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Teorias da Aprendizagem Uma breve introdução ao estudo inter-relacionado da filosofia, psicologia e pedagogia. Vamos começar com a articulação de ideias expressas nas três principais áreas da filosofia, pedagogia e psicologia: a concepção dos mesmos, passando pelo período histórico no ocidente com as suas influências e raízes. Este é um artigo de introdução muito simplório, qual tomei por base o capítulo 01 do livro de Makeliny O. G. Nogueira e Daniela Leal, Teorias da Aprendizagem – 2ª edição, editora intersaberes. Cronologicamente, a filosofia é a mais antiga das três áreas que tomamos por estudo, como já sabemos a priori, seu nome se baseia nos termos philo → amor esofia → estudo/conhecimento. Sua etimologia é importante para a conjunção da mesma como uma ciência. Aqui uma ideia pautando-se sobre a citação de Platão. Uma ciência que coincida com o fazer e saber utilizando o que é feito. TRECHO (EDITADO) DE PLATÃO, 288 E 290D, C ITADO POR ABBADNANO , 2007 , P. 414 Devemos iniciar tratando a filosofia como uma forma de estudo, um ato científico desde que, ela apresenta-se como uma forma criadora, existente e que eleva seu nível de conhecimento à uma prática, principalmente quando a agrupamos ao modo de educação e aplicação através dos meios e estudos psíquicos. Breve origem histórica e referências A filosofia, sendo precursora da Era Cristã, ocupou um lugar proeminente na cultura Ocidental. A Antiguidade, também chamada de período arcaico, é marcada pela transformação histórica do pensamento humano. Nesse período a civilização grega se viu na obrigação de criar técnicas e métodos para o processo de ensino – aprendizagem, desligando-se então do pensamento mítico. Ainda na antiguidade podemos dividir o modo evolutivo em período clássico e helenístico. No clássico, destacam-se os sofistas, considerados charlatões pelo falso raciocínio. É também nesse período de expansão da Grécia que ocorre o ápice do pensamento filosófico com os três ícones: Sócrates, Platão e Aristóteles, os pilares do pensamento Ocidental. O segundo período, helenístico, foi quando houve a expansão da cultura helênica pelo império alexandrino (de Alexandre, o Grande, inclusive educado por Aristóteles) e a difusão das principais ideias precursoras da escola de pensamento estoica, epicurista, cínica e a cética, por todo o Ocidente. Na Idade Média destacam-se as instituições escolares, nas quais os ensinamentos tinham como base a supremacia da fé católica em detrimento da razão. Entre os principais expoentes encontramos Santo Agostinho com base no platonismo e São Tomás de Aquino, elaborando sua teoria sobre os ensinamentos de Aristóteles. Uma antinomia entre liberdade e opressão surge na Idade Moderna, que vai de meados do século XV ao final do século XVIII, vários filósofos se destacam entre eles, Francis Bacon – método experimental, René Descartes– visão mecanicista e racional e Jean Jaques Rousseau – a transição do iluminismo. Foi proposto que se priorizasse a aprendizagem medida pela razão, investigação cientifica e pesquisa experimental. O problema neste período se dá pela transição ambígua, por um lado o desejo pela liberdade do homem social, cultural e religiosa, e por outro a ação governamental constante, em busca de moldar o individuo de uma maneira produtiva ao Estado. O avanço do pensamento ocidental se dá na idade Contemporânea, podendo destacar os filósofos Georg W. F. Hegel, Karls Marx e Friedrich Engels. Os dois últimos fizeram uma crítica ao primeiro, com a filosofia idealista, voltando-se para a realidade dos indivíduos. Nesse momento surgem as correntes filosóficas do século XX: o existencialismo, o estruturalismo, a fenomenologia, a escola de Frankfurt e etc, foram influenciadas por várias correntes anteriores como de Maurice Merleau-Ponty e Jean-Paul Sartre. Alguns autores como Martin Heidegger e Michael Foucaut, Louis Althusser e Ludwig Wittgenstein não possuem uma classificação determinante. Do senso comum à consciência filosófica Tomando a citação “o homem é a medida de todas as coisas”, de Protágoras, pré-socrático, podemos observar a tentativa explicativa da compreensão e representação das coisas e do mundo. Simplificando esse pensamento, podemos dizer que a forma como vemos o mundo depende de nós e de nossas relações com o mesmo. Arthur Schopenhauer mais tarde retoma o assunto. Mas, por que ambos autores relacionam os fatos dessa forma? Devemos lembrar que somos socialmente organizados em diferentes escalas com, status, lugares, ou seja, cultura e acessos físicos que delimitam