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PRÁTICAS PSICOTERAPÊUTICAS EM ANÁLISE 
BIOENERGÉTICA 
 
 
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NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de 
empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como 
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a 
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua 
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, 
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o 
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Sumário 
NOSSA HISTÓRIA ..................................................................................................... 2 
Unidade 1: A Construção De Um Psicoterapeuta: Formação E Habilidades ....... 4 
Seção 1.1: Breve histórico sobre o currículo ................................................. 4 
Seção 1.2: Currículo atual – habilidades e competências para a graduação 
em Psicologia .......................................................................................................... 6 
Seção 1.3: A formação teórica .................................................................... 11 
Seção 1.4: A supervisão clínica .................................................................. 14 
Seção 1.5: A transição de estudante para profissional ............................... 20 
Unidade 2: A Bioenergética E Suas Influências Na Qualidade De Vida ............. 24 
Seção 2.1: Introdução ................................................................................. 24 
Seção 2.2: Fundamentos da análise bioenergética .................................... 26 
Seção 2.3: Conhecendo a bioenergética e sua integralidade ..................... 29 
Seção 2.4: Análise bioenergética, reflexões para qualidade de vida .......... 31 
Seção 2.5: Metodologia ............................................................................... 34 
Seção 2.6: Resultados ................................................................................ 35 
Seção 2.7: Discussão .................................................................................. 40 
Unidade 3: Análise Bioenergética .......................................................................... 44 
Seção 3.1: Introdução ................................................................................. 44 
Seção 3.2: Resultados ................................................................................ 47 
Seção 3.3: Categoria 1 – Bioenergética aplicada: ...................................... 49 
Seção 3.4: Categoria 2 – Temáticas em Psicologia corporal: ..................... 50 
Seção 3.5: Categoria 3 – Efeitos terapêuticos: ........................................... 54 
Seção 3.6: Categoria 4 – Desenvolvimento pessoal: .................................. 55 
Seção 3.7: Categoria 5 – Fundamentos teóricos: ....................................... 57 
Seção 3.8: Considerações .......................................................................... 61 
Referências .............................................................................................................. 63 
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Unidade 1: A Construção De Um Psicoterapeuta: 
Formação E Habilidades 
 
Seção 1.1: Breve histórico sobre o currículo 
Partindo-se do objetivo deste estudo, serão inicialmente comentados alguns 
aspectos relevantes sobre a formação em Psicologia que dizem respeito à construção 
do currículo deste curso. A profissão de psicólogo foi criada em 1962, através da lei 
4.119, de 27 / 08 / 1962, porém o primeiro currículo mínimo oficial, fixado pelo 
Conselho Federal de Educação, só foi reconhecido em 1963, espelhando um conjunto 
de práticas já exercidas, principalmente, por pedagogos, e conteúdos ensinados em 
alguns poucos cursos de psicologia já existentes nesta época. Neste momento, a 
prática da psicologia estava voltada, principalmente, à doença mental e ao 
ajustamento educacional (Chaves, 1992). A partir do primeiro currículo mínimo e da 
primeira turma formada pela PUC, do Rio de Janeiro, nos primeiros anos da década 
de sessenta, ocorreu uma ampliação das áreas clínica e de psicometria, bem como 
das áreas de especialização (Jr., Armando, 1999). Com o governo militar, os avanços 
da Psicologia e suas conquistas foram retardados e houve uma modificação no 
currículo mínimo. Em 1969, ocorreu uma reforma universitária que estimulou a criação 
de diversos cursos de Psicologia em faculdades particulares, porém esta ampliação 
se deu de forma descontrolada o que propiciou uma baixa qualidade de ensino e, 
segundo Chaves (1992), uma formação muito precária para os estudantes. 
Desde a criação oficial da profissão até os anos 90, os próprios psicólogos 
encontravam-se incomodados com a sua formação acadêmica mesmo tendo ocorrido 
momentos importantes de transformação no currículo nesse espaço de tempo. Um 
destes momentos foi entre 1970 e 1980 que, apesar de ter havido tentativas de 
reestruturação do currículo, apenas alguns acréscimos se concretizaram; e, entre 
1991 e 1999 que, a partir de discussões mais fundamentadas, o currículo oficial pôde 
finalmente ter alterações marcantes para a formação acadêmica dos psicólogos – com 
resultados, entretanto, ainda inconclusos. Desde o início dos anos 90, vem se 
discutindo mais intensamente a melhor forma de se administrar e coordenar a 
5 
 
 
Psicologia no Brasil. Em 1992, foram fundamentados alguns princípios norteadores 
para a formação acadêmica (Jornal do CRP – Set./Out., 1992 – citado em Jr., 
Armando, 1999): desenvolver a consciência política de cidadania e o compromisso 
com a realidade social e com a qualidade de vida; desenvolver a atitude de construção 
do conhecimento – enfatizando uma postura crítica, investigadora, e criativa – 
fomentando a pesquisa num contexto de ação-reflexão-ação, bem como viabilizando 
a produção técnico-científica; desenvolver o compromisso de ação cotidiana, baseada 
em princípios éticos; desenvolver o sentido de universidade contemplando a 
interdisciplinariedade; desenvolver a formação básica pluralista, fundamentada na 
discussão epistemológica visando a consolidação de práticas profissionais, conforme 
a realidade sócio-cultural; desenvolver uma concepção de homem, compreendido em 
sua integralidade e na dinâmica de suas condições concretas de existência; e, 
desenvolver práticas de interlocução entre os diversos segmentos acadêmicos, para 
a avaliação permanente do processo de formação. 
Entretanto, posteriormente, em 1994, no Congresso Nacional Constituinte, 
poucos avanços foram conseguidos em termos de reformulação da formação 
profissional, ficando decididos apenas dois princípios de ação para implementação 
imediata (Jornal do CRP – Set./Out., 1994 – referido em Jr., Armando, 1999): a 
formação deverá ser básica e consistente, mantendo a concepção do psicólogo 
generalista e abrangendo as variadas abordagens psicológicas e áreas de atuação; e 
a formação deverá desenvolver a postura científica, sempre voltada à produção de 
conhecimento, encarando a Psicologia como algo não acabado e respeitando a 
interdisciplinariedade com outras áreas. 
Os últimos acontecimentos acerca da reestruturação curricular em Psicologia 
vêm ocorrendotenhamos a presença marcante de uma postura analítica, tendo 
surgido em contribuição e fruto da psicanalise, o método terapêutico apontado pela 
bioenergética, tem uma postura com resultado humanista trazendo em si um grande 
englobamento do ser humano como um todo em sua subjetividade tanto física quanto 
psíquica, podemos ver conceitos como “aceitação incondicional” e “congruência” 
presentes nesses quadros, e nos dias de hoje sendo utilizados em algumas práticas 
ocidentais, os métodos de exercícios usados nessa técnica cientifica são 
constantemente explorados, podendo ser classificada como uma terapia também 
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holística/alternativa e uma técnica humanista que tem o objetivo no crescimento 
pessoal e na auto realização (devido ao fato de que um de seus focos principais é o 
conceito energético que por si só é bastante amplo e abrangente). 
Cortez (1986) citaa bioenergética como parte dos modelos de terapias 
humanistas como a Gestalt e o Psicodrama entre outras. Rogers (1987) por sua vez, 
mostra a psicoterapia com um novo ponto de vista para o homem, consequentemente 
ele traz consigo uma forma abrangente de encarar a pessoa/cliente que busca a ajuda 
e uma relação com o terapeuta – sendo classificada assim como uma abordagem 
não-diretiva da relação terapêutica, essa nova forma de abordagem deve ser 
explorada no contato bioenergético de forma a desenvolver a relação terapêutica. 
Nesse contexto a ideia que reduz o ser humano a uma existência “fatalmente” 
classificada por fatores que, tanto exteriormente (pressões sociais e/ou culturais) 
como interiormente (impulsos inconscientes e/ou herança genética), condicionam o 
indivíduo à sua capacidade de livre-arbítrio, Rogers (1987)enxerga o ser humano 
como livre por natureza e dotado de escolhas (e consequências) inerentemente á 
quaisquer fatores. Tanto em condições adversas ou até sob fatores condicionantes 
mais severos, o sujeito pode preservar e desenvolver alguma capacidade de 
autonomia e autodeterminação. Sem subestimar um possível impacto negativo que 
as mais diversas situações podem ter sobre o desenvolvimento e o bem-estar do 
indivíduo, nesse pensamento o autor mantém e fortalece a convicção de que o ser 
humano preserva, em algum grau, a capacidade para não se limitar a reagir aos 
acontecimentos e a ser por eles conduzido. Pode, ainda assim, ser um agente criativo 
na realidade que o rodeia. 
Com relação a“psicodança”, conceito adotado inicialmente por Toro (apud Reis. 
2009), sabe-se que o termo foi descartado para excluir a cisão dos radicais da palavra 
alma (psyche) e dança sendo caracterizada assim com dança da alma, que geraria, 
segundo o autor, uma “cisão platônica” entre o corpo e a alma surgindo então a 
biodança que uni os radicais “vida”(bio) e “dança” criando a dança da vida, porem o 
próprioafirma que “A música era a linguagem universal, a única que todos nós 
podíamos compreender na Torre de Babel do mundo; a dança era a maneira ideal de 
integrar corpo e alma” ou seja a psyche anteriormente descartada. 
Ainda com relação aos conceitos bioenergéticos temos o empirismo que para 
Lowen (1972) possuímos em nosso corpo vivo: mente, espirito e alma. Sabemos que 
a alma permanece em nosso corpo até a morte sendo assim uma parte vital de cada 
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ser humano, muito embora seja um termo de difícil análise e conceito seu principal 
significado é referente ao princípio da vida, mas se torna complexo quando o mesmo 
caracteriza como uma entidade distinta e isolada de seu corpo se torna então natural 
ser cético e não conseguir conciliar teoricamente uma “entidade” e um conceito como 
esse. 
 
Dito isso, centralizo que trabalhamos a porção do ser humano onde sabemos 
que existe a alma (em vida) e vale ressaltar que para a bioenergética ela se mostra 
como um sentimento ou senso de pertencimento ao meio (ordem mais ampla ou 
universal) advindo de experiências reais de estar em contato com o universo de 
alguma forma vital (espiritual – espirito – alma vital - pneuma [sentido teológico] – 
energia) interagindo com as energias que nos envolve. Nesse pensamento o autor 
afirma que: 
“Entretanto, nem todos sentem essa conexão ou contato. Minha impressão 
sobre as pessoas é a de que um indivíduo isolado, alienado e fora de contato 
vive como se não tivesse alma, de forma diferente daqueles indivíduos que 
se sentem parte de algo maior que eles próprios” (LOWEN,1982, p. 58). 
 
Reich também acreditava que a interferência do meio produz implicações no 
sujeito que de certas maneiras podem prejudica-lo, impossibilitando de ter uma vida 
saudável, a ideia de couraça se trata de um mecanismo de defesa para adaptar o 
sujeito á exigências externas, porém quando essa couraça se torna rígida, passa a 
limitar possibilidades do ser humano agir conforme seus desejos, influenciando 
diretamente na qualidade de vida do mesmo (Faria. 2009) 
A qualidade de vida no contexto abordado está relacionada, de acordo com a 
Organização Mundial da Saúde (OMS), ao conceito de saúde e bem estar que por sua 
vez vai além da esfera física, atingindo assim um âmbito psíquico e 
consequentemente espiritual, fazendo uma correlação e discussão das práticas para 
o auxílio (tanto juntas como separadamente) a saúde emocional transcrita em termos 
hábeis, de acordo com o organismo e a subjetividade de cada sujeito. Diante disso o 
objetivo do presente estudo é analisar a bioenergética sob a ótica de terapeutas 
capacitados, suas influências na qualidade de vida, avaliar o bem estar na qualidade 
de vida, de acordo com os terapeutas da bioenergética e caracterizar os dados 
sociodemográficos dos terapeutas da bioenergética. 
 
34 
 
 
Seção 2.5: Metodologia 
Foi realizada uma pesquisa de campo, descritiva de natureza qualitativa. Nesse 
contexto científico, a pesquisa possui aspectos teóricos, metodológicos e práticos, 
transpondo o reducionismo do empirismo. A realidade é interpretada a partir de um 
embasamento teórico, sem a pretensão de desvendar integralmente o real e possui 
um caminho metodológico a percorrer com instrumentos cientificamente apropriados 
(FILHO, 2006). A pesquisa foi realizada em consultórios particulares de psicólogos 
que trabalham com a bioenergética, tendo em vista que os poucos profissionais 
atuantes nessa área resultam na falta de clínicas institucionais que dispõe de 
terapeutas nessa abordagem. 
A amostra utilizada foi a não probabilística acidental, constituída por 5 
terapeutas da bioenergética. Para Ochoa (2015) na amostragem mencionada deve 
ser considerada certas condições onde todos os elementos da minha população 
apresentam uma probabilidade maior que zero para assim ser selecionada na amostra 
é também necessário conhecer precisamente a probabilidade para cada elemento, 
também chamado de probabilidade de inclusão. Sendo assim, é possível obter 
resultados não tendenciosos quando estudada a amostra. Contudo, o critério de 
inclusão diz respeito aos terapeutas Bioenergéticos que estejam atuando há no 
mínimo 1 ano, e o critério de exclusão se aplica aos profissionais que não estejam no 
mercado de trabalho ou que estejam atuando há menos de 1 ano. 
Foram utilizados dois questionários, o primeiro contendo dados 
sociodemográficos, onde serão abordados dados como profissão, tempo de atuação, 
escolaridade, sexo, e estado civil com objetivo de caracterizar o perfil dos participantes 
e o segundo em forma entrevista semiestruturada com 4 perguntas específicas sobre 
o objeto de estudo. Após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do Centro 
Universitário de João Pessoa – UNIPÊ serão iniciados os procedimentos para a coleta 
de dados. Será realizada de forma individual, num local reservado e livre de 
interrupções, numa duração de 15 minutos. Os dados foram obtidos após a 
informação de que a participação na pesquisa é de caráter voluntário, a explicação 
dos objetivos da pesquisa, a menção de quea pesquisa foca o olhar da bioenergética 
e suas influencias na qualidade de vida e a assinatura do TCLE. Os participantes 
tomarão conhecimento dos riscos e benefícios que poderão sofrer ao participar da 
pesquisa, bem como da possibilidade de publicação dos resultados mantendo o 
anonimato dos participantes e a garantia do sigilo das suas respostas. 
35 
 
 
Os resultados do questionário sócio demográfico foram tratados por meio do 
pacote estatístico SPSS em sua versão 20.0 e as questões abertas foram analisadas 
pelo pesquisador de forma subjetiva utilizando a análise de conteúdo de Bardin (2010) 
que se aplica a análise de respostas escritas (subjetivas) ou de quaisquer 
comunicações (oral, visual, gestual) visando ao máximo ampliar o entendimento da 
questão abordada. Este estudo foi realizado considerando-se os aspectos éticos 
pertinentes a pesquisas envolvendo seres humanos, de acordo com a Resolução nº 
466/12 do CNS/MS (BRASIL, 2012). 
 
Seção 2.6: Resultados 
Apresentamos a seguir, informações dos profissionais que trabalham com a 
bioenergética que participaram da pesquisa. 
Tabela 1 – Perfil sociodemográfico dos participantes (N = 5) 
Fonte: Pesquisa direta, 2018. 
 
