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GESTÃO EM ENFERMAGEM NA ATENÇÃO BÁSICA ORGANIZADORES VANDRIANNE OLIVEIRA DE CARVALHO; JULIANA DE FREITAS AMORIM Gestão em Enferm agem na Atenção Básica GRUPO SER EDUCACIONAL Gestão em enfermagem na atenção básica é um livro direcionado para estudantes dos cursos da área de enfermagem, gestão da atenção básica e gestão em enfermagem. Além de abordar assuntos gerais, o livro traz conteúdo sobre vários tipos de gestão: na atenção básica, em enfermagem na atenção básica, de trabalho da enfermagem na atenção básica, e em saúde no SUS. Após a leitura da obra, o leitor vai conhecer sobre as ações da atenção bási- cas e seus atributos dentro da Rede de atenção à saúde; aprender sobre o enfermeiro gerente da unidade básica de saúde e suas atribuições; entend- er como é realizado a análise da situação de saúde para o planejamento das ações de saúde na Atenção Básica; compreender como é realizada a vigilância em saúde na Atenção Básica e sobre as doenças de noti�cação compulsória; dominar a sistematização da assistência de enfermagem; analisar o processo de trabalho da atenção básica; saber os principais indicadores utilizados na Atenção Básica à Saúde; ter conhecimento de como é realizada a participação popular do SUS através das conferências e Conselhos de Saúde, e muito mais. Aproveite a leitura do livro. Bons estudos! GESTÃO EM ENFERMAGEM NA ATENÇÃO BÁSICA ORGANIZADORAS VANDRIANNE OLIVEIRA DE CARVALHO; JULIANA DE FREITAS AMORIM gente criando futuro I SBN 9786555581775 9 786555 581775 > C M Y CM MY CY CMY K GESTÃO EM ENFERMAGEM NA ATENÇÃO BÁSICA Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, do Grupo Ser Educacional. Diretor de EAD: Enzo Moreira Gerente de design instrucional: Paulo Kazuo Kato Coordenadora de projetos EAD: Manuela Martins Alves Gomes Coordenadora educacional: Pamela Marques Equipe de apoio educacional: Caroline Guglielmi, Danise Grimm, Jaqueline Morais, Laís Pessoa Designers gráficos: Kamilla Moreira, Mário Gomes, Sérgio Ramos,Tiago da Rocha Ilustradores: Anderson Eloy, Luiz Meneghel, Vinícius Manzi de Carvalho, Vandrianne Oliveira. Gestão em enfermagem na atenção básica / Vandrianne Oliveira de Carvalho; Juliana de Freitas Amorim. – São Paulo: Cengage – 2020. Bibliografia. ISBN 9786555581775 1. Enfermagem 2. Gestão da atenção básica 3. Gestão em enfermagem 4. Amorim, Juliana de Freitas. Grupo Ser Educacional Rua Treze de Maio, 254 - Santo Amaro CEP: 50100-160, Recife - PE PABX: (81) 3413-4611 E-mail: sereducacional@sereducacional.com “É através da educação que a igualdade de oportunidades surge, e, com isso, há um maior desenvolvimento econômico e social para a nação. Há alguns anos, o Brasil vive um período de mudanças, e, assim, a educação também passa por tais transformações. A demanda por mão de obra qualificada, o aumento da competitividade e a produtividade fizeram com que o Ensino Superior ganhasse força e fosse tratado como prioridade para o Brasil. O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego – Pronatec, tem como objetivo atender a essa demanda e ajudar o País a qualificar seus cidadãos em suas formações, contribuindo para o desenvolvimento da economia, da crescente globalização, além de garantir o exercício da democracia com a ampliação da escolaridade. Dessa forma, as instituições do Grupo Ser Educacional buscam ampliar as competências básicas da educação de seus estudantes, além de oferecer- lhes uma sólida formação técnica, sempre pensando nas ações dos alunos no contexto da sociedade.” Janguiê Diniz PALAVRA DO GRUPO SER EDUCACIONAL Autoria Vandrianne Oliveira de Carvalho Graduação em Enfermagem pela Universidade Federal do Ceará. Graduação em Nutrição pelo Centro Universitário Estácio de Sá.Pós graduação em Enfermagem do trabalho e Auditoria dos Serviços de saúde. Juliana de Freitas Amorim Graduação em Enfermagem pelo Centro Universitário Serra dos Órgãos-RJ. Especialista em Saúde Coletiva e em Gestão em Saúde Pública pela Universidade Federal Fluminense. Trabalha na Assessoria Técnica das Doenças Transmitidas por Vetores e Zoonoses na Coordenação de Vigilância em Saúde de Niterói-RJ. Possui experiência nas áreas de Saúde Coletiva e na Assistência de Enfermagem SUMÁRIO Prefácio .................................................................................................................................................8 UNIDADE 1 - Gerenciamento na atenção básica .............................................................................9 Introdução.............................................................................................................................................10 1 Gestão em atenção básica à saúde e enfermagem ............................................................................ 11 2 As políticas de saúde e a gestão na atenção básica à saúde ..............................................................19 3 Práticas educativas na Atenção Básica ............................................................................................... 22 PARA RESUMIR ..............................................................................................................................25 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................26 UNIDADE 2 - Atuação do enfermeiro na atenção básica .................................................................29 Introdução.............................................................................................................................................30 1 Noções Preliminares .......................................................................................................................... 31 2 Papel do enfermeiro na gestão da estratégia de Saúde da Família ....................................................34 3 Práticas educativas na Atenção Básica ............................................................................................... 37 4 Atuação do enfermeiro na prevenção e vigilância das doenças ........................................................38 5 Atuação do enfermeiro em outros Programas da Atenção Básica .....................................................42 PARA RESUMIR ..............................................................................................................................43 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................44 UNIDADE 3 - Gestão de trabalho da enfermagem na atenção básica .............................................47 Introdução.....................................................................................................................................48 1 Enfermagem na Atenção Básica à Saúde ........................................................................................... 49 2 Gerenciamento dos recursos materiais na Atenção Básica à Saúde ..................................................54 3 Ferramentas para gestão na Atenção Básica à Saúde ........................................................................56 PARA RESUMIR ..............................................................................................................................62 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................63 UNIDADE 4 - Gestão em saúde no SUS ...........................................................................................65 Introdução.............................................................................................................................................661 Indicadores de Saúde ......................................................................................................................... 67 2 Indicadores que medem o estado de saúde de uma população .......................................................69 3 Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB) ............72 4 Principais indicadores utilizados na Atenção Básica .......................................................................... 74 5 Modelos técnicos-assistenciais em Saúde ......................................................................................... 77 6 Participação da Comunidade no SUS ................................................................................................. 