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5 CAPÍTULO 2 QUÍMICA DA CÉLULA 1 INTRODUÇÃO Quando se analisa a matéria que constitui os seres vivos, encontram-se principalmente os seguintes elementos: carbono (C), hidrogênio (H), oxigênio (O), nitrogênio (N), fósforo (P) e enxofre (S). Esses elementos constituem cerca de 98% da massa corporal da maioria dos seres vivos. Podemos classificar os compostos químicos presentes nas células em orgânicos e inorgânicos. São compostos orgânicos os carboidratos, lipídios, proteínas, vitaminas e ácidos nucléicos; são inorgânicos a água e os sais minerais. 1.1 O CARBONO E A VIDA A vida na Terra baseia-se essencialmente no elemento carbono, que constitui estrutura básica de todas as moléculas orgânicas. Os átomos de carbono se unem em sequência, formando cadeias carbônicas, que se ligam a outros elementos químicos. 2 SAIS MINERAIS Os sais minerais são substâncias inorgânicas formadas por íons, que resultam de átomos que receberam ou doaram elétrons, ânions (-) e cátions (+), respectivamente. A falta de certos sais minerais pode afetar seriamente o metabolismo e mesmo causar a morte. Por exemplo, íons de cálcio (Ca² + ) participam das reações de coagulação do sangue e da contração muscular, além de serem componentes principais dos ossos. 3 ÁGUA É o composto mais abundante do nosso organismo e da maioria dos seres vivos. Em tempos de estiagem, esporos de bactérias, cistos de protozoários e sementes de vegetais conseguem sobreviver um longo período em estado de latência. Este fenômeno é chamado de anidrobiose. 3.1 PROPRIEDADES DA ÁGUA Coesão: atração das moléculas de água entre si. Adesão: atração entre moléculas de água e de outras substâncias polares. Criptobiose: estado de latência que pode ser presenciado em alguns animais, quando se encontram em condições adversas do meio-ambiente em que todos os procedimentos metabólicos param. Um organismo em tal estado pode viver indefinidamente até que as condições ambientais voltem à normalidade. 6 Capilaridade: capacidade que a água tem de subir em vasos muito finos. Dissolução: Capacidade que a água possui de separar moléculas de um soluto. Por essa capacidade, a água é conhecida como solvente universal. 3.1 FUNÇÕES DA ÁGUA Atuar como solvente; Facilitar a entrada e a saída de substâncias da célula; Participar das reações de hidrólise; Regular a temperatura nos animais endotérmicos. 4 GLICÍDIOS Também chamados de carboidratos, açúcares ou hidratos de carbono, são moléculas orgânicas constituídas fundamentalmente por átomos de carbono, hidrogênio e oxigênio. Os glicídios constituem a principal fonte de energia para os seres vivos – o mel contém glicose, a cana-de-açúcar é rica em sacarose, o leite contém galactose e os frutos adocicados contêm frutose e glicose; exercem função estrutural – a parede das células vegetais é formada de _______________, que dá sustentação ao corpo das plantas, o exoesqueleto dos artrópodes é formado do glicídio _______________. Outro papel importante dos glicídios é participar da estrutura dos ácidos nucléicos, tanto do RNA quanto do DNA. 4.1 MONOSSACARÍDEOS São glicídios mais simples. Possuem fórmula geral CnH2nOn, em que o valor de n pode variar de 3 a 7. Os monossacarídeos são compostos que possuem energia para uso imediato. Os monossacarídeos mais importantes, sob aspecto biológico, são as pentoses e as hexoses. Pentoses: Ribose: matéria prima para produção de ácido ribonucléico (RNA). Desoxirribose: matéria prima para produção de ácido desoxirribonucléico (DNA). Hexoses: Glicose: molécula mais usada pelas células para obtenção de energia. Fabricada na fotossíntese pelos vegetais. Frutose: papel fundamentalmente energético. Galactose: constituinte da lactose do leite. Possui papel energético. 4.1.1 Glicose e fotossíntese A fotossíntese é o processo pelo qual a energia luminosa do Sol é transformada em energia química. Um conjunto de reações químicas é responsável pela conversão de moléculas de gás carbônico (CO2) e água (H2O) em moléculas de glicose (C6H12O6) e gás oxigênio (O2). A fórmula C6H12O6 é comum às hexoses glicose, frutose e galactose. O que as difere é o arranjo dos átomos ao longo da molécula. 