nossas experiências enquanto seres humanos. Na antiguidade, quando ainda o mito tinha sua função de explicar fenômenos é um belo exemplo de como é feito a passagem através do que podemos observar, problematizar e então formar uma teoria que consequentemente, pode vir a ser provada ou não, tornando então o conhecimento básico já em ciência (quando aplicado métodos). Questionar-se significa se por em movimento, pois é através do pensamento que surgem as perguntas, logo, devemos tomar de princípio que não sabemos algo à que se refere para só então buscar respostas. Algumas vezes, é claro, os pensamentos para a resolução não são totalmente claros, coerentes e fundamentados, por essa razão a ciência o denomina como senso comum. O que não é problemático não é pensado. RUBEM ALVES, EM F ILO SOFIA DA CIÊNCIA – 1982, P. 23 Ambos de origem latina, sensus significa → apreciamento, entendimento ou juízo, enquanto a palavra comum → pertence a todos ou a muitos. De uma maneira mais ampla, a conjuntura dessas palavras não possui uma definição estática, ela se modifica ao passar do tempo e possui, por essa variável, interpretações diferentes. Nos escritos clássicos latinos o significado de senso comum era ligado ao costume, o gosto e modos comuns de viver e falar, sentido por toda uma ordem ou gênero humano. Já para Kant seria o “princípio do gosto, da faculdade de formar juízos sobre os objetos do sentimento em geral”. De qualquer forma, sobre esse termo podemos sem dúvidas delinear uma ideia de partilha sobre atribuição de generalidade das coisas. A consciência filosófica nasce da necessidade de organizar um modo de compreensão que não seja mais atribuído ao termo de senso comum. Isso porque, a consciência filosófica exige uma explicação da verdade, exercitando o senso crítico, explorando possibilidades principalmente através de diálogos, para muitas vezes acabar como uma conclusão → ciência. Dentro da educação é importante identificar em qual meio você está, pois é a partir desse momento que a filosofia, propriamente dita, começa a exercer seu papel. Dentro da instituição escola é que usamos transpassar o senso comum do aluno para o conhecimento, essa consciência que é dividida então de várias formas e em várias matérias para dar um sentido novo à questões diversas, orientando assim a aplicação pedagógica. Psicologia a pedagogia no desenvolvimento como ciências modernas Devemos nos alertar sobre o paradoxo existente em afirmar que, tanto a psicologia quanto a pedagogia são ciências modernas, visto que ambas remetem às obras filosóficas dos pensadores gregos antigos. Também precisamos deixar claro que o que separa a história desses três temas abordados é uma tênue e frágil linha, por isso vamos retomar a passagem histórica pontuando suas diferenças. Desde o século XX podemos perceber uma bifurcação na raiz que une essas ciências, uma tentativa de se organizar pesquisas, métodos, técnicas, diretrizese parâmetros próprios, apesar de que a pedagogia continua a ser bastante discutida por não haver um consenso no que se refere à autonomia dessa área do conhecimento. A pedagogia deve fazer presente o significado de sua etimologia com paidós → criança, agein → conduzir, elogos → ciência. Ter essa visão de ensino voltado para crianças e jovens é essencial, visto que mais tarde o tratado pedagógico irá passar por várias formulações a respeito não apenas dessa sua origem fracionada, mas também por conceituar outras ideais em relação ensino-aprendizagem atualmente, apesar de que, a essência é de acompanhamento, ensino e direção dos mais velhos para os mais novos. Ainda que assim não haja um definição concreta, nessas reflexões surgem os termos educador, docente e também a paideia →formação do homem através do contato orgânico com a cultura, pois somente através desse ofício de ensino a transmissão de conhecimento se faz um modo quase que principal de educação. Nas bases da educação antiga podemos destacar dois filósofos: Sócrates, pelo seu destaque na Grécia antiga, e Platão, por estabelecer uma filosofia da educação na cultura ocidental. Sócrates promovia o desenvolvimento da subjetividade e da crítica, enfatizando a conduta moral e separando esses sistema do religioso, alegando que a consciência moral do homem era responsável – tornando assim possível o ver claramente e inteligentemente seus atos. Após Sócrates, surge então um novo olhar para o sujeito, um processo semelhante ao psicológico, visto que agora pauta o comportamento humano. As características da sua técnica, onde envolvia o autodomínio do individuo através das questões que elaborava