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Uso Legítimo da Força [DGT0448] RESUMÃO Índice Tema 1 - Fundamentos Legais do Uso da Força ..................................................................1 Tema 2 - Modelos e Níveis de Uso da Força ........................................................................2 Tema 3 - Técnicas e Tecnologias não Letais ........................................................................4 Tema 4 - Equipamentos de Proteção e Operações Táticas .................................................6 Tema 1 - Fundamentos Legais do Uso da Força 1. Evolução Histórica do Uso da Força • No Brasil: ◦ Período colonial: violência sistemática e controle por milícias. ◦ Império: centralização militar, exemplificado pela Guerra do Paraguai. ◦ República: desafios com revoltas populares e urbanização. ◦ Ditadura Militar: repressão política; redemocratização com a Constituição de 1988, que prioriza direitos humanos. ◦ Desafios contemporâneos: desigualdades sociais, militarização das polícias e uso de tecnologias (câmeras corporais, armas não letais). • Internacional: ◦ Guerras Mundiais e criação da ONU: busca por regulamentação global. ◦ Missões de paz: restrições ao uso da força para proteger civis. ◦ Conflitos modernos: drones, ciberguerra e dilemas éticos. ◦ Desafios: terrorismo, crises humanitárias e pressão por reformas (ex.: movimento Black Lives Matter). 2. Princípios Reguladores • Legalidade: Ações alinhadas à legislação (ex.: Constituição Federal, Lei de Abuso de Autoridade). • Necessidade: Uso da força apenas como último recurso. • Proporcionalidade: Intensidade compatível com a ameaça. • Conveniência: Avaliação contextual e minimização de danos. • Moderação: Causar o menor dano possível, preferir meios não letais. Aplicação prática: Treinamento especializado, equipamentos não letais e supervisão independente. 3. Legislação Nacional e Internacional • Brasil: ◦ Constituição Federal (1988): Direitos fundamentais e atribuições das forças de segurança. ◦ Estatuto do Desarmamento: Controle de armas de fogo. RESUMÃO - Uso Legítimo da Força [DGT0448] Página de 1 8 ◦ Código Penal e Lei de Abuso de Autoridade: Limites para ações policiais. • Internacional: ◦ Princípios Básicos da ONU (1990): Prioridade a alternativas não violentas. ◦ Convenções de Genebra: Moderação em conflitos armados. ◦ Pacto de San José da Costa Rica: Direitos humanos em operações estatais. 4. Desafios de Implementação • Capacitação insuficiente de agentes. • Falta de recursos (equipamentos não letais). • Desigualdades regionais e resistência cultural a mudanças. • Supervisão (accountability) frágil e dificuldades em cenários complexos (ex.: protestos, crime organizado). Conclusão: O uso da força deve equilibrar eficiência operacional e respeito aos direitos humanos. Requer integração entre normas nacionais e internacionais, investimento em formação, tecnologias adequadas e transparência. A atuação das forças de segurança deve ser guiada por princípios éticos, visando proteger a sociedade sem comprometer a dignidade humana. Tema 2 - Modelos e Níveis de Uso da Força 1. Modelos de Uso Progressivo da Força • Modelo FLECT (EUA): ◦ Estrutura escalonada em seis níveis: presença do agente, comandos verbais, controle físico, táticas de contenção, força não letal e força letal. ◦ Princípios: legalidade, proporcionalidade, conveniência, necessidade e moderação. ◦ Desafios no Brasil: treinamento contínuo, disponibilidade de recursos não letais e mudança cultural nas instituições. • Outros modelos internacionais: ◦ Gillespie: Ênfase na comunicação verbal em todos os níveis. ◦ Remsberg: Simplicidade e estrutura linear, mas limitado em situações complexas. RESUMÃO - Uso Legítimo da Força [DGT0448] Página de 2 8 ◦ Modelo Canadense: Representação circular com cores para indicar gravidade do comportamento, permitindo respostas dinâmicas. 