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Prévia do material em texto

ESCOLA SUPERIOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO SP 
 
THIAGO SORRILHA 
 
 
 
 
 
SEGURANÇA PÚBLICA 
COMO DIREITO FUNDAMENTAL 
 
 
 
 
 
 
SÃO PAULO 
2017 
SUMÁRIO 
 
RESUMO ...................................................................................................................... 3 
 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 4 
 
1. DIREITOS FUNDAMENTAIS: ............................................................................ 5 
1.1 Breve Histórico ............................................................................................ 7 
1.2 Gerações ou Dimensões ........................................................................... 10 
 
2. SEGURANÇA PÚBLICA ................................................................................. 13 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 17 
 
BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................... 18 
 
 
RESUMO 
 
O presente artigo tem como objetivo abordar a Segurança 
Pública como sendo um Direito Fundamental, previsto no ordenamento jurídico 
Brasileiro. 
Para tal, fez-se necessária uma breve conceituação de Direitos 
Fundamentais e posterior análise sobre a evolução histórica dos direitos 
fundamentais, bem como das Constituições Federais Brasileiras, além de suas 
classificações. 
Em seguida, a Segurança Pública foi analisada sob o enfoque 
de ser um direito fundamental do indivíduo e como um dever do Estado em 
garanti-la. 
INTRODUÇÃO 
 
O tema do presente artigo, ultimamente vem dominando os 
debates políticos e jurídicos, graças ao significativo aumento dos índices de 
criminalidade, o que tem trazido à lume a discussão sobre a importância de se 
considerar a segurança pública um direito fundamental do indivíduo e um dever 
do Estado. 
Mostra-se necessário, para uma melhor abordagem do assunto, 
tecer reflexões a respeito da afirmação histórica dos direitos fundamentais e de 
sua classificação doutrinária em dimensões. 
A segurança pública, no atual texto constitucional, embora não 
prevista expressamente no rol do artigo 5º, não encontra óbice quanto ao seu 
reconhecimento com o status de direito fundamental, conforme se demonstrará 
durante o desenvolvimento deste artigo. 
Nesse diapasão, abordar uma breve cronologia da historicidade 
dos direitos fundamentais nas Constituições brasileiras, não podendo ser 
ignorada devido às crises das instituições políticas pelas quais o Brasil 
atravessou. 
Levando-se em consideração que a segurança pública é um dos 
maiores desafios deste século, devido à incapacidade de gestão do Estado, 
examinar a segurança pública como direito fundamental se mostra inevitável, 
diante da ineficiência das instituições. 
1. DIREITOS FUNDAMENTAIS: 
 
Direitos fundamentais são os direitos básicos individuais, 
sociais, políticos e jurídicos que são previstos na Constituição Federal de uma 
nação. Eles são baseados nos princípios dos direitos humanos, garantindo a 
liberdade, a vida, a igualdade, a educação, a segurança e etc. 
Porém, a positivação dos direitos fundamentais leva em 
consideração o contexto histórico-cultural de determinada sociedade. Nesse 
caso, por exemplo, os direitos fundamentais de diferentes países podem divergir, 
de acordo com as particularidades culturais e históricas de cada civilização. 
Algumas pessoas confundem direitos fundamentais com direitos 
humanos, como se fossem sinônimos, porém o conceito dos direitos humanos é 
considerado distinto dos chamados direitos fundamentais. 
De acordo com a maioria dos doutrinadores, os direitos 
humanos possuem um caráter universal e atemporal, valendo para todas as 
pessoas no mundo, independente da sua nacionalidade, etnia, cultura e etc. 
Já os direitos fundamentais são interpretados como de caráter 
regional, pois estão intrinsecamente relacionados com as garantias fornecidas 
por determinado Estado aos seus cidadãos. 
As principais características dos direitos fundamentais são1: 
a) Historicidade: todos os direitos vão sendo adquiridos ao 
longo do tempo dentro de cada contexto histórico daquela nação e, 
quando positivados em uma Constituição, se tornam Direitos 
Fundamentais; 
 
