal, estadual e municipal –, sendo regida pelo princípio da descentralização com comando único em cada esfera. Isso permite uma articulação mais próxima das necessidades locais, ao mesmo tempo em que exige competências técnicas e administrativas sólidas por parte dos gestores públicos, para garantir a coerência entre as políticas nacionais e as realidades regionais (FERREIRA; OLIVEIRA, 2020). No campo da gestão, o planejamento é um instrumento estratégico que orienta as ações de saúde com base na análise de indicadores epidemiológicos, sociais e econômicos. A utilização de dados concretos para a tomada de decisões permite maior eficácia na aplicação dos recursos, além de possibilitar o monitoramento e a avaliação contínua dos serviços. A gestão baseada em evidências contribui para a racionalização dos processos, otimizando a prestação dos serviços e ampliando o acesso à saúde de qualidade (SANTANA; GOMES, 2023, p. 82). Entre os principais desafios enfrentados pela gestão pública em saúde estão o subfinanciamento crônico, a má distribuição de recursos, a sobrecarga dos serviços de urgência e a fragmentação da atenção à saúde. Essas dificuldades comprometem a integralidade do cuidado e exigem soluções inovadoras e integradas. A atuação interdisciplinar e a valorização de todos os profissionais de saúde, incluindo o fisioterapeuta, são fundamentais para superar essas barreiras e ampliar a resolutividade da rede de atenção (LIMA; SILVA, 2021). A atenção primária à saúde (APS), considerada a porta de entrada do SUS, desempenha papel central na organização do sistema. Ela é responsável por ações de promoção da saúde, prevenção de doenças e acompanhamento contínuo da população. Costa e Santos (2019) destacam que a qualificação da gestão na APS potencializa sua capacidade de resolução e reduz a pressão sobre os serviços de média e alta complexidade, além de favorecer a articulação entre os diversos níveis de atenção. Dentro dessa lógica de organização dos serviços, a gestão em saúde pública deve fomentar a integração entre ações clínicas e administrativas, visando não apenas o tratamento de doenças, mas a promoção da saúde e o bem-estar das comunidades. Mendes e Almeida (2022) argumentam que essa abordagem ampliada da saúde é fundamental para o sucesso das políticas públicas, pois considera os determinantes sociais e culturais do processo saúde-doença e promove o protagonismo dos territórios na formulação e execução das estratégias de cuidado. A fisioterapia, historicamente associada ao tratamento reabilitador, tem expandido sua atuação para os campos da promoção da saúde e da gestão em saúde pública. Isso ocorre especialmente por meio da inserção dos profissionais em equipes multidisciplinares da atenção básica, onde suas competências contribuem para o planejamento de ações coletivas e individuais. Conforme Oliveira e Souza (2020), o fisioterapeuta, ao compreender as necessidades funcionais da população, pode propor intervenções que impactem diretamente na redução de agravos e na melhoria da qualidade de vida. O envolvimento do fisioterapeuta na gestão pública também fortalece a elaboração de protocolos clínicos e fluxos assistenciais, além de contribuir para a avaliação de indicadores de saúde relacionados à funcionalidade e mobilidade da população. Ferreira e Oliveira (2020) ressaltam que essa atuação integrada possibilita maior efetividade das ações e favorece a sustentabilidade do sistema, ao reduzir internações evitáveis e promover a autonomia dos usuários. Apesar dos avanços, ainda existem desafios quanto ao reconhecimento institucional da fisioterapia como agente de gestão em saúde. A superação desse obstáculo requer investimento em formação profissional voltada à saúde coletiva, além da inclusão ativa desses profissionais nos espaços deliberativos e decisórios do SUS. Para Santana e Gomes (2023), a presença do fisioterapeuta em conselhos de saúde, comissões intergestoras e cargos administrativos é estratégica para ampliar o escopo de sua atuação e garantir maior representatividade nas políticas públicas. Portanto, a gestão em saúde pública no contexto do SUS demanda uma abordagem integrada, participativa e baseada em evidências, na qual todos os profissionais de saúde tenham voz ativa na construção de um sistema mais equitativo e eficiente. A fisioterapia, ao contribuir tanto no cuidado direto quanto na elaboração e avaliação das políticas públicas, revela-se uma área essencial para a consolidação de uma gestão centrada no cuidado integral e na melhoria das condições de vida da população brasileira. 