7 4.2 OLIGOSSACARÍDEOS Formados pela união de duas até dez unidades de monossacarídeos. Os mais abundantes são os dissacarídeos, formados pela união de dois monossacarídeos. Possuem fórmula geral C2nH4n – 2O2n – 1, com a formação de uma molécula de água. Ao serem ingeridos, os dissacarídeos têm que ser quebrados em monossacarídeos, caso não ocorra, a absorção pelo tubo digestivo dos animais não é efetuada. Essa quebra ocorre a partir do processo chamado hidrólise, que é a entrada de moléculas água na reação. A ligação entre monossacarídeos é chamada de ligação glicosídica. 4.3 POLISSACARÍDEOS São os açúcares mais abundantes na natureza. São moléculas grandes, formadas por centenas de monossacarídeos, por isso são consideradas macromoléculas. Compõem um grupo de glicídios que cujas moléculas não apresentam sabor adocicado. De acordo com suas funções biológicas, podem ser classificados em energéticos de reserva ou estruturais. POLISSACARÍDEOS ESTRUTURAIS Celulose Participa da composição da parede celular dos vegetais. É o carboidrato mais abundante na natureza. Quitina Está presente na parede celular de fungos e no exoesqueleto dos artrópodes. POLISSACARÍDEOS ENERGÉTICOS Amido Apresenta função de reserva. É encontrado em raízes, caules e folhas. Glicogênio É o carboidrato de reserva dos animais e dos fungos. É armazenado nos músculos e no fígado dos animais. 5 LIPÍDIOS O termo lipídio designa alguns tipos de substâncias orgânicas cuja principal característica é a insolubilidade em água e a solubilidade em certos solventes orgânicos. A razão da insolubilidade em água é que as moléculas desses lipídeos são apolares, por isso não têm afinidade por moléculas água. Os lipídeos são moléculas formadas pela união de um ácido graxo com um álcool. Os mais conhecidos são as gorduras e os óleos. São substâncias que atuam como reserva de energia, auxiliam na formação da membrana plasmática e formam as vitaminas e os hormônios. 8 5.1 GLICERÍDEOS São moléculas do álcool glicerol ligadas a uma, duas ou três moléculas de ácidos graxos (formados por longas cadeias de número par de átomos de carbono com um grupo carboxila (COOH). Possuem função de isolamento térmico e reserva energética. Englobam os óleos e as gorduras. Ácidos graxos + glicerol 5.2 CERÍDEOS São ésteres, como os glicerídeos, constituídos por uma molécula de álcool unida a uma ou mais moléculas de ácidos graxos. Compreendem as ceras que são encontradas na superfície das folhas e dos frutos, impermeabilizando-os, evitando desidratação. São encontrados também na secreção de alguns insetos e na secreção da glândula uropigiana das aves, contribuindo para a impermeabilização das penas. Englobam as ceras. Ácidos graxos + álcool de cadeia longa 5.3 ESTERÓIDES Diferem dos glicerídeos e das ceras, sendo considerada uma categoria especial de lipídeos. As moléculas de esteróides são compostas por átomos de carbono interligados, formando quatro anéis carbônicos aos quais estão ligadas outras cadeias carbônicas, grupos hidroxila ou átomos de oxigênio. O colesterol é um dos esteróides mais conhecidos, principalmente por estar associado à doenças do sistema cardiovascular. Porém, sua ingestão é necessária, pois o colesterol é um componente importante nasmembranas celulares. Asa expressões “colesterol bom” e “colesterol ruim” não se referem propriamente à molécula de colesterol, mas sim às proteínas sanguíneas encarregadas de seu transporte. Essas proteínas se associam a lipídios e formam lipoproteínas, que são conhecidas pelas siglas LDL (Low Density Lipoprotein) e HDL (High Density Lipoprotein). As LDL são as principais transportadoras de colesterol, enquanto as HDL são as principais transportadoras de fosfolipídios. Uma alta concentração de colesterol no sangue interfere no processo de englobamento e degradação do conjunto colesterol-proteína pelas células, sendo este colesterol degradado utilizado na síntese de membranas celulares. A redução da captação do complexo LDL pelas células faz com que este fique em excesso no sangue, oxidando e ficando alojado na parede dos vasos sanguíneos, ocasionando arteriosclerose. Por isso, o colesterol associado às LDL é chamado de “colesterol ruim”. As HDL captam parte do excesso de colesterol do sangue, transportando-o até o fígado, que o excreta na bile. Essas lipoproteínas ajudam, portanto, a eliminar o colesterol do sangue e por isso são chamadas de “colesterol bom”. A ingestão de óleos vegetais como os presentes no azeite ajudam a manter os níveis normais de colesterol no