1 Resumo baseado no levantamento realizado no artigo publicado em 
http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/2627/Direitos-Fundamentais - acesso em 01/08/2017 
http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/2627/Direitos-Fundamentais
b) Imprescritibilidade: os Direitos Fundamentais são 
permanentes, porque não se perdem com o decurso do tempo e, 
portanto são imprescritíveis. 
c) Irrenunciabilidade: ainda que nenhum direito seja absoluto, 
de forma alguma os Direitos Fundamentais podem ser renunciados; 
d) Inviolabilidade: naturalmente que se se tornaram direito, 
não se admite a violação dos mesmos, seja por alguma autoridade ou 
lei infraconstitucional, sob pena de responsabilização civil, penal ou 
administrativa; 
e) Universalidade: independente de sua raça, credo, 
nacionalidade ou convicção política, os Direitos Fundamentais são 
dirigidos a todo ser humano em geral sem restrições; 
f) Concorrência: diversos direitos podem ser exercidos ao 
mesmo tempo, pois um não exclui nem impede o outro; 
g) Efetividade: o Poder Público deve atuar para garantir a 
efetivação dos Direitos e Garantias Fundamentais, mesmo que seja 
necessário, em alguns casos, fazer uso de meios coercitivos; 
h) Interdependência: com um direito depende do outro, sua 
existência não pode se chocar com ouros direitos e, portanto, as 
previsões constitucionais e infraconstitucionais, devem se relacionar 
para atingir seus objetivos; 
i) Complementaridade: os Direitos Fundamentais devem ser 
interpretados de forma conjunta, com o objetivo de sua realização 
absoluta. 
Como os direitos fundamentais são uma criação de todo um 
contexto histórico-cultural da nossa sociedade, no Brasil todas as pessoas são 
titulares desses direitos, inclusive alguns desses direitos são garantidos às 
pessoa jurídicas como exemplo: a honra. 
1.1 Breve Histórico 
 
A evolução da sociedade está diretamente relacionada à 
afirmação histórica dos direitos fundamentais e a ideia de que o homem é 
portador de dignidade e que ela precisa de proteção surgiu com o cristianismo, 
que ensinava que o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus. 
Já com as teorias contratualistas, com a concepção de que 
alguns direitos preexistem ao surgimento do Estado, já que são intrínsecos à 
natureza humana, surgiu então a característica do Estado como instituição 
garantidora dos direitos básicos dos cidadãos. 
Esse pensamento determinou os rumos dos direitos 
fundamentais, em 1776 com a Declara Declaração de Direitos da Virgínia, e com 
a Declaração Francesa, em 1789. 
A história brasileira, quanto aos direitos fundamentais, encontra 
suas raízes na primeira Constituição, a de 1824, que, no artigo 179, previa um 
rol extenso destinado, especificamente, à proteção dos direitos fundamentais 
dos cidadãos. 
Vale ressaltar que a Constituição do Império previu, 
expressamente, os direitos à liberdade, à igualdade, à segurança, à educação e 
à saúde, além dos direitos sociais. No entanto, a Constituição do Império teve 
pouca efetividade. Na assertiva de Paulo Bonavides: 
“Materialmente, a história constitucional do Império seria portanto a história 
da sociedade brasileira, vista pelo ângulo da porfia contra a escravidão ou 
contra o tráfico, que alargou o espaço humano de incidência na coisificação 
do regime, onde o privilégio mantinha inarredável a guarda feroz dos 
interesses servis2. 
 