acabou se tornando semelhante às sessões clínicas tempos mais tarde. Mesmo na paideia, Sócrates reconheceu o caráter pessoal de formação como constituído por um processo de tarefa contínua, um modelo de pedagogia da consciência. Platão, que era discípulo Sócrates, além de elaborar um grandioso sistema filosófico idealista deu ênfase ao ser-experiência, desenvolvendo assim uma especulação que visava reconquistar a pureza e a função teológica das ideais, cabendo assim, por volta de 387 a.C. ser responsável por fundar a Academia, uma das primeiras instituições de ensino no mundo ocidental. Para deixar mais claro, Platão com esse seu método separou a educação do ensino; o primeiro seria a formação do espírito (pré-estabelecida por Sócrates) com boa conduta de vida e virtude, enquanto o ensino englobava o conhecimento geral. Assim, a teoria da paideia após as transformações historiográficas, pluralísticas e articuladas, mais tarde, se concebe como pedagogia. A prevalência da fé sobre a razão na Idade Média modificou a paideia grega porém não a extinguiu. O desenvolvimento da educação pela igreja foi de extrema importância por ter a permissão de educar, formando organizações e modelos educacionais. A estrutura possuía práticas ligadas ao lectio e auctores, ou seja, em leitura contemplativa e reflexiva e aos autores/autoridades. Sendo assim, a paideia cristã configurou os processos responsáveis pela constituição e difusão do complexo imaginário, também moldou as práxis disciplinares e avaliativas, assim como determinados conteúdos culturais da escola moderna. Ademais, nada foi comparado ao fenômeno de múltiplas dimensões voltadas ao conhecimento, artes, literatura e desejo de liberdade como na Modernidade com seu grande movimento; o Renascimento. É a partir dessa época que a educação toma a razão como potência natural, sem intervenção sobrenatural, assumindo assim um caráter público e até mesmo mediador da cidadania. Através das revoluções, o homem volta a ser o centro das discussões, e novas ideologias sociais surgem modificando o meio, principalmente dando aval ao sistema de trabalho e controle financeiro transformando assim a educação em um instrumento de status. Após a Segunda Guerra Mundial as orientações pedagógicas se difundiram-se enquanto entrava no campo tradicional de fazer-se história. Ao longo das necessidades na era pós-moderna, onde se fez necessário um ensino mais técnico e produtivo, a história da educação passou a ser mais aberta e consciente de seu papel, junto à pedagogia em variedade e articulação de métodos. Os rumos da psicologia como contribuinte na educação A conduta e o comportamento humano são assuntos que sempre nos fascinaram, principalmente após percebermos a nós mesmos com seres pensantes, inseridos no contexto social. A psicologia surge com o composto etimológico da psykhé → alma, mente e logos → razão ou estudo, se estabelecendo então como uma ciência que estuda o comportamento e os processos mentais, assim como as experiências subjetivas inferidas pelo mesmo. Ela é regida por leis baseadas em um método cientifico, se estabelecendo portanto como ciência que busca o conhecimento através de fatos empíricos, uma vez que, é entendido e visto como uma atividade observável tanto em aspecto interno quanto externo. O que distingue psicologia, mais tarde, da filosofia, são as abordagens e as técnicas usadas que denotam uma urgência como campo de estudo próprio em sua essência cientifica. Seguindo nossa linha cronológica, a psicologia tem sua primeira escola de pensamento no início no século XIX: o Estruturalismo. Fundada pelo alemão Wilhelm Wundt e seu aluno inglês Edward Bradford Titchener, o objeto de estudo é a experiência consciente subordinada ao sujeito que vivencia, voltando para os fatos estruturais da mente. Porém, na virada do século XIX para XX esse modo assume caráter próprio nos Estados Unidos e se distingue da vertente inicial de Wundt e Titchener. Seu foco passa a ser a operação dos processos conscientes por parte dos organismos vivos e suas tentativas de se adaptarem ao ambiente. Agora denominado Funcionalismo, esse movimento leva o interesse pela aplicação da psicologia ao pragmatismo. Nessa época, teorias como a do biólogo inglês Charles Darwin, com a seleção natural, estremece a sociedade que até então era criacionista. Tem destaque também as ideias de Francis Galton, que estudou os problemas das heranças mentais e as diferenças individuais na capacidade humana sobre o comportamento animal. Em paralelo a essa época, Sigmund Freud funda a Psicanálise, qual tem por objeto de estudo a