sangue e aumentar a produção de HDL. 5.4 FOSFOLIPÍDIOS 9 È uma classe especial de lipídios, sendo os principais constituintes das membranas celulares. Do ponto de vista químico, é um glicerídeo combinado a um grupo fosfato. Sua molécula lembra um palito de fósforo, com uma “cabeça” eletricamente carregada (polar), e duas “caudas” sem carga elétrica (apolar) de ácido graxo. As membranas biológicas são formadas por fosfolipídios organizados em duas camadas, nas quais sem encontram algumas proteínas incrustadas. Essas membranas são elásticas e por isso possuem a capacidade de reorganização evitando a ruptura das membranas, o que explica a capacidade de regeneração. 6 PROTEÍNAS As proteínas são compostos orgânicos mais abundantes da matéria viva. São consideradas macromoléculas complexas, de alto peso molecular e constituídas de unidades menores denominadas aminoácidos. 6.1 AMINOÁCIDOS É uma molécula orgânica por átomos de carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio unidos entre si de maneira característica. Por exemplo: Glicina (gli): -R = H Alanina (ala): -R = CH3 Cisteína (cis): -R = -CH2SH Os aminoácidos que um organismo não conseguem produzir são chamados de aminoácidos essenciais, e os que podem ser produzidos a partir de outras substâncias celulares são chamados de aminoácidos não-essenciais o naturais. 10 6.2 LIGAÇÃO PEPTÍDICA É a ligação entre dois aminoácidos vizinhos. Essa ligação se estabelece sempre entre o grupo amina de um aminoácido e o grupo carboxila de outro formando uma molécula de água. 6.3 FATORES QUE DETERMINAM AS PROPRIEDADES DAS PROTEÍNAS O número de aminoácidos; Tipos de aminoácidos; Sequência de aminoácidos; Configuração espacial do composto. Polímeros: são macromoléculas formadas pela união de várias moléculas menores chamadas de monômeros. As proteínas, portanto, são polímeros de amonoácidos. A união de mais de três aminoácidos é chamada de polipeptídio. 11 6.4 ESTRUTURA DAS PROTEÍNAS Estrutura primária: sequência de aminoácidos; Estrutura secundária: enrolamento helicoidal da molécula; Estrutura terciária: enrolamento da estrutura secundária; Estrutura quaternária: associação de várias cadeias polipeptídicas enoveladas. Ex.: hemoglobina. 6.5 ALTERAÇÕES DAS PROTEÍNAS 6.5.1 Desnaturação È a alteração na estrutura espacial das proteínas. Fatores que ocasionam a desnaturação protéica: Temperatura (Ex.: febres muito altas) – Ex.: ovo cozido ou frito; Variação de acidez (pH) – (queijos e iogurtes - ácido lático); Presença de substâncias químicas. 6.5.2 Mudança na sequência de aminoácidos A sequência de aminoácidos chamada de estrutura primária é responsável pelas propriedades das proteínas. Cada proteína tem uma sequência determinada de aminoácidos. Essa sequência é determinada pelos genes do organismo, e qualquer alteração na estrutura desses genes (mutação) pode ocasionar mudanças na ordem dos aminoácidos e, consequentemente, nas propriedades das proteínas. Ex.: anemia falciforme. Hemoglobina normal: val – his – leu – ter – pro – glu – lis - ... Hemoglobina anormal: val – his – leu – ter – pro – val – lis - ... 6.6 TIPOS DE PROTEÍNAS Simples ou holoproteínas: Formadas apenas por aminoácidos. Ex.: Histona, albumina. Complexas, conjugadas ou heteroproteínas: Possuem um radical não formado por aminoácidos ligado à sua molécula (Grupo Prostético ou radical). Ex.: Hemoglobina (globina – proteína simples + pigmento heme – grupo prostético) 12 6.7 FUNÇÕES DAS PROTEÍNAS De uma forma geral, as proteínas são substâncias que desempenham funções fundamentais para os seres vivos. Podem ser: estrutural, enzimática, hormonal, defesa e nutritiva. Exemplos: Forma das células: citoesqueleto (esqueleto interno); Reações químicas vitais: enzimas (ptnas especiais – catalisadores biológicos); Defesa do organismo – anticorpos; Transferência de informações para as células – hormônios; Nutrição: servem como fonte de aminoácidos. 