2 BONAVIDES et al apud CARVALHO, KildareGonçalves. Direito constitucional. 13. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2007, p. 
475. 
Com a Proclamação da República, houve a necessidade de se 
convocar Assembleia Constituinte, que ficou responsável pela elaboração da 
nova Constituição que entrou em vigor em 1891, com modificações 
consideráveis na estrutura política e jurídica do país que passara de Império a 
República Federativa, bem como no que concerne aos direitos fundamentais. 
Uma ampliação ao exercício dos direitos de liberdade se 
consolidou, tais como as liberdades de reunião, de associação, de locomoção e 
de culto, mas sem prejuízo das liberdades previstas na Constituição imperial, 
que foram mantidas. Nas palavras de Kidare Gonçalves Carvalho: 
“o País adotou a forma Federal de Estado, “com distribuição dos 
Poderes entre União e Estados, consagrando-se a autonomia dos 
Municípios em tudo quanto respeite ao seu peculiar interesse (art. 68). 
A intervenção federal foi prevista, inspirando-se a Constituição no 
modelo argentino de 1853” 3. 
Com a revolução de 30, a Constituição de 1934 sistematizou, de 
maneira mais equilibrada, os direitos fundamentais, tanto que dedicou o título III, 
com o nome “Da Declaração de Direitos” e aos direitos fundamentais contidos 
na Constituição anterior, somaram-se o exercício da liberdade de consciência e 
a assistência religiosa em repartições hospitalares, militares e presídios. 
A Constituição de 37, por sua vez, de modelo fascista, 
concentrou todo o poder político nas mãos do Presidente da República. Como 
aponta Kildare Gonçalves: 
“os direitos e as garantias individuais, embora previstos no texto 
constitucional, sofreram severas restrições, como foi o caso do livre 
direito de manifestação do pensamento, que estava sujeito a 
condições e limites contidos em lei, que, por sua vez, também “(...) 
podia prescrever a censura prévia à imprensa, teatro, cinema, 
radiodifusão, podendo ainda facultar à autoridade competente proibir 
a circulação, a difusão ou a representação”4. 
 
3: Direito constitucional. 13. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2007, p. 480. 
4 CARVALHO, Kildare Gonçalves. Direito constitucional. 13. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2007, p. 1116 
Após o fim da segunda guerra, com a queda de Getúlio Vargas, 
foi instalada uma nova Assembleia Constituinte que reestabeleceu os direitos 
fundamentais restringidos pelo Período Militar, como exemplo foi abolida a pena 
de morte e os direitos à liberdade, à privacidade, à vida e à segurança voltaram 
a constar no texto da Constituição de 1946. 
O golpe militar de 1964, associado à eleição pelo Congresso 
Nacional do Presidente Marechal Castelo Branco, deu origem à Constituição de 
1967. Antes, porém, a Constituição de 1946 sofreu diversas modificações, por 
meio de Emendas, Atos Complementares e Atos Institucionais, que resultaram 
na desfiguração do texto constitucional. Tais Atos interferiram diretamente no 
funcionamento dos Poderes Executivo, Legislativo e, inclusive, o Judiciário. 
Após períodos de turbulências e insegurança política, em 05 de 
outubro de 1988, foi promulgada a atual Constituição Federal,. Com um viés 
eminentemente democrático, que ampliou, expressa e significativamente, o 
catálogo dos direitos fundamentais, mediante a introdução de novas formas de 
liberdades, de direitos e de garantias. Os direitos fundamentais, ao contrário das 
Constituições anteriores, estão contidos no início da Constituição, o que 
demonstra uma preocupação do legislador constituinte em vê-los assegurados e 
efetivados pelo Estado. Em razão disso, há de considerar a segurança 
pública como direito fundamental, por isso, exigível uma abordagem mais 
específica. 
Helena Dalto Pontual destaca ainda as seguintes mudanças: 
“reforma no sistema tributário e na repartição das receitas tributárias federais, 
com propósito de fortalecer estados e municípios; reformas na ordem econômica 
e social, com instituição de política agrícola e fundiária e regras para o sistema 
financeiro nacional; leis de proteção ao meio ambiente; fim da censura em rádios, 
TVs, teatros, jornais e demais meios de comunicação; e alterações na legislação 
sobre seguridade e assistência social.” 5 
 
 
5 Uma breve história das Constituições do Brasil - Helena Dalto Pontual - 
http://www.senado.gov.br/noticias/especiais/constituicao25anos/historia-das-constituicoes.htm - acesso em 06/08/2017 
http://www.senado.gov.br/noticias/especiais/constituicao25anos/historia-das-constituicoes.htm
1.2 Gerações ou Dimensões 
 
