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1 Gabaritei Mapeado MEDICINA LEGAL – TRAUMATOLOGIA (1) ENERGIA MECÂNICA Por Rayana de Caldas @rayanaccaldas 2 MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA – ENERGIA DE ORDEM MECÂNICA TRAUMATOLOGIA/LESIONOLOGIA FORENSE “A Traumatologia ou Lesonologia Médico-legal estuda as lesões e estados patológicos, imediatos ou tardios, produzidos por violência sobre o corpo humano, nos seus aspectos do diagnóstico, do prognóstico e das suas implicações legais e socioeconômicas. Trata também do estudo das diversas modalidades de energias causadoras desses danos”. (Genival Veloso de França) a. Trauma: é uma energia externa que tem o condão de lesar o organismo. b. Lesão: é o resultado/alteração estrutural do corpo proveniente deste trauma. c. Agentes lesivos: podem ser de ordem mecânica, física, química, físico-química, bioquímica, mista, biodinâmica, etc. CESPE PC-AL 2012: Conceitua-se lesão como a atuação de uma energia externa (física, mecânica ou química) sobre o corpo da pessoa, com intensidade suficiente para provocar desvio da normalidade, com ou sem expressão morfológica; trauma corresponde à alteração estrutural proveniente da agressão ao organismo, podendo ser visível macro ou microscopicamente. (FALSO) → Conceitos invertidos Antes de analisarmos cada ordem de energia, vamos estudar o crime de Lesão corporal sob o aspecto da medicina legal. ↓ ❖ Lesão Corporal ・É um trauma de ordem material ou moral. “Todo e qualquer dano ocasionado à normalidade do corpo humano, quer do ponto de vista anatômico, quer do fisiológico ou mental, sem animus necandi (sem intenção de matar), causado por ação violenta, de forma proposital ou não, direta ou indiretamente”. Art. 129, CP. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: Pena – detenção, de três meses a um ano. → A lesão LEVE é uma infração de menor potencial ofensivo. ❖ Lesão Corporal GRAVE § 1º - Se resulta: I – Incapacidade para as ocupações habituais, por MAIS DE 30 dias; Ocupação habitual refere-se à incapacidade no aspecto funcional e não puramente econômico. Ocupação habitual não é trabalho, são quaisquer atividades corriqueiras e lícitas (um bebê pode ser vítima, se ficar incapacitado de mamar, por exemplo). 3 Art. 168, §2º do CPP – necessidade de exame pericial complementar, em 30 dias contados de forma contínua e desde a data do fato/crime. II – Perigo de vida; Possibilidade x probabilidade → Esse perigo de vida deve ser um perigo PROVÁVEL e não meramente possível. Deve ser definido no caso concreto, de acordo com a evolução do paciente – não pode ser aquele perigo presumido, abstrato, estatístico. Ex.: traumatismo cranioencefálico grave; projétil de arma de fogo ocasionando hemorragias graves; grandes queimaduras; pacientes com quadros de choque hipovolêmico. III – Debilidade permanente de membro, sentido ou função; → Debilidade é enfraquecimento, redução da capacidade funcional → Permanente #é diferente de perpétuo – não precisa ser eterno. A necessidade de recuperação artificial já atesta a permanência (não vai curar espontaneamente). ・Membros são: mãos, pés, pernas e braços (pênis e dedos não são membros) CESPE: Durante um entrevero, Carlos desferiu um golpe de facão contra a mão de seu contentor, que veio a perder dois dedos. Nessa situação, Carlos praticou o crime de lesão corporal de natureza GRAVE, por resultar debilidade permanente de membro. (CERTO) ☛ Dedo não é membro! Mas a perda dos dedos causou debilidade no membro da mão. ・ Sentidos: visão, audição, olfato, tato e paladar ・ Função: atividade específica de cada órgão ou sistema. A lesão corporal que provoca na vítima a perda de dois dentes tem natureza GRAVE, e não gravíssima. A