De acordo com os dados sociodemográficos citados na tabela 1, podemos 
notar uma semelhança no perfil dos profissionais nos quesitos referentes à idade, 
tempo de atuação na prática, grau de escolaridade e estado civil. Em relação ao 
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quesito do Sexo vemos um equilíbrio em relação ao número total de participantes da 
pesquisa onde as mulheres passam apenas 20% na divisão da porcentagem. Na 
possibilidade de traçar um perfil do profissional dentro dos parâmetros dispostos no 
questionário, podemos perceber que ele seria caracterizado dentro da pesquisa com 
base na tabela 1 pela faixa etária de 28 à 38 anos que exerce a prática à mais de 7 
anos, possui especialização e é casado(a). 
Quadro 1 – Influência da bioenergética na vida das pessoas que buscam pela 
prática. 
Fonte: Pesquisa direta, 2018 
 
Podemos ver, de acordo com o quadro 1, que a frequência não se parcela, ou 
seja, 100% dos participantes da pesquisa corroboram com a influência positiva 
exercida pela bioenergética na vida das pessoas, o que passaria a divergir nas 
respostas são os relatos e complementos relacionado a temática da questão, que por 
sua vez são apresentados de forma parcial na coluna de “unidades temáticas”, são 
citados por exemplo: o auxílio na busca e construção da vida e das relações afetivas 
mais satisfatórias e reais, o aprofundamento da consciência a partir do “sentir” e a 
compreensão subsequente desse “sentir”, a conexão com a própria história de vida e 
reflexões a respeito de si, entre outros. 
Quadro 2 – Concepção dos profissionais da bioenergética acerca da qualidade 
de vida 
 
 
 
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Fonte: Pesquisa direta, 2018 
 
O quadro 2 revela mais de um ponto de vista em relação ao que se diz sobre o 
“conceito de qualidade de vida”, observa-se que a maioria relata uma concepção 
voltada para Equilíbrio ou Harmonia que por sua vez, trançando-se um paralelo, 
significa simultaneamente um estado de condição estável, ou constante, e a presença 
de concordância ou falta de conflito, de acordo com os participantes da pesquisa, seria 
a busca de sinais corpóreos para desenvolver a conexão com essas necessidades 
físicas, emocionais e psíquicas compreendendo assim essa proximidade com um 
equilíbrio harmônico/ congruente/ estável. 
Enquanto 20% da amostra relata que esse quesito é observado a partir de uma 
capacidade para estabelecer vida saudável/benéfica, para si e para outros, em 
diversos âmbitos da vida tais como familiar, comunitária e individual. Enquanto outros 
dizem estar relacionado ao amor por si próprio e conduta de auto respeito, ou seja, 
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assumindo um nível de relações, alimentação e uma administração saudável em 
vários campos da vida. 
Enquanto 20% da amostra relata que esse quesito é observado a partir de uma 
capacidade para estabelecer vida saudável/benéfica, para si e para outros, em 
diversos âmbitos da vida tais como familiar, comunitária e individual. Enquanto outros 
dizem estar relacionado ao amor por si próprio e conduta de auto respeito, ou seja, 
assumindo um nível de relações, alimentação e uma administração saudável em 
vários campos da vida. 
Quadro 3 - A qualidade de vida dos pacientes a partir do acompanhamento 
psicoterápico 
Fonte: Pesquisa direta, 2018 
 
É apresentado no quadro 3 a avaliação especifica da qualidade de vida dos 
pacientes/clientes acompanhados pelos psicoterapeutas e consequentemente como 
é que os mesmos enxergam essa variável presente no contato com os 
pacientes/clientes no decorrer do processo. As subcategorias que tiveram um valor 
quantitativo agregado, foram de ordens opostas, ou seja, a primeira afirma a presença 
de notáveis melhorias de forma crescente, enquanto a outra mostra que a qualidade 
de vida do corpo está desconexa com seus sentimentos, sendo essa ordem emocional 
e física alheia á consciência do sujeito, que muitas vezes desconhece traumas e 
tensões da sua psique refletidas ou não. 
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Levando-se em conta o que foi exposto, mostram-se as alternâncias presentes 
na subjetividade dos interessados pela abordagem, situação está que ocorre em 
outras abordagens mais socialmente conhecidas, chegando então na última 
subcategoria que afirma a qualidade de vida variada de sujeitos que buscam sem 
saber lidar com seus problemas, porém é notória a promoção da saúde do mesmo. 
 
 
Quadro 4 - As mudanças percebidas nas pessoas que buscam a bioenergética 
Fonte: Pesquisa direta, 2018 
 
O último quesito ressaltado no questionário especifico tem de fato um caráter 
mais subjetivo, aqui tentamos buscar teoricamente as melhorias da prática 
terapêutica, mudanças e transformações percebidas nas pessoas que estão no 
processo de tratamento. Vemos então que a subcategoria ficou uniforme e ampla 
devido ao englobamento da amostra e ao esforço para manter as informações 
principais dos relatos, como diz o quadro as melhorias são diversas, passando por 
ressignificação de pontos importantes na vida, assumindo posturas assertivas perante 
situações que necessitam disso de forma leve, flexível e inteira na mente e no corpo 
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chegando também na compreensão melhor de si para assim poder se relacionar de 
forma saudável com o próximo. 
 
Seção 2.7: Discussão 
Em virtude do que foi mencionado na primeira tabela, tomamos conhecimento 
da margem estatística do perfil sociodemográfico dos presentes profissionais que 
participaram da pesquisa, são eles 3 mulheres e 2 homens, podendo inferir assim que 
a temática está de certa forma equilibrada no quesito ao sexo, 3 dos 5 participantes 
estão entre os 28 e 38 anos classificando uma faixa etária relativamente jovem, onde 
pode-se acompanhar pela experiência na prática onde a maioria dos participantes 
(60%) respondeu ter mais de sete anos de atuação, mostrando assim um interesse 
antecipado na temática aqui abordada para a grande experiência demonstrada nos 
questionários. 
A maioria da amostra revela que o grau de escolaridade dos respondentes têm 
especialização, sendo 40% da amostra mestres na área, confirmando assim a 
inferência apontada acima relacionada ao antecipado envolvimento da amostra com 
a bioenergética, enquanto relacionado a estrutura familiar, refletindo também em 
relações sociais, vemos que 80% são casados. De acordo com os dados o equilíbrio 
dentro da amostra fica balanceado no perfil dos participantes nas questões referentes 
à Idade, Tempo de Atuação na Prática, Grau de Escolaridade e Estado Civil. 
Levando em consideração os aspectos das respostas apresentadas no Quadro 
1, podemos perceber que os resultados apresentam-se similares e/ou iguais, ou seja, 
respondendo a hipótese levantada neste estudo qui apresentado concluindoassim 
que a bioenergética influência de forma positiva a vida das pessoas que buscam pela 
prática conectando-os a suas histórias de vida e usando não apenas da terapia verbal 
como também da corporal para assim ampliar e auxiliar esse processo de bem-estar. 
O Jornal de Psicoterapia Corporal dos Estados Unidos publicou um estudo em 2008 
chamado “Eficácia da psicoterapia Bioenergética em pacientes conhecidos na ICD-10 
Diagnóstico: Uma Avaliação Retrospectiva” com seus recursos, afirma que a resposta 
para os questionários de Satisfação (FATZ) mostraram resultados “altos” ou “muito 
altos” dentro da escala para com a terapia, a qualidade da mesma foi avaliada por 
praticamente 90% dos casos como “boa” ou “muito boa” e cerca de 97% que fizeram 
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a parte da pesquisa disseram que recomendariam os terapeutas à outras pessoas. 
Assim como diz um dos participantes da pesquisa aqui apresentada: 
“O trabalho em si consegue fazer com que a pessoa tenha uma consciência 
profunda a partir do sentir e depois ter uma compreensão do que estão 
sentindo, onde os conteúdos emocionais que foram reprimidos e que 
estavam inconscientes vêm a superfície, existe uma clareza para uma 
transformação...” 
 
Devido aos dados expostos no Quadro 2 analisamos a concepção dos 
profissionais em relação ao que se entende por “Qualidade de vida”, identifica-se certa 
divergência na questão em rigor, porem o bem-estar do próximo está presente no 
discurso de todos, sejam os conceitos teóricos divergentes ou não. As subcategorias 
se dividem em três em decorrência das respostas dos participantes, temos a 
subcategoria da consciência saudável de si e do outro, da Harmonia/Equilíbrio 
(levando em consideração o radical das palavras para ambas estarem agregadas em 
apenas uma subcategoria) e da conduta de auto respeito De fato o conceito para a 
questão aqui apontada é muito amplo, pode-se afirmar que existe uma linha de 
raciocínio não tão divergente considerando os âmbitos pessoal e social (sendo essa 
familiar e comunitária) existindo um equilíbrio das respostas em questão. Como traz 
um dos participantes: 
“Por vida individual quero dizer seu corpo, suas sensações, percepções 
expressões emocionais/verbais, suas aspirações, seus limites, suas 
escolhas, sua responsabilidade, sua vida intelectual, profissional, seu estilo 
de vida, a preservação da vida e da saúde, suas escolhas afetivas, prazer, 
capacidade de suportar e lidar com o desprazer, dificuldade, frustrações (...). 
Por vida familiar e comunitária, falo da constituição de laços afetivos 
saudáveis, tradicionais ou não, mas que preservem satisfatoriamente a rede 
relacional que beneficia o indivíduo e a sociedade (...). Desta forma, 
qualidade de vida, para mim, tem um sentido muito amplo: indivíduo e 
comunidade/meio ambiente convivem em uma troca permanente, pode-se 
dizer ecológica, e a consciência saudável de si e do outro é fundamental 
nessa relação” 
 
TOSTA (2009) trata sobre trabalhos corporais em clínica psiquiátrica e seu 
enfoque é na psicologia corporal, o autor realizou seu estágio em 2008 e através 
desse trabalho, com técnicas da vegetoterapia (Reich) e da Bioenergética (Lowen) foi 
possível observar os efeitos práticos das técnicas neles concluindo que a colaboração 
na qualidade de vida dos pacientes devido ao trabalho promovido para gerar e integrar 
a autopercepção é de fato visível. 
Observando os resultados analisados no Quadro 3 podemos destacar certa 
concordância entre as partes, a subcategorização foi dividida em três resultados que 
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mais chamaram a atenção do ponto de vista dos profissionais tendo em vista o que 
eles observam a partir do acompanhamento psicoterapêutico em relação a qualidade 
de vida dos clientes, 40% da amostra citam melhorias apresentadas, enquanto outros 
40% relata como o paciente chega desconecto com seu corpo e consequentemente 
de seus sentimentos, um dos participantes cita que “Temos que ver que a psicoterapia 
não é mágica, a pessoa não se transforma em uma sessão, ela vai se transformando, 
tendo tomada de consciência, sendo capaz de extravasar cargas emocionais que 
estavam guardadas há muito tempo ...” deixando claro que o processo é direcionado 
pela demanda do paciente, respeitando-se o tempo e a subjetividade de cada um. 
Essa percepção de influência pelo olhar do analista é de crucial importância, pois 
revela feedbacks perceptivos das sessões desses profissionais e sua experiência em 
relação à prática aplicada em seus consultórios, ou seja, traz aqui como esses 
resultados são enxergados e passados adiante pelas pessoas que estão em 
tratamento utilizando da abordagem até então citada. Parafraseando o mesmo estudo 
citado na discussão do Quadro 1 notasse que “mais de 85% dos pacientes 
constataram que poderiam falar abertamente sobre seus problemas com o terapeuta 
e 92% constataram que seu terapeuta entendeu seu problema”, corroborando então 
com o feedback exposto pela amostra aqui apresentada. 
Visando os argumentos apresentados no Quadro 4 é possível então ver uma 
grande vertente de mudanças percebidas nas pessoas que buscam pela 
bioenergética, dentre essas mudanças estão as melhorias mentais, mudanças 
refletidas nos aspectos corporais, mudanças no cotidiano e mudanças no contato com 
o próximo, dessa forma avaliasse a qualidade das respostas de uma forma diversa e 
impar respeitando a singularidade de cada profissional e sua análise para responder 
a pergunta, compreendendo também a riqueza que estes feedbacks proporcionam. 
As respostas têm um caráter bastante subjetivo, pois cada profissional toma como 
base a sua própria pratica onde atendem pessoas, que podem vir a trazer problemas 
semelhantes, mas o processo é único para cada paciente. Para validar esse quadro 
aludimos Reich, em uma de suas obras quando cita mudanças na relação de seus 
pacientes em diversas áreas na vida como relações conjugais, trabalhistas e por sua 
vez com a moral sexual, observa o quanto esse trabalho corporal influencia também 
em atitudes diferenciadas de um caráter potente, autônomo e espontâneo diante da 
vida: 
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“Com a capacidade de experimentar completa entrega genital, a 
personalidade do paciente passava por uma mudança tão completa e rápida 
que, inicialmente, fiquei confuso...Não desapareciam apenas os sintomas de 
angústia neurótica: mudava toda a personalidade do paciente” (Reich 
1942/1975a, p. 154 apud Almeida em: A visão da potência no pensamento 
de Wilhelm Reich: Contribuições para o esporte). 
 
Faz-se necessário citar aqui também um dos participantes da pesquisa que se 
coloca na questão com o devido raciocínio: 
“ ...o que percebo na minha prática é um aumento da autopercepção (quem 
sou, como penso, o que sinto, como ajo), da auto expressão (expressão 
saudável e apropriada da emoção/sensação/desejo), da auto regulação (o 
que é bom/ruim para mim, o que posso realizar/conquistar, aceitar o que não 
e possível mudar, utilizar recursos internos de acordo com a realidade), uma 
maior flexibilização de posturas/compreensões pessoais maior capacidade 
de suportar e confrontar as dificuldades/frustrações, uma melhor qualidade 
nas relações pessoais e profissionais ...” 
 
Pode-se perceber que a prática deve-se ter o caráter Analítico, ou seja, como 
um dos participantes da pesquisa mencionou: “Frisar que deve-se chamar a Análise 
Bioenergética por seu nome completo para fazer distinção clara das muitas outras 
Bioenergéticas existentes” e além disso confirmar a eficácia e qualidade dos métodos 
da análise bioenergética que assim como outras terapias, independente de 
abordagem, tem como objetivo promover o desenvolvimento dos recursos internos do 
cliente para que assim o mesmo possa, na impossibilidade de solucionar problemas 
em sua vida buscar uma forma de lidar, o mais saudável e positivamente possível, 
com essas questões. “Entendemos que frustrações e limites fazem parte de umavida 
real e saudável e colaborar para um maior suporte interno e condições de aceitação 
e confrontamento positivo dessas adversidades são consequências da psicoterapia” 
isso é reforçado por Ventlig; Bertschi; Gerard (2008) que mostra que a análise e 
terapia bioenergética também conhecida com a sigla BAT utiliza do corpo primário 
para resolver padrões defensivos crônicos psicológicos e musculares somatizados, 
costumam então trabalhar nesses padrões de uma maneira que seja efetiva 
emocionalmente para produzir insights que possam ser verbalizados, utilizando na 
neurobiologia e, quando possível, incorporando isso ao tratamento. 
 
 
 
 
 
44 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Unidade 3: Análise Bioenergética 
 
Seção 3.1: Introdução 
A Análise Bioenergética é um termo criado à partir dos estudos desenvolvidos 
pelo psicanalista Wilhelm Reich. Discípulo de Sigmund Freud, desenvolveu os 
princípios do que denominou de terapia corporal nos idos de 1930. Seu trabalho levou 
em conta a expressão corporal natural, como expressão dos sentimentos e a busca 
do entendimento dos significados da personalidade, associados a expressões 
corporais naturais. Dava ênfase a respiração e a livre expressão através dos 
movimentos expontâneos do corpo, como forma de alívio das tensões emocionais. 
Posteriormente, John Pierrakos e Alexander Lowen, seus discípulos diretos, 
ampliaram os estudos de Reich, dando forma a um método que ficou conhecido como 
Análise Bioenergética. Hoje, após explorarem diferentes possibilidades, a análise 
bioenergética envolve trabalhos com o corpo que vão desde a liberação das tensões, 
passando por posturas que facilitam as vibrações naturais do corpo, além de outros 
movimentos que tornam esse trabalho uma importante ferramenta, no processo 
terapêutico (MONTEIRO, 2007) 
Segundo Barros (2002), o conceito de bioenergética utiliza o modelo holístico 
de saúde, na medida em que a propõe como envolvendo múltiplos aspectos 
biopsicossociais. Isto é, ao avaliar a saúde de uma pessoa, precisamos levar em conta 
as diversas dimensões que a envolvem, tais como aspectos físicos, fisiológicos, 
mentais, emocionais, religiosos, energéticos e ambientais. 
45 
 
