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Fundamentos Histórico-
Teórico-Metodológicos do 
Serviço Social (60 e 80)
Professora Esp. Irení Alves de Oliveira
EduFatecie
E D I T O R A
Reitor
Prof. Ms. Gilmar de Oliveira
Diretor de Ensino 
Prof. Ms. Daniel de Lima
Diretor Financeiro
Prof. Eduardo Luiz 
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Diretor Administrativo 
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Secretário Acadêmico 
Tiago Pereira da Silva
Coord. de Ensino, Pesquisa e 
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livro foram obtidas a partir do 
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https://orcid.org/0000-0001-5409-4194
2021 by Editora EduFatecie 
Copyright do Texto © 2021 Os autores 
Copyright © Edição 2021 Editora EduFatecie
O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva 
dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora EduFatecie. Permitido 
o download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a 
possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.
EQUIPE EXECUTIVA
Editora-Chefe 
Prof.ª Dra. Denise 
Kloeckner Sbardeloto
Editor-Adjunto 
Prof. Dr. Flávio Ricardo 
Guilherme
Assessoria Jurídica 
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Ficha Catalográfica 
Tatiane Viturino de 
Oliveira
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Santos
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Tavares Fernades
Secretária
Geovana Agostinho 
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Setor Técnico 
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Barbosa
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Design e 
Diagramação
André Dudatt
www.unifatecie.edu.br/
editora-edufatecie
edufatecie@fatecie.edu.br
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP 
O48f Oliveira, Irení Alves de 
 Fundamentos histórico-teórico-metodológicos do Serviço 
 Social (60 e 80) / Irení Alves de Oliveira. Paranavaí: EduFatecie, 
 2021. 
 138 p. : il. Color. 
 ISBN 978-65-87911-37-3 
1. Serviço social. 2. Fundamentos do serviço social. I. Faculdade
de Tecnologia e Ciências do Norte do Paraná - UniFatecie. II. Núcleo de
Educação a Distância III. Título.
 CDD : 23 ed. 361.3 
 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 
AUTORA
Professora Irení Alves de Oliveira 
●	 Especialista	em	Docência	no	Ensino	Superior	(2016)
●	 Tecnóloga	em	Marketing	(2016)
●	 Bacharel	em	Serviço	Social	(2015)
●	 Pós-Graduanda	em	Design	Thinking	e	Criatividade	nas	Organizações	
●	 Professora	Formadora	EAD	
●	 Supervisora	Acadêmica	de	Estágio	
													Link	do	Currículo	na	Plataforma	Lattes:	http://lattes.cnpq.br/6087805875284804
Assistente	Social.	Supervisora	Acadêmica	com	programa	de	treinamento	e	acom-
panhamento	de	equipe	de	supervisores	acadêmicos	e	Professora	formadora	da	disciplina	
de	estágio	supervisionado	curricular	obrigatório.
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Seja	muito	bem-vindo(a)!	
Caro(a)	aluno(a),	é	com	imensa	satisfação	que	apresento	a	disciplina	de	Funda-
mentos	Históricos,	Teóricos	e	Metodológicos	do	Serviço	Social:	década	de	60	e	80	e	convido	
você	a	se	apropriar	dos	conteúdos	que	serão	abordados	ao	longo	das	quatro	unidades,	em	
que	serão	destacados	assuntos	relevantes,	tanto	neste	processo	formativo	quanto	quando	
estiver	atuando	como	assistente	social.	
A	construção	deste	material	tem	como	objetivo	destacar	a	formação	e	o	trabalho	
profissional	na	contemporaneidade,	preparando	você	para	entender	sobre	o	projeto	profis-
sional	e	o	assistente	social	na	luta	de	classes.
Desta	forma,	na	Unidade	I	você	irá	estudar	três	pontos	importantes	sobre	o	trabalho	
do	assistente	social	e	destaco	que	no	primeiro	ponto,	 logo	no	início,	são	abordados	três	
aspectos	 relevantes	 que	 possibilitarão	 a	 reflexão	 sobre	 o	 trabalho	 que	 os	 profissionais	
precisam	desenvolver	e	sobre	a	questão	social	mediante	ao	mercado	de	trabalho.	Também	
serão	apresentados	o	trabalho	e	o	Serviço	social,	bem	como	o	processo	de	trabalho	que	
todos	estão	inseridos.	Por	fim	serão	apresentadas	as	mudanças	sociais	ou,	como	abordado	
por	Iamamoto,	as	transformações	societárias	que,	de	certa	forma,	ampliaram	o	mercado	de	
trabalho	para	os	assistentes	sociais.	
Já	na	Unidade	II	será	destacado	sobre	a	formação	profissional,	serão	abordadas	
algumas	reflexões	iniciais	na	contemporaneidade,	destacando	os	desafios	que	a	categoria	
enfrentou	ao	reconstruir	o	projeto	de	 formação.	Entre	os	anos	1960	a	1980,	a	profissão	
passou	por	um	processo	de	 ruptura	com	a	prática	conservadora	enraizada	nas	práticas	
profissionais,	 necessitando	 rever	 o	 projeto	 de	 formação.	 Durante	 esse	 percurso	 houve	
conquistas,	mas	também	dilemas	que	são	relevantes	para	que	se	possa	entender	todos	os	
fatos	históricos	que	envolvem	o	projeto	de	formação	profissional;	atualmente	destacam-se	
algumas	exigências	e	perspectivas	sobre	a	 formação.	É	evidente	que	nesse	percurso	o	
debate	sobre	os	 temas	abordados	no	movimento	de	 reconceituação	 foi	 importante	para	
entender	a	política	de	prática	acadêmica	que	foi	muito	bem	apresentada	no	método	de	BH.	
Na	sequência,	será	estudado	na	Unidade	III	que,	para	entender	o	projeto	profissão,	
foi	preciso	buscar	a	concepção	de	mundo,	entendendo	as	quatros	notas	e	os	tipos	de	con-
cepção.	Você	deve	estar	se	perguntando	o	porquê	de	estudar	isso.	Ora,	caro(a)	aluno(a),	
o Serviço	Social	por	si	só	traz	uma	bagagem	histórica	que	fundamenta	as	bases	teóricas	e
metodológicas	da	profissão.	Para	entender	tudo	que	está	ao	redor	da	profissão,	é	preciso
entender	o	contexto	histórico	e	a	concepção	de	mundo	sobre	o	processo	histórico	que	tem
o ser	humano	como	ponto	principal.	 Fique	 tranquilo(a),	 pois	 esse	assunto	está	descrito
na	primeira	parte	da	unidade.	Depois	estudará	sobre	a	crítica	que	Marx	fez	em	seu	livro	o
Capital	-	volume	01	sobre	a	economia	política	que	envolve	a	relação	capital	X	trabalho.	Em
seguida	entenderá	o	conceito	de	trabalho	e	práxis,	de	forma	separada.	Por	fim,	o	projeto
profissional	e	o	motivo	da	emancipação	humana	ser	considerada	para	além	do	direito	e	da
cidadania	burguesa.
E	em	nossa	Unidade	IV	entenderá	sobre	o	termo	“quefazer	profissional”,	porque	e	
quando	surgiu	esta	dúvida	e	como	o	fazer	profissional	é	realizado	atualmente.	Em	seguida	
serão	apresentados	os	quatro	projetos	considerados	importantes.	O	primeiro	é	o	que	funda-
menta	as	bases	teóricas,	éticas,	políticas	e	metodológicas	da	profissão	e,	por	este	motivo,	
foram	escolhidas	as	dimensões	ético-política	e	teórico-metodológico	frente	aos	diferentes	
projetos.	Para	finalizar,	destacamos	quatros	pontos	importantes	para	refletir	sobre	alguns	
questionamentos,	com	a	finalidade	de	encontrar	respostas	sobre	a	profissão.	
Espero	 que	 o	 conteúdo	 desta	 apostila	 contribua	 no	 seu	 crescimento	 enquanto	
futuro(a)	assistente	social.	
Bons estudos e até a próxima. 
Prof.ª	Irení	Alves	de	Oliveira		
SUMÁRIO
UNIDADE	I	...................................................................................................... 4
O Trabalho Profissional na Contemporaneidade
UNIDADE	II	...................................................................................................33
Formação Profissional na Contemporaneidade
UNIDADE	III	..................................................................................................no	governo	e	nas	relações	com	a	classe	
trabalhadora.	Essas	 transformações	 são	 iminentes,	 acompanhado	 a	 um	 claro	 ajuste	 de	
fundos	 públicos,	 favorecendo	 a	 sociedade	 capitalista,	 sendo	 propícios	 à	 reprodução	 do	
trabalho,	retraindo	os	investimentos	governamentais	para	a	seguridade	social	e	o	emprego.	
Esse	processo	reflete	na	reorganização	da	política	industrial	e	neoliberal	caracterizada	pelo	
modelo	de	regulação	econômica	internacional	fordista/keynesiana,	como	mostrar	refração	
clara	no	processo	de	trabalho	(IAMAMOTO,	2012).	
Caro(a)	aluno(a),	é	por	meio	desse	contexto	que	se	pode	entender	o	debate	em	
todos	os	campos	culturais	pós-modernismo	que	começou	na	década	de	1970.	Observado	
no	mundo	contemporâneo,	o	enfrentamento	da	crise	e	o	próprio	processo	de	acumulação	
capitalista,	que	a	autora	destaca	como	as	mudanças	no	mundo	do	trabalho,	apresentando	
novos	desafios	e	considerando	a	formação	profissional	de	assistentes	sociais	como	algo	
importante.
Nas	palavras	de	Harvey	(1992)	a	dificuldade	em	conter	as	contradições	inerentes	
ao	 capitalismo	 é	 entendida	 como	 a	 rigidez	 do	 capital	 fixo,	 ou	 seja,	 este	 sistema	 acaba	
tendo	o	controle	do	trabalho	e	do	mercado,	com	isso	tem-se	o	aumento	nos	indicadores	em	
relação	a	produtividade	e	a	elevação	da	taxa	de	lucro	do	capital,	além	do	apoio	do	Estado	
que	por	sua	vez	 reduz	os	 fundos	fiscais	para	apoiar	o	chamado	 “estado	de	bem-estar”,	
sendo	responsável	por	fornecer	e	implementar	comportamentos	sociais	que	podem	corrigir	
a	exclusão	social	e	as	condições	para	o	bem	coletivo,	legitimando	o	próprio	Estado.	
Desta	forma,	Iamamoto	(2012)	destaca	que	é	preciso	buscar	reverter	o	efeito	desse	
processo	que	acaba	causando	diversos	problemas	sociais,	em	outras	palavras,	é	o	mo-
mento	de	racionalizar	a	produção	e	a	industrialização,	analisando	os	ajustes	estruturais	e	
38UNIDADE II Formação Profissional na Contemporaneidade
fortalecendo	o	trabalho,	questionando	sobre	a	produção	e	o	consumo	em	massa	advinda	
pelo	padrão	 fordista,	que	 traz	não	apenas	a	mudança	 tecnológica,	mas	a	 introdução	de	
novas	linhas	de	produtos,	mercados	e	liquidez	regional	de	capital,	tendo	funcionários	fáceis	
de	controlar,	a	consolidação	de	capital	e	medidas	destinadas	a	acelerar	o	turnover.
Para	 Harvey	 (1992),	 a	 flexibilidade	 do	 fluxo	 de	 trabalho;	 mercado	 de	 trabalho;	
produtos	e	métodos	de	consumo	são	características	do	departamento	de	produção,	novo	
método	 de	 fornecimento	 de	 serviços	 financeiros,	 novos	mercados,	 especialmente	 altas	
taxas	de	juros	para	fortalecer	negócios,	tecnologia	e	inovação	organizacional.	Com	isso,	a	
acumulação	flexível	envolve	mudanças	rápidas	e	o	desenvolvimento	desequilibrado	entre	
departamentos	e	regiões,	criando	um	extenso	movimento	para	o	emprego,	bem	como	novas	
indústrias	subdesenvolvidas.	
Neste	aspecto,	Tapia	(1994)	destaca	que	as	grandes	empresas	acabaram	estabe-
lecendo	um	processo	horizontal	com	um	modelo	mais	enxuto,	que	criou	uma	rede	ao	seu	
redor	com	pequenas	médias	e	um	processo	mais	mecanizado.	Esse	formato	estabelecido	
em	muitas	empresas,	principalmente	de	médio	e	grande	porte,	acarretou	o	processo	de	
exclusão	da	mão-de-obra	qualificada	e,	consequentemente,	gerou	o	desemprego	e	a	pre-
carização	nas	relações	de	trabalho.	A	partir	dessas	estruturas	implantadas	na	sociedade,	
a	partir	do	sistema	capitalista,	é	que	há	grandes	implicações	na	construção	estrutural	no	
mundo	do	trabalho.	
SAIBA MAIS
O	processo	de	transformações,	que	vêm	ocorrendo	no	“mundo	do	trabalho”,	altera	subs-
tancialmente	a	demanda	de	qualificação	de	profissionais	de	Serviço	Social,	 tornando	
necessário	que	adquiram	uma	centralidade	no	processo	de	formação	profissional,	por-
que	têm	uma	centralidade	na	contemporaneidade	da	vida	social	
Fonte:	Iamamoto	(2012,	p.	180).	
O	 desenvolvimento	 da	 formação	 profissional	 permite	 que	 os	 assistentes	 sociais	
compreendam	criticamente	a	tendência	atual	de	expansão	capitalista	e	sua	influência	nas	
mudanças	de	funções	tradicionalmente	atribuídas	à	indústria	e	tipo	treinamento	necessário	
39UNIDADE II Formação Profissional na Contemporaneidade
para	produção	e	nova	modernização,	bem	como	as	 formas	de	gestão	do	 trabalho.	 Isso	
ilustra	a	mudança	nas	condições	de	trabalho	e	vida	dos	colaboradores	considerado	como	
alvo	dos	serviços	profissionais,	bem	como	as	demandas	alocadas	no	ambiente	empresarial,	
por	exemplo.	
É	 evidente	 que	esses	 fatores	 são	 considerados	 como	desafios	na	 reconstrução	
do	projeto	de	formação	profissional,	que	deve	estar	claro	quanto	às	mudanças	referem-se	
à	conversão	da	atuação	no	campo	da	política	social,	por	meio	do	ajuste	nas	diretrizes	e	
ações	governamentais	para	responder	uma	crise	compatível	com	os	padrões	neoliberais	
das	organizações	internacionais,	especialmente	do	fundo	monetário	internacional.	
De	acordo	com	Chauí	(1995),	a	declaração	neoliberal	se	encaixa	como	uma	luva	
na	política	brasileira	revivida	aos	preceitos	da	privatização,	considerada	como	uma	tradição	
autoritária	exclusiva	do	estado.	Com	 isso,	 temos	uma	sociedade	hierárquica	na	qual	há	
uma	 relação	 de	 controle	 quanto	 aos	 direitos	 sociais,	 o	 que	 pode	 caracterizar	 como	um	
desafio	na	reconstrução	da	formação	profissional.	Não	ter	entendimento	quanto	aos	pontos	
tratados	até	aqui	pode	gerar	dificuldades	no	momento	da	atuação.	
1.2 Conquistas e Dilemas no Projeto Profissional nos Anos 1980
Caro(a)	aluno(a),	considerando	o	debate	sobre	 formação	profissional	na	década	
de	1980	é	que	 irei	apresentar	as	principais	conquistas	e	os	problemas	enfrentados	pela	
categoria.	Para	entender	esses	pontos,	aprofundarei	nas	teorias	da	Iamamoto,	uma	grande	
referência	para	compreender	o	processo	formativo.
Iamamoto	 (2012,	 p.	 185)	 destaca	 que	 “os	 rumos	 assumidos	 pelo	 amplo	 debate	
efetuado	na	década	de	1980	apontaram,	ainda,	para	o	privilégio	-	ainda	que	a	não	exclusivi-
dade	-	de	uma	teoria	social	crítica,	desveladora	dos	fundamentos	da	produção	e	reprodução	
da	questão	social”.	Ou	seja,	desenvolver	um	perfil	que	pudesse	configurar	as	habilidades	
40UNIDADE II Formação Profissional na Contemporaneidade
técnicas	e	políticas	em	resposta	do	fazer	profissional	de	forma	mais	eficaz	e	competente,	
reunindo	forças	sociais	para	defender	cabalmente	a	democracia.
A	primeira	conquista	a	ser	destacada	é	sobre	a	base	do	processo	formativo	que	tem	
afirmado	a	necessidade	de	orientar	a	formação	profissional	para	estabelecer	uma	imagem	
profissional	com	habilidades	teóricas	e	críticas,	adotando	um	método	consistente	em	rela-
ção	ao	enfrentamento	dos	problemas	sociais	enraizados	na	sociedade	fundamentada	em	
teorias	de	grandes	filósofos.	
A	outra	conquista	foi	a	construção	de	um	novo	Código	de	Ética	Profissional,	que	
está	em	vigor	até	os	dias	atuais,	interligado	ao	processo	de	formação	profissional	dos	as-
sistentes	sociais.	Dentro	das	discussões	sobre	a	formação	profissional	também	se	encontra	
como	eixo	necessário	o	contexto	histórico,	teórico	e	metodológico	do	Serviço	Social	que	
tem	como	base	explicar	o	processo	constitutivo	da	profissão.	Tem	como	objetivo	principal	a	
compreensão	da	relação	entre	o	Estado,	a	sociedade	e	o	mundo	do	trabalho.	
Cabe	destacar	que	a	história	social	é	considerada	algo	determinante	para	a	trajetória	
do	Serviço	Social,	expressamente	ligado	à	prática	e	à	teórica,	Entende-se	que	a	profissão	está	
condicionada	à	totalidade,	principalmente	nas	variantes	relações	que	envolvem	a	produção/
reprodução	da	vida	social,	que,	de	certa	forma,	acaba	sistematizando	as	ações	profissionais.	
Em	relação	aos	dilemas	enfrentados	pela	categoria,	refere-se	primeiramente	ao	dis-
tanciamento	sobre	as	bases	teóricas	sistemáticas	e	metodológicas	que	envolvem	a	prática	
profissional	 cotidianamente.	Como	 destacado	 por	Martinelli	 (1993),	 o	 anseio	 de	 trabalhar	
com	as	mediações	nos	campos	de	atuação	pode	possibilitar	ao	profissional	refletir	de	forma	
isolada,	elevandoos	níveis	da	singularidade	em	relação	ao	fazer	profissional,	o	que	torna	
o desenvolvimento	no	seu	aspecto	mais	amplo.	Para	não	cair	nessa	armadilha	é	preciso
compreender	as	dimensões	de	forma	mais	universal,	buscando	a	lógica	que	as	particularida-
des	devem	ser	tidas	na	singularidade	após	uma	análise	do	contexto	social	atual.
Outro	dilema	encontrado	é	dentro	do	âmbito	do	ensino,	que	pode	encontrar	uma	
lacuna	em	relação	às	estratégias	e	táticas	sobre	a	instrumentalização	da	ação	profissional.	
Nesse	sentido,	é	preciso	compreender	a	dificuldade	em	relação	ao	fazer	profissional,	pois	
a	falta	desse	entendimento	poderá	levar	aos	mitos	do	tecnicismo	e	à	dificuldade	ao	realizar	
o fazer	profissional.
E,	por	fim,	o	último	problema	está	relacionado	diretamente	ao	manuseio	prático	dos	
profissionais	em	investir	na	produção	e	pesquisa	acadêmica,	sabendo	que	os	assistentes	
sociais	atuam	nos	diversos	campos	sócio-ocupacionais,	mas	não	investem	na	pesquisa	o	
41UNIDADE II Formação Profissional na Contemporaneidade
que	pode	dificultar	no	fazer	profissional,	principalmente	ao	entender	os	problemas	sociais	
que	fazem	parte	da	atuação	profissional	cotidiana.
1.3 O Projeto de Formação Profissional na Contemporaneidade: 
Exigências e Perspectivas
Caro(a)	aluno(a),	compreender	as	contradições	postas	na	sociedade	é	a	premissa	
para	estabelecer	o	projeto	de	 formação	profissional,	 comprometido	com	a	 formulação	e	
implementação	de	políticas	sociais,	além	de	acompanhar	a	dinâmica	do	mundo	do	trabalho	
e	 seu	mercado.	Uma	 das	 exigências	 que	 podem	 ser	 vistas	 na	 reconstrução	 do	 projeto	
da	formação	profissional	é	a	iniciativa	aos	assistentes	sociais	de	progredir	nas	condições	
de	vida	da	classe	 trabalhadora	e	suas	 formas	de	 luta	e	organização,	além	de	captar	os	
problemas	explícitos	na	sociedade.	
Para	isso,	é	importante	que	os	profissionais	não	demonstrem	interesses	voltados	
somente	para	a	organização	em	que	estão	inseridos,	mas	que	busquem	a	articulação	entre	
os	trabalhadores	no	sentido	de	garantir	os	direitos.	Para	isso,	é	preciso	buscar	um	desejo	
intenso	quanto	ao	fazer	profissional	e	evitar	criar	resistência	mediante	a	situação	posta	no	
momento	da	atuação,	estando	preparado	em	relação	aos	problemas	sociais	que	devem	ser	
enfrentados.		
De	acordo	com	a	 Iamamoto	 (2012,	p.	198),	 “isso	 implica	a	 ruptura	com	o	papel	
tutelar,	 por	 vezes	escondido	em	um	discurso	de	 sua	negação	 -	 que	demarca	as	 ações	
burocratizadas,	tecnicistas	e	tradicionais	do	assistente	social”.	Ou	seja,	a	falta	por	busca	de	
conhecimento	mediante	a	situação	posta	ao	profissional	pode	levá-lo	ao	status	de	negação	
e/ou	realizar	atividades	que	não	são	condizentes	ao	assistente	social.	Com	isso	o	profissio-
nal	acaba	se	dispondo	de	uma	relação	de	afastamento	com	o	usuário	por	estar	diante	de	
42UNIDADE II Formação Profissional na Contemporaneidade
um	fato	estranho.	Nesse	sentido,	exige-se	que	o	profissional	busque	pelo	conhecimento,	
que,	de	certa	forma,	o	levará	a	outro	patamar,	além	de	saber	o	que	está	exposto	no	seu	co-
tidiano	e	entender	a	dinâmica	na	sociedade,	o	que	torna	essencial	na	atuação	profissional.	
Sendo	assim,	compreender	a	prática	e	o	projeto	de	formação	profissional	pode	fazer	toda	
a	diferença.
No	que	se	refere	à	perspectiva	do	projeto	de	formação	profissional,	é	preciso	en-
tender	que	as	condições	apresentadas	para	os	novos	assistentes	sociais	é	o	que	fará	a	
diferença	para	que	consigam	constituir	uma	nova	cidadania	como	estratégia	política	que	
administre	uma	cultura	pública	e	democrática,	 não	 recorrendo	ao	 individualismo.	Nesse	
aspecto,	pode-se	considerar	que	a	cidadania	se	concentra	na	integração	da	política	gradual	
no	direito	de	exercer	em	sociedade.	
Esse	processo	é	explicado	na	busca	pela	conversão	de	espaço,	atualmente	regis-
trado	na	área	de	política	social,	ampliando	sua	possibilidade	de	ser	ocupado	pela	sociedade	
civil.	Ampliar	os	canais	de	intervenção	da	população	na	gestão	de	materiais	é	opor-se	à	
tendência	de	privatização	das	relações	sociais;	persistir	na	história	política	do	Brasil	é	a	
forma	de	minimizar	os	assuntos	públicos.	O	maior	grau	de	Estado	emerge	e	o	maior	grau	
de	privatização	da	sociedade.	
Neste	sentido,	Iamamoto	(2012)	enfatiza	que	o	Serviço	Social	tem	condições	e	po-
tenciais	que	privilegiam	a	prática,	pois	está	intimamente	relacionado	ao	cotidiano	da	classe	
trabalhadora.	 Para	 reproduzir	 a	 prática	 profissional	 no	 caminho	 traçado	 requer	 estudos	
frequentes	e	conhecimento	para	fornecer	subsídios	necessários	no	momento	da	atuação	
profissional.	Nesse	sentido,	é	preciso	que	os	profissionais	estejam	engajados	nos	assuntos	
abordados	nas	universidades	e	participem	de	eventos	que	possam	agregar	entendimento	
ao	que	se	pretende	almejar,	tendo	embasamento	teórico	que	permite	a	excelência	na	exe-
cução	do	trabalho,	contribuindo	no	novo	desenvolvimento	histórico.
43UNIDADE II Formação Profissional na Contemporaneidade
2. O DEBATE CONTEMPORÂNEO DA RECONCEITUAÇÃO DO SERVIÇO
SOCIAL: AMPLIAÇÃO E APROFUNDAMENTO DO MARXISMO
Caro(a)	aluno(a),	compreender	as	particularidades	do	Serviço	Social	brasileiro	é	
fundamental	no	processo	de	formação	profissional,	principalmente	no	âmbito	da	herança	
marxista,	em	consonância	com	o	Movimento	de	Reconceituação,	conforme	refletido	pela	
categoria	profissional	latino-americano	entre	os	anos	de	1965	a	1975.	
Nesse	sentido,	apresentarei	de	forma	breve	os	principais	fatos	históricos	do	Movi-
mento	de	Reconceituação	que,	de	certa	forma,	são	considerados	por	Iamamoto	(2012)	como	
um	legado	para	a	profissão;	destacando	que	as	temáticas	foram	a	bases	para	os	fundamentos	
históricos	e	teóricos	do	Serviço	Social	e	a	renovação	da	categoria	na	contemporaneidade.	
É	importante	destacar	que	a	profissão	é	entendida	como	um	produto	histórico,	logo,	
adquire	o	sentido	de	compreensibilidade	na	história	da	sociedade,	sendo	parte	e	expressão	
dela.	Por	este	motivo	o	Serviço	Social	é	considerado	como	uma	profissão	especializada	no	
trabalho	coletivo,	inscrita	na	divisão	social	e	técnica	do	trabalho,	passando	a	dar	ênfase	na	
necessidade	histórica	advinda	das	relações	sociais.
Portanto,	o	seu	significado	deriva	da	 relação	entre	classes	a	partir	das	diversas	
expressões	da	questão	social.	Cabe	ao	profissional	de	Serviço	Social	decifrar	os	problemas	
sociais	causados	pela	sociedade	capitalista.
A	partir	deste	viés	é	que	vamos	nos	aprofundar,	entendendo	o	legado	da	profissão.	
44UNIDADE II Formação Profissional na Contemporaneidade
2.1 Movimento de Reconceituação: o Legado da Profissão 
O	processo	de	formação	profissional	em	Serviço	Social	na	América	Latina	surge	no	
Chile,	no	ano	de	1925.	Segundo	Castro	(2000),	a	primeira	escola	de	Serviço	Social,	funda-
da	por	Alejandro	Del	Río,	tem	a	sua	origem	unificada	à	ação	do	Estado	e	da	Igreja	católica,	
porém	com	uma	ligação	mais	densa	na	expansão	estatal.	A	lógica	era	formular	um	plano	
claro	para	a	classe	dominante,	parte	da	fase	aguda	da	luta	de	classes,	graves	dificuldades	
financeiras	e	crise	nacional.	Nessa	mesma	perspectiva	é	que	a	escola	de	Serviço	Social	
é	fundada	em	outros	países,	como	no	Brasil,	em	1936,	no	Uruguai	e	Peru,	em	1937,	e	na	
Argentina,	em	1940.		
Acredito	que	você	deve	estar	se	perguntando	o	que	o	surgimento	das	primeiras	
escolas	de	Serviço	Social	tem	a	ver	com	o	Movimento	de	Reconceituação.	
Ora,	caro(a)	aluno(a),	a	proposta	por	trás	das	primeiras	escolas	de	Serviço	Social	
era	atender	as	necessidades	do	Estado	e	da	sociedade	capitalista	por	meio	das	interven-
ções	na	luta	de	classes,	ou	seja,	atendendo	aos	interesses	dominantes,	tendo	uma	postura	
conservadora	e	tradicionalista.	Postura	essa	que	só	muda	com	o	processo	de	renovação	do	
Serviço	Social,	na	segunda	metade	da	década	de	1960,	com	o	Movimento	de	Reconceitua-
ção	do	Serviço	Social	na	América	latina,	expressando	crítica	ao	Serviço	Social	tradicional.	
De	acordo	com	Faleiros	(1987,	p.	51),	“a	ruptura	com	o	Serviço	Social	tradicionalse	inscreve	na	dinâmica	de	rompimento	das	amarras	imperialistas,	de	luta	pela	libertação	
nacional	e	de	transformações	da	estrutura	capitalista	excludente,	concentradora	e	explora-
dora”.	O	processo	de	ruptura	do	Serviço	Social	tradicional	foi	tão	denso	que	durou	quase	
duas	décadas.	Acosta	 (2008)	destaca	que	o	Movimento	de	Conceituação	aconteceu	no	
Brasil,	em	Porto	Alegre,	no	ano	de	1965,	no	I	Seminário	Regional	Latino-Americano	de	Ser-
viço	Social,	consequentemente	nos	seminários	dos	demais	países,	como	Uruguai	(1966);	
Argentina	(1967),	Chile	(1969),	Bolívia	(1970),	repetindo	em	Porto	Alegre	(1972).	
45UNIDADE II Formação Profissional na Contemporaneidade
Segundo	Iamamoto	(2012,	p.	205),	“o	movimento	de	reconceituação,	tal	como	se	
expressou	em	sua	tônica	dominante	na	América	Latina,	representou	um	marco	decisivo	no	
desencadeamento	do	processo	de	revisão	crítica	do	Serviço	Social	no	continente”,	princi-
palmente	pelo	fato	dos	profissionais	se	aproximarem	da	teoria	marxista,	sendo	necessário	
que	a	categoria	debatesse	sobre	as	bases	teóricas	da	profissão.		
Todo	movimento	tem	como	fonte	a	emancipação	de	direitos.	Na	busca	por	conquis-
tá-los,	pode	extrair	pontos	positivos	ou	negativos,	principalmente	quando	esse	movimento	
envolve	uma	categoria	profissional	que	atua	diretamente	na	sociedade.	Para	entender	me-
lhor,	destaquei	quatro	conquistas	e	três	equívocos	com	o	Movimento	de	Reconceituação,	
baseada	nas	teorias	de	Netto	(2005b).	
QUADRO 1 - CONQUISTA E EQUÍVOCOS 
CONQUISTA	01
A	articulação	de	uma	nova	concepção	da	unidade	latino-americana:	sabe-se	que,	
entre	os	assistentes	sociais	latino-americanos,	um	ativo	intercâmbio	veio	ocorrendo	
desde	1940;	esta	interação,	todavia,	realizava-se	notadamente	sob	a	inspiração	de	
instituições	confessionais	que	instrumentalizavam	o	Serviço	Social	ou,	a	partir	de	
1950,	sob	a	tutela	de	organização	dos	Estados	Americanos	(OEA);	com	a	Recon-
ceituação	se	põe	na	ordem	do	dia	um	intercâmbio	e	uma	interação	profissional	di-
ferentes,	apoiados	no	explícito	reconhecimento	da	urgência	de	fundar	uma	articula-
ção	profissional	continental	que	respondesse	às	problemáticas	comuns	da	América	
Latina,	uma	unidade	construída	autonomamente,	sem	as	tutelas	confessionais	ou		
imperialistas.	Em	poucas	palavras,	a	continentalidade	reivindicada	era	a	de	Martí	e	
Vasconcelos,	não	a	de	Monroe	ou	Roosevelt.	
CONQUISTA	02
A	explicitação	da	dimensão	política	da	ação	profissional:	como	toda	expressão	con-
servadora,	o	tradicionalismo	do	Serviço	Social	ocultava	a	dimensão	política	da	ação	
profissional	numa	pretensa	assepsia	ideológica.	O	tradicionalismo	profissional	foi,	
sempre,	visceralmente	político,	tão	visceral	quanto	inconfessado.	Coube	à	Recon-
ceituação,	desde	os	seus	primeiros	passos,	trazer	à	luz	do	dia	a	dimensão	política	
que	 é	 constitutiva	 de	 qualquer	 intervenção	 social;	 e	 porque	 em	geral	 o	 fez	 pela	
esquerda,	o	tradicionalismo	que	jamais	recusaram	a	politização	pela	direita	comba-
teu-a	incansavelmente.		
CONQUISTA	03
A	interlocução	crítica	com	as	ciências	sociais:	o	“Serviço	Social	 tradicional”	cons-
truía	como	um	receptáculo	passivo,	um	vazadouro	acrítico	dos	produtos	das	ciên-
cias	sociais	acadêmicas	(notadamente	norte-americanas);	a	Reconceituação,	incor-
porando	a	crítica	do	tradicionalismo,	lançou	as	bases	para	uma	nova	interlocução	
do	Serviço	Social	com	as	ciências	sociais,	abrindo-se	a	novos	influxos	(inclusive	da	
tradição	marxista)	e	sintonizando-se	com	tendências	diversificadas	do	pensamento	
social	então	contemporâneo.		
46UNIDADE II Formação Profissional na Contemporaneidade
CONQUISTA	04
A	inauguração	do	pluralismo	profissional:	o	monolitismo	próprio	do	tradicionalismo	
foi	subvertido	pela	Reconceituação	com	ela,	rompeu-se	o	viés	segundo	o	qual	a	pro-
fissionalidade	implicaria	uma	homogeneidade	(identidade)	de	visões	e	de	práticas,	
a	Reconceituação	concedeu	carta	de	cidadania	a	diferentes	concepções	acerca	da	
natureza,	do	objetivo,	das	funções,	dos	objetivos	e	das	práticas	do	Serviço	Social,	
inclusive	como	resultado	do	recurso	a	diversificadas	matrizes	 teórico-metodológi-
cas.		
EQUÍVOCOS	01	
A	correta	denúncia	do	conservadorismo	próprio	do	tradicionalismo,	disfarçado	em	
“apoliticismo”	conduziu,	muitas	vezes,	a	um	ativismo	político	que	obscurece	as	fron-
teiras	entre	a	profissão	e	o	militanismo	de	onde,	por	vezes,	a	hipostasia	das	dimen-
sões	políticas	do	exercício	profissional,	posto	então	como	um	ofício	heroico	e/ou	
messiânico.	
EQUÍVOCOS	02
A	recusa	às	“teorias	importadas”	(resposta,	num	primeiro	momento,	ao	hegemonis-
mo	das	ciências	sociais	acadêmicas	norte-amercicanas)	derivou	numa	relativização	
da	universalidade	teórica	que,	no	limite,	infirmava	a	validade	da	teorização	produ-
zida	noutras	latitudes,	redudando	na	valorização	da	produção	teórica	“autóctane”,	
presumidamente	mais	“adequada”	às	nossas	particularidades	histórico-sociais.		
EQUÍVOCOS	03
O	confucionismo	ideológico,	que	procurava	“sintetizar”	as	inquietudes	da	esquerda	
cristã	e	das	novas	gerações	revolucionárias	“não-orgtodoxas”	e	“não-tradicionais”	
(uma	vez	que,	na	generalidade	dos	casos,	a	esquerda	“tradicional”	ou	“ortodoxa”,	
quase	sempre	conotada	pela	pertinência	aos	Partidos	Comunistas	latino-america-
nos,	pouco	participou	do	processo),	acabou	por	engendrar	a	eclética	mistura	de	Ca-
milo	Torres,	Guevara	e	Paulo	Freire	com	Louis	Althusser	e	Mao	Tse-Tung.	Curiosa	
e	paradoxalmente,	a	Reconceituação,	que	abriu	o	diálogo	do	Serviço	Social	como	
a	tradição	marxista,	recolheu	desta,	quase	sempre,	o	que	nela	havia	de	menos	vivo	
e	criativo.		
Fonte:	Netto	(2005b,	p.	11-13).	
Caro(a)	aluno(a),	é	evidente	que	o	Movimento	de	Reconceituação	teve	outras	con-
quistas	e	até	mesmo	equívocos,	mas	vamos	nos	atentar	a	esses	apresentados,	entendendo	
o quão	importante	foi	para	a	categoria,	considerado	como	um	marco,	principalmente	pelo
fato	da	profissão	romper	com	o	conservadorismo	e	tradicionalismo	que	estava	enraizado
no	processo	 formativo	profissional.	Certamente	ainda	há	muito	 para	melhorar,	mas	não
podemos	esquecer	do	que	já	foi	conquistado.
47UNIDADE II Formação Profissional na Contemporaneidade
2.1.1 O movimento de reconceituação no Brasil
No	ano	de	1964	começa	no	Brasil	a	ditadura	militar,	durando	até	o	ano	de	1985	e	
deixando	uma	herança	desastrosa	na	população.	Com	um	regime	opressor	não	foi	difícil	
de	entender	que	o	Movimento	de	Reconceituação	iniciasse	no	território	brasileiro,	tendo	im-
pacto	peculiar	na	“renovação	do	Serviço	Social	com	exigências	próprias	do	projeto	ditatorial	
e	permitiu	a	consolidação	de	um	perfil	de	profissionais	bastante	diverso	do	tradicionalismo”	
(NETTO,	2005b,	p.	16).	
No	 entanto,	 não	 foi	 somente	 com	 o	 regime	 opressor	 da	 ditadura	 militar	 que	 a	
renovação	do	Serviço	Social	aconteceu,	mas	um	misto	de	 fatores	históricos	advindo	do	
quadro	da	autocracia	burguesa,	além	da	relação	complexa	que	a	categoria	adquiriu	desde	
o surgimento	da	profissão	levando	legitimidade	a	colapso	da	forma	tradicional	e	conserva-
dora,	levando	a	categoria	a	busca	pela	identidade	profissional	além	da	“fundamentação	e
legitimação	para	as	suas	concepções	profissionais”	(NETTO,	2005b,	p.	141).
De	acordo	com	Iamamoto	(2004),	a	 identidade	profissional	é	formada	a	partir	de	
um	certo	 pano	de	 fundo	histórico	e	 tem	novas	 conotações	 com	o	desenvolvimento	das	
sociedades	nacionais.	Se	a	imagem	dos	judeus,	da	justiça	moderna	e	da	caridade,	em	sua	
trajetória,	marca	o	serviço	social,	então	se	desvelou	o	movimento	de	revisão	do	setor	em	
nível	latino-americano,	denominado	Movimento	de	Reconceituação	do	Serviço	Social,	con-
siderado	como	um	marco	para	a	profissão	que	está	bem	presente	na	literatura	profissional	
mais	recente	como	forma	de	entender	um	fato	histórico	e	divisor	de	águas	para	a	profissão.	
Neste	sentido	Netto	(2005a,	p.	17)	destaca	que	
É	somente	a	partir	da	segunda	metade	dos	anos	setenta,	quando	a	ditadura	
começa	 a	 experimentar	 a	 sua	 erosão,	 que	 se	 fazem	 sentirno	 Brasil	 as	
ressonâncias	das	tendências	que,	na	Reconceituação,	apontavam	para	uma	
crítica	 radical	 do	 tradicionalismo	 -	 e	 essas	 ressonâncias	 reverberam	 tanto	
mais	quanto	avançam	as	forças	democráticas	na	cena	política	nacional,	como	
claríssimas	implicações	no	interior	da	categoria	profissional.	A	passagem	dos	
anos	1970	aos	1980,	com	a	reativação	do	movimento	operário-sindical	e	o	
48UNIDADE II Formação Profissional na Contemporaneidade
protagonismo	dos	chamados	novos	sujeitos	sociais,	abriu	novas	perspectivas	
para	os	assistentes	sociais	que	pretendiam	a	ruptura	com	o	tradicionalismo.	
E	estes	assistentes	sociais	investiram	fortemente	em	dois	planos:	na	organi-
zação	da	categoria	profissional	e	na	formação	acadêmica.	
Nesse	aspecto,	a	formação	profissional	requer	um	suporte	teórico	e	metodológico	
sólido,	necessário	à	reconstrução	da	prática	e	ao	estabelecimento	de	estratégias	de	ação,	
mas	também	à	preparação	no	campo	da	investigação	para	melhorar	a	qualificação	cien-
tífica	dos	assistentes	sociais	e	do	eixo	privilegiado	da	produção,	principalmente	na	teoria	
das	 questões	 relacionadas	 ao	 seu	 campo	de	 atuação	 e	 à	 realidade	 social	mais	 ampla.	
Para	os	assistentes	sociais,	a	concretização	dessa	visão	também	precisa	superar	a	óbvia	
indefinição	da	profissão,	formulando	o	currículo,	o	que	tende	a	exprimir	uma	variedade	de	
disciplinas,	porque	os	temas	básicos	ou	eixos	claros	não	as	consideram.	Nesse	sentido,	a	
definição	do	Serviço	Social	desempenha	um	papel	decisivo	na	formação	acadêmica	e	um	
“sólido	suporte	teórico-metodológico,	necessário	à	reconstrução	da	prática”		(IAMAMOTO,	
2004,	p.	164).	
Certamente,	as	condições	históricas	que	aconteceram	no	Brasil	entre	as	décadas	
de	1960	a	1980	devem	ser	consideradas	como	algo	 importante	para	a	categoria	profis-
sional,	 pois	 foi	 a	partir	 desses	 fatores	que	 tivemos	a	 crítica	ao	 tradicionalismo	baseada	
na	restauração	das	conquistas	do	escotismo,	apropriado	a	descrever	o	desenvolvimento	
de	um	Serviço	Social	crítico	no	país	tendo	o	Movimento	de	Reconceituação	com	a	base	
fundamental	para	uma	análise	marxiana.	
2.1.2 A perspectiva crítico-dialética 
De	 acordo	 com	 Iamamoto	 (2012,	 p.	 210),	 “o	 encontro	 do	Serviço	Social	 com	a	
perspectiva	crítico-dialética	deu-se	por	meio	do	filtro	da	prática	político-partidária,	por	meio	
49UNIDADE II Formação Profissional na Contemporaneidade
dela	muitas	inquietudes	foram	transferidas	da	militância	política	para	a	prática	profissional”.	
Ou	seja,	a	categoria	precisou	mudar	o	seu	posicionamento	mediante	à	preocupação	que	a	
categoria	estava	vivenciando,	precisando	estabelecer	na	identidade	a	prática	profissional.	
A	autora	supracitada	enfatiza	que	a	primeira	aproximação	com	a	crítico-dialética	
levou	ao	compromisso	político	dos	profissionais,	que	mostra	a	necessidade	de	uma	pers-
pectiva	de	classe	ao	analisar	os	papéis	sociais,	principalmente	a	profissão	inserida	na	so-
ciedade.	Essa	perspectiva	é	apenas	a	prática	e	a	política	provarão	que	não	são	suficientes	
para	mostrar	o	patrimônio	intelectual	do	Serviço	Social	e	sua	prática	nos	jogos	da	relação	
com	o	poder	do	Estado	com	o	movimento	da	classe	social.	
Tais	requisitos	não	dependem	apenas	do	comportamento	moral	político,	mas	tam-
bém	assumem	que	existe	uma	consciência	teórica	que	pode	descrever	o	processo	social	
e	a	consciência	teórica	que	surge	das	relações	econômicas	e	da	luta	do	povo,	exigindo	da	
categoria	um	conhecimento	científico	amplo	e	crítico	por	meio	dos	debates	 teóricos	que	
levam	à	construção	de	uma	teoria	que	atenta	aos	profissionais.
Iamamoto	(2012,	p.	2012)	destaca	que	houve	“outra	característica	desse	encontro	
do	Serviço	Social	com	a	tradição	marxista	decorre	dos	condutos	teóricos	pelos	quais	se	
processou	tal	aproximação”,	mas	não	se	destinou	aos	recursos	clássicos	e	atuais	e	não	teve	
uma	abordagem	concisa	quanto	à	teoria	crítica	do	marxismo	oficial.	Em	vez	disso,	buscou	
em	outras	fontes	pela	militância	política,	apreciando	outras	abordagens	teóricas,	moldando	
a	reconceituação	por	meio	dos	múltiplos	“marxismo”,	ou	seja,	houve	uma	aproximação	da	
teoria	de	Marxista,	mas	sem	o	Marx.	
Neste	sentido,	o	movimento	de	reconceitualização	se	viu	preso	à	uma	antiga	contra-
dição	“epistemologia	de	esquerda	e	direita”.	Essa	fantasia	potencial	também	é	a	produção	
de	consciência	teórica	pela	luta	de	classes,	dirigida	direta	e	unilateralmente	pela	vontade	
política,	 destacando	 dois	 dilemas	 dentro	 da	 prática	 profissional:	 o	 fatalismo	 –	 inspirado	
pela	explicação	da	vida	social	naturalizada,	além	da	subjetividade	humana	–	e	o	messia-
nismo	–	ligado	a	um	propósito	individual	com	a	perspectiva	voluntária,	sem	divulgação	de	
movimentos	sociais	que	integram	a	prática	profissional	a	este	movimento.	
Essas	são	algumas	das	características	advindas	do	Movimento	de	Reconceituação.	
No	Brasil	não	foi	diferente	em	relação	às	expressões	isoladas	e	da	subjetividade	humana.		