79 PARA RESUMIR ..............................................................................................................................81 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................82 O livro Gestão em enfermagem na atenção básica traz ao leitor, além de informações básicas da área, o conteúdo parcialmente descrito a seguir em suas quatro unidades. Dando início, a primeira unidade, Gerenciamento na atenção básica, apresenta o conceito de atenção primária da saúde, suas características, princípios, regulamentação e organização. O leitor vai aprender como o enfermeiro insere-se no processo gerencial da atenção básica de forma ética, as principais políticas públicas relacionadas à atenção primária da saúde, e as especificidades do perfil gestor para uma formatação participativa e integradora. A segunda unidade, Gestão em enfermagem na atenção básica, trata do perfil e do papel do enfermeiro no gerenciamento das UBS. As habilidades e conhecimentos que devem ser desenvolvidas pelo enfermeiro, suas atribuições nas especificidades da atenção básica, o planejamento das ações de saúde, a vigilância em saúde, e o gerenciamento da sala de imunizações serão explicados para o leitor. Na sequência, a terceira unidade, Gestão de trabalho da enfermagem na atenção básica, lista as atribuições do enfermeiro na atenção básica e seu processo de trabalho. O leitor entenderá como o profissional enfermeiro gerencia os recursos de materiais e insumos, aprenderá quais são as ferramentas de gestão da atenção básica, e o processo de elaboração do mapa da área. Concluindo a obra, a quarta e última unidade, Gestão em saúde no SUS, explica o que são indicadores de saúde e como são calculados os indicadores de mortalidade, morbidade e natalidade. O texto conta, ainda, com conteúdo sobre o PMAQ-AB, os principais indicadores utilizados na atenção básica para avaliar a qualidade da assistência, o processo de evolução dos principais modelos assistências da saúde, e mais. A leitura na íntegra deste livro faz que o leitor compreenda de forma simples os principais fundamentos da gestão em enfermagem na atenção básica. Agora é com você! Sorte em seus estudos! PREFÁCIO UNIDADE 1 Gerenciamento na atenção básica Olá, Você está na unidade Gerenciamento na Atenção Básica. Conheça aqui o conceito de atenção primaria da saúde, suas características, princípios, regulamentação e organização. Entenda ainda como o profissional enfermeiro insere-se no processo gerencial da atenção básica de forma ética e fundamentação legal desde graduação ao processo de trabalho. Aprenda as principais políticas públicas relacionadas à atenção primaria da saúde e suas aplicações na vivencia do processo gerencial. Compreenda também as especificidades do perfil gestor para uma formatação participativa e integradora. Bons estudos! Introdução 11 1 GESTÃO EM ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE E ENFERMAGEM A Atenção Primária à Saúde (APS) ou Atenção Básica é vista hoje como a melhor estratégia de reordenamento do setor de saúde e como a porta de entrada, preferencial, da população brasileira à assistência em saúde. As ações compreendidas nos níveis de atenção à saúde - promoção, proteção e recuperação -, devem ser constituídas e operacionalizadas de maneira articulada e integrada (PASSOS et al., 2006); buscando atender as necessidades da população; e considerando a relação eficiência, eficácia e efetividade como integrantes da própria proposta (MENDES, 2012; CUETO, 2015). Apesar de não requerer recursos tecnológicos materiais demasiadamente caros, o desenvolvimento do serviço na APS é complexo. Para Pires et al. (2019), essa complexidade se relaciona a questões típicas da gestão em saúde: • Gestão de pessoas (provimento de força de trabalho em número e qualificação, e gestão das relações de trabalho); • Gestão de materiais e processos (incluindo estrutura, fluxos organizacionais, processos de trabalho, materiais e equipamentos); • Gestão financeira; assume a responsabilidade de prover assistência universal, integral, equânime, eficiente e eficaz. No gerenciamento de uma unidade básica de saúde (UBS), o gerente necessita dominar uma gama de conhecimentos e habilidades das áreas de saúde e de administração ter uma visão geral no contexto em que elas estão inseridas e assumir um compromisso social com a comunidade. Em suma, o gerente de uma UBS tem como atividade precípua a organização da produção de bens e serviços de saúde ao indivíduo ou à coletividade (Passos et al., 2006). Com este enfoque, é importante considerar alguns referenciais teóricos, como, por exemplo, a Norma Operacional Básica - SUS/1996 - NOB 96, que define gerência como sendo a administração de uma unidade ou órgão de saúde (ambulatório, hospital, instituto, fundação etc.), que se caracteriza como prestador de serviços ao Sistema. Assim, para Tancredi et al. (1998), gerenciar é a uma função administrativa de suma importância, por tomar decisões que afetam a estrutura, os processos de produção e o produto de um sistema; controlar os processos e o rendimento das partes; e avaliar os produtos finais e resultados. Cave ao gerente se responsabilizar pelo uso eficiente e efetivo dos insumos, de modo a traduzi-los em serviços para que a organização atinja seus melhores resultados. 12 Assim, as atividades de trabalho em saúde devem suprir as necessidades sociais, cuja práticas devem seguir a razão, com o objetivo coerente, projeto de ação; criar e implantar um sistemas de necessidades reais para a sociedade, resaltando valores e normas, da comunidade na perspectiva de influenciar o processo de trabalho e suas práticas. Diante desse contexto, observa–se que o profissional enfermeiro, componente da equipe multiprofissional da atenção básica, tem um papel fundamental como gestor/ gerência. Como referido por Montezeli et al. (2009), o gerenciamento em enfermagem corresponde a uma das bases para uma assistência convergente com a qualidade exigida pela clientela assistida nos serviços de saúde. A prática gerencial realizada pelo enfermeiro é regulamentada pelo Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), no Decreto nº 94.406/87, que estabelece no artigo 8º que este profissional tem como atribuições a direção e chefia, o planejamento, a organização, a coordenação e a avaliação dos serviços de enfermagem (BRASIL,1987) Na resolução nº 194/1997, o COFEN considera que (BRASIL, 1997): “O Enfermeiro pode ocupar, em qualquer esfera, cargo de direção-geral nas instituições de saúde, públicas e privadas cabendo-lhe ainda, privativamente, a direção dos serviços de Enfermagem”. Sendo a gerência uma atividade que se destaca como um elemento estratégico, pois pode colaborar na organização do processo de trabalho em saúde e torná-lo mais qualificado para a oferta de uma assistência integral à saúde (Silva, 2012). O enfermeiro em suas atribuições de gerencia enfrenta desafios de cunho administrativo, assumindo a função de líder do sistema de saúde e articulado do processo de trabalho junto a outros profissionais que compõem a equipe. Silva (2012), afirma que o mercado profissional espera queo enfermeiro seja capacitado para lidar com conflitos, problemas, sabendo negociar, argumentar, além de buscar por mudanças, propondo alterações, atuando estrategicamente para aproximar a equipe e o cliente, contribuindo para a qualidade do cuidado, dessa forma espera que o enfermeiro tenha capacidade para gerenciar. Mediante a isso, é notório observar que a gestão da atenção básica em saúde é complexa, necessitando abranger o atendimento à população com qualidade e suas peculiaridades, como também, a relações de trabalho. Dessa maneira, o enfermeiro (a) possui a habilidade construída dentro do seu processo de graduação, porém, necessitam que se construa constantemente um perfil de líder e habilidades administrativas para desempenhar um papel de gerente alinhadas as melhores práticas administrativas, assistências e éticas. 13 Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 1.1 Gestão da Atenção Primária da Saúde A Atenção Básica (AB) é o centro de comunicação da Rede de Atenção em Saúde (RAS) e, um dos principais eixos do Sistema Único de Saúde (SUS) é uma das prioridades governamental. A APS vem, a cada ano, passando por sua implementação e consolidação de ações e serviços para a população, para poder expandir sua oferta de saúde. Assim, a APS é apresentada por ser uma política pública de saúde, que reorienta o modelo assistencial da saúde, sendo complexa pelos seus princípios e suas especificidades e caracterizada pela partilha de diversos setores de trabalho envolvido em toda RAS. Segundo Brasil (2011), a atenção primaria à saúde (APS) é caracterizada por um conjunto de ações de saúde no âmbito individual e coletivo que abrangem a promoção e proteção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação e manutenção da saúde. Ela é orientada, de acordo com Sterfield (2004), pelos princípios da universalidade, equidade e integralidade e nas diretrizes da territorialização, população adscrita, cuidado centrado na pessoa, resolutividade, longitudinalidade do cuidado, coordenação do cuidado, ordenação da rede e participação da comunidade. FIQUE DE OLHO Atenção aos conceitos: o Ministério da Saúde (MS), dentro do contexto da Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) considera com sinônimos os termos Atenção Básica em Saúde (AB) e Atenção Primária da Saúde (APS). Assim, em muitos momentos os termos irão expressar a mesma temática e contexto. Vale salientar, que todos os autores referidos também adotam esse significado. 