2. Níveis de Intervenção • Controle Verbal: ◦ Primeiro nível: comunicação clara, escuta ativa e gestão emocional. ◦ Benefícios: prevenção de escalada, preservação da integridade física e melhoria da relação com a comunidade. • Força Física: ◦ Técnicas manuais (imobilização) ou uso de dispositivos não letais (tasers, sprays). ◦ Princípios: legalidade, necessidade, proporcionalidade e razoabilidade. • Força Letal: ◦ Último recurso, justificada apenas em ameaças iminentes à vida. ◦ Requer documentação detalhada e avaliação pós-intervenção. 3. Gradientes de Força e Escalonamento • Estrutura: ◦ Níveis: presença do agente → controle verbal → força física → força defensiva → força letal. ◦ Princípios: gradual idade, reversibi l idade, proporcional idade e documentação. • Relação Comportamento do Suspeito × Resposta do Agente: ◦ Classificação do comportamento: cooperativo, resistência passiva/ativa, agressão, ameaça letal. ◦ Ajuste dinâmico da resposta conforme evolução da situação. 4. Políticas e Procedimentos Institucionais • Diretrizes: ◦ Priorização da desescalada verbal. ◦ Treinamento contínuo em técnicas de mediação e uso de equipamentos. ◦ Uso de tecnologias (câmeras corporais) para transparência e supervisão. • Desafios no Brasil: ◦ Desigualdades regionais e cultura organizacional repressiva. ◦ Capacitação insuficiente e variação na regulamentação entre estados. RESUMÃO - Uso Legítimo da Força [DGT0448] Página de 3 8 5. Conclusão • O uso progressivo da força requer equilíbrio entre eficiência operacional e respeito aos direitos humanos. • É essencial: ◦ Treinamento contínuo para tomada de decisão sob pressão. ◦ Supervisão rigorosa e mecanismos de accountability. ◦ Adaptação dos modelos internacionais ao contexto brasileiro. Referências: Artigos e estudos destacam a importância da formação técnica, regulamentação clara e engajamento comunitário para práticas policiais legítimas e éticas. Tema 3 - Técnicas e Tecnologias não Letais 1. Conceitos e Princípios • Armas não letais: ◦ Dispositivos como sprays de pimenta (OC), gás lacrimogêneo (CS), munições de borracha e armas de choque (ex.: taser), projetados para neutralizar ameaças sem danos permanentes. ◦ Princípios: ▪ Proporcionalidade: A força deve ser compatível com a gravidade da ameaça. ▪ Necessidade: Uso apenas como último recurso, após tentativas de diálogo. ◦ Legislação: ▪ Lei nº 13.060/2014 regulamenta o uso de equipamentos de menor potencial ofensivo no Brasil. 2. Escalonamento da Força (Modelo FLECT) • Etapas: 1. Presença do agente (dissuasão visual). 2. Comunicação verbal (comandos claros e assertivos). 3. Controle físico (técnicas manuais de imobilização). 4. Tecnologias não letais (sprays, bastões, armas de choque). RESUMÃO - Uso Legítimo da Força [DGT0448] Página de 4 8 5. Força letal (último recurso em ameaças iminentes). • Foco: Avaliação contínua do comportamento do suspeito e adaptação proporcional da resposta. 3. Capacitação e Protocolos • Treinamento: ◦ Simulações de cenários reais para desenvolver habilidades de tomada de decisão sob pressão. ◦ Ênfase em técnicas de desescalada, comunicação e uso seguro de equipamentos. • Protocolos de segurança: ◦ Antes: Verificação de equipamentos e avaliação do ambiente. ◦ Durante: Uso direcionado, evitando áreas sensíveis (cabeça, pescoço). ◦ Após: Documentação detalhada e prestação de socorro, se necessário. 4. Técnicas de Abordagem e Combate • Postura e comunicação: ◦ Posicionamento lateral para segurança e flexibilidade. ◦ Tom de voz firme e respeitoso, uso de palavras-chave (ex.: "segurança", "por favor"). • Combate corpo a corpo: ◦ Técnicas de bloqueio, imobilização em pé/no solo e uso mínimo de força. ◦ Evitar áreas sensíveis e interromper a força após neutralização. 