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Direito Penal III - 2 prova

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Direito Penal III – 2ª Prova
Parte Especial
Título I – Dos Crimes Contra a Pessoa
Capítulo IV – Da Rixa
Art. 137. Participar de rixa, salvo para separar os contendores:
Pena – detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
Parágrafo único. Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos.
1) Conceito
Rixa é a briga entre mais de duas pessoas, acompanhada de vias de fato ou violências físicas recíprocas. Caracteriza-se pelo tumulto, de modo que cada sujeito age por si mesmo contra qualquer dos outros. Note-se: se duas pessoas brigam contra um terceiro, não há rixa, pois os dois responderão pelo resultado causado no terceiro. Da mesma forma, não há rixa quando dois grupos brigam entre si, pois, aqui, distingue-se o comportamento de cada um dos lutadores e eles responderão por lesão corporal ou homicídio.
Em caso de rixa, todos os participantes respondem pelo delito de homicídio, caso ocorra, pois são solidários pelo resultado provocado (solidariedade absoluta) e são, de certa forma, considerados cúmplices, tanto que todos os participantes sofrem pena que constitui a média entre a pena do autor e a pena do partícipe (a cumplicidade correspectiva). Por fim, a rixa é punida separadamente dos delitos de homicídio ou lesão corporal, quando são resultantes de rixa. Assim, quando se distingue o autor da lesão ou homicídio, este responde pelo delito previsto no art.121 ou art. 129, ao passo que aos outros rixosos aplica-se a pena qualificada, prevista no art. 137, parágrafo único.
2) Objetividade Jurídica
Protege-se a vida e a saúde física e mental do indivíduo. Observe-se que o principal bem tutelado não é a ordem pública, como se poderia pensar, tutelada indiretamente.
3) Sujeito do Delito
A rixa é de crime de perigo coletivo, ou seja, só há rixa quando três ou mais pessoas agridem-se reciprocamente, trata-se de crime de concurso necessário, em que os rixosos são, ao mesmo tempo, sujeitos ativos e passivos. Importante observar que, para a existência da rixa, não importa que algum dos rixosos seja inimputável; se somente um dos participantes puder ser punido, haverá a rixa, e somente este responderá pelo delito. Da mesma forma, não faz diferença a não identificação de um ou mais participantes, aquele que for identificado será punido.
4) Elementos Objetivos do Tipo
O tipo exige que o sujeito participe, contribua, para a briga. Pouco importa o momento em que ele ingresse ou saia da luta, se participar dela, por qualquer motivo que não seja a escusativa de separar os contendores, será passível de punição. Assim, se o sujeito ingressa na rixa depois de ocorrido o resultado de morte ou lesão corporal grave não estará sujeito à pena qualificada, porém, se sai da rixa depois do resultado de morte ou lesão corporal grave, ele estará sujeito à pena qualificada, únicas qualificadoras do tipo. Assim, lesões corporais de natureza leve e disparo de arma de fogo não qualificam o delito.
A rixa admite participação material, caso em que o sujeito participa da luta por meio das vias de fato, e moral, quando o sujeito instiga ou induz outras pessoas a rixar.
Contrariamente ao que se possa pensar, para que haja rixa não é necessário que exista o corpo-a-corpo; a luta pode ser realizada por meio de lançamento de objetos. Mas a violência tem que ser material, se ela se resumir à verbalização, não se configurará o crime de rixa.
5) Qualificação Doutrinária
Trata-se de delito:
de concurso necessário (plurissubjetivo ou coletivo) de condutas contrapostas. Exige-se a participação de mais de duas pessoas para que se configure e que as condutas se contraponham, ou seja, que os rixosos ajam uns contra os outros, indistintamente.
de perigo abstrato, ou seja, não é necessário que o perigo de dano seja real, ele é presumido pela norma.
de perigo instantâneo, que se consuma no momento da prática das vias de fato ou violência física.
simples, por que atinge somente um bem jurídico: a incolumidade pessoal.
de forma típica livre e comissivo, já que pode ser praticado por intermédio de qualquer meio de execução, desde que ativa.
e plurissubsistente, pois não se aperfeiçoa com um único ato.
6) Momento Consumativo e Tentativa
A rixa pode surgir subitamente, ou ser proposital.
A maioria dos doutrinadores não entende ser o elemento da subitaneidade essencial para a caracterização do delito, ao contrário, a jurisprudência exige tal requisito. Assim, se considerarmos a imprevisão como elemento indispensável, o delito não admitirá tentativa. Ou os rixosos agridem-se e o delito se consuma, ou não há delito. Assim, se adotarmos a postura oposta, o delito admitirá a figura tentada. Seria o caso em que três ou mais pessoas combinam uma briga entre si, no entanto a polícia intervêm antes que a briga comece: é caso de tentativa de rixa, para Damásio.
7) Elemento Subjetivo do Tipo
É o dolo de perigo
8) Figura Típica Qualificada
Nos termos do art. 137, parágrafo único, a morte e a lesão corporal grave são punidas, em princípio, a título de culpa. Ou seja, em regra, a rixa qualificada pelo resultado é um crime preterdoloso, em que o primeiro delito, a rixa, é punido a título de dolo de perigo, enquanto o resultado qualificador é punido a título de culpa (art. 19. “Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o houver causado ao menos culposamente”).
O CP emprega a expressão “lesão corporal de natureza grave” de forma ampla, querendo referir-se às lesões corporais graves ou gravíssimas. Assim, a lesão leve não qualifica o delito. O mesmo com a tentativa de homicídio. O tipo qualificado exige o resultado morte, por isso, é inadmissível admitir como qualificadora a tentativa de homicídio. Ressalte-se que é irrelevante que os resultados qualificadores sejam produzidos em um dos rixantes ou em terceiro, apaziguador ou transeunte.
A punição pela participação na rixa, em caso de ocorrência das qualificadoras, é independente daquela pena dada em função do resultado. Ou seja, “a participação na rixa é punida independentemente das conseqüências desta. Se ocorre a morte ou lesão corporal grave de algum dos contendores, dá-se uma condição de maior punibilidade, isto é, a pena cominada ao simples fato de participação na rixa é especialmente agravada. A pena cominada à rixa em si mesma é aplicável separadamente da pena correspondente ao resultado lesivo (homicídio ou lesão corporal), mas serão ambas aplicadas cumulativamente (como no caso de concurso material) em relação aos contendores que concorrerem para a produção desse resultado” (Exposição de Motivos do CP, nº 48). Destarte, apurando-se a autoria do resultado qualificador, o autor responderá por dois crimes em concurso material: homicídio ou lesão corporal grave E rixa qualificada, já que a agravação da pena dá-se pelo simples fato da participação em rixa na qual ocorre o resultado mais grave. Por isso, todos, inclusive o rixante que, porventura, sofra a lesão corporal grave, os contendores responderão pela forma qualificada, independentemente de terem concorrido ou não para o resultado.