 
O conceito de bioenergética deu origem a uma forma de terapia conhecida 
como “Análise Bioenergética” , cuja proposta é uma integração homem-corpo-
emoção-razão (SANTANA, 2006). A condução deste trabalho leva em conta alguns 
conceitos fundamentais da teoria de Reich: couraça muscular, segmentos da couraça 
muscular e algumas técnicas corporais que envolvem a postura grounding, a 
respiração e a massagem. A bioenergética tem origens na vegetoterapia, uma técnica 
terapêutica corporal criada por Wilhelm Reich, que possui, os mesmos princípios da 
Bioenergética, que seria o alívio das tenções à partir da liberação das couraças 
musculares adquiridas ao longo da vida. 
Por conta do pouco material disponível na literatura científica, este estudo tem 
o propósito de discutir e categorizar o que se tem produzido sobre a temática, em 
periódicos indexados, na última década, numa tentativa também de dar mais 
visibilidade aos seus conceitos fundamentais. 
Dessa forma, o objetivo do presente estudo foi analisar os artigos sobre 
Psicologia corporal, mais precisamente sobre a Análise Bioenergética, produzidos na 
última década, especificamente no período de 2003 a 2013. A proposta foi identificar 
e problematizar as temáticas mais abordadas nos artigos, como forma de contribuir 
como fonte de referência, tanto para a composição das políticas públicas para a 
saúde, quanto para outros contextos que incluam a Psicologia corporal e a Análise 
bioenergética. 
Em resumo, o objetivo geral foi proceder uma revisão sistemática da literatura 
sobre a produção científica sobre a psicologia corporal, disponível na rede mundial, 
sobre nos últimos 10 anos, à partir de uma revisão sistemática da literatura. Para isso, 
foi necessário também proceder: a) uma categorização dos assuntos tratados nos 
artigos; b) descrever os artigos e suas origens (nacionalidade, periódico, população 
estudada), bem como, c) discutir as políticas públicas propostas, associadas aos 
referidos estudos. 
Com relação ao método, trata-se de uma de revisão sistemática da literatura, 
onde utilizou-se também a técnica da análise de conteúdo para uma crítica dos 
resultados. 
A pesquisa foi realizada, através de uma busca das informações nos bancos 
de dados Scielo e Biblioteca Virtual em Saúde - BVS, no período citado. 
Por revisão sistemática, entenda-se uma estratégia de revisão da literatura, de 
maneira planejada, que possa responder a questões específicas. É descrita, 
46 
 
 
principalmente em duas publicações: a CDR Report (KHAN, TER RIET, GLANVILLE, 
SOWDEN, KLEIJNEN, 2000), e a Cochrane Handbook (CLARKE e OXMAN, 2000). 
Esta última recomenda que, uma revisão sistemática deva seguir os seguintes passos: 
a) A formulação de uma pergunta de partida como passo inicial; b) A seleção do 
material para estudo. Neste caso, refere-se às fontes que serão utilizadas. c) Uma 
análise crítica dos estudos selecionados, quando proceder-se-á uma triagem do 
material selecionado inicialmente. A fase de coleta de dados. d) Análise das 
informações. Etapa na qual o pesquisador agrupará os estudos por semelhança, de 
acordo com os objetivos propostos; e) Interpretação dos dados. Nesta fase será dado 
realce às diferenças e semelhanças encontradas nos estudos selecionados, 
clarificando benefícios e/ou aplicabilidade, riscos, dentre outros aspectos que façam 
parte dos objetivos; f) Atualização da revisão. Neste caso, pode-se fazer possíveis 
críticas e/ou sugestões para melhorar os estudos subsequentes para atualização da 
temática ora estudada. 
Segundo os autores Cook, Mulrow e Haynes (1997), uma revisão sistemática 
precisa ser específica, criteriosa e reproduzível, bem como baseada em resultados de 
pesquisas clínicas. 
Para localização dos artigos, houve uma seleção inicial através dos títulos e 
resumos dos artigos que contivessem as palavras-chave: sobre análise bioenergética, 
bioenergética, terapia corporal e psicologia corporal. A escolha desses bancos de 
dados eletrônicos se deu, por se tratar dos mais populares e conhecidos do Brasil. 
O Banco de dados Scielo - Scientific Electronic Library Online, é uma biblioteca 
virtual desenvolvida pela FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo. 
Tem como parceira o BIREME - Centro Latino_Americano e do Caribe de Informação 
em Ciências da Saúde. Sua tarefa é abrigar periódicos científicos brasileiros avaliados 
de alta qualidade. Possuem uma metodologia comum de armazenamento da 
produção científica, em formato eletrônico. São duas importantes bases de dados que 
configuram-se como um rico instrumento de análise, permitindo vislumbrar recortes 
do impacto do aleitamento materno, nesta época, além de uma compreensão dos sub-
temas mais discutidos. 
Os artigos foram selecionados ao acaso, à medida que os mesmos apareciam 
na busca eletrônica por palavras-chave. 
Com relação aos aspectos éticos, não se fez necessário o envio a um comitê 
de ética em pesquisa, por tratar-se de uma revisão da literatura. 
47 
 
 
Quanto à análise dos resultados, esta foi realizada tanto pela análise da 
qualidade das informações de acordo com os objetivos, como também através do 
método de Análise de Conteúdo Temática proposta por Bardin (2002), que tem como 
objetivo a busca de um sentido nas comunicações e de suas possibilidades em termos 
de significação, tanto explícitas quanto ocultas. 
Inicialmente, se procedeu a constituição de um corpus, formado pelos artigos 
selecionados. Em seguida foi feita uma leitura flutuante para, posteriormente, 
proceder-se leituras mais intensivas, as quais permitiram uma melhor compreensão 
dos dados e sua codificação em categorias. 
Segundo Vala (1986), a análise de conteúdos se constituiuma das técnicas 
mais recorrentes em pesquisas empíricas, notadamente nas ciências humanas e 
sociais, possibilitando inferências sobre a organização do sistema de pensamento 
através dos discursos. Nesta mesma direção, Bardin (2001), nos orienta que, a análise 
de conteúdo é um conjunto de técnicas para analisar sistematicamente as 
comunicações, visando obter indicadores que permitam a inferência de 
conhecimentos contidos nessas mensagens. 
Neste estudo, optou-se por selecionar títulos e/ou frases nos artigos, que 
preencheram os critérios de inclusão, de acordo com as palavras-chave. Também 
foram consideradas as citações utilizadas nos textos, por denotarem uma escolha dos 
autores, como forma de fundamentação do seu discurso. 
 
Seção 3.2: Resultados 
Foram selecionados 15 artigos/publicações, que encontram-se listados na 
tabela 1, a seguir: 
48 
 
 
Tabela 1 – Lista das publicações selecionadas. 
Fonte: Internet (Maio/2013) 
 
Das publicações encontradas, 12(doze) são artigos; 1(uma) é dissertação e 
2(duas) são monografias. Um artigo foi do ano de 1991, este, apesar de ser muito 
antigo, foi incluído por se tratar de um importante estudo na área e também, por serem 
poucos os artigos encontrados na rede mundial de computadores, sobre a temática; 
um de 2003; um de 2005; um de 2006; um de 2007; um de 2008; dois de 2009; três 
publicações de 2010; três publicações de 2011 e um artigo de 2012. Portanto, 66,7% 
dos estudos são relativamente recentes, isto é, referentes aos últimos cinco anos 
(2008 a 2012). Os outros 33,3% são estudos entre 1991 a 2007. Os assuntos 
discutidos possibilitaram seu agrupamento em 5 categorias, a saber: 1 - Bioenergética 
aplicada (3 artigos – 20,0%), 2- Reflexões em Psicologia corporal (4 artigos – 26,7%); 
3 – Efeitos terapêuticos (1 artigo – 6,6%); 4 – Desenvolvimento pessoal (2 artigos – 
49 
 
 
13,3%) e, 5 – Fundamentos teóricos (5 artigos – 33,4%). As categorias foram 
inspiradas nas possibilidades da análise bioenergética, despertadas à partir da 
literatura do material disponível. 
A seguir uma descrição das categorias eliciadas. 
 
 
Seção 3.3: Categoria 1 – Bioenergética aplicada: 
Nesta categoria foram enquadrados os artigos que trataram sobre aplicações 
práticas da Bioenergética e da Análise bioenergética. 
Três publicações foram incluídas nesta categoria. A primeira, um artigo de 
Hoffmann (2012), intitulado: “Fazer saúde na cidade: contribuições da clínica reichiana 
para a formação em saúde pública”, discutiu uma experiência de grupo de movimento 
como possibilidade de diversificar as intervenções tradicionais em saúde pública. Foi 
uma oportunidade de refletir com os alunos dos 8º ao 10º semestre do curso de 
Psicologia, em Vitória no Espírito Santo, em estágio supervisionado, questões 
políticas associadas às neuroses. Tal trabalho tem base nos trabalhos de Wilhelm 
Reich (1927; 1933), que abordou conflitos humanos, ao mesmo tempo em que 
considerou os contextos, social e político. O autor acreditava no trabalho verbal de 
análise, associado às intervenções ativas no corpo, como descrito em sua obra 
“análise do Caráter (REICH, 1933). Segundo Hoffmann (2012), Reich levava em conta 
que, os problemas sócioeconômicos estariam na gênese dos distúrbios psíquicos. Ele 
acreditava que o sofrimento e a angústia do homem, são meros artefatos produzidos 
por conta das restrições sociais impostas à vida e ao corpo. 
Neste sentido, e já que, os bloqueios e tensões musculares seriam 
impedimento da livre expressão emocional, a intervenção direta no corpo, favoreceria 
o acesso à estrutura de caráter do sujeito. Ou seja, ao seu conjunto de atitudes 
corporais, ora estereotipadas, quer seja no modo de falar, andar ou de se expressar. 
Foram ministradas duas oficinas em duas semanas, para que os alunos se 
familiarizassem com os recursos do trabalho corporal, como possibilidade na 
promoção da saúde. A autora referiu que o trabalho com grupos de movimento, 
proposto inicialmente junto às comunidades não chegou a se efetivar. Porém, a 
abertura ao sensível e aos corpos proporcionadas aos alunos, produziu benefícios. 
Funcionou como uma preparação pessoal, diminuindo a carga sexista, normalmente 
50 
 
 
associada a Reich e ajudando-os a liberar os sentimentos espontâneos de amor e 
ódio ambivalentes. 
O segundo artigo, nesta categoria, tratou sobre: Trabalhos corporais em clínica 
psiquiátrica: um enfoque da psicologia corporal (TOSTA, 2009). Neste caso, o autor 
referiu um estágio de psicologia, em clínica psiquiátrica no ano de 2008. Neste 
estágio, através de trabalhos de Psicologia corporal e de técnicas da vegetoterapia e 
da Bioenergética com os pacientes, foi possível observar-se os efeitos práticos dessas 
técnicas nos mesmos. 
O autor concluiu que, trabalhos que venham a promover e integrar 
autopercepção aos pacientes, estariam colaborando com o bem estar e a melhoria da 
sua qualidade de vida. 
A terceira publicação foi uma monografia. Tratou sobre os benefícios e as 
limitações de um programa de prevenção da recaída, em pacientes dependentes de 
substâncias psicoativas, com base nas técnicas da Bioenergética e da Meditação 
(PATITUCCI, 2011). A ideia principal foi a redução dos níveis da sintomatologia 
relacionadas à abstinência. O autor reportou em suas conclusões que, fatores 
pessoais possuem uma forte interferência na recuperação dos pacientes. Além disso, 
constataram eficácia significativa nas possibilidades de recaída, à partir das técnicas 
vivenciadas. 
Uma vez que as publicações foram selecionadas ao acaso, nos levou a crer 
que, as questões relativas à aplicação prática da Psicologia corporal e/ou da Análise 
bioenergética, parece pouco discutida na literatura disponível na internet, 
principalmente nas revistas científicas especializadas. 
 
Seção 3.4: Categoria 2 – Temáticas em Psicologia corporal: 
Nesta categoria específica, foram enquadradas 4 publicações, das 15 
selecionadas para fazerem parte deste estudo. Isso representou 26,7% das 
publicações selecionadas ao acaso. 
Entenda-se por Temáticas em psicologia corporal, os assuntos que discutem 
aspectos relacionados à natureza humana, nos quais sejam mencionadas 
associações desses com a psicologia corporal, tais como, envelhecimento, 
sexualidade, rigidez física e/ou fisiológica, aprendizagem, dentre outros. 
51 
 
 
Os artigos/publicações selecionadas trataram basicamente do seguinte: um 
artigo se reportou a Vertigem como um sinal de transformação no processo 
psicoterapêutico (SCOTTON, 2011). Neste caso, a autora relacionou a vertigem como 
uma experiência de somatização, de apropriação do ego corporal. Revela a autora 
que o olhar psicocorporal reichiano nos informa ser este sintoma, revelador de 
angústia, por inflexibilidade afetiva e corporal. A eterna busca da estabilidade e do 
controle, quando os mesmos parecem “balançar” de um lado para o outro, numa 
indefinição, de certa forma, insuportável pelo sujeito. A autora conclui, refletindo a 
possibilidade da vertigem ser um indicativo do momento do sujeito de desejar sair da 
rigidez, fazendo-se necessária a compreensão de que, este sintoma aparece num 
corpo biopsíquico cerceado por fortes mecanismos de proteção. 
O segundo artigo desta categoria, abordou o envelhecimento como um 
processo vital (BERGER, 2007). Este trabalho reporta uma atividade utilizando-se a 
abordagem psicocorporal, fundamentada nos conceitos da Bioenergética com nove 
mulheres, com idades entre 63 e 86 anos. A idéia foi privilegiar o contato com pessoas 
com diferentes e semelhantes características, tais como força física, vigor, papéis 
sociais, características psicológicas e cognitivas, de maneira a ser possível observar-
se também em processo de mudança, porém, sob novas condições de longevidade. 
O terceiro artigo nesta categoria, foi referente a aprendizagem teórico-vivencial 
da psicologia corporal em cursode graduação em Psicologia (CARVALHO, 2010). 
O artigo discorre sobre a inclusão de trabalhos práticos de psicologia corporal, 
em sintonia com o conteúdo teórico das aulas, desenvolvidos em períodos de 15 a 30 
minutos por dia. Os exercícios envolveram trabalhos de consciência psicocorporal 
com os alunos sentados, deitados ou mesmo em pé. Tiveram o objetivo de permitir 
um contato introdutório dos mesmos com a vivência psicocorporal. As vivências 
incluíram também a expressão verbal das experiências, proporcionando uma reflexão 
coletiva, didaticamente relacionada aos conteúdos estudados. O estudo relata 
também uma avaliação trimestral do trabalho por parte dos envolvidos, revelando-se 
uma experiência satisfatória para o grupo. Em geral os alunos descreveram os 
benefícios, não só para a melhoria do seu conhecimento, mas para um relaxamento 
de suas tensões psicocorporais e seu bem-estar na sala de aula. Essa experiência 
levou alguns alunos de Psicologia a introduzirem breves trabalhos psicocorporais em 
suas práticas como estagiários de Psicologia no Serviço de Psicologia Aplicada da 
faculdade. 
52 
 
 
Concluiu que a prática do ensino-aprendizagem da psicologia corporal 
desenvolvida na Faculdade, objeto do estudo em questão, demonstrou sua viabilidade 
e interesse dos alunos, que chegaram a se queixar da ausência desses conteúdos e 
abordagem ao longo do curso de graduação. A autora conclui apresentando uma 
proposta de incorporação dos conteúdos da obra de Wilhelm Reich e de outros 
autores de psicologia corporal na grade curricular de graduação em Psicologia, bem 
como a ampliação de estágios na área. 
O quarto artigo nesta categoria, considera a educação pela autonomia através 
da autoregulação numa perspectiva reichiana (JEBER, 2006). 
Neste caso, o autor apresenta uma relação entre o conceito de autonomia (que 
considera o grande objetivo a ser alcançado na formação educacional) e o conceito 
de auto-regulação (da psicologia política de Wilhelm Reich). 
A autorregulação é descrita como capacidade biológica e natural que revela 
nosso potencial para a autonomia. Reflete que, a partir dessa capacidade natural de 
funcionar dos indivíduos, é que se pode compreender a ideia de uma organização 
social. Que o respeito a essa premissa é condição necessária a uma cultura de 
respeito a maneira particular de ser, dos indivíduos que a compõem. Propõe uma 
relação dinâmica entre indivíduo, natureza e sociedade. O autor cita Fritjof Capra 
(2002) para expressar suas idéias: 
O principal desafio deste novo século será a construção de comunidades 
ecologicamente sustentáveis, organizadas de tal modo que suas tecnologias 
e instituições sociais não prejudiquem a capacidade intrínseca da natureza 
sustentar a vida. Os princípios sobre os quais se erguerão as nossas futuras 
instituições sociais terão de ser coerentes com os princípios de organização 
que a natureza fez evoluir para sustentar a teia da vida (JEBER, 2006, p.1 
apud CAPRA, 2002) 
 
O autor conclui que a educação baseada na auto-regulação nos faz refletir 
sobre a relação entre natureza e cultura em nosso contexto ocidental. E que há um 
tipo de pensamento, em nosso cotidiano intelectual que crê numa cultura que domina 
a natureza e que lhe é superior. A cultura de que tudo podemos diante da natureza. 
O autor considera esse, um dos maiores erros da humanidade. Pois, os ecologistas 
têm mostrado que, a na verdade, a natureza é que tem primazia sobre a cultura. A 
força da natureza tem sido capaz de exigir uma reflexão dos homens com relação à 
necessidade de um maior respeito a sua condição de elemento da natureza. E 
continua, 
53 
 
 
Há um momento em que o desrespeito da cultura pela natureza é tão grande 
que a natureza simplesmente responde de um modo que nós podemos 
perceber que ela não se importa com a cultura humana, porque sua finalidade 
é manter a vida planetária e cósmica e, se os humanos ameaçam a vida, 
podem ser dizimados, assim como já aconteceu com outras espécies sobre 
a face da Terra. (JEBER, 2006. p. 2) 
 