5. Equipamentos Não Letais (Instrumento de Menor Potencial Ofensivo - IMPO) • Espargidores químicos (debilitantes) - 1 a 3 metros: ◦ Sprayde pimenta (OC): Efeitos localizados (irritação ocular/respiratória). ◦ Gás lacrimogêneo (CS): Dispersão de multidões em áreas abertas. ◦ Cuidados com vento, ambiente confinado e populações vulneráveis. • Bastões retráteis: ◦ Técnicas de defesa, controle de distância e pressão. ◦ Uso restrito a situações de resistência ativa. • Armas de choque (incapacitantes) - 4 a 10 metros: ◦ Efeito de paralisia muscular temporária. RESUMÃO - Uso Legítimo da Força [DGT0448] Página de 5 8 ◦ Risco de complicações em pessoas com problemas cardíacos ou sob efeito de drogas. 6. Avaliação de Riscos e Conclusão • Avaliação: ◦ Contexto da operação, perfil dos envolvidos e condições ambientais. • Documentação: ◦ Registro detalhado de incidentes para transparência e análise pós- ocorrência. • Conclusão: ◦ Integração de planejamento, treinamento e ética para intervenções seguras e alinhadas aos direitos humanos. Referências: Legislação brasileira, estudos acadêmicos e diretrizes internacionais destacam a importância de equilibrar eficiência operacional com respeito à dignidade humana. Tema 4 - Equipamentos de Proteção e Operações Táticas 1. Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) • Materiais e Tipos: ◦ Aramida: Leve e resistente, usada em coletes balísticos para absorver impactos. ◦ Cerâmicas e Polietileno (UHMWPE): Combinam rigidez e leveza para proteção contra projéteis de alta velocidade. ◦ Aço: Resistente, mas pesado, limitando mobilidade. • Classificação de Coletes Balísticos: ◦ Níveis I a IV (proteção crescente contra calibres de pistola a fuzil). ◦ Níveis III e IV exigem autorização especial no Brasil. • Capacetes e Escudos: ◦ Protegem cabeça, rosto e nuca. RESUMÃO - Uso Legítimo da Força [DGT0448] Página de 6 8 ◦ Escudos balísticos variam em tamanho (compactos a corpo inteiro) e incluem visores e alças ergonômicas. ◦ Limitações: Peso e redução de mobilidade em ambientes confinados. 2. Armas Incapacitantes e Debilitantes • Munições de Impacto Controlado: ◦ Balas de borracha: Disparadas a ≥10 metros, visando membros inferiores para minimizar lesões. ◦ Granadas de luz e som: Desorientam com clarão e ruído intenso, sem estilhaços. • Granadas de Efeito Moral: ◦ Causam pânico controlado e irritação temporária. ◦ Protocolos: Evitar uso em ambientes internos (risco de incêndio) e garantir distância mínima (20 metros externos / 5 metros internos). 3. Operações Táticas em Áreas de Alto Risco • Planejamento: ◦ Reconhecimento da área: Identificação de rotas, ameaças e obstáculos. ◦ Planos de contingência: Previsão de falhas, mudanças climáticas e ataques. • Técnicas de Progressão: ◦ Formações com escudos: Proteção coletiva e cobertura mútua. ◦ Deslocamento coordenado: Uso de barreiras naturais/artificiais para minimizar exposição. • Equipamentos de Contenção: ◦ Barreiras móveis: Flexíveis para controle dinâmico (ex.: operações urbanas). ◦ Barreiras fixas: Estáveis para segurança contínua (ex.: bloqueio de rotas). ◦ Redes e dispositivos de imobilização: Restringem grupos sem força excessiva. 4. Protocolos de Segurança e Manutenção • NR-6: ◦ Define diretrizes para uso, higienização e substituição de EPIs. ◦ Inspeções periódicas e controle de validade são obrigatórios. RESUMÃO - Uso Legítimo da Força [DGT0448] Página de 7 8 • Prevenção de Danos Colaterais: ◦ Análise de risco: Identificação de áreas sensíveis e civis. ◦ Comunicação clara: Coordenação entre equipes e uso de sistemas seguros. ◦ Equipamentos não letais: Priorização de balas de borracha e granadas de efeito moral, conforme normas. 5. Conclusão • Integração de Conhecimentos: ◦ EPIs adequados, armas não letais bem utilizadas e planejamento estratégico são essenciais para operações seguras. ◦ Respeito aos direitos humanos, treinamento contínuo e avaliação de riscos garantem eficácia e legitimidade. • Recursos Complementares: ◦ Estudos sobre legislação, manutenção de EPIs e simulações práticas reforçam a preparação profissional. Referências: Legislação brasileira (Lei nº 13.675/2018), normas internacionais (NU Standard 0101.04) e estudos técnicos destacam a importância de equilibrar proteção, ética e eficiência em operações de risco. RESUMÃO - Uso Legítimo da Força [DGT0448] Página de 8 8