10) Ação Penal
É pública incondicionada.
Capítulo V – Dos Crimes Contra a Honra
1) Objetividade Jurídica
	Os arts. 138 a 141 visam proteger a honra, entendida como o conjunto de atributos morais, físicos, intelectuais e demais dotes do cidadão.
	A honra pode ser:
subjetiva. É o sentimento que cada pessoa tem por si mesma. É o que a própria pessoa pensa de si.
objetiva. É o que as outras pessoas pensam sobre nós. É a nossa reputação diante dos outros.
	
	1. objetiva → calúnia e difamação
Honra 	2. subjetiva → injúria	a) honra – dignidade → atributos morais
		b) honra – decoro → atributos físicos e intelectuais
	3. comum
	4. especial ou profissional
	No entanto, por tratar-se a honra de bem disponível, o consentimento do ofendido retira a ilicitudedo fato, por isso, a natureza da ação é, em regra, privada.
2) Elenco dos Crimes contra a Honra
Calúnia é a falsa imputação de fato descrito como crime.
Difamação é a imputação de fato ofensivo à reputação da vítima. 
Injúria é a ofensa à honra subjetiva do sujeito.
Repare que, na calúnia e na difamação, imputa-se ao sujeito passivo fato, que deve ser crime, para que se configure calúnia. Na injúria, o que é imputado ao sujeito é uma qualidade negativa.
3) Afinidades e Diferenças entre os Crimes Contra a Honra
Calúnia E Difamação
ambas atingem a honra objetiva;
dizem respeito a fatos, e não a qualidades do sujeito;
exigem a comunicação a terceira pessoa para a consumação.
Difamação E Injúria
não se condicionam à falsidade da alegação desonrosa.
Calúnia X Difamação
a calúnia diz respeito a crime; a difamação a fato.
Calúnia e Difamação X Injúria
tanto a difamação quanto a calúnia incidem sobre fato; a injúria, sobre qualidade do sujeito.
4) Qualificação Doutrinária
Calúnia e difamação são crimes formais, o tipo descreve o comportamento do sujeito e o resultado, mas não exige a sua produção. Por isso, não é necessário que o sujeito ativo atinja o objetivo de causar dano à reputação do sujeito passivo, bastando que o comportamento seja de modo a macular sua honra objetiva.
5) Sujeitos do Delito
Qualquer pessoa pode ser sujeito (ativo ou passivo) de crime contra a honra.
No entanto, há discussão sobre se doentes mentais e menores de 18 anos podem ser vitimas desses tipos de crimes. 
Explicação de Damásio: Se o crime for entendido como fato típico, antijurídico e culpável temos que o doente mental e o menor, por serem inimputáveis, não são culpáveis. Dessa forma, inexiste o crime. Se calúnia é a falsa imputação de crime, e se eles não podem praticar crime, não podem ser vítimas do crime de calúnia. No entanto, a posição de Damásio é que o crime é fato típico e antijurídico, sendo a culpabilidade pressuposto para a aplicação da pena. Por esse entendimento, o doente mental e o menor praticam crime, apesar de não serem culpáveis; por isso, podem ser caluniados.
Sobre a discussão que cerca as pessoas jurídicas, entende-se que elas podem ser vítimas de calúnia, mas não de difamação e injúria. Poder-se-ia alegar que calúnia e difamação dizem respeito à imputação de fatos ao sujeito e que a pessoa jurídica não é capaz de realizar fatos (quem os realiza são seus dirigentes, diretores, etc...). No entanto, excepcionalmente, a lei de crimes ambientais (Lei 9605/98) prevê a responsabilidade penal da pessoa jurídica quanto a esses delitos. Logo, é possível que ela seja caluniada quanto àqueles delitos previstos nessa lei. Quanto à injúria, como ela tutela a honra subjetiva, não se pode admitir a mesma hipótese, haja vista a pessoa jurídica não ter consciência de seu valor moral, ou social. Por isso o fato se resolve em ofensa à honra das pessoas que a compõem, não da pessoa jurídica.
No caso do § 2º, parece ser possível que os mortos sejam vítimas de crimes contra a honra, no entanto, a consciência do ultraje é dos parentes e, por isso, são eles os sujeitos passivos; não o morto.
Por último, e preciso que a ofensa se dirija contra uma pessoa determinada. Não se calunia, injuria ou difama os católicos, comunistas ou flamenguistas; mas, se a ofensa for dirigida contra um grupo de pessoas não homogêneo haverá tantos crimes quantas forem as pessoas.
6) Elemento Subjetivo do Tipo
o dolo próprio do crime: dolo de dano, que pode ser direto ou eventual
Ora, ninguém pode responder por crime doloso se não praticou o fato com vontade de concretizar os elementos objetivos do tipo. O dolo, nos crimes contra a honra concretiza-se na vontade de materializar os fatos descritos no tipo penal.
o elemento subjetivo do injusto.
No entanto, o dolo de dano não é suficiente para integrar o elemento subjetivo dos delitos contra a honra. É imprescindível, também, que o sujeito aja com o elemento subjetivo do tipo próprio de cada figura. Ele pode agir com seriedade ou não. Aqueles casos em que dizemos expressões ofensivas aos amigos, por brincadeira, apesar de, à primeira vista, poderem ser entendidos como delito, com dolo eventual, já que o “ofensor” assume o risco de atingir a honra do sujeito, não se enquadram nos crimes contra a honra. Este dolo não é suficiente para integrar o tipo, pois falta no comportamento a seriedade que transforma o fato em figura relevante para o Direito.
7) Consentimento do Ofendido
O consentimento do ofendido capaz é relevante. Se existir, exclui a antijuridicidade do fato. No entanto, o consentimento do representante legal do ofendido é irrelevante, portanto, incapaz de excluir o crime.
8) Imunidade Parlamentar
Constituem, em parte, causas funcionais de exclusão da pena e, em parte, privilégios processuais.