É	 evidente	 que	 o	 processo	 de	 ruptura	 com	 o	 conservadorismo	 não	 aconteceu	
da	 noite	 para	 o	 dia,	 foi	 preciso	 muito	 estudo,	 estabelecendo	 um	 extenso	 processo	 de	
aprofundamento	 teórico,	que	aconteceu	com	os	documentos	dos	seminários	 (Araxá,	em	
1967,	Teresópolis,	em	1970,	Sumaré,	em	1978,	e	Alto	da	Boa	Vista,	em	1984).	Iamamo-
50UNIDADE II Formação Profissional na Contemporaneidade
to	 (2012)	enfatiza	que	o	desenvolvimento	crítico	é	causado	pela	história	 inédita	e	pelas	
condições	profissionais	da	sociedade	brasileira,	criando	o	ponto	de	ruptura	que	pode	ser	
localizado	em	dois	importantes	campos:	na	crítica	marxista	ao	próprio	marxismo	e	na	base	
do	marxismo	e	do	fundamento	do	conservadorismo	e	ajuste	de	 interpretação	da	história	
profissional.	
2.2 O Debate Brasileiro Contemporâneo e a Tradição Marxista 
Caro(a)	aluno(a),	não	existe	dúvida	de	que	a	história	do	Serviço	Social,	de	certa	
forma,	 assumiu	 gradativamente	 o	 debate	 do	 quadro	 de	 crise	 brasileira.	Mas	 foi	 a	 partir	
da	ditadura	militar	que	surgiu	a	contribuição	decisiva	na	luta	pela	ampliação	da	fundação	
metodológica	e	teórica	da	profissão.	
De	acordo	com	Iamamoto	(2012),	houve	um	marco	simbólico	que	reposicionou	a	
direção	da	categoria,	 acontecido	no	 III	Congresso	Brasileiro	de	Assistentes	Sociais,	 em	
São	Paulo,	 “Convenções	 do	Anhembi”,	 em	 1979.	Nessa	 reorganização,	 a	 comissão	 de	
honra	composta	pelos	ministros	de	estado	consiste	em	trabalhadores	brasileiros;	na	reu-
nião	de	encerramento,	ministros,	metalúrgicos	e	líderes	do	movimento	popular.	A	Proposta	
era	expandir	pela	maioria	dos	membros	do	Congresso	a	reflexão	sobre	as	posições	dos	
profissionais	que	acreditam	que	a	fusão	é	essencial,	capacitação	profissional	para	a	luta	
dos	trabalhadores	na	busca	pela	conquista	dos	espaços	sócio-ocupacionais.
Nesse	aspecto,	a	autora	supracitada	considera	que	o	Serviço	Social	é	marcado	
pelo	caráter	crítico,	tanto	na	interação	com	as	forças	sociais	quanto	os	movimentos	pre-
sentes	no	cotidiano	da	atuação	profissional,	 independente	se	estão	 ligadas	às	vertentes	
não-marxistas	e/ou	marxistas.	De	qualquer	forma,	a	vertente	marxista	passou	a	fazer	parte	
dos	debates	no	seio	da	categoria.	Isso	indica	que	à	medida	que	o	Serviço	Social	modifica	
a	direção	ao	“marxismo”	é	purificado	o	ecletismo	original	e	revelado	o	conteúdo	oculto.	A	
51UNIDADE II Formação Profissional na Contemporaneidade
primeira	 aproximação	 pode	 ser	 entendida	 como	 análise	 e	 intervenção	 profissional	mais	
sólida,	portanto,	expande	o	aprofundamento	do	marxismo	no	Serviço	Social	brasileiro	e	a	
sua	teoria	passa	a	ter	resultados	reais	para	a	categoria.
Se	o	Movimento	de	Reconceitualização	proporcionou	uma	aproximação	com	a	teo-
ria	marxista,	logo,	o	trabalho	provém	de	uma	derivação	clara	do	marxismo.	Sobre	a	análise	
do	Serviço	Social	no	Brasil	na	década	de	1980,	é	possível	considerar	uma	colisão	com	
a	tradição	marxista,	ou	seja,	a	produção	de	Marx	estabelece	pensar	em	uma	sociedadeque	de	 lado	 tem	o	capitalismo,	que	utiliza	da	mão-de-obra	para	 fortalecer	a	produção	e	
reprodução	da	matéria,	e	do	outro	lado	temos	o	Estado,	que	cria	mecanismo	para	atender	
os	problemas	sociais,	voltado	para	os	interesses	estatais.	
Desta	forma,	o	encontro	do	Serviço	Social	com	a	teoria	marxista	é	considerado	im-
portante	para	a	categoria	profissional,	rompendo	com	os	laços	tradicionais	e	uma	herança	
conservadora.	Principalmente	pela	vertente	marxista	ser	considerada	como	uma	teoria	crí-
tica,	que	envolve	ao	mesmo	tempo	a	análise	histórica	da	profissão	na	sociedade	brasileira,	
promovendo	uma	análise	mais	profunda	sobre	os	fundamentos	teórico-metodológicos	do	
Serviço	Social.	
Iamamoto	(2012)	apresenta	dois	eixos	importantes	de	grande	debate	para	a	cate-
goria	profissão	em	relação	a	teoria	marxista,	sendo	eles:	a)	a	crítica	teórico-metodológica	
tanto	do	conservadorismo	como	do	marxismo	vulgar,	colocando	a	polêmica	em	torno	das	
relações	 entre	 teoria,	 história	 e	método,	 com	 claras	 derivações	 no	 âmbito	 da	 formação	
profissional,	abordando	pontos	essenciais	para	que	a	categoria	pudesse	discutir;	e	b)	a	
construção	da	análise	da	trajetória	histórica	do	Serviço	Social	no	Brasil. Com	essas	temá-
ticas	fica	evidente	que	a	profissão	precisou	estabelecer,	nas	raízes	da	profissão,	estudos	
mais	concretos	e	sólidos	com	desenvolvimento	mais	profundo,	reconstruindo	a	história	da	
profissão	a	partir	da	evolução	e	mudança	na	sociedade,	entendo	que	todos	os	fatores	histó-
ricos	foram	e	são	fundamentais	para	entender	o	processo	formativo	na	contemporaneidade.	
52UNIDADE II Formação Profissional na Contemporaneidade
3. POLÍTICA DE PRÁTICA ACADÊMICA: O MÉTODO BH
Caro(a)	 aluno(a),	 para	 entender	 sobre	 a	 política	 de	 prática	 acadêmica,	 faz-se	
necessário	destacar	sobre	a	análise	que	a	Faculdade	de	Serviço	Social	de	Juiz	de	Fora	
(UFJF)	realizou		após	a	aprovação	da	nova	proposta	do	currículo	mínimo,	considerando	
que	prática	passou	a	fazer	parte	de	um	vasto	processo	em	relação	a	proposta	da	formação	
profissional,	construída	de	forma	coletiva	e	envolvendo	diferentes	etapas.
O	 objetivo	 era	 entender	 a	 ampla	 ligação	 no	 ensino	 teórico	 e	 prático,	 além	 da	
pesquisa	e	extensão,	que	se	resume	em	uma	sequência	de	debates	ao	longos	dos	anos	
1970/80,	tendo	o	envolvimento	dos	professores	e	alunos	como	forma	de	melhorar	o	projeto	
acadêmico	e	profissional	a	partir	das	transformações	na	sociedade,	como	forma	de	enten-
der	a	nova	dinâmica	da	sociedade	capitalista	no	mundo	contemporâneo.	
Com	a	nova	proposta	do	currículo	mínimo	para	o	curso	de	Serviço	Social,	no	ano	
de	1996,	a	UFJF	se	antecipou	em	implementar	as	políticas	de	prática	acadêmica	em	con-
soante	às	diretrizes	curriculares	da	ABEPSS,	sendo	a	base	para	o	entendimento	da	nova	
formação	profissional.	
53UNIDADE II Formação Profissional na Contemporaneidade
3.1 Os Fundamentos da Política de Prática Acadêmica
Um	dos	elementos	essenciais	da	 formação	é	a	base	para	 formular	a	política	da	
prática	 acadêmica,	 é	 a	 particularidade	 do	 sistema	universitário,	 a	 sua	 natureza	 pública,	
como	 local	 privilegiado	 de	 formação	 profissional.	 Há	 uma	 visão	 que	 as	 instituições	 de	
ensino	superior	devem	desempenhar	papel	 fundamental	pela	busca	do	conhecimento	e	
qualificações	especializadas	para	atender	às	necessidades	do	mercado	de	trabalho	e	neste	
sentido	as	universidades	assumem	um	papel	importante	na	sociedade.	
Segundo	Iamamoto	(2012),	a	nova	proposta	do	currículo	de	graduação	em	Serviço	
Social	elaborado	pela	antiga	Associação	Brasileira	de	Escolas	de	Serviço	Social	(ABESS)	–	
atual	Associação	Brasileira	de	Ensino	e	Pesquisa	em	Serviço	Social	(ABEPSS)	–	é	fruto	de	
um	grande	acúmulo	de	debate	sobre	a	formação	profissional.	Para	isso	foram	necessárias	
muitas	trocas	de	experiências	para	obter	os	resultados	acadêmicos	esperados.	
A	proposta	para	desenvolver	o	projeto	de	formação	ocorreu	por	meio	do	reconhe-
cimento	do	Serviço	Social	 como	uma	profissão	especializada	no	 trabalho	 coletivo,	 sendo	
parte	fundamental	da	divisão	técnica	social	do	trabalho.	A	questão	social	é	considerada	como	
a	base	 fundamental	para	a	profissão,	 tendo	como	proposta	 relevante	entender	as	 teorias	
metodológicas	que	permitem	decifrar	o	seu	processo	social,	um	elo	indissociável	entre	co-
nhecimento	e	realidade,	analisados	a	partir	das	atividades	realizadas	na	ação	profissional.
Com	 isso,	 o	 assistente	 social	 consegue	encontrar	 situações	específicas	 a	 partir	
do	objeto	de	trabalho,	considerando	as	situações	postas	na	sociedade	para	compreender	
o fenômeno	social	específico	com	o	qual	os	profissionais	precisam	 lidar	diariamente	de
acordo	com	a	 realidade	vivenciada,	podendo	desencadear	a	possibilidade	de	mudança,
decifrando	o	processo	sociais,	seja	nas	decisões	gerais	ou	como	sua	expressão	específica,
superando	a	lacuna	entre	os	discursos	teóricos	gerais	sobre	a	sociedade	e	o	capitalismo.
É	 importante	destacar	que	há	uma	preocupação	dentro	da	categoria	em	relação	
à	prática	acadêmica,	que	está	relacionada	ao	ensino	a	partir	das	três	dimensões:	teórico-
54UNIDADE II Formação Profissional na Contemporaneidade
-metodológico,	ético-político	e	técnico-operativo,	sendo	que	estão	relacionadas	à	atividade
de	cunho	curricular,	considerada	de	caráter	obrigatório,	aqui	podemos	destacar	a	atividade
- estágio	que	é	considerada	como	um	espaço	privilegiado	de	contato	direto	do	acadêmico
com	o	cotidiano	profissional,	onde	vivencia	a	experiência	profissional	(assunto	que	vamos
nos	aprofundar	mais	a	frente).
A	proposta	de	formação	profissional	em	Serviço	Social	é	também	a	criação	do	perfil	
profissional	a	partir	das	qualificações,	teorias	e	práticas,	entendendo	os	métodos	e	funda-
mentos	da	instrumentalidade	técnica.	O	objetivo	é	reconhecer	o	ensino	prático,	com	base	
nas	três	dimensões	mencionadas,	entendendo	que	a	formação	também	envolve	o	ensino	
e	a	pesquisa.	Os	trabalhos	acadêmicos	são	peça	fundamental	para	entender	o	processo	
de	formação,	expandindo	a	perspectiva	interdisciplinar,	sendo	fundamental	o	entendimento	
que	o	Serviço	Social	não	deve	ser	considerado	como	trabalho,	mas	é	incluído	na	divisão	
social	e	técnica	na	realidade	histórica	do	país.	
Caro(a)	aluno(a),	é	preciso	entender	que	os	problemas	sociais	também	devem	fazer	
parte	do	processo	formativo	e	entender	que	as	lutas	sociais,	as	políticas	sociais	públicas	
e	os	 serviços	privados	não	devem	ser	entendidos	de	 forma	 isoladas,	 pois	é	a	partir	 do	
entendimento	desses	fatores	com	bases	teóricas	que	se	pode	chegar	ao	desenvolvimento,	
implementação	e	reformulação	de	fatores	de	intervenção	política.
A	necessidade	de	 realizar	pesquisa	deve	surgir	 sempre	que	se	depara	com	um	
problema	social;	a	busca	pelo	conhecimento	sobre	a	realidade	deve	ser	inesgotável,	tendo	
sempre	uma	postura	investigativa	permanente	na	prática	profissional,	mantendo	sempre	a	
postura	de	um	profissional	investigativo	referente	ao	exercício	profissional	e	as	demandas	
que	se	deparar	no	cotidiano.	Portanto,	pode-se	considerar	que	a	política	da	prática	acadê-
mica	inclui	diferentes	dimensões	na	vida	universitária,	sendo	elas	o	ensino	teórico	e	prático,	
pesquisa	e	extensão.	
55UNIDADE II Formação Profissional na Contemporaneidade
3.2 As Dimensões da Política de Prática Acadêmica
Caro(a)	aluno(a),	a	política	de	prática	acadêmica	é	regida	pela	integração	do	ensino	
(teoria	e	prática),	pesquisa	e	extensão,	por	meio	das	disciplinas	contempladas	no	currículo	
e	prática	de	centro	temático	de	pesquisa,	tornando-se	o	núcleo	estratégia	de	expressão	das	
três	dimensões,	consideradas	indissociáveis	dentro	da	prática	nas	instituições	universitá-
rias	e	para	entender	sobre	as	três	dinâmicas	destacarei	a	seguir	baseado	nas	teorias	da	
Iamamoto	(2012).	
● Extensão: é	um	processo	educacional,	cultural	e	científico	que	esclarece	que
ensino	 e	 pesquisa	 são	 indissociáveis	 		e	 promovem	essa	 relação,	 a	 transição
entre	universidadee	sociedade.	Uma	série	de	atividades	que	estabelece	uma
conexão	orgânica	entre	eles	e	os	interesses	e	necessidades	das	universidades
e	da	sociedade	organizada	em	seus	vários	níveis.	Portanto,	uma	das	caracte-
rísticas	salientes	das	extensões	é	atender	às	necessidades	sociais	por	meio	de
projetos	e	atividades	de	ensino	e	pesquisa,	permitindo	que	as	universidades
cruzem	 fronteiras	 internas.	 Expansão	 da	 reificação	 e	 expansão	 do	 escopo
público	da	organização	Universidade	–	para	a	 comunidade	–	democratizar	e
reverter	 atividades	de	 fortalecimento	 da	esfera	pública.	Portanto,	 a	 extensão
não	se	limita	em	laboratórios	ou	em	estruturas	burocráticas	das	Universidade,
imposta	à	população	de	alto	a	baixo,	sem	interesses	e	necessidades	dos	dife-
rentes	segmentos	de	mercado	envolvidos,	nem	pode	ser	uma	substituição	para
responsabilidades	relacionadas	ao	poder	público	municipal	e	estadual.
● Pesquisa: desempenha	 um	 papel	 fundamental	 no	 processo	 de	 formação
profissional	de	assistentes	sociais,	atividades	privilegiadas	de	consolidação	a
conexão	entre	a	educação	universitária	e	a	realidade	social	e	método	teórico	e
tamanho	real	da	soldagem,	nesse	sentido	o	trabalho	social	é	indissociável	de
56UNIDADE II Formação Profissional na Contemporaneidade
seus	componentes	éticos	e	políticos.	Visto	que	o	serviço	social	é	uma	profissão,	
a	 dimensão-hipótese	 da	 intervenção	 real	 tem	 base	 de	 metodologia	 teórica,	
com	um	recurso	para	explicar	a	vida	social,	para	este	fim	possuir	o	legado	de	
metodologia	teórica	deixado	pelas	ciências	sociais	e	pela	comunidade	científica	
os	direitos	humanos	e	teoria	social	crítica	como	esclarecimento	a	realidade.	É	
importante	entender	que	a	pesquisa	só	se	concretiza	quando	se	tem	situações	
concretas	consideradas	essenciais	para	superar	a	perspectiva	teórica	da	com-
petência	profissional	e	a	matriz	do	pensamento.
● Ensino teórico-prático: a	proposta	de	ensino	profissional	para	embasar	o	novo
currículo,	 estabelece	 uma	 organização	 para	 o	 ensino	 da	 teoria	 e	 prática	 do
serviço	social	em	três	núcleos	complementares	da	fundação,	eles	vêm	juntos	a
um	conjunto	de	conhecimentos	necessários	em	diferentes	níveis,	compreender
o trabalho	dos	assistentes	sociais	na	sociedade	presente	é	preciso	entender	o
núcleo	da	teoria	da	vida	e	as	bases	metodológicas	da	sociedade,	o	cerne	da
base	da	história	social	da	sociedade	e	o	núcleo	da	base	de	trabalho	profissional.
Portanto	é	importante	privilegiar	o	ensino	teórico	prático,	bem	como	os	grupos
de	pesquisas	temáticas,	o	estágio	de	supervisão,	trabalho	de	conclusão	de	cur-
so,	as	oficinas	por	meio	das	disciplinas	de	pesquisa,	estratégias	e	tecnologias
em	serviço	Social.
Entender	as	dimensões	da	extensão;	pesquisa	e	ensino	–	teórico	e	prático	–	faz	
toda	a	diferença	no	processo	formativo	profissional,	principalmente	quando	são	destacados	
os	métodos	teóricos,	metodológicos	e	operacionais	por	meio	dos	núcleos	temáticos	como	
forma	de	atender	às	demandas	do	mercado	de	trabalho,	identificando	novas	necessidades	
sociais,	o	que	torna	expansão	e	diversificação	do	espaço	de	ocupação	do	Serviço	Social.
Você	deve	estar	se	perguntando	o	que	são	os	núcleos	temáticos.
	Ora,	 caro(a)	 aluno(a),	 os	 núcleos	 temáticos	 são	os	 recursos	 que	 incorporam	a	
extensão,	pesquisa	e	ensino,	conhecidos	como	instâncias	pedagógicas.	Normalmente	são	
os	professores	do	corpo	docente,	responsáveis	pela	organização	da	prática	acadêmica	re-
lacionado	ao	estágio	supervisionado	obrigatório,	o	Trabalho	de	Conclusão	de	Curso	(TCC),	
as	oficinas	práticas	e	os	seminários,	voltado	para	as	Diretrizes	Curriculares	do	curso	de	
Serviço	Social	redigido	pelo	Projeto	Pedagógico	do	Curso	(PPC).	De	acordo	com	a	Iama-
moto	(2012,	p.	282	-	283),	os	núcleos	temáticos	reúnem	os	seguintes	requisitos	referente	à	
extensão,	pesquisa	e	ensino	teórico-prático.	
57UNIDADE II Formação Profissional na Contemporaneidade
a) Ao nível da extensão:	programas,	projetos	e	atividades	de	extensão	uni-
versitária.	b) Ao nível da pesquisa:	 os	projetos	de	pesquisa	 curriculares;
realizados	sob	a	orientação	da	disciplina	de	Pesquisa	em	Serviço	Social;	os
projetos	de	pesquisas	docentes	e	a	iniciação	científica.	c) Ao nível do ensi-
no teórico-prático:	o	estágio	supervisionado,	atividade	curricular	obrigatória
que	implica	a	inserção	do	aluno	no	espaço	sócio-ocupacional,	tendo	em	vista
a	capacitação	para	o	exercício	do	trabalho	profissional,	o	que	requer	supervi-
são	acadêmica	e	profissional	sistemática;	o	Trabalho	de	Conclusão	de	Curso
(TCC),	monografia	requerida	como	exigência	para	expedição	de	diploma	e
obtenção	do	grau	de	bacharel;	as	oficinas	de	prática,	 instâncias	que	propi-
ciam	aos	discentes,	nos	períodos	iniciais	da	sua	vida	universitária,	oportuni-
dades	de	ampliação	de	sua	formação	cultural	e	artística,	de	conhecimento	e
pesquisa	sobre	a	questão	social	e	uma	aproximação	à	realidade	profissional;
as	oficinas	de	supervisão,	que	realizam	o	acompanhamento	acadêmico	do
estagiário,	um	dos	recursos	de	integração	entre	o	conteúdo	das	disciplinas
curriculares	e	o	estágio	supervisionado,	conforme	os	objetivos	pedagógicos
definidos	por	período	do	curso.	Aos	elementos	supra	referidos	se	acrescem
as	atividades	complementares	nas	três	dimensões	citadas,	envolvendo	semi-
nários,	palestras,	cursos,	monitorias	etc.	(grifo	nosso).
Ou	seja,	o	núcleo	temático	envolve	as	três	dimensões	por	se	tratar	de	requisitos	
importantes	no	processo	formativo,	como	as	atividades	de	extensão	que	prepara	o	aluno	
do	curso	de	Serviço	Social	para	o	desenvolvimento	de	programas	e	projetos	que	são	consi-
derados	importantes	para	o	profissional.	Depois	temos	o	estágio	supervisionado	curricular	
obrigatório	que,	além	de	ser	uma	conquista,	prepara	o(a)	estagiário(a)	na	criação	do	perfil	
profissional.	E,	por	fim,	o	Trabalho	de	Conclusão	de	Curso,	considerado	como	um	trabalho	
importante	para	obtenção	do	diploma,	assuntos	que	vamos	entender	melhor	a	seguir.	
3.3 Processo Formativo na Contemporaneidade
Caro(a)	aluno(a),	 o	Serviço	Social	 passou	por	grandes	mudanças	em	 relação	à	
atuação	 profissional,	 uma	 profissão	 advinda	 das	 práticas	 assistencialistas	 promovidas	
58UNIDADE II Formação Profissional na Contemporaneidade
pelas	ações	da	igreja	católica.	Durante	a	Era	Vargas	passou	a	ser	reconhecida	como	pro-
fissão,	tendo	a	primeira	escola	de	Serviço	Social	no	ano	de	1936,	porém	deveria	atender	
os	 interesses	estatal	 e	da	 sociedade	capitalista.	Mediante	a	 tantos	problemas	sociais	 e	
um	Estado	totalmente	autoritário	(regime	militar)	é	que	a	categoria	profissional	começou	a	
repensar	nas	práticas	profissionais.	A	partir	do	Movimento	de	Reconceituação	é	que	houve	
as	primeiras	discussões	sobre	o	processo	formativo	e	as	bases	teóricas	da	profissão.
Diante	de	todo	esse	breve	resgate	histórico	é	que	destacarei	o	processo	formativo	
na	contemporaneidade,	 com	 foco	no	estágio	 supervisionado	obrigatório	e	o	 trabalho	de	
conclusão	de	curso.	Acredito	que	você	deve	estar	se	perguntando	por	que	iremos	priorizar	
somente	esses	dois	pontos.	As	demais	disciplinas	não	são	importantes?	
Caro(a)	aluno(a),	entenda	que	todas	as	disciplinas	que	compõem	a	matriz	curricular	
do	seu	curso	são	importantes	e,	acredite,	em	algum	momento	irá	desfrutar	de	alguma	teoria	
ou	prática	vivenciada.	Sendo	assim,	não	deixe	de	estudar,	ler	e	se	aprofundar	as	obras	dos	
autores	referência,	como	a	Marilda	Villela	Iamamoto,	José	Paulo	Netto,	Vicente	de	Paula	
Faleiros,	Maria	Lúcia	Martinelli,	Yolanda	Guerra,	Maria	Cecília	Minayo,	Ivanete	Boschetti,	
entre	outros	autores	que	auxiliam	no	processo	formativo.	Ah,	não	esqueça	de	acessar	as	
resoluções	do	Serviço	Social	no	site	do	Conselho	Federal	de	Serviço	Social	(CFESS)!	Mas,	
aqui,	destacarei	o	Estágio	supervisionado	obrigatório	e	o	TCC,	porque	compõem	as	três	
dimensões	que	estudamos	anteriormente.	
Pois	bem,	antes	de	adentrar	no	assunto	referente	ao	Estágio	e	ao	TCC	destacarei	
sobre	as	diretrizes	curriculares	do	curso	de	Serviço	Social.De	acordo	com	a	ABEPSS	(s.d.),	
o processo	de	solidificação	das	diretrizes	curriculares	aconteceu	no	ano	de	1996,	advindo
do	III	Congresso	Brasileiro	de	Assistentes	Sociais	(CBAS),	realizado	em	1979,	conhecido
como	Congresso	da	Virada,	após	a	criação	das	bases	do	Currículo	Mínimo,	que	aconteceu
no	ano	de	1982,	considerado	um	marco	para	o	processo	formativo.	No	entanto,	somente	na
convenção	geral	da	ABESS	(antiga	ABEPSS),	no	ano	de	1993,	que	houve	a	necessidade
de	revisar	o	currículo	mínimo,	de	1982,	no	entanto	só	foi	efetivado	no	ano	de	1996.
REFLITA
Entre	1994	e	1996	ocorreram	diversos	momentos	coletivos	envolvendo	a	comunidade	
acadêmica	e	toda	a	categoria	profissional	em	um	amplo	e	democrático	debate	sobre	as	
Diretrizes	Curriculares.	Segundo	o	documento	da	ABESS/CEDEPSS	de	1996	 foram:	
200	oficinas	locais,	em	67	unidades	de	formação	acadêmicas	filiadas	à	ABESS,	25	ofi-
cinas	regionais	e	02	nacionais.
Fonte:	ABEPSS	(s.d.,	on-line).	
59UNIDADE II Formação Profissional na Contemporaneidade
Segundo	a	ABEPSS	(1996,	p.	3),	a	proposta	de	Diretrizes	Curriculares	de	1996	tem	
“base	na	compreensão	de	que	uma	revisão	curricular	supõe	uma	profunda	avaliação	do	
processo	de	formação	profissional	face	às	exigências	da	contemporaneidade”.	Dessa	for-
ma,	foi	promulgada	a	Lei	9394/1996,	considerando	apropriado	o	processo	de	padronização	
e	definição	das	Diretrizes	Curriculares	do	Curso	de	Serviço	Social.
De	acordo	 com	a	ABEPSS	 (s.d.),	 no	ano	de	1999	as	Diretrizes	Curriculares	 fo-
ram	elaboradas	por	uma	equipe	especialista,	compondo	as	competências	e	habilidades,	
princípios	da	formação	profissional,	a	nova	lógica	curricular,	os	tópicos	de	estudo,	estágio	
supervisionado,	trabalho	de	conclusão	de	curso	(TCC)	e	as	atividades	complementares.	Por	
fim	e	em	vigência,	há	as	diretrizes	curriculares	para	o	curso	de	Serviço	Social	(Resolução	
nº	15,	de	13	de	março	de	2002)	aprovada	pelo	MEC	(apresentada	na	íntegra	no	Material	
Complementar.	Sugiro	a	leitura).	
O	Estágio	Supervisionado	e	o	Trabalho	de	Conclusão	de	Curso	devem	ser	
desenvolvidos	durante	o	processo	de	formação	a	partir	do	desdobramento	dos	
componentes	curriculares,	concomitante	ao	período	letivo	escolar.	O	Estágio	
Supervisionado	é	uma	atividade	curricular	obrigatória	que	se	configura	a	par-
tir	da	inserção	do	aluno	no	espaço	sócio-institucional,	objetivando	capacitá-lo	
para	o	exercício	 profissional,	 o	 que	pressupõe	 supervisão	 sistemática.	Esta	
supervisão	será	feita	conjuntamente	por	professor	supervisor	e	por	profissional	
do	campo,	com	base	em	planos	de	estágio	elaborados	em	conjunto	pelas	uni-
dades	de	ensino	e	organizações	que	oferecem	estágio	(ABEPSS,	2002).	
Considerando	 a	 informação	 apresentada,	 entende-se	 que	 ambos	 precisam	 ser	
realizados	durante	o	curso	em	Serviço	Social.	Ou	seja,	caro(a)	aluno(a),	até	o	final	deste	
curso	você	terá	a	oportunidade	de	realizar	o	estágio	supervisionado	curricular	obrigatório	
e	o	trabalho	de	conclusão	de	curso	(TCC).	Acredito	que	são	importantes	e	fundamentais	
para	 o	 processo	 formativo,	 principalmente	 pelo	 fato	 de	ambos	oportunizarem	 relacionar	
teoria	e	prática,	aplicando	todo	o	conhecimento	adquirido	nas	outras	disciplinas.	Agora	você	
entende	por	que	o	destaque	foi	para	o	estágio	e	o	trabalho	de	conclusão	de	curso!	
É	a	partir	 do	estágio	e	do	TCC	que	 você	entenderá	 todo	o	processo	 formativo,	
ou	seja,	as	metodologias	estudadas,	as	bases	teóricas	e	os	instrumentos	utilizados	para	
compreender	o	trabalho	profissional	do	Serviço	Social	na	sociedade.		
Segundo	 Iamamoto	 (2012),	 o	 estágio	 supervisionado	 é	 uma	 atividade	 que	 faz	
parte	do	curso,	considerada	como	obrigatória	e	sendo	realizada	por	estagiários	que	estão	
em	processo	 formativo	e	devidamente	matriculados	no	curso	de	Serviço	Social	em	uma	
unidade	de	ensino	credenciada.	A	carga	horária	estabelecida	pela	universidade	deve	ser	
cumprida	de	acordo	com	as	normativas	e	previsto	no	Projeto	Pedagógico	do	Curso,	poden-
do	ser	realizada	em	qualquer	campo	de	atuação	profissional	que	tenha	um	assistente	social	
60UNIDADE II Formação Profissional na Contemporaneidade
devidamente	contratado	no	quadro	de	funcionários.	Também	é	possível	realizar	projetos	de	
extensão,	recebendo	as	supervisões	de	assistente	sociais.	
Os	estagiários	devidamente	matriculados	na(s)	disciplina(s)	de	estágio	deverão	ser	
acompanhados	por	professor(es)	da	instituição	de	ensino	em	todo	o	processo,	normalmente	
conhecido	como	supervisor	acadêmico.	O	assistente	social	deverá	inserir	o(a)	estagiário(a)	
e	acompanhá-lo	durante	o	cumprimento	da	carga	horária,	induzindo-o	à	reflexão	sobre	a	
teoria	e	prática.	Em	relação	ao	supervisor	de	campo,	esse	profissional	deverá	sistematizar	
as	atividades	que	o(a)	estagiário(a)	 irá	 realizar	a	partir	 do	que	 foi	acordado	na	unidade	
de	ensino.	Ele	 tem	como	 função	acompanhar	 todas	as	atividades	acordadas,	 refletindo,	
juntamente	com	o(a)	estagiário(a),	sobre	as	bases	 teóricas	e	práticas	para	a	criação	do	
perfil	profissional.	
Já	o	Trabalho	de	Conclusão	de	Curso	(TCC)	é	um	requisito	fundamental	para	obter	
o diploma	de	graduação	em	Serviço	Social,	esse	é	o	trabalho	que	os	alunos	precisam	apre-
sentar	e	sistematizar	todo	o	conhecimento	adquirido	durante	os	anos	anteriores.	Destacando
o resultado	do	processo	de	investigação	da	pesquisa	teórica	e	prática,	esse	é	o	momento	de
uma	formação	profissional,	por	meio	de	uma	temática	que	resume	o	processo	formativo	e	a
linha	de	pesquisa,	refletindo	nas	experiências	adquiridas	com	o	estágio,	sendo	compreendido
por	meio	de	uma	metodologia	bibliográfica	ou	de	campo	(IAMAMOTO,	2012,	p.	286)
Caro(a)	aluno(a),	o	motivo	de	abordar	sobre	o	estágio	supervisionado	obrigatório	e	
o trabalho	de	conclusão	de	curso	(TCC)	foi	para	entender	o	quão	enriquecedor	é	para	o(a)
aluno(a)	de	Serviço	Social.	É	por	meio	deles	que	tudo	o	que	estudar	poderá	fazer	sentido.
Repito	mais	uma	vez,	fará	toda	a	diferença	no	seu	processo	formativo,	não	é	à	toa	
que	o	estágio	e	TCC	são	considerados	uma	conquista	no	processo	formativo.	Mas	fique	
tranquilo(a),	no	momento	certo	você	irá	entendê-los	melhor.	
61UNIDADE II Formação Profissional na Contemporaneidade
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro(a)	aluno(a),	chegamos	ao	fim	da	segunda	unidade	e,	é	com	alegria	que	des-
taco	a	importância	de	estudar	o	processo	formativo	na	contemporaneidade,	as	mudanças	
que,	ao	longo	da	trajetória	histórica	da	profissão,	nos	proporcionaram	grandes	conquistas	e	
aprendizados	e	o	quão	importante	foi	o	Movimento	de	Reconceituação.
	Não	podemos	deixar	de	agradecer	aos	profissionais	que	lutaram	e	conquistaram	
o processo	formativo	que	nos	deparamos	atualmente.	Profissionais	que	entre	os	anos	de
1960	a	1980	realizaram	grandes	debates	que	fundamentam	as	bases	teóricas,	metodológi-
cas	e	técnicas	da	profissão	e	aprendemos	no	processo	formativo.
A	partir	 dessa	 informação,	 vamos	 recapitular	 alguns	pontos	 importantes	estuda-
dos	nesta	unidade,	sabendo	que	foi	dividida	em	três	partes.	Na	primeira	parte	abordamos	
sobre	a	formação	profissional	na	contemporaneidade,	destacando	pontos	importantes	que	
fortaleceram	a	 profissão.	 Foi	 preciso	 romper	 com	a	 visão	 endógena	 que	 acabou	 enfra-
quecendo	a	categoria,	permitindo	que	os	assistentes	sociais	pudessem	compreender,	de	
forma	 crítica,	 as	 tendências	 atuais	 e	 a	 expansão	 do	 capitalismo	 e	 a	 sua	 influência	 nas	
mudanças	da	sociedade.	Também	foi	destacado	sobre	o	debate	de	formação	profissional	
na	década	de	1980,	apresentando	as	principais	conquistas	e	os	problemas	enfrentados	
pela	categoria	e	as	exigências	e	perspectivas	sobre	o	processo	formativo,	destacando	os	
novos	profissionais.	
Na	segunda	parte	foi	destacado	sobre	os	debates,	dando	foco	ao	Movimento	de	
Reconceituação,	com	ênfase	no	Brasil,	movimento	este	que	é	considerado	um	marco	para	a	
categoria,	principalmente	por	ter	discutido	sobre	o	processo	formativo.	Também	foi	destaca-
do	no	debate	a	base	teórica,	tendo	como	dimensão	marxistaa	perspectiva	crítica-dialética	
e	a	tradição	marxista	nos	debates	contemporâneos.
Já	na	terceira	e	última	parte	desta	unidade	você,	caro(a)	aluno(a),	estudou	sobre	
a	políticas	de	prática	acadêmica,	 com	 foco	no	método	da	Universidade	Federal	de	Juiz	
de	Fora.	Entendeu	os	fundamentos	e	as	dimensões	da	política	de	prática	acadêmica	do	
Serviço	Social	a	partir	das	atualizações	na	diretriz	curricular,	que	aconteceu	nos	anos	1996,	
1999	e	2002,	vigente	até	os	dias	atuais.	Essas	atualizações	na	diretriz	curricular	do	curso	
de	Serviço	Social	foram	uma	conquista	para	o	processo	formativo.
62UNIDADE II Formação Profissional na Contemporaneidade
LEITURA COMPLEMENTAR
DIRETRIZES CURRICULARES PARA OS CURSOS DE SERVIÇO SOCIAL
RESOLUÇÃO Nº 15, DE 13 DE MARÇO DE 2002 
Estabelece	as	Diretrizes	Curriculares	para	os	cursos	de	Serviço	Social.	O	Presiden-
te	da	Câmara	de	Educação	Superior,	no	uso	de	suas	atribuições	legais	e	tendo	em	vista	o	
disposto	na	Lei	9.131,	de	25	de	novembro	de	1995,	e	ainda	o	Parecer	CNE/CES	492/2001,	
homologado	 pelo	Senhor	Ministro	 de	Estado	 da	Educação	 em	9	 de	 julho	 de	 2001,	 e	 o	
Parecer	CNE/CES	1.363/2001,	homologado	em	25	de	janeiro	de	2002,	resolve:	
Art.	1º	As	Diretrizes	Curriculares	para	os	cursos	de	Serviço	Social,	integrantes	dos	
Pareceres	 CNE/CES	 492/2001	 e	 1.363/2001,	 deverão	 orientar	 a	 formulação	 do	 projeto	
pedagógico	do	referido	curso.	
Art.	2º	O	projeto	pedagógico	de	formação	profissional	a	ser	oferecida	pelo	curso	de	
Serviço	Social	deverá	explicitar:	
a) o	perfil	dos	formandos;
b) as	competências	e	habilidades	gerais	e	específicas	a	serem	desenvolvidas;
c) a	organização	do	curso;
d) os	conteúdos	curriculares;
e) o	formato	do	estágio	supervisionado	e	do	Trabalho	de	Conclusão	do	Curso;
f) as	atividades	complementares	previstas.
Art.	3º	A	carga	horária	do	curso	de	Serviço	Social	deverá	obedecer	ao	disposto	em	
Resolução	própria	que	normatiza	a	oferta	de	curso	de	bacharelado.	
Art.	4º	Esta	Resolução	entra	em	vigor	na	data	de	sua	publicação,	 revogadas	as	
disposições	em	contrário.	ARTHUR	ROQUETE	DE	MACEDO	
1- Perfil dos Formandos
Profissional	que	atua	nas	expressões	da	questão	social,	formulando	e	implemen-
tando	propostas	de	intervenção	para	seu	enfrentamento,	com	capacidade	de	promover	o	
63UNIDADE II Formação Profissional na Contemporaneidade
exercício	pleno	da	cidadania	e	a	 inserção	criativa	e	propositiva	dos	usuários	do	Serviço	
Social	no	conjunto	das	relações	sociais	e	no	mercado	de	trabalho.
2 - Competências e Habilidades	
A) Gerais	 A	 formação	 profissional	 deve	 viabilizar	 uma	 capacitação	 teórico-me-
todológica	 e	 ético	 política,	 como	 requisito	 fundamental	 para	 o	 exercício	 de	 atividades	
técnico-operativas,	 com	 vistas	 à	 •	 compreensão	 do	 significado	 social	 da	 profissão	 e	 de	
seu	desenvolvimento	sócio-histórico,	nos	cenários	internacional	e	nacional,	desvelando	as	
possibilidades	de	ação	contidas	na	realidade;	•	identificação	das	demandas	presentes	na	
sociedade,	 visando	a	 formular	 respostas	profissionais	para	o	enfrentamento	da	questão	
social;	•	utilização	dos	recursos	da	informática.	
B) ESPECÍFICAS	A	formação	profissional	deverá	desenvolver	a	capacidade	de	•
elaborar,	executar	e	avaliar	planos,	programas	e	projetos	na	área	social;	•	contribuir	para	
viabilizar	a	participação	dos	usuários	nas	decisões	 institucionais;	 •	 planejar,	 organizar	e	
administrar	benefícios	e	serviços	sociais;	•	realizar	pesquisas	que	subsidiem	formulação	de	
políticas	e	ações	profissionais;	•	prestar	assessoria	e	consultoria	a	órgãos	da	administração	
pública,	empresas	privadas	e	movimentos	sociais	em	matéria	relacionada	às	políticas	so-
ciais	e	à	garantia	dos	direitos	civis,	políticos	e	sociais	da	coletividade;	•	orientar	a	população	
na	identificação	de	recursos	para	atendimento	e	defesa	de	seus	direitos;	•	realizar	visitas,	
perícias	técnicas,	laudos,	informações	e	pareceres	sobre	matéria	de	Serviço	Social.	
3 - Organização do Curso 
• Flexibilidade	dos	currículos	plenos,	integrando	o	ensino	das	disciplinas	com	outros
componentes	 curriculares,	 tais	 como:	 oficinas,	 seminários	 temáticos,	 estágio,	 atividades	
complementares;	 •	 rigoroso	 trato	 teórico,	 histórico	 e	metodológico	 da	 realidade	 social	 e	
do	Serviço	Social,	que	possibilite	a	compreensão	dos	problemas	e	desafios	com	os	quais	
o profissional	se	defronta;	•	estabelecimento	das	dimensões	investigativa	e	interpretativa
como	princípios	formativos	e	condição	central	da	formação	profissional,	e	da	relação	teo-
ria	e	realidade;	•	presença	da	 interdisciplinaridade	no	projeto	de	 formação	profissional;	 •
exercício	do	pluralismo	teórico-metodológico	como	elemento	próprio	da	vida	acadêmica	e
profissional;	•	respeito	à	ética	profissional;	•	indissociabilidade	entre	a	supervisão	acadêmi-
ca	e	profissional	na	atividade	de	estágio.
64UNIDADE II Formação Profissional na Contemporaneidade
4 - Conteúdos Curriculares 
A	organização	curricular	deve	superar	as	 fragmentações	do	processo	de	ensino	
e	 aprendizagem,	 abrindo	 novos	 caminhos	 para	 a	 construção	 de	 conhecimentos	 como	
experiência	concreta	no	decorrer	da	 formação	profissional.	Sustenta-se	no	 tripé	dos	co-
nhecimentos	constituídos	pelos	núcleos	de	fundamentação	da	formação	profissional,	quais	
sejam:	•	núcleo	de	fundamentos	teórico-metodológicos	da	vida	social,	que	compreende	um	
conjunto	de	fundamentos	teórico-metodológicos	e	ético-políticos	para	conhecer	o	ser	social;	
• núcleo	de	fundamentos	da	formação	sócio-histórica	da	sociedade	brasileira,	que	remete
à	compreensão	das	características	históricas	particulares	que	presidem	a	sua	formação	e
desenvolvimento	urbano	e	rural,	em	suas	diversidades	regionais	e	locais;	•	núcleo	de	fun-
damentos	do	trabalho	profissional,	que	compreende	os	elementos	constitutivos	do	Serviço
Social	como	uma	especialização	do	trabalho:	sua	trajetória	histórica,	teórica,	metodológica
e	 técnica,	 os	 componentes	 éticos	 que	 envolvem	 o	 exercício	 profissional,	 a	 pesquisa,	 o
planejamento	e	a	administração	em	Serviço	Social	e	o	estágio	supervisionado.	Os	núcleos
englobam	um	conjunto	de	conhecimentos	e	habilidades	que	se	especifica	em	atividades
acadêmicas,	enquanto	conhecimentos	necessários	à	formação	profissional.	Essas	ativida-
des,	a	serem	definidas	pelos	colegiados,	se	desdobram	em	disciplinas,	seminários	temáti-
cos,	oficinas/laboratórios,	atividades	complementares	e	outros	componentes	curriculares.
5 - Estágio Supervisionado e Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) 
O	Estágio	Supervisionado	e	o	Trabalho	de	Conclusão	de	Curso	devem	ser	desen-
volvidos	 durante	 o	 processo	 de	 formação	 a	 partir	 do	 desdobramento	 dos	 componentes	
curriculares,	 concomitante	 ao	 período	 letivo	 escolar.	 O	 Estágio	 Supervisionado	 é	 uma	
atividade	curricular	obrigatória	que	se	configura	a	partir	da	 inserção	do	aluno	no	espaço	
sócio-institucional,	objetivando	capacitá-lo	para	o	exercício	profissional,	o	que	pressupõe	
supervisão	sistemática.	Esta	supervisão	será	feita	conjuntamente	por	professor	supervisor	
e	por	profissional	do	campo,	com	base	em	planos	de	estágio	elaborados	em	conjunto	pelas	
unidades	de	ensino	e	organizações	que	oferecem	estágio.	
6- Atividades Complementares
As	atividades	complementares,	dentre	as	quais	podem	ser	destacadas	a	monitoria,
visitas	monitoradas,	iniciação	científica,	projeto	de	extensão,	participação	em	seminários,	
publicação	 de	 produção	 científica	 e	 outras	 atividades	 definidas	 no	 plano	 acadêmico	 do	
curso.
Fonte: ABEPSS	(2002).	
65UNIDADE II Formação Profissional na Contemporaneidade
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO 01
Título: Renovação	e	Conservadorismo	no	Serviço	Social:	ensaios	
críticos	
Autor:	Marilda	Villela	Iamamoto
Editora:	Cortez
Sinopse:	Este	 livro	oferece	aos	assistentes	sociais	uma	síntese	
crítica	das	problemáticas	centrais	da	profissão,	iluminadas	por	um	
foco	 teórico	 singular	 e	 tratadas	 com	a	 sua	 reconhecida	 compe-
tência.Painel	das	grandes	polêmicas	dos	anos	oitenta,	a	herança	
conservadora	do	Serviço	Social	e	sua	ultrapassagem,	a	profissão	e	
a	divisão	social	do	trabalho,	a	questão	social	e	a	era	do	monopólio,	
a	formação	profissional	e	suas	perspectivas,	esta	obra	é	mais	que	
um	documento,	contém	elementos	programáticos	para	permitir	ao	
Serviço	Social	enfrentar,	com	êxito,	os	desafios	do	futuro.