14 Atenção Básica considera a pessoa em sua singularidade e inserção sociocultural, buscando produzir a atenção integral, incorporar as ações de vigilância em saúde - a qual constitui um processo contínuo e sistemático de coleta, consolidação, análise e disseminação de dados sobre eventos relacionados à saúde - além disso, visa o planejamento e a implementação de ações públicas para a proteção da saúde da população, a prevenção e o controle de riscos, agravos e doenças, bem como para a promoção da saúde (Brasil, 2011). A complexidade ligada à atenção básica e ao processo de trabalho a ela relacionada deve sempre se adequar a realidade local das unidades básicas de saúde para que possa proporcionar um uma pratica gerencial participativa a fim de garantir os objetivos da política nacional da atenção básica e consequentemente do SUS. De acordo com Mishima et al. (1997), a gerência pode ser entendida como um instrumento importante para efetivação de políticas; ela é ao mesmo tempo, condicionante do e condicionada pelo modo que se organiza a produção de serviços. Esta dupla posição - de produto de um determinado contexto e de criador deste mesmo contexto - torna o processo de gestão permeável à influência dos diferentes sujeitos sociais interessados em diversas políticas de saúde. Entendemos a gerência como instrumento do processo de trabalho, já configurado à rede básica de serviços de saúde, por referência ao processo de municipalização, pelo seu caráter articulador e integrativo, ou seja, a ação gerencial é determinante do processo de organização de serviços de saúde e fundamental na efetivação de políticas sociais, em especial, as de saúde (Passos et al., 2006). Segundo Junqueira (1990), a eficácia das organizações de saúde também vai depender das relações que estabelecem pessoas, tecnologia, recursos e administração, para realizar a tarefa organizacional de prestação de serviços de saúde. O gerenciamento dos serviços de saúde e suas práticas de trabalho, devem ser realizadas horizontalmente e pactuada com a equipe, na perspectiva de gestão integradora, participativa e objetivando a realidade local da comunidade envolvida na responsabilização individual. Assim, ser gestor da atenção primaria a saúde, deve alinhar-se com a realidade local, dentro das condições geográficas, socioeconômicas e relações interpessoais, alem das competências legais da unidade de saúde. Nessa perspectiva, as competências para se gerir uma unidade de saúde são: 1 Visão em longo prazo; 2 Comunicação eficaz; 15 3 Processo participativo; 4 Responsabilidade ética e social; 5 Liderança e articulação entre as pessoas Segundo Penna et al. (2004), espera –se, portanto, dos profissionais que atuam hoje como gerentes das UBS que, além de suas habilidades peculiares, advindas de sua formação de base e daquelas adquiridas em cursos de capacitação gerencial, tenham flexibilidade para buscar “inovações” e criar soluções para os problemas a partir de sua própria prática cotidiana. Conforme, citado por Melo et al. (2002, p. 197-198): Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: A atitude fundamental no processo de identificar inovações é a de manter a crença de que as coisas não são o que parecem, e, por isso, existe uma grande possibilidade de que, na desordem aparente do sistema público de saúde, estejam em desenvolvimento inovações na gestão. Inovações são compreendidas como modos, formas, processos e instrumentos adotados pelos atores / gestores, visando a criar atitudes e modos de pensar que contribuam para o enfrentamento de situações consideradas desfavoráveis. Para Penna et al. (2004), a profusão de atividades da APS requer que a gerência das UBS possua particularidades que a diferenciam de outros setores e estão relacionadas ao seu objeto de trabalho que é a assistência à saúde da população da área adstrita. Nesse contexto, o gestor é atribuído de coordenar práticas de saúde, organizar a ambiência, propiciar recursos de 16 atendimento, articular os programas de saúde. A gerência dos serviços de saúde como um meio de melhorar a eficácia do sistema passa pelo entendimento das diversas dimensões presentes na organização: pessoas, recursos, tecnologia e administração, que têm o papel de combinar as anteriores na consecução dos objetivos organizacionais (JUNQUEIRA,1990). Assim o perfil do gerente, deve abranger, além de práticas administrativas, uma dimensão política, buscando a qualidade assistencial e observando a necessidade da população e sua dimensão geográfica. Ressaltando o aprimoramento de práticas gerenciais constantes para organizar o processo de trabalho em sua amplitude de planejamento estratégico. Considerando-se a complexidade dos serviços de saúde, os critérios nem sempre adequados de escolha dos gerentes como atores estratégicos para a organização dos serviços, a fragilidade e descontinuidade dos programas de educação permanente, o conhecimento sobre quem são os trabalhadores que atuam na área gerencial pode oferecer subsídios para a implementação de projetos de capacitação voltados para a realidade local e, consequentemente, para a efetivação das políticas públicas de saúde (ALVES et al., 2002). Portanto, reconstruir modelos de gestão, com novas abordagens gerenciais, afim de aproximar os membros da equipe de trabalho com a população, também oportunizando discussões, oportunidades e aperfeiçoamento, com o objetivo de trazer melhorias ao processo de trabalho (FERNANDES et al., 2003).Assim, a gestão da atenção básica de saúde deve contribuir para o fortalecimento do SUS, seus princípios e diretrizes, como também, atender de forma participativa e dinâmica, as necessidades da população e profissionais. Buscando sempre aplicar a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), e transformar experiências profissionais com metodologia inovadoras e criativas, aplicando a dimensão dos conhecimentos e atributos individuais, necessários para subsidiar as exigências das políticas públicas de saúde. 1.2 Enfermeiro gestor da atenção básica em saúde Na década de 1990, com a implantação do SUS, começaram a surgir gerentes com novos conhecimentos e habilidades para atender, com eficiência, às necessidades de saúde da população do nível local. Consequentemente as instâncias deliberativas passaram por um processo de descentralização e as decisões remanejadas para os níveis locais (ALVES et al., 2004). O foco gerencial atual aborda como modelo a participação de todos os membros da equipe, pactuando objetivos específicos para a demanda Ada população, buscando aproximar o cuidado da realidade local. O gerenciamento da UBS é exercido de maneira dinâmica, desenvolvendo atividades junto à comunidade, realizando atendimento primário, deixando com que a população 17 tenha fácil acesso ao sistema (BRASIL, 1990). Assim, com a expansão das redes de atenção à saúde, o enfermeiro gestor vem se tornando um pratica cada vez mais comum, no Brasil. Nesse contexto, espera-se que o profissional de enfermagem seja capaz de desempenha o papel de gestor de forma participativa, inovadora, integradora e pelas necessidades do coletivo. Vislumbra-se a excelência da formação profissional do enfermeiro, sobretudo com uma visão gerencial crítica, capaz de embasar um processo de trabalho coeso que possibilite o entrelaçamento de práticas administrativas e assistenciais de forma harmônica a fim de sanar as necessidades da clientela com a qual atua (MONTEZELI et al., 2009). Entre as atribuições do gerente da Atenção Básica estão (BRASIL, 2017): • Conhecer e divulgar, junto aos demais profissionais, as diretrizes e normas que incidem sobre a AB; • Participar e orientar o processo de territorialização, diagnóstico situacional, planejamen- to e programação das equipes, avaliando resultados e propondo estratégias para o alcan- ce de metas de saúde; • Acompanhar, orientar e monitorar os processos de trabalho das equipes que atuam; • Assegurar a adequada alimentação de dados nos sistemas de informação da Atenção Básica vigente; • Estimular o vínculo entre os profissionais favorecendo o trabalho em equipe; • Potencializar a utilização de recursos físicos, tecnológicos e equipamentos existentes na UBS; • Qualificar a gestão da infraestrutura e dos insumos; • Conhecer a RAS, participar e fomentar a participação dos profissionais na organização dos fluxos de usuários; • Desenvolver gestão participativa e estimular a participação dos profissionais e usuários em instâncias de controle social. Portanto, a gerência como instrumento do processo de trabalho na organização de serviços de saúde implica na tomada de decisões que afetam a estrutura, o processo de produção e o produto de um sistema, visando ações que possibilitem intervenções impactantes no processo de trabalho em saúde, ou seja, viabilizar