Podem ser:
material: concede ao seu titular incapacidade penal por razões de ordem política A CF dispõe que “os Deputados e Senadores são invioláveis por suas opiniões palavras e votos”. Para tanto, é necessário que a ofensa seja cometida no exercício do mandato e que haja nexo de necessidade entre o exercício do mandato e a ofensa. Trata-se de causa de incapacidade penal pessoa, que não se estende ao terceiro, não possuidor de imunidade.
formal: o político não pode figurar como acusado na relação processual. Também por determinação constitucional, que afirma “desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional, não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável, nem processados criminalmente, sem prévia licença de sua Casa”. Por esse dispositivo, sem a licença, a ação penal não poderá prosseguir.
Art. 138. Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime: (tipo fundamental)
Pena – detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
§1º Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga (subtipos)
§2º é punível a calúnia contra os mortos. (norma penal explicativa)
§3º Admite-se a prova da verdade, salvo: (norma penal de extensão)
I – se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível;
II – se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº1 do artigo 141;
III – se do crime imputado, embora de ação publica, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.
1) Elemento Normativo do Tipo
Pela expressão “falsamente”, faz-se necessário que seja falsa a imputação formulada, propalada, ou divulgada. Assim, se se atribui a terceiro fato que realmente ocorreu, inexiste a calúnia.
2) Elemento Subjetivo do Tipo
É o dolo de dano, em primeiro lugar. Pode ser direto, quando a intenção é de macular a reputação da vítima, ou eventual, quando há dúvidas sobre a veracidade do fato imputado.
No entanto, se o agente supõe, de boa-fé, ser verdadeira a imputação ele incorre em erro de tipo, incidente sobre o elemento normativo “falsamente”, o que exclui o dolo e torna impunível a conduta, já que não existe a modalidade culposa.
Da mesma forma, é necessário que o fato imputado seja definido como crime. Se a imputação disser respeito à contravenção o caso não será de calúnia, mas de difamação.
3) Qualificação Doutrinária
Trata-se de delito:
formal, pois a definição legal descreve o comportamento e o resultado visado pelo sujeito, mas não exige sua produção;
instantâneo, pois consuma-se em momento certo e exato;
simples, atinge somente o direito à honra objetiva;
comum, já que pode ser cometido, e sofrido, por qualquer pessoa;
comissivo, pois a omissão torna impossível a prática do delito;
pode se unissubsistente (verbal) ou plurissubsistente (por escrito).
4) Momento Consumativo e Tentativa
A consumação do crime de calúnia ocorre no momento em que a imputação chega ao conhecimento de terceiro, que não a vítima. O crime se consuma se uma pessoa, apenas, tomar conhecimento da imputação falsa.
A calúnia verbal nãoadmite tentativa (ou o sujeito diz, ou não diz); no entanto, se a calúnia for escrita, admite-se a figura tentada (pode ser que o escrito se extravie antes de chegar ao destinatário). Neste caso, o crime não atinge a consumação por circunstâncias alheias à vontade do agente.
Art. 139. Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:
Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa.
Parágrafo único. A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.
1) Conduta Típica.
O núcleo do tipo é o verbo imputar, que significa atribuir; o sujeito afirma a realização de uma conduta, por parte do sujeito passivo, capaz de atingir sua honra objetiva.
Ocorre que o fato atribuído deve ser determinado e não pode ser criminoso.
2) Elemento Subjetivo do Tipo
Esse elemento é duplo. 
Exige-se o dolo de dano, direto ou eventual. Além disso, é necessário um elemento subjetivo, que se expressa no cunho de seriedade que o sujeito imprime à sua conduta.
3) Qualificação Doutrinária
É delito:
formal, não exige a efetiva lesão ao bem jurídico, mas tão-somente a conduta descrita;
simples, pois ofende a somente um bem jurídico;
comum, já que pode ser cometido e sofrido por qualquer pessoa;
comissivo, é necessário que exista a ação do agente de imputar algo a outrem;
unissubsistente, quando verbal; plurissubsistente, quando escrito, pois, neste caso, são necessárias mais de um ato para que se realize o crime.
 
4) Momento Consumativo e Tentativa
Consuma-se quando um terceiro, que não o ofendido, toma conhecimento da imputação ofensiva à reputação da vítima.
Art. 140.injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa.
§ 1º. O juiz pode deixar de aplicar a pena:
I – quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;
II – no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.
§ 2º. Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes:
Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência.
§ 3º. Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião ou origem:
Pena – reclusão, de um a três anos, e multa.
1) Elemento Subjetivo do Tipo
Esse elemento é duplo. 
Exige-se o dolo de dano, direto ou eventual. Além disso, é necessário um elemento subjetivo (ou elemento subjetivo do injusto), que se expressa no cunho de seriedade que o sujeito imprime à sua conduta.
2) Qualificação Doutrinária
É delito:
formal. Não é necessário que a vítima sinta-se ofendida, sendo suficiente que a atribuição de qualidade negativa seja capaz de ofender o homem prudente e de discernimento. É delito formal, com dolo de dano.
simples, em regra só atinge um bem jurídico. No entanto, quando a injúria é real, trata-se de crime complexo, pois atinge dois bens jurídicos: a honra subjetiva e a incolumidade física.
comum
incondicionado, pois não se subordina a qualquer condição objetiva de punibilidade.
de forma livre, pois pode ser praticado por qualquer meio de execução..
instantâneo
comissivo
de impressão, já que o dolo do sujeito se dirige a produzir impressão vexatória no ofendido.
plurissubsistente, se escrito; unissubsistente, se verbal.
3) Momento Consumativo e Tentativa
Consuma-se no momento em que o ofendido toma conhecimento da imputação da qualidade negativa. Não é preciso que a vítima esteja presente no momento da imputação, bastando, para que se caracterize o delito, que ela tome conhecimento, ainda que através de terceiros.
Importante notar que, se se tratar de funcionário público e sendo o fato cometido em sua presença e em razão de suas funções, tratar-se-á de desacato; não de injúria.
4) Perdão Judicial
Apesar de o art. 140, § 1º dispor que “o juiz pode deixar de aplicar a pena”, Damásio entende não se tratar de uma faculdade do juiz, pois trata-se de causa extintiva da punibilidade, o que é um direito do réu. Portanto, presentes as circunstâncias do tipo, o juiz estará obrigado a deixar de aplicar a pena.
5) Injúria Real
Consiste em violência ou vias de fato, esta última entendida como todo comportamento agressivo dirigido a outrem, desde que não causador de lesão corporal. Por isso, se entende a violência como lesão corporal, tentada ou consumada.