LIVRO 02
Título: Ditadura	e	Serviço	social:	uma	análise	do	Serviço	Social	no	
Brasil	pós-64
Autor:	José	Paulo	Netto
Editora:	Cortez
Sinopse:	 O	 que	 ocorreu	 no	 Serviço	 Social	 brasileiro	 nos	 anos	
1960	a	1980?	Que	processos	determinaram	a	extraordinária	 re-
novação	experimentada	por	ele?	Como	e	por	que	os	assistentes	
sociais	 desenvolveram,	 neste	 período,	 concepções	 e	 propostas	
tão	diferentes?	Quais	as	relações	entre	esta	renovação	e	a	ditadu-
ra	militar?	Como	a	teorização	do	Serviço	Social	se	relaciona	com	
a	cultura	e	a	sociedade	brasileiras?	Este	livro	pretende	responder	
a	estas	indagações	de	forma	rigorosa	e	original.	José	Paulo	Netto	
oferece	um	texto	severo,	combativo,	em	uma	obra	polêmica.
FILME/VÍDEO 01
Título: Os	estagiários	
Ano:	2013
Sinopse:	 Quando	 são	 demitidos,	 dois	 homens	 na	 casa	 dos	 40	
começam	a	procurar	por	um	novo	trabalho.	Apesar	de	não	sabe-
rem	nada	de	tecnologia,	eles	são	contratados	como	estagiários	no	
Google,	local	em	que	convivem	com	chefes	vinte	anos	mais	novos	
do	que	eles.
66UNIDADE II Formação Profissional na Contemporaneidade
FILME/VÍDEO 02
Título: Um	senhor	estagiário	
Ano:	2015
Sinopse:	Começar	um	novo	emprego	pode	ser	um	grande	desa-
fio,	 especialmente	 para	 alguém	 aposentado.	Tentando	 voltar	 ao	
mercado	de	trabalho,	o	viúvo	Ben	Whittaker,	de	70	anos,	aproveita	
a	oportunidade	para	se	tornar	um	estagiário	sênior	em	um	site	de	
moda.	Ben	logo	se	torna	popular	entre	seus	colegas	de	trabalho	
mais	 jovens,	 incluindo	 Jules	Ostin,	 a	 chefe	 e	 fundadora	 da	 em-
presa.	O	charme,	a	sabedoria	e	o	senso	de	humor	de	Whittaker	
o ajudam	a	desenvolver	um	vínculo	especial	e	uma	bela	amizade
com	Jules.
67
Plano de Estudo:
● Concepção	de	mundo;
● Crítica	da	Economia	Política	e	o	Serviço	Social;
● Serviço	Social,	práxis	e	trabalho;
● O	Projeto	Ético	-	Político	do	Serviço	Social	brasileiro:	emancipação	humana,	para
além	dos	direitos	e	da	cidadania	burgueses.
Objetivos da Aprendizagem:
● Compreender	a	concepção	de	mundo;
● Analisar	a	crítica	da	economia	política	para	o	Serviço	Social;
● Entender	o	Serviço	Social	a	práxis	e	o	trabalho;
● Contextualizar	sobre	o	Projeto	Ético	do	Serviço	Social	Brasileiro.
UNIDADE III
O Projeto Ético-Político do Serviço 
Social Brasileiro e Formação na 
Sociedade do Capital
Professora Esp. Irení Alves de Oliveira
68UNIDADE III O Projeto Ético-Político do Serviço Social Brasileiro e Formação na Sociedade do Capital
INTRODUÇÃO
Caro(a)	aluno(a),	nesta	terceira	unidade	você	irá	compreender	o	Projeto	Ético	Pro-
fissional	do	Serviço	Social	brasileiro	e	a	formação	na	sociedade	capitalista.	Para	entender	
todo	contexto,	esta	unidade	será	dividida	em	quatro	partes.	Primeiramente	será	apresen-
tada	a	concepção	de	mundo	–	seu	significado	para	alguns	autores	e	a	relevância	para	o	
Serviço	Social	–,	depois	compreenderá	a	crítica	da	economia	política	a	partir	das	teorias	de	
Marx	e	o	Serviço	Social	neste	contexto.	Em	seguida	serão	apresentados	alguns	conceitos	
do	que	é	o	trabalho	na	vida	do	homem,	a	concepção	da	práxis	e	o	Serviço	Social	dentro	
desse	contexto.	Por	fim,	o	Projeto	Ético	Político	Profissional	do	Serviço	Social	Brasileiro.
Portanto,	na	primeira	parte	será	apresentada	a	concepção	de	mundo	a	partir	das	
quatro	notas,	destacadas	por	Gramsci,	em	sua	obra	Caderno do Cárcere - volume 01,	e	os	
tipos	de	concepção	de	mundo,	apresentados	por	Dilthey.	Após	esses	entendimentos,	será	
destacada	a	concepção	de	mundo	para	o	Serviço	Social,	tendo	o	entendimento	de	que	tudo	
está	ligado	ao	processo	histórico.
Na	 segunda	 parte,	 estudaremos	 sobre	 a	 crítica	 da	 economia	 política	 que	Marx,	
em	seu	livro	O Capital - volume 01,	apresenta	sobre	o	processo	de	produção	ao	capital,	
tendo	outros	estudiosos	a	missão	de	dar	continuidade	aos	estudos	de	Marx	atualmente.	
Dentro	desse	contexto	é	que	o	Serviço	Social	assume	o	compromisso	com	a	sociedade,	
principalmente	com	a	classe	trabalhadora.	
Na	terceira	parte	são	destacados	os	principais	conceitos	sobre	o	trabalho	na	vida	
do	 homem,	 utilizaremos	 autores	 considerados	 fundamentais	 para	 o	 Serviço	 Social.	 Em	
seguida	destacarei	sobre	o	conceito	de	práxis,	apresentando	as	formas	e	os	níveis,	para	
depois	 compreender	 essa	 concepção	 para	 o	Serviço	Social,	 que	 é	 fundamental	 para	 o	
profissional	entender	a	importância	da	práxis	no	momento	da	atuação.	
Por	fim,	na	quarta	parte	dessa	unidade,	considero	importante	para	você,	aluno(a),	
entender	 a	 importância	 do	Projeto	Ético	Político	Profissional	 do	Serviço	Social,	 em	que	
momento	esse	projeto	surgiu,	quais	são	as	bases	que	o	fundamentam,	a	importância	de	
entender	o	projeto	societário	e	profissional	e	a	emancipação	humana	que	é	considera	para	
além	do	direito	e	como	a	sociedade	capitalista	está	organizada.	
Bons estudos! 
69UNIDADE III O Projeto Ético-Político do Serviço Social Brasileiro e Formação na Sociedade do Capital
1. CONCEPÇÃO DE MUNDO
Entender	 a	 concepção	 de	mundo	 é	 de	 extrema	 relevância	 para	 a	 atuação	 pro-
fissional,	 principalmente	 pelo	 fato	 da	 conexão	 com	 o	 processo	 histórico;	 fator	 este	 que	
sempre	precisamos	analisar	para	dar	um	parecer	mais	preciso	sobre	determinada	situação/
problema	na	sociedade.
Mas,	para	entender	esse	conceito,	analisaremos	a	 teoria	de	Dilthey	 (1977),	que	
afirma	que	a	concepção	de	mundo	não	é	um	produto	do	pensamento	e	não	decorre	do	puro	
desejo	de	compreender.	A	compreensão	da	realidade	decorre	do	conjunto	das	ideias	que	
traz	o	mistério	da	vida,	levada	a	uma	conexão	consciente	e	necessária	para	os	problemas	e	
soluções	a	partir	da	concepção	de	mundo.	Isso	o	autor	considera	como	produto	da	história,	
ou	seja,	é	por	meio	da	história	que	o	ser	humano	adquire	a	capacidade	da	consciência	
humana,	a	visão	da	vida	e	do	mundo	em	consonância	com	a	época	a	ser	analisada	e/ou	
vivida,	tendo	a	concepção	de	mundo.
Para	 o	 autor	 supracitado	 a	 vida	 é	 apresentada	 de	 forma	 singular	 semeada	 por	
toda	a	terra.	É	considerada	como	a	base	da	concepção	do	mundo	ao	empreender	propicia	
respostas	ao	mistério	da	vida.	Com	isso,	a	imagem	do	mundo	se	torna	a	base	para	valorizar	
a	vida	e	compreender	o	mundo	e,	de	acordo	com	a	mesma	legitimidade	da	avaliação	da	
vida	e	a	compreensão	do	mundo,	produzem	uma	disposição	suprema	da	consciência,	seja	
ela	crítica	ou	não.	
70UNIDADE III O Projeto Ético-Político do Serviço Social Brasileiro e Formação na Sociedade do Capital
Segundo	Gramsci	 (2004),	o	ser	humano	pode	 ter	 consciência	de	algo	de	 forma	
grupal	ou	por	si	próprio.	Mesmo	no	mais	simples	desempenho	de	qualquer	atividade	inte-
lectual	a	concepção	do	mundo	é	incluída,	seja	no	momento	da	crítica	ou	simplesmente	da	
consciência,	por	exemplo,	é	possível	pensar	sem	ter	consciência	crítica.	Neste	aspecto,	ao	
participar	de	uma	concepção	de	mundo,	imposta	por	grupos	sociais,	o	ser	humano	pode	
ter	consciência	de	algo	que	foi	posto	a	ele	e/ou	elaborar	a	própria	concepção	de	mundo	
de	uma	maneira	mais	consciente	e	crítica.	Para	isso,	é	preciso	entender	a	concepção	de	
mundo	posta	a	ele,	ou	seja,	é	preciso	entender	a	história	que	está	inserida,	tendo	consciên-
cia	crítica	em	relação	à	própria	decisão.	Assim,	torna-se	o	guia	dos	próprios	pensamentos	
e	não	aceita	as	imposições	dos	grupos	sociais,	com	isso,	temos	um	paradoxo	atrelado	à	
concepção	de	mundo.	
A	estrutura	da	concepção	de	mundo	e	sua	diferenciação	na	forma	singular	entram	em	
momentos	imprevisíveis,	como:	as	mudanças	na	vida,	nos	tempos,	modificações	no	contexto	
da	ciência,	o	gênio	das	nações	e	dos	indivíduos,	o	interesse	pelos	problemas,	asideias	de-
rivadas	de	contextos	históricos,	a	compensação	pela	localização	histórica	sempre	adequada	
a	formações	de	classe	mundial,	reagrupando	experiências,	emoções	e	ideias	importantes,	
componentes	e	significado	geral.	No	entanto,	uma	vez	que	a	legitimidade	dita	a	profundidade	
da	estrutura,	a	regularidade	lógica	não	é	agregação,	mas	forma	(DILTHEY,	1977).	
É	importante	destacar	que	a	concepção	de	mundo	é	desenvolvida	sob	diferentes	
condições,	como:	clima,	raça	e	a	nação	determinada	pela	história	e	formação	estatal,	sendo	
desenvolvida	em	condições	diversas	e	muitas	vezes	especializadas.	O	fato	é	que	a	forma	
do	conceito	de	mundo	se	desenvolve	na	vida	do	ser	humano,	que	luta	entre	si	com	base	no	
controle	e	poder,	a	partir	do	entendimento	do	contexto	histórico.	
71UNIDADE III O Projeto Ético-Político do Serviço Social Brasileiro e Formação na Sociedade do Capital
1.1 As Quatro Notas da Concepção de Mundo
Com	a	finalidade	de	contextualizar	as	quatro	notas	da	concepção	de	mundo,	vamos	
nos	aprofundar	nas	bases	teóricas	de	Gramsci	(2004),	facilmente	encontrado	no	volume	1	
do	Caderno do Cárcere.	
Primeira nota:	do	ponto	de	vista	da	concepção	de	mundo,	pertencemos	sempre	a	
um	determinado	grupo,	todos	os	elementos	sociais	com	a	mesma	forma	de	pensar	e	agir.	
As	massas	ou	coletivos	são	considerados	submissos,	a	questão	é:	qual	é	o	tipo	histórico	
de	submissão	entre	as	massas	das	quais	participamos?		Quando	o	conceito	de	mundo	não	
é	crítico	e	coerente,	mas	acidental	e	decomposto?	O	fato	é	que	pertencemos	às	múltiplas	
massas,	nossas	próprias	personalidades,	até	certo	ponto,	contêm	elementos	do	homem	das	
cavernas	e	os	mais	modernos	e	progressistas	princípios	científicos.	Em	todos	os	estágios	
históricos,	um	localista	próximo	e	uma	intuição	para	a	filosofia	do	futuro	são	as	caracte-
rísticas	de	um	ser	humano	globalmente	unificado.	Portanto,	criticar	o	conceito	de	mundo	
significa	unificá-lo,	torná-lo	coerente	e	elevá-lo	ao	nível	que	o	pensamento	do	mundo	mais	
desenvolvido	pode	alcançar,	portanto,	também	significa,	até	certo	ponto,	criticar	todas	as	
filosofias	que	ainda	existem.	
Segunda nota:	não	se	pode	separar	a	filosofia	da	história,	nem	se	pode	separar	
a	 cultura	 da	 história	 sem	 compreender	 a	 sua	 história.	 O	 conceito	 deste	mundo,	 certos	
problemas	trazidos	pela	realidade	são	destaques	de	hoje,	como	pensar	em	enfrentar	um	
problema	que,	muitas	vezes,	estava	fora	de	alcance	e	intransponível	no	passado.	O	pre-
sente	é	o	ponto	determinante	para	entender	o	passado,	isso	significa	que	as	situações	que	
enfrentamos	na	vida	são	o	que	nos	determina	no	mundo.	Mediante	à	análise	de	entender	a	
história,	passado	e	presente,	é	preciso	ter	em	mente	que	existem	as	classes	sociais,	tendo	
72UNIDADE III O Projeto Ético-Político do Serviço Social Brasileiro e Formação na Sociedade do Capital
os	dominantes	e	os	dominados.	Para	compreender	esse	contexto	é	preciso	conhecer	a	
cultura	e	a	filosofia	advinda	de	um	contexto	histórico.		
Terceira nota:	se	cada	linguagem	contiver	elementos	quanto	ao	conceito	de	mun-
do	e	de	cultura,	o	maior	ou	menor	também	pode	ser	 julgado	de	acordo	com	a	língua	de	
cada	um,	reduzindo	a	visão	do	mundo.	Pessoas	que	falam	apenas	dialetos	ou	entendem	
a	língua	nativa	em	vários	graus,	inevitavelmente	participam	de	um	certo	grau	de	intuições	
limitadas,	 sem	esforço,	 rígidas	e	desatualizadas	 relacionadas	às	 tendências	 ideológicas	
que	dominam	a	história	mundial.	Seus	interesses	serão	limitados,	seja	por	uma	corporação	
e/ou	pela	economia,	universal	ou	não.	Nem	sempre	é	possível	aprender	outras	línguas	para	
se	manter	em	contato	com	a	vida	cultural	diferente,	os	estrangeiros	devem,	pelo	menos,	ser	
proficientes	em	sua	língua	nativa.	Uma	grande	cultura	pode	ser	traduzida	para	a	linguagem	
de	outra	grande	cultura,	a	saber	as	ricas	e	diversas	línguas	nacionais	da	história	podem	ser	
traduzidas	a	qualquer	outra	grande	cultura,	que	deve	ser	expressa	em	todo	o	mundo,	mas	
usando	dialetos,	não	se	pode	fazer	a	mesma	coisa.
Quarta nota: criar	uma	cultura	não	é	apenas	fazer	descobertas	primitivas,	também	
significa	que	o	mais	importante	é	divulgar	criticamente	a	verdade	que	foi	descoberta,	por	
meio	da	socialização,	pode-se	dizer,	portanto,	transformá-lo	na	base	de	ações	importantes,	
elementos	de	coordenação	e	ordem	intelectual	e	moral.	Fazer	um	grupo	de	pessoas	pensar	
coerentemente	 na	 realidade	 atual	 é	 um	 fato	 filosófico,	mais	 importante	 e	mais	 primitivo	
do	que	a	descoberta,	o	gênio	filosófico	com	novas	verdades	ainda	é	legado	de	pequenos	
grupos	 intelectuais	que,	muitas	vezes,	precisam	entender	sobre	a	concepção	de	mundo	
para	compreender	o	legado	dos	pequenos	grupos.	
73UNIDADE III O Projeto Ético-Político do Serviço Social Brasileiro e Formação na Sociedade do Capital
1.2 Tipos De Concepção de Mundo 
De	acordo	com	Dilthey	(1977),	a	concepção	do	mundo	está	ligada	a	alguns	concei-
tos.	Para	entender	cada	um,	é	importante	destacar	a	distinção	da	concepção	do	mundo	em	
relação	às	regiões	culturais,	pois	além	de	ser	considerada	a	base,	consiste	na	coexistência	
econômica,	social,	na	 lei	e	no	Estado.	Há	uma	divisão	de	trabalho	em	todos	os	 lugares,	
as	pessoas	são	numeradas	de	 forma	 ímpar,	dando	uma	contribuição	definitiva	em	uma	
determinada	posição	da	história.	A	vontade	está	presa	nas	tarefas	atribuídas	e	restritas,	que	
mostram	a	conexão	teleológica	do	domínio.
REFLITA
A	ciência,	mediante	o	conhecimento,	suscita	na	conexão	prática	da	vida	uma	regulação	
racional	do	trabalho;	encontra-se	assim	na	mais	estreita	relação	com	a	práxis,	e	como	
também	está	submetida	à	 lei	da	divisão	do	trabalho,	cada	 investigador	 impõe-se	a	si	
uma	tarefa	limitada	num	domínio	determinado	e	num	lugar	definido	do	trabalho	cogniti-
vo.	Mais	ainda,	a	própria	filosofia	está	sujeita,	nas	suas	funções,	a	esta	divisão	do	tra-
balho.	Pelo	contrário,	o	génio	religioso,	poético	ou	metafísico	vive	numa	região	em	que	
está	subtraído	à	vinculação	social,	ao	trabalho	em	tarefas	restritas,	à	sua	subordinação	
ao	acessível	dentro	dos	limites	do	tempo	e	da	situação	histórica.	Toda	a	consideração	de	
semelhante	vinculação	falsificou	a	sua	compreensão	da	vida,	que	se	deve	contrapor	ao	
dado	de	um	modo	inteiramente	ingénuo	e	soberano.	Torna-se	já	inverdade	em	virtude	da	
circunscrição	do	olhar,	da	consideração	de	uma	situação	temporal	–	por	uma	tendência	
qualquer.	Em	semelhante	região	da	liberdade	brotam	e	desenvolvem-se	as	valiosas	e	
poderosas	concepções	do	mundo.
Fonte:	Dilthey	(1977,	p.	20-21).	
74UNIDADE III O Projeto Ético-Político do Serviço Social Brasileiro e Formação na Sociedade do Capital
A	concepção	de	mundo	pode	diferenciar	a	partir	das	regulamentações	de	Leis,	da	
sua	estrutura	posta	na	sociedade	e	os	tipos	religiosos,	artísticos	e	metafísicos	que	apresen-
tarei	a	seguir,	a	partir	dos	conceitos	de	Dilthey	(1977).
● Concepção religiosa: surge	no	mundo	a	partir	de	uma	conexão	vital	com	o
ser	humano,	considerado	como	um	recurso	de	dominação	que	vai	além	do	ho-
mem	primitivo,	como:	caçador,	cultivador	e	trabalhador,	que,	por	si	só,	já	causa
mudanças	no	mundo	exterior	por	meio	da	produção.	A	concepção	religiosa	tem
como	base	observar	para	si	forças	de	seres	superiores,	pregando	a	boa	relação
e	 união	 com	 essas	 forças,	 tendo	 no	 espírito	 religioso	 a	 concepção	 de	 estar
sempre	correto,	entendo	que	a	alma	progressiva	conhece	a	fixação	da	alma	no
mundo	supersensível.	Considerado	como	um	produto	histórico,	a	religião,	ape-
sar	de	impor	disciplina	na	vida,	mantém	uma	posição	de	que	não	está	vinculada
a	tradições	de	origens	obscuras	e	duvidosas.	Em	síntese,	“a	religião,	as	coisas
e	os	homens	recebem	o	seu	significado	por	meio	da	 fé	na	presença	de	uma
força	supra-sensível	neles	operante”	(DILTHEY,	1977,	p.	25).
● Concepção artística: uma	obra	de	arte	significa	algo	único,	em	certo	sentido,
é	elaborada	a	partir	da	relação	entre	ser	produzida	como	uma	expressão	ideal
de	referência	de67
O Projeto Ético-Político do Serviço Social Brasileiro e Formação na 
Sociedade do Capital
Professora Esp. Irení Alves de Oliveira
UNIDADE	IV	................................................................................................ 103
O Assistente Social na Luta de Classes
4
Plano de Estudo:
● O	Serviço	Social	na	Contemporaneidade;
● Trabalho	e	Serviço	Social:	o	redimensionamento	da	profissão	ante	as
transformações	societárias	recentes;
● Demandas	e	respostas	da	categoria	profissional	aos	projetos	societários.
Objetivos da Aprendizagem:
● Contextualizar	o	Serviço	Social	na	contemporaneidade,
	entendendo	as	mudanças	e	os	desafios	profissional;		
● Compreender	o	termo	trabalho	e	o	Serviço	Social	e	o	redimensionamento
da	profissão	ante	as	transformações	societárias	recentes;	
● Destacar	as	principais	demandas	e	respostas	no	que	se	refere
	a	categoria	profissional	aos	projetos	societários.	
UNIDADE I
O Trabalho Profissional na 
Contemporaneidade
Professora Esp. Irení Alves de Oliveira
5UNIDADE I O Trabalho Profissional na Contemporaneidade
INTRODUÇÃO
Caro(a)	 aluno(a),	 nesta	 primeira	 unidade	 você	 irá	 se	 debruçar	 sobre	 o	 trabalho	
profissional	 do	assistente	 social	 na	 contemporaneidade.	Para	entender	 esse	assunto,	 é	
preciso	dividir	em	três	tópicos,	sendo	eles:	o	Serviço	Social	na	contemporaneidade;	Traba-
lho	e	Serviço	Social:	o	redimensionamento	da	profissão	ante	as	transformações	societárias	
recentes;	e	as	demandas	e	respostas	da	categoria	profissional	aos	projetos	societários,	em	
que	serão	explanados	temas	importantes,	referentes	ao	fazer	profissional.	
Portanto,	na	primeira	parte	você	estudará	sobre	os	desafios	que	o	assistente	social	
vivencia	cotidianamente;	aqui	serão	destacados	três	aspectos	reflexivos	sobre	a	profissão,	
levando	a	busca	do	entendimento	sobre	a	questão	social	e	o	mercado	de	trabalho.	É	ne-
cessário	fazer	um	breve	resgate	histórico	sobre	a	origem	do	termo	“questão	social”	para	
entender	as	desigualdades	sociais	no	Brasil	e,	assim,	compreender	o	mercado	de	trabalho	
profissional,	principalmente	do	assistente	social.	Afinal,	foi	por	meio	dos	problemas	sociais	
que	houve	a	ampliação	de	diversos	campos	de	atuação,	porém	também	propiciou	as	mu-
danças	nos	campos	de	atuação	e	o	surgimento	de	grandes	desafios	no	fazer	profissional.	
Já	na	segunda	parte	será	estudada	a	origem	o	termo	“trabalho”.	Esse	é	um	ponto	
importante	para	compreender	o	Serviço	Social	na	sociedade	e	como	a	profissão	está	inse-
rida	e	inscrita	na	divisão	social	e	técnica	do	trabalho	através	da	prática	profissional.	A	partir	
desse	entendimento,	o	processo	de	trabalho	passa	a	fazer	parte	da	vida	do	homem	em	meio	
a	sociedade.	Assim,	você	 irá	entender	o	processo	de	trabalho	do	assistente	social,	para	
depois	compreender	sobre	o	redimensionamento	da	profissão	antes	das	transformações	
societárias,	que	se	voltam	para	as	mudanças	no	mercado	de	trabalho	profissional.	
E,	 por	 fim,	 a	 terceira	 parte	 abordará	 as	 demandas	 profissionais	 no	 âmbito	 das	
relações	entre	o	Estado	e	a	sociedade.	Serão	destacados	alguns	pontos	reflexivos	con-
siderados	 pela	 grande	 autora	 Iamamoto,	 como	 ocultos	 no	 VII	 Congresso	 Brasileiro	 de	
Assistentes	Sociais,	que	aconteceu	em	1992,	no	estado	de	São	Paulo,	enfatizando	que	os	
profissionais	precisam	compreender	as	condições	de	trabalho	ao	buscar	respostas	para	o	
fazer	profissional.	
Espero que tenha um excelente estudo! 
6UNIDADE I O Trabalho Profissional na Contemporaneidade
1. O SERVIÇO SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE
No	contexto	contemporâneo,	a	revolução	tecnológica	acabou	estabelecendo	novos	
padrões	de	produção	e	gestão,	tendo,	por	trás	de	todo	esse	avanço,	a	grande	hegemonia,	
conhecida	como	capital	financeiro.	Com	 isso,	houve	um	aumento	do	desemprego,	além	
de	gerar	o	subemprego.	Nesse	aspecto,	a	acumulação	de	capital	não	se	configura	como	
sinônimo	de	equidade	e	sim	das	diversas	expressões	da	questão	social.	De	um	lado	temos	
a	concentração	do	lucro	e	poder,	do	outro,	o	pauperismo	e	a	luta	pela	sobrevivência.
Mediante	a	esse	cenário,	os	assistentes	sociais	são	desafiados	diariamente	nos	
mais	diversos	campos	de	atuação.	Primeiro,	pelo	aumento	da	demanda	voltada	para	os	
serviços	sociais;	segundo,	pela	diminuição	dos	recursos,	principalmente	na	esfera	pública,	
criando	padrões	cada	vez	mais	rigorosos	sobre	a	possibilidade	da	população	ter	acesso	
aos	direitos.	
Isso	nos	leva	a	refletir	sobre	três	aspectos	acerca	da	profissão.
Primeiro,	para	entender	o	Serviço	Social	na	contemporaneidade	é	necessário	 li-
bertar-se	da	visão	interna	e	centralizadora	que	aprisiona	muitos	profissionais.	Para	isso,	é	
necessário	ampliar	os	horizontes,	observando	as	mudanças	do	cotidiano	na	relação	entre	
Estado	e	a	sociedade;	não	perdendo	as	características	da	profissão	e,	ao	mesmo	tempo,	
rompendo	 com	 o	 pensamento	 conservador	 e	 endógeno.	Ou	 seja,	 no	 aspecto	 de	 ajuda	
na	forma	evolutiva	da	caridade	e	da	filantropia	baseado	nas	obras	de	Tomás	de	Aquino	e	
Vicente	de	Paula	(MONTANÕ,	2007).	
7UNIDADE I O Trabalho Profissional na Contemporaneidade
Segundo,	entender	a	profissão	nos	dias	atuais	e	as	mudanças	na	sociedade,	princi-
palmente	no	âmbito	do	trabalho,	mas	especificamente	na	estrutura	de	produção	refletida	na	
nova	forma	de	organização	e	gestão	do	trabalho.	O	Serviço	Social	é	uma	profissão	espe-
cializada	e	inscrita	na	divisão	social	e	técnica	do	trabalho,	compreende	que	os	assistentes	
sociais	têm	um	Código	de	Ética	Profissional,	sendo	considerado	um	profissional	autônomo	
e	qualificado.		
Terceiro,	considerar	o	Serviço	Social	como	 trabalho	é	o	mesmo	que	 favorecer	a	
produção	e	 reprodução	da	vida	social.	Antunes	 (2006)	destaca	que	a	satisfação	no	 tra-
balho	não	está	 voltada	para	as	 relações	 sociais	 e	 sim	na	necessidade	da	produção	de	
objetos,	constituindo	a	materialidade	e	subjetividade	das	classes	que	vivem	do	trabalho.	Ao	
confirmar	a	primazia	do	trabalho	na	sociedade	e	ao	indagar	o	papel	do	Serviço	Social	no	
processo	de	produção	e	reprodução	da	vida	social,	existe	um	ponto	de	partida	e	um	norte.	
Porém	essa	não	é	a	prioridade	do	mercado,	mas	sim	privilegiar	a	distribuição	de	riquezas	
dentro	do	sistema	capitalista,	considerado	o	“portador	de	valor-trabalho	e	de	mais-valia.	O	
trabalho	é,	pois,	uma	atividade	que	se	inscreve	na	esfera	da	produção	e	reprodução	da	vida	
material”	(IAMAMOTO,	2012,	p.	25).	
Em	síntese,	um	dos	maiores	desafios	enfrentados	pelos	assistentes	sociais	atual-
mente	é	interpretar	a	realidade	e	desenvolver	um	trabalho	criativo,	capaz	de	preservar	os	
direitos	a	partir	das	demandas	que	surgem	no	cotidiano.	Em	qualquer	situação	é	preciso	
ser	um	profissional	com	objetivos	claros,	não	apenas	um	executor	de	tarefas.	É	olhar	para	
além	da	profissão,	 rompendo	com	qualquer	visão	rotineira	e	burocrática	que	envolve	os	
profissionais	de	Serviço	Social,	entendendo	que	a	questão	social	é	o	seu	objeto	de	trabalho	
nos	diversos	espaços	sócio-ocupacionais	no	mercado	de	trabalho	que	está	inserido.		
1.1 Questão Social e o Mercado de Trabalho
Caro(a)	 aluno(a),	 acredito	 que	 já	 tenha	 estudado	 em	 outras	 disciplinas	 sobre	 a	
questão	social,	pois	bem,	vamos	recapitular	sua	origem.	De	acordo	com	Castel	(1998),	o	
termo	questão	social	foi	mencionado	pela	primeira	vez	no	ano	de	1831	no	jornal	legitimista	
8UNIDADE I O Trabalho Profissional na Contemporaneidade
La Quotidienne.	Chamou	a	atenção	do	governo	francês	ao	enfatizar	a	necessidade	de	en-
tender	além	do	poder	do	capitalismo,	destacando	que	existia	uma	“questão	social”	carente	
buscando	por	respostas	emergentes.	Ou	seja,	o	Estado	precisava	atender	o	pauperismo	que	
a	classe	trabalhadora	estava	vivenciando	em	decorrência	do	processo	de	industrialização.	
Mas	por	que	foi	preciso	recapitular	a	origem	do	termo	questão	social?	
Ora,	caro(a)	aluno(a),	 ter	em	mente	a	origem	do	termo	“questão	social”	 faz	toda	
a	 diferença,	 primeiro	 porque	 o	 processo	 de	 industrializaçãovida,	dar	cor	e	conectar-se	de	forma	simétrica	à	proporção	de
som	e	ritmos,	é	um	processo	e	eventos	da	alma.	A	criação	artística	em	si	não
tem	nada	em	comum	com	a	visão	de	mundo,	no	entanto,	a	relação	entre	a	cor
da	pele	do	artista	e	suas	obras	levou	a	uma	relação	secundária	entre	as	obras
de	arte	e	concepção	do	mundo.	O	movimento	histórico	da	relação	entre	a	arte
e	as	ideias	do	mundo	reside	em	que	o	tipo	de	arte	se	aprofunda	no	físico	de	um
artista,	fazendo	parte	do	seu	contexto	histórico.
● Concepção metafísica: todo	o	processo	de	geração	e	consolidação	de	uma
concepção	 de	 mundo	 leva	 a	 demandas	 para	 aumentar	 sua	 consciência	 de
eficácia	universal.	As	diferenças	surgem	baseadas	nas	características	racionais
do	 trabalho	 metafísico,	 alguns	 marcam	 estágios	 de	 desenvolvimento,	 como
dogmatismo	e	crítica,	outros	abrangem	todo	o	curso	de	porquê	uma	carreira	ser
derivada	da	metafísica,	ou	seja,	revela	os	conteúdos	contidos	na	compreensão
da	realidade	e	na	valorização	da	vida	e	das	coisas.	O	objetivo	é	a	possibilidade
de	resolver	os	problemas	colocando	a	base	da	metafísica,	tropeçando	no	empi-
rismo,	racionalismo,	realismo	e	idealismo	advindo	da	ideia	básica	é	claramente
75UNIDADE III O Projeto Ético-Político do Serviço Social Brasileiro e Formação na Sociedade do Capital
expressa,	ou	seja,	a	 tese	de	uma	 ideia	geralmente	começa	a	partir	da	 teoria	
da	concepção	de	mundo	determinando	como	funciona.	A	consciência	histórica	
permite-nos	superar	as	diferenças	restringidas	pelas	condições	de	orientação,	
formando	assim	um	sistema	unificado	com	validade	universal.	
Caro(a)	aluno(a),	entender	os	tipos	de	concepção	de	mundo	faz	toda	a	diferença	
para	a	atuação	profissional,	visto	que	a	origem	da	profissão	se	deu	por	meio	das	ações	da	
igreja	católica	que	busca	uma	conexão	vital	com	o	ser	humano	por	meio	da	fé,	fato	esse	
que	não	faz	parte	da	atuação	profissional,	mas	que	precisamos	entender	por	fazer	parte	da	
concepção	de	mundo,	que,	por	sua	vez,	é	produto	da	história.	Já	a	concepção	artística,	por	
ser	a	referência	da	vida,	que	está	ligada	ao	contexto	histórico,	é	o	que	se	refere	ao	entender	
este	 conceito.	Por	 fim,	a	 concepção	metafísica	 leva	à	 compreensão	maior,	 ou	 seja,	 em	
relação	ao	universo	que	busca	a	lógica	do	empirismo,	realismo,	racionalismo	e	idealismo	
para	entender	o	que	está	posto	na	sociedade.	
1.3 Concepção de Mundo e Serviço Social 
Com	base	nas	 informações	apresentadas	 sobre	a	 concepção	de	mundo	e	para	
entender	a	perspectiva	do	Serviço	Social,	 irei	tomar	como	base	para	fundamentar	esses	
conceitos	as	ideias	da	Vasconcellos	(2017).	Tomou	para	si	o	comprometimento	com	o	prin-
cípio,	propósito	e	objetivo	da	libertação	humana,	o	assistente	social	tem,	em	suas	bases	
teóricas,	a	necessidade	de	transformar	a	realidade	do	indivíduo	em	seu	meio	social	que	se	
destina	ao	conceito	de	mundo	e	ao	significado	interior	da	existência	e	do	comportamen-
to	humano.	Nesse	aspecto,	quando	o	 indivíduo	se	 torna	parte	da	história	é	considerado	
imutável	na	realidade	objetiva,	ou	seja,	deixa	de	existir	qualquer	possibilidade	e	qualquer	
76UNIDADE III O Projeto Ético-Político do Serviço Social Brasileiro e Formação na Sociedade do Capital
ação.	Neste	sentido,	nos	faz	cair	na	incapacidade	total,	a	impressão	de	estar	paralisado	em	
circunstâncias	incompreensíveis	e	inevitáveis.	
Mediante	 à	 ideia	 de	 que	 a	 concepção	 do	 mundo	 é	 o	 produto	 da	 história	 e	 se	
analisarmos	a	sociedade	capitalista,	 logo	 teremos	o	conceito	de	que	o	desemprego	e	a	
exploração	do	 trabalho	são	a	base	para	o	aumento	de	 riqueza,	 tendo	consonância	com	
o pauperismo.	Ao	compreender	as	bases	teóricas	de	Lukács	(1969)	entendemos	que	um
indivíduo	age	de	forma	subjetiva,	imaginando	o	significado	de	suas	atividades	por	meio	do
processo	de	alienação	do	capital,	caindo	em	uma	visão	de	mundo,	que	não	há	sentido,	e
todas	as	atividades	se	reduzem	a	uma	aparência	simples	que	imprime	completamente	o
estado	puro.	Não	é	incomum	que	o	tédio	se	torne	um	monstro	quando	se	perde	o	objetivo
e	a	esperança.
Segundo	 Vasconcelos	 (2017),	 se,	 por	 um	 lado,	 o	 desenvolvimento	 intelectual	 da	
classe	trabalhadora	não	pode	determinar	mecanicamente	sua	emancipação,	se	não	há	teoria	
revolucionária,	não	pode	haver	movimento	revolucionário,	afinal,	a	classe	trabalhadora	pode	
determinar-se	mutuamente	na	relação	de	oposição	e	luta.	É	possível	que	um	dos	trabalha-
dores	com	o	apoio	de	outros	trabalhadores	ascendam	à	condição	de	classe	de	hegemonia.		
De	acordo	com	Carnoy	(1988),	a	hegemonia	pode	se	expressar	na	sociedade	como	
uma	 forma	e/ou	um	meio	principal,	ou	seja,	como	um	conjunto	de	sistemas,	 ideologias,	
práticas	e	agentes,	incluindo	intelectuais,	que	constitui	uma	cultura	de	valores	dominantes	
e	que	busca,	na	luta	de	classes,	a	garantia	de	seus	direitos.	Nesse	ponto,	as	instituições,	
que	constituem	um	sistema	hegemônico,	são	significativas,	principalmente	quando	é	es-
tabelecido,	no	contexto,	um	equilíbrio	entre	as	classes,	estendendo	o	poder	e	controle	à	
sociedade	civil	por	meio	dessas	mesmas	instituições.	
Neste	aspecto,	além	do	poder	e	da	lógica	do	modo	de	produção,	a	explicação	sobre	
como	a	classe	trabalhadora	e	a	sociedade	capitalista	está	organizada	e	tem	ligação	com	o	
poder	da	consciência	e	da	ideologia.	Em	relação	a	consciência	é	entendo	como	algo	que	
podemos	chegar	a	um	consenso	e/ou	entendimento	sobre	as	relações	sociais	capitalistas	
e	estratégias,	considerada	como	a	base	para	obter	o	consentimento	positivo	das	massas	
por	meio	 da	 auto-organização	 da	 classe	 trabalhadora	 e	 dentro	 desse	 contexto	 é	 que	 o	
assistente	social	precisa	estar	inserido.	Já	a	ideologia	está	ligada	às	normas	reguladoras,	
envolvendo	a	política,	religião,	economia	e	cultura	como	meio	de	garantir	os	interesses	indi-
viduais,	coletivos	e/ou	de	uma	pequena	parcela	da	sociedade,	o	que	nos	leva	a	considerar	
que	esses	pontos	são	importante	e	que	o	assistente	social	precisa	entender	para	expressar	
a	sua	posição	de	forma	crítica	fundamentada	em	bases	teóricas	e	concretas.	
Profissionais	que	tomam	como	referência	os	projetos	de	anticapitalismo	e	eman-
cipação,	 ao	 se	 dirigirem	aos	 intelectuais	 em	processo	 de	 autoformação	 permanente	 da	
sociedade	do	capital,	podem	dar	uma	contribuição	moderada	para	fazer	a	teoria	penetrar	
nas	massas,	tornando	a	teoria	um	poder	que	só	pode	ser	alcançado	com	a	prática,	a	crítica	
77UNIDADE III O Projeto Ético-Político do Serviço Social Brasileiro e Formação na Sociedade do Capital
fundamental,	a	criatividade	e	a	autoconsciência.	Na	dialética,	esse	processo	corre	o	risco	
permanente	de	ser	facilmente	alinhado	e	se	desenvolve	no	âmbito	do	próprio	movimento	
de	alienação	do	capitalismo.
Diante	dessa	complexidade,	os	trabalhadores	e	assistentes	sociais,	que	optam	por	
projetos	profissionais	como	assalariados,	enfrentam	problemas	diretamente	relacionados	
à	formação	da	subjetividade	de	cada	 indivíduo	social,	conscientes	ou	não	do	seu	papel.	
Entre	 os	 que	 têm	 tais	 condições	 pelo	 seu	 nível	 superior,	 por	 exemplo,	 os	 assistentes	
sociais	que	desempenham	o	papel	 fundamental	na	vida	do	ser	humano	e	na	promoção	
do	desenvolvimento	social,	têm	melhores	condições	do	que	outros	para	determinar	quais	
caminhos	favorecem	as	práticas	democráticas	e	emancipatórias	e	quais	são	os	obstáculos	
intransponíveis.	 Pode-se,	 a	 partir	 dos	 próprios	 intelectuais,	 proporcionar	 uma	 vantagem	
relativa	ao	processo	de	ruptura	(VASCONCELOS,	2017).
Neste	sentido,	a	contradição	fundamental	entre	trabalho	e	capital	está	relacionado	
na	produção	social	da	sociedade	e	voltado	para	as	condições	da	exploração	do	trabalho,	
a	riqueza	e	meios	de	produção	básico,	ocupado	pela	propriedade	privada	que	conduz	à	
autonomia	relativa	dos	assistentes	sociais.
Com	isso,	a	atuação	dos	assistentes	sociais	acaba	tendo	o	sentido	de	contribuir	
para	 a	 formação,	mobilização	 e	 organização	 dos	 trabalhadores	 na	 busca	 da	 libertação	
humana,	promovendoa	melhoria	e	a	 reconstrução	das	condições	dos	 trabalhadores	na	
sociedade	capitalista,	portanto,	os	assistentes	sociais	passa	a	ter	a	função	social	de	atuar	
sobre	a	essência	da	personalidade	dos	trabalhadores	transmitindo	costumes,	valores,	nor-
mas,	princípios,	padrões	sociais,	conhecimentos	e	informações	de	acordo	com	o	conteúdo	
veiculado	ao	direito,	com	base	na	garantia	que	norteia	a	classe	trabalhadora	através	das	
atividades	profissionais.	
Em	 síntese,	 como	 estudamos,	 a	 concepção	 de	mundo	 está	 ligada	 à	 história,	 e	
tem	o	ser	humano	como	base	fundamental	para	compreender	tal	conceito.	A	partir	desse	
entendimento	o	indivíduo	consegue	ter	consciência,	seja	ela	crítica	ou	não.	Por	meio	desta	
informação	é	que	o	Serviço	Social	se	encontra;	primeiro,	compreende	o	contexto	histórico	
que	o	 indivíduo	está	 inserido	e	 segundo,	 intervém	no	problema	que	afeta	a	 vida	desse	
indivíduo.	
Se	analisarmos	a	concepção	de	mundo	que	envolve	o	Serviço	Social	não	podemos	
deixar	 de	 pensar	 na	 relação	 entre	 o	 trabalhador	 e	 o	 capital,	 relação	 que	 deu	 origem	à	
profissão	que	tem	como	objeto	de	estudo	as	expressões	da	questão	social.	Entender	todo	
este	contexto	é	o	que	faz	a	diferença	no	momento	da	atuação,	principalmente	de	que	a	
concepção	de	mundo	está	ligada	à	história.
78UNIDADE III O Projeto Ético-Político do Serviço Social Brasileiro e Formação na Sociedade do Capital
2. CRÍTICA DA ECONOMIA POLÍTICA E O SERVIÇO SOCIAL
De	acordo	 com	Lukács	 (2003)	nas	 circunstâncias	históricas	para	uma	classe,	 o	
conhecimento	exato	da	sociedade	passa	a	ser	condição	direta	para	sua	autoafirmação	na	
luta,	quando	para	esta	classe	o	autoconhecimento	significa	o	conhecimento	correto	de	toda	
a	sociedade.	No	que	diz	respeito	ao	conhecimento,	quando	esta	classe	é	um	sujeito	e	um	
objeto,	a	teoria	é,	portanto,	imediata	e	apropriadamente	envolvida	no	processo	de	revolução	
social,	esta	é	a	premissa	de	que	teoria	e	prática	são	unificadas	e	a	função	revolucionária	
da	teoria	se	torna	possível.
Neste	aspecto,	conhecer	as	condições	postas	na	sociedade	é	o	que	faz	a	diferença	
na	luta	pelos	direitos,	sendo	o	conhecimento	a	base	fundamental.	Partindo	deste	preceito	e	
para	entender	a	crítica	da	economia	política	é	que	vamos	nos	aprofundar	nas	bases	teórica	
de	Marx	(1989)	e	Netto	-	Braz	(2006).
79UNIDADE III O Projeto Ético-Político do Serviço Social Brasileiro e Formação na Sociedade do Capital
2.1 Economia Política de Forma Clássica 
O	termo	“economia	política”	se	originou	do	grego	“Politeia e Oikonamika”,	no	ano	
de	1615,	sendo	discutido	somente	nos	primeiros	20	anos	do	século	XIX.	 Isso	passou	a	
designar	uma	certa	instituição	teórica,	mas	não	significou	que	a	economia	política	tornou-se	
um	campo	teórico	e	sistematizado.	Entre	os	maiores	representantes	da	economia	política	
clássica,	Smith	e	Ricardo,	embora	seus	conceitos	teóricos	sejam	diferentes,	aparentemente	
apresentam	duas	características	principais	de	teorias	expostas	por	duzentos	anos	(NETTO;	
BRAZ,	2006,	p.	29).	