2.1 O PAPEL DA FISIOTERAPIA NO SISTEMA PÚBLICO DE SAÚDE A fisioterapia, como profissão integrante das equipes multiprofissionais do Sistema Único de Saúde (SUS), tem assumido um papel cada vez mais estratégico na promoção da saúde, na prevenção de agravos e na reabilitação dos indivíduos em todas as esferas de atenção à saúde. Na atenção primária, sua atuação é orientada por princípios da integralidade e da promoção da qualidade de vida, com foco na identificação precoce de disfunções e na intervenção comunitária (COSTA; SANTOS, 2019). O fisioterapeuta, nesse contexto, trabalha em articulação com agentes comunitários e outros profissionais da Estratégia Saúde da Família, fortalecendo vínculos e estimulando práticas de autocuidado. No âmbito da atenção secundária, a fisioterapia atua no tratamento especializado de disfunções musculoesqueléticas, neurológicas, respiratórias e outras condições que demandam intervenções específicas. Nessa esfera, o profissional assume papel central no suporte ambulatorial, garantindo continuidade do cuidado iniciado na atenção básica e contribuindo para a redução da sobrecarga nos serviços de alta complexidade. Segundo Lima e Silva (2021), a atuação do fisioterapeuta nesse nível permite a resolutividade de muitos casos clínicos e evita internações hospitalares desnecessárias. Na atenção terciária, a presença do fisioterapeuta é essencial no manejo de pacientes em estado grave ou crônico, especialmente em unidades hospitalares e de terapia intensiva. A reabilitação precoce, mesmo em contextos críticos, tem demonstrado impactos positivos na recuperação funcional, redução do tempo de internação e na melhora dos desfechos clínicos (FERREIRA; OLIVEIRA, 2020). A atuação qualificada nesse nível exige não apenas conhecimento técnico, mas também competências relacionadas à gestão clínica e à interdisciplinaridade. As políticas públicas têm ampliado o reconhecimento da fisioterapia como componente essencial da saúde coletiva, especialmente com a regulamentação da atuação do profissional na atenção primária e a inserção em programas como o NASF (Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica). A Portaria nº 2.488/2011 do Ministério da Saúde, por exemplo, fortaleceu o papel do fisioterapeuta como articulador de ações educativas e preventivas, inserindo- o nas discussões sobre determinantes sociais da saúde e vigilância epidemiológica (OLIVEIRA; SOUZA, 2020, p. 56). A atuação do fisioterapeuta em saúde pública demanda estratégias baseadas em evidências, que integrem ações educativas, comunitárias e terapêuticas. Mendes e Almeida (2022) destacam que a reabilitação comunitária é uma das frentes mais promissoras da profissão, pois associa tecnologia leve com práticas sociais transformadoras, potencializando a autonomia dos indivíduos e a inclusão social. O fisioterapeuta, portanto, atua como um facilitador do cuidado integral e longitudinal. Além das práticas clínicas, os fisioterapeutas também têm ocupado espaços na gestão em saúde, contribuindo para o planejamento, avaliação e controle de programas e serviços. A presença desses profissionais em cargos de coordenação tem impulsionado políticas de humanização, melhoria de indicadores de qualidadee eficiência dos serviços, como indicam Santana e Gomes (2023). Sua formação voltada para o cuidado funcional e integral do sujeito permite uma visão sistêmica das necessidades em saúde da população. Outro ponto importante refere-se ao papel educativo do fisioterapeuta. Através de grupos operativos, oficinas de saúde e visitas domiciliares, o profissional promove o empoderamento do usuário e da comunidade, estimulando hábitos saudáveis e práticas de prevenção. Conforme apontam Costa e Santos (2019), essas ações têm impacto direto na diminuição da incidência de agravos como quedas em idosos, dores crônicas e complicações respiratórias, além de fortalecer o vínculo entre o serviço de saúde e a população. É também necessário destacar a contribuição da fisioterapia na construção de linhas de cuidado que considerem o ciclo de vida, os territórios e as vulnerabilidades sociais. Ferreira e Oliveira (2020) argumentam que o fisioterapeuta deve ser reconhecido como agente ativo na construção de redes de