meios para prestação da assistência à clientela com eficiência, eficácia e efetividade, a fim de possibilitar a satisfação das necessidades de saúde desta clientela (PASSOS et al., 2006). Para Passos et al. (2006, p. 466): “Os enfermeiros gerentes de UBS estabelecem relação entre o objeto, atendimento de qualidade e a finalidade do processo 18 de trabalho, ou seja, as ações gerenciais são direcionadas ao atendimento das necessidades de saúde da cliente”. O enfermeiro é um líder da gestão de pessoas na medida em que, direta e continuamente, interage com a equipe de trabalho. Em que não só o gestor de enfermagem, mas cada enfermeiro, como líder, também é responsável pela administração do capital humano. Ou seja, as habilidades de liderança e administração são necessárias à mudança de gestão, independentemente da área de atuação (RUTHES et al., 2008). A líder busca e recebe continuamente informações que subsidiam a compreensão do que ocorre na sua organização. Com base nas informações recebidas, de sua organização e de seu ambiente externo, ele identificará problemas, detectará mudanças que possam estar acontecendo – ou necessidade de mudanças a serem implementadas – e tomará decisões (TREVIZAN et al., 1998). Assim, é possível entender que o gerenciamento de enfermagem está articulado às finalidades do trabalho em enfermagem, como instrumento de auxílio para planejamento, desenvolvimento e coordenação das atividades de enfermagem (MARTIS et al., 2009). Nesse sentido percebe-se que o enfermeiro no exercício de funções gerenciais, foca suas ações, principalmente, em alocar a equipe nas suas respectivas funções com a finalidade de evitar possíveis conflitos e atingir objetivos assistenciais. Assim, o enfermeiro assume papel de articulador para operacionalização do sistema de saúde, dos serviços e da assistência à saúde (GUERRA, 2011). As evidencias permitem caracterizar como desafios para o gerenciamento de enfermagem lacunas na formação profissional, aspectos atrelados a satisfação com o trabalho, a sobrecarga de trabalho e o despreparo para assumir tal função relativas ao conhecimento, habilidades e atitudes, além da desvalorização profissional, imposição e restrição técnica administrativa muitas vezes imposta pelas instituições (FERRERIA et al., 2019). Na formação, os embasamentos teóricos não foram suficientes para o entendimento gerencial dos mesmos, e sim a prática diária exercida no cargo de gerente, e que essa deficiência, permanece nas instituições em que trabalham, sem apoio na educação continuada (DAMASCENO et al., 2016). O trabalho gerencial na área de saúde apresenta especificidades próprias e para isso necessita de um campo de conhecimentos também próprios. Nesse sentido, tem buscado discutir questões teóricas relativas à gestão de serviços de saúde que mais se enquadrem a essa modalidade organizacional (Camacho, 2015) A gerencia do enfermeiro é multifatorial. Além disso, tem características de determinantes sócio-políticas, culturais e econômicas. Não pode ser um trabalho isolado, pois depende da ação conjunta da equipe, para ser transformadora da sua realidade e ser um agende de mudança 19 do seu processo de trabalho. Assim, conforme, Greco (2004), a administração em enfermagem passa a ser vista como uma função inerente ao trabalho do enfermeiro, pois para que se possa realizar qualquer procedimento em enfermagem é necessário que se pense, se avalie a ação a ser desenvolvida, que sejam providenciados os recursos para a realização da atividade, que o ambiente seja preparado para tal, enfim que os conhecimentos da administração sejam colocados em prática Por fim, enfermeiro gestor da atenção básica deve possui características que vão alem das lideranças e teorias administravas. O profissional deve construir um perfil acolhedor e ser associado às realidades da inserção da unidade básica de saúde. Assim também, deve atentar-se a políticas públicas de saúde e com elas a PNAB. O enfermeiro dentro do processo de trabalho gerencial deve buscar frequentemente ferramentas que embasem ao processo de gerir e também de relacionamento interprofissionais, para que possa elaborar uma gestão participativa. Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 2 AS POLÍTICAS DE SAÚDE E A GESTÃO NA ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE O SUS foi a maior conquista pelo direito a saúde e cidadania. Atualmente, o SUS é adotado como a política de saúde no Brasil sendo um articulador de todas as ações e serviços de saúde. Para Passos et al. (2006), o SUS representa um importante passo para o fortalecimento dos sistemas de administração locais e regionais, contribuindo para o aumentodo controle local e para as mudanças no processo de trabalho, Com isso, as políticas públicas passam por um processo de transformação e redemocratização, desde da reforma sanitária, na década de 1970 e intensificando na década de 90, com a 20 implantação do SUS. Nesse período, segundo Paim (2002), a APS passou a ter mais visibilidade política no Brasil a partir da VII Conferência Nacional de Saúde (VII CNS), realizada em 1980. Antes desse evento, a APS restringia-se às experiências da medicina comunitária e dos Programas de Extensão de Cobertura (PECS) das décadas de 1960 e 1970 (PAIM, 2002). Nesse contexto, a atenção básica atual sofreu diversas modificações e transformações, afim de, adquirir um embasamento legal e funcionamento hoje vivenciado. Todo o processo histórico das políticas públicas do Brasil transformou a discussão sobre atenção básica e seus modos de gerenciamento. 2.1 Histórico das políticas públicas de saúde A Atenção primária da saúde (APS) tem sido apresentada como um modelo adotado por diversos países desde a década de 1960 para proporcionar um maior e mais efetivo acesso ao sistema de saúde e também para tentar reverter o enfoque curativo, individual e hospitalar, tradicionalmente instituído nos sistemas de saúde nacionais, em um modelo preventivo, coletivo, territorializado e democrático (MATTA et al., 2007). No Brasil, a APS reflete os princípios da Reforma Sanitária, levando o SUS a adotar a designação atenção básica de saúdepara enfatizar a reorientação do modelo assistencial, com base em um sistema universal e integrado de atenção à saúde (PAIM,2002). Nos anos 1960 e 1970, muitos programas foram desenvolvidos pelo mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde a promover a I Conferência Internacional Sobre Cuidados Primários em Saúde, que propus o conceito de Atenção primária da saúde. De acordo com a Definição de cuidados primários de saúde na conferência de Alma-Ata (UNICEF, 1979:1): Cuidados essenciais baseados em métodos práticos, cientificamente bem fundamentados e socialmente aceitáveis e em tecnologia de acesso universal para indivíduos e suas famílias na comunidade, e a um custo que a comunidade e o país possam manter em cada fase de seu desenvolvimento, dentro do espírito de autoconfiança e autodeterminação. Os cuidados primários são parte integrante tanto do sistema de saúde do país, de que são ponto central e o foco principal, como do desenvolvimento socioeconômico geral da comunidade. Além de serem o primeiro nível de contato de indivíduos, da família e da comunidade com o sistema nacional de saúde, aproximando ao máximo possível os serviços de saúde nos lugares onde o povo vive e trabalha, constituem também o primeiro elemento de um contínuo processo de atendimento em saúde. A partir de então, experiências de organização dos cuidados primários foram desenvolvidas em todo o país e serviram como precursoras de ações e programas governamentais instituídos pelo Estado brasileiro e inspirados em modelos de APS de países como Canadá, Cuba, Suécia e Inglaterra (ALMEIDA et al., 2015). No início da década de 1990, foi criado o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) 21 e o Programa Saúde da Família, que posteriormente passou a ser Estratégia Saúde da Família. Tais programas foram os marcos para a mudança do paradigma governamental e reestruturação da nova política da Atenção básica e mudança de modelo assistencial Diante disso, a história da implantação da ABS pode ser resumida na tabela a seguir: Figura 1 - História da implantação da Atenção Básica em Saúde (1991 a 2017) Fonte: Elaborada pela autora, 2020 22 #ParaCegoVer: A tabela representa a história da consolidação da atenção básica no Brasil. Podemos ver vários programas e estratégias, até a formatação atual. Assim, as políticas públicas estão em constante transformação afim de atender a necessidade da APS e da população. Com isso, gestão da ABS deve está integrada a todo processo histórico, político e legal para um processo de trabalho eficiente e eficaz. 