O	primeiro	relaciona-se	com	a	essência	da	teoria:	não	é	um	sujeito	especializado	
e	participativo,	tentando	recortar	os	objetos	específicos	da	realidade	social	e	analisá-los	de	
forma	autônoma.	Os	dois	autores	mencionados	e	alguns	autores	antes	deles	focalizaram	
sua	atenção	em	questões	relacionadas	a	trabalho,	valor	e	dinheiro,	interessado	em	ques-
tões	de	 relações	sociais.	Essas	questões	apontam	claramente	as	constantes	mudanças	
na	sociedade	de	forma	irrefutável,	desde	a	generalização	das	relações	de	mercado	e	sua	
expansão	para	o	mundo	do	trabalho.
A	segunda	característica	da	economia	política	clássica	está	relacionada	à	maneira	
como	os	autores	tratam	as	principais	categorias	e	instituições	econômicas,	principalmente	
referente	à	moeda,	capital,	lucros,	salários,	mercados,	propriedade	privada,	entre	outros.	
Para	os	autores,	as	categorias	naturais	e	instituições	são	descobertas	pela	razão	humana	
e	estabelecidas	na	vida	social,	elas	permanecerão	eternas	em	sua	estrutura	básica.
Essas	 características,	 indicam	 o	 compromisso	 sócio-político	 da	 economia	 políti-
ca	 clássica,	 com	 isso,	 o	 liberalismo	 clássico	 constitui	 a	 arma	 ideológica	 da	 luta	 entre	 a	
burguesia	e	o	Estado	autocrático	e	o	antigo	regime.	Aos	olhos	dos	teóricos,	os	interesses	
da	 burguesia	 revolucionária	 e	 a	 burguesia	 revolucionária	 enfrentam	 os	 beneficiários	 do	
sistema	feudal.	
80UNIDADE III O Projeto Ético-Político do Serviço Social Brasileiro e Formação na Sociedade do Capital
Segundo	Netto	 e	Braz	 (2006),	 entre	 esses	 teóricos,	 a	 influência	 do	 naturalismo	
jurídico	e	do	 liberalismo	não	é	uma	sorte,	mas	eles	mostram	que	suas	realizações	 inte-
lectuais	fazem	parte	do	quadro	mais	amplo	da	ilustração.	Como	todos	sabemos,	esse	é	o	
processo	da	burguesia	se	movendo	em	direção	à	construção	de	seu	domínio;	um	capítulo	
importante	frente	ao	sistema	feudal,	marcou	um	enorme	progresso	histórico.	Neste	aspecto	
a	economia	política	clássica	exprime	a	 ideologia	da	burguesia,	nessa	época	esta	classe	
estava	na	vanguarda	da	 luta	social	e	 liderou	um	processo	 revolucionário	que	destruiu	o	
antigo	regime,	a	razão	era	nada	mais	do	que	a	maior	e	mais	nova	ciência	mais	típica,	a	
sociedade	burguesa.
Portanto,	a	economia	política	clássica	com	o	programa	da	revolução	burguesa	não	
transformou	seus	grandes	representantes,	como	Smith	e	Ricardo,	em	defensores	cegos	e	
acríticos	da	nova	ordem	social	emergente.	No	que	diz	respeito	à	revolução	burguesa	da	
época,	ela	exprimia	o	desejo	de	libertação	da	humanidade.	Esses	clássicos	têm	uma	visão	
ampla	que	 lhes	permite	 expor	 com	profunda	objetividade	os	problemas	 suscitados	pelo	
surgimento	da	nova	sociedade.	A	objetividade	das	questões	teóricas	sociais	é	diferente	da	
neutralidade,	precisamente	porque	não	são	neutras	e	defendem	uma	ordem	social	mais	
livre	e	avançada	que	o	feudalismo,	por	isso	os	clássicos	podem	enfrentar	a	nova	economia	
e	a	sociedade	sem	restrições	e	a	causa	do	problema	e	o	aumento	do	lucro	e	a	reprodução	
do	trabalho.	
2.2 A Crítica da Economia Política e o Serviço Social 
Ao	longo	do	século	XX,	a	sociedade	capitalista	passou	por	grandes	mudanças	e	
processos	não	estudados	por	Karl	Marx,	considerados	como	 fenômenos	do	sistema	ca-
pitalista.	Esses	fenômenos	e	processos	foram	objetos	de	análise	e	pesquisas	inspirados	
em	Marx,	estudos	que	visam	esclarecer	e	integrar-se	ao	sistema	teórico	estabelecido	pelo	
autor	em	seu	livro	O Capital,	fazendo	uma	crítica	à	economia	política	a	partir	do	processo	de	
81UNIDADE III O Projeto Ético-Político do Serviço Social Brasileiro e Formação na Sociedade do Capital
produção	do	capital.	No	processo	de	expandir	a	reserva	de	conhecimento,	muitos	avanços	
e	novas	descobertas	foram	feitas,	iremos	aprofundar	nisso	a	seguir.		
Segundo	Netto	e	Braz	(2006),	Marx	aproximou-se	das	ideias	revolucionárias	que	
germinavam	no	movimento	operário	europeu	pouco	depois	de	haver	concluído	o	seu	curso	
de	filosofia	(1841)	e	de	1844	até	a	sua	morte,	todos	os		seus	esforços	foram	dirigidos	para	
contribuir	na	organização	do	proletariado	para	que	este,	rompendo	com	a	dominação	de	
classe	da	burguesia,	realizasse	a	emancipação	humana.	
Os	autores	supracitados	destacam	que,	para	Marx,	o	sucesso	do	protagonista	da	
revolução	proletária	depende	em	grande	medida	de	uma	compreensão	estreita	com	a	rea-
lidade	social.	Nesse	aspecto,	Marx	acreditava	que	a	ação	revolucionária	seria	mais	eficaz,	
não	se	baseando	no	conceito	de	utopia,	mas	em	uma	teoria	social	que	reproduz	idealmente	
os	movimentos	reais	e	objetivos	da	sociedade	capitalista.
De	acordo	com	Marx	(1989,	p.	961),	“a	estrutura	econômica	da	sociedade	capitalis-
ta	surgiu	da	estrutura	econômica	da	sociedade	feudal.	A	dissolução	desta	última	liberou	os	
elementos	daquela”,	que	tem	o	trabalhador	como	produtor	direto	somente	após	a	libertação	
dos	“servos”	tornando-se	vendedores	de	mão	de	obra	para	o	aumento	do	lucrodo	capital.	
O	Movimento	histórico	que	 transformou	produtores	em	 trabalhadores	se	destaca	da	se-
guinte	forma:	de	um	lado	temos	os	assalariados,	que	se	consideram	livres	da	escravidão;	
por	 outro	 lado,	 esses	 trabalhadores	 recém-libertados	 só	podem	se	 tornar	 seus	próprios	
vendedores	após	terem	sido	roubados	todos	os	seus	meios	de	produção.	Portanto	o	ponto	
inicial	do	desenvolvimento	dos	trabalhadores	assalariados	e	capitalistas	é	a	“conquista	dos	
trabalhadores”.
Neste	aspecto,	para	Netto	e	Braz	(2006),	a	pesquisa	de	Marx	esclareceu	o	surgi-
mento,	a	consolidação	e	o	desenvolvimento	da	sociedade	capitalista	e	a	teoria	social	das	
condições	de	crise.	Os	resultados	mostram	que	a	sociedade	burguesa	não	é	uma	orga-
nização	social	destinada	a	constituir	o	fim	da	evolução	humana;	mas	histórica	e	efêmera,	
a	 forma	de	organização	social	 contém	contradições	e	 tendências	que	podem	superá-la,	
criando	um	outro	tipo	de	sociedade,	a	sociedade	comunista	que	não	marca	o	fim	da	histó-
ria,	mas	é	apenas	o	ponto	de	partida	de	uma	nova	história,	uma	história	estabelecida	por	
humanos	libertados.
82UNIDADE III O Projeto Ético-Político do Serviço Social Brasileiro e Formação na Sociedade do Capital
SAIBA MAIS
O	capital	não	é	uma	bíblia,	nem	sequer	talvez	um	método,	mas,	como	o	próprio	subtítulo	
que	Marx	lhe	deu,	uma	“contribuição	à	crítica	da	economia	política”.	Esse	é	o	caminho	
e	certamente	como	crítica	ele	não	aborda,	senão	tangencialmente,	algumas	das	princi-
pais	estruturas	do	capitalismo	contemporâneo,	seus	problemas	e	pontos	de	superação.	
Mas,	como	um	dos	textos	fundamentais	da	modernidade,	ele	abre	as	portas	para	sua	
compreensão	no	contexto	das	 lutas	de	classes	de	nosso	tempo,	 tarefa	para	que	são	
chamadas	as	mulheres	e	os	homens	empenhados	na	transformação,	esse	trabalho	de	
Sísifo	ao	qual	estamos	condenados	até	o	raiar	de	uma	nova	era.
Fonte:	Marx	(1989,	p.	6).	
De	acordo	com	Vasconcelos	(2017),	a	sociedade	capitalista	é	considerada	como	um	
movimento	social	histórico.	Ao	refletir	sobre	a	teoria	de	Marx,	observa-se	que	aponta	a	pobreza	
como	um	“fator	essencial”	da	ordem	social	burguesa.	Mas	calma,	caro(a)	aluno(a),	Marx	faz	
uma	crítica	à	sociedade	capitalista	e	ao	seu	modo	de	produzir	riqueza.	Neste	aspecto,	para	
a	autora,	na	ordem	social	dominante,	não	há	como	encontrar	uma	solução	para	a	pobreza,	
portanto,	do	ponto	de	vista	do	capital,	a	restrição	é	eliminar	o	sofrimento	e	transformar	os	
“pobres”	cada	vez	mais	pobres,	porém	atender	ao	mínimo	para	a	sobrevivência.	
E,	 para	 que	 essa	 visão	 seja	 modificada,	 é	 preciso	 rever	 a	 estrutura	 capitalista	
imposta	 na	 sociedade,	 isso	 significa	 que	 o	 objetivo	 da	 erradicação	 da	 pobreza	 precisa	
estabelecer	uma	nova	ordem	social,	 não	a	exploração	da	 regra,	 classe,	 raça	e	gênero,	
mas	a	consciência	de	que	todos	têm	o	direito	de	riqueza	e	não	é	preciso	explorar	a	classe	
trabalhadora	para	aumentar	 a	 riqueza.	Nesse	aspecto	o	assistente	 social	 atua,	 tendo	o	
compromisso	com	a	sociedade	por	meio	do	Código	de	Ética	Profissional.	
Desse	modo,	 pode-se	 entender	 por	 que	 o	 programa	 social	 na	 democracia	 bur-
guesa	visa	eliminar	o	 sofrimento	e	não	a	pobreza.	Eliminar	o	 sofrimento	como	 insistem	
as	 instituições	do	capital	 internacional	e	o	banco	mundial,	aderindo	à	prática	dos	países	
periféricos	 transformando	 a	 situação	 de	 grande	 número	 de	 trabalhadores.	 Isso	 tem	 um	
efeito	no	sistema,	afinal,	os	pobres	consomem	mais	do	que	os	capitalistas,	o	que	levou	a	
um	aumento	dos	fundos	públicos	e	arruinou	o	capital.	
Portanto,	sem	reduzir	o	excedente	populacional,	a	eliminação	do	sofrimento	permite	
que	uma	grande	força	de	trabalho	desafie	uma	parte	do	mercado	de	trabalho,	o	que	leva	a	
83UNIDADE III O Projeto Ético-Político do Serviço Social Brasileiro e Formação na Sociedade do Capital
uma	redução	ainda	maior	nos	salários	pagos	a	cada	vez	menos	trabalhadores	qualificados,	
gerando	o	exército	industrial	de	reserva.
Nesse	sentido,	não	há	como	determinar	as	novas	expressões	da	questão	social,	
visto	 que	 os	 problemas	 sociais	 decorrem	 das	 determinadas	 leis	 gerais	 da	 acumulação,	
e	adquirem	novas	dimensões	e	manifestações	com	o	desenvolvimento	da	acumulação	e	
as	mudanças	experimentadas	pelo	próprio	capitalismo.	Portanto,	 tomar	as	soluções	dos	
problemas	 sociais	 (mesmo	as	 soluções	 dos	 problemas	 sociais	 reivindicados	 por	 alguns	
assistentes	sociais	e	outros	profissionais)	como	meta	da	sociedade	do	capital,	razão	pela	
qual	a	sociedade	precisa	mudar,	mesmo	que	pensemos	que	é	possível	manter	e	replicar	
sem	acumular	capital	sem	usar	trabalho	(NETTO;	BRAZ,	2007).	
Assim,	segundo	Vasconcelos	(2017),	no	contexto	da	sociedade	capitalista,	ainda	
que	se	trate	de	uma	questão	social	multideterminada,	implica	também	a	troca	midiática	de	
componentes	 históricos,	 políticos	 e	 culturais,	 fundamentalmente	 determinante	 na	 explo-
ração	do	trabalho	pelo	capital.	Portanto,	sem	eliminar	a	exploração	do	trabalho,	toda	luta	
contra	seu	impacto	político,	econômico,	social	e	humano,	 inclusive	os	chamados	proble-
mas	sociais,	mais	cedo	ou	mais	 tarde	mostrará	as	 limitações	dos	sintomas	enfrentados,	
consequências	e	 impactos.	Ou	seja,	 realizar	 reformas	e	permanecer	em	uma	sociedade	
que	depende	do	homem	para	viver	da	exploração	do	homem.	Mas	deve	ficar	claro	que	a	
exploração	existe	em	diferentes	formas	históricas	de	organização	social.	
Caro(a)	aluno(a),	é	 importante	destacar	que	a	crítica	de	Marx	sobre	a	economia	
política	foi	uma	verdadeira	revolução	teórica,	na	investigação	e	análise	decisivas	da	lei	do	
fluxo	de	capitais.	Ele	usou	todo	o	poder	da	preparação	científica,	da	cultura	e	da	inteligência	
para	lançar	as	bases	da	compreensão	e	desenvolvimento	da	sociedade	burguesa.	Neste	
sentido,	 a	 economia	 política	 clássica	 forneceu	 conhecimento	 teórico	 para	 a	 estrutura	 e	
dinâmica	econômica	da	sociedade	burguesa,	a	análise	das	leis	do	movimento	do	capital	e	
da	descoberta	do	marxismo	na	segunda	metade	do	século	XIX	é	válida	até	hoje,	pois	por	
mais	de	150	anos,	nossa	sociedade	ainda	está	subordinada	ao	capitalismo.	
Portanto,	o	próprio	trabalho	do	marxismo	só	é	possível	pela	existência	da	econo-
mia	política	clássica	antes,	por	conter	elementos	que	foram	historicamente	processados			e	
considerados	na	perspectiva	de	uma	nova	metodologia,	elementos	que	predizem	o	fluxo	e	
o controle	do	capital	e	que	cabe	ao	assistente	social	entender.
84UNIDADE III O Projeto Ético-Político do Serviço Social Brasileiro e Formação na Sociedade do Capital
3. SERVIÇO SOCIAL, PRÁXIS E TRABALHO
Caro(a)	aluno(a),	o	trabalho	faz	parte	da	vida	do	homem	desde	a	origem	do	mundo	
e	com	o	passar	do	tempo	grandes	filósofos	começaram	a	estudar	esse	conceito,	analisando	
todo	o	processo	histórico	da	sociedade	a	partir	da	ascensão	do	capitalismo.	Um	exemplo	
clássico	são	as	teorias	de	Karl	Marx,	que,	até	os	dias	atuais,	são	referências	para	estudio-
sos	e	profissionais.	
A	partir	dos	estudos	de	Karl	Marx,	mais	especificamente	no	seu	método	–materia-
lismo	histórico	dialético	–,	é	que	foram	revelados	os	fatos	absolutos;	históricos;	a	política	e	
o social,	de	forma	que	o	homem	pudesse	refletir	sobre	a	sua	própria	história,	tornando	um
participante	do	desenvolvimento	da	humanidade,	buscando	uma	visão	transformadora	com
base	na	defesa	da	prática	revolucionária.
Com	isso,	esse	filósofo	deu	início	aos	estudos	da	práxis,	que	não	podem	ser	uma	
mera	redução	do	 trabalho,	pelo	contrário,	deverão	ser	humanizadas,	garantindo	as	pos-
sibilidades	concretas	dos	seres	humanos	para	que	se	desenvolva	de	forma	criativa,	sem	
estar	 ligado	 na	 disciplina	 do	 trabalho,	 com	 a	 finalidade	 de	 uma	 redução	 da	 jornada	 de	
trabalho	considerada	como	pré-requisito.	Através	das	 informações	apresentadas,	vamos	
nos	aprofundar	de	forma	breve	nos	conceitos	a	seguir.
85UNIDADE III O Projeto Ético-Político do Serviço Social Brasileiroe Formação na Sociedade do Capital
3.1 O Trabalho 
Caro(a)	aluno(a),	a	concepção	do	trabalho	aparece	em	um	sentido	muito	preciso,	
considerada	como	uma	atividade	humana	que	transforma	a	natureza	em	mercadorias,	con-
siderada	necessária	para	a	reprodução	social.	Nesse	sentido,	Lessa	(2002)	destaca	que	a	
categoria	fundadora	do	mundo	do	trabalho	deu-se	pela	existência	humana,	tendo	o	trabalho	
como	uma	atividade	que	transforma	a	essência	natural	do	indivíduo	e	toda	a	sociedade	da	
qual	participa,	é	considerada	como	a	autoconstrução	e	melhoria	do	ser	humano,	permitindo	
que	as	classes	sociais	fica	cada	vez	mais	desenvolvidas.	
O	trabalho	é	um	elemento	constituinte	da	existência	social,	que,	por	sua	vez,	não	se	
reduz	e	nem	se	esgota	no	trabalho.	Quanto	mais	as	pessoas	se	desenvolvem	na	sociedade	
mais	sua	objetividade	pode	transcender	no	espaço,	diretamente	relacionado	ao	trabalho.	O	
desenvolvimento	da	existência	social	significa	o	surgimento	da	racionalidade,	sensibilidade	
e	 atividades,	 que	 criam	seus	próprios	 objetos	 com	base	no	 trabalho	necessário.	Nesse	
aspecto,	a	existência	social	não	é	apenas	 trabalho	e	sim	a	criação	da	objetivação	para	
além	do	universo,	considerada	como	uma	categoria	teórica	mais	abrangente,	ou	seja,	uma	
categoria	prática	que	envolve	o	trabalho.	Na	verdade,	esse	é	seu	modelo,	mas	o	conteúdo	
incluído	ultrapassa	todo	o	assunto	de	objetificação	humana	(NETTO;	BRAZ,	2006).	
Para	Lessa	(2002)	a	concepção	do	trabalho	só	existe	no	mundo	humano,	consi-
derada	como	uma	categoria	exclusiva	para	o	desenvolvimento	em	meio	a	sociedade,	o	
autor	destaca	que	o	trabalho	sempre	fez	parte	da	sociedade.	Desta	forma,	a	função	que	o	
trabalho	executa	no	interior	da	reprodução	social	é	um	processo	unificado	e,	apenas	nesta	
dimensão,	passa	a	ser	considerada	como	algo	fundamental	no	mundo	do	homem.	
Neste	aspecto,	o	 trabalho	é	entendido	como	o	fundador	do	mundo	humano.	Essa	
declaração	é	essencial	 para	a	 compreensão	da	existência	 social,	 a	 comunicação	entre	o	
homem	e	a	natureza	se	realiza	na	prática	e	é	planejada	pela	consciência,	portanto,	a	escolha	
entre	as	alternativas	pode	ser	um	objeto,	mudando	a	realidade	e	criando	novas	situações.	
86UNIDADE III O Projeto Ético-Político do Serviço Social Brasileiro e Formação na Sociedade do Capital
Além	disso,	se	o	trabalho	promover	a	construção	e	transformação	do	mundo	e	atuar	por	meio	
da	compreensão	de	outros	saberes	e	habilidades,	novas	demandas	serão	geradas.	
De	acordo	com	Lukács	(1979,	p.	87)	“o	trabalho	é,	antes	de	tudo,	em	termos	gené-
ticos,	o	ponto	de	partida	da	humanização	do	homem,	de	refinamento	de	suas	faculdades,	
processo	do	qual	não	se	deve	esquecer	o	domínio	sobre	si	mesmo”.	Além	do	que,	o	tra-
balho	foi	processado	como	âmbito	único	do	desenvolvimento,	todas	as	outras	formas	de	
atividades	de	pessoas	ligadas	a	diferentes	valores	só	podem	ser	o	trabalho	autônomo	que	
pode	atingir	um	nível	superior	após	o	trabalho.
Segundo	Marx	(1989),	o	trabalho	é	a	categoria	central	na	vida	do	homem,	consi-
derada	como	formador	de	valor	de	uso,	mas	não	deve	ser	entendida	como	condição	da	
existência	humana	e	sim	um	elemento	da	sua	existência	em	meio	a	sociedade,	 tendo	o	
papel	de	mediar	as	 trocas	orgânicas	entre	o	homem	e	a	natureza,	ou	seja,	entre	a	vida	
humana	e	o	meio	do	trabalho.	Nesse	sentido,	temos	o	processo	de	trabalho	que	utiliza	do	
material	natural	e	se	adapta	às	necessidades	humanas,	assim,	modificando	sua	forma	e	
atendendo	aos	interesses	da	sociedade	capitalista	que	utiliza	da	consciência	comum	para	
aumentar	o	seu	lucro	e	poder.	“a	consciência	comum	pensa	os	atos	práticos,	mas	não	faz	
da	práxis	–	como	atividade	social	 transformadora	–	seu	objeto;	não	produz	–	nem	pode	
produzir,	como	veremos	uma	teoria	da	práxis”		(VÁZQUEZ,	1980,	p.	10).	
3.2 A Práxis
Caro(a)	 aluno(a),	 se	 pesquisar	 na	 internet	 o	 termo	 “práxis”,	 observará	 que	 seu	
significado	está	 voltado	para	a	 “prática”,	mas	se	analisarmos	o	 sentido	desse	 termo	na	
teoria	marxista	o	conceito	muda.	De	acordo	com	alguns	estudos	realizados,	me	deparei	que	
o termo	práxis	para	Marx	tem	o	significado	de	atividade	livre	e	criativa	em	que	o	homem
é	capaz	de	produzir	e	criar	algo	que	 transforma	o	seu	mundo	e	seu	processo	histórico.
87UNIDADE III O Projeto Ético-Político do Serviço Social Brasileiro e Formação na Sociedade do Capital
Isso	porque,	para	o	filósofo,	o	homem	não	deve	ficar	à	mercê	do	sistema	capitalista,	e,	
como	já	destacado,	deve	buscar	uma	visão	transformadora	com	base	na	defesa	da	prática	
revolucionária.	A	partir	disso,	o	conceito	da	práxis	refere-se	a	uma	dimensão	da	prática,	
uma	atividade	do	personagem	utilitário	e	prático,	ligada	às	necessidades	atuais.	
Neste	sentido,	Vázquez	(1980,	p.	245)	destaca	que	“toda	práxis	é	atividade,	mas	
nem	toda	atividade	é	práxis”,	ou	seja,	a	prática	é	uma	atividade	consciente,	o	que	significa	
não	só	o	propósito	da	atividade,	mas	também	o	seu	subjetivo.	Com	isso,	a	prática	passa	a	
ter	um	significado	que	vai	além	de	uma	atividade	social,	algo	que	transforma	e	muda	as	leis	
naturais	por	meio	da	criação	e,	consequentemente,	o	homem	que,	ao	produzir	algo,	muda	
a	si	mesmo.	A	matéria-prima	das	atividades	pode	mudar,	resultando	em	diversas	formas	
de	práxis,	como:	produtivo,	artístico,	experimental,	político	e	teórico,	que	vamos	analisar	a	
seguir	por	meio	de	um	quadro	informativo.	
QUADRO 1 - AS FORMAS DE PRÁXIS
Produtivo
Dentre	as	formas	fundamentais	de	práxis	está	a	atividade	prática	produtiva,	ou	relação	
material	e	transformadora	que	o	homem	estabelece	por	meio	de	seu	trabalho	com	a	
natureza.	Graças	ao	trabalho,	o	homem	supera	a	resistência	dos	materiais	e	forças	
naturais	e	cria	um	mundo	de	objetos	úteis	que	satisfazem	certas	necessidades.	Mas	
como	o	homem	é	um	ser	social,	esse	processo	só	se	realiza	sob	certas	condições	so-
ciais,	isto	é,	no	quadro	de	certas	relações	que	os	homens	contraem	como	agentes	de	
produção	nesse	processo,	e	que	Marx	denomina	precisamente	relações	de	produção.	
Artístico Outra	forma	de	práxis	é	a	produção	ou	criação	de	obras	de	arte.	Assim	como	o	traba-
lho	humano	é	a	transformação	de	um	material	no	qual	uma	determinada	forma	é	im-
pressa,	exigida	não	por	uma	necessidade	prático-utilitária,	mas	por	uma	necessidade	
humana	geral	de	expressão	e	comunicação.	Na	medida	em	que	a	atividade	artística	
não	é	limitada	pela	utilidade	material	que	o	produto	da	obra	deve	satisfazer,	ela	pode	
levar	o	processo	de	humanização	que	de	forma	limitada	já	ocorre	no	trabalho	huma-
no	até	suas	últimas	consequências.	Por	isso,	a	prática	artística	permite	a	criação	de	
objetos	que	elevam	a	capacidade	de	expressão	a	um	grau	superior	e	a	objetificação	
humana	já	revelada	nos	produtos	do	trabalho.	O	trabalho	artístico	é,	antes	de	tudo,	a	
criação	de	uma	nova	realidade	e	uma	vez	que	o	homem	se	afirma	criando	ou	huma-
nizando	tudo	o	que	toca,	à	práxis	artística	ampliando	e	enriquecendo	a	realidade	já	
humanizada	com	suas	criações	é	uma	práxis	essencial	para	o	homem.
88UNIDADE III O Projeto Ético-Político do Serviço Social Brasileiro e Formação na Sociedade do Capital
Experimental Entre	as	formas	de	atividade	práxis	realizadas	sobre	um	determinado	assunto,	é	tam-
bém	necessário	incluir	a	atividade	científica	experimental	que	satisfaça,	em	primeiro	
lugar,	as	necessidades	da	investigação	teórica	e,	em	particular,	as	de	teste	de	hipóte-
ses.	Essa	forma	de	práxis	é	aquela	que	se	manifesta	quando	o	pesquisador	atua	sobre	
um	objeto	material,	modificando	as	condições	em	que	um	fenômeno	opera	à	vontade.	
Esse	é	o	significado	da	experimentação	como	práxis	científica.	O	pesquisador	produz	
fenômenos	que	são	uma	reprodução	daqueles	que	ocorrem	em	um	ambiente	natural,	
mas	os	produz	precisamente	para	poder	estudá-los	em	um	ambiente	artificial	em	la-
boratório	sem	as	impurezas	e	perturbações	que	ocorrem	no	ambiente	natural	e	que,	
por	esse	motivo,	torna	seu	estudo	difícil.	Na	medida	em	que	se	trata	de	produzir	certos	
fenômenosusando	o	instrumento	físico	apropriado,	a	atividade	científica	experimental	
é	obviamente	uma	 forma	de	prática.	É	uma	atividade	objetiva	que	dá	origem	a	um	
produto	ou	resultado	real	e	objetivo.
 Político Essa	 atividade	 prática	 do	 homem	 oferece	 várias	modalidades,	 nele	 se	 inserem	 os	
diversos	atos	que	visam	a	sua	 transformação	como	ser	social	e,	portanto,	a	mudar	
suas	relações	econômicas,	políticas	e	sociais.	Na	medida	em	que	sua	atividade	toma	
por	objeto	não	um	indivíduo	isolado,	mas	grupos	ou	classes	sociais,	e	mesmo	toda	a	
sociedade,	pode	ser	chamada	de	práxis	social,	embora	em	um	sentido	amplo	todas	as	
práticas	tenham	um	caráter	social,	pois	só	o	homem	Ele	pode	realizá-lo	contratando	
certas	relações	sociais	e,	ainda,	porque	a	modificação	prática	do	objeto	não	humano	
se	traduz,	por	sua	vez,	em	uma	transformação	do	homem	como	ser	social.
Teórica A	atividade	teórica	como	um	todo,	também	considera	ao	longo	de	seu	desenvolvimento	
histórico,	ela	só	existe	pela	e	em	relação	à	prática,	pois	nela	encontra	seu	fundamen-
to,	seus	fins	e	o	critério	de	verdade,	como	tentaremos	mostrar	mais	adiante.	Mas	por	
mais	próximas	que	sejam	as	relações	entre	uma	atividade	e	outra,	a	atividade	teórica	
em	si	não	mostra	as	características	que	consideramos	proativas	na	práxis	e,	portanto,	
não	devemos	colocá-la	no	mesmo	plano	das	formas	de	atividade	prática	de	antes.	nós	
examinamos.	Em	nossa	opinião,	a	atividade	teórica	não	é	em	si	uma	forma	de	práxis.
Fonte:	Vázquez	(1980,	253-261).	
De	acordo	com	o	autor	supracitado,	além	das	formas	existem	os	níveis	de	práxis	
em	que	de	um	lado	tem-se	a	práxis	criadora	e	reiterativa	e	do	outro	reflexiva	e	espontânea,	
que	apresentarei	a	seguir.	
Práxis criadora:	a	prática	criativa	pressupõe	que	haja	uma	relação	estreita	entre	
as	dimensões	subjetiva	e	objetiva,	ou	seja,	entre	o	que	planejamos	e	realizamos.	Isso	sig-
nifica	idealizar	e	implementar	ideias,	no	entanto,	esse	processo	é	simultâneo	e	inseparável,	
seu	jeito,	seu	resultado.	Portanto,	o	projeto	e	sua	implementação	precisam	ser	alterados	e	
corrigidos	pelo	caminho,	é	por	isso	que	confirmamos	que	se	trata	de	um	processo.
	Práxis reiterativa: a	repetibilidade	é	sua	característica	e	por	causa	da	repetição	
sob	essas	circunstâncias,	pensa	e	completa	entre	objetivos	e	subjetividade.	Essa	ruptura	
significa	resultados	obtidos	por	meio	de	processos	repetidos	e	da	prática	criativa.	É	operado	
aqui	com	base	no	modelo	previamente	construído;	em	outros	casos	a	situação	é	diferente	
89UNIDADE III O Projeto Ético-Político do Serviço Social Brasileiro e Formação na Sociedade do Capital
de	quando	foi	originalmente	criado.	Nesse	caso,	tudo	que	precisa	fazer	é	repetir	ou	imitar	
outras	ações.
Práxis espontânea e práxis reflexiva: a	consciência	que	antes	é	chamada	de	
prática	não	se	extingue	da	práxis	espontânea	ou	reflexiva,	por	isso	ambas	as	práxis	não	
serão	apresentadas	de	forma	separada,	pois	a	atividade	espontânea	está	presente	no	seio	
da	atividade	reflexiva	e,	para	qualificar	a	prática	como	espontânea	ou	reflexiva,	deve	ser	
levado	em	consideração	o	grau	de	consciência	que	se	tem	de	uma	atividade	prática	que	
está	sendo	desenvolvida.	
É	 importante	 levar	 em	 consideração	 as	 formas	 e	 os	 níveis	 da	 práxis,	 pois,	 ao	
analisar	um	determinado	conjunto	de	objetivações	humanas,	deve-se	ir	além	do	que	está	
exposto,	compreendendo	que	a	práxis	está	ligada	à	consciência	de	um	determinado	fato,	
podendo	transformar	o	ser	social.
3.3 Serviço Social Como Práxis 
Caro(a)	aluno(a),	como	destacado	anteriormente	por	diversos	 intelectuais,	o	 tra-
balho	é	o	ponto	de	partida	da	humanização	e	fundador	no	mundo	do	homem;	considerada	
como	categoria	central	na	vida	do	homem	e	uma	atividade	que	transforma	a	natureza	em	
mercadorias;	um	elemento	constituinte	da	existência	social	e	uma	categoria	exclusiva	dos	
homens,	entre	outros	fatores	que	transforma	a	vida	em	meio	a	sociedade.	
Entender	a	importância	do	trabalho	na	vida	do	homem	faz	toda	a	diferença	quando	
atua	 como	 assistente	 social,	 principalmente	 ao	 diferenciar	 a	 práxis	 da	 categoria	 com	 a	
do	 trabalhador.	Nesse	sentido,	Costa	 (1999)	destaca	ser	 fundamental	a	compreensão	e	
distinção	de	ambas	práxis,	pois	é	por	meio	desse	entendimento	que	o	assistente	social	
poderá	atuar	frente	às	diversas	expressões	da	questão	social.	
90UNIDADE III O Projeto Ético-Político do Serviço Social Brasileiro e Formação na Sociedade do Capital
Portanto,	a	autora	supracitada	destaca	que	o	 trabalhador	muda	uma	matéria	da	
natureza	por	meio	do	processo	de	trabalho,	muitas	vezes	não	pensa,	simplesmente	age	por	
meio	da	linha	de	produção,	podendo	usar	um	pedaço	de	ferro	para	transformar	algo,	tendo	
leis	fixas	como	objetivos	para	segui-las.	Já	o	assistente	social	atua	sobre	o	comportamento	
de	 indivíduos,	 forma	e	o	conteúdo	de	agir	nas	 relações	sociais	 também	dependem	dos	
próprios	pensamentos	e	sentimentos	do	indivíduo	por	meio	da	reação	individual	de	cada	
fato	histórico.	Além	dos	assistentes	sociais	atuarem	sobre	os	indivíduos	para	fortalecê-los	
e	incentivá-los	a	agirem	em	uma	determinada	situação.	Logo,	a	práxis	do	assistente	social	
não	deve	ser	comparada	com	a	dos	demais	trabalhadores,	visto	que	a	matéria	que	trans-
forma	o	meio	de	trabalho	é	diferente.	
O	assistente	 social	 transforma	as	 relações	sociais	e	estas	 são	qualitativa-
mente	(ontologicamente)	diferentes	da	matéria	natural.	Por	isso	a	práxis	do	
assistente	social	é,	no	dia	a	dia,	completamente	diferente	da	práxis	do	operá-
rio.	Não	apenas	seu	local	social	é	muito	distinto	(o	operário	trabalha	na	fábri-
ca	ou	na	agricultura	e	o	assistente	social,	na	enorme	maioria	das	vezes,	em	
órgãos	públicos	ou	ONGs),	mas	a	própria	atividade	é	em	tudo	muito	distinta.	
Essa	é	a	razão	de	a	preparação	profissional	de	um	assistente	social	ser	tão	
distinta	da	de	um	operário.	Os	conhecimentos	e	as	habilidades	 requeridas	
são	muito	diversas,	em	cada	caso.	E	isto	decorre	do	fato	de	que	eles	atuam	
sobre	uma	matéria	e	atendem	a	necessidades	sociais	em	tudo	distintas	(LES-
SA,	2012,	p.	67).	
Neste	sentido,	comparar	a	práxis	do	assistente	social	com	os	demais	trabalhadores	
pode	ser	um	equívoco,	não	apresentando	bons	resultados	ideológicos.	Mas	é	importante	
entender	essa	distinção,	pois	o	maior	público	atendido	pelos	assistentes	sociais	são	os	
trabalhadores	e	entender	o	papel	de	cada	um	na	sociedade	faz	toda	a	diferença	que	acaba	
aproximando	o	assistente	social	dos	seus	usuários	ao	invés	de	afastar.
O	assistente	 social,	 portanto,	 não	apenas	não	 “trabalha”	 como	o	operário,	
como	ainda	é	um	“trabalhador”	distinto	do	operário.	O	que	os	aproxima	é	ape-
nas	a	forma	de	sua	inserção	no	mercado	de	trabalho,	o	fato	de	serem	assala-
riados.	Mas,	por	baixo	dessa	semelhança	superficial,	há	enormes	distinções	
ontológicas:	suas	práxis	são	muito	distintas;	atendem	a	funções	sociais	muito	
diferenciadas	e,	além	disso,	pertencem	a	distintas	classes	sociais	(LESSA,	
2012,	p.	72).	
Portanto,	não	tem	sentido	comparar	a	atuação	dos	assistentes	sociais	com	os	de-
mais	trabalhadores,	muito	menos	com	outros	profissionais,	como:	psicólogos,	pedagogos,	
advogados,	médicos,	entre	outros,	pois	a	prática	ontologicamente	é	diferente	e	os	assis-
tentes	sociais	atuam	sobre	as	relações	sociais	nas	mais	diversas	expressões	da	questão	
social	advindas	da	sociedade	capitalista.		
De	acordo	com	Vasconcelos	(2017)	é	na	sociedade	capitalista	que	o	trabalho	se	
torna	um	modelo	prático	da	exploração	estimulada	pela	burguesia	como	 forma	de	obter	
lucros.	 Neste	 sentido,	 os	 trabalhadores	 reproduzem	 esse	modelo	 prático	 em	 diferentes	
91UNIDADE III O Projeto Ético-Político do Serviço Social Brasileiro e Formação na Sociedade do Capital
níveis	e	em	todas	as	instâncias	da	vida	social,	incluindo	profissionais	de	ensino	superior,	
que	fazem	parte	da	classe	trabalhadora.	Do	ponto	de	vista	das	necessidades	da	burguesia	
e	da	acumulação,	o	Serviço	Social	foi	criado	para	atenderàs	suas	necessidades,	com	isso	
os	profissionais	são	considerados	trabalhadores	assalariados,	atuando	sobre	a	renda	das	
mercadorias	na	produção	e	no	trabalho.
Podemos	então	perceber	que	os	assistentes	sociais	em	instituições	públicas	
ou	 em	empresas	 privadas,	 de	 um	modo	 ou	 de	 outro,	 com	uma	mediação	
ou	outra,	vivem	da	riqueza	produzida	pelos	operários.	Por	isso,	tal	como	to-
das	as	outras	“classes	de	transição”,	os	assistentes	sociais	são	assalariados	
porém	não	são	operários.	E,	pela	mesma	razão,	diferente	da	totalidade	da	
“classe	de	transição”,	o	proletariado	é	a	única	classe	que	vive	da	riqueza	por	
ela	produzida.	É	por	essa	razão,	e	não	por	qualquer	outra,	que	os	operários	
conformam	a	única	classe	que	nada	tem	a	perder	com	a	superação	da	socie-
dade	capitalista	a	“não	ser	seus	grilhões”;	por	isso	os	operários	são,	ao	fim	e	
ao	cabo,	a	única	classe	social	historicamente	comprometida	com	a	supera-
ção	da	propriedade	privada	(LESSA,	2012,	p.	72).	
Portanto,	 não	 podemos	 considerar	 o	 Serviço	 Social	 como	 trabalho	 que	 vive	 da	
riqueza	produzida,	mas	uma	categoria	capaz	de	atender	as	necessidades	da	classe	traba-
lhadora.	Caro(a)	aluno(a),	o	Serviço	Social	como	práxis	é	considerado	de	forma	consciente,	
planejado	e	avaliado,	é	parte	e	expressão	da	prática	social	que	inclui	o	trabalho,	as	ativi-
dades	fundadoras	da	existência	social	e	a	base	das	atividades	econômicas,	no	entanto	a	
alienação	e	exploração	modificaram	a	sociedade	que	criaram	e	produziram	os	problemas	
sociais,	fatores	indispensáveis	na	sociedade	capitalista.	
Em	síntese,	os	assistentes	sociais	devem	atuar	de	forma	propositiva,	entendendo	
a	importância	do	trabalho	na	vida	do	ser	humano.	Mas,	enquanto	categoria	regida	por	um	
Código	de	Ética	e	com	um	Projeto	Ético	Político,	precisa	ter	em	mente	que	o	Serviço	Social	
como	práxis	deve	ter	consciência	do	todo,	exercer	a	profissão	ao	nível	da	práxis	de	forma	
criativa	e	reflexiva,	tendo	na	criticidade	um	fator	importante	para	compreender	as	relações	
sociais	e	os	diversos	problemas	postos	na	sociedade.	O	Serviço	Social	como	práxis	tem	
o papel	de	buscar	uma	visão	transformadora	com	base	na	prática	revolucionária,	tendo	o
Projeto	Ético	Político	como	o	ponto	de	partida.
92UNIDADE III O Projeto Ético-Político do Serviço Social Brasileiro e Formação na Sociedade do Capital
4. O PROJETO ÉTICO - POLÍTICO DO SERVIÇO SOCIAL BRASILEIRO:
EMANCIPAÇÃO HUMANA, PARA ALÉM DOS DIREITOS E DA
CIDADANIA BURGUESES
Caro(a)	aluno(a),	a	incorporação	do	Projeto	Ético	Político	Profissional	do	Serviço	
Social	Brasileiro	aconteceu	a	partir	do	ano	de	1990,	e	logo	após	tivemos	o	novo	Código	
de	Ética	Profissional,	de	1993,	e	a	nova	Lei	nº	8.662/1993,	que	regulamenta	a	profissão	
vigente	até	a	presente	data;	e	as	diretrizes	curriculares,	em	1996,	materializando	o	projeto	
profissional.	Consideradas	o	tripé	que	dá	visibilidade	teórica	e	ético-política,	destacando	a	
profissão	na	divisão	social	e	técnica	do	trabalho,	no	âmbito	das	relações	sociais	por	meio	
da	teoria	social	marxiana.	
Como	destacado	na	segunda	unidade	entre	os	anos	de	1960	a	1980	a	categoria	
realizou	debates	por	meio	de	congressos	e	outros	encontros	para	que	a	 ruptura	com	o	
conservadorismo	acontecesse,	por	meio	do	processo	histórico	de	luta	pela	hegemonia	é	
que	o	Projeto	Ético	Político	se	constituiu	e	o	que	vamos	nos	aprofundar	a	seguir.	
93UNIDADE III O Projeto Ético-Político do Serviço Social Brasileiro e Formação na Sociedade do Capital
4.1 Uma Breve Contextualização do Projeto Ético-Político
Como	destacado,	o	Projeto	Ético	Político	da	profissão	é	resultado	de	um	processo	
histórico	e	luta	pela	constituição	da	hegemonia	por	meio	de	debates	que	reuniram	diversos	
assistentes	sociais	da	época	para	o	avanço	da	profissão.	Ao	analisar	esse	processo	his-
tórico,	mais	especificamente	entre	os	anos	de	1960	a	1980	fica	evidente	que	foram	quase	
30	anos	de	muitas	discussões	e	reflexões	acerca	da	profissão	até	se	chegar	a	intenção	de	
ruptura,	configurando	definitivamente	o	rompimento	com	o	conservadorismo.	
De	acordo	com	Netto	(2005),	houve	três	momentos	marcantes	para	a	profissão,	até	
se	chegar	ao	Projeto	Ético	Político,	que	foi	a	perspectiva modernizadora,	e tinha	como	
propósito	adequar	o	Serviço	Social	em	relação	ao	instrumento	de	intervenção.	As	discus-
sões	acerca	da	perspectiva	modernizadora	se	deram	por	meio	dos	textos	dos	seminários	
de	Araxá	e	Teresópolis.	
O	segundo	 foi	a	 reatualização do conservadorismo,	que	se	aprofunda	na	he-
rança	histórica	e	conservadora	da	profissão,	substituindo	as	bases	teórico-metodológicas,	
tendo	como	referência	o	crítico-dialético,	inspirado	na	fenomenologia.	Por	fim,	a	intenção 
de ruptura	com	o	Serviço	Social	tradicional,	diferente	das	anteriores,	apresenta	uma	crítica	
sistemática	ao	desempenho	tradicional	e	os	estudos	teóricos,	metodológicos	e	ideológicos	
que	envolvem	a	profissão,	com	o	desejo	de	romper	com	qualquer	herança	do	pensamento	
conservador.	Utilizando	da	teoria	marxista	para	entender	a	sociedade	capitalista,	a	luta	da	
classe	trabalhadora	e	seus	interesses	imediatos,	fato	que	aconteceu	no	período	da	ditadura	
militar.
O	Projeto	 de	Ético	Político	Profissional	 do	Serviço	Social	Brasileiro	 considera	 a	
profissão	como	um	produto	histórico,	que	se	constitui	em	uma	forma	de	trabalho	coletivo	na	
divisão	social	e	técnica	do	trabalho	e	seu	significado	social	e	ideológico	pertence	ao	leque	
das	relações	sociais	entre	suas	diversas	classes	sociais.	O	projeto	de	intenção	de	ruptura	
94UNIDADE III O Projeto Ético-Político do Serviço Social Brasileiro e Formação na Sociedade do Capital
do	país	foi	formulado	no	contexto	de	uma	transição	democrática	em	um	contrato	de	cima	
para	baixo	da	classe	dominante,	acordado	pelos	militares.	
