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Conflitos Entre Normas Jurídicas Ponto 8 DIMOULIS, Dimitri. Manual de Introdução ao Estudo do Direito. 5ª ed rev. atual e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2013. PP. 200-214 Arquivos de Estudo de Marcos Capella O que é antinomia? É “a existência de duas ou mais normas jurídicas que apresentam três características: fazem parte do ordenamento jurídico; são válidas e aplicáveis ao mesmo tempo e no mesmo caso; revelam-se incompatíveis entre si porque ‘uma obriga e a outra proíbe” (p. 201) “A contradição leva a consequências sociais indesejáveis. Gera insegurança jurídica e mina a confiança na capacidade do ordenamento jurídico de regulamentar a vida social.” (p. 201) Como solucionar? Tópicos: Antinomias aparentes Antinomias reais Critério hierárquico Critério da posterioridade Repristinação Critério de especialidade Conflitos entre critérios Prevalência absoluta do critério da superioridade Relações entre critério da especialidade e da posterioridade Inaplicabilidade dos critérios e proporcionalidade Antinomias Aparentes Como já se afirma o nome, essas são antinomias que só aparentam, elas podem ser resolvidas com o bom senso do aplicador. “Temos uma antinomia aparente quando as normas conflitantes aplicam-se em âmbitos diferentes.”(p. 202) Ex.: “o Código Penal brasileiro pune a violação de correspondência com pena de detenção de até seis meses (art. 151). O Código Penal português prevê para o mesmo delito pena de até um ano (art. 194). Essas normas não são contraditórias, pois fazem parte de ordenamentos diferentes. Basta saber qual dos dois incide no caso concreto para resolver facilmente o problema da pena cabível.” (p. 202) Antinomias Reais “Temos uma antinomia real quando o aplicador constata que os legisladores manisfestaram duas vontades contraditórias a respeito do mesmo assunto.” (p. 203) Critério da superioridade Sabemos que as normas jurídicas são hierarquizadas, então sempre há normas superiores ou inferiores. A aplicação desse critério se baseia em lex superior derogat legi inferiori (a norma superior revoga a inferior). Para aplicação desse critério deve-se conhecer a hierarquia do determinado ordenamento jurídico. No Brasil: Constituição; emenda à Constituição ou tratado internacional a ela equiparado (art. 5º, § 3º, da Constituição); tratado internacional sobre os direitos humanos; lei complementar. lei ordinária e delegada, medida provisória, demais tratados internacionais; decreto; portaria, instrução e demais regulamentos administrativos. Critério da posterioridade Quando as normas se encontram na mesma posição hierárquica, leva-se em consideração o tempo em que elas foram promulgadas. Lex posterior derogat legi priori (a norma posterior revoga a anterior). “O fato de o legislador ter introduzido posteriormente um regulamento diferente sobre a mesma questão significa que este quis revogar a anterior.” (p. 206) No Brasil, “a revogação da lei deve ser expressa” (p. 207) de tal forma temos o anulamento do critério. Caso uma lei posterior sobre um mesmo assunto for publicada sem revogar a anterior expressamente, logo a anterior ainda vigora mesmo sendo contrária a posterior. Repristinação Quando uma norma retorna a ser válida. Caso raro que acontece quando a norma A é revogada expressamente pela norma B que também estabelece um novo regulamento sobre o mesmo assunto. Posteriormente uma norma C é criada revogando a norma B, mas não estabelecendo novos regulamentos. De tal forma, a norma A será de novo aplicável. No Brasil, a repristinação tem que ser expressamente prevista na lei, caso contrário, é criado uma lacuna jurídica. Critério da especialidade Quando as normas se encontram na mesma posição hierárquica, prevalece a norma específica. Lex specialis derogat legi generali (a norma específica revoga a geral). Conflito entre critérios 1. Prevalência absoluta do critério da superioridade 2. Relações entre os critérios da especialidade e da posterioridade Deve prevalecer a norma específica mesmo sendo ela anterior. Lex posterioris generalis non derogat legi priori speciali. A decisão, todavia, ainda depende da interpretação ou intenção do legislador. Caso o aparente que a lei posterior seja a correta a lei específica anterior é revogada. Inaplicabilidade dos critérios Ocorre frequentemente entre normas constitucionais. O aplicador procura uma harmonização. “A principal ferramenta para realizar a harmonização em casos de antinomias é a proporcionalidade” (p. 212). “Examina-se, notadamente, se a limitação feita em um direito ou princípio para preservar um outro direito ou princípio é: adequada (permite alcançar a finalidade proposta) e necessária (não há um outro meio que permita alcançar a mesma finalidade, limitando menos o direito fundamental ou princípio).” (p. 212) O aplicador deve ter autolimitação nesses casos a fim de evitar a subjetividade na decisão. Quando esses conflitos, dúvidas e controvérsias tornam-se persistentes a melhor maneira para se resolver, e tornar melhor a prática do direito, seria a criação de uma emenda constitucional.
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