2.2 Política Nacional da Atenção Básica - PNAB A Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) é resultado da experiência acumulada por conjunto de atores envolvidos historicamente com o desenvolvimento e a consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS), como movimentos sociais, usuários, trabalhadores e gestores das três esferas de governo (BRASIL, 2011). No Brasil, a Atenção Básica é desenvolvida com o mais alto grau de descentralização e capilaridade, ocorrendo no local mais próximo da vida das pessoas. Ela deve ser o contato preferencial dos usuários, a principal porta de entrada e centro de comunicação com toda a Rede de Atenção à Saúde. Por isso, é fundamental que ela se oriente pelos princípios da universalidade, da acessibilidade, do vínculo, da continuidade do cuidado, da integralidade da atenção, da responsabilização, da humanização, da equidade e da participação social (BRASIL, 2011). Com a instituição e a implementação das diversas ações, percebeu-se, então, a necessidade de elaborar uma política nacional que não apenas agrupasse as distintas iniciativas, mas revisasse muitas delas, com vistas a definir prioridades e otimizar os gastos públicos. Instituiu-se um grupo de trabalho no Ministério da Saúde, em 2003, que produziu a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), publicada em março de 2006 (ALMEIDA, 2016). Em 2015, segundo Almeida et al. (2017), o Departamento de Atenção Básica (DAB) do Ministério da Saúde deu início a um conjunto de reuniões, oficinas e fóruns envolvendo trabalhadores, gestores, usuários e pesquisadores. 3 PRÁTICAS EDUCATIVAS NA ATENÇÃO BÁSICA As práticas educativas na Atenção Básica são essenciais, pois através delas é possível melhorar a condição de saúde da população. O Enfermeiro participa realiza no processo de gerenciamento dessas práticas educativas. Dessa forma, a PNAB passou por diversas atualizações e inovações, afim de compreender o melhor funcionamento das unidades básicas de saúde. Porém, para Almeida e col (2017) afirma que fundamentos e diretrizes estratégicas para a PNAB, reforçando a ESF como prioritária para a expansão e consolidação da atenção básica. Nessa perspectiva, segundo a PORTARIA Nº 2.436/ 2017, a Política Nacional de Atenção 23 Básica (PNAB) é resultado da experiência acumulada por um conjunto de atores envolvidos historicamente com o desenvolvimento e a consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS), como movimentos sociais, população, trabalhadores e gestores das três esferas de governo. Ainda na PNAB, tem na Saúde da Família tem sua estratégia prioritária para expansão e consolidação da Atenção Básica. Contudo reconhece outras estratégias de organização da Atenção Básica nos territórios, que devem seguir os princípios e diretrizes da Atenção Básica e do SUS, configurando um processo progressivo e singular que considera e inclui as especificidades locorregionais, ressaltando a dinamicidade do território e a existência de populações específicas, itinerantes e dispersas, que também são de responsabilidade da equipe enquanto estiverem no território, em consonância com a política de promoção da equidade em saúde (BRASIL, 2017). Por fim, podemos analisar que a PNAB passa por constantes mudanças a fim de sempre melhor atender a população e nortear os gestores sobre funcionamento, composição de equipe, especificidades de cada equipe de saúde da família e também sobre seu financiamento. Salienta-se que essa é uma política que faz parte diretamente do contexto profissional dos profissionais de saúde, devendo ser estudada frequentemente para melhor entender todo o processo de trabalho. E que para sua melhor implantação, e necessário a participação de todos os interesses políticos, econômicos e gerenciais para uma melhor concretização da PNAB pela luta do direto a saúde. FIQUE DE OLHO Apenas em 2017, o PNAB, reconheceu o papel do gerente de atenção básica, incluindo incentivo financeiro dogoverno federal, recomendando sua inserção na equipe, de acordo com a necessidade local com apoio financeiro federal. 24 Figura 2 - Representação da atenção básica adotada pelo Ministério da Saúde Fonte: Ministério da Saúde, 2020 #ParaCegoVer: Na figura, podemos ver a representação gráfica, adotada pelo ministério da saúde para exemplificar tudo que está relacionado com a Atenção Básica e ao programa saúde da família. 25 Nesta unidade, você teve a oportunidade de: • conhecer sobre as ações da atenção básicas e seus atributos dentro da Rede de atenção à saúde; • analisar o perfil de um gestor da atenção primaria à saúde; • compreender viés normativo para um enfermeiro gestor; • aprender sobre o enfermeiro gerente da unidade básica de saúde e suas atribuições; • estudar sobre as políticas públicas e a história da atenção básica no Brasil; • compreender sobre a política nacional da atenção básica. PARA RESUMIR ALMEIDA, E. R. et al. Política Nacional de Atenção Básica no Brasil: uma análise do pro- cesso de revisão (2015–2017). In: Rev Panam Salud Publica. 2018. Disponível em: https:// doi.org/10.26633/RPSP.2018.180 Acesso em: 27 abr. 2020 ALMEIDA, E. R. A gênese dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família. Salvador: Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia; 2016. Tese (Doutorado em Saúde Cole- tiva) - Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal da Bahia. 2016. ALVES, M. et al. Gestão das Unidades Básicas de Saúde de Belo Horizonte: uma análise descritiva do perfil e características dos gerentes. Relatório de Pesquisa, Escola de Enfer- magem. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais; 2002. BRASIL. Decreto nº 94.406, de 08 de junho de 1987. Regulamenta a Lei nº 7.498 de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre o exercício da enfermagem e dá outras providências. Diário Oficial [da República Federativa do Brasil], Brasília, 1987. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria de Consolidação nº 02, Anexo XXII, de 28 de setembro de 2017. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde; 2017]. Disponível em http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/ prc0002_03_10_2017.html. Acesso em: 27 abr. 2020 BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.488 de 21 de outubro de 2011. Aprova a Po- lítica Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica, para a Estratégia de Saúde da Família (ESF) e o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) Brasília: Ministério da Saúde; 2012. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2488_21_10_2011.html. Acesso em: 27 abr. 2020 BRASIL B. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Gestão da Atenção Básica [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. 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Compreenda as habilidades e conhecimentos que devem ser desenvolvidas pelo Enfermeiro para que a integralidade do cuidado à Saúde aconteça. Entenda também as atribuições do Enfermeiro dentro das especificidades da Atenção Básica, aprendendo como é realizada a análise da situação de saúde da população, o planejamento das ações de saúde, a atua a vigilância em saúde na Atenção Básica e o gerenciamento da sala de imunizações na Atenção Básica. Bons estudos! Introdução 31 1 NOÇÕES PRELIMINARES A Atenção Básica à Saúde é a porta de entrada do usuário do Sistema Único de Saúde, ela deve coordenar o cuidado e resolver a maioria dos problemas da população, reduzindo as internações hospitalares e óbitos evitáveis (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2019). A Gestão da Atenção Básica é complexa, pois deverá considerar o a análise da situação de saúde da população para o planejamento das ações para promoção, prevenção e reabilitação da Saúde. Veja a seguir os seus conceitos: Promoção de saúde Relacionada às ações frente aos condicionantes e determinantes da saúde e não são ações relacionadas só ao campo da saúde, podemos citar a operação lei seca como Política de Promoção da Saúde (BUSSI, 2010). Prevenção de saúde Relacionada a medidas específicas para que doenças não ocorram no indivíduo, por exemplo, a vacinação. Reabilitação Tratamento das doenças e sua cura. O cohecimento sobre essa disciplina pelo Enfermeiro é essencial, pois as ações de saúde da equipe de Enfermagem e dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS), na maioria das vezes, são coordenadas pelo enfermeiro. De acordo com Kennedy (2019, p. 1): Enfermeiros lideram seus colegas e outros profissionais, lideram suas equipes e seus pacientes rumo a uma saúde melhor e a estilos de vida mais produtivos e saudáveis. No entanto, enfermeiros poderiam ter um impacto ainda maior na saúde do mundo se tivessem a oportunidade de trabalhar com o máximo de suas capacidades e maior influência na tomada de decisões sobre políticas de saúde, sociais e econômicas. Dessa forma, é importante que o enfermeiro desenvolva algumas habilidades de liderança para influenciar a sua equipe. Essa liderança deve estimular a equipe de Saúde para a resolução dos problemas dos usuários da Unidade, pautadas nos princípios do SUS (FARAH et al., 2017). Abaixo estão listadas algumas das habilidades inerentes para uma boa liderança. 