O reconhecimento e a positivação desses direitos passaram por 
diversas evoluções e, por isso, vários autores procuram classifica-los com 
gerações ou dimensões. A doutrina contemporânea prefere o termo dimensões, 
visto que o outro denota uma substituição de um geração pela outra com o 
tempo, o que não procede. 
Os direitos fundamentais denominados de primeira dimensão 
são os ligados ao valor LIBERDADE, decorrentes das Revoluções Americana e, 
principalmente, Francesa. 
Nessa perspectiva, assumem os direitos à liberdade, à 
propriedade, à igualdade formal, à inviolabilidade de domicílio; direitos de 
inspiração jus naturalista, valores intrínsecos; são direitos cujo titular é o 
indivíduo e traduzem seus atributos e subjetividade. 
Em síntese, são direitos que delimitam a atuação do Estado; são 
os denominados direitos civis e políticos, que, na assertiva de Paulo Bonavides, 
correspondem à fase inaugural do constitucionalismo ocidental6. E mais: 
Se hoje esses direitos parecem já pacíficos na codificação política, em 
verdade se moveram em cada País constitucional num processo dinâmico e 
ascendente, entrecortado não raro de eventuais recuos, conforme a 
natureza do respectivo modelo de sociedade, mas permitindo visualizar a 
cada passo uma trajetória que parte com frequência do mero 
reconhecimento formal para concretizações parciais e progressistas, até 
ganhar a máxima amplitude nos quadros consensuais de efetivação 
democrática de poder7. 
 
 
6 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 11. ed. São Paulo: Malheiros, 2001, p. 517. 
7 Idem. Ibidem, p. 517. 
Ligados ao valor IGUALDADE, os direitos fundamentais de 
segunda dimensão são os direitos sociais, econômicos e culturais. São 
direitos de titularidade coletiva e com caráter positivo, pois exigem atuações do 
Estado. Conforme brilhantemente definido pelo autor Ingo Wolfagang Sarlet: 
A segunda geração dos direitos fundamentais abrange, portanto, bem mais 
do que os direitos de cunho prestacional, de acordo com o que ainda 
propugna parte da doutrina, inobstante o cunho “positivo” possa ser 
considerado como o marco distintivo desta nova fase na evolução dos 
direitos fundamentais. Saliente-se, contudo, que, a exemplo dos direitos da 
primeira dimensão, também os direitos sociais (tomados no sentido amplo 
ora referido) se reportam à pessoa individual, não podendo ser confundidos 
com os direitos coletivos e/ou difusos da terceira dimensão. A utilização da 
expressão “social” encontra justificativa, entre outros aspectos que não nos 
cabe aprofundar neste momento, na circunstância de que os direitos de 
segunda dimensão podem ser considerados uma densificação do princípio 
da justiça social, além de corresponderem às reivindicações das classes 
menos favorecidas, de modo especial da classe operária, a título de 
compensação, em virtude da extrema desigualdade que caracterizava (e, de 
certa forma, ainda caracteriza) as relações com a classe empregadora, 
notadamente detentora de um maior ou menor grau de poder econômico8. 
Os direitos de solidariedade e FRATERNIDADE pertencem à 
terceira dimensão dos direitos fundamentais. Estão fundados sob o prisma da 
tutela coletiva ou difusa, desprendendo-se da figura dohomem-indivíduo como 
único titular de direitos. Nesse contexto, estão inseridos os direitos à paz, ao 
desenvolvimento, ao meio ambiente saudável, à autodeterminação dos povos, à 
manutenção do patrimônio histórico e cultural e à comunicação. Como bem 
explica Paulo Bonavides: 
“A nota distintiva destes direitos da terceira dimensão reside basicamente 
na sua titularidade coletiva, muitas vezes indefinida e indeterminável, o que 
se revela, a título de exemplo, especialmente no direito ao meio ambiente e 
qualidade de vida, o qual, em que pese ficar preservada sua dimensão 
individual, reclama novas técnicas de garantia e proteção. A atribuição da 
 
