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Classificação Genética dos Granitóides

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CLASSIFICAÇÃO GENÉTICA DE GRANITÓIDES 
As rochas granitóides exibem aspectos estruturais, texturais, mineralógicos e geoquímicos altamente variáveis, denotando que tais rochas podem ser originadas por diversos processos petrogenéticos e em ambientes geotectônicos muito distintos.
Este fato permitiu, ao lado da classificação puramente mineralógica adotada pela IUGS, o surgimento de uma série de outras classificações refletindo essencialmente diferenças genéticas entre os vários tipos de granitóides.
Um estudo destas classificações revela que é possível agrupá-las em duas categorias principais, a saber: 
 
A. Classificações que Introduzem o Conceito Clássico da Dualidade dos Granitos (Granitos Tipo-S e Tipo-I).
Esta classificação retoma o conceito clássico da dualidade dos granitóides (“granitos e granitos” de Read, 1957), ressaltando as diferenças entre granitos gerados ao nível crustal e granitos gerados a profundidades maiores. Entre eles destacam-se as seguintes classificações:
A.1. Granitos Tipo-S e Tipo-I.
A classificação dos granitos em “tipo-S” e “tipo-I” foi proposta por Chappell e White (1974), baseado no estudo dos granitos da Zona Orogênica de Tasman (sudeste da Austrália). Uma classificação aproximadamente equivalente a anterior foi proposta por Ishihara (1977) que agrupa os granitos em “magnetita granitos” e “ilmenita granitos” para designar, respectivamente, granitos de origem profunda (originado por refusão de rochas ortoderivadas) e de origem crustal (originados pela fusão de metassedimentos). A distinção geoquímica e mineralógica entre esses tipos graníticos encontram-se simplificada na tabela abaixo.
Da mesma forma a classificação apresentada por Ivanova e Butozova (1968) retrata diferenças entre um granito de origem crustal (ilmenita-monazita granito) e um granito de origem mais mantélica (titanita-allanita granito).
Os granitos tipo-S e tipo-I refletem diferentes ambientes genéticos. O tipo-S resulta de uma fusão parcial de rochas de origem metassedimentar e o tipo-I da fusão parcial de rochas metaígneas. Assim as características geoquímicas, mineralógicas e mineralizações associadas dos granitos-S resultam das feições de sua rocha origem que foram geradas pelos processos de intemperismo químico. De modo oposto, os granitos tipo-I são o resultado da fusão parcial de rochas mais profundas, não envolvidas em processos de intemperismo. Dentre as características que os contrastam podemos citar:
	TIPO - I
equivalentes a “Magnetita Granitos”
“Titanita-allanita Granitos”
	TIPO - S
equivalentes a “Ilmenita Granitos”
“Ilmenita-monazita Granitos”
	- Constitui uma série “expandida”, com plutões com composições variadas de ácida até básica.
	- Tende a ocorrer em composição restrita; pouco diferenciada, com composição somente ácida.
	- Teor de SiO2 variando de 55% a 76%
	- Teor de SiO2 maior que 65%
	- Altas temperaturas de formação, 980o a 1.100°
	- Baixas temperaturas de formação, 650° e 680°
	- Biotitas com alto teor de Mg
	- Biotitas com altos teores de Fe
	- Hornblenda e titanita presentes
	- Muscovita, monazita, cordierita, granada, silli-manita presentes.
	- Moles Al2O3/(Na2O+ K2O+CaO) menor que 1,1
	- Moles Al2O3/(Na2O+ K2O+CaO) maior que 1,1
	- Altos teores de Cl
	- Altos teores relativos de Fe, Li, Cs e Be
	- Contém mais sódio, geralmente mais que 3,2% nos tipos félsicos, decrescendo para valores de até 2,2% nas variedades mais máficas
	- Conteúdo de sódio relativamente baixo (<3,2% de Na2O em rocha com 5% de K2O), decrescendo para menos de 2,2% em rochas com cerca de 2% de K2O
	- Altos teores relativos Sr e baixos de Rb
	- Baixos teores relativos de Sr e alto de Rb
	- Composição normativa mostra diopsídio
	- Comp. normativa com mais de 1% de coríndon
	- Razão inicial de Sr87/Sr86 baixa (< 0,708)
	- Razão inicial de Sr87/Sr86 alta (> 0,708)
	- Razão Fe2O3/FeO alta, com formação de magnetita
	- Razão Fe2O3/FeO baixa, com formação de ilmenita
	- Eu entre 0,74 e 0,99, sem esgotamento
	- Eu com nítido esgotamento
	- 18O menor que 10%
	18O maior que 10%
	- Alto teor de platinóides característicos do manto
	- Baixo teor de platinóides típicos de uma derivação mantélica
Características Mineralógicas e Petrográficas 
A composição modal de diferentes suítes demonstra que os granitóides tipo-I apresentam um espectro composicional bastante amplo, com variações desde diorítica/tonalítica até de granitos propriamente ditos, predominando os granodioritos (caminham em direção ao eutético tríplice pela diferenciação). Já os granitos tipo-S apresentam composição bem mais restrita, desenvolvendo um espectro composicional (composição modal) que circunda o ponto eutético tríplice do sistema Q-FA-P. Predominam, neste caso, granitos dos campos 3a e 3b (ver figura 1, adiante), podendo ocorrer granodioritos e raros tonalitos.
A mineralogia reflete a composição e as condições de cristalização dos magmas; portanto, grande parte das características dos granitóides I e S estão espelhadas nas associações mineralógicas que acompanham o quartzo e os feldspatos (na verdade a mineralogia ajuda em alguns casos mais extremos).
O tipo-S geralmente é aluminoso (granitos peraluminosos) podendo, daí, apresentar minerais como muscovita, granadas, biotita com pleocroísmo vermelho/marrom (devido ao baixo Fe2O3/FeO), sillimanita e cordierita. Já o tipo-I apresenta biotita com pleocroísmo verde/marrom e muito raramente alguma muscovita e granadas.
A hornblenda pode fazer parte da assembléia dos granitóides tipo-I, mas não devem ocorrer nos tipo-S.
Para o tipo-I são típicos os acessórios magnetita, titanita e allanita; para o tipo-S a ilmenita e monazita. A apatita e zircão estão distribuídos em ambos os tipos.
 