1.1 Inteligência Emocional A inteligência emocional é definida como a habilidade de entender as suas emoções e 32 aprender a lidar com elas. Ela está relacionada a uma boa liderança na Atenção Básica, pois, através dela, o enfermeiro é capaz de controlar o seu estresse e melhorar a capacidade de influenciar o comportamento positivo do paciente e da sua equipe. No entanto, como aprimorar esse tipo de inteligência? Na maioria das vezes, não é uma habilidade fácil de desenvolver, pois, na Saúde Pública, existem muitas pressões, tanto dos superiores para atingir as metas com poucos recursos, quanto dos usuários que querem a resolução dos seus problemas de saúde com rapidez. No entanto, o Enfermeiro deve ser capaz de transformar essa pressão em ação. Uma forma de desenvolver essa habilidade é através do autoconhecimento e reconhecimento da necessidade de melhorar a sua inteligência emocional. Ela pode ser realizada em terapias individuais ou até mesmo nas reuniões de equipe em grupos, preferencialmente, auxiliado por um psicólogo. 1.2 Comunicação eficaz A gestão da Atenção Básica deve ser multiprofissional, ou seja, deve ser realizada por toda equipe. Para que isso ocorra, é imprescindível a troca de experiências entre os envolvidos no processo de trabalho. Dessa forma, as reuniões de equipe são essenciais, pois todos podem contribuir no planejamento das ações de saúde (COUTINHO et al., 2019). É importante que o Enfermeiro, como coordenador das ações da equipe de Enfermagem, tenha a característica de saber ouvir e dialogar para a chegada de um objetivo em comum. Para que as ações de Enfermagem resultem em melhoria das condições de saúde da população é necessária uma comunicação eficaz, pois, na Atenção Básica, a assistência à saúde é complementada por toda equipe. Vamos dar um exemplo: o Técnico de Enfermagem ao realizar um curativo no seu João verifica que a glicemia dele está muito alterada e encaminha-o para uma consulta de Enfermagem. O enfermeiro identifica que o paciente está tomando os medicamentos corretamente e encaminha para o médico da Unidade, pois esses medicamentos não estão sendo eficazes para o seu tratamento. O médico da Unidade altera algumas medicações do paciente. É planejado visita domiciliar constante para Seu João para verificação da adesão e da eficácia do medicamento. De acordo com Broca et al. (2015, p. 468): “Não há interação sem comunicação e ambas são inerentes ao cuidado, sendo habilidades necessárias de serem desenvolvidas para que o cuidado se efetive”. 1.3 Mediação de conflitos A habilidade de negociação é uma característica essencial para a chegada de uma solução para um problema e, consequentemente, para realizar o planejamento adequado das ações de saúde. Segundo Kurcgant, (2010) existem quatro estilos para a resolução dos conflitos e todos podem ser usados em diferentes momentos: 33 Estilo colaborativo Indicado quando há interesses divergentes em ambas as partes e o interesse de ambos deve ser preservado. A resolução do problema é mais demorado e requer um maior esforço. Estilo contestador Indicado quando há a necessidade de uma decisão rápida. Estilo de aceitação Indicado quando o interesse da outra parte do conflito é muito mais importante. Estilo da retirada Indicado quando o tema não é relevante ou quando a retirada do conflito gera mais benefícios. Estilo do compromisso Possui elementos de todos os outros conflitos, utilizado quando se pode esperar uma situação mais adequada para a chegada de um acordo, caracterizada por muita negociação. 1.4 Delegação de responsabilidades A delegação do Enfermeiro da Atenção Básica acontece quando ele descentraliza as suas atividades para os técnicos e ACS de acordo com as suas competências com corresponsabilidade pelas ações realizadas. No entanto, muitos entendem a delegação de atividades como fiscalização de atividades para o cumprimento de metas (COUTINHO et.al, 2019). A delegação de responsabilidades facilita o trabalho de todos, estimula a equipepor se sentir parte integrante do planejamento da saúde e não sobrecarrega o Enfermeiro. Por exemplo: o enfermeiro poderá delegar aos ACS e aos técnicos de enfermagem a organização de uma campanha de prevenção da dengue na comunidade, supervisionando o seu andamento. A supervisão é uma tarefa contínua do Enfermeiro na Atenção Básica e inclui a avaliação das atividades planejadas realizadas pelos técnicos de enfermagem e ACS, visando o atendimento das necessidades em saúde da população do território. A supervisão é fundamental para a gestão da Atenção Básica, através dela é possível resolver os conflitos da equipe e a adequação do planejamento das ações de saúde (COUTINHO et al., 2019). 34 2 PAPEL DO ENFERMEIRO NA GESTÃO DA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA A Estratégia de Saúde da Família, anteriormente chamada de Programa Saúde da Família, é um modelo de Atenção Básica e foi implementada no ano de 1994 como proposta de reestruturação do modelo de atenção à saúde da população (BRASIL, 2010). A Equipe de Saúde da Família deve ser composta minimamente por médico, enfermeiro (preferencialmente especialista em saúde da família), auxiliares ou técnicos de enfermagem e agentes comunitários de saúde (BRASIL, 2017). São atribuições do Enfermeiro na Estratégia de Saúde da Família: realizar consulta de enfermagem, procedimentos, visitas domiciliares, educação em saúde, gerenciamento da sala de vacina, entre outros. Para que essas ações sejam efetivas e haja resolutividade dos problemas da população, é primordial a realização contínua do planejamento das ações de saúde (BRASIL, 2012). O planejamento deverá ser realizado por toda equipe de saúde e gerenciamento das ações de saúde dos técnicos de enfermagem ficará a cargo do enfermeiro. A supervisão das ações dos ACS é atribuição de toda equipe de saúde, mas se observa que na prática, os ACS são supervisionados pelo enfermeiro. 2.1 Análise da situação de saúde do território A Equipe de Saúde da Família realiza a assistência e gestão da saúde para a população na qual se tem responsabilidade sanitária, essa população é definida através do processo de territorialização (BRASIL, 2012). O território é definido espacialmente, considerando as características daquela população que tem um perfil demográfico, epidemiológico, histórico, administrativo, cultural entre outros. Dessa forma, o território, no contexto da atenção à saúde da população não deve ser definido como apenas um espaço físico, mas sim em algo em permanente construção, onde as pessoas possuem características que as aproximam (SANTOS et al., 2010). A análise da situação de saúde da população do território é a base para a realização de ações promoção, prevenção e reabilitação da saúde, pois permite caracterizar o perfil de saúde-doença daquele território, analisando os seus determinantes sociais de saúde (BRASIL, 2015). Os determinantes e condicionantes da saúde são fatores que influenciam no adoecimento da população. Cabe lembrar que, de acordo com a OPAS e a OMES, a saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, não se restringindo à ausência de afecções e enfermidades. A coleta de dados para análise da situação de saúde do território, através dos sistemas de informação gera menor custo e tempo. Os Sistemas de Informação em Saúde são ferramentas que possibilitam a consolidação de dados sobre a situação de saúde da população. Veja a seguir alguns dos Sistemas de Informação em Saúde que podem ser utilizados: 35 Sistema de Informação em Saúde para Atenção Básica (SISAB) Consolidação dos dados através de relatório das fichas de atividades coletivas, individual que são do cadastro da população do território com informações sobre habitação, educação, sexo, entre outros. Dessa forma, esse sistema possibilita gerar dados da situação sanitária da população do território (BRASIL, 2013). Sistema de Informação em Mortalidade (SIM) Utilizado para verificar a causa da mortalidade da população do território. Os dados são registrados através da Declaração de Óbito do paciente e podem ser solicitados à Secretária de Saúde do Município. Esses dados auxiliam na tomada de decisão, pois ajudam na análise da situação de saúde da população do território, pois identificam porque as pessoas estão morrendo. Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) Todas as doenças de notificação compulsória são registradas nesse Sistema e o seu gerenciamento poderá ficar centralizado na Secretaria de Saúde do município ou descentralizado em Unidades estratégicas e essas informações poderá ser solicitada pelo profissional da Atenção Básica. Através da análise da consolidação dos casos no território é possível identificar as doenças e agravos mais prevalentes na população do território e realizar ações em saúde para a sua prevenção. 