O	projeto	foi	resultado	da	ampla	mobilização	da	classe	trabalhadora	do	ambiente	
social	no	final	dos	anos	1970,	mas	foi	na	década	de	1980	que	combinou	a	consolidação	teó-
rica	e	política	da	ruptura	do	Serviço	Social	no	Brasil	e	a	expressou	nas	seguintes	categorias	
de	organizações:	política	sindical,	formação	acadêmica	e	prática	profissional.	
As	 consequências	dos	ajustes	estruturais	 no	 campo	das	 infraestruturas	e	 supe-
restruturas	afetaram	os	assistentes	sociais,	incluindo	os	assalariados,	os	participantes	do	
trabalho	coletivo,	a	divisão	social	e	técnica	do	trabalho	e	o	trabalho	profissional,	que	têm	
base	 social	 em	muitas	manifestações	dos	problemas	 sociais	 da	história	 da	 indústria.	O	
debate	profissional	precisa	percebê-lo	interna	e	externamente,	a	fim	de	analisar	as	deci-
sões	que	o	influenciam	e	moldam,	conquistar	a	hegemonia,	por	meio	do	projeto	de	ruptura	
com	o	conservadorismo,	tendo	a	direção	sociopolítica	profissional	por	meio	de	diferentes	
processos	de	lutas	sociais.
O	Projeto	Ético	Político	Profissional	do	Serviço	Social	Brasileiro	expressa	o	reco-
nhecimento	das	demandas	e	anseios	da	massa	trabalhadora	e	está	vinculado	a	um	projeto	
societário	arraigado	na	vida	social	brasileira	que	contradiz	a	oposição	da	sociedade	capita-
lista.	Com	isso,	temos	o	projeto	profissional,	que	propõe	o	campo	da	conquista	no	quadro	
progressista	da	luta	social	e	democrática	do	país,	portanto	o	projeto	societário	e	profissional	
é	importante,	que	analisaremos	a	seguir.	
4.2 Projetos Societários e Projeto Profissional
De	acordo	com	Netto	(1999,	p.	2),	“os	projetos	societários	são	projetos	coletivos;	
mas	seu	 traço	peculiar	 reside	no	 fato	de	se	constituírem	como	projetos	macroscópicos,	
como	propostas	para	o	conjunto	da	sociedade”.	Ou	seja,	se	constitui	em	um	macro	projeto	
como	sugestão	para	toda	a	sociedade,	mas	somente	o	projeto	societário	tem	essa	caracte-
rística,	em	outros	projetos	coletivos	não	existe	essa	amplitude	e	inclusividade.	
95UNIDADE III O Projeto Ético-Político do Serviço Social Brasileiro e Formação na Sociedade do Capital
De	acordo	com	Teixeira	e	Braz	(2009,	p.	3),	“tanto	os	projetos	societários	quanto	
os	projetos	coletivosvinculam-se	a	práticas	e	atividades	variadas	da	sociedade.	São	as	
próprias	práticas/atividades	que	determinam	a	constituição	dos	projetos	em	si”.	Ou	seja,	
ambos	devem	ter	em	sua	base	uma	relação	com	a	prática	e	a	atividade,	que	está	posta	na	
sociedade,	levando	em	consideração	o	caráter	político	e	ideológico.	Assim	como	apresen-
tado	no	Projeto	Ético	Político	Profissional	do	Serviço	Social	Brasileiro,	que	tem	em	sua	base	
a	prática	e	atividade	que	os	profissionais	deverão	realizar	que	está	atrelada	aos	três	pilares	
que	fideliza	o	PEP,	que	são:	Código	de	Ética	Profissional;	as	diretrizes	curriculares	e	a	Lei	
que	regulariza	a	profissão,	para	entender	o	que	está	posto	na	sociedade	e	como	o	projeto	
deve	ser	desenvolvido	mediante	a	luta	de	classes.	
Em	sociedades	como	a	nossa,	os	projetos	societários	são,	necessária	e	si-
multaneamente,	projetos	de	classe,	ainda	que	refletem	mais	ou	menos	forte-
mente	determinações	de	outra	natureza	(culturais,	de	gênero,	étnicas	etc.).	
Efetivamente,	as	transformações	em	curso	na	ordem	capitalista	não	reduzi-
ram	a	ponderação	das	classes	sociais	e	do	seu	antagonismo	na	dinâmica	da	
sociedade	(NETTO,	1999,	p.	2-3).	
Se	analisar	o	 contexto	histórico	da	nossa	sociedade	pode-se	considerar	que	os	
projetos	societários	são	necessários,	pois	é	por	meio	deles	que	existem	os	demais	projetos,	
considerando	que	a	história	da	sociedade	até	os	dias	de	hoje	é	a	história	da	luta	de	classes,	
a	classe	em	luta	levantou	objeções	a	interesses	antagônicos	que	transcendem	as	dimen-
sões	históricas.	É	importante	destacar	que	o	projeto	societário	responde	aos	interesses	da	
classe	trabalhadora,	dispondo	de	condições	que	favorecem	o	enfrentamento	dos	problemas	
postos	pela	ordem	burguesa.	
Os	 Projetos	 profissionais	mostram	 autoimagem	 profissional	 e	 escolhem	 valores	
para	legitimar	a	sociedade,	definir	e	priorizar	seus	objetivos	e	funções,	formular	requisitos	
para	 exercício,	 como:	 teoria,	 prática	 e	 institucionais	 para	 o	 exercício,	 o	 comportamento	
dos	profissionais	estabelece	a	base	de	 seu	 relacionamento	 com	os	usuários	em	outras	
organizações	e	instituições	profissionais,	privadas	e	sociais	(NETTO,	1999,	p.	4).	
Nesse	sentido,	o	autor	supracitado	destaca	que	os	projetos	profissionais	também	
são	 estruturas	 dinâmicas	 que	 podem	 responder	 às	mudanças	 no	 sistema	 de	 demanda	
social	de	operação	profissional,	mudar	para	aspectos	econômicos,	históricos	e	culturais,	
evolução	teórica	e	prática	da	própria	profissão	e	mudanças	na	composição	social	dos	grupos	
profissionais.	Por	todos	esses	motivos,	projetos	profissionais	também	serão	atualizados	e	
modificados.
De	acordo	com	Teixeira	e	Braz	(2009),	o	projeto	profissional	está	vinculado	a	um	
projeto	societário	e	o	eixo	central	está	relacionado	à	direção	do	desenvolvimento	social	e	as	
96UNIDADE III O Projeto Ético-Político do Serviço Social Brasileiro e Formação na Sociedade do Capital
disputas	entre	os	projetos	societários	é	o	que	determina,	em	última	instância,	a	transforma-
ção	ou	a	persistência	de	uma	determinada	ordem	social.	Portanto,	os	projetos	profissionais	
seriam	inimagináveis	sem	a	existência	do	projeto	societário	que	está	presente	em	qualquer	
projeto	coletivo,	incluindo	o	Projeto	Ético	Político	Profissional	do	Serviço	Social	Brasileiro.	
4.3 Emancipação Humana, Para Além dos Direitos e da Cidadania Burgueses
O	termo	emancipação	humana	foi	utilizado	por	Marx	(2010)	na	sua	obra	Sobre a 
questão judaica,	publicada	em	1844,	nos	Anais	Franco-Alemães,	fazendo	uma	crítica	ao	
Estado	Político	a	partir	das	publicações	dos	artigos	do	jovem	hegeliano	Bruno	Bauer	entres	
os	anos	de	1842	e	1843,	devido	os	 judeus	não	aceitarei	a	religião	posta	pelo	Estado,	o	
cristianismo,	com	isso	eram	privados	dos	direitos	políticos.	
O	Estado	cristão	só	conhece	privilégios.	O	judeu	possui	dentro	dele	o	privi-
légio	de	ser	judeu.	Como	judeu	ele	tem	direitos	que	os	cristãos	não	têm.	Por	
que	almeja	direitos	que	ele	não	tem	e	dos	quais	gozam	os	cristãos?	Ao	querer	
emancipar-se	do	Estado	cristão,	o	judeu	pede	que	o	Estado	cristão	renuncie	
ao	seu	preconceito	religioso.	Acaso	ele,	o	judeu,	renuncia	ao	seu	preconceito	
religioso?	Teria	ele,	portanto,	o	direito	de	pedir	a	alguém	 tal	abdicação	da	
religião?	O	Estado	cristão,	por	sua	própria	essência,	não	pode	emancipar	o	
judeu;	mas,	arremata	Bauer,	o	judeu,	por	sua	própria	essência,	não	pode	ser	
emancipado.	Enquanto	o	Estado	for	cristão	e	o	judeu	judaico,	ambos	serão	
igualmente	incapazes	tanto	de	conceder	quanto	de	receber	a	emancipação.	
O	Estado	cristão	só	pode	se	relacionar	com	o	judeu	na	qualidade	de	Estado	
cristão,	isto	é,	privilegiando,	ao	permitir	o	isolamento	do	judeu	em	relação	aos	
demais	súditos,	mas	fazendo	com	que	sinta	a	pressão	das	demais	esferas	
isoladas,	e	permitindo	que	ele	sinta	tanto	mais	essa	pressão	pelo	fato	de	se	
encontrar	em	oposição	religiosa	à	religião	dominante	(MARX,	2010,	p.	33-34).	
97UNIDADE III O Projeto Ético-Político do Serviço Social Brasileiro e Formação na Sociedade do Capital
O	termo	Estado	cristão	foi	utilizado	por	Bauer	para	tratar	sobre	a	emancipação	dos	
judeus,	no	entanto	Marx	se	apropria	desse	termo	para	criticar	o	Estado,	que	não	deve	ter	
um	posicionamento	na	base	religiosa,	visto	que	o	Estado	é	político.	Para	Marx	(2010),	não	
se	 trata	mais	de	 retomar	o	caminho	da	Revolução	Francesa	e	entrar	no	caminho	certo,	
mas	de	uma	 revolução	 inédita	e	sem	precedentes,	esta	não	é	apenas	uma	questão	de	
emancipação	política,	mas	uma	questão	de	alcançar	a	emancipação	humana.	
Do	caráter	individual	e	liberal	da	emancipação,	questionado	por	Marx	parte	
dos	direitos	humanos	 instituídos	pela	Revolução	Francesa,	que	 resultaram	
em	momentos	contraditórios:	“por	um	lado,	revolucionaram	as	relações	feu-
dais;	por	outro,	cercam	o	indivíduo	em	seu	egoísmo,	na	sua	propriedade,	na	
sua	liberdade,	perdendo	a	dimensão	da	totalidade	onde	está	inserido	(LUIZ,	
2008,	p.	119).
Neste	sentido,	a	emancipação	política	só	faz	sentido	quando	vemos	a	emancipação	
humana	e	esse	deve	ser	um	passo	histórico	no	caminho	da	libertação	humana.	Sabendo	
que	a	 libertação	política	é	 limitada,	ou	seja,	só	cria	uma	democracia	 formal,	declarando	
direitos	e	liberdades	que	não	podem	realmente	existir	em	uma	sociedade	burguesa,	para	
Marx	(2010),	a	emancipação	política	deve	ser	parcial,	não	tendo	lado	privilegiado,	o	que	
não	acontece	na	realidade.	
De	acordo	com	Luiz	(2008),	a	emancipação	humana	se	dá	no	processo	de	inferir	o	
círculo	dos	indivíduos	sem	considerar	a	sociedade,	transformando	suas	relações	pessoais	
em	uma	dimensão	social,	como	uma	força	social	organizada	na	construção	democrática	de	
outra	sociedade.	Para	o	autor,	a	consideração	de	Marx	é	radical:	“a	emancipação	humana	
só	poderá	ser	alcançada	 fora	da	sociedade	burguesa,	 com	a	superação	dos	 interesses	
individuais,	da	dominação	e	da	falta	de	liberdade”	(LUIZ,	2008,	p.	118).	
Ao	analisar	as	bases	do	conceito	marxista	entende-se	que	há	uma	herança	deixada	
pelos	predecessores	e	o	alicerce	fundamental	da	emancipação	humana	é	a	possibilidade	
dos	seres	humanos	 terem	o	controle	da	sua	história	de	 forma	consciente	e	sistemática,	
que	para	Marx	não	precisa	ser	um	iluminista,	nem	um	indivíduo	liberal,	mas	alguém	que	
dá	 forma	ao	mundo.	A	 emancipação	humana	 só	 poderá	 acontecer	 se	 o	 homem	estiver	
disposto	a	fazer	tal	mudança.	
De	 acordo	 com	Bressan	 (2009),	 a	 emancipação	 humana	 começou	 a	 ser	 citada	
de	forma	mais	aguda	no	Serviço	Social	a	partir	da	década	de	1990.	Tem	causado	esco-
lhas	valiosas	para	o	projeto	profissional,	neste	aspecto,	uma	base	ética	que	fundamenta	
essas	escolhas	é	a	 liberdade	tida	como	valor	ético,	a	emancipação	e	o	aprofundamento	
da	democracia	 conforme	 regido	no	Código	de	Ética	Profissional	de	1993	nos	princípios	
fundamentais.	
98UNIDADE III O Projeto Ético-Político do Serviço Social Brasileiro e Formação na Sociedade do Capital
I. Reconhecimento	da	 liberdade	como	valor	éticocentral	e	das	demandas
políticas	a	ela	 inerentes	-	autonomia,	emancipação	e	plena	expansão	dos
indivíduos	 sociais;	 [...]	 IV	Defesa	 do	 aprofundamento	 da	democracia,	 en-
quanto	 socialização	da	participação	política	 e	 da	 riqueza	 socialmente	 pro-
duzida	 (CONSELHO	FEDERAL	DE	ASSISTENTES	SOCIAIS,	1993,	p.	24,
grifos	nossos).
Neste	aspecto,	o	conceito	da	emancipação	humana	que	fundamenta	o	Projeto	Ético	
Político	profissional	nos	revela	um	projeto	que	rompe	com	a	realidade	existente	na	socieda-
de,	conforme	criticado	por	Marx,	sendo	destacadas	a	liberdade,	a	emancipação	humana	e	a	
democracia	como	fatores	importantes	que	não	encontram	espaço	na	sociedade	capitalista.	
Uma	das	indagações	contidas	no	PEP	é	o	que	os	profissionais	devem	fazer	no	momento	
da	atuação	profissão,	ou	seja,	ter	em	mente	o	significado	da	liberdade,	democracia	e	eman-
cipação	humana	–	os	valores	recebidos	e	como	devem	ser	produzidos.	Identificando	que	
esses	valores	também	remetem	ao	dever	para	com	uma	sociedade	futura,	entendendo	que	
na	sociedade	capitalista	esses	valores	são	limitados	e	isto	deve	estar	claro	na	defesa	do	
projeto	profissional.	
O	 Projeto	 Ético	 Político	 Profissional	 do	 Serviço	 Social	 Brasileiro	 expressa	 os	
principais	valores	ideológicos,	como:	liberdade,	emancipação	e	democracia,	que	possibi-
lita	superar	as	condições	desafiadoras	mediante	à	situação	posta	na	sociedade,	como	a	
opressão	e	dominação,	além	do	trabalho	alienado.	Entender	a	emancipação	humana,	como	
surgiu	e	seu	significado,	vai	além	dos	direitos	regidos	na	Constituição	Federal	de	1988,	pois	
é	por	meio	da	emancipação	humana	que	a	sociedade	consegue	ter	uma	perspectiva	melhor	
em	relação	ao	futuro	e	o	assistente	social	enquanto	profissional	regulamentado	e	inscrito	
na	divisão	social	e	técnica	do	trabalho	tem	o	dever	de	estar	à	frente.	Por	esse	motivo	o	
projeto	profissional	precisou	existir	e	fazer	parte	da	categoria	profissional	e	cabe	somente	
a	nós,	assistentes	sociais,	lutar	pela	garantia	dos	direitos	e	não	retroceder	as	conquistas	já	
alcançadas.
99UNIDADE III O Projeto Ético-Político do Serviço Social Brasileiro e Formação na Sociedade do Capital
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro(a)	aluno(a),	chegamos	ao	fim	de	mais	uma	unidade.	Tenho	certeza	de	que	a	
cada	unidade	os	conteúdos	apreendidos	vão	fazendo	mais	sentido	sobre	a	profissão	e	o	
que	o	assistente	social	faz	e	a	sua	importância	na	sociedade.
	Entender	alguns	conceitos	é	relevante	e	importante,	como,	por	exemplo,	os	que	
foram	apresentados	nesta	unidade	–	a	concepção	de	mundo,	que	nada	mais	é	do	que	o	
processo	histórico	do	ser	humano	e	a	peça	fundamental	para	entender	a	realidade	já	vivida	
ou	a	que	está	sendo	vivida.	Isso	faz	toda	a	diferença	no	momento	da	atuação	profissional,	
visto	 que	 os	 assistentes	 sociais,	 para	 realizar	 um	 atendimento	 e	 dar	 o	 parecer,	muitas	
vezes,	precisa	fazer	resgates	históricos	da	concepção	de	mundo	analisada.	
Um	segundo	conceito	que	considero	importante	para	a	categoria	profissional	é	a	
crítica	econômica	política	feita	por	Karl	Marx	em	seu	livro	O Capital - volume 1, e	que	depois	
outros	estudiosos	deram	sequência.	Entendendo	como	a	sociedade	capitalista	e	a	classe	
trabalhadora	funcionavam	mediante	a	um	processo	de	produção	do	capital,	fator	importante	
para	que	os	assistentes	sociais	entendam,	afinal,	a	categoria	tem	em	sua	base	teórica	a	
criticidade	e	a	busca	pela	compreensão	do	real	e	do	tangível.
Outro	conceito	importante	para	a	categoria	é	o	entendimento	do	trabalho	na	vida	
do	homem	e	a	práxis	que	está	voltada	à	prática,	relacionando	a	atividade	consciente	e	re-
volucionária,	tendo	formas	e	níveis	relevantes	para	compreender	todos	e	qualquer	conceito	
posto	na	sociedade	e	entender	tanto	o	conceito	trabalho	quanto	práxis	é	relevante	para	a	
categoria	profissional.	Primeiro	porque	as	práticas	do	assistente	social	são	iguais	às	dos	
demais	 profissionais/trabalhadores	 e	 dentre	 os	 níveis	 da	 práxis	 o	 que	mais	 precisa	 ser	
utilizado	no	seio	da	categoria	é	a	criatividade	e	a	reflexividade.	
E	não	podemos	deixar	de	falar	sobre	o	Projeto	Ético	Político	da	Profissão	do	Ser-
viço	Social	brasileiro,	que	teve	a	sua	origem	no	ano	de	1990	e	tem	em	sua	base	o	Código	
de	Ética	Profissional,	as	Diretrizes	Curriculares	e	a	Lei	que	regulamenta	a	profissão	sendo	
fundamentada	pela	liberdade,	democracia	e	emancipação	humana	pela	busca	e	garantia	
dos	direitos	sociais.	
Espero que esse estudo tenha te ajudado e desejo bons estudos!
100UNIDADE III O Projeto Ético-Político do Serviço Social Brasileiro e Formação na Sociedade do Capital
LEITURA COMPLEMENTAR 
Projeto	Ético	Político	do	Serviço	Social
(...)
Os	projetos	profissionais	são	impensáveis	sem	esses	pressupostos,	são	infundados	
se	não	os	remetemos	aos	projetos	coletivos	de	maior	abrangência:	os	projetos	societários	
(ou	projetos	de	sociedade).	Quer	dizer:	os	projetos	societários	estão	presentes	na	dinâmica	
de	qualquer	projeto	coletivo,	inclusive	em	nosso	projeto	ético-político.		
Os	projetos	societários	podem	ser,	em	linhas	gerais,	transformadores	ou	conser-
vadores.	Entre	os	transformadores,	há	várias	posições	que	têm	a	ver	com	as	formas	(as	
estratégias)	de	 transformação	social.	Assim,	 temos	um	pressuposto	 fundante	do	projeto	
ético-político:		a	sua	relação	ineliminável	com	os	projetos	de	transformação	ou	de	conserva-
ção	da	ordem	social.	Dessa	forma,	nosso	projeto	filia-se	a	um	ou	outro	projeto	de	sociedade	
não	se	confundindo	com	ele.
Não	 há	 dúvidas	 de	 que	 o	 projeto	 ético-político	 do	Serviço	Social	 brasileiro	 está	
vinculado	a	um	projeto	de	transformação	da	sociedade.	Essa	vinculação	se	dá	pela	pró-
pria	exigência	que	a	dimensão	política	da	intervenção	profissional	põe.		Ao	atuarmos	no	
movimento	contraditório	das	classes,	acabamos	por	imprimir	uma	direção	social	às	nossas	
ações	profissionais	que	favorecem	a	um	ou	a	outro	projeto	societário.		
(...)	
Fonte:	Teixeira	(2009).	
101UNIDADE III O Projeto Ético-Político do Serviço Social Brasileiro e Formação na Sociedade do Capital
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO 01
Título:	Código	de	ética	do/a	Assistente	Social	comentado.
Autor:	Maria	Lucia	Silva	Barroco,	Sylvia	Helena	Terra
Editora:	Cortez
Sinopse:	Este	livro	preenche	uma	lacuna.	Não	havia	até	agora	um	
texto	acadêmico	destinado	a	comentar	o	Código	de	Ética	em	vigor,	
de	1993,	na	sua	 totalidade.	As	autoras	 comentam	o	Código	em	
seus	 fundamentos	sócio-históricos	e	ontológicos,	bem	como	em	
suas	reais	possibilidades	de	materialização,	no	contexto	de	uma	
sociabilidade	fundada	na	acumulação	e	na	propriedade	privada.	
LIVRO 02 
Título:	Economia	Política:	uma	introdução	crítica.	
Autor:	José	Paulo	Netto	e	Marcelo	Braz	
Editora:	Cortez
Sinopse: Essa	obra	permite	a	compreensão	da	constituição	e	do	
desenvolvimento	do	modo	de	produção	capitalista,	bem	como	das	
principais	categorias	de	análise	a	partir	das	quais	Marx	elaborou	
sua	genial	crítica.	Mantendo-se	fiéis	à	impostação	teórico-metodo-
lógica	do	filósofo	alemão	bem	como	incorporando	às	suas	lições	
o que	 mais	 fecundo	 produziu	 a	 chamada	 tradição	 marxista,	 os
autores	fornecem	os	elementos	principais	para	o	debate	sobre	as
condições	de	existência	do	capitalismo	e,	o	que	é	mais	importante.
de	sua	superação	rumo	a	uma	organização	societária	onde	o	ser
social	possa	realmente	ver-se	emancipado	dos	processos	alienan-
tes	e	potencialmente	barbarizantes	impostos	pelo	capital.
FILME/VÍDEO 01
Título:	Germinal	
Ano:	1993
Sinopse:	durante	o	Século	XIX,	os	trabalhadores	franceses	eram	
explorados	pela	aristocracia	burguesa,	que	dava	condições	mise-
ráveis	para	seus	empregados.	Em	uma	cidade	francesa,	os	mora-
dores	de	uma	grande	mineradora,	decidem	realizar	uma	greve	e	
se	rebelar	contra	seus	chefes,	causando	o	caos.				
102UNIDADE III O Projeto Ético-Político do Serviço Social Brasileiro e Formação na Sociedade do Capital
FILME/VÍDEO 02
Título: O	poço
Ano: 2019
Sinopse: Exibido	pela	Netflix,	O	Poço	conta	a	história	deum	lugar	
misterioso,	 uma	 prisão	 indescritível,	 um	 buraco	 profundo.	 Dois	
reclusos	que	vivem	em	cada	nível.	Um	número	desconhecido	de	
níveis.	Uma	plataforma	descendente	contendo	comida	para	todos	
eles.	Uma	 luta	desumana	pela	sobrevivência,	mas	 também	uma	
oportunidade	de	solidariedade
Link do vídeo: Disponível	na	Netflix
103
Plano de Estudo:
● O	que	fazer	profissional;
● Os	quatro	projetos	profissionais;
● A	escolha	ético-política	e	teórico-metodológica	frente	a	diferentes	projetos	profissionais;
● Respostas	profissionais:	tendências,	limites,	consequências	e	possibilidades	não
exploradas.
Objetivos da Aprendizagem:
● Compreender	o	conceito	do	quefazer	profissional;
● Contextualizar	os	quatros	projetos	profissionais
● Conceituar	a	escolha	ética-política	e	teórico-metodológica	frente
aos	diferentes	projetos	profissionais;	
●	 Apresentar	as	respostas	profissionais,	dentre	as	tendências,	
limites,	consequências	e	possibilidades	que	não	foram	exploradas.	
UNIDADE IV
O Assistente Social na Luta de Classes
Professora Esp. Irení Alves de Oliveira
104UNIDADE IV O Assistente Social na Luta de Classes
INTRODUÇÃO
Caro(a)	aluno(a),	nesta	quarta	unidade	vamos	abordar	temas	relevantes	em	relação	
ao	assistente	social	na	luta	de	classes,	temas	pelos	quais	te	farão	refletir	sobre	a	prática	
profissional	 como	 por	 exemplo	 o	 quefazer	 profissional;	 os	 quatro	 projetos,	 o	 porquê	 da	
escolha	ético-política	e	teórico-metodológica	frente	aos	diferentes	projetos	profissionais	e	
as	respostas	sobre	as	tendências,	limites,	consequências	e	possibilidades	não	exploradas	
e	para	entender	melhor	sobre	esses	temas	foi	preciso	dividir	esta	unidade	em	quatro	partes	
e	para	dar	embasamento	utilizei	como	base	central	a	teoria	a	autora	Ana	Maria	de	Vascon-
celos	em	seu	livro	“a/o	assistente	social	na	luta	de	classes:	projetos	profissional	e	mediação	
teórica-prática”	que		recomendo	a	leitura	para	entender	o	que	foi	exposto	nesta	unidade.	
Diante	disso,	destaco	de	forma	breve	o	que	irá	encontrar	nas	quatros	partes	desta	
unidade,	sendo	que	na	primeira	apresentarei	sobre	a	dúvida	que	se	tinha	após	a	regula-
mentação	da	profissão,	era	um	misto	de	clareza	com	uma	prática	voltada	para	atender	aos	
interesses	da	sociedade	capitalista	e	do	Estado,	nesta	parte	apresenta-se	um	antes	de	
depois	do	o	quefazer	profissional	em	relação	ao	Movimento	de	Reconceituação,	um	fato	
que	marcou	a	categoria.	Na	segunda	parte	serão	apresentados	os	quatro	projetos,	sendo	
que	o	primeiro	é	considerado	o	mais	importante,	pois	aborda	conceitos	que	vai	de	encontro	
com	o	rompimento	com	a	prática	conservadora,	os	outros	três	projetos	estão	voltados	para	
a	prática	profissional,	mas	ainda	encontram	resquícios	conservadores.		
Já	na	terceira	unidade	serão	destacados	os	motivos	que	levaram	à	escolha	de	duas	
bases	consideradas	importantes	para	a	fundamentação	do	projeto,	sendo	que	o	primeiro	
está	baseado	nos	preceitos	éticos	contidos	no	Código	de	Ética	Profissional	e	o	segundo	
nas	bases	teóricas	que	proporcionam	ao	assistente	social	entender	a	realidade	posta	no	
cotidiano.	E	por	fim,	a	quarta	parte	traz	quatro	pontos	importantes	abordados	em	forma	de	
questionamentos	para	que	possa	refletir	sobre	o	fazer	profissional	para	que	possa	entender	
toda	a	dinâmica	que	envolve	o	assistente	social	criando	assim	respostas	no	momento	do	
exercício	profissional.	
Espero	que	os	conteúdos	contidos	nesta	unidade	possam	te	fazer	refletir	e	entender	
o contexto	que	o	assistente	social	está	inserido.
Bons estudos!
105UNIDADE IV O Assistente Social na Luta de Classes
1. O "QUEFAZER PROFISSIONAL" 
O	termo	“quefazer	profissional”	surge	na	Era	Vargas,	quando	a	profissão	se	con-
solida/regulamenta,	 estruturada	 por	 meio	 de	 um	 olhar	 mais	 perceptivo	 do	 que	 está	
exposto	 na	 sociedade	 para	 atender	 aos	 interesses	 da	 ordem	 burguesa.	 Com	 isso,	 a	
inserção	 do	 assistente	 social	 passa	 a	 ser	 sob	 o	 controle	 e	 a	 submissão	 da	 classe	
trabalhadora	 por	meio	das	 instituições	 sociais	 criadas	pelo	Estado,	mas	que	em	alguns	
momentos	tinha	o	envolvimento	da	igreja	católica	nas	ações	realizadas.	
No	entanto,	neste	período,	por	mais	que	a	profissão	tivesse	referências	teóricas	
da	Europa	voltadas	para	entender	as	relações	sociais	capitalistas,	não	se	tinha	grandes	
investimentos	teórico-metodológicos	que	privilegiasse	o	técnico-operativo	com	base	argu-
mentativa,	capaz	de	entender	o	processo	social	como	algo	mais	complexo.	Neste	sentido	os	
comportamentos	tornaram-se	neutros,	apresentando	respostas	prontas	diante	do	problema	
social	exposto	e,	em	algumas	situações	culpabilizando,	responsabilizando	ou	 individuali-
zando	a	classe	“menos	favorecida”,	o	que	de	certa	forma	fortalecia	a	ordem	burguesa.	
Neste	período	o	“quefazer	profissional”	era	organizado	de	forma	fragmentada	em	
relação	ao	processo	social,	 a	questão	social	era	entendida	como	algo	natural	e	a	cada	
expressão	posta	na	sociedade	aplicava-se	os	métodos	da	Mary	Richmond	(estudo,	diag-
nóstico,	tratamento,	avaliação	e	alta)	de	forma	isolada.	Ou	seja,	eram	realizados	em	uma	
pessoa	e/ou	 família,	entendo	que	o	problema	poderia	ser	apenas	um	e/ou	um	conjunto.	
106UNIDADE IV O Assistente Social na Luta de Classes
Para	resolver	o	problema	teria	que	tratar	no	individual	e,	com	isso,	fragmentava	o	processo	
social,	separando	os	fatos	ocorridos	do	contexto	histórico.		
Caro(a)	aluno(a),	se	recapitular	a	trajetória	do	Serviço	Social	no	Brasil	–	desde	o	
processo	de	industrialização	até	os	dias	atuais,	observará	que	a	sociedade,	de	forma	geral	
– Estado,	sistema	capitalista,	processos	de	trabalho,	trabalhadores,	profissões	e	profissio-
nais,	inclusive	o	Serviço	Social	e	assistentes	sociais	–,	passaram	por	grandes	mudanças,
havendo	a	necessidade	de	se	atualizar	e/ou	modernizar	a	partir	do	contexto	histórico	atual.
Diante	dessas	mudanças,	tanto	o	pensar	quanto	o	quefazer	profissional	precisou	passar
por	esse	processo	de	atualização	e	modernização	que	apresentarei	no	quadro	a	seguir.
QUADRO 1 - O QUEFAZER PROFISSIONAL - ANTES DE DEPOIS
Antes dos anos de 1960/1980 Depois dos anos de 1960/1980
*Tratamento	 de	 casos,	 grupos	 e	 co-
munidades
*Terapia	comunitária,	familiar,	de	idosos,	de	trabalhadores	apo-
sentados	ou	em	processo	de	aposentadoria,	dependentes	quí-
micos	etc.
*Utilização	de	instrumentos;	recursos	e	técnicas	como:	estudos
socioeconômicos,	 genograma,	 cadastramentos,	 operação	 de
sistemas	informatizados	(comunicação	e	gerenciamento	de	in-
formações).
*Dinâmicas	de	grupos	e	processos	(des)	educativo,	tais	como:
educação	ambiental;	orientação	burocrática	de	acesso	a	políti-
cas/programas/benefícios	e	cumprimento	de	condicionalidades,
de	regras,	códigos	de	conduta	e	disciplina	empresariais;	avalia-
ção	funcional/para	contratação	etc.
Fonte:	Vasconcelos	(2017,	p.	281).		
É	evidente	que	houve	uma	mudança	grandiosa	em	relação	ao	quefazer	profissional,	
pois	antes	se	tinha	um	modelo	reproduzido	no	estudo,	diagnóstico,	tratamento,	avaliação	
e	 alta	 baseado	 no	método	 clínico	 de	Mary	Richmond,	 que	 tem	 na	 base	 dos	 estudos	 o	
tratamento	de	doenças	na	concepção	de	saúde	com	falta	de	doença.	
Nesse	sentido,	o	Serviço	Social	de	Caso	acabou	sendo	resumido	no	estudo	dos	
problemas	sociais	de	um	indivíduo,	ampliando	para	um	caso	social	apresentando	um	plano	
de	tratamento,	sendo	diagnosticado	a	partir	do	desenvolvimento	e	das	potencialidades,	por	
meio	das	entrevistas	e	acompanhamento	para	que	o	indivíduo	pudesse	resgatar	a	sua	au-
toestima	e,	somente	após	apresentar	uma	melhora	do	comportamento	é	que	o	profissional	
poderia	dar	alta	e	se	analisasse	necessário	daria	continuidade	ao	tratamento,	dependendo	
do	grau	de	evolução.	
107UNIDADE IV O Assistente Social na Luta de Classes
A	partir	da	intenção	de	ruptura	e	o	processo	de	renovação,	o	estudo	“caso	social”,	
que	era	utilizado	no	Serviço	Social	conservador	e	tradicionalista,	deixa	de	fazer	parte	do	
quefazer	profissional,	porém	pode	serencontrado	no	cotidiano	dos	profissionais	que	atuam	
em	hospitais	emergenciais.	 Isso	pode	ser	um	retrocesso	para	a	categoria,	uma	vez	que	
esse	método	não	tem	uma	base	profunda	em	relação	ao	todo,	no	entanto	cabe	ao	assis-
tente	social	identificar	e	melhorar	o	seu	processo	de	atuação	a	partir	da	nova	concepção	
do	Serviço	Social.	
Nos	 dias	 atuais,	 o	 quefazer	 profissional	 deve	 estar	 incorporado	 nas	 diferentes	
demandas	e	segmentos	da	classe	trabalhadora,	por	meio	das	políticas	públicas	e	na	luta	
contra	a	opressão	e	discriminação,	além	da	busca	pela	democracia	e	emancipação	huma-
na,	entendendo	a	dimensão	da	exploração	do	trabalho	da	grande	parcela	da	sociedade	e	
a	concentração	de	riqueza	da	pequena	parcela,	tendo	a	noção	de	que	o	usuário	do	serviço	
que	está	inserido	é	sujeito	de	direitos.	
O	quefazer	profissional	atualmente	apresenta	muitos	avanços,	tendo	o	profissional	
o papel	de	estudar	continuamente,	além	de	pesquisar,	planejar	e	executar	políticas	públi-
cas	e	sociais.	A	parte	técnica	conta	com	instrumentos	importantes,	como:	laudos;	perícias;
pareceres;	estudos	sociais;	visitas	domiciliares;	entrevistas.	Além	da	realização	de	preen-
chimento	de	cadastro;	acolhimentos;	orientações;	encaminhamentos,	terapias	(familiares	e
comunitária);	projetos	sociais;	participação	em	movimentos	sociais,	entre	outros	que	fazem
parte	do	quefazer	do	assistente	social.
É	evidente	que	as	mudanças	dentro	da	categoria	profissional,	principalmente	no	
quefazer	profissional	deu-se	por	meio	dos	avanços	adquiridos	ao	longo	dos	debates	que	
aconteceram	entre	os	anos	de	1960	a	1980.	Considerado	por	muitos	profissionais	como	um	
marco	para	a	categoria,	que	saiu	de	um	método	mais	centralizado,	ampliando	os	horizontes	
e	entendendo	o	papel	da	profissão	na	sociedade,	principalmente	pelo	 fato	de	que	antes	
buscava	 atender	 os	 interesses	 da	 sociedade	 capitalista	 e	 do	Estado	 e	 hoje	 busca	 pela	
liberdade,	democracia	e	emancipação	humana,	na	luta	pela	garantia	dos	direitos.	
Cabe	 destacar	 que	 o	 quefazer	 profissional,	 assim	 como	os	 demais	 atributos	 do	
assistente	social,	precisa	estar	em	constante	mudança.	Sempre	evoluindo	e	melhorando	
as	 forças	do	que	deve	ser	 feito	e	como	deve	ser	 feito,	nunca	perdendo	o	compromisso	
ético,	político	e	metodológico	que	envolve	os	profissionais,	tendo	a	capacidade	de	decifrar	
a	realidade	social	posta	no	cotidiano	nos	diversos	campos	de	atuação.
108UNIDADE IV O Assistente Social na Luta de Classes
2. OS QUATROS PROJETOS PROFISSIONAIS
Caro(a)	aluno(a),	o	desenvolvimento	do	Serviço	Social	no	contexto	histórico	brasi-
leiro	foi	importante	para	a	consolidação	da	categoria	profissional.	Entre	os	anos	de	1960	a	
1980	houve	muitas	atualizações,	principalmente	na	parte	 teórica	e	prática	que	envolve	os	
profissionais;	os	projetos	contribuíram	para	tal	feito	por	meio	de	destinos	históricos	diferentes.	
Segundo	Vasconcelos	(2017,	p.	293),	“as	fronteiras	teóricas	e	ético-políticas	entre	
esses	projetos	são	bem	delimitadas,	a	depender	das	referências	teóricas	e	ético-políticas	
que	os	sustentam	e	que	sustentam	os	sujeitos	profissionais”,	isso	porque	os	projetos	ainda	
tinham	o	caráter	conservador,	com	exceção	do	primeiro	projeto	–	que	irei	abordar	a	seguir.	
Este	é	considerado	pela	autora	como	o	único	projeto	anticapitalista,	abordando	caracterís-
ticas	para	romper	com	o	conservadorismo.	
Os	demais	projetos	são	importantes	quando	se	analisa	a	perspectiva	do	cotidiano	
e	da	prática.	Em	resumo,	os	projetos	apresentados	de	certa	forma	destacam	características	
importantes	em	relação	às	estratégias,	habilidades	e	recursos	essenciais	para	o	profissional.			
109UNIDADE IV O Assistente Social na Luta de Classes
2.1 Projeto Com Influência da Tradição Marxista 
Segundo	Netto	 (1999),	este	projeto	originou-se	do	processo	de	enfrentamento	e	
denúncia	 do	 conservadorismo,	 iniciado	 durante	 o	 período	 de	 transição	 das	 décadas	 de	
1970	 para	 1980	 com	a	 ruptura	 intencional.	 Em	 seu	 desenvolvimento	 e	 no	 processo	 de	
integração	política	teórica	e	ética,	o	projeto	foi	denominado	Projeto	Ético	Político	Profissio-
nal	do	Serviço	Social	Brasileiro,	na	década	de	1990,	estando	vigente	até	a	data	presente,	
baseado	nos	princípios	do	Código	de	Ética	Profissional	do	Assistente	Social;	no	processo	
de	formação	-	Diretrizes	curriculares	da	ABEPSS	e	na	Lei	que	regulamenta	a	profissão	–,	
abordando	de	forma	explícita	a	referência	teórica	social	crítica	de	Karl	Marx.
Caro(a)	aluno(a),	é	importante	destacar	que	os	11	princípios	contidos	no	Código	de	
Ética	são	os	referenciais	teórico-metodológicos	e	técnico-operacionais	contidos	no	progra-
ma	de	formação	apresentado	pela	ABEPSS	(1996).	Podemos	compreender	os	aspectos	
de	socialização,	emancipação,	 revolução	e	anticapitalismo	contidos	no	projeto,	que	 tem	
como	propósito	superar	o	conservadorismo	histórico	enraizado	na	profissão,	fortalecendo	
a	ruptura,	principalmente	com	a	ordem	burguesa,	tendo	a	emancipação	humana	como	um	
dos	objetivos	principais	para	a	concretização	do	Projeto	Ético	Político.			
Esse	projeto	profissional	proporciona	uma	elaboração	orgânica	e	substantiva	da	
pesquisa	e	geração	de	conhecimento,	pois	a	pesquisa	é	o	elemento	básico	do	papel	da	
distribuição	 e	 integração	 profissional.	Nesse	 sentido,	 além	do	 uso	 adequado	 do	 conhe-
cimento	histórico	e	da	socialização	dos	resultados	da	pesquisa	realizada	por	assistentes	
sociais,	é	necessário	encontrar	meios,	canais	e	métodos	para	sintetizar	o	progresso	como	
um	todo,	principalmente	nas	realizações	e	nos	avanços	dos	pesquisadores	em	relação	à	
parte	teórica	técnico	operativo
110UNIDADE IV O Assistente Social na Luta de Classes
todo/a	assistente	social,	no	seu	campo	de	trabalho	e	intervenção,	deve	de-
senvolver	uma	atitude	 investigativa:	 o	 fato	de	não	ser	um/a	pesquisador/a	
em	tempo	integral	não	o/a	exime	de	querer	de	acompanhar	os	avanços	dos	
conhecimentos	pertinentes	ao	seu	campo	trabalho,	quer	de	procurar	conhe-
cer	concretamente	a	realidade	da	sua	área	particular	de	trabalho.	Este	é	o	
principal	modo	para	qualificar	o	seu	exercício	profissional,	qualificação	que,	
como	se	sabe,	é	uma	prescrição	do	nosso	próprio	Código	de	Ética	(NETTO,	
2009,	p.	20).
Neste	sentido,	o	projeto	profissional	impõe	vínculos	com	movimentos,	lutas	sociais	
e	organizações	 representativas	de	 trabalhadores	de	diferentes	classes	para	 fortalecer	a	
formação,	mobilização	e	organização	dos	trabalhadores,	apoiando	as	lutas	coletivas	anti-
capitalistas	e	emancipatórias.	
Portanto,	por	meio	do	Projeto	Ético	Político	do	Serviço	Social	brasileiro,	uma	série	
de	teorias,	metodologias	e	referenciais	éticos	políticos	sustentam	toda	a	ação	do	profissio-
nal	que	busca	pela	hegemonia	da	direção	social	voltada	para	o	Serviço	Social.	
Projeto	Ético-Político	do	Serviço	Social	brasileiro	—,	que	tem	sua	substância	
na	legislação	(Código	de	Ética,	Lei	de	Regulamentação	da	Profissão	[Lei	n.	
8.662/1993]	 e	Projeto	Formação	ABEPSS);	 na	produção	de	 conhecimento	
que	 alcança,	 para	 além	 da	 petição	 de	 princípios,	 ser	mediada	 pela	 teoria	
social	crítica;	nas	práticas	profissionais	e	políticas	mediadas	pelo	projeto	e	
na	 luta	política	da	categoria,	capitaneada	pelos	seus	organismos	de	repre-
sentação	(Conjunto	CFESS/CRESS,	ABEPSS,	ENESSO)	(VASCONCELOS,	
2017,	p.	299).	
Em	síntese,	esse	é	o	projeto	que	sempre	orientou	os	debates	teóricos	e	manteve	a	
hegemonia,	estando	presente	na	luta	política	e	no	processo	organizativo	profissional.	Seu	
maior	desafio	é	não	ter	mediado	ou	estar	mediando	a	maioria	das	práticas	profissionais,	in-
dependente	do	campo	de	atuação,	também	instaurada	na	formação	profissional,	conforme	
evidenciado	em	múltiplos	estudos	sobre	a	idade	da	formação	e	da	atuação	profissional	dos	
assistentes	sociais	brasileiros.
2.2 Projeto de “Cariz Tecnocrático” 
Esse	projeto	herdou	a	perspectiva	modernizadora	dos	anos	de	1960	a	1970	e	“re-
novada	pela	ofensiva	neoliberal	e	reciclada	por	outrasocasionou	 o	 pauperismo	 e	
empobrecimento	da	classe	operária,	gerando	diversos	problemas	sociais.	Isso	chamou	a	
atenção	da	classe	burguesa	e	do	Estado,	que	precisava	de	algum	mecanismo	para	atender	
as	necessidades	emergentes	da	classe	operária,	para	continuar	vendendo	a	sua	força	de	
trabalho.	O	segundo	motivo	é	que	a	questão	social	se	tornou	o	objetivo	do	trabalho	do	as-
sistente	social,	e,	para	analisar	as	suas	variações,	principalmente	na	atualidade,	é	preciso	
entender	a	origem	e	o	contexto	em	que	a	questão	social	passou	a	ser	reconhecida	pelo	
Estado,	classe	operária	e	burguesia.	
Com	isso,	entender	a	questão	social	é	captar	as	múltiplas	formas	de	pressão	social,	
decifrando	a	realidade	do	cotidiano,	pois	pensar	nos	problemas	sociais	na	contemporanei-
dade	pode	ser	um	desafio.	A	globalização	econômica	reproduz	o	pauperismo	nas	diversas	
formas	ao	longo	da	existência	do	ser	social.
Sobre	 a	 questão	 social	 no	Brasil,	 Iamamoto	 (2009)	 destaca	 que	 a	 transição	 do	
capitalismo	competitivo	para	o	monopolista	não	foi	estruturada	por	uma	burguesia	com	forte	
tendência	para	a	democracia	e	o	nacionalismo,	marcando	o	país	com	um	sistema	restrin-
gido	e	oligárquico.	Com	isso,	a	desigualdade	social	aumenta	a	ponto	de	ser	considerada	
indissociável	do	sistema	capitalista,	incorporando	múltiplas	expressões	da	questão	social	
que	se	enraizaram	na	sociedade.