Quando o sujeito comete injúria real empregando vias de fato, estas são absorvidas pelo delito de maior gravidade. No entanto, quando a injúria é cometida por intermédio de lesão corporal, o sujeito responde por dois crimes, em concurso material, quais sejam: injúria e lesão corporal.
Os bens jurídicos protegidos são a honra e a incolumidade física.
6) Injúria Qualificada
Prevista no § 3º, qualifica-se quando disser respeito a preconceitos de etnia, religião ou origem.
Art. 141. As penas cominadas neste capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido:
I – contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro;
II – contra funcionário público, em razão de suas funções;
III – na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria;
IV – contra pessoa maior de sessenta anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria.
Parágrafo único. Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro. 
1) Figuras Típicas Qualificadas
A ofensa à honra do Presidente da República, seja calúnia ou difamação, se tiver motivação política, será considerado crime de segurança nacional. Por qualquer outra motivação, será tratado como crime comum, em que incidirá a causa de aumento de pena, prevista no art. 141. Porém, a injúria, sempre será tratada como crime comum, agravado pelo fato de ser dirigido a Presidente da República. Note-se que, o mesmo tratamento não é dado ao chefe de governo estrangeiro. Neste caso, havendo ou não motivação política para a ofensa a honra, esta será tratada sempre como crime comum.
Sobre o inciso segundo, é preciso diferenciar a injúria contra funcionário público e o desacato. A diferença reside em que a ofensa proferida na presença do funcionário constitui desacato; em sua ausência, delito contra a honra qualificado.
Por fim, se a ofensa é cometida em função de paga ou promessa de recompensa, a pena será aplicada em dobro.
Art. 142. Não constituem injúria ou difamação punível:
I – a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador;
II – a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar;
III – o conceito desfavorável emitido por funcionário público em apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever do ofício.
Parágrafo único. Nos casos dos nº. I e III, responde pela injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade.
1) Causas Especiais de Exclusão da Antijuridicidade
Nos casos previstos no art. 142, não há ilicitude na injúria ou difamação praticadas.
No primeiro caso, faz-se necessário que o delito seja cometido na discussão da causa contenciosa. Assim, há de existir nexo de causalidade entre a ofensa e os debates, no entanto, não é imprescindível que a ofensa seja dirigida contra o réu, podendo ser cometida contra qualquer pessoa, desde que apresente os requisitos exigidos pela excludente de ilicitude. 
Não haverá imunidade se a ofensa for proferida fora do processo (por ex. no recinto do fórum).
Art. 143. O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena.
1) Retratação
Nos termos do art. 107, VI, extingue-se a punibilidade pela retratação do agente, nos casos admitidos pela lei.
Note-se que a retratação só é possível nos casos de calúnia e difamação, sendo inadmissível nainjúria. Isto porque nos primeiros casos há a imputação de fato, assim, importa a vítima que o ofensor negue a prática do fato atribuído. Na injúria, há a atribuição de qualidade negativa, que não pode ser negada por simples afirmação contrária do agente.
A retratação nos crimes de calúnia e difamação só é possível quando se trata de ação penal privada, haja vista o artigo mencionar o querelado, que é o réu da ação penal privada.
É circunstância subjetiva e incomunicável, no caso de concurso de agentes e que não depende de aceitação da vítima.
Art. 144. Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las, ou, a critário do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa.
Art. 145. Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do artigo 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do nº I do artigo 141, e mediante representação do ofendido, no caso do nº II do mesmo artigo.
Capítulo VI – Dos Crimes Contra a Liberdade Individual
A existência desses delitos se exaure com a lesão à liberdade individual, não sendo, portanto, necessário que, em face do comportamento do sujeito ativo, venha a ser lesado um outro objeto jurídico de que o sujeito passivo seja titular. Nesses casos, o CP prevê forma qualificada, ou se aplica o concurso material de delitos.
A objetividade jurídica desses crimes é a liberdade individual, considerada como a faculdade de realizar condutas de acordo com a própria vontade do sujeito.
Tais crimes são subsidiários, ou seja, ingressam na definição legal de outros delitos, como acontece no roubo, extorsão, estupro, atentado violento ao pudor e rapto. Assim, o constrangimento ilegal funciona como elementar no crime de estupro. A ameaça serve de meio de execução do constrangimento ilegal e de todos os delitos em que a violência moral é forma de realização do tipo.
Seção I – Dos crimes contra a liberdade pessoal
Art. 146. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda: (tipo fundamental)
Pena – detenção, de três meses a um ano, ou multa.
§ 1º As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando, para a execução do crime, se reúnem mais de três pessoas, ou há emprego de armas. (tipo qualificado)
§ 2º Além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes à violência. (norma explicativa)
§ 3º Não se compreendem na disposição deste artigo: (causas de exclusão da tipicidade)
I – a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu representante legal, se justificada por iminente perigo de vida;
II – a coação exercida para impedir suicídio.
1) Conceito e Objetividade Jurídica
Protege-se a liberdade de autodeterminação, de forma a sancionar o dispositivo constitucional que estabelece que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei” (CF, art. 5º, II).
2) Sujeitos do Delito
Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do crime de constrangimento ilegal, no entanto, cumpre observar que, caso se trate de funcionário público no exercício de suas funções, ele responderá pelo crime descrito no art. 350 (exercício arbitrário ou abuso de poder).
Quanto ao sujeito passivo, é indispensável que possua capacidade de autodeterminação. Assim, não há crime se o fato é praticado contra criança ou louco, desde que a idade e a situação mental não permitam a liberdade de autodeterminação.
Se o crime for cometido contra os Presidente e Vice-Presidente da República, do Senado Federal ou da Câmara dos Deputados, tratar-se-á de crime contra a Segurança Nacional.
3) Elementos Objetivos do Tipo
Para que haja constrangimento ilegal é necessário que seja ilegítima a pretensão do sujeito ativo, ou seja, que não tenha direito de exigir da vítima o comportamento almejado. Em caso contrário, tratar-se-á de crime de exercício arbitrário das próprias razões (art. 345).
A ilegitimidade da imposição pode ser absoluta, ou relativa. Será absoluta quando o sujeito não tiver faculdade alguma de impor à vítima o comportamento. (ex. deixar de passar em determinada rua); relativa, apesar de não ser proibida a pretensão do comportamento da vítima, o sujeito ativo empregue de violência ou grave ameaça para consegui-lo.