perda de dois dentes pode até gerar uma debilidade permanente, ou seja, uma dificuldade maior da mastigação, mas não configura deformidade permanente. STJ. 6ª Turma. REsp 1620158-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 13/9/2016 (Info 590). UFPR DELEGADO PC-PR: Indivíduo masculino, caucasiano, 62 anos de idade, servidor público de nível superior do IFPR, é encaminhado pela delegacia de plantão de Foz do Iguaçu ao IML da cidade, afirmando ter sido agredido pela esposa na região da boca. Conforme figura acima, o médico legista de plantão constata que o homem apresenta uma lesão: grave. E a perda de um dos órgãos duplos? Ovários, testículos, orelhas, olhos, rins, pulmões – se perder apenas um e o outro estiver funcionando, não é perda completa, e sim uma debilidade de um sentido ou função, portanto a lesão é GRAVE (e não gravíssima).Ex.: perdeu a visão completa de um olho, mas o outro permanece funcionando – equipara-se a uma debilidade do sentido visão. IV – Aceleração de parto; 4 → É a antecipação do nascimento do feto com vida, que deve nascer vivo e continuar a viver. → O agente deve ter conhecimento da gravidez da vítima, evitando-se a responsabilidade objetiva ▲ ATENÇÃO! Se o feto nasceu vivo e morreu logo depois em razão de imaturidade para vida extrauterina, isso será equiparado a aborto e a lesão vai se tornar gravíssima. E a expulsão da mola hidatiforme/gravidez molar? É um tumor na gravidez – chamado de doença trofloblástica gestacional- que não forma o feto, não forma placenta. Nesse caso, quando expulsa a mola não é antecipação de parto,e, portanto, não será lesão corporal grave. A antecipação de parto de uma gravidez molar não configura lesão corporal grave, pois não foi expulso feto, e sim a mola (o tumor) – a qualificadora protege a vida do feto. Será lesão leve. ❖ Lesão Corporal GRAVÍSSIMA I – Incapacidade permanente para o trabalho; REGRA – A incapacidade para o trabalho em geral (qualquer trabalho) e não somente para a atividade específica que a vítima estava exercendo. EXCEÇÃO: O perito deve analisar no caso concreto se a reabilitação em atividades assemelhadas vai proporcionar as mesmas condições econômicas, mesmo status. Ex.: uma grande pianista, famosa mundialmente, sofre uma lesão corporal e sofre um trauma na mão. Poderá exercer atividades mais simples, que não darão o mesmo retorno financeiro. Nesse caso, poderá configurar a qualificadora. II - Enfermidade incurável; Juízo de probabilidade baseado em dados da ciência atual – ou seja, verifica-se se há cura no momento em que a lesão aconteceu. Ex.: epilepsia pós-TCE (traumatismo cranioencefálico) e paraplegia pós trauma medular, AIDS. III - Perda ou inutilização de membro, sentido ou função; PERDA X INUTILIZAÇÃO: → Perda é a ausência anatômica daquele órgão ou membro; na inutilização há presença anatômica, mas destituída total ou quase totalmente de capacidade funcional. Se a debilidade excede 70%, já se fala em inutilização. Ex.: amputação ao nível da coxa, cegueira total, amputação ou inutilização do pênis, paralisação das pernas etc. ▪ Perda de um olho? É lesão corporal grave se o outro olho estiver funcionando; se perder o globo ocular inteiro pode configurar lesão gravíssima pela deformidade permanente. ▪ E a perda da visão? É lesão corporal gravíssima – pois perdeu o sentido visão; ▪ E a perda de um dedo da mão? Dedo não é membro (membro é apenas perna, mão, braço e pé), portanto sua perda ocasiona mera debilidade do sentido tato. 5 ✪ EXCEÇÃO – se perder o POLEGAR, a lesão corporal será gravíssima, pois é o único dedo que desenvolve a função opositora (permite que o polegar se oponha aos outros dedos da mão) IV - Deformidade permanente Lesão estética que causa