Segundo	Piana	(2009),	a	questão	social	no	Brasil	deve	ser	considerada	como	algo	
grave,	pois	atinge	todos	os	setores	e	camadas	sociais	e	está	constantemente	ameaçada	
pela	pobreza	e	exclusão.	Isso	porque	a	realidade	da	atual	política	salarial	aumenta	esse	
problema,	principalmente	ao	construir	uma	sociedade	coesa	e	clara	por	meio	das	relações	
democráticas	e	interdependentes.
Partindo	 desta	 lógica,	Arcoverde	 (2000)	 enfatiza	 que	 a	 questão	 social	 no	Brasil	
assume	diversas	formas	e	possui	características	orgânicas	relacionadas	à	desigualdade	e	
injustiça	social	referente	à	organização	do	trabalho	e	da	cidadania.	Isso	se	deu	por	meio	
do	atual	modelo	de	produção	e	reprodução	que	o	país	adotou	com	o	processo	escravista,	
industrial,	Fordista-Taylorismo	e	a	reorganização	produtiva.
9UNIDADE I O Trabalho Profissional na Contemporaneidade
Dessa	forma,	a	expressão	“questão	social”	passa	a	ser	resultado	da	relação	entre	
produção	e	reprodução	social	causada	pela	concentração	da	riqueza.	O	assistente	social	
tem	a	missão	de	decifrar	as	diversas	formas	da	desigualdade	social	na	atualidade	e	dar	
transparência	 às	 iniciativas	 que	 visam	 a	 restauração	 ou	 enfrentamento	 imediato.	 É	 um	
profissional	capacitado	a	formular	e	implementar	propostas	por	meio	das	políticas	sociais	
nos	órgãos	públicos	e/ou	privados	nos	mais	diversos	espaços	sócio-ocupacionais.
Mas	acredito	que	você	agora	deve	estar	se	perguntando,	o	que	a	questão	social	
tem	a	ver	com	o	mercado	de	trabalho	profissional?	
	Pois	bem,	para	entender	o	mercado	de	trabalho	profissional,	especificamente	do	
Serviço	Social,	é	preciso	ter	em	mente	que	o	objeto	(questão	social)	que	deu	base	para	a	
profissão	foi	resultado	das	demandas	ocasionadas	pela	sociedade	capitalista,	formando	a	
opressão	por	meio	da	produção	e	reprodução	material.	Para	atender	os	problemas	sociais,	
foi	necessário	que	profissionais	capacitados	pudessem	atuar	nos	espaços/serviços	promo-
vidos	pelo	Estado	para	atender	os	interesses	da	burguesia.	
Antes	da	década	de	1980,	a	maior	concentração	da	atuação	profissional	estava	
voltada	aos	serviços	promovidos	pelo	Estado;	após	essa	década	houve	uma	ampliação	nos	
campos	de	atuação,	tanto	público	quanto	privado.	Veja	a	seguir	alguns	espaços	sócio-ocu-
pacionais	dos	dias	atuais.
FIGURA 2 - ALGUNS CAMPOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL 
Fonte:	a	autora.		
10UNIDADE I O Trabalho Profissional na Contemporaneidade
Conhecer	alguns	dos	espaços	de	atuação	profissional	é	importante	e	relevante	à	
categoria,	principalmente	para	você,	caro(a)	aluno(a),	que	está	no	processo	de	formação	
profissional.	Então,	 te	convido	a	pesquisar	na	 internet	e	estudar	os	campos	de	atuação	
apresentados	para	entender	o	que	o	assistente	social	faz,	ou	seja,	as	habilidades	e	com-
petências	e	os	instrumentos	de	trabalho	utilizados	nesses	espaços	de	atuação.	Ah,	e	fica	à	
vontade	para	pesquisar	os	demais	campos	de	atuação	que	aqui	não	foram	mencionados,	
mas	que	podem	te	auxiliar	e	dar	um	norte	quanto	a	escolha	do	espaço	que	pretende	atuar.					
O	surgimento	de	novos	campos	de	atuação	é	simplesmente	pelo	fato	da	sociedade	
capitalista	ter	evoluído,	fazendo	surgir	as	novas	expressões	da	questão	social	e	a	necessi-
dade	da	atuação	do	assistente	social.	Porém	é	preciso	entender	que	as	mudanças	no	mer-
cado	de	trabalho,	de	certa	forma,	desafiam	a	todos	os	cidadãos	diariamente,	principalmente	
os	assistentes	sociais.	Conhecer	essas	mudanças	faz	toda	a	diferença	para	não	se	tornar	
um	profissional	estagnado,	pois	é	preciso	progredir	e	evoluir,	analisando	a	necessidade	da	
sociedade.	
FIGURA 3 - MUDANÇAS NO MERCADO DE TRABALHO
Para	entender	melhor	sobre	as	mudanças	no	mercado	de	trabalho,	vamos	analisar	
alguns	pontos	apresentados	por	Iamamoto	(2012).	Primeiro	o	serviço	público:	existe	um	re-
cuo	das	responsabilidades	e	ações	do	Estado	na	esfera	social,	refletindo	na	deterioração	do	
orçamento	e	prestação	de	serviços	sociais	públicos.	Isso	implica	na	resolução	dos	problemas	
sociais,	transferindo-os	para	a	sociedade	civil,	onde	as	grandes	empresas	econômicas	pas-
sam	a	se	preocupar	e	intervir	nas	questões	sociais	numa	perspectiva	de	“filantropia	corpora-
tiva”,	por	meio	das	Organizações	da	Sociedade	Civil	(OSC),	conhecida	como	Organizações	
não-governamentais	(ONG).	
11UNIDADE I O Trabalho Profissional na Contemporaneidade
Neste	aspecto	as	OSC	são	consideradas	como	um	campo	amplo	para	os	assistentes	
sociais,	assumindo	a	responsabilidade	das	políticas	públicas	e	sociais	no	país,	porém	neces-
sitam	de	uma	série	de	parcerias	para	se	manter	no	mercado.	Como	uma	forma	de	fiscalizar	
os	serviços	prestados	para	a	sociedade,	o	Estado	atua	muitas	vezes	como	mantenedora	dos	
repasses	por	meio	das	verbas	públicas,	o	que	chama	a	atenção	da	autora	supracitada,	enfa-
tizando	a	distinção	entre	o	serviço	público	e	estatal.	Com	isso,	temos	serviços,	considerados	
públicos,	que	acabam	sendo	terceirizados	pelas	entidades,	criadas	por	pessoas	que	buscam	
minimizar	os	problemas	sociais	por	meio	de	serviços	socioassistenciais.			
No	que	se	refere	à	Previdência	Social	após	a	reforma,	a	solução	de	problemas	sociais	
foi	de	encontro	com	a	perspectiva	da	privatização,	o	que	compromete	a	universalização	dos	
direitos	sociais	garantidos	pela	Constituição.	O	governo	reduziu	os	benefícios	para	pessoas	
com	 renda	mínima	de	5	 a	 10	 anos	e	 transferiu	 uma	 valiosa	 participação	no	mercado	de	
seguro	social	para	o	setor	privado,	que	é	o	quinto	maior	mercado	de	previdência	privada	do	
mundo.	Com	isso,	os	serviços	passam	a	ser	fragmentados	pelos	padrões	comerciais,	tendo	o	
Estado	como	responsável	pelo	atendimento	ao	setor	dos	mais	pobres	e	excluídos.	
Outra	mudança	no	mercado	de	trabalho	profissional	é	no	âmbito	empresarial,	que	
contrata	o	assistente	social	para	eliminar	as	 tensões,	criando	comportamento	de	produ-
ção	para	a	redução	do	absenteísmo,	atuando	no	relacionamento	interpessoal	na	área	de	
trabalho.	Nesse	aspecto	é	preciso	ficar	atento(a)	para	não	cair	nas	armadilhas	da	visão	
endogenista,	atendendo	as	necessidades	da	sociedade	capitalista.	
Caro(a)	 aluno(a),	 essas	 mudanças	 no	 mercado	 de	 trabalho	 são	 uma	 forma	 de	
atender	aos	interesses	da	sociedade	capitalista	e	do	Estado.	Esse	processo	segue	desde	
o surgimento	da	profissional,	o	fato	é	o	que	os	assistentes	sociais	precisam	saber,	enquan-
to	profissionais	regulamentados	por	um	Código	de	Ética	e	com	um	Projeto	Ético	Político
(assunto	para	a	terceira	unidade),	quais	são	as	atitudes	que	precisam	tomar	mediante	as
situações	cotidianas.	Será	que	o	assistente	social	precisa	decifrarteorias	sistêmico-	organizacionais,	
que	 lhe	oferecem	cauções	para	a	sua	 inserção	nas	 instituições	diretamente	controladas	
pelo	capital”	(NETTO,	1996,	p.	126).	
111UNIDADE IV O Assistente Social na Luta de Classes
De	acordo	com	Silva	(2017,	p.	68),	esse	projeto,	denominado	por	Netto	como	mo-
dernizadora,	dispõe	de	um	eixo	estruturante	definido	atualmente	como	“fiel	depositária	do	
legado	modernizador”.	Tem	como	uma	das	questões	centrais	a	“integração	empreendedora	
dos	indivíduos”,	ou	seja,	possibilita	o	empoderamento	do	indivíduo	tendo-o	de	modo	central	
por	meio	das	suas	virtudes,	“ressaltando	traços	nitidamente	meritocráticos”.		
Neste	sentido,	Vasconcelos	(2017,	p.	301	)	destaca	que	o	conhecimento	a	ser	ad-
quirido	para	o	exercício	profissional	deve	estar	voltado	para	o	“empoderamento,	população	
de	risco,	capital	humano,	capital	social,	exclusão	social,	fragilização	de	vínculos	afetivos,	
famílias	vulneráveis,	caso	social”,	concepções	de	reciclagem	e	continuidade	baseados	em	
conceitos	pós-modernos	que	 rejeitam	visões	holísticas	e	 refletem	sugestões	neoliberais	
que	auxilia	em	alcançar	o	desempenho	profissional.	
Com	isso,	Silva	(2017,	p.	68)	enfatiza	que	o	“cariz	tecnocrata	denúncia	o	profissional	
a	ser	formado:	o	técnico	bem	adestrado,	aqui	entendido	como	aquele	que	deve	conhecer	o	
necessário	para	sistemicamente	e	criativamente	operar	o	instituído,	dinamicamente	adap-
tado	às	fronteiras	institucionais”.	Ou	seja,	esse	projeto	apresenta	que	a	prática	precisa	ser	
realizada	de	forma	técnica	e	mecanizada,	seguindo	aquilo	que	foi	solicitado	pelo	empre-
gador	e	atendendo	somente	o	necessário,	de	forma	sistematicamente	e	organizada.	Neste	
sentido,	não	se	pode	retroceder	às	práticas	realizadas	com	o	método	da	Mary	Richmond.		
Caro(a)	 aluno(a),	 não	 quero	 aqui	 enfatizar	 que	 esse	método	 não	 foi	 importante	 para	 a	
categoria	da	época,	mas	atualmente	não	se	deve	aplicar,	devendo	ter	o	entendimento	das	
bases	teóricas	na	atualidade.
Além	do	destaque	sobre	o	“técnico	adestrado”,	há	outro	ponto	que	marcou	esse	
projeto,	que	 foi	 a	 submissão	de	muitos	profissionais	à	ordem	do	capital.	Segundo	Silva	
(2017,	p.	68)	não	foi	encontrada	nenhuma	indagação	sobre	a	estrutura	da	ordem	burgue-
sa,	mas	 as	 “inevitáveis	 tensões	 causadas	 por	 desarranjos	momentâneos	 racionalmente	
e	tecnicamente	administrados”,	o	que	aproxima	esse	projeto	para	uma	próxima	vertente,	
respondendo	as	contradições	ontológicas	enraizadas	na	sociedade	capitalista.	
Para	 Vasconcelos	 (2017,	 p.	 301),	 esse	 ponto	 deve	 seguir	 “noções	 recicladas	 e	
sustentadas	em	concepções	pós-modernas	que,	 recusando	a	perspectiva	de	 totalidade,	
refletem	 propostas	 neoliberais	 que	 facilitam	 o	 caminho	 para	 uma	 atuação	 profissional”.	
Ou	seja,	é	necessário	que	os	profissionais	estejam	concentrados	nos	problemas	sociais	
imediatos	com	foco	no	indivíduo	e/ou	grupo	que	estejam	em	situações	de	vulnerabilidade,	
tendo	a	noção	que	ao	mesmo	tempo	que	tem	respostas	sobre	as	questões	do	capital	deve	
disponibilizar	acesso	aos	direitos,	fortalecendo	o	coletivo.	
112UNIDADE IV O Assistente Social na Luta de Classes
De	acordo	com	a	autora	supracitada,	um	projeto	é	determinado	pela	maioria	dos	
profissionais	não	por	causa	de	uma	escolha	consciente,	mas	porque,	em	alguns	casos,	eles	
precisam	se	definir	por	meio	de	uma	determinada	direção	e	a	escolha	do	projeto	deve	estar	
alinhado	com	o	seu	compromisso,	no	caso	dos	assistentes	sociais	com	os	trabalhadores/
usuários	do	serviço	que	está	vinculado.	É	nesse	contexto,	e	entendo	a	funcionalidade	da	
sociedade	capitalista,	que	o	projeto	cariz	tecnocrático	tem	permeado,	ou	seja,	na	luta	de	
classes,	por	meio	da	prática	cotidiana,	que	deve	ter	a	necessidade	de	buscar	nas	teorias	
o saber	da	prática.	Profissão	por	meio	da	formação	continuada,	tendo	a	certeza	do	dever
cumprido	em	meio	a	sociedade,e	não	devendo	ser	braços	da	classe	dominante	seguindo	a
prática	conservadora.
2.3 Projeto Assentado numa “Vertente Neoconservadora”
Segundo	Netto	 (1996),	 esse	 projeto	 é	 inspirado	 na	 epistemologia	 pós-moderna,	
seguindo	 a	 tendência	 popular	 das	 chamadas	 ciências	 sociais.	 Sua	 chave	 é	 revisar	 os	
fundamentos	da	conquista	anti-conservadora	na	década	de	1980,	promovendo	uma	reen-
tronização	nas	práticas	tradicionais,	dotá-las	de	um	discurso	legalizado	de	caráter	cultural,	
estimular	e	apoiar	os	apelos	da	sociedade	civil	à	cidadania	e	realizar	ações-chave	no	âmbito	
das	petições	de	solidariedade	e	parceria	de	todos	os	níveis.
Essa	perspectiva	é	a	preferida	—	nem	sempre	conscientemente	—	de	parte	
expressiva	dos	assistentes	sociais,	principalmente,	de	grande	parte	dos	que	
tomam	como	objeto	de	investigação	e/ou	priorizam,	na	atuação	profissional,	
questões	 relacionadas	 à	 raça,	 etnia,	 gênero,	 geração	 e	 orientação	 sexual	
(VASCONCELOS,	2017,	p.	304).	
Neste	sentido,	no	âmbito	da	produção	do	conhecimento,	os	assistentes	sociais,	que	
se	 referem	num	 conceito	 pós-moderno,	 partem	da	 crítica	 ao	marxismo	 por	 não	 entender	
ou	 dar	 resposta	 às	 peculiaridades	 do	 indivíduo,	 influenciando	 e	 favorecendo	 o	 mesmo	
posicionamento	 dos	 assistentes	 sociais	 que	 escolhem	 essa	 mesma	 direção	 social	 nas	
atividades	profissionais.	Já	na	prática	profissional,	a	referência	também	vem	de	uma	com-
preensão	não	crítica	a	partir	da	noção	fundamentada	de	modismos	e	facilitadores,	vendo	o	
Serviço	Social	Clínico	e	suas	ramificações,	que	atualmente	estão	sendo	difundidos	no	campo	
113UNIDADE IV O Assistente Social na Luta de Classes
das	políticas	de	assistência	social	por	meio	do	uso	extensivo	de	terapia	comunitária,	terapia	
familiar	e	ferramentas	como	o	genograma.	Neste	caso	são	assistentes	sociais	que	aderem	o	
psicossocial	como	função	e	não	como	campo	ou	área	de	atuação	(VASCONCELOS,	2017).	
De	 acordo	 com	 a	 autora	 supracitada,	 esses	 profissionais	 que	 realizam	 as	 suas	
atividades	 na	 terapia	 familiar	 e	 comunitária	 têm	 como	 foco	 o	 tratamento	 social	 e/ou	 de	
doenças	físicas	ou	mental	de	indivíduos	e	famílias	e	utilizam	a	psicologia	social	como	fun-
ção	em	vez	do	campo	de	atividade;	realizam	atividades	de	maneira	humana	e	entusiástica	
e	frequentemente	usam	a	prevenção	de	possíveis	crises	familiares	no	processo	de	recupe-
ração	e	revitalização,	focalizando	e/ou	influenciando	os	indivíduos,	não	somente	no	alívio	
da	pobreza	e	do	sofrimento,	mas	também	no	desemprego,	na	violência,	a	ignorância	e	a	
subjetividade	incompleta,	que	são	frutos	da	lógica	capitalista.	
Em	outras	palavras,	esse	comportamento	 intencional	não	só	 leva	a	buscar	pela	
cidadania	para	compensar	a	pobreza	e	o	sofrimento,	mas	 também	conquista	os	direitos	
ocultados	pela	exploração	do	trabalho,	advinda	da	produção	de	riqueza	gerada	pela	so-
ciedade	capitalista.	Ou	seja,	compensar	a	pobreza	e	o	sofrimento	no	sentido	de	“salvar	as	
coisas	bonitas	da	pobreza”	é	uma	característica	típica	da	mídia	burguesa,	no	sentido	de	
embelezar,	ocultar	e	encobrir	a	pobreza	ou	o	sofrimento	material	e	espiritual.	
Uma	das	maiores	contradições	do	assistente	social	é	afirmar	uma	opção	pelo	
projeto	profissional	e	reclamar,	ao	mesmo	tempo	e/ou	como	finalidade,	ações	
que	buscam:	“remover	bloqueios”	ao	desenvolvimento	 individual;	a	preven-
ção	“como	um	processo	restaurador	e	revitalizador	das	possíveis	crises	fami-
liares	e	conjugais”	ou	pessoais;	“liberar	potencialidades	com	base	na	utiliza-
ção	de	recursos	próprios	ou	do	meio”,	tendo	em	vista	o	“aperfeiçoamento	do	
usuário”	e	“comportamentos	que	facilitem	a	relação	entre	casais	e	famílias”	
(VASCONCELOS,	2017,	p.	311).	
Ora,	 se	 sabemos	 que,	 numa	 sociedade	 capitalista,	 a	 verdadeira	 relação	 entre	
os	diferentes	estratos	da	classe	trabalhadora	(os	pobres	e	os	miseráveis	 		que	entram	no	
mercado	de	trabalho	formal	ou	informalmente	ou	separados	dele)	não	funciona	e	jamais	
desempenha	um	papel	subjetivo	de	prosperidade	e	libertação,	sujeito	a	condições	destruti-vas	insustentáveis,	exploração	e	mutilação,	como	discutimos	no	início.	Neste	sentido,	como	
encontrar	recursos	e	potencialidades	em	áreas	nas	quais	a	sociedade	ainda	não	investiu?	
O	que	nos	leva	a	compreender	que	o	Serviço	Social	clínico	pode	até	demonstrar	um	certo	
desejo	 de	 aliviar	 o	 sofrimento	 do	 ser	 humano,	mas	 não	 vai	 até	 a	 raiz	 deste	 sofrimento	
eliminando	a	causa.	O	assistente	social	deve	ficar	atento	às	bases	teóricas	aprendidas	para	
não	cair	nas	armadilhas	das	práticas	tradicionalistas	que	não	pertencem	mais	ao	seio	do	
Serviço	Social	atual.	
114UNIDADE IV O Assistente Social na Luta de Classes
2.4 Projeto que Constitui uma “Vertente Aparentemente Radical” 
De	 acordo	 com	Vasconcelos	 (2017),	mesmo	 partindo	 dos	 princípios	 básicos	 do	
Código	 de	 Ética,	 neste	 caso,	 de	 uma	 perspectiva	 fragmentada,	 a	 intenção	 do	 projeto	
cancela	 abertamente	 as	 qualificações	 de	 “teorização	 sistemática	 e	 pesquisa	 rigorosa”	
dessa	perspectiva.	Netto	 (1996)	 destaca	que	há	estrutura	 em	múltiplas	 razões,	 seja	 no	
anticapitalismo	romântico,	inspiração	religiosa	ou	na	glorificação	do	conhecimento	popular	
do	povo.	Os	valores	que	clamam	pela	unidade	até	os	dias	atuais	estão	perdendo	o	centro	
do	catolicismo,	seja	na	rejeição	implacável	da	universalidade	da	modernidade,	no	irraciona-
lismo	aberto,	ou	no	relativismo	mais	importante.
Neste	ponto,	parece	ser	uma	das	questões	centrais	desta	vertente,	ou	seja,	a	refe-
rência	da	religião,	tendo	como	meta	a	humanização	do	capitalismo	e	o	reformismo	que	nem	
sempre	se	apresentou	de	forma	clara	e	consciente	na	busca	de	consenso	na	desigualdade.	
Segundo	 Vasconcelos	 (2017)	 os	 assistentes	 sociais	 que	 priorizam	 esse	 projeto	
nem	sempre	estarão	atuando	de	forma	consciente,	isso	porque	poderão	ser	movidos	pe-
las	coisas,	ou	por	uma	fonte	de	pensamento	radical.	Se	por	um	lado	assumem,	investem	
e	priorizam	 tradições	 revolucionárias,	por	outro	 lado	não	vão	questionar	e/ou	encobrir	a	
exploração	do	trabalho	e	a	concentração	da	riqueza,	não	vão	justificar	a	propriedade	so-
cial	dos	meios	básicos	de	produção,	portanto,	não	estão	comprometidos	com	um	sistema	
econômico	sem	exploração	de	classes,	raças	e	gêneros	e	não	há	união	de	pessoas	livres	
e	emancipadas.	
Neste	sentido,	se	levar	em	conta	o	pano	de	fundo	ou	negar	a	luta	entre	os	trabalha-
dores	e	o	sistema	capitalista	é	a	mesmo	que	negar	toda	a	luta	de	classes	que	já	aconteceu	
no	contexto	histórico.	Com	isso	o	movimento	de	libertação	da	luta	contra	o	“capitalismo	sel-
vagem”	é	visto	como	o	caminho	para	a	libertação,	buscando	a	humanização	do	capitalismo,	
não	na	luta	contra	este	sistema,	mas	na	luta	daqueles	que	necessitam,	além	da	defesa	do	
meio	ambiente.	Não	na	tradição	do	socialismo	ecológico,	mas	na	prévia	das	características	
das	classes,	mas	na	busca	pela	garantia	dos	direitos	daqueles	que	reivindicam.
Mészáros	 (2005)	 destaca	 que	na	 luta	 anticapitalista	 não	 se	 pretende	promover	 a	
despolitização	e	a	compensação	da	transição	de	classe	do	objeto,	eles	precisam	mediar	bem	
115UNIDADE IV O Assistente Social na Luta de Classes
seu	trabalho,	porque	sua	vitória	final	é	por	meio	da	hipoteca	do	trabalho,	como	uma	atividade	
humana	autorrealizável	e	educação	para	a	libertação,	a	menos	que	acreditemos	que	não	haja	
generalização	do	trabalho	como	atividade	humana	auto	realizável	a	libertação	é	possível.	
De	acordo	com	Vasconcelos	(2017),	Harvey	chamou	a	atenção	para	como	as	lutas	
setoriais,	que	não	constituem	o	anticapitalismo,	em	última	instância,	endossam	o	capital.	
Ao	falar	sobre	os	marxistas,	eles	mencionaram	que	os	obstáculos	naturais	são	a	segunda	
contradição	do	capitalismo.	
[...]	mas	há	sempre	um	perigo	em	subestimar	limites	naturais	supostamente	
“puros”	em	detrimento	da	concentração	sobre	a	dinâmica	capitalista	que	é	
a	força	das	mudanças	ambientais	em	primeiro	lugar	e	das	relações	sociais	
(de	 classe	 em	 especial)	 que	movem	 essas	 dinâmicas	 em	 certas	 direções	
ambientalmente	 perversas.A	 classe	 capitalista,	 é	 óbvio,	 está	 sempre	 feliz,	
nesse	ponto	pelo	menos,	de	ter	seu	papel	descolado	e	mascarado	por	uma	
retórica	ambientalista	que	não	a	toma	como	criadora	do	problema.	Quando	
os	preços	do	petróleo	subiram	no	verão	de	2008,	foi	útil	reclamar	da	escassez	
natural,	quando	as	companhias	petrolíferas	e	os	especuladores	eram	os	cul-
pados	(HARVEY,	2011,	p.	69-70	apud	VASCONCELOS,	2017,	p.	316).	
Numa	perspectiva	holística,	considerando	que	existe	apenas	um	projeto	de	tradição	
marxista,	como	o	Projeto	do	Serviço	Social	Brasileiro,	essas	questões	só	podem	ser	enten-
didas	em	suas	múltiplas	decisões.	Além	de	seu	evidente	radicalismo,	dado	o	crescimento	
obrigatório	do	capital	anualmente	para	garantir	o	processo	de	acumulação,	esse	processo	
espalha	suas	consequências	por	toda	a	vida	social.
Nesse	sentido,	o	projeto	profissional	deve	ser	baseado	na	perspectiva	marxista,	
pois	nos	permite	mergulhar	na	raiz	do	problema,	obrigando-nos	a	questionar	sobre	o	en-
volvimento	dos	assistentes	 sociais	e	demais	profissionais	nas	consequências	humanas,	
sociais,	econômicas,	ambientais	e	culturais	da	humanidade.	
116UNIDADE IV O Assistente Social na Luta de Classes
3. A ESCOLHA ÉTICO-POLÍTICA E TEÓRICO-METODOLÓGICA FRENTE A
DIFERENTES PROJETOS PROFISSIONAIS
Escolher	conscientemente	ou	se	“enquadrar”	numa	das	linhas	de	desenvolvi-
mento	indicadas	antes,	as	quais	raramente	se	constituem	em	projetos	claros	
e	definidos	como	o	projeto	assentado	na	perspectiva	marxista,	não	 faz	de	
um	assistente	social	melhor	ou	pior	do	que	qualquer	outro	indivíduo	social/
profissional.	A	coragem	e	a	boa	intenção	estão	presentes	na	vida	social	em	
tudo,	mas	elas	em	si	mesmas	não	garantem	objetivações	idealizadas,	prin-
cipalmente,	se	contrárias	e	 inconvenientes	aos	 interesses	do	capital	 (VAS-
CONCELOS,	2017,	p.	317).	
	Caro(a)	aluno(a),	não	existe	projeto	certo	ou	errado,	muito	menos	criticar	outro	pro-
fissional	por	achar	que	escolheu	o	projeto	que	não	vai	de	encontro	com	o	que	a	categoria	
e/ou	você	escolheu	para	seguir.	Lembre-se,	os	projetos	apresentados	 foram	idealizados	
por	profissionais	que	se	aprofundaram	em	bases	teóricas	a	partir	do	contexto	histórico	da	
época	vivida,	cabendo	a	nós	 (e	 incluo	você,	pois	será	um(a)	 futuro(a)	assistente	social)	
entender	cada	projeto,	mas	não	seguir	preceitos	que	não	condizem	com	as	bases	teóricas	
e	metodológicas	da	profissão.	Como	destacado	pela	autora	supracitada,	a	partir	de	uma	
das	obras	de	José	Paulo	Netto,	ter	“consciência	política	não	é	o	mesmo	que	consciência	
teórica”,	ou	seja,	é	preciso	conhecer	e	se	aprofundar	nos	estudos	apreendidos,	 tendo	a	
consciência	das	bases	teóricas,	pois	só	assim	poderá	atuar	de	forma	consciente	e	crítica,	
sem	julgamentos	desnecessários.
117UNIDADE IV O Assistente Social na Luta de Classes
Como	 já	 referimos,	 aquelas	 linhas	 de	 desenvolvimento	 do	 Serviço	 Social,	
como	afirma	Netto,	não	são	excludentes.	Como	antecipado	pelo	autor,	elas	
se	cruzam,	se	complementam,	se	imbricam,	se	aliam	e	se	interpenetram.	A	
novidade,	obscurecida	no	âmbito	da	luta	pela	manutenção	da	hegemonia	do	
projeto	profissional,	fica	por	conta	de	segmentos	da	categoria	que,	afirmando	
tomar	o	projeto	profissional	como	referência,	no	que	o	fazem	ecleticamente,	
se	põem	em	aliança	 com	perspectivas	que	negam	não	só	 seus	princípios	
fundamentais,	mas	suas	referências	teórico-metodológicas	e,	muito	frequen-
temente,	técnico-operativas	(VASCONCELOS,	2017,	p.	318).	
Ou	seja,	os	quatro	projetos	apresentados,	de	certa	forma,	foram	importantes	para	
a	categoria,	pois	a	finalidade	era	buscar	por	um	projeto	profissional	que	 fosse	 favorável	
aos	interesses	da	classe	trabalhadora.	No	entanto	deve-se	ficar	atento	para	não	cair	nas	
armadilhas	do	conservadorismo,	uma	prática	 já	rompida	pela	categoria	profissional,	mas	
que	encontra	requisitos	no	segundo,	terceiro	e	quarto	projetos	já	apresentados.
Neste	sentido,	o	projeto	profissional	que	muitosautores	abordam	é	o	projeto	com	
teor	marxista	e,	se	recapitular	o	que	foi	estudado	na	segunda	unidade	desta	apostila,	obser-
vará	que	desde	o	Movimento	de	Reconceituação	já	era	debatido	sobre	as	bases	teóricas	de	
Karl	Marx,	principalmente	na	análise	teórica-crítica	voltada	para	o	processo	de	formação,	
das	bases	teóricas	e	metodológicas	e	da	prática	profissional.		
Para	que	os	assistentes	sociais	possam	atender	aos	requisitos,	é	necessário	pro-
blematizar	de	forma	sistemática	as	práticas	diárias	numa	perspectiva	holística.	Para	que	as	
possibilidades	teóricas	sejam	mantidas	pelos	projetos	profissionais,	baseados	em	projetos	
emancipatórios	é	imprescindível	ter	o	entendimento	que	não	sejam	confundidos	com	falsas	
promessas,	ou	seja,	que		precisa	de	algo	eficaz	para	que	se	tenha	uma	visão	mais	aberta	
e	persistentes	em	relação	ao	marxismo,	tendo	a	“fundamentação	histórica-concreta	que	as	
atualize	e	as	promova	no	jogo	de	forças	sociais	vivas,	organizadas	e	conscientes	dos	seus	
interesses”	(VASCONCELOS,	2017,	p.	321).	
De	acordo	com	Netto	(1996),	somente	um	ponto	de	vista	teórico	crítico	é	que	pode	
compreender	 os	 movimentos	 históricos	 envolvidos	 na	 transformação	 social	 atual,	 bem	
como	seus	efeitos	negativos	causados	pelas	diversas	expressões	da	questão	social.	Além	
do	ponto	de	vista	relacionado	aos	projetos	sociais	anticapitalistas	sem	romantismo	utópico,	
que	 pode	 garantir	 a	 sociedade	 um	 componente	 libertador	 e	 ao	 profissional	meios	 para	
entender	o	contexto	como	um	todo,	analisando	de	forma	crítica	e	analítica,	fundamentada	
nos	conceitos	teóricos	metodológicos	de	forma	ética	política.	
118UNIDADE IV O Assistente Social na Luta de Classes
3.1 Por que Ética-política e Teórico-metodológica? 
Caro(a)	aluno(a),	acredito	que	você	deve	estar	se	perguntando	por	que	da	escolha	
ética-política	e	teórico-metodológica	frente	a	diferentes	projetos	profissionais.	
Ora,	ao	optar	pelo	projeto	profissional,	os	assistentes	sociais	precisaram	entender	
a	dimensão	da	profissional,	tendo	a	escolha	ético-política,	que	destaca	o	compromisso	que	
a	categoria	assumiu	frente	a	classes	trabalhadora	por	meio	da	transformação	social,	e	a	
teórico-metodológica,	relacionada	à	fundamentação	do	referencial	teórico	que	envolve	a	
categoria	profissional,	abordando	todo	o	conhecimentos	já	adquirido	ao	longo	dos	grandes	
debates	idealizados	pela	categoria,	orientando	os	profissionais	em	relação	à	prática	e	ao	
fazer	profissional.	
Ambas	dimensões	são	consideradas	de	extrema	relevância	para	a	categoria	frente	
aos	 diferentes	 projetos	mencionados	 anteriormente	 e,	 ao	 longo	da	 trajetória	 do	Serviço	
Social	no	Brasil,	trouxeram	grandes	reflexões	para	se	chegar	ao	projeto	profissional	ideal.	
SAIBA MAIS
Caro(a)	aluno(a),	o	tripé	que	sustenta	o	projeto	profissional	é:	Código	de	Ética	Profissio-
nal,	Lei	de	Regulamentação	da	Profissão	e	as	Diretrizes	Curriculares.	
Fonte:	a	autora.	
De	 acordo	 com	 a	 Iamamoto	 (2012,	 p.	 77),	 “	 o	 Código	 de	 Ética	 nos	 indica	 um	
rumo	ético-político,	um	horizonte	para	o	exercício	profissional”,	mas	que	pode	conter	um	
119UNIDADE IV O Assistente Social na Luta de Classes
grande	desafio	caso	a	conduta	profissional	não	se	materialize	aos	princípios	éticos	no	seu	
cotidiano.	Neste	sentido,	para	a	autora,	o	profissional	precisa	evitar	que	se	“transforme	em	
indicativos	abstratos,	deslocando	do	processo	social”.	Com	isso,	podemos	destacar	que	a	
ética	deve	ser	entendida	pelo	profissional	como	valor	central,	tendo	o	compromisso	com	a	
liberdade,	a	democracia	e	a	emancipação	humana,	fatos	importantes	e	previstos	no	Código	
de	Ética.	O	profissional	que	seguir	esses	preceitos	terá	“repercussões	efetivas	nas	formas	
de	realização	do	trabalho	profissional	e	nos	rumos	a	ele	impressos”.	
Para	 a	 autora	 supracitada,	 esse	 rumo	ético-político	 requer	 um	profissional	mais	
informado,	ou	seja,	com	conhecimento	de	forma	crítica,	que	seja	competente	e	culto	em	
relação	à	postura	mediante	as	situações	relacionadas.	Neste	sentido,	é	preciso	romper	com	
ideias	que	não	têm	relação	com	o	fazer	profissional	(a	autora	utiliza	o	termo	“teoricismo”),	
quebrando	com	a	corrente	de	 ideias	e/ou	doutrinas	que	não	 tiveram	êxito	na	categoria.	
Poderia	até	ter	sido	importante	para	dar	embasamento	às	teorias	utilizadas	pelos	profissio-
nais	atualmente,	mas	não	é	utilizada	de	forma	pragmatista,	o	que	acaba	aprisionando	os	
profissionais	na	prática	de	“fazer	por	fazer”	para	atender	a	interesses	imediatistas.	
Por	outro	lado,	o	requisito	que	se	deve	adotar	é	de	decifrar	o	processo	social,	suas	
desigualdades	e	a	estratégia	de	ação	para	enfrentá-los,	pressupondo	a	habilidade	teórica	
a	realidade	posta	no	cotidiano,	tendo	a	capacidade	técnica	e	ético-política	do	“como	fazer”	
a	“o	quê	fazer”,	sem	ignorar	suas	raízes	em	meio	ao	processo	social.	
REFLITA
Os	princípios	constantes	no	Código	de	Ética	são	focos	que	vão	iluminando	os	caminhos	
a	serem	trilhados,	a	partir	de	alguns	compromissos	fundamentais	acordados	e	assumi-
dos	coletivamente	pela	categoria.	Então	ele	não	pode	ser	um	documento	que	se	“guarda	
na	gaveta”:	é	necessário	dar-lhe	vida	por	meio	dos	sujeitos	que,	 internalizando	o	seu	
conteúdo,	expressam-no	por	ações	que	vão	tecendo	o	novo	projeto	profissional	no	es-
paço	ocupacional	cotidiano.		
Fonte:	Iamamoto	(2012,	p.	78).	
120UNIDADE IV O Assistente Social na Luta de Classes
Caro(a)	 aluno(a),	mediante	 tudo	 o	 que	 já	 estudou	 até	 aqui	 e	 ao	 recapitular	 em	
outras	disciplinas,	observará	que	o	Serviço	Social,	ao	longo	de	sua	trajetória,	não	dispõe	
de	métodos	e	teorias	próprias.	Por	ser	uma	profissão	inscrita	na	divisão	social	e	técnica	do	
trabalho,	é	fundamental	que	se	tenha	uma	matriz	teórico-metodológica	que	possa	viabilizar	
aos	profissionais	uma	leitura	crítica	da	realidade	social,	fornecendo	subsídios	e	princípios	
para	a	intervenção.	
Tendo	em	mente	que	o	 teórico-metodológico	não	se	 trata	de	um	script	sobre	as	
estratégias	técnicas	e	o	procedimento	que	o	assistente	social	deve	seguir	à	risca,	mas	é	
importante	entender	a	realidade	que	está	posta	na	prática	cotidiana,	por	meio	de	uma	base	
teórica	que	apresenta	de	forma	metodológica	as	contradições,	bem	como	as	tendências	e	
as	relações	sociais,	criando	um	nível	de	pensamento	e	de	ideologias	que	seja	considerado	
fundamental	para	um	posicionamento	crítico.	
Neste	 sentido,	 o	 teórico-metodológico	 vai	 além	 dos	 procedimentos,	 técnicas	
e	estratégias	que	o	assistente	 social	 pode	 realizar,	 que,	para	 Iamamoto	 (1994,	p.	 174),	
refere-se	ao	“modo	de	ler,	de	interpretar,	de	se	relacionar	com	o	ser	social;	uma	relação	
entre	o	sujeito	cognoscente	–	que	busca	compreender	e	desvendar	essa	sociedade	–	e	o	
objeto	investigado”. Portanto,	está	intimamente	ligado	à	forma	de	explicar	a	sociedade	e	
os	fenômenos	que	a	constitui;	isso	significa	a	aplicação	da	teoria	e	os	ângulos	visíveis	da	
leitura	social	para	explicar	os	problemas	sociais.
Caro(a)	aluno(a),	as	bases	do	teórico-metodológico	estão	previstas	na	proposta	da	
ABEPSS	de	1996,	Diretrizes Curriculares do curso de Serviço Social,	que	define	a	formação	
profissional,	além	do	ético-político	e	o	técnico-operativa,	destacado	da	seguinte	forma:	
A	 competência	 teórico-metodológica,	 técnico-operativa	 e	 ético-política	 são	
requisitos	 fundamentais	 que	 permite	 ao	 profissional	 colocar-se	 diante	 das	
situações	com	as	quais	se	defronta,	vislumbrando	com	clareza	os	projetos	
societários,	 seus	 vínculos	 de	 classe,	 e	 seu	 próprio	 processo	 de	 trabalho	
(ABEPSS,	1996,	p.	13).	
É	 neste	 sentido	 que	 podemos	 destacar	 o	motivo	 do	 Projeto	 Ético	 Político	 com	
influência	na	tradição	marxista	ser	o	projeto	escolhido	pela	categoria,	primeiro	porque	esse	
projeto	tem	em	suas	bases	o	tripé	profissional	–	o	Código	de	Ética	Profissional,	as	Diretri-
zes	Curriculares	e	a	Lei	que	regulamenta	a	profissão	–,	sendo	o	eixo	para	as	dimensões	
ético-política	e	teórico-metodológicae	também	a	técnico-operativa,	que	não	está	prevista	
nos	demais	projetos.	
Portanto,	o	projeto	com	influência	da	tradição	marxista	(Projeto	Ético	Político)	acabou	
sendo	escolhido	pela	categoria,	não	simplesmente	pelo	fato	de	destacar	como	um	projeto	
anticapitalista,	mas	porque	aborda	as	características	para	romper	com	o	conservadorismo.	
121UNIDADE IV O Assistente Social na Luta de Classes
Tendo	um	amadurecimento	nas	bases:	teórico-metodológico	e	ético-político	do	Serviço	So-
cial,	que	direcionou	a	categoria	para	a	construção	do	projeto	profissional,	comprometidos	
com	os	valores	da	emancipação	humana,	a	liberdade	e	a	democracia,	repudiando	todas	as	
formas	de	exploração	e	preconceito,	posicionando	em	favor	da	classe	trabalhadora.		
De	acordo	com	Vasconcelos	(2017,	p.	336),	 “consolidar	o	projeto	profissional	na	
formação	e	na	prática	exige	redirecionar	a	produção	de	conhecimento	da	área,	tendo	em	
vista	a	possibilidade	de	potencialização	das	lutas	sociais”,	e	isso	certamente	impactará	o	co-
tidiano	dos	assistentes	sociais.	Para	realizar	esse	redirecionamento,	é	necessário	entender	
o projeto	profissional	em	toda	a	sua	substância,	o	que	requer	priorizar	ações	conscientes,
críticas,	criativas	e	reflexivas	junto	à	classe	trabalhadora,	na	produção	de	conhecimento,
seja	na	prática	docente,	nos	atendimentos	com	os	usuários	e/ou	na	gestão	de	algum	projeto
social,	sendo	necessário	conhecer	a	realidade	que		está	inserido,	entendendo	a	dimensão
do	projeto	profissional	mediante	à	sociedade.
122UNIDADE IV O Assistente Social na Luta de Classes
4. RESPOSTAS PROFISSIONAIS: TENDÊNCIAS, LIMITES, CONSEQUÊNCIAS E
POSSIBILIDADES NÃO EXPLORADAS
Caro(a)	aluno(a),	os	pontos	abordados	nesta	parte	da	unidade	são	um	resgate	do	que	
já	foi	apresentado	anteriormente,	mas	olhando	para	alguns	pontos	em	destaques	levando-o(a)	
à	reflexão	sobre	a	prática	profissional.	Pontos	estes	muito	bem	destacados	por	Vasconcelos	
(2017),	que	utilizaremos	para	nos	aprofundar	nos	limites	e	consequências	que	acarretam	a	
profissão,	bem	como	as	tendências	e	possibilidades	que	ainda	não	foram	exploradas,	mas	
que	devem	ser	avaliadas	pelos	profissionais	engajados	com	a	prática	profissional.	
Assim,	apresentarei	alguns	questionamentos,	com	a	finalidade	de	que	possa	bus-
car	 respostas	quanto	ao	 fazer	profissional,	 entendendo	que	a	profissão	está	 inscrita	na	
divisão	social	e	ética	do	 trabalho.	Por	mais	que	seja	uma	profissão	 liberal,	 faz	parte	da	
classe	trabalhadora,	considerada	também	como	uma	assalariada,	mas	que	tem	uma	práxis	
social	que	se	difere	dos	demais	trabalhadores	e	profissionais.	Cabe	destacar	que	a	postura	
ética,	o	aprofundamento	teórico	e	comprometimento	com	a	prática	profissional	é	o	que	irá	
diferenciar	dos	demais	profissionais	até	mesmo	dentro	da	própria	categoria	e,	para	isso,	é	
preciso	refletir	acerca	do	seu	papel	na	sociedade.
123UNIDADE IV O Assistente Social na Luta de Classes
4.1 Limites e Consequências
Caro(a)	aluno(a),	existe	uma	cultura	dentro	da	própria	categoria,	que,	devido	à	pro-
fissão	possuir	o	menor	valor,	deve	se	submeter	aos	diversos	pedidos	advindos	de	outros	
setores	e/ou	da	chefia.	Mesmo	não	indo	ao	encontro	do	“quefazer	profissional”	da	atualidade,	
muitos	profissionais	acabam	tendo	medo	e/ou	receio	de	falar	e/ou	se	expressar	como	deve-
riam.	Esse	posicionamento,	infelizmente,	pode	se	enraizar	desde	o	momento	da	graduação,	
se	prolongando	para	o	exercício	profissional,	isso	porque	há	uma	disputa	de	poder,	dentro	da	
própria	categoria,	para	se	manter	no	cargo,	principalmente	cargos	elevados.	
Para	 que	 fique	 claro	 o	 contexto	 acima,	 seguimos	 com	 a	 seguinte	 situação:	 um	
profissional	recém	formado	se	depara	com	uma	chefia	burocrática	e	autoritária,	que	não	
possibilite-o	a	criar,	planejar	e	executar	a	sua	função	como	deveria	dentro	de	uma	deter-
minada	política/serviço	e	mediante	a	uma	gestão	ultrapassada	acaba	limitando	este	profis-
sional	recém	contratado	para	realizar	as	funções	básicas	e/ou	a	um	exercício	de	práticas	
assistencialistas,	fica	nítido	que	não	conhece	o	que	o	assistente	social	de	fato	faz.	