atenção à saúde, articulando ações entre os diferentes níveis de cuidado e promovendo fluxos assistenciais eficientes. Isso exige, no entanto, investimentos em educação permanente, infraestrutura e reconhecimento institucional. Apesar dos avanços, persistem desafios como a limitação de recursos humanos, a baixa cobertura dos serviços de reabilitação no SUS e a necessidade de maior integração com outros setores da saúde. Lima e Silva (2021) indicam que, para superar essas barreiras, é imprescindível ampliar o número de fisioterapeutas na atenção básica e qualificar a gestão dos serviços, promovendo uma atuação alinhada aos princípios da equidade e da integralidade do SUS. Além disso, a inserção da fisioterapia no SUS tem promovido avanços significativos na atenção às condições crônicas não transmissíveis, como diabetes, hipertensão e doenças osteomusculares, que representam grande carga para o sistema de saúde. A atuação do fisioterapeuta nesses contextos, por meio de programas de educação em saúde, atividades físicas supervisionadas e reabilitação funcional, contribui para a redução de complicações, melhora da capacidade funcional e promoção da autonomia dos usuários. De acordo com Oliveira, Lopes e Mohamud (2023), essa abordagem integrada fortalece a gestão do cuidado crônico e amplia a resolutividade da atenção primária, tornando o atendimento mais eficiente e centrado nas necessidades reais da população. Portanto, o fisioterapeuta tem se consolidado como um ator fundamental no sistema público de saúde, com atuação transversal que perpassa os três níveis de atenção, contribuindo para a melhoria dos indicadores de saúde e da qualidade de vida da população. Seu trabalho vai além da reabilitação, incluindo ações de promoção, prevenção, gestão e educação em saúde, tornando-o um profissional indispensável na consolidação de um SUS mais eficiente, equitativo e humanizado (SANTANA; GOMES, 2023). 2.2 ESTRATÉGIAS DE GESTÃO PARA OTIMIZAÇÃO DA ATUAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA NO SUS A gestão em fisioterapia no contexto do Sistema Único de Saúde (SUS) exige abordagens estratégicas que envolvam planejamento, padronização de condutas, uso de indicadores e integração com demais áreas da saúde. A implantação de protocolos clínicos baseados em evidências se destaca como uma ferramenta essencial, promovendo qualidade e racionalização de recursos nos atendimentos fisioterapêuticos (FERREIRA; OLIVEIRA, 2020). Segundo Silva e Barros (2024), esse modelo de atuação permite maior previsibilidade nos desfechos terapêuticos, além de qualificar os processos de gestão assistencial. O planejamento em saúde deve ser orientado por diagnósticos situacionais, considerando os contextos epidemiológicos locais, as demandas da população e a capacidade instalada do sistema. A Política Nacional de Atenção Básica (BRASIL, 2018) reforça a importância do planejamento integrado e participativo, alinhado às necessidades do território. Oliveira, Lopes e Mohamud (2023) destacam que esse tipo de planejamento fortalece a efetividade dos serviços fisioterapêuticos na atenção primária, permitindo a melhor alocação de recursos e a definição de prioridades assistenciais. Outro eixo essencial para a gestão eficiente é o uso de indicadores de desempenho, como a taxa de adesão aos programas, número de atendimentos, tempo médio de reabilitação e grau de funcionalidade dos pacientes. Esses dados subsidiam decisões gerenciais e permitem a identificação de fragilidades e potencialidades nos serviços (SILVA; BARROS, 2024). De acordo com Costa e Santos (2019), o monitoramento contínuo dos indicadores melhora a qualidade da atenção fisioterapêutica e contribui para a responsabilização dos profissionais. A atuação integrada entre profissionais da saúde é indispensável para a resolutividade e integralidade do cuidado no SUS. A inserção do fisioterapeuta em equipes multiprofissionais nas Unidades Básicas de Saúde permite o desenvolvimento de planos terapêuticos compartilhados, que consideram as dimensões biológicas, sociais e culturais dos usuários (LIMA; SILVA, 2021). Andrade, Matos e Cardoso (2022) enfatizam que o envolvimento ativo do fisioterapeuta nas reuniões e discussões de caso fortalece os vínculos e qualifica os resultados em saúde. A adoção de protocolos assistenciais específicos para a fisioterapia, voltados a condições prevalentes como lombalgias, reabilitação