O núcleo do tipo é o verbo constranger, que significa compelir, coagir, obrigar.
A violência empregada pode ser:
própria, quando houver emprego de força física;
imprópria, quando há emprego de qualquer outro meio cogente;
física;
moral;
direta ou imediata, conforme incida sobre a própria vítima;
indireta ou mediata, se incide sobre coisa ou terceira pessoa vinculada ao ofendido.
A ameaça é prenúncio da prática de um mal, dirigido a alguém. Para que sirve de meio de execução do constrangimento ilegal é preciso que seja de natureza grave, e que o mal seja certo, verossímil, iminente e inevitável. Não exige a presença do ameaçado, podendo ser levada ao conhecimento dele por escrito ou por recado verbal. É admissível que o sujeito tenha o dever de realizar o mal prenunciado à vítima, mas não pode coagi-la a agir de determinada maneira. Por ex, o art. 66, I obriga o funcionário público a comunicar a autoridade competente crime de ação pública do qual tenha tido conhecimento no exercício de sua função. Assim, se o funcionário público constranger outrem a realizar determinado ato para que não seja denunciado, haverá o crime de constrangimento ilegal. Mais que isso, na mesma hipótese, se a vantagem desejada for econômica, falar-se-á de crime de extorsão. 
4) Qualificação Doutrinária
É crime:
material, ou seja, é necessário a prática da conduta e a realização do resultado descrito no tipo, qual seja a realização, pelo sujeito passivo, do ato proibido, ou a não realização do ato permitido pela lei;
instantâneo, em regra. A consumação ocorre no momento em que a vítima faz ou deixa de fazer algo. Excepcionalmente, pode ser delito permanente, caso em que a vítima permanecerá durante certo período de tempo realizando o comportamento desejado pelo sujeito ativo;
subsidiário, pois constitui elementar de vários outros delitos.
5) Elementos Subjetivos do Tipo
O crime só é punido a título de dolo, consistente na vontade livre e consciente de constranger a vítima e que abrange o conhecimento da ilegitimidade da pretensão e o nexo de causalidade entre o constrangimento e a conduta do sujeito passivo.
Por óbvio, não existe a forma culposa.
6) Momento Consumativo e Tentativa
Consuma-se o crime com a ação ou omissão da vítima causada pela coação exercida pelo sujeito ativo.
Por tratar-se de delito material, em que pode haver o fracionamento das fases de realização, o constrangimento ilegal admite a figura tentada. Isso ocorre quando a vítima, apesar da ameaça e por motivos alheios à sua vontade, não realiza o desejo do agente.
7) Figuras Típicas Qualificadas
Contém duas qualificadoras: a reunião de mais de três pessoas para a execução do fato e o emprego de armas. 
Cumpre entender quais são as armas que qualificam o delito. Elas podem ser:
próprias, instrumentos destinados a ataque ou defesa
impróprias, não têm por fim atacar ou defender, mas possuem potencial ofensivo.
Armas próprias são as de fogo, punhais, bombas, facões; impróprias são os machados, as facas de cozinha, as tesouras, as navalhas.
Para que incida a qualificadora é necessário que a arma seja empregada na ameaça, não bastando, para tanto, a simples posse, pelo agente. Entretanto, se o porte é ostensivo e com o intuito de incutir medo no sujeito passivo, a figura qualifica-se.
Por fim, o § 1º obriga o juiz a aplicar as penas cumulativamente, ou seja, não pode o juizoptar por aplicar a pena de multa ou a de detenção; ele é obrigado a aplicar ambas as penas, da mesma forma que será obrigado a impor a sanção dobrada aos praticantes do delito qualificado.
8) Norma Penal Explicativa
O § 2º prevê que além das penas cominadas ao autor do constrangimento ilegal, aplicam-se as correspondentes á violência. Ou seja, o autor que pratica o crime ferindo a vítima responderá por dois crimes, em concurso material: o constrangimento ilegal e a lesão corporal causada.
9) Excludentes da Tipicidade
O § 3º elenca causas de exclusão de tipicidade, e não de ilicitude. Isto porque o artigo afirma “não se compreendem na disposição”, ora, se os fatos não estão compreendidos na norma penal incriminadora, não constituem conduta típica. Assim, antes de serem ilícitos, os fatos descritos no § 3º do art. 146 são atípicos.
10) Ação Penal
É pública e incondicionada.
Art. 147. Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave:
Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único. Somente se procede mediante representação.
1) Conceito e Objetividade Jurídica
A objetividade jurídica é a paz de espírito, a tranqüilidade espiritual.
A ameaça se diferencia do constrangimento ilegal na medida em que ela busca somente atemorizar a vítima, enquanto o constrangimento visa uma conduta, positiva ou negativa, da vítima.
Trata-se de delito subsidiário em relação a outros crimes, nos quais funciona como elementar.
2) Sujeitos do Delito
 Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo ou passivo, desde que tenha entendimento. Estão fora da tutela penal a pessoa jurídica, a criança e o louco.
Da mesma forma que o constrangimento ilegal, se dirigido contra Presidente ou Vice-Presidente da República, do Senado Federal ou da Câmara do Deputados, acrescido o Presidente do STF, será tratado como crime contra a Segurança Nacional.
3) Elementos Objetivos do Tipo
O núcleo do tipo é o verbo ameaçar, que significa prenunciar. Assim, o crime consiste em o sujeito anunciar à vítima a prática de mal injusto e grave, que pode consistir num dano físico, econômico ou moral.
Segundo Damásio, o prenuncio do mal atual ou iminente configura o crime de ameaça, não se exigindo que a ameaça se concretize somente em momento futuro. A figura típica não exige que o mal seja futuro. Além disso, justifica que futuro é tudo aquilo que ainda não aconteceu e que ocorrerá em instantes, ou depois de algum tempo. No primeiro caso existe o que a doutrina chama de mal atual ou iminente; no segundo, mal futuro. Entende que deve existir crime nos dois casos, haja vista o bem tutelado ser a tranqüilidade espiritual, bem lesado em qualquer dos dois casos.
A ameaça pode ser:
direta, quando endereçada ao sujeito passivo;
indireta, quando dirigida a terceiro ligado à vítima
explícita 
implícita (para solucionar esse problema, não temo ir pra cadeia)
condicional (se repetir vai apanhar)
4) Qualificação Doutrinária
É crime:
formal, o tipo descreve a conduta e o resultado, no entanto, não é necessário que este seja produzido.
subsidiário
5) Momento Consumativo, Tentativa e Ação Penal
Consuma-se no momento em que o sujeito passivo toma conhecimento do mal prenunciado, independente de sentir-se ameaçado ou não.