Neste	caso	é	importante	ter	em	mente	as	habilidades	e	competências,	a	dimensão	
teórico-metodológico,	ético-político	e	técnico-operativo	e	os	deveres	e	obrigações	do	assis-
tente	social,	além	do	toda	a	base	teórica	e	metodológica	que	rege	a	profissional	deve	fazer	
parte	do	cotidiano,	mostrando	a	importância	do	profissional	dentro	daquela	política/serviço	
e	lutando	pelo	que	acredita	ser	o	melhor	e	isso	é	claro	baseado	na	garantia	dos	direitos	
humanos	e	sociais.	
O	que	nos	 leva	a	 refletir,	 será	que	aceitar	 todas	as	solicitações,	mesmo	que	vá	
contra	ao	que	está	previsto	no	Código	de	Ética	e/ou	torcer	pela	troca	da	chefia	ou	ainda	não	
realizar	o	que	lhe	é	solicitado	e	criar	um	combate	ou	disputa	de	poder	é	a	melhor	solução?	
124UNIDADE IV O Assistente Social na Luta de Classes
Certamente,	gostaria	de	ter	uma	resposta	pronta	ou	um	manual	para	lhe	auxiliar	
quando	essa	situação	acontecer,	mas,	de	fato,	nós	enquanto	indivíduos	somos	livres	para	
escolher	“o	que”	e	“como”	devemos	nos	comportar	e	agir	diante	de	uma	situação.	
Ora,	 caro(a)	 aluno(a),	 não	 é	 uma	 tarefa	 fácil,	mas	 devemos	 ter	 em	mente	 que,	
o que	determina	ser	um	bom	assistente	social	são	as	escolhas	e	atitudes	que	tomamos
baseadas	no	caráter	ético	e	comprometido	para	com	a	sociedade.
Neste	 sentido,	 devemos	 levar	 em	 consideração	 que,	 somos	 profissionais	 que	
atuam	frente	às	diversas	expressões	da	questão	social	e	o	fato	de	não	compreender	a	si-
tuação	vivenciando	no	cotidiano,	poder	gerar	um	desconforto	e	assim	criando	um	limitador,	
principalmente	se	não	souber	lidar	com	situações	advinda	de	chefia	que	cria	barreiras	em	
relação	ao	fazer	profissional.	Neste	ponto,	adquirir	uma	postura	pela	qual	busca	por	poder	
ou	criar	um	combate	de	fato	não	é	o	melhor	caminho	para	se	chegar	a	uma	solução,	para	
isso,	é	preciso	entender	todo	contexto	e	buscar	o	que	é	melhor	para	todos	e	claro	realizar	
um	trabalho	transparente	e	ético.	
REFLITA
Somente	por	meio	de	alianças	entre	os	próprios	assistentes	sociais,	incluindo	aqueles	
que	possuem	cargo	elevado,	é	que	podemos	enfrentar	coletivamente	os	desafios	en-
contrados	na	prática	diariamente.	
Fonte:	a	autora.	
De	acordo	com	Vasconcelos	(2017)	sob	a	orientação	do	projeto	profissional,	face	
aos	 inúmeros	 e	 complexos	 conflitos	 de	 interesses,	 o	 desafio	 é	 conscientizar	 todos	 os	
assistentes	 sociais	 sobre	o	 seu	papel	 e	 dar	 respostas	precisas	e	necessárias.	Além	de	
questionar	a	demanda	imediatista,	que	muitas	vezes	é	atendida	devido	às	exigências	da	
instituição	pela	qual	está	inserido.	
Tendo	a	ciência	que	existem	muitas	contradições	no	campo	da	luta	de	classes	e	que	
precisamos	entender	os	problemas	decorrentes	das	diferentes	expressões	da	questão	social	
e	alcançando	o	consenso	para	atender	esses	problemas	e	desenvolver	comportamentos	e	
atitudes	que	acaba	conduzindo	a	lidar	com	os	conflitos	inerentes	à	relação	vivenciada.	
125UNIDADE IV O Assistente Social na Luta de Classes
É	importante	 ter	em	mente	que	os	 limites	podem	ser	um	problema	diante	desse	
complexo	de	interesses	e	disputas.	Nesse	caso,	o	desafio	é	dificultar	os	acessos	e	as	ne-
cessidades	imediatas	advindas	pelos	usuários	do	serviço	que	está	inserido.	É	fundamental	
que	se	tenha	uma	postura	coerente	com	o	que	está	previsto	no	projeto	profissional,	que,	
por	muitos	anos,	foi	discutido	e	debatido	pela	categoria,	que	tem	em	sua	base	o	tripé	da	
profissão	e	a	liberdade,	democracia	e	emancipação	humana.	
Acredito	que	você	deve	estar	se	perguntando	o	que	tudo	isso	tem	a	ver	com	as	res-
postas	pela	qual	busca	sobre	a	profissional.	Ora,	é	preciso	conhecer	os	limites	que	surgem	
desde	o	processo	formativo	até	o	exercício	profissional,	para	entender	as	consequências	
encontradas	no	fazer	profissional.		
No	que	se	refere	às	consequências	encontradas	no	fazer	profissional,	podem	serentendidas	como	a	resistência	que	alguns	profissionais	ainda	têm	em	relação	ao	projeto	
profissional,	mesmo	sabendo	que	o	Serviço	Social	é	legalizado	e	reconhecido	como	uma	
categoria	 profissional.	 Isso	mostra	 claramente	 a	 falta	 de	 conhecimento	 e	 entendimento	
sobre	o	fazer	profissional,	pois	isso	gera	impactos	grandiosos	e	consequências	não	só	para	
o profissional,	mas	para	todos	que	estão	envolvidos.
	Nesse	aspecto	é	preciso	que	o	assistente	social	tenha	um	profundo	conhecimen-
to	sobre	o	projeto	profissional	para	que	possa	contribuir	 com	o	processo	democrático	e	
emancipatório	que	envolve	toda	a	sociedade.	Isso	depende	somente	do	profissional,	não	
confundindo	 a	 intenção	 com	o	 que	 de	 fato	 deve	 ser	 feito,	 sempre	 se	 fazendo	 algumas	
perguntas	relevantes	como:	quais	as	consequências	para	a	classe	trabalhadora,	caso	eu	
não	siga	os	preceitos	contidos	no	projeto	profissional?	Ou	ainda,	quais	as	consequências	
caso	não	me	dedique	em	aprofundar	nas	bases	teóricas	que	envolvem	o	Serviço	Social?
O	fato	é	que	independente	dos	limites	e	consequências	a	serem	enfrentados,	é	de	
extrema	importância	conhecer	o	projeto	profissional	e	ter	clareza	sobre	os	princípios	conti-
dos	no	Código	de	Ética	Profissional	e	profundo	conhecimento	sobre	as	bases	teóricas	que	
envolvem	o	assistente	social;	entender	que	o	Serviço	Social	é	uma	profissão	regulamentada	
com	uma	práxis	social	que	atende	os	requisitos	necessários	para	o	fazer	profissional,	tendo	
o compromisso	com	a	classe	trabalhadora	na	garantia	dos	direitos.
126UNIDADE IV O Assistente Social na Luta de Classes
4.2 Tendências e Possibilidades Não Exploradas 
No	 âmbito	 do	 sistema	 capitalista,	 temos	 diversos	 fatores	 que	 levaram	 a	 classe	
trabalhadora	 a	 lutar	 pelos	 seus	 direitos.	 Mediante	 esse	 contexto	 de	 conflitos	 é	 que	 o	
Serviço	Social	surgiu	para	atender	os	 interesses	da	sociedade	capitalista,	exercendo	as	
suas	atribuições	sobre	os	trabalhadores.	Entre	os	anos	de	1960	a	1980	a	categoria	se	viu	
na	necessidade	de	mudar	 todo	esse	contexto	em	que	estava	envolvida,	 rompendo	com	
as	práticas	conservadoras,	buscando,	nas	bases	 teóricas	marxistas,	entender	a	 relação	
capital	X	classe	trabalhadora.	Frente	a	todo	o	contexto,	buscou	por	um	projeto	profissional	
que	pudesse	dar	um	norte	ao	fazer	profissional.	
De	acordo	com	Vasconcelos	(2017),	o	projeto	profissional	é	uma	resposta	para	a	
luta	de	classes	e	as	atividades	realizadas	atualmente	pelos	assistentes	sociais	é	fruto	da	
alienação	e	fragmentação	vivenciada	pela	massa	trabalhadora	que	acarretou	diversas	ex-
pressões	da	questão	social.	Isso	levou	os	assistentes	sociais	a	refletirem	sobre	a	tendência	
teórica	que	fundamenta	a	categoria,	dando	base	para	a	atuação	profissional.	
Desta	forma,	o	projeto	profissional	faz	parte	do	projeto	societário	que	é	considera-
do	mais	abrangente,	porém	seu	foco	possibilita	entender	as	tendências	emancipadoras	e	
democráticas,	a	práxis	social	no	capitalismo	e	as	lutas	de	classes.	O	assistente	social	deve	
entender	não	o	que	é	possível,	mas	o	que	é	necessário	para	a	concretização	do	projeto	
profissional,	pois	é	por	meio	desse	projeto	que	o	exercício	profissional	é	potencializado	e	
aponta	as	tendências	que	envolvem	a	profissão,	além	das	possibilidades,	alternativas	e	até	
os	limites	das	atividades	realizadas.	
É	importante	ter	em	mente	que	as	tendências	da	profissão	vão	além	das	exigências	
e	dificuldades	encontradas	durante	o	exercício	profissional.	É	preciso	ter	um	olhar	crítico	
e	reflexivo	sobre	tudo	que	envolve	a	profissão,	sendo	comprometido	com	a	emancipação	
127UNIDADE IV O Assistente Social na Luta de Classes
humana,	a	democratização	e	a	busca	pelo	conhecimento;	entendendo	o	seu	papel	em	meio	
a	sociedade,	sabendo	que,	diante	de	todo	os	avanços	que	a	categoria	conquistou	ao	longo	
dos	anos,	ainda	temos	possibilidades	que	não	foram	exploradas.
Sendo	assim,	cabe	aos	futuros	assistentes	sociais	decifrar	tal	realidade.	Mas	calma!	
Essa	ação	não	é	exclusiva	para	os	futuros	assistente	sociais	e	sim	para	todos	aqueles	que	
estão	engajados	com	o	projeto	profissional,	pois,	diante	desse	complexo	campo	da	 luta	
de	classes,	sempre	surgirá	algum	problema,	cabendo	à	categoria	o	papel	de	desvendar,	
criando	novas	possibilidades	a	partir	de	estudos	sistemáticos	e	qualificados	envolvendo	os	
assistentes	sociais.	
Diante	disso,	é	necessário	destacar	que	a	prática	profissional	depende	de	fatores	
internos	e	externos	e,	embora	os	assistentes	sociais	precisam	utilizar	o	sistema	como	me-
canismo	básico	de	seu	trabalho	assalariado,	há	um	paradoxo.	Embora,	muitas	vezes,	os	
assistentes	sociais	não	confiem	nos	recursos	e	materiais	disponíveis,	o	que	pode	levá-los	a	
serem	reféns	de	uma	prática	conservadora	e	neste	caso,	é	preciso	ir	além	dos	seus	limites.	
Entendendo	que	o	 fazer	profissional	deve	ser	baseado	nos	princípios	éticos	que	
envolve	 a	 categoria,	 entendendo	 que	 as	 consequências	 que	 nos	 trouxe	 até	 aqui	 foram	
fundamentais	para	a	criação	de	um	projeto	profissional,	destacando	que	as	tendências	ad-
quiridas	aos	longo	da	existência	da	profissão	deu-se	por	meio	de	diversos	fatores	históricos	
que	foram	essenciais,	para	que	a	profissão	tivesse	uma	base	teórica	e	metodológica.
Neste	sentido	é	preciso	ter	em	mente	que	a	profissão	de	Serviço	Social	alcançou	
um	patamar	elevado,	que	de	certa	forma	possibilitou	mecanismos	de	trabalho	que	funda-
menta	o	exercício	profissional	e	ainda	continua	possibilitando	novas	práticas	e	ações	que	
não	foram	exploradas,	mas	que	poderão	ser.				
128UNIDADE IV O Assistente Social na Luta de Classes
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro(a)	aluno(a),	chegamos	ao	fim	de	mais	uma	unidade	e	é	com	grande	tristeza	
que	anuncio	que	esta	é	a	nossa	última	unidade.	Espero	que	os	conteúdos	abordados	tenham	
proporcionado	muitos	saberes,	mas	também	despertado	o	interesse	em	buscar	em	outras	
bases	teóricas	mais	sobre	a	profissão,	principalmente	nos	conteúdos	abordados	até	aqui.	
Se	recapitular	o	que	apreendeu	nesta	unidade,	verá	um	breve	resgate	histórico	so-
bre	a	profissão	e	perceberá	o	quão	importante	é	que	se	faça	esses	resgate,	pois	é	preciso	
entender	o	que	aconteceu	na	profissão,	principalmente	entre	os	anos	1960	a	1980,	quando	
tudo	começou	a	fazer	sentido,	principalmente	sobre	o	exercício	profissional	que	realizamos	
nos	dias	atuais.	
Entender	sobre	o	quefazer	profissional	foi	 importante,	uma	vez	que	esse	ponto	foi	
resgatado	na	Era	Vargas,	mas	se	intensificou	após	o	Movimento	de	Reconceituação	e	a	busca	
pelo	rompimento	com	o	conservadorismo	que	durou	quase	30	anos,	sendo	considerado	por	
muitos	assistentes	sociais	como	um	avanço	para	a	categoria.	Mas	entender	todo	o	processo	
é	o	que	dá	sentido	sobre	a	forma	como	os	assistentes	sociais	atuam	nos	dias	de	hoje.		
Um	outro	ponto	que	merece	destaque	são	os	quatro	projetos	abordados,	que	dentre	
os	30	anos	de	grandes	conquistas	foram	construídos,	mostrando	os	avanços	e	consequên-
cias	ao	adotarem	e/ou	seguirem	alguns	dos	projetos.	Destaco	que	os	quatro	projetos	foram	
importantes,	mas	o	primeiro	é	o	que	dá	mais	sustentação	para	que	os	assistentes	sociais	
consigam	atuar	frente	às	expressões	da	questão	social;	isso	porque	apresenta	o	tripé	da	
profissão,	além	da	democracia,	liberdade	e	emancipação	humana,	que	faz	parte	de	uma	
conquista	maior.
	E	não	podemos	deixar	de	destacar	sobre	a	escolha,	os	motivos	que	os	profissio-
nais	escolheram	as	dimensões	ético-política	e	teórico-metodológica	frente	aos	diferentes	
projetos	profissionais	e	os	quatro	pontos	importantes	que	nos	fazem	questionar	e	refletir	
sobre	o	fazer	profissional.	Isso	nos	apresenta	respostas	que	nos	possibilita	ir	além	da	práti-
ca	profissional,	entendendo	que	estamos	inseridos	em	uma	sociedade	e	que	devemos	lutar	
junto	à	classe	trabalhadora,	base	fundamental	para	entender	o	projeto	profissional.	
129UNIDADE IV O Assistente Social na Luta de Classes
LEITURA COMPLEMENTAR 
O	 exercício	 profissionalmediado	 pelo	 Projeto	 Ético-Político	 do	 Serviço	 Social:	
questões	candentes.
O	Serviço	Social	no	Brasil,	desde	a	década	de	1960,	vem	passando	por	grandes	
transformações	no	plano	teórico-prático	(Iamamoto	e	Carvalho,	1983;	Netto,	1991	e	Castro,	
1993).	Desde	o	final	da	década	de	1970,	vem	se	desenvolvendo	e	consolidando	um	projeto	
de	profissão	sintonizado	com	os	interesses,	necessidades	e	demandas	históricas	da	classe	
trabalhadora,	nos	seus	diferentes	segmentos.
Entendemos	que,	na	sua	origem,	este	projeto	parte	da	consciência	de	que	a	liber-
dade,	como	garantia	da	autonomia,	da	emancipação	e	da	plena	expansão	dos	indivíduos	
sociais,	 na	busca	de	uma	ordem	societária	 sem	dominação/exploração	de	classe,	etnia	
e	gênero,	não	se	conquista	e	se	conserva	através	de	reformas	como	fins	em	si	mesmos,	
sejam	elas	de	ordem	moral	ou	econômica.	A	liberdade,	assim	como	a	autonomia,	o	poder,	
conquista-se,	 desenvolve-se,	 aperfeiçoa-se	 e	 conserva-se	 através	 de	 transformações	
econômicas,	políticas	e	sociais	dialéticas,	que	assegurem	(para	além	da	ampliação	e	con-
solidação	da	cidadania	com	vistas	à	garantia	dos	direitos	civis,	sociais	e	políticos,	mesmo	
considerados	como	direitos	indissociáveis,	como	podemos	apreender	no	Código	de	Ética	
do	Assistente	Social	(CFESS,	1993),	uma	organização	social	fundada	na	“socialização	da	
participação	política	e	da	riqueza	socialmente	produzida”,	o	que	significa	não	só	a	radicali-
zação	do	processo	democrático	em	curso,	mas	a	superação	da	democracia	burguesa	por	
uma	humanidade	emancipada.
Ou	seja,	uma	organização	social	onde	o	trabalho	explorado	seja	substituído	pelo	
trabalho	associado,	o	que	impõe	como	consequência	uma	nova	ordem	societária,	sem	ex-
ploração/dominação	de	classe,	etnia	e	gênero.	Isso	significa,	reafirmando	a	essencialidade	
de	uma	ordem	social	alternativa	ao	capital	no	sentido	de	preservar	o	homem	e	a	natureza,	
sustentar	como	patamar	a	plena	participação	de	 “produtores	associados”	na	 tomada	de	
decisão	 em	 todos	 os	 níveis	 de	 controle	 político,	 cultural	 e	 econômico,	mantendo	 como	
finalidade	a	autonomia,	a	emancipação	e	o	pleno	desenvolvimento	de	cada	um,	através	“da	
universalização	da	educação	emancipadora	e	da	universalização	do	trabalho	como	ativi-
dade	humana	autorrealizadora”	(Mészáros,	2005),	fruto	de	uma	sociedade	fundada,	como	
afirmou	Marx,	“na	livre	associação	de	livres	produtores”,	“onde	o	livre	desenvolvimento	de	
cada	um	é	a	condição	para	o	livre	desenvolvimento	de	todos”.
130UNIDADE IV O Assistente Social na Luta de Classes
Entretanto,	 após	mais	 de	 duas	décadas	de	 consolidação	do	projeto	 profissional	
enquanto	petição	de	princípios	da	categoria	dos	assistentes	sociais	brasileiros,	o	qual	tem	
resultado	 tanto	numa	produção	de	 conhecimento/”massa	 crítica”	 que	 favorece	 sua	dire-
ção	social,	quanto	na	organização	e	participação	de	segmentos	expressivos	da	categoria	
em	 lutas	sociais	e	na	organização	da	própria	categoria,	as	respostas	que	a	maioria	dos	
assistentes	sociais	vem	dando,	histórica	e	conjunturalmente,	às	demandas	dos	diferentes	
segmentos	da	classe	trabalhadora,	os	quais	clamam	por	um	enfrentamento	com	a	ordem	
econômica	e	política	dominante,	não	estão	sendo	mediadas	pelas	 indicações	do	projeto	
profissional,	o	que,	 consequentemente,	não	 tem	 favorecido	mais	ao	 trabalho	do	que	ao	
capital,	como	anunciado	no	projeto	como	possibilidade,	diante	da	prioridade	dada	pelos	
assistentes	sociais	às	respostas	às	requisições	institucionais.
Assim,	parece-nos	que	traduções	práticas	do	projeto	profissional	não	predominam	
no	âmbito	da	atividade	profissional,	seja	na	formação,	na	gestão	e	no	planejamento	e	reali-
zação	das	atividades	socioassistenciais	e,	atualmente,	na	produção	de	conhecimento,	con-
siderada	em	sentido	amplo.	Não	predominam,	principalmente,	no	que	se	refere	à	atividade	
profissional	junto	a	indivíduos	e	grupos	dos	diferentes	segmentos	da	classe	trabalhadora,	
diante	de	uma	preocupação	e	priorização,	consciente/intencional	ou	não,	das	requisições	
institucionais,	pelos	assistentes	sociais,	assim	como	não	predominam	no	processo	de	for-
mação,	seja	nas	faculdades	públicas,	seja	nas	privadas.
Pôr	em	destaque	as	ações	desenvolvidas	 junto	a	 indivíduos	e	grupos	não	quer	
dizer	que	elas	sejam	vistas	de	forma	isolada	no	exercício	profissional,	processo	que,	tendo	
em	vista	uma	prática	consciente,	crítica,	criativa	e	propositiva,	envolve,	apreendido	o	coti-
diano	profissional	como	parte	e	expressão	da	realidade	social,	pelo	menos:	planejamento	
—	 investigação/produção	de	conhecimento	—,	gestão	e	viabilização	de	 recursos,	ações	
educativas,	articulações	políticas,	mediações	institucionais,	avaliação	(ver,	a	seguir,	o	item	
“contextualização	da	atividade”).	Do	mesmo	modo,	a	atenção	direta	aos	usuários	atravessa	
e	é	atravessada	por	processos	que	envolvem	o	planejamento,	a	gestão	e	a	avaliação	das	
próprias	políticas	e	serviços	sociais.	Apreendido	em	si	mesmo	e	descolado	desses	pro-
cessos,	o	contato	direto	com	os	usuários	—	através	de	entrevista,	reunião,	visita	domiciliar	
etc.	—	torna-se	burocrático	e	vazio.
Neste	contexto,	não	podemos	deixar	de	destacar	o	que	consideramos	uma	involução	
no	que	se	refere	ao	exercício	profissional	junto	a	indivíduos	e	grupos.	Se	por	um	lado,	tanto	
por	parte	das	instituições	públicas	e	privadas/ONGs,	o	assistente	social	vem	cada	vez	mais	
sendo	requisitado	a	prestar	assessoria,	consultoria	na	realização	de	projetos;	a	assumir	a	
131UNIDADE IV O Assistente Social na Luta de Classes
gestão	de	unidades	socioassistenciais	e	assessorar	gestores;	a	assumir	que	ificação	de	téc-
nicos	de	nível	médio	e	elementar	das	instituições	em	que	trabalha;	por	outro	lado,	ao	ser	cada	
vez	mais	requisitado	a	capacitar	técnicos	de	nível	elementar,	médio	ou	voluntários	com	fins	
de	prestar	atenção	direta	aos	usuários	dos	serviços	socioassistenciais,	o	assistente	social	vê	
seu	papel	ser	substituído	por	esses	técnicos	ou	voluntários.	São	dois	processos	—	gestão	e	
capacitação	—	que	vêm	apartando	os	assistentes	sociais	da	possibilidade	de	realizar	seu	po-
tencial	educativo	e	formador	nos	processos	de	mobilização	e	organização	dos	segmentos	de	
trabalhadores,	onde	estão	inseridos	profissionalmente.	Quanto	mais	afastados	dos	usuários,	
mais	os	assistentes	sociais	estarão	submetidos	e	submissos	às	requisições	institucionais	e	
aos	interesses	específicos	de	gestores	e	demais	profissionais	e	menos	com	condições	de	dar	
sua	contribuição	em	processos	que	favoreçam	alianças	tanto	entre	os	diferentes	segmentos	
da	classe	trabalhadora,	como	“alianças	entre	os	descontentes	e	os	despossuídos”	(Harvey,	
2011).	Isso	não	significa	que	estar	junto	ao	usuário	garanta	a	realização	pelo	assistente	social	
do	papel	educativo	e	formador	necessário
(...) 
Fonte: Vasconcelos	(2017,	p.	433	-	457).
132UNIDADE IV O Assistente Social na Luta de Classes
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO 
Título:	A/O	Assistente	Social	na	Luta	de	Classes:	Projetos	Profis-
sional	e	Mediações	Teóricos-Práticas
Autor: Ana	Maria	de	Vasconcelos
Editora:	Cortez
Sinopse:	 É	 diante	 da	 permanente	 possibilidade	 de	 insurgência	
dos/as	 trabalhadores/as	 contra	 o	modo	 de	 produção	 capitalista,	
que	a	burguesia	nacional	e	internacional	se	encontra	entre	sua	ne-
cessária	vitimização	por	um	lado	e	criminalização	por	outro.	As/Os	
assistentes	sociais	e	demais	profissionais	podem	dar	sua	modesta	
contribuição	aos	únicos	que	portam	interesses	e	necessidades	que	
coincidem	com	os	interesses	do	gênero	humano:	os	trabalhadores	
e	as	trabalhadoras	de	todo	o	mundo.
FILME/VÍDEO 01
Título:	Laranjas	e	Sol	
Ano: 2011
Sinopse:	Baseado	em	fatos,	o	filme	conta	a	história	de	Margaret	
Humphreys,	 uma	 assistente	 social	 do	 Reino	 Unido	 responsável	
por	 descobrir	 um	 dos	 maiores	 esquemas	 de	 tráfico	 infantil	 da	
Europa,	 envolvendo	o	 governo	da	Grã-Bretanha,	 que	deportava	
crianças	pobres	de	maneira	forçada	para	países	como	a	Austrália	
e	o	Canadá.
FILME/VÍDEO02
Título: O	Corajoso	coração	de	Irena	Sendler
Ano: 2009
Sinopse: Em	Varsóvia	no	ano	de	1940,	A	polonesa	Irena	Sendler	
é	uma	católica	servidora	social	que,	para	evitar	deportação,	salva	
milhares	de	crianças	 judias	da	morte	durante	a	Segunda	Guerra	
Mundial.	
133
REFERÊNCIAS
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CONCLUSÃO GERAL
Caro(a)	 aluno(a),	 chegamos	 ao	 fim	 do	 nosso	 estudo	 e	 espero	 que	 o	 conteúdo	
aprendido	nas	quatro	unidades	desta	apostila	tenha	lhe	proporcionado	o	entendimento	do	
trabalho	e	formação	profissional,	bem	como	o	projeto	profissional	e	porque	os	assistentes	
sociais	devem	estar	envolvidos	com	a	luta	de	classes.	
A	escolha	dos	assuntos	que	foram	abordados	reflete	sobre	a	formação	e	o	trabalho	
do	assistente	social.	Tivemos	como	base	autores	como	Iamamoto	e	Vasconcelos,	que	con-
tribuíram	de	forma	direta	para	que	os	assuntos	pudessem	ser	apresentados	a	você.
Desta	forma,	vamos	recapitular	alguns	pontos	importantes	apresentados	ao	longo	
das	 quatro	 unidades	 que	 considero	 serem	 relevantes,	 tanto	 para	 o	 processo	 formativo	
quanto	para	a	atuação	profissional.	O	primeiro	ponto	a	ser	destacado	é	sobre	a	formação	
e	toda	a	trajetória	histórica	que	envolve	esse	processo	–	os	dilemas,	as	conquistas	por	trás	
de	grandes	debates	que	levaram	o	processo	formativo	para	outro	patamar,	envolvendo	os	
acadêmicos	e	professores	a	refletir	sobre	a	política	de	prática	acadêmica	à	nível	ensino,	
pesquisa	e	extensão.	Outra	conquista	nesse	processo	foi	a	oportunidade	dos	acadêmicos	
em	vivenciarem	as	experiências	do	processo	de	trabalho	por	meio	da	prática	dos	estágios	
que	faz	toda	a	diferença	na	formação.	
Sobre	o	trabalho	do	assistente	social,	dentro	de	toda	a	discussão	acerca	do	proces-
so	formativo,	também	foi	debatido	sobre	a	práxis	que	envolve	os	assistentes	sociais,	além	
do	projeto	profissional	que	dá	um	norte	aos	profissionais	em	relação	ao	entendimento	do	o	
que	fazer	profissional,	projeto	que	tem	em	suas	bases	o	método	marxista,	que	faz	entender	
sobre	a	dinâmica	entre	o	capital	e	o	trabalho.	A	categoria	busca	pela	emancipação	humana,	
a	democratização	e	a	 liberdade	da	 classe	 trabalhadora.	Tem	como	 referência	o	Código	
de	Ética,	 a	Lei	 que	 regulamenta	a	profissão,	e	as	Diretrizes	 curriculares,	 que	dão	base	
para	entender	sobre	as	dimensões	ético-político,	teórico-metodológico	e	técnico-operativo,	
consideradas	importantes	para	compreender	o	processo	de	trabalho	do	assistente	social	
em	meio	a	sociedade	brasileira.	
Até uma próxima oportunidade. Muito Obrigado!
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E D I T O R Aa	realidade	apresentada
pela	sociedade,	compreendendo	que	as	mudanças	são	um	meio	e	não	um	fim;	que	cabe
somente	ao	assistente	social	lutar	pelos	direitos	sociais,	garantindo	o	seu	espaço	no	mer-
cado	de	trabalho.
É	importante	destacar	que	a	atuação	profissional	junto	aos	Movimentos	Sociais	além	
de	ser	uma	competência	profissional	está	prevista	a	na	Lei	que	regulamenta	a	profissão	(Lei	
nº	8.662/1993),	no	art.	04	inciso	IX,	“prestar assessoria e apoio aos movimentos sociais em 
matéria relacionada às políticas sociais, no exercício e na defesa dos direitos civis, políticos e 
sociais da coletividade”	(	CFESS,	1993,	p.	45).	Assim	como	previsto	no	Código	de	Ética	do/a	
Assistente	Social	em	relação	às	entidades	da	categoria	e	demais	Organizações	da	Sociedade	
Civil,	a	qual	constituiu	no	art.	12	-	b	como	um	direito	do	assistente	social	em	“apoiar e/ou par-
ticipar dos movimentos sociais e organizações populares vinculados à luta pela consolidação 
e ampliação da democracia e dos direitos de cidadania”.	(CFESS,	1993,	p.	34).
Um	outro	serviço	que	o	assistente	social	pode	e	deve	atuar	são	no	campo	da	asses-
soria	e	consultoria,	a	qual	também	está	previsto	na	Lei	que	regulamenta	a	profissão	no	art.	
04	inciso	-VIII,	a	qual	consiste	como	competência	do	assistente	social		“prestar	assessoria	e	
consultoria	a	órgãos	da	administração	pública	direta	e	indireta,	empresas	privadas	e	outras	
entidades”	(	CFESS,	1993,	p.	45).	
“Assim,	definimos	assessoria/consultoria	como	aquela	ação	que	é	desenvol-
vida	por	um	profissional	com	conhecimento	na	área,	que	 toma	a	realidade	
como	objeto	de	estudo	e	detém	uma	intenção	de	alteração	da	realidade.	O	
assessor	não	é	aquele	que	intervém,	deve,	sim,	propor	caminhos	e	estraté-
gias	ao	profissional	ou	à	equipe	que	assessora	e	estes	têm	autonomia	em	
acatar	ou	não	suas	proposições.	Portanto,	o	assessor	deve	ser	alguém	estu-
dioso,	permanentemente	atualizado	e	com	capacidade	de	apresentar	clara-
mente	suas	proposições.”	(BRAVO	&	MATOS,	2014,	p.	31).	
Caro(a)	aluno(a)	se	analisar	a	diferença	entre	assessoria	e	consultoria	é	minima,	
mas	ambas	são	importantes	e	faz	a	diferença	no	fazer	profissional,	principalmente	porque	
tanto	a	consultoria	que	é	mais	pontual	como	a	assessoria	que	remete	a	ideia	de	assistir	
estão	ligadas,	devendo	considerar	que	não	podem	ser	compreendidas	como	sinônimo	de	
supervisão,	ação	extensionista	e	não	é	um	trabalho	precarizado	e/ou	temporário.	Deve-se	
entender	 que	 se	 trata	 de	 uma	 atribuição	 privativa	 do	 assistente	 social	 e	 que	 cabe	 aos	
profissionais	conhecer	e	se	aprofundar	tanto	o	como,	onde	e	quando	realizar	uma	asses-
soria	e	consultoria.	Mas,	fique	 tranquilo	certamente	você	 irá	se	aprofundar	nestas	áreas	
de	atuação,	o	 importante	é	entender	que	esses	espaço	sócio-ocupacionais	 foram	e	são	
fundamentais	para	a	atuação	profissional	e	por	meio	deles	outros	locais	de	trabalhos	foram	
e	estão	surgindo.		
13UNIDADE I O Trabalho Profissional na Contemporaneidade
2. TRABALHO E SERVIÇO SOCIAL: O REDIMENSIONAMENTO DA PROFISSÃO
ANTE AS TRANSFORMAÇÕES SOCIETÁRIAS RECENTES
Caro(a)	aluno(a),	desde	a	sua	origem,	o	trabalho	tornou-se	fundamental	na	vida	do	
homem	em	meio	a	sociedade.	Com	a	ascensão	do	capitalismo	esse	conceito	foi	modifican-
do,	dando	espaço	para	a	produção	e	reprodução	de	mercadorias.	Dessa	forma,	tivemos	
a	divisão	de	classes	–	de	um	lado	temos	o	sistema	capitalista	e	a	busca	pelo	aumento	de	
lucro;	do	outro	os	trabalhadores,	que	vendem	a	força	de	trabalho	para	a	sua	sobrevivência	
–,	gerando	problemas	sociais	que	foram	as	consequências	desse	cenário,	como	o	paupe-
rismo	e	a	luta	de	classes.	
Nessa	perspectiva	é	que	surge	o	Serviço	Social,	uma	profissão	inscrita	na	divisão	
social	e	técnica	do	trabalho.	Ao	longo	de	sua	existência	passou	por	grandes	mudanças	e	
conquistas	 na	 categoria	 profissão,	 principalmente	 no	 processo	 de	 trabalho	mediante	 às	
transformações	societárias,	exigindo	dos	profissionais	que	repensassem	no	fazer	profissio-
nal,	algo	que	os	assistentes	sociais	precisam	realizar	constantemente,	analisando	os	fatos	
ocorridos	na	sociedade	para	entender	o	contexto	atual.
Dessa	forma,	vamos	analisar,	a	seguir,	o	termo	trabalho	e	seu	processo	em	relação	
ao	Serviço	Social.
14UNIDADE I O Trabalho Profissional na Contemporaneidade
2.1 O Trabalho e Serviço Social
O	 termo	 “trabalho”	originou-se	da	busca	do	homem	em	atender	às	suas	neces-
sidades.	De	 acordo	 com	Marx	 (1989)	 o	 trabalho	 consiste	 na	 ação	 do	 homem	em	meio	
à	natureza	e	ao	modificá-la,	modifica	a	si	mesmo,	ou	seja,	o	 trabalho	é	algo	produzido	
pelo	próprio	homem,	com	a	finalidade	de	modificar	a	natureza	e,	assim,	atender	às	suas	
necessidades,	considerado	como	a	categoria	fundante	do	mundo	e	a	base	dos	homens	em	
qualquer	sociedade.
No	entanto,	o	sentido	do	 trabalho	mudou-se	com	a	sociedade	capitalista.	Lessa	
(2007)	destaca	que	o	trabalho	passou	a	ser	usado	para	produzir	mercadorias	por	meio	da	
exploração	da	força	de	trabalho.	Nessa	perspectiva	não	é	reconhecido	como	uma	forma	
de	 realização	humana,	mas	como	uma	 forma	de	sobrevivência	por	meio	da	produção	e	
reprodução	a	partir	do	modo	de	trabalho.
É	nessa	perspectiva	que	o	Serviço	Social	 se	originou,	ou	seja,	para	atender	as	
necessidades	 emergentes	 da	 classe	 trabalhadora	 em	prol	 dos	 interesses	 da	 sociedade	
capitalista.	Porém,	com	o	passar	dos	anos,	a	categoria	repensou	na	prática	profissional,	
isso	aconteceu	a	partir	do	Movimento	de	Reconceituação	e	dos	seminários	(Araxá,	Teresó-
polis,	Sumaré	e	Alto	da	Boa	Vista)	e	dos	Congressos	que	reuniram	diversos	profissionais,	
conquistando	o	reconhecimento	do	Serviço	Social	como	uma	profissão	inscrita	e	inserida	
na	divisão	social	e	técnica	do	trabalho,	atuando	na	perspectiva	liberal	e	autônoma	regida	
por	um	Código	de	Ética	que	regulamenta	a	profissão.	
Devemos	ter	em	mente	que,	assim	como	a	sociedade	capitalista	mudou	a	forma	
de	trabalho,	a	prática	profissional	do	assistente	social	também	sofreu	mudanças,	principal-
mente	com	a	variação	das	expressões	da	questão	social.	A	exigência	de	analisar	a	prática	
profissional	no	contexto	das	relações	de	trabalho	é	porque	o	assistente	social	também	vende	
15UNIDADE I O Trabalho Profissional na Contemporaneidade
a	sua	força	de	trabalho,	mantendo	uma	relativa	independência	na	definição	de	prioridades	
e	estilos	de	trabalho,	e	seu	controle	sobre	suas	próprias	atividades	é	diferente	daquelas	em	
que	está	engajado,	por	exemplo,	os	trabalhadores	da	linha	de	produção.
Tendo	a	linguagem	como	instrumento	básico	de	trabalho,	as	atividades	desenvol-
vidas	pelos	assistentes	sociais	estão	intimamente	relacionadas	à	sua	teoria,	metodologia,	
conhecimentos	técnicos	e	formação	moral	e	política.	Suas	atividades	dependem	da	capa-
cidade	de	ler	e	monitorar	os	processos	sociais,	construindo	os	relacionamentos	e	vínculos	
no	âmbito	do	trabalho.	
Cabe	 destacar	 aqui,	 caro(a)	 aluno(a),	 que	 a	 autonomia	 relativa	 dos	 assistentes	
sociais	se	deve	ao	natural,	este	tipo	de	especialização	do	trabalho	é	para	trabalhar	com	
indivíduos	em	sociedade,	não	com	coisas	inertes,	eles	interferem	na	reprodução	material	e	
social	do	trabalho	por	meio	da	prestação	de	serviços	sociais.	Seu	trabalho	está	localizado	
principalmente	no	campo	do	pensamento	político,	exigindo	que	os	profissionais	exerçam	as	
funções	de	controle	quanto	à	ideologia	dominante	da	classe	subordinada,	cujos	campos	de	
trabalho	são	interceptados	por	tensões	e	interesses	de	classe.	
É	 possível	mudar	 o	 significado	 de	 seu	 comportamento	 para	 uma	 direção	 social	
diferente	da	direção	esperada	pelo	empregador,	como	no	sentido	de	estabelecer	a	cidada-
nia	para	todos;	a	realização	da	sociedade,	os	direitos	políticos;	a	formação	de	uma	cultura	
pública	 democrática	 e	 o	 desenvolvimento	 da	 esfera	 pública.	 Isso	 decorre	 das	 próprias	
características	contraditórias	das	relações	sociais	que	constituem	a	sociedade	capitalista.	
Entre	eles,	atualmente,existem	interesses	sociais	diametralmente	opostos	que	se	refratam	
no	âmbito	 institucional,	definem	as	 forças	sociais	e	políticas	que	 lutam	pela	hegemonia,	
definem	o	consenso	de	classe	e	estabelecem	uma	forma	de	controle	social	a	ele	vinculado.
Embora	a	existência	do	processo	de	alienação	envolvendo	mão	de	obra	contratada	
não	possa	ser	eliminada,	é	na	referida	dimensão	política	na	prática	profissional	que	se	abre	
a	possibilidade	de	neutralizar	a	alienação	dessa	atividade.	Para	os	trabalhadores,	 isso	é	
um	esforço	e	um	grande	desperdício	de	energia,	porque	o	trabalho	é	uma	mercadoria	indi-
visível	para	os	trabalhadores.	Tomar	posse	da	dimensão	criativa	e	as	condições	subjetivas	
do	trabalho	vão	interferir	na	direção	social	do	seu	trabalho	e	essa	é	uma	luta	que	deve	ser	
realizada	todos	os	dias.	
De	acordo	com	Iamamoto	(2012),	devido	às	suas	qualificações	profissionais,	o	as-
sistente	social	possui	 relativa	autonomia	 teórica,	 técnica	e	ética	política	na	realização	das	
atividades,	mas	estas	dependem	dos	meios	e	 recursos	para	a	sua	realização,	não	sendo	
propriedade	do	assistente	social	porque	está	envolvido	no	trabalho.	Alguns	dos	meios	e	condi-
16UNIDADE I O Trabalho Profissional na Contemporaneidade
ções	necessários	são	alienados,	sendo	os	métodos	e	as	condições	de	realização	do	trabalho,	
por	exemplo,	as	diretrizes	estipuladas	pelas	políticas	sociais	públicas	ou	empresariais.
Mas	é	importante	entender	que	as	relações	de	poderes	institucionais	e	as	priori-
dades	políticas	são	estabelecidas	pela	instituição	que	o	profissional	presta	o	serviço,	já	a	
mobilização	humana	e	a	pressão	social	são	condições	externas.	Cabe	ao	assistente	social	
compreender	esses	fatores,	tendo	em	mente	que	as	políticas	sociais	e	as	expressões	da	
questão	social	relacionadas	na	área	de	trabalho	não	podem	ser	consideradas	como	algo	
externo,	pois	se	tratam	das	atribuições	profissional,	devendo	estar	claro	no	momento	da	
atuação	para	não	tomar	para	si	o	que	de	fato	não	faz	parte	da	prática	profissional.
2.2 O Processo de Trabalho e o Serviço Social 
O	processo	de	trabalho	é	a	combinação	entre	os	meios	onde	o	homem	se	estabelece	
e	a	força	produzida	pelo	seu	trabalho.	Para	chegar	a	esse	processo,	o	homem	precisa	trans-
formar	uma	determinada	matéria,	seja	ela	bruta	ou	natural,	tendo	um	resultado	favorável,	de	
forma	que	alcance	a	conversão	do	produto	para	a	satisfação	humana	(OLIVEIRA,	2001).
Marx	(1989)	salienta	que	o	processo	de	trabalho	é	uma	atividade	exclusivamente	
executada	pelo	homem,	com	a	finalidade	de	transformar	seu	objeto	de	trabalho,	adaptando	
uma	matéria	natural	à	necessidade	humana,	transformando	a	sua	forma	original	na	satisfa-
ção	plena	de	outro	homem.	Nesse	aspecto,	o	processo	de	trabalho	passa	por	três	estágios,	
primeiro:	a	atividade	realizada	tem	propósito,	segundo:	um	objeto,	e	terceiro:	os	meios	em	
que	deverá	acontecer	todo	o	processo	de	trabalho.
Para	Duarte	(1995),	o	processo	de	trabalho	só	alcança	uma	finalidade	a	partir	do	
resultado,	ou	seja,	por	meio	do	produto	produzido	pela	mão	do	homem,	que	além	de	satisfa-
17UNIDADE I O Trabalho Profissional na Contemporaneidade
zer	a	necessidade	humana	cria	um	determinado	valor	de	uso	em	que	o	trabalho	objetiva	na	
produção	de	uma	mercadoria.	Consequentemente,	o	objeto	de	trabalho	está	petrificado	na	
força	humana	e	nos	resultados	atingidos.	Esse	conceito	se	dá	por	meio	do	trabalho,	criado	
pela	produção	de	um	ou	mais	homens,	a	fim	de	atender	a	uma	determinada	necessidade.
No	processo	de	trabalho	as	atividades	realizadas	significam	alterar	os	objetos	de	
trabalho	que	são	projetados	para	atingir	seus	objetivos.	Nesse	sentido,	o	processo	sai	no	
produto,	que	é	considerado	como	uma	espécie	de	valor	de	uso.	Quando	o	processo	de	
trabalho	gera	o	valor	de	uso	do	produto	outros	valores	de	trabalho	são	inseridos	como	ma-
teriais	de	produção	e	os	produtos	têm	o	mesmo	valor	de	uso	e	constituem	os	materiais	de	
produção	da	obra.	Portanto,	o	produto	não	é	apenas	o	resultado,	mas	também	a	condição	
do	processo	de	trabalho.
O	processo	de	trabalho	se	configura	em	dois	tipos:	o	simples,	que	são	atividades	
baseadas	no	objetivo	ou	trabalho	em	si,	seus	objetos	no	ambiente;	e	o	abstrato,	que	reflete	
no	valor	de	troca	ou	no	preço	das	mercadorias,	tendo	o	sistema	capitalista	como	o	detentor	
de	todo	o	processo	de	trabalho.	
REFLITA
Qualquer	processo	de	trabalho	implica	uma	matéria-prima	ou	objeto	sobre	o	qual	incide	
a	ação	do	sujeito,	ou	seja,	o	próprio	trabalho	que	requer	meios	ou	instrumentos	para	que	
possa	ser	efetivado.	Em	outros	termos,	todo	processo	de	trabalho	implica	uma	matéria-
-prima	ou	objeto	sobre	o	qual	incide	a	ação;	meios	ou	instrumentos	de	trabalho	que	po-
tenciam	a	ação	do	sujeito	e	objeto;	e	a	própria	atividade,	ou	seja,	o	trabalho	direcionado
a	um	fim,	que	resulta	em	um	produto.