Portanto, uma clara referência ao que entende Reich (1975) por auto-
regulação, segundo o autor, esta implicaria no fato de que, a vida humana é sábia e 
por isso, sabe muito bem quais as suas necessidades. O desconhecimento dos 
homens a essa verdade implícita é que cria todas as dificuldades e encouraçamentos. 
Indicam que o homem não compreendeu que a natureza da vida se expressa no 
próprio corpo humano, indicando-lhe como a vida funciona e como deveria ser 
conduzida pela cultura (ALBERTINI, 1994). 
Dessa forma, o autor conclui que, educar pela auto-regulação, consiste em 
saber que as pessoas são capazes de entrar em contato com os próprios sentimentos, 
bem como expressá-los de maneira livre e autêntica. Esta, deve ser posta em prática 
desde o nascimento, de forma a permitir a expressão sincera dos sentimentos infantis. 
Acrescenta que o cuidado com os sentimentos é fundamental para um 
desenvolvimento humano sadio, sendo em contraponto, nociva uma pedagogia ou 
uma filosofia, por demais intelectualizada. 
Em resumo os quatro artigos abordaram temáticas importantes, desde as 
questões ligadas a somatização, tendo os exercícios de bioenergética, o papel de 
proporcionar uma maior consciência corporal, promotora do resgate da saúde 
emocional; passando pela questão do envelhecimento e condições para a 
longevidade; bem como uma avaliação das práticas de ensino da Psicologia corporal 
na universidade; culminando com considerações sobre a educação para a auto-
regulação, numa perspectiva reichiana, como pré-condição para uma melhor 
compreensão de si mesmo. 
Como as temáticas em psicologia Corporal nos parece um campo muito 
abrangente, seria óbvio se esperar muito mais artigos disponíveis na internet, o que 
não aconteceu. Quatro artigos são incipientes para uma maior compreensão da 
análise bioenergética e seus benefícios à saúde, de uma maneira geral. 
São temáticas importantes, mas que carecem de maiores estudos com outros 
grupos sociais, ampliando dessa forma, o arsenal teórico existente sobre os assuntos 
tratados. 
54 
 
 
 
Seção 3.5: Categoria 3 – Efeitos terapêuticos: 
Nesta categoria foram enquadrados os artigos que se propuseram a discutir os 
efeitos terapêuticos associados à dança e/ou aos exercícios bioenergéticos. Apenas 
um artigo foi percebido como pertencendo a esta categoria: Danças brasileiras e 
psicoterapia: um estudo sobre efeitos terapêuticos, dos autores Déborah Maia de Lima 
e Norberto Abreu Silva Neto, de 2011. O mesmo discorre sobre as abordagens 
terapêuticas com enfoques corporais, como a Bioenergética, enquanto linguagem 
corporal. Justifica o estudo, explicitando que a dança é um recurso psicoterapêutico, 
que elicia elementos artísticos ou estimulantes da criatividade, que tem sido apontada 
como possibilidade de intervenção em contextos psiquiátricos ou terapêuticos (Abreu 
e Silva, 1977; Castro, 1992; Koch, Morlinghaus e Fuchs, 2007; Thulin, 1997). E que, 
mesmo assim, são poucos os estudos sobre a utilização da cultura popular, 
principalmente das danças populares brasileiras, como ferramenta na clínica 
psicoterápica. 
No campo da saúde, os autores consideram ainda incipiente, a aplicação dessa 
especificidade cultural, ainda que seja facilitadora do desenvolvimento da criatividade 
e\ou do crescimento pessoal do indivíduo. O autor justifica ainda a sua conclusão, 
citando estudos de Koch, Morlinghaus e Fuchs (2007), que investigaram os efeitos de 
intervenção terapêutica utilizando-se a dança – movimento, enquanto terapia na 
diminuição dos estados depressivos, bem como no aumento da vitalidade em 
pacientes psiquiátricos. Os pacientes mostraram como resultado, uma melhora 
significativa em seus quadros depressivos, aliado a um aumento da vitalidade. 
E acrescenta, 
Trabalhos como os de Castro (1992); Koch e cols, (2007) Peto (2000), Farr 
(1997), Fux (1983),Chace (conforme citado por Abreu e Silva, 1977), entre 
outros, direcionam para um terreno promissor entre a relação do trabalho 
psicológico com a arte da dança. Estas "terapias pela dança" propiciam 
aumento de auto-estima, de saúde corporal, de vitalidade, de 
autoconsciência, além de uma ampliação da consciência corporal e de uma 
apropriação do paciente de seu corpo. Esse é um fator fundamentalmente 
valioso na busca de uma melhor qualidade de vida. (LIMA, ABREU e SILVA 
NETO, 2011) 
 
Concorda com Fux (1983) quando também propõe a importância da voz e da 
música, como algo que exerce um papel fundamental no trabalho corporal. 
Além de utilizar a voz em suas sessões, a música exerce um papel importante 
no trabalho de Maria Fux. São utilizadas tanto músicas medievais, gravações 
55 
 
 
do clássico, barroco, músicas folclóricas como músicas contemporâneas 
transmitidas pela mídia, em rádio e televisão. (LIMA, ABREU e SILVA NETO, 
2011) 
 
Em resumo, este trabalho corroborou estudos de outros autores no tocante a 
diversos aspectos, a saber: a) o movimento é compreendido como algo revelador das 
nossas emoções e processos mentais (CREMA, 1983); b) a dana se caracteriza pela 
utilização do movimento como uma linguagem simbólica, geradora de significados 
(FREIRE, 2001); c) a dança auxilia a expressão e a comunicação, que se dá através 
de movimentos (FORTIN, 1999); d) Há uma relevância particular nas celebrações 
populares, que podem funcionar como valiosos resgates da alegria, expressão da 
criatividade e formação de vínculos. Portanto um rico campo para outras investigações 
acadêmicas acerca da saúde física e emocional. 
 
Seção 3.6: Categoria 4 – Desenvolvimento pessoal: 
Nesta categoria foram enquadrados os artigos que discutiram a análise 
bioenergética, numa perspectiva de desenvolvimento pessoal. Dois artigos foram 
enquadrados nesta categoria, a saber: Tornar-se terapeuta corporal: a trajetória social 
como processo de "autoconstrução", de Jane A. Russo (1991) e, A Orientação 
Vocacional na perspectiva neo-reichiana: contribuições do grounding, de Fernando 
Henrique R. Aguiar e Maria Inês G. Conceição (2008). 
O primeiro, discorre sobre as terapias corporais, enquanto possibilidade 
ocupacional no processo de autoconstrução do indivíduo. Inicia fazendo um resgate 
do surgimento e florescimento das terapias corporais, abordando principalmente a 
questão do Rio de Janeiro, onde na década de 70 houve uma grande difusão social 
da psicanálise, havendo inclusive uma espécie de monopólio dos médicos sobre o 
título de psicanalista. 
Chama a atenção sobre o surgimento, nos anos 80 de um sem número de 
práticas e terapias alternativas, causando uma certa tensão entre os profissionais, 
principalmente os médicos psicanalistas e os leigos. 
Como as terapias corporais eram calcadas na teoria Reichiana, havia uma 
legitimidade que a embasava e, dessa forma, foi se afirmando cada vez mais como 
promotoras de uma autoconsciência. Privilegiando o trabalho com o corpo, sede dos 
impulsos e instintos naturais, trás a possibilidade de expressões mais naturais, 
espontâneas e biológicas, em oposição a artificialidade da sociedade e à 
56 
 
 
racionalidade da linguagem falada. “A palavra pode esconder as verdadeiras emoções 
e sentimentos, o corpo não” (...) “É através do corpo, que se chega à pessoa como 
ela é, naturalmente.” (RUSSO, 1991, p.121). 
Segundo a autora, 
As teorias que servem de base ás Terapias corporais, por serem psicológicas, 
são capazes de, ao mesmo tempo, justificar a negação da sociedade (do 
universo social de origem e das limitações que se representava) e transformar 
o fazer-se a si mesmo, em autodescoberta. É na verdade, negando o social 
que o sujeito descobre a si mesmo. Essa autodescoberta (ou autoconstrução) 
se faz através do corpo. (RUSSO, 1991, p.122). 
A autora se reporta ao grupo pioneiro no Rio de Janeiro, que, à margem das 
questões burocráticas acadêmicas, se constituiu, valendo-se de um trabalho corporal 
baseado em vivências e exercícios. Inicialmente um tanto disperso e oriundos das 
mais diversas formações/treinamentos, no Brasil e no exterior, a saber: em 
Bioenergética, Biodinâmica, Biossíntese, Massagem reichiana, vegetoterapia, 
Massagem de Esalem, Radix, Somaterapia (com Roberto Freire), dentre outras, além 
da própria psicanálise. 
Em resumo, somente à partir de 1989 é que as instituições formadoras 
começaram a surgir com oferta de diferentes linhas de terapia corporal, dando origem, 
aqui no Brasil, a uma melhor definição das fronteiras sobre quem seria ou não, 
autorizado a exercer a prática clínica em terapia reichiana, ou quem poderia se 
habilitar a fazer uma formação nesta linha. 
No mais, um artigo com conotações históricas, mas que basicamente, tratou 
sobre a importância da formação do terapeuta corporal, tanto no sentido de uma luta 
por uma delimitação do espaço profissional, quanto da valorização de se efetivar o 
reconhecimento de ser um trabalho importante do ponto de vista do desenvolvimento 
pessoal. 
O segundo artigo, resgata as contribuições do grounding e de outros exercícios 
bioenergéticos, para se alcançar e desenvolver a autonomia e melhorar a 
autopercepção dos indivíduos. 
Trata-se de um estudo que descreve, basicamente, uma experiência de 
trabalhos corporais com um grupo de dez adolescentes, todos em processo de 
orientação vocacional. A ideia foi possibilitar a esses adolescentes uma melhor 
consciência de si e, uma maior percepção corporal, com a finalidade de melhorar seu 
processo de decisão e, agregar mais confiança na escolha profissional. 
Segundo os autores, 
57 
 
 
O grounding apoia-se na teoria bioenergética e da Core Energetics, que 
possuem em suas bases teóricas, um profundo conhecimento sobre a 
dinâmica energética e muscular associada ao trabalho terapêutico com o 
corpo, impossível de se abordar em poucas páginas. (AGUIAR e 
CONCEIÇÃO, 2008, p.126) 
 
E ainda, 
Os efeitos e consequências do trabalho de grounding são bem conhecidos e 
percebidos no trabalho terapêutico – seja individual ou em grupos – tendo 
sido descrito na literatura específica a partir da prática empírica (AGUIAR e 
CONCEIÇÃO, 2008, p.126, apud WEIGAND, 2006) 
 
 
O trabalho foi dividido em oficinas, com uma estrutura básica que consistiu de 
quatro etapas: 1 – uma conversa inicial sobre a escolha de uma profissão; 2- 
exercícios corporais bioenergéticos que apresentem alguma relação com o aumento 
da autoexpressão e fortalecimento da identidade; 3 – atividades próprias da oficina, 
tais como coleta de informações sobre a pessoa, a família, o contexto, seguido de 
jogos e dinâmicas; 4 – compartilhamento sobre os exercícios e atividades 
Os resultados levaram os autores a crer que, apesar de alguns dos 
adolescentes não terem chegado ao final dos trabalhos sem uma definição inicial 
sobre sua escolha profissional, diversas questões pessoais foram refletidas e, o 
trabalho corporal energético parece ter possibilitado um aumento da concentração e 
da autopercepção, na medida em que foram tocando pontos mais sensíveis das 
histórias individuais. 
Sendo a Análise Bioenergética tida como promotora de uma melhor qualidade 
de vida, seria de se esperar um maior número de artigos encontrados, que pudessem 
ser enquadrados nesta categoria, o que não aconteceu. 
 
Seção 3.7: Categoria 5 – Fundamentos teóricos: 
Finalmente, nesta categoria foram enquadrados cinco artigos que discutiram, 
direta ou indiretamente, os fundamentos teóricos relacionados à psicologia corporal, 
a saber: 1) Bioenergética: fundamentos e técnicas corporais, das autoras Paula 
Cândido e Daniela Mattos (2013); 2) Grupo de movimento: conceituação, estado da 
arte e aplicação na área educacional, de Francisco Tosta (2009); 3) A clínica pulsional 
de Wilhelm Reich: uma tentativa de atualização, de Ricardo Amaral Rego (2013); 4) 
Psicologia e acupuntura: primeiras aproximações,de Célia Vectore (2005) e; 
58 
 
 
5)Interação familiar na anorexia nervosa: contribuições da Psicologia corporal, uma 
monografia de Janine Rosset (2013). 
O primeiro artigo desta categoria versa sobre a Bioenergética, seus 
fundamentos e técnicas corporais e, foi escrito pelas autoras: Paula Emanuela F. 
Cândido e Daniela J. da Silva Mattos em 2006. 
As autoras fazem todo um levantamento conceitual da bioenergética enquanto 
maneira de se entender a personalidade em termos corporais. Desde os processos 
de produção de energia através da respiração, metabolismo e descarga, até os 
movimentos e expressão dos sentimentos. 
É uma revisão da literatura, analisando as pesquisas científicas que se 
relacionaram aos fundamentos e técnicas corporais em bioenergética. Foram 
aprofundados conceitos que embasam os princípios da bioenergética, tais como 
couraça muscular e segmentos corporais, bem como a dissolução dos mesmos 
através de massagens , respiração e exercícios. 
Discorre sobre a vegetoterapia e conclui pela necessidade de mais estudos 
experimentais, conduzidos com rigor científico, que comprovem a teoria. 
Em resumo, a ideia foi a difusão de trabalhos na área, como forma de motivar 
e despertar o interesse pela bioenergética. 
O segundo trabalho nesta categoria, foi uma dissertação de mestrado. Mais 
precisamente, uma pesquisa teórica sobre grupos de movimento, uma estratégia 
utilizada para intervenção em grupos, com raíses na psicologia corporal. Esta 
estratégia baseia-se em introduzir nos grupos, vivências promotoras do alívio de 
tensões físicas e emocionais. 
O trabalho discutiu, entre outras coisas, sobre a utilização de grupos de 
movimento e possíveis aplicações da abordagem corporal na área educacional. 
Foram pesquisados 30 trabalhos e, em todos houve indicações de 
contribuições positivas sobre a prática efetuada nos grupos. 
Concluiu-se pela necessidade de maiores estudos que problematizem a prática 
grupal como uma ferramenta, que deva ser incentivada, em trabalhos terapêuticos 
corporais. 
O terceiro artigo objetivou uma atualização sobre a clínica pulsional de Wilhelm. 
Foi escrita por Ricardo Amaral Rego em 2003, com a proposta de contribuir com a 
fundamentação teórica em psicologia corporal, inspirada em Reich e na teoria 
freudiana das pulsões. 
59 
 
 
O artigo é uma tentativa de explicar teoricamente, elementos da abordagem 
reichiana, quando envolvidos numa dinâmica psíquica baseada no conflito entre 
pulsão e defesa. Discorre sobre a teoria e da técnica da psicologia corporal, desde a 
metafísica freudiana, até os pressupostos biológicos e energéticos de reich. 
O autor procedeu um vasto levantamento teórico sobre a psicologia 
biodinâmica de Gerda Boyesen (1986), sobre o paradigma pulsional, análise da 
resistência e o fenômeno da transferência, descritos por Wagner (2003 e SAMSON 
(2002). Questões relacionadas a libido (MEZAN, 1996); inconsciente (FREUD, 
1915/1974); a questão dos arquétipos e outros inconscientes (STEVENS e PRICE, 
1996); padrões musculares (KELEMAN, 1992, 1995), dentre outros. 
Dentre suas principais conclusões, o autor acredita ser possível a descrição de 
uma clínica da psicoterapia corporal, tendo por base a teoria freudiana das pulsões, 
mas que, 
O paradigma pulsional freudiano não dá conta de todas as possibilidades e 
propostas da psicoterapia corporal contemporânea. Talvez se possa dizer 
que o conflito entre pulsão e defesa é um modelo necessário, mas não 
suficiente, para compreender a clínica reichiana atual. 
 