Características Geoquímicas 
Dentre as características dos elementos maiores destaca-se, em primeiro lugar, um espectro de variação bem mais amplo para a sílica dos granitóides tipo-I, no intervalo entre 55% - 76%; os granitos tipo-S apresentam sílica superior a 65% (são sempre ácidos).
Em segundo lugar, o caráter francamente peraluminoso dos granitóides tipo-S é ressaltado pelo índice Al2O3/CaO + Na2O + K2O ≥ 1,05, que acentua-se com o aumento de índice de cor dos granitóides considerados. Para os granitos-I esse índice é menor que 1,05, valor este que diminui com o aumento do índice de cor.
Os granitos tipo-I apresentam, normalmente, valores superiores de Na2O. Chappell e White (1974) estabeleceram para os granitos da Zona Orogênica de Tasmam os seguintes valores: Na2O > 3,2% para as variedades félsicas de granitos-I e valores menores que 3,2% para variedades félsicas de granitos-S, quando o mesmo apresenta aproximadamente 5% de K2O. O menor teor de Na nos granitos-S reflete a sua origem metassedimentar, onde o Na é removido durante processos de intemperismo químico, ao mesmo tempo em que ocorre enriquecimento relativo de Al.
A relação Fe3+/Fe2+ é baixa nos granitos tipo-S (com conseqüente formação de ilmenita) e moderada a alta nos granitos tipo-I (com formação de magnetita). Também o teor de Ca é baixo no tipo-S e alto no tipo-I, isto por que Ca é removido durante os ciclos de intemperismo.
Da mesma maneira, vários elementos menores apresentam concentrações distintas, para diferentes níveis de sílica, nos diferentes tipos de granitos. Os granitóides-S são, em média, mais ricos em Rb, metais de transição (Pb, Cr e Ni) e pobres em Sr, Cu e Mo.
Com relação aos isótopos, os granitos-I apresentam razões iniciais de Sr87/Sr86 inferiores a 0,708 e os granitos-S superiores a 0,708.
 
A.2. Granitos S, I, A e M 
White (1979) ampliou a classificação dos granitóides introduzindo, além dos tipos S e I, os tipos A e M. Assim, o tipo-S seria o resultado da fusão parcial de metassedimentos, o tipo-I o resultado de fusão parcial de metaígneas, os tipos A (granito alcalino) e M de origem mantélica (que seriam os plagiogranitos; isto é, derivados de magmas básicos por diferenciação).
A.3. Granitos C (Cs e Ci) e M 
Didieret al. (1980) apresentam uma classificação semelhante à de White (1979), onde subdividem granitóides segundo as suas origens em granitos crustais “C” e mistos “M” (ou mantélicos). O granito crustal C é desmembrado nos subtipos Cs e Ci, o primeiro de fusão parcial de metassedimentos (crustal metassedimentar) e o segundo de fusão parcial de orto-gnaisses (crustal metaígneo). A distinção entre os diferentes tipos de granitos é feita essencialmente com base na natureza dos enclaves presentes nos mesmos (para tanto ver o trabalho sobre “Enclaves e Seu Significado Geológico” de Wernick, 1983).
 