psicopatologia → o comportamento anormal e o inconsciente, adotando como principal método a observação clínica, diferenciando-se assim, das outras escolas. Também de origem filosófica empirista temos o Behaviorismo, destaque para Burrhus Frederic Skinner que se pautou no desenvolvimento da psicologia como ciência experimental, priorizando a abordagem investigativa do comportamento humano como sendo possível ser observado e quantificado. De acordo com essa linha, o homem é moldado pelo meio que vive, provendo o conhecimento do ambiente externo para seu próprio interior. Ao mesmo tempo, temos a Escola da Gestalt, com a base do pensamento do filósofo alemão Immanuel Kant, que desenvolveu uma teoria da percepção com base em um rigoroso método experimental, possibilitando a compreensão de como se ordenam as formas que percebemos, em nossos cérebros. É enfatizado que o ser humano percebe objeto e figuras como um todo complexo e não em partes isoladas de informação sensorial. Já na década de 1960, toma forma e ganha força a psicologia Humanista com suas origens filosóficas nas teorias de Gottfried Wilhelm von Leibniz onde, cujo pensamento sobre o homem influenciou as obras de filósofos como Sören Kierkegaard, Edmund Husserl,Martin Heideggere Jean-Paul Sartre. Em linhas gerais, esse modelo de psicologia tinha como objetivo final a descrição completa do que significa estar vivo como ser humano. Teve também papel fundamental na educação de um dos expoentes principais, o estadunidense Carl Ramson Rogers. A partir da segunda metade do século XX uma nova escola surge, chamada de psicologia Cognitiva. Ela retoma o interesse pela consciência, atividade criativa, importância das variáveis assim como o modo como os indivíduos percebem, aprendem, lembram e representam as informações que recebem do mundo. O movimento cognitivo em si, é claro, derivou-se de várias características existentes anteriormente, inclusive, um dos percursores é o epistemólogo suíço Jean Piaget. Logo adiante, temos também a psicologia Evolucionista, afirmando que os indivíduos são criaturas programadas pela evolução de como pensar, comportar e aprender segundo as formas que favorecem a sobrevivência, passando então de geração em geração estas características. Por fim chegamos a psicologia Positiva, movimento recente, de início em meados de 1998 quando Martin Seligman assumiu a presidência da APA (American Psychological Assossiation) com o objetivo de retomar os estudos sobre aspectos virtuosos e forças pessoais de nós seres humanos. Psicologia da educação Podemos considerar a psicologia da educação como um pano de fundo para educadores e interessados em ambas as áreas, por dedicar-se ao estudo dos processos de ensino-aprendizagem visando então auxiliar a compreensão de tais processos e desenvolvimento das relações no âmbito. Dentro dessa psicologia, podemos destacar alguns estudos e teorias que fornecem ampla fundamentação oferecendo assim subsídios necessários para a continuação de trabalho e pesquisa dentro da área. Começamos com o já citado, Jean Piaget com o foco na compreensão do sujeito epistêmico, pontuando seus estudos nos processos de aprendizagem e de conhecimento humano da infância à fase adulta. Outro destaque é Henri Wallon, que compreendeu o psiquismo humano como uma díade entre o fisiológico e o social, elevando assim o papel da afetividade como fundamental no processo. Wallon dedicou-se a estudar e dominar conhecimentos a serem transmitidos para o processo infantil. Psicologia social Influenciada pelo movimento filosófico denominadomaterialismo histórico e dialético, a psicologia social surge dentro desses fundamentos marxistas, as teorias de Karl Marx e de Friedrich Engels que, enfatiza o caráter concreto da consciência como elemento para entendimento do individuo e da sociedade. É esse princípio que toma a base do desenvolvimento da psicologia social como teoria do bielorrusso Lev Semenovitch Vigotski. Vigotski propôs criar essa nova psicologia capaz de unificar perspectivas das correntes psicológicas que dicotomizam o sujeito e o objeto, buscando uma nova unidade de análise que por fim explicasse desde as relações estímulo-resposta, até a mais elevada produção humana chamada cultura. Também vale ressaltar a contribuição de David Ausubel, não muito divulgado porém, que dedicou a tornar público o modo como ocorre a aprendizagem de forma significativa, pautado na psicologia cognitiva para a busca de resultado ao ato de formação no nível de consciência. REFERÊNCIA: https://multisciente.wordpress.com/
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