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Resposta do réu: aspectos linguísticos e estruturais A contestação é o momento onde o réu se defende das alegações do autor de um processo. O réu pode atacar as alegações da parte autora, rebater os principais argumentos, impugnar as afirmações do autor e alegar a matéria de defesa do litígio. A contestação deve ser escrita com o intuito de convencer o magistrado de que o autor não possui os direitos que pretende ou, ao menos, não os possui nos moldes em que os alega, a contestação é o momento para discutir todas as alegações do autor. Art. 335. O réu poderá oferecer contestação, por petição, no prazo de 15 (quinze) dias. Art. 336. Incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir. Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: I - inexistência ou nulidade da citação; II - incompetência absoluta e relativa; III - incorreção do valor da causa; Da linguagem da sentença: Por meio da sentença, o juiz decide a questão trazida ao seu conhecimento, pondo fim ao processo na primeira instância. Art. 489. São elementos essenciais da sentença: I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a identificação do caso, com a suma do pedido e da contestação, e o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo; (resumo do caso) II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito; (fundamentação jurídica) III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais que as partes lhe submeterem (decisão). Da linguagem da sentença: Vistos. Dispensado o relatório, conforme o art. 38 da Lei nº 9.099/95, D E C I D O. Passo ao mérito, pois o processo comporta imediato julgamento, sendo desnecessária dilação probatória, nos termos do art. 355, inciso I, do Código de Processo Civil. A parte autora pretende a rescisão do contrato mencionado na inicial e a declaração da inexigibilidade da multa em razão do cancelamento antecipado do contrato. A parte ré alega em sua defesa que o contrato mencionado na inicial prevê multa por rescisão antes de completados 12 meses de vigência (pag. 73). No presente caso, assiste razão à parte autora, pois a imposição de multas contratuais em razão de cláusula de fidelidade (permanência), caracteriza cobrança abusiva. Nesse sentido, já decidiu o Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo: […] No presente caso, a solicitação de cancelamento ocorreu 17/04/2020, sendo incontroversa a cobrança da multa devido à cláusula de fidelidade em razão do cancelamento antecipado do contrato, conforme alegado pela parte ré em sua defesa. Assim, diante do mencionado acima, o pedido da parte autora deve ser acolhido, devendo ser declarada inexigível a cobrança da multa mencionada na inicial. O pedido de indenização por danos morais também procede. A inscrição do nome nos órgãos de proteção ao crédito causa graves restrições à obtenção de crédito, impedindo a contratação de financiamento e trazendo ao negativado mais que mero aborrecimento ou dissabor, mas verdadeiro constrangimento e ofensa à honra, por ser considerado mau pagador, caracterizando-se o dano moral, sendo desnecessárias maiores provas disso, pelo dano ser presumido (Resp 591.238/MT, Rei. Ministro HÉLIO QUAGLIABARBOSA, QUARTA TURMA, julgado em 10.04.2007, DJ 28.05.2007 p. 344). A fixação do valor desse dano não é questão pacífica, sobretudo porque o dano moral não tem equivalente econômico. No Brasil vigora, nesse tema, "o sistema aberto da reparabilidade de danos extrapatrimoniais" (cf. "Responsabilidade Civil-Dano Extrapatrimomal por Abalo de Crédito" - dissertação apresentada no Curso de Pós Gradução-Mestrado, no setor de Ciências Jurídicas da Universidade Federal do Paraná, pelo professor e advogado Flori Antônio Tasca, 1a ed , Juruá Ed , p 193), de tal maneira que o valor da indenização deve ser fixado pela livre apreciação judicial, observando-se, porém, cautela e moderação, para que não ocorram excessos. Então, tem-se como justa indenização no valor constante do dispositivo desta sentença. Sobre o valor ora arbitrado incidirão juros de mora desde a citação, pois se trata de responsabilidade civil contratual, e correção monetária a partir de hoje, porque nesta data está sendo arbitrada a indenização (Súmula 362 do