8 SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais: uma teoria geral dos direitos fundamentais na perspectiva 
constitucional. 10. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2010. p. 48. 
titularidade de direitos fundamentais ao próprio Estado e à Nação (direitos à 
autodeterminação, paz e desenvolvimento) tem suscitado sérias dúvidas no 
que concerne à própria qualificação de grande parte destas reivindicações 
como autênticos direitos fundamentais. Compreende-se, portanto, porque 
os direitos da terceira dimensão são denominados usualmente como direitos 
de solidariedade ou fraternidade, de modo especial em face de sua 
implicação universal ou, no mínimo, transindividual, e por exigirem esforços 
e responsabilidades em escala até mesmo mundial para sua efetivação9. 
O professor Paulo Bonavides se posiciona favorável à existência 
de uma quarta dimensão, sob o argumento de que esta decorre da globalização 
dos direitos fundamentais, correspondendo, assim, à institucionalização do 
Estado Social. Nessa esteira, se inserem os direitos à democracia direta, à 
informação e ao pluralismo. Para Bonavides, os direitos de quarta dimensão 
compreendem o futuro da civilização e o porvir da liberdade de todos dos 
povos10.7 
Por fim, há ainda os que defendam, como o professor Paulo 
Bonavides, a existência de uma quinta geração de direitos Fundamentais, onde 
estaria incluído o direito à paz, que, naturalmente também tem sua relação com 
segurança. 
Em suma, a afirmação dos direitos fundamentais se deu com 
realce na sociedade a partir do momento em que houve a inversão tradicional da 
relação entre Estado e indivíduo, reconhecendo que este último é titular, primeiro 
de direitos, e, depois, deveres. 
Sendo assim, o Estado deve se ordenar no sentido de atender 
aos interesses e necessidades do cidadão e, portanto, garantir sua segurança 
como forma de garantir sua liberdade, com a incolumidade das pessoas e de seu 
patrimônio, bem como de garantir a preservação do equilíbrio da sociedade pela 
ordem pública. 
 
9 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 11. ed. São Paulo: Malheiros, 2001, p. 526 
10 Idem. Ibidem, p. 527. 
2. SEGURANÇA PÚBLICA 
 
Pelo exposto acima, resta evidente que a questão da segurança, 
baila por diversas dimensões, visto que a falta dela, implica na impossibilidade 
de se garantir direitos de dimensões distintas. Senão, vejamos: 
Analisando a questão de maneira micro, a falta de segurança 
implica, num primeiro momento, na impossibilidade de se garantir a liberdade do 
indivíduo que pode ter sua incolumidade física ou patrimônio violados e, portanto, 
enquadrar-se-ia na primeira dimensão. 
Até porque, para que se possa ter o direito à liberdade, à 
propriedade, à igualdade formal, à inviolabilidade de domicílio etc., pressupõe-
se a existência de segurança pública, pois sem ordem nenhum desses direitos 
pode ser exercido. Afinal, de que adianta o Estado não intervir nesses direitos, 
delimitando sua atuação para deixar o cidadão livre, se outros cidadãos, 
delinquentes o fizerem? Atuando como repressores da liberdade individual, 
sendo verdadeiros selvagens que instalam o caos e a desordem. 
A ineficiência Estatal no combate à violência, traz a mesma 
consequência do Estado Opressor e violento de antigamente, tendo apenas um 
executor distinto: o criminoso que tolhe o direito do cidadão de bem ao invadir 
sua esfera patrimonial ou física. 
Analisando o problema de trás para frente, é evidente que a 
desigualdade social, combatida pelos direitos de segunda dimensão, aumenta 
a falta de segurança. Basta-se realizar uma breve consulta numérica às 
estatísticas, os países com maior índice de desigualdade são os mais violentos, 
conforme este, dentre vários artigos encontrados no mesmo sentido, do qual 
colacionamos o trecho abaixo: 
“A principal causa da criminalidade não está na pobreza em si, mas na 
disparidade entre ricos e pobres num mesmo lugar. 
É isso que explica, segundo especialistas em segurança pública de 
vários países, porque a sociedade brasileira tem a maior média de 
homicídios do mundo, entre os países que não estão em guerra ou 
sofrendo com guerrilhas. O Brasil detém também o título de campeão 
mundial da desigualdade social, conferido pelo Banco Mundial, que 
divulgou estudo no mês passado informando que, aqui, os 20% mais 
ricos concentram 32 vezes mais renda do que os 20% mais pobres. 
(...) Segundo o médico e pesquisador do Centro de Estudos de Cultura 
Contemporânea, Marcos Akerman, que esteve em Acra, capital de 
Gana, para comparar a cidade com São Paulo, "não é a pobreza 
absoluta que causa a violência, mas a pobreza relativa, quando um 
tem mais do que o outro".11 
Então, ainda que a segurança não esteja no rol de direitos 
considerados de segunda dimensão, ela sofre impacto direto quando o Estado 
falha na diminuição das desigualdades sociais. 
No que tange à manutenção do equilíbrio da sociedade, como 
um direito difuso, do grupo de pessoas que convivem num território, a segurança 
é um pilar para a manutenção desta ordem/harmonia. Sendo assim, a segurança 
pública é, portanto, tão fundamental para se garantir os direitos e terceira 
dimensão, que ela própria é considerada, por muitos autores, como um direito 
contido nesta dimensão. 
Na Constituição Cidadã de 88, ao contrário das anteriores, há 
um capítulo dedicado a tratar de segurança pública. Nela, a segurança pública 
passou a ser disciplinada no artigo 144, Capítulo II, do Título V, configurando-a 
como responsabilidade de todos e dever do Estado. 
De fato, com a Constituição de 88, houve uma ampliação no rol 
dos direitos fundamentais, que englobou, também, o direito à segurança pública 
e a palavra segurança, no dizer de José Afonso da Silva assume o sentido: 
 