repulsa, “enfeamento”, com prejuízo da sociabilidade. Apenas se configura se ocorrer em áreas expostas? Não! Deformidades que podem ser cobertas também podem configurar a lesão corporal gravíssima, áreas potencialmente visíveis. A correção por cirurgia estética retira o caráter de permanência? NÃO. Para o STJ, a cirurgia é irrelevante – o dano deve ser aferido no momento da práticadelitiva. ✪ Vitriolagem: é uma lesão causada pelo ácido sulfúrico (óleo de vitríolo). V – Aborto; É um crime preterdoloso ou preterintencional – dolo no antecedente e culpa no consequente. → O agente deve ter o conhecimento prévio da gravidez ou o desconhecimento inescusável (ex.: barriga de 9 meses), mas não desejar o aborto – não há dolo no consequente. ❖ Lesão Corporal seguida de morte É um crime preterdoloso ou preterintencional – dolo na lesão corporal e morte a título de culpa. Ex.: soco com queda da vítima e fratura de crânio; facada ou tiro em localização não mortal, com lesão de vaso calibroso; paulada no tronco com hemorragia interna fatal; ▲ CUIDADO! “mas não seria homicídio culposo?” NÃO! Porque no homicídio culposo não há qualquer tipo de dolo, na lesão corporal seguida de morte existe o dolo na lesão. LESÃO IDIOPÁTICA Trata-se de lesão ou doença que surgiu espontaneamente ou de causa obscura ou desconhecida. Idiopatia é o termo usado para indicar que determinado mal ou doença não possui causa certa ou conhecida. LESÃO CURADA x CONSOLIDADA Curada é aquela que, após a evolução, permitiu ao organismo a total recuperação. Consolidada é aquela que parou de evoluir e atingiu o ponto máximo de evolução, sem recuperar a absoluta integridade do organismo, ou seja, deixando sequelas. SINAIS DE AUTOLESÃO Lesões superficiais, não deixam cicatrizes, costumam ser localizadas de forma paralela e ordenadas, em partes alcançáveis pelas mãos, ausência de lesões no dorso e na face. Geralmente localizadas em áreas menos sensíveis. O art. 122 pune o induzimento, instigação ou auxílio à automutilação. SINAIS DA DOR ・Sinal de Levi: É percebido através das contrações e dilatações da pupila, enquanto o ponto doloso é comprimido. ・Sinal de Mankof: É percebido através da contagem do pulso: Conta-se o pulso e, de surpresa, comprime- se o ponto doloso. Observa- se a reação do paciente e, logo em seguida, atesta-se a pulsação mais uma vez: o aumento dos batimentos indica a existência de dor. 6 ・Sinal de Muller: É realizado através da análise de uma zona circular tátil. O profissional, com um compasso apropriado, marca uma zona circular onde a dor se localiza, comprimindo pontos distintos dentro do círculo, sem que o paciente veja. Quando existe simulação, o doente não percebe a mudança entre a compressão do ponto de dor e outro. ・Sinal de Imbert: É utilizado quando a dor se dá nos braços ou nas pernas. O profissional coloca o paciente em repouso, contando suas pulsações radiais. Logo em seguida, ele se apoia na perna dolorosa ou segura um peso com o braço doloroso. O aumento do número de pulsações indica a existência da dor. FUMARC PC-MG: A capacidade de diagnosticar e mensurar a dor, alegada em um exame pericial, constitui um desafio da medicina legal, por se tratar de um dado subjetivo. O sinal de dor, avaliado pela contagem prévia do pulso radial, compressão do ponto doloroso alegado e nova contagem do pulso, é denominado pelo epônimo de sinal de: mankof. Agora, sim, passemos ao estudo da primeira ordem de energia: A. ENERGIAS DE ORDEM MECÂNICA Conceito: São aquelas capazes de modificar o estado de repouso ou de movimento de um corpo, produzindo lesões em parte ou no todo. São energias cinéticas, imprimem movimento ao corpo. Objetos: armas propriamente ditas (revólver, punhal), armas eventuais (faca, machado), armas naturais (pés, mãos, dentes), outros (quedas, explosões, veículos); Objeto ou instrumento X Meio/Ação X Lesão Objeto/instrumento é a coisa material que vai causar a lesão – faca; revólver; projetil de arma de fogo; bisturi. Meio/ação é a forma pela qual o objeto ou instrumento age, é o mecanismo de ação. Lesão é o resultado da atuação do objeto pelo meio. O objeto age de determinado meio, e resulta na lesão. LOGO, NÃO CONFUNDA... (!) Meio/Ação Lesão Perfurante Punctória Cortante Incisa Contundente Contusa Perfuro-cortante Perfuro-incisa Corto-Contundente Corto-contusa Perfuro-contundente Perfuro-contusa ▲CUIDADO! Genival França adota tanto a terminologia "feridas cortantes", quanto "feridas incisas", sendo estas reservadas para os casos de cortes realizados por bisturi nos atos de cirurgia. 7 #SERÁ que essa tabelinha cai? 🥵 CESPE: Entre os instrumentos relacionados aos agentes mecânicos incluem-se os instrumentos perfurantes, os instrumentos bolhosos e os instrumentos maciços. (FALSO) → Os meios são: perfurante, cortante, contundente, pérfuro-cortante, pérfuro-contundente, corto-contundente. CESPE: Uma faca introduzida em um corpo é um instrumento perfurocortante e produz uma lesão perfuroincisa. (CERTO) CESPE PC-SE: (...) As lesões apresentadas por Mariana são classificadas como lesões contundentes, produzidas por uma ação contusa. (FALSO) CESPE PC-AL 2023: Um bisturi, ao ser manipulado por ação em linha, deslizando e cortando um tecido, provoca uma lesão cortante. (FALSO) IBFC Polícia Científica PR: Seguindo a classificação dos ferimentos provocados por energias mecânicas, assinale a alternativa que apresenta a correlação entre lesão e instrumento: a) Lesão contundente – Instrumento contuso. (FALSO) b) Lesão punctória – Instrumento cortante. (FALSO) c) Lesão perfurocontusa – Instrumento perfuro-contundente. (CERTO) d) Lesão cortante – Instrumento perfurante. (FALSO) e) Lesão corto-contundente - Instrumento corto-contuso. (FALSO) CESPE: Feridas causadas por armas brancas que alcançam grande profundidade são denominadas cortocontusas. (FALSO) NÃO existe lesão “cortocontusa". O instrumento seria perfurocortante, a lesão seria perfuro-incisa. 8 ARMAS DE FOGO X ARMAS BRANCAS #SELIGA: Os projeteis de arma de fogo têm uma ação perfuro-contundente, mas a arma em si (coronhada) pode ser um instrumento contundente. As armas brancas são os instrumentos perfurantes, cortantes, perfurocortantes e corto-contundentes. A. LESÕES PRODUZIDAS POR AÇÃO PERFURANTE Conceito - A ação se dá por meio de uma PONTA. O instrumento age causando um afastamento das fibras dos tecidos, por pressão, geralmente sem secção. ✓ São feridas com abertura estreita, menos sangrantes (pois não cortam os vasos sanguíneos, apenas afastam os tecidos) ✓ Mais graves na profundidade e menos graves na extensão ✓ Se forem produzidas no vivo, as lesões terão menor diâmetro que o do instrumento, em razão da elasticidade da pele ✓ Podem ser superficiais, penetrantes ou transfixantes ・INSTRUMENTOS DE PEQUENO X MÉDIO CALIBRE - O instrumento perfurante de pequeno calibre gera lesão punctória ou puntiforme. Ex.: agulha. - O instrumento perfurante de médio calibre gera a lesão em botoeira. #CAIMUITO ↓ Instrumentos perfurantes de MÉDIO CALIBRE e as LEIS DE FILHOS e LANGER: FGV PC-MG Médico Legista 2025: As leis de Filhos e Langer se reportam apenas a objetos perfurantes de calibre médio. (CERTO) FUNCAB PC-PA: As leis de Edouard Filhos e Karl Ritter Von Langer, são estudadas no campo das lesões produzidas por instrumentos: perfurantes de médio calibre. ▪ Primeira Lei de Filhos/ Lei da Semelhança: um instrumento perfurante de médio calibre (redondo) vai produzir uma lesão semelhante àquela