STJ).Por fim, anoto que outros argumentos eventualmente deduzidos no processo não são capazes de, em tese, infirmar a presente conclusão. Acórdão: decisão de 2º instância, onde o processo é analisado por três desembargadores. Coisa julgada: qualidade que torna a decisão de mérito (ex: sentença) imutável e indiscutível. Dar provimento: dar decisão favorável ao recurso, modificando a decisão anterior. Desembargador: juiz que atua na 2ª instância. Deserção: consequência pelo não pagamento de custas processuais ou depósito recursal. Intempestivo: fora do prazo legal. Negar provimento: não acolher um recurso ou decidir em sentido contrário ao que foi pedido. Trânsito em julgado: expressão usada para uma decisão da qual não se pode mais recorrer, seja porque todos os recursos possíveis foram apresentados, seja porque o prazo para recorrer se esgotou. ARGUMENTAÇÃO – ORATÓRIA FORENSE: Conceito: Segundo Costa (2008, p. 3), a argumentação é uma atividade “social, intelectual, verbal e não verbal, utilizada para justificar ou refutar uma opinião; engloba um conjunto específico de declarações dirigidas para obter a aprovação de um ponto de vista particular por um ou mais interlocutores”. A argumentação e as opiniões só se desenvolvem sendo praticadas. Dessa maneira, não podemos apenas receber o conteúdo ou ler um texto e aceitá-los sem questioná-los. 1. Convencer é uma das principais missões do advogado, portanto, fazer com que sua informação seja aceita é uma das metas. É necessário, para tal, estar preparado. Persuadir, segundo Houaiss e Villar (2001), é o ato de determinar a sua vontade sobre algo, induzir, aconselhar, ou ainda fazer levar a crer. 2. A fala com naturalidade também é comprovadamente mais bem aceita do que a fala forçada. 3. O conhecimento é a ferramenta, portanto, para fazer valer a palavra do advogado, assim como sua credibilidade. O bom orador precisa ter: 1. Modulação da voz – evitar tom de voz ensaiado. Observe a velocidade da fala e o ritmo. 2. Autoconfiança: confie em si mesmo. Conheça a sua plateia. 3. Empatia: goste daquilo que você está falando e mostre que gosta. 4. Capacidade de síntese: seja sucinto. Ao fazer isso, seu discurso será bem aceito pelo público. 5. BOM HUMOR O que é um enunciado? É a maneira de comunicação verbal real. Os enunciados são as unidades de comunicação e de interação entre os indivíduos. Em termos jurídicos: O enunciado serve para expressar a direção que determinados julgadores têm acerca de um tema controvertido e/ou contestável, objetivando anunciar a jurisprudência. Os enunciados não possuem o poder da lei, eles não têm uma aplicação obrigatória. Os enunciados têm como objetivo orientar, pois eles apresentam o entendimento do tribunal sobre determinado conteúdo de direito em questão. Estatuto da Advocacia e da OAB em seu artigo 7º. Onde trata dos direitos do advogado e estabelece algumas situações em que o profissional deve se manifestar oralmente: X - usar da palavra, pela ordem, em qualquer tribunal judicial ou administrativo, órgão de deliberação coletiva da administração pública ou comissão parlamentar de inquérito, mediante intervenção pontual e sumária, para esclarecer equívoco ou dúvida surgida em relação a fatos, a documentos ou a afirmações que influam na decisão; (Redação dada pela Lei nº 14.365, de 2022) XI – reclamar, verbalmente ou por escrito, perante qualquer juízo, tribunal ou autoridade, contra a inobservância de preceito de lei, regulamento ou regimento; XII – falar, sentado ou em pé, em juízo, tribunal ou órgão de deliberação coletiva da Administração Pública ou do Poder Legislativo. Retórica: arte de persuadir e faculdade de descobrir os meiosde persuasão sobre qualquer questão dada. Os discursos de natureza jurídica são intrinsecamente retóricos. Isso porque trata-se da elaboração de teses argumentativas dialéticas, nas quais as partes buscam provar estarem com a razão. Retórica é muito presente na dramatização no tribunal do júri para influenciar jurados e até os juízes em suas alegações. O que eles fazem, essencialmente, é apelar para o lado emocional das pessoas. Retórica não serve somente para advogado: A capacidade de persuasão de promotores e juízes: pode, por exemplo, facilitar muito a conciliação