 
11 http://www1.folha.uol.com.br/fsp/1995/9/03/brasil/22.html - acesso em 06/08/0217 
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/1995/9/03/brasil/22.html
 “de garantia, de proteção, estabilidade de situação ou pessoa em vários 
campos. Segurança pública, na perspectiva que se busca, significa 
manutenção da ordem pública interna” 12. 
Na lição de Kildare Gonçalves: 
A segurança pública tem em vista a convivência pacífica e harmoniosa da 
população, fundando-se em valores jurídicos e éticos, imprescindíveis à 
existência de uma comunidade, distinguindo-se, neste passo, da segurança 
nacional, que se refere mais à segurança do Estado13. 
Frise-se que o Estado brasileiro é o primeiro a violar os direitos 
fundamentais dos cidadãos, ao permitir que milhares de pessoas ainda 
sobrevivam abaixo da linha da pobreza, enquanto poucos detêm grande parte 
da riqueza produzida no país. 
A falta de acesso à saúde, à educação, à moradia e à segurança, 
demonstra que, embora, nos últimos anos, os governos tenham tentado 
melhorar a prestação destes serviços, a realidade tem evidenciado que as 
violações ainda perduram. 
A socióloga Angelina Peralva afirma que a ineficiência das 
instituições responsáveis pela garantia da ordem pública, além de ter aberto as 
portas para o aumento da criminalidade,também contribuiu para a privatização 
da segurança pública, que assumiu duas formas: a de forças profissionais 
privadas, que agem sob os princípios da legalidade, e as de fenômenos de 
justiça ilegal: 
Com o retorno à democracia, os comportamentos violentos se 
generalizaram. A violência nas relações interpessoais traduz em primeiro 
lugar a fragilidade da relação com a lei. A incitação à autodefesa (...), ao fim 
do regime autoritário, se fez acompanhar por discursos de justificação e 
legitimação das atitudes violentas, abolindo assim as barreiras simbólicas 
que impediam tais práticas de se generalizarem. A volta progressiva à 
normalidade institucional, do mesmo modo como a reconstrução 
 