produzida por um instrumento cortante de dois gumes – que tem a forma alongada, em “casa de botão”, ou “botoeira”. O instrumento é redondo, mas a lesão causada será alongada, pois as linhas de força da pele “puxam” para os lados”. FGV PC-MG Médico Legista 2025: De acordo com a primeira lei de Filhos, as lesões causadas por instrumentos de pequeno calibre tendem a ser semelhantes entre si (Lei da Semelhança). (FALSO) CESPE: Quando o instrumento perfurante é de médio calibre, as soluções de continuidade das lesões, conforme a Primeira Lei de Filhos (Edouard Filhos), assemelham-se às produzidas por instrumento de dois gumes ou têm a aparência de casa de botão. (CERTO) IBFC Polícia Científica: A primeira lei de Filhós estabelece que as soluções de continuidadedessas feridas assemelham-se às produzidas por instrumentos de dois gumes ou tomam a aparência de “casa de botão”. (CERTO) § Segunda Lei de Filhos/ Lei do Paralelismo: Quando as feridas produzidas pelos instrumentos perfurantes de médio calibre são realizadas em uma mesma região onde as linhas de força tenham um só sentido, seu maior eixo tem sempre a mesma direção: um instrumento perfurante de médio calibre vai causar uma lesão que será sempre paralela às linhas de força da pele. 9 IBFC: A segunda lei de Filhós estabelece que, quando essas feridas se mostram numa mesma região onde as linhas de força tenham um só sentido, seu menor eixo tem sempre a mesma direção. (FALSO) ▪ Lei de Langer: se esse instrumento perfurar a pele em uma área de confluência das linhas de força, o formato da lesão não vai ser arredondado e sim estrelar, bizarro, ou em “ponta de seta”. CESPE: De acordo com a lei de Langer, feridas produzidas em regiões de confluência de linhas de força são paralelas entre si. (FALSO) IBFC: A lei de Langer estabelece que na confluência de regiões de linhas de força diferentes, a extremidade da lesão toma o aspecto de ponta de seta, de triângulo, ou mesmo de quadrilátero. (CERTO) → Importância das Leis de Filhos e Langer – diferenciar as feridas em botoeira das lesões incisas - as lesões incisas não vão seguir as linhas de força, pois cortam as fibras, ao passo em que as lesões em botoeira têm os sentidos fixos, pois sempre irão seguir as linhas de força. Sujeito que leva uma facada - é possível determinar o tamanho do objeto através da profundidade da lesão? Não! Muitas vezes o instrumento (faca, por exemplo) pode penetrar mais profundamente no corpo, de acordo com a força utilizada, de forma que a medida de lesão será muito maior do que o tamanho do objeto. Ferida em sanfona ou em Acordeão de Lacassagne: É aquela ferida que tem uma profundidade maior do que o comprimento do objeto perfurante porque ela ocorreu em uma área do corpo que é depressível. 10 B. LESÕES PRODUZIDAS POR AÇÃO CORTANTE ・Conceito: São lesões incisas produzidas por uma ação cortante. Elas são provocadas por instrumentos que possuem gume e deslizam sobre a pele, na maioria das vezes, em sentido linear (ex.: faca, bisturi, folha de papel). #LEMBRANDO: França admite o termo lesão cortante, reservando o termo incisas para as lesões por bisturi. ✓ Forma linear ✓ Bordas e fundo regulares, ✓ Hemorragia abundante (corta vasos sanguíneos), VUNESP PC-SP: É uma característica da morfologia de uma ferida por ação cortante, em relação à ferida contusa, a presença de: hemorragia abundante. ✓ Predomínio do comprimento sobre a profundidade, centro mais profundo que as extremidades, ✓ Paredes lisas e regulares, ✓ Afastamento das bordas (no vivo, em virtude da elasticidade da pele), ✓ Ausência de vestígios traumáticos em torno da ferida (#diferente da contusa), ✓ Cauda de escoriação (surge onde terminou a lesão) Cauda de escoriação/Cauda de