A tentativa é admitida quando se trata de ameaça realizada por escrito, porém de difícil ocorrência, na prática. Isso porque como a ação penal só se procede por representação, conforme disposto no parágrafo único, e se o sujeito exerce seu direito de representar é porque tomou conhecimento da ameaça, assim, tratar-se-á de crime consumado, não tentado.
Como dito, a ação só se procede mediante representação, sendo, portanto, de natureza pública condicionada à representação do ofendido ou de seu representante legal.
6) Elemento Subjetivo do Tipo
A ameaça só é punida a titulo de dolo, consistente na vontade de intimidar o sujeito passivo. Requer a produção de um justo alarme, inexistente no fato praticado pelo agente em estado de ira, caso em que não se configuraria o delito.
Ao contrario, Damásio entende que o dolo de intimidar alguém através do prenúncio de um mal é que deve ser considerado para caracterizar o delito, que nada tem a ver com o estado de ânimo do agente (irado, calmo, nervoso). Alega ser incorreta a afirmação de que a ira exclui a intenção de intimidar e que a ameaça da pessoa irada não tem possibilidade de atemorizar, esta utilizada pela corrente contrária, que acredita ser necessário que a ameaça seja proferida calmamente e após reflexão do agente. Ao contrário, acredita Damásio que, por ser a ira a força propulsora da vontade intimidativa, e por poder prolongar-se no tempo, a ameaça feita pelo homem irado é tão ou mais grave do que aquela dita pelo homem tranqüilo. Isto porque, continua ele, o homem irado mais facilmente transcende as vias de fato.
Entendimento semelhante é sustentado no caso de ameaça proferida por pessoa embriagada.
Art. 148. Privar alguém de sua liberdade, mediante seqüestro ou cárcere privado: (tipo fundamental)
Pena – reclusão, de um a três anos.
§ 1º A pena é de reclusão, de dois a cinco anos: (tipo qualificado)
I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do agente ou maior de sessenta anos;
II – se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou hospital;
III – se a privação da liberdade dura mais de quinze dias;
IV – se o crime é praticado contra menor de dezoito anos;
V – se o crime é praticado com fins libidinosos.
§ 2º Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza da detenção, grave sofrimento físico ou moral: (tipo qualificado)
Pena – reclusão, de dois a oito anos.
1) Conceito e Objetividade Jurídica
Seqüestro e cárcere privado são meios dos quais se vale o sujeito para privar alguém, total ou parcialmente, de sua liberdade de locomoção.
O legislador protege a liberdade de ir e vir, já enunciada na CF, em seu art. 5º, XV, que dispõe “é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens”.
2) Sujeitos do Delito
Por não serem crimes próprios, podem ser praticados e sofridos por qualquer pessoa. Tratando-se, entretanto, de crime cometido por funcionário público no exercício da função, o crime poderá ser enquadrado em outro tipo, como abuso de autoridade ou abuso de poder.
Quanto ao sujeito passivo, é indiferente que ele sofra de doença grave ou seja paralítico.
Da mesma forma que nos delitos anteriores, aquele praticado contra Presidente da República, do Senado, da Câmara ou do STF, será considerado crime contra a Segurança Nacional.
Por fim, o consentimento do ofendido, desde que seja válido, exclui a ilicitude do fato, sem a qual não haverá crime.
3) Elementos Objetivos do Tipo
No seqüestro, embora a vítima seja submetida à privação da faculdade de locomoção, tem maior liberdade de ir e vir. O sujeito pode prender a vítima numa fazenda ou numa chácara. Trata-se de seqüestro. No cárcere privado a vítima vê-se submetida à privação de liberdade num recinto fechado. Apesar da distinção, a pena é a mesma para as duas hipóteses.
O crime pode ser cometido mediante duas formas de execução:
a) detenção → o agente leva a vítima num automóvel e prende-a num quarto;
b) retenção → o agente impede que a vítima saia de determinado local.
É impossível a admissão da forma omissiva e a duração da privação da liberdade não é requisito para a tipificação da ação, apesar de ser esta considerada na dosagem da pena.
4) Elemento Subjetivo do Tipo
O crime só é punido a título de dolo, consistente na vontade de privar a vítima de sua liberdade de locomoção.
5) Qualificação Doutrinária
Ambos são delitos:
materiais, pois o tipo descreve conduta e resultado, exigindo a produção deste último;
permanentes, já quea lesão ao bem jurídico perdura no tempo, enquanto a vítima estiver encarcerada;
subsidiários, em alguns casos, quando integram elementares de outros delitos como a extorsão mediante seqüestro e o plágio.
6) Consumação e Tentativa
O crime consuma-se no instante em que a vítima se vê privada da liberdade de locomoção. Sendo delito permanente, perdura a consumação enquanto o ofendido estiver submetido à privação da liberdade de locomoção.
A tentativa é admissível. Por ex., quando o sujeito está levando a vítima para o automóvel que a transportará ao cárcere, mas é impedido por terceiros.
7) Figuras Típicas Qualificadas
Na hipótese do § 1º, a qualificadora não pode ser entendida extensivamente, de forma que não incide nas hipóteses de ser o ofendido pai ou filho adotivo, padrasto ou genro do sujeito ativo. A interpretação deve ser restritiva, atendo-se ao descrito na norma.
Também qualifica o delito o fato de internação em casa de saúde ou hospital. A razão da maior punibilidade reside no emprego de meio fraudulento. Assim como o tempo de privação da liberdade também qualifica o crime.
Por fim, o CP retrata a qualificadora do sofrimento físico ou moral do ofendido, provocado por maus-tratos ou pela natureza da detenção. Frise-se que maus-tratos constituem conduta agressiva do agente, que produz ofensa à moral, ao corpo ou à saúde da vítima, sem causar lesão. Se essa ocorre, o agente responderá por seqüestro ou cárcere privado em concurso material com a lesão causada.
8) Ação Penal
É pública incondicionada.
Título I – Dos Crimes Contra o Patrimônio
Capítulo I – Do Furto
Art.155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: (tipo fundamental)
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1º A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno. (tipo qualificado)
§ 2º Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um terço a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. (tipo privilegiado)
§ 3º Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica u qualquer outra que tenha valor econômico. (tipo complementar ou explicativo)
§ 4º A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido: (tipo qualificado)
I – com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
II – com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
III – com emprego de chave falsa;
IV – mediante concurso de duas ou mais pessoas.