Em resumo, a contribuição maior do artigo, é a revelação da idéia reichiana 
sobre a participação do aparelho locomotor e do aparelho respiratório, na dinâmica 
psíquica humana. Mas o autor acredita que este tema merece um aprofundamento 
teórico, promotor de debates, tanto sobre sua metodologia clínica, quanto sobre o seu 
embasamento científico biológico e no âmbito das neurociências. 
Outras contribuições teóricas vão no sentido de que Freud (1905/1972), já 
descrevia a importância das zonas erógenas oral, anal e genital, ressaltando que 
qualquer outra parte do corpo, também poderia adquirir a mesma suscetibilidade a 
estímulos, podendo tornar-se uma zona erógena. Portanto, Reich amplia os 
horizontes do corpo erógeno, demonstrando possibilidades já descritas por Freud. 
Isso facilitou sobremaneira a compreensão do homem de maneira a tornar possível 
um trabalho clínico, psico-corporal 
O quarto artigo discorreu sobre as possibilidades de se utilizar a acupuntura 
como mais um instrumento, na prática profissional dos psicólogos, de acordo com 
uma resolução número 05/2002 do Conselho Federal de Psicologia. O trabalho 
apresenta uma série de conceitos teóricos relacionados com a acupuntura, numa 
visão mais holística da saúde. Faz uma revisão acurada da literatura sobre o assunto, 
60 
 
 
demonstrando a pertinência do uso da acupuntura em tratamento de patologias 
mentais. 
Foi incorporado ao rol de artigos escolhidos, por se tratar de uma temática 
polêmica, e por ter a característica de ser uma intervenção direta no corpo. Porém, o 
artigo é de 2005 e, mesmo tendo sido autorizado por mais de dez anos, esta técnica 
foi desautorizada para uso por profissionais psicólogos em 2013, pela justiça 
brasileira, mais precisamente pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), por entender 
que o exercício da acupuntura é semelhante a um procedimento médico invasivo, 
ainda que mínimo. 
De acordo com o Conselho Federal de Medicina (CFM), a acupuntura, 
enquanto técnica, é considerada uma especialidade médica. Desde 2002, o Conselho 
Federal de psicologia, utilizava-se da Associação Brasileira de Acupuntura, para 
fiscalização dos procedimentos por profissionais psicólogos. 
Em resumo, um artigo robusto, bem embasado teoricamente, apresentando 
trabalhos que certificam e recomendam o uso da acupuntura como prática 
complementar ao tratamento psicológico, dentre outros benefícios, como promotora 
de relaxamento, diminuindo a ansiedade e, na redução dos transtornos gerados pela 
quimioterapia em pós-operatórios. 
O quinto artigo discutiu as contribuições da Psicologia corporal na interação 
familiar em casos de anorexia nervosa. Neste caso, uma monografia de Janine Rosset 
(2010), publicada pelo centro Reichiano de psicologia corporal. Utilizou-se do método 
de revisão bibliográfica da literatura na área, e demonstrou a necessidade de se 
considerar também este aspecto, nas intervenções terapêuticas. 
Em resumo, observou-se muitos artigos de revisão da literatura, demonstrando 
ser essa temática, ainda carente de uma discussão maior, em seus mais diversos 
aspectos e também, para ampliação das suas várias possibilidades e clientela. 
Os trabalhos de revisão da literatura tendem a ser uma excelente contribuição, 
uma vez que amiúdam determinado aspecto teórico, ampliando os conceitos num 
campo mais específico da teoria. 
No presente trabalho, observou-se uma ampliação nos seguintes campos: Dos 
fundamentos e técnicas da bioenergética; Dos grupos de movimento; Da clínica 
pulsional e sua relação com a psicanálise de Freud; Da questão da Psicologia e a 
Acupuntura e, Da questão da interação familiar e uso da Psicologia corporal, 
especificamente nos casos de anorexia nervosa. Portanto, demonstrando um sem 
61 
 
 
número de possibilidades dentro da psicologia corporal que ainda carecem de maiores 
estudos e discussões que os atualizem no tempo, espaço e nos diversos grupos 
sociais. 
 
 
Seção 3.8: Considerações 
De uma maneira geral, observou-se uma riqueza de possibilidades na 
utilização da psicologia corporal, enquanto ferramenta terapêutica, mas é escassa a 
disponibilidade de artigos, publicados em periódicos indexados, que abordem 
temáticas relacionadas à psicologia corporal. 
Apesar das inúmeras possibilidades em termos de saúde, que a análise 
bioenergética pode proporcionar, comprovadas e descritas emmuitos artigos 
científicos, praticamente não existem políticas públicas no Brasil que considerem sua 
inserção, no campo da saúde coletiva como ferramenta complementar. 
É possível que, o pouco acesso a literatura especializada nos veículos de 
comunicação de massa, possam minimizar a percepção de um maior número de 
pessoas sobre os benefícios da análise bioenergética, não somente na área da saúde, 
como também na educação e nas organizações, de uma maneira geral. 
Recomenda-se que as entidades brasileiras que lidam com a psicologia 
corporal e bioenergética, discutam a possibilidade da utilização da grande rede social 
que é a internet, para formalizarem um instrumento que promova uma maior 
divulgação de trabalhos e pesquisas, que possam oferecer suporte a teoria, 
contemplando as mais diversas possibilidades e os mais diversos grupos sociais. 
Iniciativas dessa natureza, certamente tornariam mais acessível o conhecimento de 
temáticas sobre a psicologia corporal, aos que desejam utilizar-se de fontes para seus 
trabalhos acadêmicos. 
É importante também uma maior organização das entidades que trabalham 
com a psicologia corporal, no sentido de implementarem ações que possam 
sensibilizar os gestores públicos, inclusive com propostas que visem oferecer essa 
modalidade de tratamento ao público, principalmente aos mais carente de assistência. 
 
 
 
62 
 
 
 
 
 
 
 
 
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VOLPI, J. H; VOLPI, S. M. Psicologiadesde 1995, quando psicólogos e agências formadoras, a pedido dos 
Conselhos Federal e Regional de Psicologia, foram solicitados a enviar propostas de 
modificações para o currículo. E, em 1998, foi instalada uma Comissão de 
Especialistas, indicada pelo Ministério da Educação, com a missão de estudar e 
propor uma nova direção para a formação em Psicologia. 
Em março de 1998, a primeira minuta de Resolução dos Especialistas foi 
calcada numa perspectiva da Psicologia como ciência funcionalista, comportamental, 
em que eram descritas algumas habilidades necessárias a um profissional psicólogo, 
tais como saber pesquisar, fazer resumos, etc, e na qual também era sugerida a 
redução da duração do curso de graduação para três anos. Tal resolução recebeu 
6 
 
 
muitas críticas e despertou profissionais para a referida discussão, ficando, de um 
lado, a maioria das instituições de ensino, defendendo um modelo de ensino 
generalista e científico; e, de outro lado, o governo e alguns segmentos das 
instituições, pressionando na direção de um curso mais enxuto e tecnicista, voltado a 
atender às demandas do mercado (Jornal PSI, 1999). 
Em 1999, os responsáveis por cursos de graduação sentiram o efeito do 
trabalho desta comissão que encaminhou, a cada instituição, uma minuta das 
Diretrizes Curriculares da Graduação em Psicologia. Essa Lei determinou uma 
reforma estrutural nos modelos de ensino propondo que este fosse definido em termos 
de competência e habilidades e não mais por uma grade de disciplinas com 
nomeclaturas, conteúdos e cargas horárias rigidamente definidas pelo MEC. Este 
documento também tratou das três etapas da formação – Licenciatura, Bacharelado 
e Formação de Psicólogo –, bem como de outros aspectos fundamentais acerca da 
formação acadêmica nesta profissão. 
 
Seção 1.2: Currículo atual – habilidades e competências para a graduação 
em Psicologia 
No ano de 2001, foram, então, oficialmente aprovadas, pelo Conselho Nacional 
de Educação, as Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Psicologia. Este 
documento continha o conjunto de princípios gerais norteadores da formação em 
Psicologia – bem próximos aos descritos em 1992 – que remetem à construção e 
desenvolvimento do conhecimento científico; à compreensão dos múltiplos 
referenciais que buscam apreender a amplitude do fenômeno psicológico em suas 
interfaces com os fenômenos biológicos e sociais; à compreensão crítica dos 
fenômenos sociais, econômicos, culturais, e políticos do país, fundamentais ao 
exercício da cidadania e da profissão; à atuação em diferentes contextos 
considerando as necessidades sociais, os direitos humanos, tendo em vista a 
promoção da qualidade de vida dos indivíduos, grupos, organizações e comunidades; 
ao respeito à ética nas relações e com clientes e usuários, com colegas e com o 
público, e na produção e divulgação de pesquisas; e aprimoramento e capacitação 
continuadas. 
Tais Diretrizes visavam também a organização de uma base estruturante para 
os cursos de graduação, priorizando, desta forma, a diversidade de perspectivas 
7 
 
 
teóricas e metodológicas no estudo dos fenômenos psicológicos e suas múltiplas 
interfaces com as ciências da vida, e com as ciências humanas e sociais. 
Cuidou-se também para não reduzir a formação ao domínio de tecnologias de 
intervenção – técnicas e ferramentas -, equilibrando uma formação que fosse básica 
e, ao mesmo tempo, profissionalizante. Foram elaboradas ênfases curriculares que 
configuram a oportunidade de concentração e aprofundamento de estudos em algum 
domínio de atuação profissional, circunscrevendo um conjunto de competências, 
habilidades e conhecimentos diferenciados para a sua formação. Os estágios 
profissionais também receberam atenção especial visando uma melhoria nos padrões 
de serviços prestados pelo profissional de Psicologia. Foram indicadas sérias 
exigências e recomendações para aprimorar ainda mais a articulação entre os 
estágios e as habilidades e competências específicas, previstas na ênfase curricular 
escolhida pelo aluno. Além disso, as etapas de formação – Bacharelado, Licenciatura 
e Formação – receberam aprofundamentos diferenciados, a partir do núcleo básico 
de formação. 
Segundo as Diretrizes Curriculares, a formação em Psicologia deve ter como 
objetivos gerais prover o aluno de Graduação de conhecimentos básicos necessários 
para exercer as seguintes competências e habilidades gerais: atenção à saúde 
(desenvolver ações de prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde 
psicológica e psicossocial); tomada de decisão (ter o trabalho fundamentado na 
capacidade de avaliar, sistematizar e decidir as condutas mais adequadas, baseadas 
em evidências científicas); comunicação (acessibilidade e confiabilidade do 
profissional, bem como possuir comunicação verbal, não-verbal, e habilidades de 
leitura e escrita adequadas e eficazes, além de ter o domínio de pelo menos uma 
língua estrangeira e de tecnologias de comunicação e informação); liderança (aptidão 
em assumir posições de liderança, envolvendo compromisso, responsabilidade, 
empatia, habilidade para tomada de decisões, comunicação e gerenciamento de 
forma efetiva e eficaz); administração e gerenciamento (profissionais devem ser aptos 
a tomar iniciativa, fazer gerenciamento e administração da força de trabalho, dos 
recursos físicos, de materiais e informação, sendo empreendedores, gestores, 
empregadores ou líderes nas suas equipes de trabalho); educação permanente 
(capacidade de aprender continuamente, ter responsabilidade e compromisso com a 
sua educação e o treinamento das futuras gerações de profissionais). 
8 
 
 
Além disso, a formação básica deve incluir a articulação das competências e 
habilidades à aquisição dos fundamentos teórico-metodológicos (apropriação crítica 
do conhecimento, bem como dos diferentes métodos e estratégias de produção do 
conhecimento científico em Psicologia), dos procedimentos para a investigação 
científica e a prática profissional (domínio de instrumentos e estratégias de avaliação 
e de intervenção além da competência para selecioná-los, avaliá-los e adequá-los ao 
problema em investigação, assim como a inserção do graduando em diferentes 
contextos institucionais e sociais), dos fundamentos epistemológicos e históricos 
(linhas de pensamento em psicologia e bases epistemológicas na construção do saber 
psicológico), dos fenômenos e processos psicológicos (objetos de investigação, 
modelos explicativos, desenvolvimentos recentes e atuação no domínio da psicologia) 
e das interfaces com campos afins do conhecimento (permitir a compreensão integral 
e contextualizada dos fenômenos psicológicos). 
Tais aspectos circunscrevem os eixos estruturantes do curso de graduação e 
devem ser compartilhados com os alunos a partir de aulas, conferências e palestras; 
exercícios em laboratório de Psicologia; observação e descrição do comportamento 
em diferentes contextos; projetos de pesquisa desenvolvidos por docentes do curso; 
práticas didáticas na forma de monitoria, demonstrações e exercícios; consultas 
supervisionadas em bibliotecas para identificação crítica de fontes relevantes; 
aplicação e avaliação de estratégias, técnicas, recursos e instrumentos psicológicos; 
visitas documentadas através de relatórios a instituições e locais onde estejam sendo 
desenvolvidos trabalhos envolvendo profissionais de psicologia; projetos de extensão 
universitária; e práticas integrativas voltadas para o desenvolvimento de habilidades 
e competências em situações de complexidade variada, representativas do efetivo 
exercício profissional, sob a forma de estágio supervisionado. 
O núcleo comum da formação, definido por um conjunto de conhecimentos, 
competências e habilidades, confere ao curso de psicologia a sua identidade e 
estabelece uma base homogênea e uma capacitação básica para a formação em todo 
o país.Corporal – um breve histórico. Curitiba: Centro 
Reichiano, 2003. Disponível em: www.centroreichiano.com.br. 
WAGNER, C. M. A Transferência na Clínica Reichiana. São Paulo: Casa do Psicólogo, 
2003.Além dos ramos de conhecimento acima descritos, fazem parte do núcleo 
comum as seguintes competências básicas: 
• Identificar e analisar necessidades de natureza psicológica, diagnosticar, 
elaborar projetos, planejar e intervir de forma coerente com referenciais 
teóricos e características da população-alvo; 
9 
 
 
• Identificar, definir e formular questões de investigação científica no campo 
da psicologia, vinculando as decisões metodológicas quanto à escolha, 
coleta e análise de dados em projetos de pesquisa; 
• Escolher e utilizar instrumentos e procedimentos de coleta de dados, tendo 
em vista a pertinência e os problemas quanto ao uso, construção e 
validação; 
• Avaliar problemas humanos de ordem cognitiva, comportamental e afetiva, 
em diferentes contextos; 
• Saber buscar e usar conhecimento científico necessário à atuação 
profissional, assim como gerar conhecimento da prática profissional; 
• Coordenar e manejar processos grupais, considerando as diferenças de 
formação e de valores dos seus membros; 
• Atuar inter e multiprofissionalmente, sempre que a compreensão dos 
processos e fenômenos envolvidos assim o recomendar; 
• Relacionar-se com o outro de modo a propiciar o desenvolvimento de 
vínculos interpessoais requeridos na sua atuação profissional; 
• Elaborar relatos científicos, pareceres técnicos, laudos e outras 
comunicações profissionais, inclusive materiais de divulgação. 
Como orienta as Diretrizes Curriculares, tais competências básicas devem se 
apoiar nas habilidades de: 
• Levantar informação bibliográfica em indexadores, periódicos, manuais 
técnicos e outras fontes especializadas, através de meios convencionais e 
eletrônicos; 
• Ler e interpretar comunicações científicas e relatórios técnicos na área da 
psicologia; 
• Utilizar os métodos experimental, de observação e outros métodos de 
investigação científica; 
• Planejar e realizar entrevistas com diferentes finalidades e em diferentes 
contextos; 
• Analisar, descrever e interpretar relações entre contextos e processos 
psicológicos e comportamentais; 
• Analisar e descrever e interpretar manifestações verbais e não-verbais 
como fontes primárias de acesso a estados subjetivos; 
10 
 
 
• Utilizar recursos da matemática, da estatística e da informática para a 
análise e apresentação de dados e para a preparação das atividades 
profissionais. 
 