saída: no momento que o agressor empurra a faca – iniciando a lesão – imprime mais força, ao passo em que no término da lesão – retirando a faca, a lesão é mais superficial, causando apenas uma escoriação (arrancamento da epiderme). → Não aparece SEMPRE, mas se surgir, a ferida é incisa. → Também conhecida como Cauda de rato Sinal de Chavigny: indica a ordem das lesões incisas. A 1ª lesão é linear, a 2ª é não linear, pois no momento em que o 2º corte é feito – por cima do primeiro – ele já encontra as bordas afastadas. O médico deve suturar a 1ª lesão, porque ele vai suturar de forma linear. Depois, sutura a 2ª lesão porque ela não será linear, vai ser desencontrada. FUNCAB PC-PA: A ordem das lesões que se cruzam e são produzidas por ação cortante decorrente de armas brancas pode ser observada através do sinal de: Chavigny 11 INSTRUMENTO CORTANTE - AÇÃO PERPENDICULAR X AÇÃO OBLÍQUA ・AÇÃO OBLÍQUA: Quando as feridas são causadas por instrumentos cortantes que atuam obliquamente tem- se o que a doutrina chama de ferida em BISEL (dica: tirando um BIFE). Ferida em bisel (ou em bico de flauta) – é também chamada de ferida“com retalho”, sendo aquela em que a ação se faz obliquamente, de modo a destacar uma porção do tecido lesado. ・AÇÃO PERPENDICULAR: gera a lesão incisa com cauda de escoriação. Lesões produzidas por ação CORTANTE ou MISTA (cortocontundente): a. Degola: é uma lesão produzida por ação predominantemente cortante na região cervical posterior (atrás). b. Esgorjamento: é uma lesão cortante na região cervical anterior (na frente) ou lateral. c. Decapitação: secção completa da cabeça. d. Esquartejamento: O corpo da vítima é dividido em partes, por amputação ou desarticulação. As partes são mais regulares se comparadas ao espotejamento. FUNCAB PC-RO: um cadáver encontrado próximo à linha férrea apresenta desarticulação de todos os membros, além de separação do corpo da cabeça. é correto afirmar que se trata de: esquartejamento e decapitação. e. Espostejamento: secção do corpo humano fora das articulações, em várias partes irregulares (ex.: indivíduo esmagado por trem). FUNIVERSA: o ato de dividir o corpo em partes, com fragmentos diversos e irregulares, que em algumas situações é usado como modalidade criminosa para se livrar de um cadáver ou impedir sua identificação, denomina-se: espotejamento. DEGOLA ESGORJAMENTO GOLA da camisa: atrás Lembrar de GOGÓ ou GARGANTA: na frente Normalmente é homicida Poder ser homicida ou suicida VUNESP PC-SP: Com relação à traumatologia médico-legal, a diferença conceitual entre degola (decapitação) e esgorjamento reside: na localização da lesão, sendo a degola posterior ao pescoço e o esgorjamento anterior ou lateral. 12 ↓↓↓ ESGORJAMENTO SUICIDA ESGORJAMENTO HOMICIDA Cauda de escoriação apontando para baixo Cauda de escoriação ligeiramente para cima A profundidade é maior no início da lesão, pois no final a vítima começa a perder as forças. A profundidade do início da lesão é a mesma do final. UEG PC-GO: Verificando o local de encontro de cadáver, o delegado anota as lesões presentes no corpo descritas pelo perito como “lesão cortante na região anterior do pescoço, retilínea, profundidade uniforme atingindo até a coluna vertebral”. Com estas observações, o delegado infere o nome da lesão e sua natureza jurídica como: esgorjamento – homicídio C. LESÕES PRODUZIDAS POR AÇÃO CONTUNDENTE Conceito: ação por meio de um instrumento de superfície plana. Pode ser causado por: pressão, explosão, percussão, deslizamento, compressão, contragolpe. Produzem lesões contusas. → A ação pode ser ativa, passiva ou mista - a depender do estado de movimento ou repouso do corpo e instrumento: Ativo: o objeto/instrumento está em movimento e