12 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 24. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2005, p. 777. 
13. CARVALHO, Kildare Gonçalves. Direito constitucional. 13. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2007 
democrática da legalidade pela Constituição de 1988, tiveram como 
contrapartida um forte descompasso entre essa nova legalidade 
conquistada e a experiência de fato da ilegalidade. Aquilo que a legalidade 
democrática afirmou na forma, a ampla legitimação de que a violência ilegal 
foi objeto negava os fatos. O aparecimento de empresas de segurança 
privada no meio urbano remonta aos anos da ditadura. As forças policiais 
regulares, sozinhas, não eram suficientes para dar resposta aos ataques a 
banco perpetrados pela esquerda armada. A segurança privada estendeu-
se em seguida, no momento do retorno à democracia favorecida pelo 
crescimento da criminalidade e pela desorganização das instituições 
responsáveis pela ordem pública14. 
Em um Estado Democrático de Direito, é imprescindível a 
existência dos direitos fundamentais de defesa na norma constitucional, pois 
impõem ao Estado um dever de abstenção e de não interferência na 
autodeterminação do indivíduo. Os direitos de defesa, ademais, “oferecem 
proteção ao indivíduo contra uma ação, apreciada como imprópria, do Estado”. 
Na lição de Ingo Wolfgang Sarlet: 
“pode-se afirmar que os direitos fundamentais de defesa se erigem a uma 
obrigação de abstenção por parte dos poderes públicos, implicando para 
estes um dever de respeito a determinados interesses individuais, por meio 
da omissão de ingerências ou pela intervenção na esfera de liberdade 
pessoal apenas em determinadas hipóteses e sob certas condições. Na 
esteira destas considerações, importa consignar, que esta “função 
defensiva” dos direitos fundamentais não implica, na verdade, a exclusão 
total do Estado, mas, sim, a formalização e limitação de sua intervenção, no 
sentido de uma vinculação da ingerência por parte dos poderes públicos a 
determinadas condições e pressupostos de natureza material e 
procedimental, de tal sorte que a intervenção no âmbito de liberdade pessoal 
não é vedada de per si, mas, sim, de modo que apenas a ingerência em 
desconformidade com a Constituição caracteriza uma efetiva agressão15.” 
 
14 PERALVA, Angelina. Violência e democracia: o paradoxo brasileiro. São Paulo: Paz e Terra, 2000, p. 91. 
15 SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais: uma teoria geral dos direitos fundamentais na perspectiva 
constitucional. 10. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2010. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
A abordagem do tema trouxe à discussão o enquadramento da 
segurança pública como direito fundamental, visto não haver completo 
consenso, já que a capitulação da carta magna menciona segurança e 
segurança pública em distintos momentos, mas não especificamente segurança 
pública como direito fundamental. 
Porém, é preciso levar em conta que o direito à segurança visa 
a propiciar o exercício dos direitos fundamentais individuais e sociais dos 
cidadãos, assegurando a estabilidade da ordem pública e das relações jurídicas, 
demonstrando, portanto, que a segurança pública está diretamente vinculada à 
própria ideia de dignidade da pessoa humana e que sem ele os outros direitos 
não podem ser exercidos em sua plenitude. 
Sendo assim, como o próprio caput do artigo menciona a 
inviolabilidade do direito à segurança como direito fundamental, independente 
de se especificar segurança pública, o legislador previu no mínimo o direito à 
segurança individual, sendo inviolável a esfera particular de cada indivíduo, nos 
aspectos: físico, patrimonial ou qualquer invasão à liberdade latu sensu. 
Portanto, concluímos que a segurança pública é um direito 
fundamental de terceira dimensão numa classificação baseada estritamente na 
positivação de nossa carta magna, mas também traz influencias a todos os 
direitos fundamentais de quaisquer dimensão, já que sua falta impede o exercício 
de diversos outros direitos. 
 
BIBLIOGRAFIA 
 
BONAVIDES et al apud CARVALHO, Kildare Gonçalves. Direito 
constitucional. 13. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2007; 
CARVALHO, Kildare Gonçalves. Direito constitucional. 13. ed. Belo Horizonte: 
Del Rey, 2007; 
PERALVA, Angelina. Violência e democracia: o paradoxo brasileiro. São 
Paulo: Paz e Terra, 2000; 
SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais: uma teoria 
geral dos direitos fundamentais na perspectiva constitucional. 10. ed. Porto 
Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2010; 
SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 24. ed. São 
Paulo: Malheiros Editores, 2005. 
 
 
SÍTIOS DA INTERNET: 
 Uma breve história das Constituições do Brasil 
- por HELENA DALTRO PONTUAL 
http://www.senado.gov.br/noticias/especiais/constituicao25anos/historia-das-constituicoes.htm 
 
 Direitos Fundamentais 
- por FLAVIA MARTINS ANDRÉ DA SILVA 
http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/2627/Direitos-Fundamentais 
 
 Desigualdade entre ricos e pobres é a causa maior da criminalidade 
- por LUIS HENRIQUE AMARAL 
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/1995/9/03/brasil/22.html 
http://www.senado.gov.br/noticias/especiais/constituicao25anos/historia-das-constituicoes.htm
http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/2627/Direitos-Fundamentais
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/1995/9/03/brasil/22.html

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