§ 5º A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. (tipo qualificado)
1) Conceito e Objetividade Jurídica
Furto é a subtração de coisa móvel alheia, com o fim de assenhoramento definitivo.
O CP protege, com este dispositivo, dois bens jurídicos: a posse (abrangendo a detenção) e a propriedade. Sendo que a objetividade jurídica imediata é a tutela da posse; secundariamente, aparece a tutela da propriedade.
Posse e propriedade distinguem-se por ser esta o conjunto das disposições inerentes ao uso, gozo e disposição dos bens, enquanto a posse é a exteriorização desses direitos.
Para que se configure o crime, entretanto, é necessário que o sujeito passivo seja possuidor legítimo da coisa.
2) Sujeitos do Delito
Qualquer pessoa, exceto o proprietário, pode ser sujeito ativo do delito de furto. Note-se que, se o sujeito já estava na posse da coisa, e depois disso decide assenhorar-se dela, o delito praticado será o de apropriação indébita, não de furto.
Cumpre notar que não é possível o furto de coisa própria. Por ex., uma pessoa penhora uma jóia e, no vencimento, percebendo que não terá condições de saldar a dívida, subtrai a jóia da posse do credor. Nesse caso, não haverá furto, pois que não é necessário que a coisa subtraída seja alheia, de outrem.
3) Objeto Material
O objeto material do furto é a coisa móvel.
Assim, o homem vivo não pode ser objeto de furto, assim como o cadáver. No primeiro caso falar-se-á em seqüestro ou cárcere privado, ou subtração de incapaz; no segundo, de crime contra o respeito aos mortos, salvo quando pertence a alguém, como por ex., a uma faculdade de medicina.
Também a res nullius (coisa de ninguém) e a res derelicta (coisa abandonada) não podem ser objeto de furto. Em ambas as hipóteses, não há furto porque não há objeto jurídico. Já a res desperdita (coisa perdida), quando apanhada pelo sujeito, não é objeto de furto, mas de apropriação indébita de coisa achada.
Além disso, a coisa deve ser móvel, estando fora da tutela os bens imóveis.
Os direitos não podem ser furtados. Entretanto, podem ser objeto material de furto os títulos que os constituem.
Por fim, é necessário que a coisa móvel tenha valor econômico.
4) Conduta
O núcleo do tipo é o verbo subtrair. O apossamento pode ser:
a) direto: quando o sujeito, pessoalmente, subtrai o objeto material.
b) indireto: quando o sujeito se vale de outros meios para subtrair.
5) Elementos Subjetivos do Tipo
O elemento subjetivo do crime de furto é o dolo, consistente na vontade de subtrair coisa alheia móvel. É necessário que a vontade seja dirigida sobre coisa alheia. Assim, não sabendo que se trata de coisa alheia, supondo-a própria, existe erro de tipo, excludente do dolo. Como o dolo constitui elemento subjetivo do tipo, sua ausência opera a atipicidade da conduta.
Além do dolo, o furto exige outro elemento subjetivo, contido na elementar “para si ou para outrem” que indica o intuito de assenhoramento. Assim, não é suficiente que o sujeito queira usar e gozar da coisa por algum tempo; assim como não pode ser que a intenção seja a de destruir a coisa, logo após subtraí-la.
6) Qualificação Doutrinária
É delito:
material e
instantâneo.
7) Momento Consumativo e Tentativa
Para Damásio, o furto atinge a consumação no momento em que o objeto material é retirado da esfera de posse e disponibilidade do sujeito passivo. Em regra, a consumação exige o deslocamento do objeto que, no entanto, não e imprescindível ao crime. Enfim, o delito consuma-se no momento em que a vítima não pode mais exercer as faculdades inerentes à sua posse ou propriedade.
A tentativa é admissível, e ocorre sempre que o sujeito ativo não consegue, por circunstâncias alheias à sua vontade, retirar o objeto material da esfera de proteção e vigilância da vítima.
10) Concurso de Crimes
O furto admite concurso material, formal e nexo de continuidade.
Por ex., se, além de praticar estupro, o ladrão penetra na casa da vítima e lhe subtrai bens, então responderá por dois delitos em concurso material: furto e estupro (art. 69 “quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e detenção, executa-se primeiro aquela”).
Se, no entanto, o agente para penetrar na casa da vítima, derruba o portão usando um automóvel, e acaba atropelando um transeunte que passava em frente à casa, então responderá por dois delitos: furto qualificado (art.155, § 4º, I) e lesão corporal, em concurso formal (art. 70. “quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autômatos, consoante o disposto no artigo anterior”).
O furto admite, conforme as circunstâncias dos casos concretos, o nexo de continuidade, previsto no art. 71 (“quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes,devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços”). Assim, adota-se a teoria do objetiva pura, segundo a qual o crime continuado é deduzido “dos elementos constitutivos exteriores da homogeneidade”.
Por fim, se após o furto, o ladrão vende a res furtiva, como sendo de sua propriedade a terceiro de boa-fé, responderá por dois delitos: estelionato e furto, em concurso material. Isso porque o furto se consuma com independência absoluta do proveito que o sujeito possa ter em conseqüência do apossamento do objeto. A sua venda a terceiro de boa-fé causa um prejuízo a este, uma vez que pode ser reivindicada. No entanto, a jurisprudência, por razões de política criminal, vê um só delito na situação colocada: se é o dono da coisa que recorre à polícia, tratar-se-a o delito como furto, tão somente; se é o adquirente que se queixa após restituir o objeto, tem-se estelionato.
11) Furto Noturno
Para Damásio, para que se verifique a qualificadora do repouso noturno, é suficiente que a subtração ocorra durante o período de repouso noturno, não sendo necessário que se dê em casa habitada e que seus moradores estejam, de fato, repousando. Isso porque a lei não visa a periculosidade do sujeito ou a traquilidade da vítima, mas “a proteção do patrimônio”, sujeito a maiores riscos durante a noite.
Por fim, a qualificadora do furto noturno só é aplicável ao furto simples, previsto no caput, não se estendendo ao furto qualificado, previsto no § 4º.
12) Furto Privilegiado ou Mínimo
Para que o privilégio previsto no § 2º possa incidir, é necessário que o criminoso seja primário e que a coisa furtada seja de pequeno valor (princípio da bagatela).