encontra o corpo humano parado; Passivo: o corpo humano está em movimento e o objeto/instrumento está em repouso; Misto: corpo humano e instrumento/objeto estão em movimento. LESÕES PRODUZIDAS PELA AÇÃO CONTUNDENTE: a. Rubefação: congestão/hiperemia/dilatação temporária de vasos sanguíneos – o vaso está repleto de sangue, mas está íntegro, não foi rompido (área vai ficar vermelha, ex.: tapa). CESPE PC-PB: A rubefação é considerada a menor e mais transitória lesão causada pela ação contundente. (CERTO) b. Tumefação: inchaço, EDEMA, elevação da pele na área do impacto. TRÍPLICE REAÇÃO DE LEWIS – (i) hiperemia no ponto de impacto; (ii) extensão da hiperemia para uma pequena área ao redor e, depois, (iii) palidez da zona central por edema. 13 c. Escoriações ou abrasões epidérmicas: é um arrancamento superficial da epiderme (camada mais superficial da pele). CESPE PC-PB – Perito médico legal: A escoriação define-se comoarrancamento da epiderme e o desnudamento da derme, de onde fluem serosidade e sangue. (CERTO) #SELIGA: Escoriação típica é aquela em que apenas a epiderme sofre a ação da violência. Quando a derme é atingida, não é mais escoriação, e sim uma ferida. A escoriação não cicatriza, não deixa marcas, a regeneração da área lesada é por reepitelização. “restitutio ad integrum”→ em caso de escoriação, a restituição é integral, não forma cicatriz. Escoriação “regenera” ou “reepiteliza”, NÃO CICATRIZA! #SELIGA: ESCORIAÇÃO POST MORTEM: ☓não há formação de crosta; ☓ a derme é branca e não sugila serosidade nem sangue de suas papilas; ☓ o leito da escoriação produzida depois da morte é seco, descorado e apergaminhado. FGV: As lesões contusas superficiais ocorrem somente quando geradas em corpos com vida. A EXCEÇÃO a essa regra é: a escoriação. d. Equimoses: Infiltração hemorrágica nas malhas dos tecidos, houve ruptura de vasos sanguíneos. PC-MG: Uma lesão caracterizada por infiltração hemorrágica nas tramas dos tecidos é denominada: equimoses. Vejamos os principais tipos de equimoses:↓ ✓ Petéquias: manchas agrupadas em forma de pontos, pequenas equimoses: ✓ Sugilações: manchas agrupadas em forma de grãos (aglomerado de petéquias). FAPEMS PC-MS: Sugilação é o termo que define um aglomerado de petéquias. (CERTO) CESPE DELEGADO PC-PE: No âmbito das lesões corporais, a sugilação: é um aglomerado de petéquias. 14 ✓ Sufusão ou Equimona: formada por uma hemorragia mais extensa - mantém o centro violáceo e as mudanças de cor ocorrem na periferia. ✓ Víbices: equimoses em formas lineares e paralelas. São chamadas de Equimose figurada ou lesões de assinatura por indicar o formato do instrumento que causou as lesões. Estrias pneumáticas de Simonin – são as marcas de pneu nos casos de atropelamento, espécie de lesão de assinatura. LESÕES À DISTÂNCIA: o trauma se dá em um lugar e o sinal surge em outro. ・Sinal do GUAXINIM ou do ZORRO - Equimose bipalpebral bilateral – equimose das duas pálpebras e em ambos os olhos. Significa que houve fratura da base do crânio. ・Sinal de BATTLE – Equimose retroauricular (atrás da orelha) – resultante de fratura da base do crânio e otorragia (hemorragia do ouvido médio). ✪ As equimoses podem evoluir de coloração ao transcurso do tempo – é o chamado ESPECTRO EQUIMÓTICO DE LEGRAND DU SAULLE – em razão da decomposição da hemoglobina. COR EVOLUÇÃO DE UMA EQUIMOSE NO TEMPO Vermelha 1º dia Violácea 2º e 3º dias Azulada Do 4º ao 6º dias 15 Esverdeada Do 7º ao 10º dias Amarelada Em torno de 12 dias Desaparecimento Desaparece de 15 a 20 dias SINAL DE KUNCKEL: existência de pigmentos decorrentes da decomposição do sangue presente nas lesões, auxiliando no diagnóstico do tempo da equimose. Aponta fagócitos na rede ganglionar próxima a uma região que