Devido à diversidade de orientações teórico-metodológicas, práticas e 
contextos de inserção profissional, o curso de graduação diferencia-se em ênfases 
curriculares, ou seja, um conjunto delimitado e articulado de competências e 
habilidades que configuram oportunidades de concentração de estudos e estágios em 
um ou mais dos domínios da psicologia, que são: psicologia e processos de 
investigação científica; psicologia e processos educativos; psicologia e processos de 
gestão; psicologia e processos de prevenção e promoção da saúde; psicologia e 
processos clínicos; e psicologia e processos de avaliação diagnóstica. As ênfases 
devem incorporar estágio supervisionado estruturado para garantir o desenvolvimento 
das competências específicas previstas a cada uma delas 
Segundo o mesmo código, uma parte imprescindível da formação em 
psicologia se refere aos estágios supervisionados. Estes são conjuntos de atividades 
de formação, programados e diretamente supervisionados por membros do corpo 
docente da instituição formadora, de cunho obrigatório, e que procuram assegurar a 
consolidação e articulação das competências estabelecidas pelo núcleo comum e 
pelas ênfases curriculares. Além disso, visam assegurar o contato do formando com 
situações, contextos e instituições, permitindo que conhecimentos, habilidades e 
atitudes se concretizem em ações profissionais. 
Os estágios podem se estruturar em dois níveis: o básico – que inclui o 
desenvolvimento de práticas integrativas das competências e habilidades previstas no 
núcleo comum-; e o específico, que engloba o desenvolvimento de práticas 
integrativas das competências, habilidades e conhecimentos relacionados ao perfil de 
formação. 
Os perfis de formação dizem respeito a um conjunto amplo e articulado de 
competências que configuram possibilidades diferenciadas de inserção profissional 
do graduando: Bacharel em Psicologia, Professor de Psicologia ou Psicólogo. 
O Bacharel exigirá aprimoramento das habilidades e competências para: 
analisar a psicologia como campo de conhecimento, bem como seus desafios teóricos 
e metodológicos contemporâneos; formular questões de investigação científica; 
problematizar o conhecimento científico disponível; planejar estratégias para questões 
11 
 
 
de investigação coerentes com pressupostos teóricos e metodológicos; definir e 
utilizar procedimentos e instrumentos para a coleta de informações; elaborar e utilizar 
procedimentos apropriados de investigação para análise e tratamento de dados de 
diferentes naturezas; consolidar decisões relativas ao processo de investigação em 
projetos de pesquisa, articulando elementos conceituais, metodológicos e recursos 
necessários; redigir relatório de pesquisa dentro de normas academicamente 
reconhecidas; e, apresentar trabalhos e discutir idéias em público. 
À formação do Professor de psicologia, caberá enfatizar as habilidades e 
competências relativas: a analisar o sistema educacional brasileiro, identificando seus 
desafios contemporâneos; analisar a unidade do sistema educacional em que atua, 
nas suas dimensões institucional e organizacional, explicitando a dinâmica de 
interação entre os seus agentes sociais; ajustar sua atividade de ensino à diversidade 
de contextos educacionais, às finalidades da educação e à população-alvo; planejar 
as condições de ensino, considerando as características e necessidades dos 
aprendizes; utilizar recursos de ensino apropriados aos contextos, população-alvo e 
finalidades; e, acompanhar e avaliar o processo de ensino que desenvolve. 
A formação do Psicólogo deve desenvolver, adicionalmente à formação do 
núcleo básico, as seguintes competências: analisar o campo de atuação do psicólogo 
e seus desafios atuais; analisar o contexto que atua profissionalmente nas suas 
dimensões institucional e organizacional, explicitando a dinâmica de interação entre 
os seus agentes sociais; atuar em diferentes contextos na promoção da saúde, do 
desenvolvimento e da qualidade de vida dos indivíduos, grupos, organizações e 
comunidades; atuar em diferentes níveis de intervenção, de caráter preventivo ou 
terapêutico, considerando as características das situações e dos problemas 
específicos; realizar diagnóstico e avaliação de processos psicológicos de indivíduos, 
de grupos e de organizações; realizar orientação, aconselhamento psicológico e 
psicoterapia; intervir em processos grupais em diferentes contextos; elaborar laudos, 
relatórios e outras comunicações profissionais; e apresentar trabalhos e discutir idéias 
em público. 
 
Seção 1.3: A formação teórica 
A partir da descrição anterior acerca do currículo, na formação em Psicologia, 
alguns aspectos da formação teórica tornam-se relevantes e devem ser 
pormenorizados. Kerbauy (2001) diz que o repertório do terapeuta é formado pelo 
12 
 
 
estudo, pela observação clínica, pela reflexão e análise da sua prática clínica, pela 
discussão com colegas e por palestras sobre os temas relevantes para seu trabalho. 
Em seguida, afirma que “a perspicácia e a sensibilidade do terapeuta fundamentada 
em conhecimentos de psicologia é que faz a diferença entre ‘auxiliar a resolver 
problemas’ e ser terapeuta que investe na melhora de vida, resolução de problemas 
e felicidade” (p.453). Assim, a autora enfatiza a importância de uma formação teórica 
rica e consistente, aliada ao desenvolvimento de habilidades gerais e outras ainda 
mais refinadas, para a formação de um bom profissional. 
Esta mesma autora ressalta que “não ésomente a acuidade de sentir e 
entender pessoas, mas conhecimento e habilidade, que podem ser ensinados 
formalmente e aprimorados no decorrer dos anos” (p.444), endossando as Diretrizes 
Curriculares acima descritas e reafirmando a importância da aprendizagem de novas 
habilidades para o bom desempenho da profissão. 
É parte relevante da formação do terapeuta a aprendizagem de conhecimentos 
teóricos, uma vez que estes, além de embasarem coerentemente a prática clínica de 
acordo com as diferentes teorias e escolas terapêuticas, descrevem técnicas e suas 
fundamentações, fornecem ferramentas ao terapeuta para descrever e respaldar a 
sua prática sempre que precisar responder questões trazidas pelo cliente sobre o 
processo terapêutico, fornecem informações teóricas aos profissionais acerca de 
patologias e síndromes que ajudam a melhor entender a queixa e os problemas 
trazidos pelo seu cliente e possibilita que o profissional auxilie seu cliente, de modo 
adequado, responsável e coerente, de maneira que este possa empregar recursos 
pessoais e ambientais para viver melhor. 
Deitos e Gil (1979) atentam para o fato de que o conhecimento da clínica 
psiquiátrica é básico e deve ser incluído na formação dos psicoterapeutas. Além disso, 
afirmam que a psicoterapia é uma disciplina que tem de ser aprendida não só na 
própria prática clínica, mas também através das experiências de vida. 
Guilhardi (1987) atenta para o fato de que “a teoria deve nortear o profissional, 
e este, no contato direto com os dados que emanam do cliente, deve revê-la, ampliá-
la e consolidar seus aspectos, e não o oposto, isto é, rever e alterar o cliente para 
salvar a teoria” (p. 319). 
Kerbauy (2001) também se refere à manutenção do estudar e à atualização 
como sendo partes essenciais da formação teórica. Adquirir o hábito de estudar 
regularmente, para muitas pessoas é difícil, porém ela sugere que cada um crie uma 
13 
 
 
forma divertida de responder a essa necessidade, como por exemplo, criar perguntas 
para o texto lido, refletir sobre o quanto determinada leitura contribui para a sua prática 
clínica, examinar os objetivos do autor, dentre outras estratégias, e ainda 
completa:“Essa necessidade de atualizar-se, ler, pensar e observar é compartilhada 
por inúmeros autores” (p. 446). 
A mesma autora lembra a importância do psicólogo recorrer a outras 
informações, fora de sua área, para que lide com as sessões e com os diferentes 
clientes sem preconceitos e para que compreenda os problemas em seus contextos 
sociais, políticos, econômicos, ambientais, pessoais, etc. Salienta-se, ainda, a 
necessidade de o terapeuta tentar receber uma pessoa sem julgamentos antecipados, 
buscando desenvolver um pensamento crítico e não plenamente influenciado de 
referências e aprendizagens pessoais. 
Dessa forma, pode-se perceber que uma formação teórica consistente, ou seja, 
que envolva dedicação, responsabilidade e consciência – através de leituras, redação 
de trabalhos e avaliações – é necessária para a aquisição de conhecimentos básicos 
sobre teorias e escolas terapêuticas. Entretanto, não é suficiente para a aprendizagem 
de como interagir com um cliente em uma sessão de terapia, na qual nada daquilo 
que sabem fazer parece ser suficientemente bom para lidar com tal situação (Dreiblatt; 
Barach; Nadelman; Zaro, 1980). 
É comum que os terapeutas iniciantes se sintam pouco à vontade diante do 
cliente e pouco preparados para exercer este novo papel. Gongora (1997) afirma que 
há sérias deficiências na introdução do aluno ao atendimento psicoterápico, pois esta 
fase da graduação não tem sido valorizada nos cursos de Psicologia atualmente 
oferecidos, assim, o aluno acaba tendo que saltar da teoria para a prática clínica com 
todas as inseguranças e problemas que isso possa gerar, tanto para ele quanto para 
o cliente. Como professora de graduação, esta autora vem tentando demonstrar como 
um programa sistemático de ensino da entrevista clínica pode contribuir imensamente 
na formação de psicoterapeutas. 
Baptistussi (2001) reforça a noção de que o repertório teórico do terapeuta é 
parte importante de sua formação “para que seja realizada uma intervenção adequada 
e responsável, pois é ele que direciona o atendimento, fundamentando sua atuação” 
(p.154). Dessa forma, relata que o conhecimento teórico permite uma melhor 
ordenação e desenvolvimento da prática, pois fornece condições para a tomada de 
decisões e interpretações no que diz respeito às técnicas e procedimentos em 
14 
 
 
questão. Para finalizar este assunto, afirma que “Não basta somente ser um terapeuta 
simpático, empático e competente socialmente, na medida em que o processo 
terapêutico lida com sérios problemas que necessitam uma prática bem 
fundamentada e exigem uma solução.” (p. 155). 
Assim, a aprendizagem e o desenvolvimento de habilidades interpessoais e 
profissionais a partir, principalmente, da prática clínica supervisionada se faz 
necessário e mostra-se extremamente relevante para a formação dos profissionais de 
Psicologia. Os alunos, segundo Gongora (1997), precisam colocar-se no papel de 
terapeutas, comportar-se como tal e não apenas abordarem a psicologia à distância, 
discutindo textos e teorias. 
 
Seção 1.4: A supervisão clínica 
Gongora (1997), após pesquisa junto a alunos de graduação, confirmou sua 
opinião de que os cursos de graduação em psicologia carecem de mais disciplinas 
práticas que ensinem aos alunos habilidades profissionais básicas, antes deles 
iniciarem atendimento clínico nos estágios obrigatórios. 
A passagem de estudante para profissional exige uma abordagem voltada para 
a resolução de problemas e um conjunto de habilidades que podem ser inteiramente 
novas (Dreiblatt et al, 1980). 
Entretanto, segundo os mesmos autores, “a única forma de aprender consiste, 
na verdade, em tratar de usar a habilidade a ser aprendida” (p.181). Assim, o 
treinamento na prática clínica pode ser uma experiência particularmente difícil uma 
vez que exige a aprendizagem de novas habilidades, envolve uma vulnerabilidade 
pessoal – exposição da própria personalidade e de problemas pessoais – e uma 
possibilidade de fracasso numa habilidade fundamental, tornando o estudante ansioso 
e menos disposto a tentar novas formas de agir. 
A literatura, segundo Zamignani (2000), apresenta uma ampla gama de 
habilidades a serem desenvolvidas pelos terapeutas iniciantes. A grande maioria 
delas diz respeito às técnicas terapêuticas, às habilidades de entrevista e a temas 
relacionados ao problema apresentado pelo cliente. 
Há vários métodos para melhorar e ampliar as habilidades clínicas, no entanto, 
a supervisão é a principal ferramenta disponível para essa aprendizagem (Dreiblatt et 
al, 1980). O contexto de supervisão clínica, segundo Zamignani (2000), permite o 
entendimento e a reavaliação do processo de tomada de decisão do terapeuta – já 
15 
 
 
que, nessa situação, algumas variáveis de controle do seu comportamento são 
explicitadas. 
Por um lado, a supervisão clínica pode ser uma experiência extremamente 
recompensadora e enriquecedora para o estudante em formação – e para o supervisor 
-, porém, por outro, pode revelar-se uma experiência ansiogênica, uma vez que 
vulnerabilidades e fraquezas poderão ser reveladas durante o processo de 
aprendizagem. Além disso, os estudantes precisarão estar preparados para 
receberem as críticas e comentários que lhe serão feitas, pelo supervisor, sobre suas 
habilidades clínicas, já que estes certamente terão impacto direto na sua confiança e 
auto-estima. 
Muitas vezes também, os estudantes sentem-se inferiorizados comparando 
seu desempenho com o desempenho ou a sabedoria de seu supervisor. Entretanto, 
trata-se de uma comparação destituída de sentido, uma vez que este já conta com 
uma vasta experiência profissional e pessoal incomparável com a dos estudantes em 
supervisão. Os terapeutasiniciantes devem ter em mente que estão aprendendo 
habilidades inteiramente novas e que, portanto, é irreal esperar de si mesmo um bom 
desempenho desde o início (Dreiblatt et al, 1980). 
Baptistussi (2001) também traz a idéia de que as supervisões fornecem 
discriminações mais refinadas para o terapeuta iniciante, a partir do repertório teórico 
e prático do supervisor. 
Poderão existir discordâncias entre o estudante e seu supervisor quanto ao 
sistema de valores ou à escolha da abordagem de tratamento, porém, geralmente, os 
supervisores recebem de bom grado discordâncias, sugestões e a oportunidade para 
um diálogo ativo com os estudantes. Cabe relembrar, entretanto, que é o supervisor 
quem responde legalmente pelo cliente e, como tal, deverá ter a última palavra sobre 
o progresso da terapia. 
Segundo Dreiblatt et al (1980), o manuseio das sugestões do supervisor que 
exigem mudanças de comportamento – não correspondendo ao estilo natural e 
pessoal do estudante – pode ser um problema crítico, já que o medo de ser avaliado 
e a preocupação com o fornecimento de um atendimento adequado ao cliente podem 
fazer com que o estudante permaneça praticando confortavelmente aquilo que já sabe 
fazer. Recusar-se a assumir riscos ou a tentar coisas novas com as quais o estudante 
se sente pouco à vontade pode minimizar as chances de ampliação de seu repertório 
de habilidades. 
16 
 
 
Kerbauy (2001) aconselha o estudante em treinamento a estagiar ou ter 
supervisão, preferencialmente com sessões gravadas com recursos audiovisuais, 
uma vez que este método permite uma análise minuciosa e um crescimento do 
terapeuta pela objetividade ao examinar seu próprio trabalho. É uma situação de 
aprendizagem em que o terapeuta percebe como e a que está respondendo na 
sessão. 
Segundo Dreiblatt et al (1980), esta é uma experiência valiosa, pois na maioria 
das vezes, é um choque ver ou ouvir a si mesmo numa fita de gravação. Você percebe 
que nunca se mostra ou fala como esperava. Entretanto, trata-se de uma vivência 
muitas vezes dolorosa já que expor-se pode provocar ansiedade e uma preocupação 
exagerada com a humilhação de presenciar o erro mais uma vez, junto a outras 
pessoas e, principalmente, junto ao supervisor. Silvares (1997) ressalta as 
dificuldades em lidar e superar a resistência dos alunos ao fato de terem seus 
atendimentos gravados em vídeo, porém, relata ser essencial observá-los para poder 
lhes dar o feedback adequado e orientar as sessões de atendimento subseqüentes 
da melhor forma possível. 
Assim, esta autora, relata desenvolver um trabalho de aproximação gradativa 
à gravação através de exercícios de role-playing de atendimento de forma a garantir 
que ela analise as sessões e as interações aluno-cliente de forma mais satisfatória, 
englobando, na supervisão, a análise da postura, tom e velocidade da voz, contato do 
olhar e expressão facial de ambos durante as sessões. Ao aceitarem e perceberem o 
valor desta metodologia, os alunos vão incorporando ao próprio repertório os 
comportamentos considerados positivos e significativos de uma boa interação 
terapêutica. 
Além disso, Dreiblatt et al (1980) ressaltam que devem ser feitos registros 
escritos de todas as sessões e o supervisor deve estar sempre muito bem informado 
sobre os clientes uma vez que este responde profissional e legalmente sobre seus 
estagiários. Os registros escritos também desempenham um papel importante quando 
se trata de inquérito sobre comportamento negligente ou não-profissional, de modo 
que ambos, estudante e terapeuta, ficam salvaguardados nestes casos. E ainda, em 
caso de afastamento do estudante, tais registros fornecem dados relevantes para que 
o processo terapêutico tenha continuidade, sob a responsabilidade de um outro 
membro da equipe de supervisão. É de suma importância que estes aspectos fiquem 
17 
 
 
claros para o cliente de maneira que ele esteja consciente das implicações existentes 
do tratamento, em uma instituição de treinamento. 
 
O treinamento em grupo – equipe de supervisão – é extremamente eficaz, 
segundo Kerbauy (2001), pois permite ao estudante ver ocorrências variadas em 
casos diferentes, ampliando o repertório do terapeuta em treinamento. 
Vale ressaltar que o treinamento sob supervisão não é um período de 
solidificação de maneiras pessoais de trabalhar, pelo contrário, trata-se de um período 
de exploração de novos comportamentos e de novas maneiras de encarar os 
problemas (Dreiblatt et al, 1980). A partir deste treinamento e de uma observação 
pessoal – principalmente a partir de gravação ou filmagem -, será possível a 
realização de um exame sobre como e o que se comunica, verbal e não-verbalmente; 
sobre o senso de oportunidade e a clareza das observações realizadas junto ao 
cliente; e, ainda, sobre as sutilezas da interação com o cliente. 
Segundo Kohut (1966, citado em Cordioli, 1998), o desenvolvimento da 
empatia é um aspecto fundamental na formação dos psicoterapeutas, pois esta 
apresenta-se como elemento essencial da observação psicológica, permitindo ao 
terapeuta reunir dados psicológicos de seus pacientes e imaginar, através destes, as 
suas vivências internas ainda que as mesmas não tenham se manifestado à 
observação direta. 
Kerbauy (2001) sugere que o supervisor deve estar bastante atento para 
perceber as reações emocionais do terapeuta iniciante diante dos comportamentos 
emitidos pelo cliente na sessão e fora dela, pois esse ponto pode esclarecer 
problemas pessoais do terapeuta que podem estar interferindo nas escolhas 
terapêuticas. 
Dentro deste mesmo tema, segundo Zamignani (2000), um dos principais 
objetivos da supervisão clínica é auxiliar o terapeuta iniciante na discriminação entre 
aqueles aspectos de sua atuação que dizem respeito ao comportamento do cliente e 
seu processo terapêutico e, aqueles que referem-se ao conhecimento do terapeuta 
com relação ao tema ou ainda entre aqueles que são devidos à sua própria história 
de vida, não relacionados à sua relação com o cliente. Assim, o trabalho desenvolvido 
pelo supervisor permite o desenvolvimento de um repertório alternativo para 
responder de forma mais adequada a aspectos da história de vida do estudante que 
18 
 
 
são trazidos à tona pela interação com o cliente, além de desenvolver as habilidades 
no manejo da teoria e das técnicas terapêuticas. 
 