Segundo Damásio, criminoso primário é o não reincidente. Assim, primário é não só o sujeito que foi condenado pela primeira vez, como aquele que tem várias condenações, desde que não reincidente em nenhuma delas.
13) Furto Qualificado
Os dados contidos no § 4º, do art. 155, configuram circunstâncias legais específicas, e não elementares. Isso significa que o dispositivo define um tipo qualificado, não um delito autônomo. Detalhe importante no tema de concurso de agente, em função do disposto no art. 30: “não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime”.
Há a qualificadora nos casos em que o sujeito pratica a violência contra algo que foi predisposto com a finalidade especial de evitar a subtração. (EX.: rompimento de cadeado, arrombamento de porta) Enfim, trata-se de circunstância objetiva e comunicável, em caso de concurso de agentes.
A segunda qualificadora é o abuso de confiança. Circunstância subjetiva. Para que incida é necessário que o sujeito tenha consciência de praticar o fato nessas condições. Exige dois requisitos: que o sujeito abusa da confiança nele depositada pelo ofendido e que a coisa esteja na esfera de disponibilidade do sujeito ativo em razão dessa confiança.
Qual a diferença entre o abuso de confiança que qualifica o furto e o abuso de confiança que constitui elementar do crime de apropriação indébita?
Na apropriação o agente tem posse desvigiada do objeto, enquanto no furto qualificado a posse não existe. Numa biblioteca, se a bibliotecária confia um livro ao sujeito, que o esconde sob o paletó; tratar-se-a de furto qualificado, pois a bibliotecária confiou o livro ao sujeito, que abusou da confiança depositada. Ao contrario, se o sujeito pega um livro emprestado na biblioteca e, após leva-lo pra casa, vende-o, trata-se de apropriação indébita.
A fraude, como qualificadora do furto, deve ser entendida como meio enganoso, capaz de iludir a vigilância do ofendido e permitir maior facilidade na subtração do objeto material. 
Qual a diferença entre a fraude que qualifica o furto e a fraude que constitui elementar do estelionato?
No furto, a fraude ilude a vigilância do ofendido, que fica sem conhecimento de que o objeto material está saindo de sua posse e propriedade. No estelionato, a fraude visa fazer com que a vítima incida em erro, que, volutariamente, despoja-se de seus bens, com consciência de que eles estão saindo de seu patrimônio e ingressando na esfera de disponibilidade do autor.
A última qualificadora diz respeito ao concurso de pessoas. Exige-se, no mínimo, a concorrência de duas pessoas, sendo irrelevante que uma delas seja inimputável.
14) Furto Qualificado de Veículo Automotor
Trata-se, não de causa de aumento de pena, mas sim de tipo qualificado, haja vista a norma cominar o mínimo e o máximo da pena detentiva.
Para que incida, o objeto subtraído deve ser veículo automotor, e este deve ser transportado para Estado da Federação diferente daquele onde foi praticado o delito, ou para o exterior. Assim, o transporte de partes de veículo não qualifica o delito.
Por ser circunstância objetiva que qualifica o crime de furto, ela se comunica a todos os agentes, sejam autores, co-autores ou partícipes.
15) Ação Penal
É pública incondicionada, podendo, excepcionalmente, condicionar-se à representação. Isso ocorre somente quanto o furto é praticado em prejuízo do cônjuge, judicialmente separado, de irmão e de tio ou sobrinho, com quem o sujeito coabita.
Art.157. Subtrair coisa alheia móvel, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
Pena – reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.
§ 2º A pena aumenta-se de um terço até metade:
I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;
II – se há concurso de duas ou mais pessoas;
III – se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância;
IV – se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior;
V – se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.
§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a quinze anos, além da multa; se resulta a morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa.
1) Conceito e Objetividade Jurídica
Trata-se de crime complexo, pois o CP protege a posse, propriedade, integridade física, saúde e liberdade individual.
Possui duas formas típicas simples:
roubo próprio: previsto no caput
roubo impróprio: previsto no § 1º, ocorre quando o sujeito, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra a pessoa, a fim de assegurar a impunidade ou a detenção da coisa.
A distinção entre essas duas figuras reside no momento em que o sujeito emprega a violância ou grave ameaça. Quando isso é meio para que o sujeito adquira a posse da coisa, trata-se de roubo próprio; ao contrario, quando a violência ou grave ameaça acontece depois de subtraído o objeto, tem-se o roubo impróprio.
Importante distinguir o roubo do furto qualificado. Neste, a violência é empregada contra a coisa; naquele, contra a pessoa.
2) Sujeitos do Delito
Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do roubo, a norma não exige nenhuma característica especial.
Quanto ao sujeito passivo, é quem detém a posse ou propriedade do objeto subtraído. Excepcionalmente, pode ocorrer a hipótese de dois sujeitos passivos: um que sofre a violência ou grave ameaça, e outro que é titula do direito de propriedade.
3) Objeto Material
O roubo possui dois objetos materiais: a pessoa humana e a coisa móvel. Assim, para que exista o crime de roubo, é necessário que estejam presentes esses dois objetos materiais.
Por ex., se o agente emprega violência contra uma pessoa com a intenção de subtrair a carteira que a vítima esqueceu, não há que se falar em roubo porinexistência da elementar “coisa alheia móvel”. No entanto, subsistirá o crime contra a pessoa.
4) Elementos Subjetivos do Tipo
O roubo só é punível a título de dolo. Isso porque o tipo penal exige que a subtração ocorra visando a posse definitiva da coisa.
No caso de roubo impróprio, exige-se um outro elemento subjetivo, previsto na expressão “a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro”.
5) Qualificação Doutrinária
É delito:
material, pois o tipo descreve a conduta e o resultado, exigindo a concretização deste último;
instantâneo, consuma-se no momente em que o objeto material sai da esfera de disponibilidade da vítima (roubo próprio), ou com a ofensa pessoal à vítima (roubo impróprio);
complexo, integra-se de outros fatos que, isoladamente, também constituem delitos (furto, lesão corporal, ameaça, constrangimento ilegal);
de forma livre, já que admite qualquer meio de execução que produza o resultado previsto no tipo penal;
de dano, pois exige a efetiva lesão do bem jurídico; e
plurissubsistente, não se perfaz com um ato único, exigindo que o agente subtraia o objeto material e empregue violência.
6) Consumação e Tentativa

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