pós-AVC e doenças osteoarticulares, é outra estratégia relevante. Esses documentos promovem uniformidade nos atendimentos, facilitam a avaliação de resultados e contribuem para uma atuação baseada em evidências (FERREIRA; OLIVEIRA, 2020). Segundo Souza et al. (2018), a utilização desses protocolos melhora a organização do processo assistencial e favorece a gestão dos fluxos. Experiências práticas reforçam a importância da fisioterapia em programas de saúde pública. A atuação em projetos voltados à saúde da pessoa idosa tem demonstrado impactos positivos na redução de internações hospitalares, na prevenção de quedas e na manutenção da autonomia funcional (MENDES; ALMEIDA, 2022). Na saúde da mulher e da criança, o fisioterapeuta atua com foco na fisioterapia pélvica e respiratória, contribuindo para o bem-estar materno-infantil e para a prevenção de complicações (OLIVEIRA; LOPES; MOHAMUD, 2023). A qualificação contínua dos fisioterapeutas também é imprescindível. A Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (BRASIL, 2018) orienta que a formação em serviço deve ser contínua, articulada às necessidades do sistema e das comunidades. Lima e Silva (2021) ressaltam que a atualização técnica e científica dos profissionais eleva a qualidade dos atendimentos, estimula a inovação nas práticas e fortalece a autonomia técnica da fisioterapia no SUS. Observa-se o avanço na inserção do fisioterapeuta em cargos de gestão e coordenação. Essa participação ativa nas decisões institucionais garante maior representatividade da fisioterapia nos espaços de planejamento e avaliação (SANTANA; GOMES, 2023). Costa e Santos (2019) defendem que a presença do fisioterapeuta nas instâncias gestoras favorece uma administração mais humanizada, resolutiva e centrada no cuidado integral. Dessa forma, a consolidação de estratégias de gestão para a atuação fisioterapêutica no SUS deve estar ancorada na integração entre assistência, educação permanente e participação nas instâncias decisórias. A valorização da fisioterapia como componente estratégico da saúde pública é essencial para garantir a sustentabilidade e a excelência dos serviços, como defendem Silva e Barros (2024). Com isso, reafirma-se a importância de práticas gestoras qualificadas e baseadas em evidências como caminho para uma atenção fisioterapêutica efetiva, equitativa e centrada no usuário. CONCLUSÃO A atuação da fisioterapia no Sistema Único de Saúde(SUS) tem se consolidado como essencial para o cuidado integral à saúde da população, promovendo ações eficazes de prevenção, promoção e reabilitação. Ao longo deste estudo, ficou evidente que a inserção qualificada do fisioterapeuta nas diferentes esferas de atenção à saúde contribui significativamente para o enfrentamento das demandas crescentes do sistema público, especialmente quando aliada a práticas de gestão bem estruturadas. A implementação de estratégias de gestão, como o planejamento com base em indicadores epidemiológicos, a adoção de protocolos clínicos padronizados e a avaliação sistemática de resultados, mostrou-se fundamental para a qualificação dos serviços de fisioterapia no SUS. Essas ações não apenas aprimoram a eficiência do cuidado prestado, como também promovem a racionalização dos recursos públicos e aumentam a resolutividade das intervenções fisioterapêuticas. Outro ponto de destaque refere-se à importância do trabalho interdisciplinar e da atuação em equipe multiprofissional. O fisioterapeuta, ao integrar-se de forma ativa nas equipes de saúde, contribui para a elaboração de planos terapêuticos mais abrangentes e centrados nas necessidades dos usuários, fortalecendo a integralidade do cuidado e promovendo resultados mais eficazes. As experiências bem-sucedidas relatadas em programas de saúde pública evidenciam o impacto positivo dessa atuação colaborativa. Sendo assim, conclui-se que o fortalecimento da atuação fisioterapêutica no SUS exige investimentos contínuos em educação permanente, valorização profissional e políticas públicas que reconheçam a importância estratégica da fisioterapia. A gestão qualificada, articulada com os demais setores da saúde, é um elemento-chave para garantir o acesso equitativo, a qualidade assistencial e a sustentabilidade do sistema, cumprindo com os objetivos propostos neste trabalho. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. 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