2.2 Planejamento em Saúde na Atenção Básica O Planejamento das ações de saúde deve ser realizado pela equipe multiprofissional com as atribuições estabelecidas nas reuniões de equipe, realizadas, normalmente, semanalmente. O enfermeiro participa tanto do planejamento quanto da realização e supervisão das ações ativamente. Após realizar o diagnóstico da situação de saúde (realidade que deseja mudar) do território deverá ser realizado o plano para a realização das ações que poderá ser de curto, médio e longo prazo (DAGNINO, 2009). FIQUE DE OLHO O Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) dispõe das informações em Saúde consolidadas pelo Ministério da Saúde. Através do TabNet qualquer cidadão poderá verificar os dados de saúde do Brasil. Essas informações podem ser acessadas através do link: https://datasus.saude.gov.br/informacoes-de-saude-tabnet/ 36 As ações de saúde devem ser realizadas tanto baseadas no diagnóstico da situação de saúde da população do território quanto na observação das necessidades em saúde expressas nas demandas dos usuários. Necessidade em saúde é definido como algo que o usuário do SUS deseja e podem estar relacionadas à ausência de doença ou aos seus determinantes e condicionantes (AMORIM et al., 2017). Uma forma de realizar o caminho para as ações de saúde é o planejamento estratégico organizacional que possui quatro momentos: Diagnóstico É necessário entender o problema maior, passível de solução, que leva aos problemas menores. Para chegar ao problema maior deve-se listar todos os problemas os menores e relaciona-los com um maior que gera todos os menores (DAGNINO, 2009). Formulação Consiste em realizar o plano com as ações que deverão ser adotadas para a solução do problema (DAGNINO, 2009). Nesse exemplo, a equipe deverá realizar um plano para a captação precoce dessas gestantes com descrição da ação, de quem deverá realizar a ação, como realizar e o prazo. Estratégia Análise se o plano é possível e descrição de como executá-lo. Operação Realização da ação. O planejamento estratégico organizacional é um método muito útil se utilizado com compromisso por toda a equipe da Atenção Básica. Ele requer tempo para ser realizado e tempo para ser avaliado. A Equipe poderá reservar uma reunião mensal de equipe para realizar o planejamento, mas pelo menos semanalmente ele deve ser avaliado. O planejamento estratégico organizacional é um método muito útil se utilizado com compromisso por toda a equipe da Atenção Básica. Ele requer tempo para ser realizado e tempo para ser avaliado. A Equipe poderá reservar uma reunião mensal de equipe para realizar o planejamento, mas pelo menos semanalmente ele deve ser avaliado. 37 3 PRÁTICAS EDUCATIVAS NA ATENÇÃO BÁSICA As práticas educativas na Atenção Básica são essenciais, pois através delas é possível melhorar a condição de saúde da população. O Enfermeiro participa realiza no processo de gerenciamento dessas práticas educativas. 3.1 Educação na Saúde na Atenção Básica A Educação na Saúde está relacionada a prática de atuação profissional e está dividida em Educação continuada e em educaçãopermanente em saúde (BRASIL, 2017). A Educação continuada tem uma característica mais formal e clássica e está relacionada aos cursos com temas técnico-científicos com período determinado para o começo e o fim, como os cursos de pós-graduação (BRASIL, 2017). Dentro do contexto da atenção básica, se inserem em capacitações que podem ser oferecidas pelo gestor municipal ou pela equipe da Unidade. Por exemplo: o enfermeiro da Unidade poderá realizar capacitação sobre vacinação para os técnicos de enfermagem durante um mês toda a quarta-feira. Já na Educação Permanente todos os profissionais são ativos, existem trocas de informações e experiências para a melhoria do processo de trabalho a partir dos desafios encontrados no dia- a-dia (BRASIL, 2012). A Educação Permanente é definida como uma aprendizagem no trabalho, onde é possível gerar reflexões sobre o processo de trabalho e a transformação das práticas profissionais (BRASIL, 2017). A Educação Permanente, como o nome já diz, é contínua, e poderá ser aprimorada nas reuniões de equipe através das discussões das dificuldades para a realização do planejamento em saúde no território. Como o Enfermeiro supervisiona as ações dos técnicos de enfermagem e, junto com a equipe de saúde, dos ACS, ele tem papel fundamental na Educação Permanente. 3.2 Educação em Saúde na Atenção Básica A Educação em Saúde na Atenção Básica é realizada para a população como ferramenta de promoção da Saúde (SALCI et al., 2013). As práticas de Educação em Saúde poderão ser realizadas por toda equipe de acordo com o diagnóstico da situação de saúde da população do território. Para ela ser uma prática transformadora ela deve ser integrativa e dialógica. No entanto, o que é observado nas Unidades Básicas é a utilização de práticas educativas através de palestras, apenas para cumprir metas, onde o estímulo para a interação da população não acontece. De acordo com Falkenberg (2014, p. 848): A educação em saúde como processo político pedagógico requer o desenvolvimento de um pensar crítico e reflexivo, permitindo desvelar a realidade e propor ações transformadoras que levem o indivíduo à sua autonomia e emancipação como sujeito histórico e social, capaz de propor e opinar nas decisões de saúde para cuidar de si, de sua família e de sua coletividade. 38 O Enfermeiro tem papel decisivo para o gerenciamento das práticas de educação em saúde, pois deverá inserir no planejamento das ações de saúde da equipe de enfermagem e dos ACS as atividades de educação em saúde. Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 4 ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NA PREVENÇÃO E VIGILÂNCIA DAS DOENÇAS A prevenção das doenças é uma medida que deve ser utilizada pelo Enfermeiro da Atenção Básica constantemente. Duas formas de se realizar essa prevenção são através da notificação e investigação de doenças e na imunização da população. 4.1 Atuação do enfermeiro na vigilância em Saúde da Atenção Básica A Vigilância em Saúde é uma estratégia de promoção e prevenção da saúde e é composta pela Vigilância Sanitária, Epidemiológica e do Trabalhador (BRASIL, 1990). Segundo a Lei Orgânica de Saúde (BRASIL, 1990), a vigilância epidemiológica tem a seguinte definição: um conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos. A Vigilância em Saúde na Atenção Básica é utilizada através do monitoramento das doenças e agravos no território e das ações para sua prevenção. As informações baseadas nas notificações das doenças das Unidades de Saúde geram ações regionais, municipais, estaduais e/ou nacionais, dependendo da situação de saúde de cada região. Por exemplo: Colocando em prática: você é Enfermeiro de uma Unidade de Saúde e notificou vários casos de Sífilis adquirida no mês de 39 janeiro, observando um aumento do número de casos no território. Essas informações devem gerar ações, tais como, campanhas, busca ativa para tratamento e educação em saúde. Existem algumas doenças que são de notificação compulsória, devido a algumas características como capacidade de transmissão, estigma, alta letalidade, entre outros. Abaixo a lista das doenças de Notificação Compulsória Nacional e os prazos de envio da Ficha de Notificação para o Nível Central da Vigilância em Saúde do município: Doenças de notificação semanal: Acidente de trabalho com material biológico; Dengue; Doença aguda pelo vírus Zika; Doença de Chagas Crônica; Doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ); Esquistossomose; Febre de Chikungunya; Hanseníase; Hepatites virais; HIV; AIDS e Criança exposta ao risco de transmissão vertical do HIV; Intoxicação Exógena (por substâncias químicas, incluindo agrotóxicos, gases tóxicos e metais pesados); Leishmaniose Tegumentar Americana e Visceral; Malária na Região Amazônica; Óbito: Infantil e Materno; Sífilis: Adquirida ;Congênita; Em gestante; Toxoplasmose gestacional e congênita; Tuberculose; Violência doméstica e/ou outras violências; Violência doméstica e/ou outras violências ( BRASIL, 2016) Doenças de notificação imediata: Acidente de trabalho: grave, fatal e em crianças e adolescentes; Acidente por animal peçonhento; Acidente por animal potencialmente transmissor da raiva; Botulismo; Cólera; Coqueluche; Difteria; Doença aguda pelo vírus Zika em gestante;; Doença de Chagas Aguda; Doença Invasiva por “Haemophilus Influenza”; Doença Meningocócica e outras meningites; Doenças com suspeita de disseminação intencional ( Antraz pneumônico, Tularemia, . Varíola); Doenças Exantemáticas( Sarampo e Rubéola); Doenças febris hemorrágicas emergentes/reemergentes ( Arenavírus; Ebola; Marburg; Lassae); Febre purpúrica brasileira; Evento de Saúde Pública (ESP) que se constitua ameaça à saúde pública. Ex: covid-19; Eventos adversos graves ou óbitos pós vacinação; Febre Amarela; Febre do Nilo Ocidental e outras arboviroses de importância em saúde pública; Febre Maculosa e outras Riquetisioses; Febre Tifoide; Hantavirose; Hepatites virais; Influenza humana produzida por novo subtipo viral; Leptospirose; Malária na região extra-Amazônica; Óbito com suspeita de Febre de Chikungunya; Óbito por Dengue; Peste; Poliomielite por poliovirus selvagem; Raiva humana; Síndrome da Paralisia Flácida Aguda; Síndrome da Rubéola Congênita; Síndrome Respiratória Aguda Grave associada a Coronavírus (SARS-CoV, MERS- CoV); Tétano ( Acidental e Neonatal; Varicela - caso grave internado ou óbito; Violência sexual e tentativa de suicídio (BRASIL, 2016). É importante lembrar que surtos de doenças que não estão na lista de notificação compulsória devem ser notificados. Por exemplo: dois ou mais casos de doenças diarreicas relacionadas a alguma fonte em comum, varicela em uma mesma escola, parotidite em instituição de longa permanência de idosos. 