entre as partes de um processo, evitando demandas longas e custosas para o serviço público e para todos os envolvidos. ELEMENTOS E ARGUMENTAÇÃO JURÍDICA A argumentação jurídica serve para que o advogado possa defender o seu posicionamento frente a um processo judicial. Sendo assim, ele apresenta o caso ao judiciário através de uma petição inicial e tenta convencer os magistrados de que o seu cliente é culpado ou inocente, por exemplo. Assim, ele precisa ser convincente e apresentar provas que deem embasamento a sua oratória. PRÓ-TESE A argumentação são extraídas dos fatos reais averiguados. Uma estrutura sugerida para desenvolvê-lo é: Tese + porque + e também + além disso. Por exemplo: Fernando gerou dano moral em Amélia, porque a conduta de Fernando causou prejuízo psicológico gravíssimo que ocasionou depressão aguda, e também porque agiu covardemente contra uma pessoa que durante anos foi sua companheira. Além disso, já possui um histórico longo de condutas cíveis tóxicas. AUTORIDADE Tal argumentação jurídica traveste de prestígio dos atos ou dos juízos de uma pessoa ou grupo de pessoas. Constituindo-se em alguns casos, inclusive, como fontes legais. Ressalta-se como exemplo a Legislação, Doutrina, Princípios, Súmulas e Jurisprudências dos Tribunais que podem figurar neste papel, isto é, de influência jurídica e – inclusive – fonte de aplicação do Direito. ARGUMENTO DE OPOSIÇÃO Já essa terceira ferramenta de argumentação jurídica apresenta argumentos em primeiro momento que sejam contrários aos pontos de vista defendidos por ele. Depois trata-os como possibilidade de conclusões e, em seguida, apresenta os pontos de vista de fato contrários à respectiva proposição. O impacto disso é que tal estratégia pode prever possíveis exercícios de discurso, enfraquecendo dessa maneira a outra parte. Art. 5º, LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; (destaques nossos). ANALOGIA Essa ferramenta de argumentação jurídica dispõe que a justiça deve tratar as mesmas situações de forma isonômica, isto é, prevendo a segurança jurídica. Por exemplo, as citações de jurisprudência são as espécies mais costumeiras da utilização da analogia. A consequência disso é maior eficácia, já que o juiz geralmente se sente afetado de alguma forma a decidir com base na decisão já tomada em situações anteriores. CAUSA E EFEITO tal argumentação jurídica tem o objetivo de evidenciar as consequências diretas da realização de ações específicas praticadas pelas partes. Quando se trata de responsabilidade civil e direito penal, é uma excelente escolha de argumento para estabelecer uma relação causal entre ação e resultado. Ex: inscrição indevida no SERASA – ato ilícito – dever de reparar o dano. ELEMENTOS DA ARGUMENTAÇÃO (EM GERAL): 1. Alegação ou tese A alegação ou tese é o ponto principal. Busca mudar a forma como uma audiência pensa ou age. Normalmente ocorre na forma de uma afirmativa “Sabe-se que chove bastante em março em São Paulo”. Ex2: sabe-se que a inscrição indevida no serasa gera um abalo moral à pessoa. 2. Fundamento ou motivo O fundamento ou motivo serve como base para a alegação. Normalmente, é precedido por um “porque” implícito: “Sabe-se que chove bastante em março em São Paulo porque registros meterológicos confirmam uma média de precipitação alta”. Ex2: sabe-se que a inscrição indevida no SERASA gera abalo moral à pessoa, tendo em vista que afeta a sua honra, imagem perante todos. 3. Qualificador O qualificador são restrições de situação, circunstâncias, limites de dados ou contextos. Os qualificadores lógicos (“algum, nenhum, todos”) aparecem aqui, mas por vezes há outros qualificadores. “Muito dos últimos cinquenta anos indica que chove bastante em março em São Paulo porque registros meterológicos confirmam uma média de precipitação alta”. Ex2: a probabilidade de auferir um dano moral por conta da inscrição indevida no serasa é alta, porque todos, senão a maioria dos desembargadores do TJSC condenam a pagar uma justa indenização por danos morais. 