6.8 ENZIMAS São substâncias orgânicas de natureza protéica. São consideradas catalisadores biológicos, pois aceleram as reações químicas. Possuem como características: Alto grau de especificidade; Mecanismo de “Turnover” – desempenha a mesma função várias vezes consecutivas e não são consumidas no processo; Altamente eficientes – aceleram a velocidade da reação de 108 a 1011; Reduzem a energia de ativação necessária para a reação catalisada; Não são tóxicas. Algumas enzimas são proteínas simples, constituídas apenas de cadeias polipeptídicas. Outras são proteínas conjugadas, constituídas de uma parte protéica, apoenzima, combinada a uma parte não protéica, cofator. Se o cofator for uma substância orgânica, recebe o nome de coenzima. APOENZIMA + COFATOR = HOLOENZIMA (ATIVA) 6.8.1 Nomenclatura 1- Nome do substrato + ASE. Ex.: Amido + ASE = Amilase 2- Nome da reação + ASE. Ex.: Oxidação = Oxidase Algumas enzimas possuem nomes aleatórios. Ex.: ptialina (saliva – amido em glicose), pepsina (estômago – digere proteínas). 6.8.2 Modelo “chave – fechadura” A especificidade é explicada pelo fato de elas se encaixarem (reagirem) perfeitamente aos seus substratos. Em algumas reações, as moléculas de substrato são quebradas em moléculas menores. 13 6.8.3 Gasto de energia nas reações 6.8.4 Fatores que afetam a atividade enzimática Concentração do substrato: aumentando a concentração do substrato, aumenta-se a velocidade da reação até o momento em que todas as moléculas de enzima se achem “ocupadas”. A partir deste momento a velocidade da reação é máxima e constante. Concentração da enzima: aumentando a concentração de moléculas da enzima, a velocidade de reação aumenta desde que haja quantidade de substrato suficiente para receber as enzimas. [substrato] [enzima] 14 Temperatura: a velocidade de uma reação enzimática aumenta com a elevação da temperatura. Porém, a partir de determinada temperatura, a velocidade diminui. Grau de acidez (pH): as alterações de pH podem mudar a forma da enzima afetando seu funcionamento. Cada enzima tem um pH ótimo para o seu funcionamento, acima ou abaixo desse pHsua atividade diminui. 6.8.5 Inibição enzimática A inibição da ação da enzima pode ser reversível ou irreversível. Em um tipo de inibição reversível, a inibição competitiva da atividade enzimática, o inibidor compete como substrato pelo sítio ativo da enzima. O combate às bactérias patogênicas é feito a partir de substâncias (antibióticos) que têm efeito irreversível, ou seja, promovem a chamada inibição irreversível. Outra forma de inibição enzimática é a chamada inibição alostérica, em que o agente inibidor se liga a uma região da enzima diferente do seu sítio ativo, produzindo alterações estruturais na enzima impedindo seu funcionamento. 7 VITAMINAS São substâncias orgânicas necessárias em poucas quantidades e que o organismo não consegue produzir. Se distinguem das demais substâncias orgânicas por não serem fontes de energia nem desempenharem funções estruturais. São responsáveis pela ativação das enzimas. 15 7.1 TIPOS DE VITAMINAS Hidrossolúveis: são polares (dissolvem-se na água). São armazenadas em quantidades pequenas e devem ser ingeridas diariamente. Lipossolúveis: são apolares (dissolvem-se em lipídios e em outros solventes orgânicos). São armazenadas no tecido adiposo e não necessitam ser ingeridas diariamente. 8 ÁCIDOS NUCLÉICOS São assim por seu caráter ácido e por terem sido descobertos originalmente no núcleo das células. A partir da década de 1940 passaram a ser investigados mais a fundo, pois se descobriu que eles constituem os genes, responsáveis pela herança biológica. Existem dois tipos de ácidos nucléicos: DNA _________________________ e o RNA _________________________. Os ácidos nucléicos são as maiores macromoléculas presentes nas células e são constituídos por três tipos de componentes: glicídios do grupo das pentoses (DNA – desoxirribose; RNA – ribose), ácido fosfórico e bases nitrogenadas. Dos cinco tipos de base nitrogenada presentes nos ácidos nucléicos, três ocorrem tanto no DNA quanto no RNA: adenina (A), citosina (C) e guanina (G). A base nitrogenada timina (T) ocorre exclusivamente no DNA, e a base uracila (U) ocorre exclusivamente no RNA. As moléculas de DNA são constituídas por duas cadeias polinucleotídicas enroladas uma sobre a outra, formando uma escada helicoidal. As cadeias mantêm-se unidas por pontes de hidrogênio entre os pares de bases específicos: adenina emparelha-se com timina e a guanina emparelha-se com citosina. As moléculas de RNA são formadas por uma única cadeia, que se enrola sobre si mesma pelo emparelhamento de bases complementares na mesma cadeia polinucleotídica. Alguns vírus, como o do mosaico do tabaco, possuem dupla fita de RNA. DNA RNA
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