B. Classificações que Introduzem o Conceito de Séries Granitóides 
Nestes casos os granitóides são agrupados segundo a tendência (trends) exibida pelos tipos petrográficos (faciologias) do corpo granítico e suas rochas associadas (intermediárias e básicas), que correspondem, na verdade, à cristalização de seqüências de magmas fracionados. 
B.1. Séries de Granitóides propostas por Lameyre e Bowden (1982) 
Lameyre e Bowden (1982) fazendo uso do diagrama triangular Q-FA-P de Streckeisen caracterizam 7 séries de granitóides, conforme Figura 1. Compreendem, de acordo com dados modais, às seguintes séries de granitóides:
- Série Toleítica: esta série apresenta trend que acompanha aproximadamente o lado P-Q do diagrama (portanto desprovido de feldspato potássico), caracterizando-se, desta forma, pelo trend petrográfico geral gabro-diorito-tonalito;
- Séries de Granitóides Cálcio-Alcalinos: compreendem 3 séries que integram variedades composicionais que vão desde termos básicos até ácidos, com os seguintes trends gerais: 
-Uma série cálcio-alcalina trondhjemítica (ou de baixo teor de K) que é definida pela associação gabro-diorito-trondhjemito-granodiorito;
-Uma série cálcio-alcalina granodiorítica (com teor normal de K) que é caracterizada pelo trend geral gabro-monzogabro-monzogranito-granodiorito-granito;
-Uma série cálcio-alcalina monzonítica (ou de alto teor de K) caracterizada pelo trend geral monzodiorito-monzonito-granito.
-Séries Alcalinas: desmembradas em duas séries, uma de natureza sódica caracterizada pelo trend litológico dado por sienito-quartzo sienito-álcali granito e, outra, de natureza potássica (ou subalcalina) com trend geral monzonito-quartzo sienito-granito;
-Série de Granitos Crustais: correspondem a granitos crustais de anatexia gerados pela fusão de metassedimentos, e mostram-se enriquecidos em mobilizados silicosos (granitos altamente diferenciados através da fusão seletiva) e com tipos petrográficos tais como leucograníticos ou alaskíticos associados à migmatitos. Esta série de granitos superpõe-se parcialmente às frações mais diferenciadas das demais séries anteriormente descritas.
O estabelecimento da linhagem genética é muito importante sob o ponto de vista da geologia econômica. Isto porque cada tipo de granito, que refletem diferentes gêneses, se associam recursos minerais específicos. Uma visualização geral das diferentes mineralizações associadas às principais séries de granitóides pode ser obtida pelo exame da Figura 2.
 
B.2. Séries Granitóides proposta por Pupin (1980) 
Pupin (1980) desenvolveu, através da tipologia de zircão, uma classificação genética para rochas graníticas com a caracterização de sete séries granitóides principais.
O método da tipologia de zircão se baseia na classificação de uma população de cristais de zircões dentro do quadro tipológico (Figura 3). O zircão pode, teoricamente, ocorrer sob 64 tipos morfológicos definidos pelas relações de tamanho entre as faces prismáticas (100, 110) e entre as faces piramidais (101, 211, 301); das quais 48 são encontradas na natureza. As proporções entre as diferentes famílias de faces prismáticas de zircão são condicionadas pela temperatura do meio de cristalização (I.T), enquanto que as relações das faces prismáticas relacionam-se à alcalinidade do meio (I.A).
A sensibilidade da tipologia de zircão em relação às condições físico-químicas do magma em cristalização permite identificar sete séries de granitos (Figura 3). Assim, são individualizadas:
- três séries de granitos crustais peraluminosos (séries 1, 2 e 3)
- série de granitos cálcio-alcalinos, subdivididas em três sub-séries (4a, 4b e 4c, respectivamente, de baixa, média e alta temperaturas)
- série subalcalina (5)
- série alcalina (6)
- série dos granitos toleíticos (7)
- série dos charnockitos
 O aumento na temperatura e da alcalinidade das séries de 1 a 7 dentro do quadro tipológico reflete crescentes profundidades de gênese dos magmas.
 
RELAÇÃO BIBLIOGRÁFICA
 
CHAPPELL, B.W. WHITE, A.Jr. 1974. Two contrasting granites types. Pacific Geology, 8:173-174.
DIDIER, J.; DUTHON, J.L. e LAMEYRE, J. 1980. Mantle and crustal granites: genetic classification of orogenic granites and the nature of their enclaves. J. Volcan. Geoth. Res., 14:125-132.
ISHIHARA, S. 1977. The magnetite and ilmenite series granitic rocks. Mining Geology (Japan), 27:293-305.
IVANOVA, G.F. & BUTUZOA, Ye. G. 1968. Distibution of tungsten tim and molybdenium in the granites of eastern Transbaykalia. Geochim. Int., 5:572-583.
LAMEYRE, J. & BOWDEN, P. 1982. Plutonic rock types series: Discrimination of various granitoide series and related rocks. J. Volcanology Publ. Com., Amsterdam., 14:169-186.
PUPIN, J.P. 1980. Zircon and granite petrology. Contrib. Mineral. Petrol., 73:207-220.
WERNICK, E. 1983. Enclaves e seu significado geológico. Geociências (UNESP).
WHITE, A.J.R. 1979. Sources of granitic magmas. Abstr. Geol. Soc. Am. An. Gen. Meeting, 539 pp.

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