Fonte:	Iamamoto	(2012,	p.	61).
No	que	se	refere	ao	processo	de	trabalho	do	Assistente	Social,	pode	considerar	
que	está	ligada	à	divisão	social	e	técnica	do	trabalho	e	na	atuação	do	profissional	na	presta-
ção	dos	serviços	sociais.	Segundo	Iamamoto	(2012),	o	processo	de	trabalho	do	Assistente	
Social	foi	definido	após	a	reafirmação	da	proposta	de	currículo	mínimo	do	curso	de	Serviço	
Social,	composto	por	200	oficinas	locais,	regionais	e	nacionais,	realizadas	pela	Associação	
18UNIDADE I O Trabalho Profissional na Contemporaneidade
Brasileira	de	Ensino	e	Pesquisa	em	Serviço	Social	(ABEPSS).	Tendo	o	entendimento	que	a	
atuação	do	Assistente	Social	faz	parte	do	processo	de	trabalho	constituído	historicamente	
na	sociedade	de	forma	coletiva,	porém	com	características	particulares	de	que	o	serviço	
ofertado	nos	espaços	de	trabalho	devem	ser	particulares	aos	assistentes	sociais.	
Para	pensar	no	processo	de	 trabalho	do	Assistente	Social,	é	preciso	considerar	
esta	dupla	determinação:	 a	do	 valor	 de	uso	e	do	 valor,	 ou	 seja,	 como	um	processo	de	
produção	de	produto	ou	determinação	da	qualidade	do	serviço	e	o	processo	influente	ao	
nível	da	produção	ou	distribuição	de	valor	ou	mais-valia.	Devendo	considerar	que	o	trabalho	
do	assistente	social	na	esfera	pública	nem	sempre	 teve	conexão	de	 forma	direta	com	o	
trabalho	e	produção	de	valor,	o	que	nos	chama	a	atenção	para	entender	o	processo	de	tra-
balho	nos	diversos	espaços	sócio-ocupacionais.	Ou	seja,	na	política	de	assistência	social	
o processo	de	trabalho	não	está	ligado	diretamente	na	produção	de	valor,	ao	contrário	das
empresas	em	que	é	explícita,	no	processo	de	trabalho,	a	atuação	frente	à	reprodução	da
força	de	trabalho.
Mas	é	 importante	compreender	que	o	processo	de	 trabalho	do	assistente	social	
se	constitui	pelo	objeto	de	trabalho,	ou	seja,	as	expressões	da	questão	social	e	o	meio	de	
trabalho,	bem	como	os	instrumentos	utilizados	nos	diversos	espaços	de	atuação	–	que,	de	
certa	forma,	viabilizam	os	direitos	sociais	gerando	efeito	na	sociedade.	
Portanto,	com	base	nesse	entendimento,	pode-se	considerar	que	o	Serviço	Social	
é	uma	profissão	especializada	e	inserida	no	processo	de	trabalho,	que	presta	serviço	ao	
empregador.	De	 certa	 forma,	 também	vende	a	 sua	 força	de	 trabalho,	mas	deve	 ter	 em	
mente	que	a	prestação	de	serviço	deve	ser	privativa,	ou	seja,	executada	somente	por	um	
assistente	social	que	se	apropria	de	habilidades	e	competências	privativas.	
19UNIDADE I O Trabalho Profissional na Contemporaneidade
2.3 Redimensionamento da Profissão Antes das Transformações Societárias 
Para	entender	as	profundas	mudanças	sociais	ou	as	transformações	societárias,	é	
necessário	considerar	a	crise	do	capital,	e,	para	entender	esse	contexto,	vamos	nos	apro-
fundar	nos	estudos	de	Netto	(2012).	Ele	destaca,	no	texto	Crise do capital e consequências 
societárias,	que	a	crise	do	capital	surgiu	na	década	de	1970	e	redesenhou	a	imagem	do	
capitalismo	 contemporâneo,	 apresentando	 novas	 características.	 Segundo	 o	 autor,	 as	
mudanças	tiveram	relação	com	o	mundo	do	trabalho	produzindo	falsas	conclusões	no	quese	 refere	 ao	 fim	 da	 classe	 trabalhadora	 e	 o	 fim	 do	 proletariado.	No	 entanto,	 embora	 a	
transformação	 esteja	 intrinsecamente	 relacionada	 à	 produção,	 ela	 envolve	 a	 sociedade	
como	um	todo.
Além	do	crescente	grau	de	autonomia	controlado	pelo	Estado,	a	desregulamen-
tação	das	atividades	financeiras	também	tem	levado	a	fluxos	extraordinários	no	tempo	e	
no	espaço	e,	no	campo	da	produção,	esse	fluxo	permite	a	formação	de	capital,	uma	rede	
produtiva	capaz	de	conversão	rápida.
Isso	tem	impacto	na	cooperação	com	a	economia	do	trabalho	vivo,	aumentando	a	com-
posição	orgânica	do	capital	e	implicando	no	crescimento	do	trabalho	excedente.	Na	verdade,	
o chamado	“mercado	de	trabalho”	sofreu	uma	reorganização	completa	e	todas	as	inovações
levaram	às	precárias	condições	de	vida	de	um	grande	número	de	vendedores	de	mão	de	obra,
a	ordem	do	capital	é	uma	ordem	do	desemprego,	geralmente	aceita	na	informalidade.
Segundo	o	autor	supracitado,	as	mudanças	em	curso	têm	interferido	na	estrutura	
de	classes	da	sociedade	burguesa,	que	mudou	com	o	desaparecimento	das	antigas	classes	
e	estratos	sociais.	Mudanças	que	aparecem	no	plano	das	metas	econômicas	de	classe	e	
suas	relações,	como	as	mudanças	no	plano	subjetivo	da	ideologia.	Devido	a	esse	proces-
so	de	divisão	social	e	tecnológica	do	trabalho,	a	classe	trabalhadora	passou	por	grandes	
transformações.	Essa	mudança	também	afetou	os	níveis	médio	e	tradicional	da	burguesia.	
20UNIDADE I O Trabalho Profissional na Contemporaneidade
Outro	aspecto	que	chama	a	atenção	do	autor	é	o	imediatismo	como	realidade,	o	
que	desqualifica	a	distinção	entre	aparência	e	essência,	ou	seja,	a	realidade	e	sua	comple-
xidade	de	forma	curta.	Mediante	a	essas	informações	pode-se	considerar	que	o	movimento	
pós-moderno	se	desenvolveu	e	se	tornou	um	sintoma	das	mudanças	em	curso	na	socieda-
de,	o	que	corresponde	à	própria	estrutura	obsessiva	das	mercadorias.
No	que	se	refere	ao	Serviço	Social,	Iamamoto	(2012)	enfatiza	que	os	assistentes	
sociais	no	órgão	público,	que	é	considerado	o	setor	que	mais	contrata,	têm	vivenciado	o	
emprego	instável,	como	redução	de	licitações	públicas,	demissão	de	funcionários	instáveis			
e	exercício	de	contenção	salário,	falta	de	incentivos	à	carreira,	terceirização,	acompanhado	
de	instabilidade,	emprego	temporário,	perda	de	direitos.	O	que	nos	chama	a	atenção	quanto	
às	mudanças	no	mercado	de	trabalho	(assunto	abordado	na	primeira	parte	desta	unidade)	
no	setor	público.	
De	acordo	com	a	análise	de	Cardoso	(2016),	face	a	esse	enquadramento	e	face	
à	tendência	de	alteração	do	perfil	do	mercado	de	trabalho,	a	atuação	profissional	dos	as-
sistentes	sociais	adota	uma	nova	configuração	e	isso	gerou	demandas	por	meio	do	fluxo	
de	capital	na	crise	e	da	reorganização	política	das	classes	subordinadas	que	enfrentam	
empregos	instáveis			e	dispersos.	Com	isso,	a	demanda	por	trabalho	profissional	surge	no	
setor	estatal	e	privado.	Nessas	duas	áreas,	a	nova	imagem	do	mercado	de	trabalho	ocupa-
cional	apresenta	uma	visão	de	redução	da	demanda	por	ocupações	do	setor	público	e	um	
aumento	no	setor	privado.	
21UNIDADE I O Trabalho Profissional na Contemporaneidade
3. DEMANDAS E RESPOSTAS DA CATEGORIA PROFISSIONAL
AOS PROJETOS SOCIETÁRIOS
O	ponto	de	partida	para	entender	as	demandas	profissionais	no	âmbito	das	relações	
entre	o	Estado	e	a	sociedade	é	que	a	prática	profissional	não	tem	o	poder	milagroso	de	se	
manifestar,	sendo	compreendida	através	da	história	da	sociedade	que	faz	parte.	Portanto,	
expor	a	prática	profissional	cotidiana	é	inseri-la	no	quadro	das	relações	sociais	básicas	da	
sociedade,	é	entendê-la	no	tenso	jogo	das	relações	entre	classes	sociais,	entre	classes	e	
o Estado	brasileiro.
Nesse	aspecto,	considerar	a	primazia	da	produção	social	é	entender	que	o	papel	
básico	da	produção	da	vida	real,	ou	seja,	a	produção	de	indivíduos	sociais	engajados	em	
atividades	de	trabalho	estabelecidas	são	formas	de	compreender	as	demandas	estabele-
cidas	nas	sociedades	que	compõem	uma	personalidade	social,	como	expresso	no	mundo	
capitalista	hoje,	também	registra	os	princípios	básicos	da	exclusão	social	política	e	aliena-
ção.	Com	 isso,	para	entender	a	demanda	profissional	é	 importante	 realizar	uma	análise	
histórica	considerada	como	a	chave	da	resolução	dos	problemas	sociais.	
22UNIDADE I O Trabalho Profissional na Contemporaneidade
3.1 Demandas Profissionais: Uma Análise a Partir Do VII Congresso 
Brasileiro de Assistentes Sociais
Caro(a)	aluno(a),	no	intuito	de	explanar	sobre	as	demandas	profissionais,	é	no	viés	
de	análise	da	Iamamoto	(2012)	é	que	vamos	nos	aprofundar	em	alguns	temas	abordados	
no	VII Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais,	que	aconteceu	em	1992,	no	estado	de	
São	Paulo,	sendo	promovido	pelo	Conselho	Federal	de	Serviço	Social	 -	CFESS,	ANAS,	
ABEPSS	 	e	SESSUNE,	nos	dias	25	e	28	de	maio,	 tendo	como	 tema	 “O	Serviço	Social	
e	os	desafios	da	modernidade	 -	 os	Projetos	Sócio-Políticos	em	confronto	na	 sociedade	
contemporânea” (DIAS,	2019).
Primeiro	ponto	a	ser	abordado	é	sobre	a	profissão	ter	um	olhar	voltado	mais	para	
o Estado	e	menos	para	a	sociedade,	com	 isso	destaca-se	que	a	 reflexão	sobre	o	 fazer
profissional	acaba	 tendo	prioridade	na	 intervenção	do	Estado	por	meio	das	políticas	so-
ciais	extraindo	os	efeitos	na	sociedade,	no	entanto	é	preciso	entender	que	 	as	políticas
sociais	acaba	sendo	 importante	para	a	atuação	profissional,	o	que	deixa	como	 reflexão
que	o	Estado	não	explica	a	sociedade,	visto	que	os	fundamentos	do	Estado	encontra-se
na	própria	sociedade	civil	e,	neste	ponto,	é	importante	ter	um	olhar	para	a	sociedade	e	aos
movimentos	das	classes	sociais.
Segundo,	é	sobre	o	escopo	que	pode	ser	atribuído	às	demandas	profissionais,	ou	
seja,	a	consideração	dos	processos	e	mercados	de	trabalho	do	país.	Portanto,	por	exemplo,	
se	não	analisamos	as	mudanças	que	ocorrem	no	processo	de	trabalho	e	as	peculiaridades	
do	mercado	de	trabalho	urbano	e	rural,	como	explicar	as	demandas	advindas	da	sociedade	
às	quais	atuamos?
23UNIDADE I O Trabalho Profissional na Contemporaneidade
Terceiro,	a	análise	das	ações	realizadas	pelo	Estado	em	que	a	política	acaba	sendo	
determinação	da	economia,	quando	entramos	na	análise	de	direitos	sociais	e	política	so-
cial,	isentamos	o	capital,	no	máximo,	ela	só	pode	ser	vista	da	perspectiva	da	distribuição	da	
riqueza	social.	Reconhecer	que	a	sociedade	capitalista	e	sua	desigualdade	são	“naturais”,	
ao	analisar	as	necessidades	profissionais	parece	ser	essencial	manter	uma	aliança	profun-
da	entre	economia	e	política.
Quarto	e	último	ponto,	é	a	propensão	de	considerar	a	sociedade	brasileira	com	uma	
perspectiva	urbana,	dificilmente	em	um	debate	da	categoria,	o	processo	social	da	agricultura	
parece	estar	relacionado	a	essa	questão	e	as	cidades	correm	o	risco	de	aparecer	no	antigo	
dualismo	urbano	e	rural.	Essa	preocupação	acabou	sendo	baseada	no	compromisso	com	
a	proteção	agrícola	e	urbana	enraizada	na	sociedade	brasileira,	tentando	entender	onde	o	
Estado	e	a	sociedade	capitalista	estão	expandindo	a	reprodução	do	capital	como	a	aquisição	
da	propriedade	da	terra,	se	apropriando	das	terras	e	provocando	o	afastamento	dos	trabalha-
dores	que	lutam	pela	terra,	alterando	as	relações	de	trabalho	até	no	âmbito	rural.	
A	partir	desses	pontos	reflexivos,	pode-se	notar	que	há	uma	consistente	relação	
com	 o	 processo	 de	 precarização	 enraizada	 em	 nossa	 sociedade,	 levando	 o	 trabalho	 a	
um	status	de	falência,	simplesmente	pelo	fato	de	haver	mudanças	no	mundo	do	trabalho,	
alterando	as	suas	relações	e,	consequentemente,	aumentando	as	demandas	no	processo	
de	trabalho	do	assistente	social.	Essa	alteração	está	mudando	o	modo	de	vida	da	classe	
trabalhadora,	que	busca	pelo	serviço	do	assistente	social	devido	ao	estilo	de	vida	ter	so-
frido	alteração	e	muitas	vezes	vivenciando	a	pobreza	extrema.	Outro	ponto	reflexivo	a	ser	
considerado	é	que	o	Estado,	em	nome	do	capital,	não	só	interveio	naagricultura,	mas	em	
vários	departamentos	de	produção.	Mudou	o	trabalho	e	o	estilo	de	vida	dos	trabalhadores	
da	indústria	urbana	e	secundária.	
24UNIDADE I O Trabalho Profissional na Contemporaneidade
3.2 As Condições de Trabalho e Respostas Profissionais 
A	 pressão	 da	 população	 usuária	 sobre	 a	 demanda	 dos	 serviços	 está	 cada	 vez	
maior,	isso	devido	ao	aumento	da	pauperização	e	a	falta	de	recurso	em	algumas	instituições	
prestadoras	de	serviços	sociais,	que	acaba	 inviabilizando	o	 trabalho	dos	assistentes	so-
ciais,	principalmente	nos	serviços	mais	necessitados,	como	a	saúde;	educação;	habitação	
e	entre	outros.	Isso	aumenta	o	processo	de	seleção	em	relação	aos	atendimentos,	o	que	
torna	os	direitos	sociais	pouco	acessíveis.	
Mediante	a	essa	restrição	quanto	à	capacidade	de	atendimento,	o	profissional	do	
Serviço	Social	se	vê	cada	vez	mais	restringido	na	atuação,	executando	um	trabalho	bu-
rocrático,	com	uma	visão	de	favoritismo,	em	que	tanto	o	empregador	quanto	o	usuário	do	
serviço	acabam	tendo	a	visão	“moça	boazinha”.	Com	isso	o	assistente	social	acaba	tendo	
dificuldade	em	exercer	o	seu	trabalho	enquanto	profissional	capacitado	e	especializado.	
Para	 entender	 sobre	 a	 restrição	 quanto	 à	 capacidade	 no	 atendimento,	 a	 autora	
Iamamoto	(2012)	destaca	que,	antes,	os	critérios	em	relação	à	provisão	de	cesta	básica	
era	o	desemprego,	no	entendo	como	esse	fator	tem	aumentado	muito	nos	últimos	anos	e	
o valor	dos	alimentos	também	aumentaram,	acabou	tendo	outros	critérios	quanto	ao	rece-
bimento	do	benefício,	e	um	deles	é	a	pobreza	extrema.	Com	isso	pode-se	considerar	que
os	direitos	dos	trabalhadores	estão	se	tornando	invisíveis;	fora	os	profissionais	que	ficam
impossibilitados	de	trabalhar	pela	falta	de	recursos.	Nesse	tipo	de	situação	fica	evidente
o anseio	em	 relação	ao	papel	do	assistente	social	mediante	a	dificuldade	de	planejar	e
executar	propostas	de	trabalho.
Essa	realidade	instável,	principalmente	no	serviço	público,	os	profissionais	não	de-
vem	fazer	parte	e/ou	deixar-se	abater.	Não	devemos	criar	impasses	ou	desilusões	do	fazer	
25UNIDADE I O Trabalho Profissional na Contemporaneidade
profissional,	pelo	contrário,	os	profissionais	precisam	superar	a	posição	fatalista	e	aquelas	
visões	 idealizadas.	Nessa	 perspectiva,	 a	 realidade	 se	 torna	 um	obstáculo	 e	 isso	 acaba	
tornando	o	trabalho	impossível	e	o	motivo	é	porque	se	tem	uma	visão	da	realidade	ideal,	
que	nem	sempre	condiz	com	a	história	atual.	Ou	seja,	tornando	impossível	os	processos	
econômicos,	políticos	e	culturais	que	o	constituem,	nomeadamente	seus	desafios	espor-
tivos	e	oportunidades	de	emprego	e	às	vezes,	acaba	sendo	esquecido	que	as	mudanças	
nesta	estrutura	não	dependem	apenas	do	fazer	profissional.	
Cabe	destacar	que	essa	não	é	a	única	maneira	possível	em	relação	à	prática	profis-
sional,	existem	outras	forças	sociais	e	políticas	a	que	podemos	nos	unir,	como	profissionais	
e	cidadãos.	Essas	forças	advém	da	luta	pelos	direitos	sociais	já	conquistados	e	a	busca	
pela	participação	dos	usuários	e	das	Organizações	da	Sociedade	Civil.	
Nós,	assistentes	sociais,	 temos	dado	 respostas	 importantes	a	esse	 respeito,	 ou	
seja,	da	direção	do	nosso	campo	de	trabalho.	Tendo	em	vista	a	história	e	a	conexão	estru-
tural	do	nosso	trabalho	sob	assistência	pública	é	decisivo	o	papel	em	garantir	os	direitos	
já	 conquistados	 pela	 Constituição	 Federal,	 de	 1988.	 Demonstrando,	 assim,	 não	 estar	
imobilizado,	mas,	acreditando	ser	possível	exercitar	nossa	cidadania,	zelando	pelo	apro-
fundamento	e	consolidação	do	processo	democrático,	cujo	rumo	depende,	decisivamente,	
das	manifestações	por	parte	da	sociedade	civil.
SAIBA MAIS
“O	discurso	que	trata	a	assistência	como	um	direito	partícipe	do	processo	de	constitui-
ção	da	cidadania,	enfatizando	a	sua	função	redistributiva	de	renda,	tem	sido	repetido,	de	
forma	inconseqüente	e	superficial,	por	vezes	usado	como	um	passe	de	mágica,	capaz	
de	‘livrar’	o	Serviço	Social	do	estigma	da	pobreza,	atribuindo	um	verniz	mais	‘moderno’	
à	profissão.	Esse	discurso,	ao	abstrair	do	debate	a	 realidade	da	vida	do	público	que	
tem	sido	alvo	das	políticas	assistenciais	-	carente	de	condições	mínimas	de	defesa	da	
própria	vida	-	pode	ser	fonte	de	ilusões	e	de	desvios	de	rota,	colocando	em	xeque	as	
pretensões	e	resultados	anunciados”.
Fonte:	Iamamoto	(2012,	p.	162	-	163).	
26UNIDADE I O Trabalho Profissional na Contemporaneidade
Caro(a)	aluno(a),	como	mencionado	anteriormente,	pode	causar	a	subdivisão	entre	
política	e	economia	na	análise	de	políticas	sociais	para	o	reino	da	distribuição	de	riqueza,	
levando	a	desigualdade	na	produção,	o	que	torna	os	direitos	vistos	somente	no	âmbito	da	
política.	Resultando	em	provisões	para	medidas	baseadas	em	desvios	críticos	do	sistema	
ao	implementar	políticas	públicas	de	assistência,	ou	seja,	se	ajudar	obtenha	tratamento	“sa-
tisfatório”	por	parte	do	país	a	partir	dos	seguintes	métodos:	por	meio	da	alocação	racional	
e	eficaz	de	recursos	é	possível	realizar	uma	avaliação	equilibrada	da	gestão	da	pobreza	
e	pelo	conjunto	de	medidas	própria	e	burocrática	da	administração,	que	pode	conduzir	a	
realização	a	cidadania	e	a	política	social	e	por	si	só	não	bastam	para	torná-la	efetiva.
É	importante	destacar	que	o	debate	sobre	a	assistência	merece	ser	aprofundado	
para	 que	 ser	 capaz	 de	 se	 concentrar	 em	 propostas	 não	 imaginárias	 que	 reconhecem	
limitações	estruturais	de	qualquer	política	de	ajuda	em	um	país	de	alta	concentração	de	
terra	e	capital	não	signifique	a	exclusão	social	de	grande	parte	da	população	e	o	direito	
básico	de	sobreviver.	
27UNIDADE I O Trabalho Profissional na Contemporaneidade
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro(a)	aluno(a),	chegamos	ao	fim	desta	unidade	e	espero	que	os	estudos	apreendidos	
tenham	auxiliado	quanto	ao	entendimento	do	trabalho	profissional	na	contemporaneidade,	pois	
se	trata	de	um	assunto	que	deve	ser	discutido	constantemente	pela	categoria	profissional.	As	
mudanças	na	sociedade	implicam	no	fazer	profissional	e	ter	o	entendimento	dessas	mudanças	
é	o	que	faz	a	diferença	no	momento	da	atuação	nos	diversos	campos	de	atuação.	
Para	que	os	assuntos	sejam	fixados	vamos	fazer	alguns	resgates	dos	principais	
pontos	abordados	nesta	unidade,	mas	quero	aqui	deixar	o	convite	para	que	busque	outras	
fontes	de	pesquisas	e	leia	o	livro	da	autora	Iamamoto:	O serviço Social na Contempora-
neidade: trabalho e formação profissional,	 pois,	 além	de	ser	um	 livro	 importante	para	a	
categoria	profissional,	foi	por	meio	dele	que	extrai	o	conteúdo	desta	unidade.	Acredito	ser	
de	grande	relevância	para	o	seu	processo	de	formação.		
Pois	bem,	na	primeira	parte	da	unidade	foram	apresentados	três	aspectos	reflexivos	
que	considero	importantes	e	que	devem	sempre	acompanhar	você	no	momento	da	atua-
ção,	principalmente	por	ter	estudado	nas	disciplinas	de	Fundamentos	Históricos	Teóricos	
Metodológicos	do	Serviço	Social	sobre	a	origem	da	profissão,	a	qual	destaca	a	trajetória	
dos	profissional,	principalmente	na	relação	conservadora	com	base	da	igreja	católica	e	o	
rompimento	desta	doutrina	avanço	a	uma	profissão	com	bases	teóricas	mais	precisas.	
E	ao	analisar	toda	a	trajetória	e	entendo	que	nos	dias	atuais	o	Serviço	Social	é	con-
siderado	uma	profissão	liberal	regida	por	um	Código	de	Ética	Profissional	e	com	um	Projeto	
Ético	Político	que	auxilia	os	profissionais	no	momento	da	atuação	para	que	não	tenha	uma	
postura	conservadora,	executando	tarefas	rotineiras	e	para	isso	preciso	ter	compreensão	
do	fazer	profissional	para	que	consiga	realizar	o	trabalho	rompendo	com	a	visão	endógena	
enraizado	na	profissão.		
Entender	que	a	profissão	não	é	sinônimo	de	“ajuda”	é	o	que	irá	fazer	a	diferença	
no	momento	da	atuação	profissional.	Mesmo	que	o	mercado	de	trabalho	profissional	passe	
por	mudanças	e	os	campos	de	atuação	sejam	ampliados	devido	às	diversas	demandas	ad-
vindas	da	sociedade	e,	consequentemente,	surjam	as	burocracias,	é	precisoter	em	mente	
que	o	fazer	profissional	depende	de	nós	para	fazer	a	diferença	na	sociedade.
28UNIDADE I O Trabalho Profissional na Contemporaneidade
LEITURA COMPLEMENTAR
(...)
O	Movimento	de	Reconceituação	no	Brasil	pode	ser	entendido	como	um	conjunto	
de	características	novas	que	o	Serviço	Social	articulou,	rearranjando	suas	tradições	e	sua	
assunção	do	contributo	de	tendências	do	pensamento	social	contemporâneo,	procurando	
investir-se	da	instituição	de	natureza	profissional,	dotada	de	legitimidade	prática,	com	res-
postas	às	demandas	sociais,	à	sua	sistematização	e	validação	teórica,	mediante	a	remissão	
às	teorias	e	disciplinas	sociais	(NETTO,	1994).	
Foi	 também	um	processo	 global	 que	 envolveu	 toda	 a	 profissão	 em	decorrência	
da	laicização,	implicando	a	construção	de	um	pluralismo	profissional,	porém	sem	atenuar	
as	contradições	do	cariz	comum	às	suas	vertentes.	O	esforço	de	validação	teórica	Netto	
(1994)	procurou	dar	fundamento	sistemático	a	todos	os	componentes	do	processo	profis-
sional	(análises,	diagnósticos	etc.)	e	recorreu	a	um	elenco	de	fontes	teóricas,	ideológicas	
e	culturais	para	operar	aquela	fundamentação.	Para	além	do	esforço	de	validação	teórica,	
cabe	destaque,	no	Movimento	de	Reconceituação	do	Serviço	Social	brasileiro,	a	instaura-
ção	do	pluralismo	teórico,	 ideológico	e	político	questionando	a	exclusividade	da	tradição	
positivista.	Tal	questionamento	foi	possível	em	face	do	momento	conjuntural.	
O	processo	de	declínio	da	ditadura	civil-militar	abre	 fendas	significadas	a	outras	
duas	vertentes	que,	no	Seminário	de	Sumaré,	 realizado	pelo	CBCISS,	no	período	entre	
20	e	24	de	novembro	de	1978,	se	encontra	numa	situação	de	abertura,	com	certeza	for-
çada	 (considerando	 a	 pressão	 de	 profissionais	 que	 estavam	havia	 tempos	 na	 luta	 pela	
redemocratização	da	sociedade	brasileira	e	pela	superação	não	só	do	tradicionalismo	na	
profissão,	mas	 também	do	conservadorismo),	 para	a	 introdução,	explícita	do	marxismo,	
que	em	tempos	de	chumbo	não	podia	sequer	ser	nomeado	e	seus	adeptos,	reunidos	em	
uma	pequena	vanguarda	que	catalisou	o	chumbo	repressivo	desse	período	e	que	manteve	
altiva	a	relevância	do	pensamento	de	Marx	na	e	para	a	profissão.	
Esse	processo	não	ocorreu	sem	problemas,	e	vários	estudos	já	foram	realizados	a	
respeito	da	aproximação	e	apropriação	do	marxismo	pelo	Serviço	Social.	Cabe	destacar	o	
estudo	realizado	por	Netto	(1994).	
O	Seminário	de	Sumaré	(1978),	realizado	sob	o	apagar	das	luzes	da	hegemonia	
burguesa,	manifestou-se	principalmente	 (não	mais	exclusivamente)	por	meio	da	 tese	de	
livre-docência	de	Ana	Augusta	de	Almeida	(1978),	depois	publicada,	e	apontou	uma	“nova	
29UNIDADE I O Trabalho Profissional na Contemporaneidade
proposta”	para	o	Serviço	Social.	Na	dialética	entre	continuidade	e	ruptura	com	o	passado	
profissional,	percebeu-se,	nessa	perspectiva,	que	apesar	de	apresentar	elementos	renova-
dores,	ainda	ponderava	a	herança	profissional	de	cunho	religioso	e	conservador	do	lastro	
do	Serviço	Social	europeu.	
E	isso	num	momento	em	que	posturas	conservadoras	encontravam	grandes	difi-
culdades	de	cristalização	na	(auto)representação	profissional,	em	face	de	dois	importantes	
elementos	 que	 rechaçam	 qualquer	 tentativa	 de	 resgate	 do	 tradicionalismo:	 a	 laicização	
profissional	e	a	crescente	ponderação	de	tendências	católicas	de	cunho	anticapitalista.	
No	 entanto,	 existiam	 núcleos	 no	 Serviço	 Social	 que	 estavam	 interessados	 num	
empreendimento	restaurador.	Tais	núcleos	deveriam	operar	com	o	fito	de	resistir	às	modifica-
ções	trazidas	pela	proposta	modernizadora	e	de	aproveitar	o	insuperável	lastro	conservador,	
associado	aos	novos	dilemas	prático-operacionais	não	resolvidos	por	aquela	perspectiva.	
Por	outro	lado,	procedia	também	aproveitar	o	clima	sociocultural	em	que	dimensões	
psicológicas	e	 individuais	ganham	destaque	na	trama	das	relações	sociais,	permitindo	o	
resgate	das	tradicionais	práticas	face to face,	além	de	neutralizar	as	vertentes	que	recorriam	
aos	influxos	do	pensamento	crítico-dialético.	A	nova	roupagem	do	conservadorismo	exigia	
e	valorizava	a	elaboração	 teórica	para	as	práticas	profissionais,	criticando	os	substratos	
recolhidos	das	Ciências	Sociais.	
Em	síntese,	tratava-se	da	rejeição	dos	padrões	teórico-metodológicos	da	tradição	
positivista	considerados	inadequados	para	apreender	a	existência	humana.	A	explicação	do	
“pensamento	causal”	deveria	ser	substituída	pela	compreensão,	através	de	uma	vinculação	
com	o	pensamento	fenomenológico.	Os	valores	da	“Reatualização	do	Conservadorismo”	
eram	os	cristãos,	e	os	objetivos	constituíam	um	 repúdio	às	práticas	ajustadoras,	dando	
prioridade	à	“transformação	social”,	pela	via	exclusiva	do	indivíduo	(NETTO,	1994).	
O	Seminário	de	Sumaré	(assim	como	o	IV	Seminário	de	Teorização	do	Serviço	Social	
realizado	em	Alto	da	Boa	Vista,	entre	os	dias	5	e	9	de	novembro	de	1984)	teve	um	número	
representativamente	menor	de	profissionais,	em	face	dos	seminários	de	Araxá	e	Teresópolis	
(CBCISS,	1980).	Os	conferencistas	e	os	temas	das	conferências	em	Sumaré	também	pos-
suíam	uma	característica	diferenciada	e	que	até	então	não	tinham	tido	espaço	de	debate	no	
interior	da	profissão,	desde	as	primeiras	manifestações	do	Movimento	de	Reconceituação.	
O	 seminário	 foi	 dividido	 em	 três	 direções	 teóricas	 e	metodológicas:	 positivismo,	
fenomenologia	e	a	“dialética”.	Houve	aqui	um	novo	direcionamento.	A	modernização	da	pro-
fissão	não	era	mais	referendada	numa	única	vertente,	sendo	que	a	vertente	modernização	
conservadora	participou	desse	seminário	com	pouca	expressão.	
30UNIDADE I O Trabalho Profissional na Contemporaneidade
O	caminho	para	elucidar	essa	abertura	teórica	oferecida	pelo	CBCISS	consistiu	na	
movimentação	e	rearticulação	dos	assistentes	sociais	em	face	do	relaxamento	da	opressão,	
característica	do	Estado	burguês	nesse	período,	tendo	em	vista	a	política	de	reforma	do	
próprio	governo	militar,	autocrático	e	burguês.	
O	segmento	resistente,	questionador	e	de	vanguarda	da	profissão	denunciava	a	
direção	modernizadora	e	conservadora	em	suas	posições	e	formulações.	Por	esse	motivo,	
é	patente	a	inflexão	do	CBCISS,	inaugurando	a	interlocução	plural,	motivada	pelo	envol-
vimento	da	profissão	no	debate	e	no	enfrentamento	político,	pressionando	por	mudanças	
na	conjuntura	brasileira,	ao	empurrar	para	a	frente	a	busca	da	autonomia	da	democracia	
brasileira	e	de	marcar	posição	na	recusa	do	desalento	da	perspectiva	modernizadora.
(...)	
Fonte:	Aquino	(2019,	p.	572	-	574).		
31UNIDADE I O Trabalho Profissional na Contemporaneidade
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO 01
Título:	O	Serviço	Social	na	Contemporaneidade:	Trabalho	e	for-
mação	profissional.
Autor:	Marilda	Villela	Iamamoto.	
Editora:	Cortez.
Sinopse:	Este	livro	comporta	uma	nova	e	inquietante	agenda	de	
questões	 para	 o	 trabalho	 e	 para	 a	 formação	profissional	 do	 as-
sistente	social.	O	Serviço	Social	sente	hoje	os	 impactos	de	uma	
nova	conjuntura,	que	lhe	coloca	o	desafio	de	repensar	a	formação	
profissional	em	tempos	de	novas	demandas	e	de	investimentos.
LIVRO 02
Título:	O	Serviço	Social:	Direitos	Sociais	e	Competências	Profis-
sionais.
Autor:	Autores	diversos.	
Editora:	Editado	pelo	CFESS	e	ABEPSS.	
Sinopse:	este	 livro	reúne	textos	que	abordam	uma	temática	es-
sencial	ao	trabalho	dos(as)	assistentes	sociais	e	para	a	formação	
de	estudantes	de	Serviço	Social	e,	certamente,	será	uma	referên-
cia	obrigatória	nos	debates	sobre	as	competências	e	atribuições	
profissionais	 no	 âmbito	 das	 políticas	 sociais	 e	 na	 realização	 de	
direitos.
FILME/VÍDEO
Título:	À	Procura	da	felicidade
Ano:	2006
Sinopse:	Em	À	Procura	da	Felicidade,	Chris	Gardner	(Will	Smith)	
é	 um	 pai	 de	 família	 que	 enfrenta	 sérios	 problemas	 financeiros.	
Apesar	de	 todas	as	 tentativas	em	manter	a	 família	unida,	Linda	
(Thandie	 Newton),	 sua	 esposa,	 decide	 partir.	 Chris	 agora	 é	 pai	
solteiro	e	precisa	cuidar	de	Christopher	(Jaden	Smith),seu	filho	de	
apenas	5	anos.	Ele	tenta	usar	sua	habilidade	como	vendedor	para	
conseguir	um	emprego	melhor,	que	lhe	dê	um	salário	mais	digno.	
Chris	consegue	uma	vaga	de	estagiário	numa	importante	corretora	
de	ações,	mas	não	recebe	salário	pelos	serviços	prestados.	Sua	
esperança	é	que,	ao	fim	do	programa	de	estágio,	ele	seja	contra-
tado	e	assim	tenha	um	futuro	promissor	na	empresa.	Porém	seus	
problemas	 financeiros	 não	 podem	 esperar	 que	 isto	 aconteça,	 o	
que	faz	com	que	sejam	despejados.	Chris	e	Christopher	passam	a	
dormir	em	abrigos,	estações	de	trem,	banheiros	e	onde	quer	que	
consigam	um	refúgio	à	noite,	mantendo	a	esperança	de	que	dias	
melhores	virão.
32UNIDADE I O Trabalho Profissional na Contemporaneidade
WEB
Caro(a)	aluno(a),	o	VII	Congresso	Brasileiro	de	Assistentes	Sociais	que	aconteceu	
em	1992	foi	um	marco	para	a	categoria.	Mesmo	com	o	áudio	baixo,	vale	a	pena	assistir.	
Link:	https://www.youtube.com/watch?v=WM7b34IIEGg
33
Plano de Estudo:
● A	formação	profissional	na	contemporaneidade.
● O	debate	contemporâneo	da	reconceituação	do	Serviço	Social:	ampliação
e	aprofundamento	do	marxismo.
● Política	de	Prática	Acadêmica:	o	método	BH.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conhecer	a	evolução	da	contabilidade	e	seus	fundamentos	históricos;
● Conceituar	a	contabilidade,	seu	objetivo	e	suas	áreas	de	aplicação;
● Identificar	os	aspectos	legais	da	contabilidade;
● Compreender	as	características	da	informação	e	quem	as	utiliza.
UNIDADE II
Formação Profissional na 
Contemporaneidade
Professora Esp. Irení Alves de Oliveira
34UNIDADE II Formação Profissional na Contemporaneidade
INTRODUÇÃO
Caro(a)	aluno(a),	esta	é	a	segunda	unidade	da	apostila,	que	 irá	estudar	sobre	o	
processo	 formativo	contemporâneo.	Para	a	sua	compreensão,	o	assunto	 foi	dividido	em	
três	partes,	 explanando	sobre	a	 formação	profissional	 na	 contemporaneidade;	 o	debate	
contemporâneo	 da	 reconceituação	 do	 Serviço	 Social:	 ampliação	 e	 aprofundamento	 do	
marxismo;	e	a	política	de	prática	acadêmica:	o	método	BH.	
Nesta	unidade	abordarei	assuntos	e	temas	importantes	para	entender	o	processo	
formativo	em	Serviço	Social.	Para	isso	utilizarei	como	base	principal	o	livro	Serviço Social 
na Contemporaneidade: trabalho e formação profissional,	de	Marilda	Villela	Iamamoto,	e,	
como	forma	de	direcionar	você	para	a	leitura	e	entendimentos,	destacarei	alguns	pontos	
importantes	ao	longo	das	próximas	páginas.	
Na	primeira	parte	você	irá	estudar	sobre	a	reformulação	do	currículo	mínimo	por	
meio	 dos	 debates	 advindos	 da	 categoria,	 destacando	 os	 desafios	 encontrados	 para	 a	
reconstrução	 do	 projeto	 de	 formação,	 as	 conquistas	 e	 dilemas	 nos	 anos	 de	 1980	 e	 as	
exigências	e	perspectivas	do	projeto	de	formação	profissional	na	contemporaneidade.	
Já	na	segunda	parte	será	abordado	o	processo	 formativo	profissional	a	nível	da	
herança	marxista,	que	esteve	em	consonância	com	o	Movimento	de	Reconceituação	con-
siderado	como	um	legado	profissional;	destacando	o	início	da	formação	em	Serviço	Social,	
os	motivos	que	levaram	esse	movimento	na	categoria,	tendo	como	ênfase	o	Movimento	de	
Reconceituação	no	Brasil	e	a	perspectiva	crítica	dialética	que	levou	a	vários	debates	por	
meio	dos	Congressos.	Nesta	parte	será	destacado	o	III	Congresso	Brasileiro	de	Serviço	
Social,	que	aconteceu	no	ano	de	1979,	conhecido	como	Congresso	da	Virada.	A	partir	dos	
temas	abordados	é	necessário	repensar	no	processo	formativo.	
Por	fim,	a	terceira	parte,	em	que	será	realizada	uma	análise	sobre	a	prática	aca-
dêmica	da	Faculdade	de	Serviço	Social	de	Juiz	de	Fora;	por	meio	das	resoluções	sobre	as	
Diretrizes	Curriculares	do	curso	de	Serviço	Social,	saiu	na	frente	e	se	fez	necessário	um	
movimento	por	meio	dos	professores	e	alunos	para	entender	as	diretrizes	e	a	matriz	curricu-
lar	do	processo	formativo.	Assim,	buscou-se	aprofundar	nos	fundamentos	e	as	dimensões	
da	política	e	prática	acadêmica	para	entender	o	processo	formativo	na	contemporaneidade.
	Desejo uma boa leitura!
35UNIDADE II Formação Profissional na Contemporaneidade
1. A FORMAÇÃO PROFISSIONAL NA CONTEMPORANEIDADE
Caro(a)	aluno(a),	para	pensar	a	 formação	profissional	nos	dias	atuais,	é	preciso	
refletir	sobre	 temas	discutidos	na	atualidade,	além	de	pesquisar	e	decifrar	as	novas	de-
mandas	que	envolvem	o	Serviço	Social.	Mas	é	necessário	que	os	profissionais	busquem	
se	aprofundar	em	teorias	e	informações	para	subsidiar	a	criação	de	propostas	no	ato	da	
atuação	profissional,	sendo	capaz	de	elaborar	programas,	projetos	e	formular	e	implemen-
tar	as	políticas	sociais	para	atender	as	necessidades	da	sociedade.	
Para	entender	as	discussões	da	categoria	acerca	da	formação	profissional	na	con-
temporaneidade,	é	preciso	ter	em	mente	que	houve	uma	reformulação	no	currículo	a	partir	
de	um	crítico	debate	envolvendo	as	unidades	de	ensino,	por	meio	dos	professores,	alunos	
e	profissionais,	dirigido	pela	Associação	Brasileira	de	Ensino	em	Serviço	Social	(ABEPSS).	
O	objetivo	foi	a	construção	e	implementação	de	um	novo	projeto	de	formação	profissional	
que	atribuísse	as	três	dimensões	–	ensino,	pesquisa	e	extensão	–;	o	intuito	era	incorporar	
o Serviço	Social	no	meio	acadêmico.
De	acordo	com	a	Iamamoto	(2012),	a	proposta	do	debate	foi	dar	continuidade	ao	
processo	formativo,	rompendo	com	qualquer	visão	endógena	que	enfraquece	a	categoria,	
preservando	 os	 avanços	 já	 conquistados	 e	 identificando	 as	 mudanças	 no	 mercado	 do	
trabalho,	principalmente	nas	relações	entre	o	Estado	e	a	sociedade.	Com	isso,	a	 forma-
ção	 profissional	 se	manifesta	 a	 partir	 de	 novas	 tendências	 e	 condições	 decorrentes	 do	
processo	social,	contribuindo	em	relação	à	construção	de	respostas	consideradas	sólidas	
36UNIDADE II Formação Profissional na Contemporaneidade
que	antecipam	as	particularidades	das	diversas	expressões	da	questão	social	no	mundo	da	
sociedade	capitalista.	Esse	é	um	dos	requisitos	para	garantir	a	atualização	da	profissão,	e	é	
a	condição	de	que	sua	sociedade	necessita,	ou	seja,	a	continuidade	de	sua	reprodução	no	
mercado	de	trabalho	capitalista	e	a	ampliação	de	seu	espaço	profissional.
Nesse	aspecto,	os	requisitos	de	formação	profissional	devem	estar	ligados	ao	mer-
cado	de	trabalho,	detectando	os	problemas	sociais	e	expressando	as	necessidades	postas	
na	sociedade,	principalmente	as	tendências	no	processo	de	acumulação	capitalista	e	política	
governamental.	É	importante	que	as	contradições	e	dificuldades	decorrentes	das	desigualda-
des	e	as	lutas	de	classes	sejam	pontos	de	discussões	e	o	meio	para	entender	os	aspectos	da	
exploração	e	dominação	do	capital,	buscando	respostas	acerca	do	fazer	profissional.	
Desse	modo,	a	formação	profissional	passa	a	ser	a	condição	para	a	manutenção	da	
sobrevivência	do	Serviço	Social	e,	assim	como	qualquer	outra	profissão,	se	torna	inscrita	
na	divisão	social	e	técnica	do	trabalho.	A	reprodução	depende	de	sua	utilidade	social,	ou	
seja,	de	sua	capacidade	de	atender	as	necessidades	da	sociedade	sendo	esta	a	fonte	de	
suas	demandas	(IAMAMOTO,	2004).		
Foi	a	partir	destas	reflexões	que	a	formação	profissional	precisou	de	uma	reformu-
lação	que	pudesse	ser	consistente	com	o	novo	estado	da	demanda	profissional	no	mercado	
de	 trabalho,	 detectando	 e	 entendendo	 	 as	 necessidades	 da	 sociedade;	 precisando	 de	
profissionais	competentes	para	responder	de	forma	crítica	e	criativa	aos	desafios	trazidos	
por	profundas	mudanças	no	processo	de	produção	e	no	país,	principalmente	no	impacto	
na	formação	das	classes	sociais,	o	que	de	certa	forma	apresenta-se	com	um	desafio	na	
reconstrução	do	projeto	da	formação	profissional.	
37UNIDADE II Formação Profissional na Contemporaneidade
1.1 Os Desafios na Reconstrução do Projeto de Formação Profissional
Vivenciamos	 grandes	 transformações	 no	 mundo	 contemporâneo,	 entre	 essas	
modificações	 temos	o	modelo	de	produção	e	acumulação	capitalista	que	 traz	profundas	
alterações	na	sociedade	e	uma	reestruturação

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