40 O papel do Enfermeiro na vigilância Epidemiológica na Atenção Básica deve ser em conjunto com toda a equipe multiprofissional, realizando notificações nos prazos previstos e investigações as doenças através de visitas domiciliares, vacinação, coleta de material biológico, entre outros. 4.2 Atuação do Enfermeiro no gerenciamento da Sala de Imunização na Atenção Básica A imunização deve ser uma ação prioritária para as equipes da Atenção Básica, pois através dela é possível realizar a prevenção de várias doenças, em todas as faixas etárias e condições de vida. A sala de imunização nas Unidades Básicas de Saúde representa a última instância da rede de frio (todo o processo de distribuição e armazenamento das vacinas), pois é onde se atinge o objetivo da vacinação: a prevenção de doenças (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017). Na maioria das Unidades Básicas a responsabilidade por toda a gestão das vacinas é do enfermeiro que inclui a sua solicitação ao município, o armazenamento adequado com o controle de temperatura da geladeira e o treinamento dostécnicos de enfermagem. A meta do Programa Nacional de Imunização é a vacinação de 100% das crianças menores de 1 ano, possibilitando a melhora na situação de saúde das crianças e reduzindo as suas internações por doenças imunopreveníveis (SIQUEIRA et al, 2017). A supervisão e treinamento de toda equipe é de grande importância para que não haja perdas de oportunidade de vacinação (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014). Dessa forma, o ACS devem ser treinados para realizar busca ativa para a verificação da situação vacinal de toda a população e os técnicos de enfermagem para realizar a vacina no local correta, adiar a vacina apenas quando for necessário e evitar erros de administração de vacina. , 41 Figura 1 - Vacinação Fonte: Gajus, Shutterstock, 2020 #ParaCegoVer: A imagem ilustra uma enfermeira aplicando uma vacina no braço de uma criança. Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 42 5 ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO EM OUTROS PROGRAMAS DA ATENÇÃO BÁSICA Existem várias formas do Enfermeiro da Atenção Básica atuar diante das populações com necessidades especificas. Veja a seguir algumas delas: Equipes de Saúde da Família para o atendimento da população ribeirinha da Amazônia Legal e Pantanal sul mato-grossense Essas Unidades deverão funcionar por no mínimo vinte dias e a Equipe deve incluir o enfermeiro generalista ou especialista em saúde da família. Essa equipe deverá considerar a especificidade da Unidade para organizar as ações de saúde. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). A análise da situação da saúde da população e o planejamento das ações deverão ser realizados considerando a especificidade da população ribeirinha. Programa Saúde na Escola O Programa de Saúde na Escola foi instituído em 2007 com o objetivo de proporcionar a saúde integral para crianças e adolescentes. Suas ações são realizadas pela equipe de Atenção Básica na qual a escola está vinculada (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). São ações do Enfermeiro na Saúde da Escola: realizar o planejamento das ações assistenciais, incluindo as ações de vacinação e realizar, junto com a equipe de saúde, o planejamento de educação em saúde para os alunos da escola (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009). Programa Consultório na rua O Programa consultório na rua foi criado para atender as necessidades em saúde das pessoas vivendo em situação de rua, onde a equipe de saúde vai até o usuário. É formando por uma equipe multiprofissional geralmente vinculada a uma Unidade de Saúde de Atenção Básica. O Enfermeiro é participante ativo nessa estratégia e deverá considerando a complexidade das pessoas que vivem nessa situação e as doenças mais prevalentes. No entanto, é importante reforçar que o planejamento das ações em saúde não deve ser baseado apenas na ausência de doenças e sim todos os seus determinantes e condicionantes. 43 Nesta unidade, você teve a oportunidade de: • conhecer as habilidades de liderança que o Enfermeiro deve ter para motivar a equi- pe nas ações de Saúde na Atenção Básica; • entender como é realizado a análise da situação de saúde para e o planejamento das ações de saúde na Atenção Básica; • aprender sobre as práticas de educativas na Atenção Básica, entendendo conceitos de educação na saúde e em saúde; • aprender como é realizada a vigilância em saúde na Atenção Básica e sobre as doen- ças de notificação compulsória; • entender qual é o papel do Enfermeiro no gerenciamento da imunização na Atenção Básica. PARA RESUMIR AMORIM, J de F et al. Atendimento das necessidades em saúde das travestis na Atenção Primária. Rev. Baiana de Saúde Pública. V41, n3 p. 759-773. Jul/set 2017. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Cadernos de Atenção Básica: saúde na escola. Brasília, 2009. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Memórias da Saúde da Família no Brasil. Brasília: 2010. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Política Nacional de Atenção Básica. Brasília, 2012. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Manual de normas e procedimentos para vacinação. Brasília, 2014. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Manual da Rede de frio do Programa Nacional de Imunização. 5ª edição. Brasília, 2017. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Política Nacional de Educação Permanente em Saúde: o que tem produzido para o seu fortalecimento?1ª ed. Brasília, 2018. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Guia de Vigilância em Saúde. Brasília: 2019. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Carteira de serviços da Atenção Primária à Saúde (CaSAPS): versão Profissionais de Saúde e Gestores completa. Brasília: 2019. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE/UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS. Asis-Análise de Situação de Saúde. Vol 1. Brasília-DF, 2015. BRASIL. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Disponível em: http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm Acesso em: 23 abr. 2020. BRASIL. Portaria nº 1.412, de 10 de julho de 2013. Institui o Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (SISAB). Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/ saudelegis/gm/2013/prt1412_10_07_2013.html Acesso em: 23 abr. 2020. BRASIL. Portaria nº204, de 17 de fevereiro de 2016. Define a Lista Nacional de Notificação Compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde pública nos serviços de saúde públicos e privados em todo o território nacional, nos termos do anexo, e dá outras providências. Disponúvel em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2016/ prt0204_17_02_2016.html Acesso em: 23 abr. 2020. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Portaria nº 2.436, de 21 de setembro de 2017. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização da Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Disponível em: https://bvsms. saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prt2436_22_09_2017.html Acesso em: 23 abr. 2020 BROCA, P. V. et al. Processo de comunicação na equipe de enfermagema fundamentado no diálogo entre Berlo e King. Esc Anna Nery 2015;19(3):467-474. Disponível em: http:// www.scielo.br/pdf/ean/v19n3/1414-8145-ean-19-03-0467.pdf. Acesso em 19 abr de 2020. BUSS, P. M. O conceito de promoção da saúde e os determinantes sociais. Disponível em: https://agencia.fiocruz.br/o-conceito-de-promo%C3%A7%C3%A3o-da-sa%C3%BAde-e- os-determinantes-sociais. Acesso em 20 abr. 2020. COUTINHO, A. F. et.al. Gestão em enfermagem de pessoal na estratégia saúde da família. Rev enferm UFPE on line. Recife, 13(1): 137-47, jan., 2019. DAGNINO, R. P. Planejamento estratégico governamental. Especialização em Gestão em Saúde: módulo básico. 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