 
O treinamento clínico geralmente passa por três etapas (Dreiblatt et al, 1980): 
primeiro, os estudantes aprendem a reconhecer suas habilidades e erros, após estes 
terem sido apontados por alguém; este aprendizado é seguido por um aumento na 
habilidade de analisar seu próprio desempenho após o fato; e, finalmente, atingem o 
ponto em que são capazes de avaliar sua atuação no momento em que estão agindo 
e, corrigir ou evitar erros dentro da própria sessão. 
Entender as variáveis que agem na determinação do comportamento do 
terapeuta durante e após a sessão - na análise dos dados do cliente fora da sessão, 
conforme cita Zamignani (2000), pode permitir o desenvolvimento de novas 
tecnologias de treinamento profissional, em busca de uma atuação mais efetiva. 
É também de suma importância, segundo Dreiblatt et al (1980), trazer à 
discussão, durante a supervisão, os próprios sentimentos e reações que cada 
estudante experimenta em relação aos seus clientes, pois trata-se de um passo 
importante para o desenvolvimento das habilidades terapêuticas uma vez que estas 
são informações críticas que afetam o tratamento. Portanto, como menciona 
Zamignani (2000), torna-se importante para a formação do terapeuta a instalação de 
um repertório discriminativo de seus próprios sentimentos e emoções, uma vez que a 
investigação desse processo seria relevante para a compreensão das variáveis 
envolvidas na tomada de decisão do terapeuta durante a sessão. 
A respeito desse tema, Banaco (1993, citado em Zamignani, 2000) comenta 
quealguns comportamentos a serem emitidos pelo terapeuta podem ser facilmente 
aprendidos, através do seguimento de regras ou modelados através de role-playing 
ou mesmo por modelação. Já o manejo de eventos do tipo encoberto – como 
pensamentos e emoções do terapeuta durante a sessão – apresentam uma maior 
dificuldade para o seu treinamento e, além disso, são dificilmente discriminados, 
principalmente pelos terapeutas iniciantes. 
Segundo Silvares (1997), para ser efetivo, é também papel do supervisor ter 
sob a mira de sua análise não só o comportamento do estagiário como também o do 
cliente deste aluno, além do seu próprio e também o de outros elementos significativos 
do contexto de vida do cliente e do estagiário. 
19 
 
 
Kerbauy (2001) refere ser a observação do cliente e de si próprio - terapeuta 
em treinamento - uma parte relevante para a aprendizagem das habilidades 
terapêuticas. Perceber os mínimos detalhes de expressão, posição corporal e humor 
do cliente, bem como o seu tom de voz, as palavras usadas e o efeito delas sobre o 
comportamento do cliente, podem ser importantes ferramentas de trabalho. 
Segundo Silvares (1997), o aluno de Psicologia “deve aprender a avaliar a 
situação onde se insere, para poder definir como agir, intervindo onde se fizer 
necessário” (p.504). Assim, como professora de graduação e pós-graduação em 
psicologia, diz esforçar-se para desenvolver em seus alunos duas habilidades 
essenciais num clínico: como proceder uma boa avaliação da situação de demanda e 
como garantir condições para levar adiante a intervenção dela derivada. 
Nesse sentido, esta autora procura modelar alguns comportamentos que 
percebe como relevantes para a formação profissional, entendendo a modelagem 
como um processo artesanal e gradativo que supõe uma interação entre o que tem o 
comportamento modelado e o que modela, na direção de comportamentos finais 
desejáveis. No caso dos alunos de graduação, em supervisão, a modelagem, segundo 
Silvares (1997) deve ser feita em duas direções: a primeira, refere-se a uma 
sinalização de mudanças comportamentais a serem operadas nos próprios alunos 
visando uma interação terapêutica com o cliente mais satisfatória; e, a segunda, 
refere-se a dicas a respeito de pontos importantes para o desenvolvimento do caso 
clínico, muitas vezes desapercebidos pelos alunos. 
Gongora (1997) ressalta a importância de o estudante de graduação aprender 
a realizar uma entrevista clínica adequada. Nesse sentido ela propõe um programa 
sistemático de ensino da entrevista que visa desenvolver, principalmente, as 
seguintes habilidades: atitude ou postura empática, comportamentos não-verbais 
adequados, controle da entrevista pelo terapeuta, formulação de questões abertas e 
fechadas, operacionalização das informações, pedidos de esclarecimento e 
complementação, paráfrase, reflexão de sentimentos, resumo, manutenção de 
seqüência e time. 
Dessa forma, a professora-autora pretende que sejam desenvolvidas em seus 
alunos tanto as habilidades de processo, quanto as habilidades de conteúdo ou coleta 
de dados - ambas dimensões fundamentais da entrevista clínica e complementares 
na formação do terapeuta. 
20 
 
 
O estudante sob treinamento, conforme Dreiblatt et al (1980) mencionam, pode 
se valer também de outros recursos para o desenvolvimento de suas habilidades 
terapêuticas, como: 
 
• A observação de outras pessoas conduzindo a terapia – trata-se de uma 
fonte valiosa e não ameaçadora de moldar novas técnicas de terapia e 
habilidades interpessoais que não se desenvolveriam apenas através da 
supervisão clínica; 
• A observação de colegas e clínicos experientes para posterior discussão, 
fornecimento de feedback e sugestões construtivas; 
• A participação em reuniões, workshops e congressos, bem como 
discussões com outros profissionais; 
• A leitura de livros sobre técnicas de psicoterapia – para ampliação dos 
conhecimentos teóricos e de habilidades específicas -, de pesquisas e 
relatórios de casos nas revistas científicas especializadas; 
• A experiência da terapia pessoal também é essencial para se obter 
autoconsciência e ter a perspectiva do papel do cliente, além de ser uma 
boa oportunidade de observar um outro terapeuta em ação. Segundo 
Kerbauy (2001), conhecer-se auxilia no processo de aceitação do outro. 
A proficiência como psicoterapeuta requer esforços contínuos para o 
desenvolvimento de habilidades ao longo de toda vida profissional uma vez que as 
capacidades terapêuticas melhoram gradativamente, com treino e experiência. O 
ensino formal é apenas um primeiro passo no desenvolvimento profissional, pois 
quanto mais e mais variados forem os esforços de aprendizagem, mais flexível e 
enriquecedora será a carreira profissional e o conjunto de habilidades terapêuticas 
adquiridas (Dreiblatt et al, 1980). A supervisão clínica na graduação e nos primeiros 
anos subseqüentes é, portanto, essencial. 
 
Seção 1.5: A transição de estudante para profissional 
Pensando a formação do profissional de psicologia, percebe-se que a transição 
de estudante para psicoterapeuta envolve mudanças extraordinárias, tanto pessoais 
como profissionais, e é muitas vezes uma experiência perturbadora. 
21 
 
 
Muitas expectativas existentes nos estudantes de psicologia se tornam 
questões complexas e confusas a partir do treinamento profissional (Dreiblatt et al, 
1980). Estas expectativas relacionam-se às razões pelas quais tais jovens escolheram 
seguir esta profissão. Algumas motivações pessoais podem ser: a preocupação com 
o bem-estar das pessoas e um desejo de ajudar a melhorar a qualidade de suas vidas; 
um grande interesse e curiosidade sobre os seres humanos e seu comportamento; e 
o sentimento de serem possuidores de características pessoais valiosas para a prática 
de psicoterapia como sensibilidade, compreensão, discernimento e perspicácia. Além 
destes motivos altruísticos, podem haver outros que variam de acordo com a história 
pessoal de cada futuro profissional, sendo alguns deles: a atração pelo poder e 
privilégios associados a esta profissão e a oportunidade de ajudarem a si mesmos na 
solução de seus problemas pessoais. 
Algumas questões que podem se apresentar como confusas a um terapeuta 
iniciante podem se relacionar com a postura adotada pelo profissional inexperiente, 
bem como com o tipo de relação que se estabelecerá com o cliente. No primeiro caso, 
a necessidade de “sentir-se útil” e “de fazer algo” frente à queixa trazida pelo cliente, 
pode ser resultado apenas de desejos e necessidades pessoais, comprometendo o 
processo, seja por não dar ao cliente a oportunidade de desenvolver habilidades 
próprias para lidar com as situações da vida, seja por manter padrões de dependência 
na interação, indesejáveis no processo de terapia. Além disso, os novos terapeutas 
tendem a encarar e interpretar o comportamento e os sentimentos de seus clientes 
dentro do quadro de referência de suas próprias experiências, esquecendo-se que 
estes não são necessariamente os mesmos experimentados pelo cliente, que 
aspectos fora desta amplitude podem estar sendo esquecidos e que suas 
pressuposições podem ser errôneas. 
Como Kerbauy (2001) comenta, um dos sérios problemas que se percebe, em 
alguns profissionais, é a transformação da relação de terapia em amizade pessoal. 
Por isso a necessidade do terapeuta iniciante conhecer-se para evitar certos discursos 
ou expressão de sentimentos. Deve estar claro para o profissional iniciante que o tipo 
de relação estabelecido com o cliente é de cunho profissional e não aproxima-se de 
uma amizade. Assim, o foco na interação incide no cliente e nas preocupações deste 
(Dreiblatt et al, 1980). Brincadeiras, conselhos e auto-exposição devem ser 
cuidadosamente planejados e, quando for o caso, apresentados com bastante 
22 
 
 
cautela, pois não se poderá ter a certeza de como o cliente reagirá,nem como ele 
perceberá a pessoa do terapeuta e o papel que este cumpre. 
Alguns medos freqüentemente apresentados pelos iniciantes são o de serem 
percebidos como incompetentes pelo cliente e o de como devem aparecer perante o 
mesmo. Nesses casos, a falta de habilidade inicial em interagir com o cliente acaba 
por exacerbar a autocrítica e a dúvida, comuns ao se exercer qualquer novo papel. 
Terapeutas iniciantes também apresentam dificuldade em aceitar o fato de que, 
muitas vezes, não se têm respostas prontas para dar aos clientes e que, 
freqüentemente, é necessário e conveniente dizer ao cliente que será preciso um 
tempo a mais para pensar a respeito da questão apresentada, de modo que se possa 
discutir tal aspecto com o supervisor, e apresentar uma resposta mais coerente e 
responsável ao cliente, num momento posterior. 
O medo de perder o cliente também é freqüente, porém os estudantes devem 
ter em mente que circunstâncias outras – financeiras, ambientais, interpessoais, 
familiares, etc –, que não o seu fracasso como terapeuta, podem ser razões para 
interrupções prematuras da terapia. Além disso, o terapeuta iniciante deve saber que 
o processo de busca de solução para problemas emocionais é uma questão de 
responsabilidade mútua, terapeuta-cliente, não cabendo unicamente ao profissional – 
nem ao cliente – o sucesso ou o fracasso da terapia. Ainda sobre o progresso da 
terapia, é relevante explicitar que este pode ocorrer de forma lenta e não tão óbvia 
para o terapeuta iniciante, ocasionando alguma insatisfação por parte deste, já que é 
freqüente o desejo de se ver mudanças ocorrerem clara e rapidamente. 
Outras questões que se apresentam ao estudante nesse período são: a 
angústia frente às cobranças sociais; a sensação de perda perante as mudanças que 
se aproximam; o medo, a insegurança e a ansiedade pessoais e em relação ao 
mercado de trabalho; a dúvida entre tantas linhas teóricas e áreas de atuação; a 
sensação de responsabilidade que ora se aproxima; a felicidade diante da realização 
e do cumprimento de uma etapa importante da vida; o orgulho, quando já se consegue 
realizar algumas metas; e a expectativa e a incerteza que estão sempre presentes 
nesses momentos de transição (Leibel, 2004). 
Além da prioridade dada ao desenvolvimento das habilidades clínicas – o que 
fazer com o cliente e como fazê-lo com eficiência -, é essencial que o terapeuta 
principiante também procure inserir temas éticos e legais, no seu processo de 
aprendizagem. É de suma importância que os estudantes iniciem seus treinamentos 
23 
 
 
já tendo refletido sobre os aspectos profissionais, éticos e legais de seu trabalho, de 
modo que questões do tipo: “Quais são minhas responsabilidades legais e éticas em 
relação ao cliente?”, “Quais as minhas obrigações para com o cliente e a sociedade?”, 
“Sob que circunstância se pode violar a confidencialidade?”, possam ser respondidas 
pelo estudante, conscientemente e sem hesitação (Dreiblatt et al,1980). 
 
Outra preocupação dos terapeutas iniciantes refere-se à forma de se defrontar 
pela primeira vez com um cliente. Como deverão se apresentar e quão importante é 
a sua maneira de vestir-se são questionamentos freqüentes. Tais aspectos 
comportam certa relevância uma vez que as primeiras impressões de um cliente sobre 
competência e possibilidade de ajuda efetiva são influenciadas pelo ambiente físico 
da clínica, pelo tipo de recepção que tem e pela aparência e modos do terapeuta. No 
que se refere à apresentação inicial, a melhor atitude é utilizar um termo que defina 
seu papel – estagiário de psicologia em treinamento ou psicólogo –, mencionando o 
nome e sobrenome; e, em relação ao cliente, a melhor forma é tratá-lo pelo nome, 
demonstrando respeito e empatia. 
Além disso, uma dúvida freqüente do terapeuta iniciante refere-se à questão da 
confidencialidade envolvida na interação terapêutica. De maneira geral, a regra básica 
diz respeito à não-revelação de quaisquer informações referentes ao cliente, sem que 
haja a sua permissão, por escrito - salvo alguns casos como suicídio e inquérito legal. 
Deve ficar claro, entretanto, para o cliente que, em se tratando de um treinamento 
profissional, suas informações serão compartilhadas com o supervisor e com a equipe 
de supervisão, uma vez que isto se faz necessário e é exigido para o treinamento da 
prática clínica. 
Problemas de responsabilidade, motivações pessoais, modo mais efetivo de 
interação com os clientes, dúvidas pessoais e sobre procedimentos de tratamento 
parecem que nunca serão definitivamente resolvidos. Cada um deverá 
constantemente reavaliar - e modificar - suas opiniões a respeito destas questões em 
busca de um aperfeiçoamento profissional (Dreiblatt et al, 1980). 
 