4. Substanciação, apoio ou evidência A substanciação, apoio ou evidência ligam a alegação a uma base factual, ideológica ou axiológica comprovadas. Na substanciação é importante creditar a fonte. “Muito dos últimos cinquenta anos indica que chove bastante em março em São Paulo porque registros meterológicos confirmam uma média de precipitação alta por volta de 200 mm, segundo o INMET (Instituto Nacional de Metorologia). ” Ex2: a inscrição indevida no SERASA gera dano moral in re ipsa, segundo STJ. 5. Refutação, reconhecimento ou resposta Reconhece outras posições alternativas e as limitações do próprio argumento. Responde às possíveis objeções e limitações do argumento. “Muito dos últimos cinquenta anos indica que chove bastante em março em São Paulo porque registros meterológicos confirmam uma média de precipitação alta por volta de 200 mm, segundo o INMET, apesar de outros institutos terem encontrados médias diferentes. Há ainda diferenças espaciais na cidade, com maior precipitação na Zona Sul. Além disso, não argumentamos aqui que março seja o mês mais chuvoso, o qual é janeiro. ” Ex2: a inscrição indevida no serasa gera dano moral in re ipsa, segundo o entendimento do STJ, apesar de ainda alguns tribunais pedirem para comprovar o abalo moral. 6. Justificativa ou motivação: Muitos deixam a justificativa de lado, esperando que seja óbvia à audiência. Apesar de haver uma considerável parte de raciocínio tácito, é dever do interlocutor fazer a ponte entre evidência e alegação. Fundamentação da sua alegação, sendo após a conclusão do raciocínio. Ex: previsão legal. – e concluir a tese – portanto… justifica-se o pedido de dano moral de X valor…. FALÁCIAS ARGUMENTATIVAS: Uma falácia é um argumento logicamente incoerente, sem fundamento, inválido ou falho na tentativa de provar o que se alega. "Argumentum ad hominem" Esse tipo de argumento é considerado como sendo um dos argumentos mais rasteiros que a pessoa poderia se utilizar contra o debatedor - ou seja, a pessoa refuta o argumento de seu interlocutor porque num passado remoto, ou próximo ele teria feito algo relacionado com o assunto debatido; ou se utiliza da defesa da pessoa para dizer que ela tem algum interesse no assunto porque ganha com isso (exemplo seria de um Advogado que defende a legalização da maconha; segundo o debatedor o outro estaria defendendo porque lucraria com isso como criminalista que é). Apelo à autoridade Também chamado de argumento de autoridade, é aquele que a pessoa se utiliza para ganhar a conversa na "carteirada" e desqualificar o "adversário debatedor" com palavras que, sequer, são suas. "Foi fulano, especialista nesse assunto que disse isso - quem é você para dizer que está errado, que não é assim"? - exemplo. LÓGICA JURÍDICA: A lógica jurídica é o conjunto de técnicas de raciocínio que permitem ao julgador conciliar, em cada caso, o respeito ao direito e a solução encontrada. As fontes do direito, tais como postas em cada sistema jurídico, são o ponto de partida do raciocínio do jurista, que tem como objetivo a adaptação dos textos jurídicos às necessidades e às aspirações de uma sociedade viva, em constante Mutação. O jurista – seja ele juiz, promotor, advogado, consultor, legisladorou estudioso do direito – usa habitualmente a Lógica (coerência) em suas sentenças, petições, recursos, pareceres, justificações ou estudos. Ex: pedir para entrar com ação de separação judicial e extinguir o processo de divórcio – ilógico HERMENÊUTICA JURÍDICA: Hermenêutica: é um exercício de interpretação para que a pessoa que recebe uma mensagem, consiga compreendê-la. No direito: serve para que possamos interpretar e aplicar corretamente as leis. Para enquadrar corretamente o fato a uma norma, é necessário entender a norma, com todo o seu conteúdo e alcance. A hermenêutica é a técnica de interpretação de textos, com o objetivo de proporcionar a aplicação mais justa do direito. É a arte de interpretar. O que as palavras dizem? Tem que ir além do que está escrito na norma. O que a norma quis realmente dizer? Alcançar a essência do direito. Lei: depende da análise e interpretação da pessoa que irá aplicá-la. A interpretação é diferente em cada caso concreto. Importância: A interpretação hermenêutica – serve não só como base para quem vai aplicar a lei, como também serve para criar as leis de forma (clara, objetiva, harmônica e coerente), e serve para os profissionais jurídicos formularem as suas argumentações, defensivas, recursais.