 
 
 
 
24 
 
 
 
 
 
 
 
 
Unidade 2: A Bioenergética E Suas Influências Na 
Qualidade De Vida 
 
Seção 2.1: Introdução 
A bioenergética é considerada e classificada como uma prática relevante, que 
se utiliza dos aspectos corporais como objeto de estudo central para desenvolver, com 
base no sistema biocêntrico, uma “vivência” que gera resultados de experiências que 
podem ser assim analisados, buscando trabalhar o contato do sujeito consigo mesmo 
(corpo e natureza) através de “exercícios” que tem influências em dores, equilíbrio, 
consciências/inteligências entre outros fatores agregando assim na qualidade de vida 
dos sujeitos que buscam o método. 
Nesse sentido, Lowen (1982) classifica a bioenergética como sendo uma 
técnica terapêutica que pode auxiliar indivíduos a reencontrar-se com seu corpo e a 
tirar o mais alto grau de proveito possível da vida que existe nele, percebendo que o 
foco do trabalho por meio da bioenergética apresenta-se como de suma importância 
nos processos terapêuticos. 
O motivo do aparecimento da terapia, mesmo com a existência do modelo 
biomédico conservador, se mostra bastante efetivo devido a grande quantidade de 
pessoas que relatam buscar outras técnicas que auxiliam a psicoterapia comprovando 
também uma melhora significativa e diferencial nas suas vidas, sejam elas 
relacionadas a doenças ou não, muito embora ainda existam algumas barreiras a 
serem quebradas. 
“As práticas corporais das PICs (Práticas Integrativas Complementares) são 
chamadas por alguns autores, como Lorenzetto te al, de Práticas Corporais 
Alternativas (PCAs). Essa denominação é justificada pois são “práticas” que 
consideram a necessidade da aquisição de uma vida saudável por meio de 
experimentação e manipulações que proporcionem ao indivíduo a vivênciade 
seu próprio corpo; são “corporais”, pois, tem o corpo como objeto de 
interferência e são “alternativas” porque diferem dos outros trabalhos de 
abordagem corporal convencionais.” (Cabral. 2015. p. 11) 
25 
 
 
 
Dessa forma, nota-se que a abordagem se encontra e se assemelha em um 
grau psicossomático, mostrando assim a qualidade de vida que pode ser alcançada, 
com a finalidade de facilitar e tornar a resolução de conflitos mais fluido e natural, 
dando ao cliente o seu direito de escolha e agregando ao trabalho um ponto de 
perspectiva holístico, necessário para o desenvolvimento do processo. 
Com isso, é notório como tais técnicas tomaram espaço de influência que pode 
chegar a pé de igualdade com o modelo usado mundialmente (biomédico) e isso se 
deu como marco após a mudança de conceito de saúde-doença proposto pela OMS 
– Organização Mundial de Saúde, incluindo a subjetividade dos seres com sua devida 
relevância no papel do bem estar dos mesmos, que na realidade do Brasil, o marco 
mais atual da aderência dessas abordagens se dá em 2006 quando o SUS institui a 
política nacional de prática complementar e integrativa, tendo marco independente da 
utilização das mesmas anteriores a isso. 
Spink apud (Hoffman, 2007) afirma que muito embora as formações 
acadêmicas venham se adequando a uma realidade Sócio-Histórica-Econômicado 
Brasil, ainda é forte a atração pelas práticas em psicologia considerada intimistas. 
“Desde a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), temos observado a crescente 
inserção do psicólogo em atividades de saúde pública e saúde coletiva”(p. 01). 
Nessa perspectiva, o estudo abordado traduz uma grande relevância, pois 
continua afirmando a subjetividade do sujeito focando além do corpo, as suas 
expressões psicossomáticas que podem revelar uma linguagem mais diversificada no 
que diz respeito a compreensão corporal, que é por sua vez esquecida, em alguns 
aspectos, principalmente se comparado ao modelo clinico. 
Levando em consideração esse contexto se faz necessário o seguinte 
questionamento: a bioenergética contribui para a qualidade de vida das pessoas? Pois 
tem-se percebido que a bioenergética se apresenta bastante efetiva perante os 
modelos de abordagens tradicionais. No entanto, o tema abordado ainda possui um 
acesso limitado, pois embora esteja crescendo o número de pesquisas relacionadas, 
são limitados os trabalhos que envolvem a prática, tendo em vista, que atualmente o 
número de profissionais envolvidos encontra-se bastante reduzido. 
Essa afirmação se encontra respalda em Oliveira, Silva e Rolim (2013) que 
ressaltam que há uma precariedade de material teórico que aborde a temática.Desse 
modo foi realizada uma revisão sistemática da literatura voltada a análise 
26 
 
 
bioenergética de periódicos indexada nos últimos 10 anos, apesar da existência de 
pouco material disponível na literatura científica a respeito da temática, o que foi 
encontrado auxiliou a dar uma maior visibilidade aos conceitos fundamentais dessa 
teoria. 
Os resultados do estudo visam contribuir com o crescimento da análise 
bioenergética no cenário atual, tendo em vista que essa abordagem é de certa forma 
uma novidade que agrega informações relevantes ao tema, retratando a influência da 
bioenergética na qualidade de vida de seus praticantes e qualificando suas razões 
para o desenvolvimento do projeto dentro da sociedade atual a nível acadêmico e 
social auxiliando pesquisas e trabalhos futuros e direcionando pessoas que desejem 
conhecer o tema. Além disso, proporciona e favorece o desenvolvimento e 
aprendizagem do pesquisador em questão. 
Diante disso se faz necessário a compreensão de motivações e estímulos para 
seguir na prática a procura de seu bem-estar e equilíbrio, tanto físico como mental, de 
maneira leve, cativante e por força de vontade própria caracterizando sua autonomia 
e independência, sendo necessários essa autoafirmação e desenvolvimento para 
caracterizar e admitir a necessidade de ajuda, através do sistema biocêntrico. 
Ressalta-se, a partir disso, a ressignificaçãoda vida por meio de técnicas que buscam 
focalizar as tensões musculares acumuladas durantes situações especifica 
somatizadas no segmento da couraça de suas vidas, trabalhando-as com o objetivo 
de neutralizar e fazer fluir assim os movimentos e a mudança na sua vida e no seu 
corpo. 
 
Seção 2.2: Fundamentos da análise bioenergética 
A temática gera uma grande e importante evolução no autoconhecimento, pois 
tem grande relevância na contemporaneidade, tendo em vista que somos indivíduos 
que, cada vez mais, estamos em busca de um self, mas não podemos negar a 
participação social que devemos exercer. Tendo isso em vista, a terapia tem a 
intenção de integrar a mente e o corpo, emoções e ego, buscando resultado de 
completude durante a vida, para ter essa integração de forma a viver em harmonia 
consigo mesmo. Desde o nascimento o corpo resiste, fala e expressa as emoções, 
são eventos mentais e corporais e muitas vezes, esses processos são negados, 
gerando resultados em áreas físicas e psicológicas, ou seja, o ego e o corpo querem 
27 
 
 
algo, mas surgem resistências (egóicas, culturais, inconscientes entre outras) às 
vezes até pelo fato de não estarem em contato direto com muitos desses processos. 
Nesse contexto a análise Bioenergética trabalha a história de vida de cada ser. 
Quando tem-se muitas limitações,ocorpo vai se estruturando para poder lidar com tais 
situações que os impede de agir, afetando assim o livre fluxo energético de processos 
básicos do nosso organismo (comunicação, digestão e respiração, por exemplo) e 
dessa forma o sujeito se cobre com “couraças”, termo adotado por Reich (1984) que 
influenciou de forma gigantesca sua época com seus estudos em “a análise de 
Caráter” (livro anterior ao conceito de couraças lançado em 1933) onde buscava até 
então a profilaxia de neuroses, (deve-se recordarque o corpo e a mente, fora outros 
processos como o espirito, estão sendo citados nesse trabalho como estruturas 
fundamentais e que funcionam em conjunto para a formação do ser humano 
saudável). Almeida (2014) diz que a couraça foi mencionada pela primeira vez em 
1922 em um artigo chamado “Dois tipos de narcisistas” referindo-se a um mecanismo 
de defesa ao quadro de neuroses de caráter, inicialmente idealizada na psique, 
porém, gradualmente somatizada, remetida para execução de função protetora, a 
couraça estabelecenaturalidade a uma situação inevitável, por outro lado esse suporte 
pode vir a comprometer a interação com o meio interno e externo. 
Uma das melhores contribuições de Lowen (1982) na base desse estudo foram 
os conceitos de Grounding, Surrender e Graciosidade, o Grounding que também é 
classificado como uma postura física é utilizado para uma pessoa desenvolver 
sustentação de opiniões, espaços e desejos, dessa maneira essa pessoa está 
potencializada para concretizar, selecionar e priorizar seus objetivos. Trabalhasse 
inicialmente uma reeducação respiratória, onde é comum acontecer processos como 
a hiperventilação que é a repetição da respiração em grandes quantidades, ou seja, 
a crescente absorção de oxigênio, e consequentemente, bioenergia, que gera reflexos 
psicossomáticos em indivíduos que não tem esse costume, como formigamentos de 
extremidades e tonturas, muito embora o terapeuta deva administrar esse tipo de 
situação conforme a subjetividade do cliente. Essa dentre outras técnicas, 
involuntariamente, vai fazer com que o indivíduo sinta de maneira orgânica seu corpo 
e consequentemente seus sentimentos de forma mais intensa. 
O Outro processo desenvolvido por Lowen (1982) é o “Surrender” que se 
classifica como uma entrega do self, deixando que o corpo como um todo relaxe e 
não ceda a processos defensivos que costuma nos restringir do aproveitamento 
28 
 
 
completo do nosso organismo mediante determinadas situações.O autor fala que 
“render-se não significa abandonar nem sacrificar o ego. Significa que o ego 
reconhece seu papel como subordinado do self – como órgão da consciência e não o 
senhor do corpo.” (Lowen 1997. p. 27). Na mesma linha de raciocínio temos também 
o conceito de “Graciosidade” que nos remete a nossa ligação com o meio (pessoas, 
animais e natureza) fortalecendo a vitalidade corporal, podendo ser notado com a 
coloração e calor da pele, espontaneidade, vibração do corpo, expressões corporais, 
o brilho dos olhos que é notada na graciosidade dos movimentos,conceito que se 
relacionadiretamente com a espiritualidade. 
Quando fazemos uma análise denossos reflexos parassimpáticos para 
momentos de tensão, a apneia estará presente na maioria de relatos, seja ela leve, 
moderada ou crítica/grave, sendo assim podemos entender que por mais importante 
que seja a respiração ela é esquecida perante situações que não se sabe, ou 
nãoépreparado para lidar, e isso é inato, pois vivenciam traumas desde a infância (um 
exemplo simples é o olhar de raiva de uma mãe para seu filho) onde o reflexo é tal 
para defender-se desses sentimentos tanto alheios como próprios.Esse tipo de 
acontecimento realizado repetidas vezes durante a vida vai consequentemente 
enrijecendo tais couraças que acabam por limitar a identidade de um 
sercomotambéma vivenciada espiritualidade do corpo e seus sentidos, faz-se 
necessário então, a flexibilização e relaxamento de músculos e órgãos, geralmente 
causando vibrações indicando a passagem de energias pelas couraças existentes no 
indivíduo (o que reflete na sua saúde). 
Nessa linha de abordagem terapêutica deixam-se oportunidades para se 
conectar com seu corpo e assim entender sentimentos negativos (magoas, tristezas, 
raivas) que podem ter sido reprimidos e vai se tornando mais fluido e libertador 
expressa-los de uma forma livre.Se esse processo não chega a ser realizado é 
possível, e muito provável, que essa experiência que causou tamanha dor e 
sofrimento venha a se tornar um sintoma somático ou corporal, caso não seja 
manifestada livremente. Essa analise estuda o sujeito num contexto 
somatopsicodinamico (manifestações comportamentais em que mente e corpo se 
entrelaçam de forma energética, formando a identidade do ser). 
 
29 
 
 
Seção 2.3: Conhecendo a bioenergética e sua integralidade 
Sabe-se, Segundo Volpi (2003) que a terapia bioenergética tem cunho 
psicanalítico devido ao Reich (Terapia Reichiana) que foi o responsável por trazer a 
tona o conceito das couraças, muito embora tenha sofrido com as críticas da época 
(por volta de 1946) e tenha deixado as terapias individuais para se dedicar a física 
orgânica (instrumento esse que deu continuação a sua base de terapia analítica de 
caráter vegetoterapeutico), ele continua sendo o precursor que abriu caminhos a 
Lowen para o desenvolvimento de uma abordagem fora do foco da energia orgânica 
(apenas). 
Com relação ao processo histórico e reflexão sobre a prática no estilo de vida, 
Grof (2008) afirma que a experiência dos anos 60 deixa claro que uma psicologia 
válida e completa para todas as culturas deveria incluir observação de áreas como 
estados místicos, consciência cósmica, experiências psicodélicas, fenômenos de 
trance, criatividade e inspirações religiosas artísticas e cientificas, isso se deu a partir 
do interesse de filósofos em diferentes tradições místicas como a meditação e a 
sabedoria de antigos nativos em associação ao movimento humanista da época 
relatada pondo ênfases nos conteúdos humanos em contrapartida à abordagens 
dominantes da época, surgindo, por exemplo a bioenergética e a Gestalt terapia, 
sendo assim necessário considerar a dimensão espiritual e a psique humana, 
conforme Cobos (1986) essas abordagens tomam como elemento associativo a 
descrição teórico-prática de um determinado modelo desenvolvido pelos precursores 
da devida abordagem. 
Rogers apud (Besora, 1982) durante uma entrevistadescreve a postura 
humanizada de alguns terapeutas bioenergéticos, ressaltando a presente marca 
humanista , quando o assunto é a bioenergética, entrando em similaridades com 
outros modelos como a Gestalt e a análise transacional, no que se refere ao estudo 
de aspectos e patologias distinguindo os níveis emocionais e suas profundidades que 
não foram expressadas na infância ou até mesmo eliminadas de forma crônica e que 
consequentemente não se encontram no nível consciente e são representadas com 
um bloqueio corporal crônico de sua expressão e consequências somáticas. 
Posto isso, faz-se útil mencionar um trabalho de realizado por Paticucci (2011) 
no CAPS-Ad de Curitiba onde conclui que a técnica de meditação integrada à 
bioenergética poderia se complementar com o objetivo de potencializar efeitos na 
redução de sintomas ligados a ansiedade, afirmando um caráter integrativo. 
30 
 
 
Nessa perspectiva,Lowen (1977) institui como um dos princípio para 
bioenergética, a integralidade, identificação com seu corpo e suas palavras (verbais 
ou não) para se identificar como “um homem de palavra” deve-se inicial ser seu próprio 
corpo e finalmente sendo sua própria palavra “você é o que você fala”, sendo assim 
uma mensagem internalizada, ou seja, que vem de seu coração, não é uma tarefa 
fácil, deve-se viver em todos os níveis e agregar uma compreensão que será 
construída durante um processo que talvez não tenha um fim limitado, mas que tem 
como finalidade o aprimoramento do processo de autodescoberta, somos mentes 
racionais (pensadores criativos) em corpos não tão racionais (animais sensíveis), ou 
seja, somos organismos vivos (apenas homens e mulheres) em busca da dualidade 
e unidade simultânea da personalidade humana. 
Como exemplo da presença da teoria da bioenergética em outras praticas 
integrativas podemos pegar a anteriormente chamada “psicodança” atual “biodança” 
(influencias terapêuticas da dança e música também caracterizada pelo método 
cientifico biocêntrico) essa técnica compreende então o sujeito como parte 
fundamental de um sistema mais complexo e completo que Toro (apud Peralta 2014) 
caracteriza como a “conjugação entre arte, ciência e amor”. O corpo aqui nota a 
realidade vivenciada por ele (que se torna a verdade inteira do momento, retomando 
assim uma ligação afetiva). 
Ainda nesse sentido o autor mencionado acima, afirma que as vivencias podem 
ser divididas em cinco Linhas, sendo elas de Vitalidade, de sexualidade, de 
criatividade, de afetividade e de transferência. Elas se entrelaçam e se fortalecem 
reciprocamente, diferentemente de métodos tradicionalmente conhecidos de fazer 
recordar a consciência conflitos que estão presentes no inconsciente para assim tratar 
de disfunções e transtornos psicológicos, a mente se encontra em cada célula do 
corpo, não podemos pensar, corpo dissociado da mente e do cérebro, todas essas 
estruturas fazem parte do eu subjetivo que por si deve ascender como tal. Tudo que 
vivenciamos alcançam nossa totalidade tendo um resultado integrador (focando em 
superar as dissociações). 
A forma que cada um, mostra sua identidade, sua sexualidade, sua 
espiritualidade está relacionado com os sentidos, com o corpo-mente e 
consequentemente com a maneira de se ver a vida, traduzindo esse conjunto em 
emoções, gerando mudanças através de movimentos, aqui o gesto de expressão se 
caracteriza em movimentos gerados por pulsões que estão entre o físico e o psíquico 
31 
 
 
com o retrato singelo infinito e subjetivo da estimulação de um fazer artístico. Sendo 
assim, essa vivencia (com seu valor intrínseco e imediato para a integração) se 
caracteriza como o elemento do método essencial da biodança, para a bioenergética 
também vemos exemplos de sua integralidade na dança em projetos como o de 
Nascimento e Laitano (2017) onde eles reuniram 22 alunos em um trabalho intitulado 
“bioenergética” para agregar as disciplinas de fisiologia do exercício e dança gerando 
resultados como a ampliação de conhecimentos e competências sobre ensino-
aprendizagem corporais dentro da escola. 
Esses estímulos através das vivencias e exercícios que integram música e 
movimento gera um desenvolvimento e evolução dos sujeitos em seus diversos 
aspectos, ativando e harmonizando áreas do encéfalo (límbico-hipotalâmicas que por 
sua vez é um centro regulador de emoções consequentemente agindo no sistema 
endócrino), refletindo assim em sua representação fisiológica, na regulação de uma 
conduta flexível dos instintos e emoções. Reorganizando respostas perante a vida dos 
praticantes a técnica diferencia-se de terapias que dão prioridade á consciência e 
linguagem. 
 
Seção 2.4: Análise bioenergética, reflexões para qualidade de vida 
Lowen(1997) ressalta que em algum lugar, no fundo de cada um, existe uma 
criança inocente e livre (principalmente de culpa) que sabe que a dadiva da vida é a 
dadiva da alegria, fala também que crianças são receptivas a esse sentimento, mas 
parando para observar a pessoa madura e mais velha é difícil e raro vê-los sentir e 
agir dessa forma, ainda de acordo com o autor supracitado em seguida descreve que 
“Dançar pode ser o mais próximo que conseguem chegar disso, e é por isso que 
dançar é a atividade mais natural nas ocasiões festivas”. 
Muito embora

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