estava lesionada. FAPEMS PC-MS: Com base no espectro equimótico de Legrand du Saulle, uma lesão ocorrida há 8 dias apresenta coloração vermelha. (FALSO) ▲ EXCEÇÃO - A equimose na conjuntiva (membrana que reveste o olho) não segue o espectro: ficará vermelha do início ao fim – pois é um tecido muito poroso e de fácil oxigenação (está sempre em contato com o ar, portanto não se desliga do oxigênio), então não há a degradação da hemoglobina em substâncias que mudam a cor. #CUIDADO! De acordo com Thoinot, a equimose é uma prova irrefutável de reação vital. Portanto, representam lesões intra vitam. Já as post mortem, são consideradas “falsas equimoses”, pois o sangue não está coagulado e não há infiltração leucocitária. Logo... ↓ EQUIMOSES LIVOR HIPOSTÁTICO Sangue coagulado Sangue não coagulado Presença de malhas de fibrina Ausência de malhas de fibrina Há infiltração hemorrágica Não há infiltração hemorrágica Em qualquer lugar do corpo Presença em locais específicos – é visível nas zonas de decúbito Sangue fora dos vasos Sangue dentro dos vasos Ruptura de vasos e mais particularmente de capilares Integridade de vasos capilares Sinais de transformação de hemoglobina Ausência de transformação hemoglobínica #OBS: existe um tipo de hemorragia ‘hematoma epidural post mortem’ que acontece na carbonização, após a morte. e. Hematomas: há uma coleção, cavidade sanguínea, de forma mais localizada. Nesse caso, também houve ruptura dos vasos sanguíneos, mas o sangue não infiltrou nas malhas dos tecidos. ✪ NÃOCONFUNDAAAA: EQUIMOSES HEMATOMAS Houve ruptura de vasos sanguíneos Houve ruptura de vasos sanguíneos O sangue se infiltra nas malhas dos tecidos, estuda-se a evolução da coloração O sangue NÃO infiltra nas malhas dos tecidos, forma uma coleção, uma cavidade mais localizada CESPE PC-PB: O hematoma corresponde a discreto extravasamento de sangue dos capilares com sua difusão nas malhas dos tecidos moles. (FALSO) 16 CESPE PC-PB: A equimose corresponde às lesões que se traduzem por coleções hemorrágicas que não se difundem nas malhas dos tecidos. (FALSO) f. Bossa: diferencia-se do hematoma por se apresentar sobre um plano ósseo e pela saliência bem pronunciada na superfície, podendo ser sanguínea ou serosa. É popularmente chamada de “galo”. Exemplo: “caput succedaneaum” (“tumor do parto” – indica que a criança estava viva no momento em que passava pelo canal do parto) UEG PC-GO: Os agentes mecânicos são responsáveis pela maioria das lesões provocadas no corpo humano. São exemplos de lesões contusas: bossa, empalamento. g. Fraturas, luxações, entorses ・FRATURA – soluções de continuidade ósseas, na maioria das vezes por causa traumática. A fratura patológica, por outro lado, ocorre espontaneamente, em osso “enfraquecido”, por uma patologia prévia. Fratura cominutiva ocorre quando o osso se divide em vários pequenos fragmentos. ・ LUXAÇÃO - deslocamento permanente das superfícies articulares (Hygino Hercules) | representam o deslocamento de dois ossos, com ausência de relação de contato comum entre suas superfícies de articulação (Genival França) ACAFE PC-SC: O deslocamento de dois ossos, cuja superfície de articulação deixa de manter sua relação de contato, é denominado: luxação. PC-MG: Uma luxação do ombro, caracteriza a ação de um instrumento: contundente. ・ENTORSE - são lesões articulares provocadas por movimentos exagerados dos ossos que compõem uma articulação, incidindo apenas sobre os ligamentos. Os ossos mantêm o contato, mas os ligamentos se rompem. h. Rotura de vísceras internas – os órgãos internos se rompem, mesmo sem ocorrer lesão aberta externa. Ocorre mais comumente no baço, fígado, estômago. i. Ferida cutânea contusa: são lesões abertas cuja ação contundente foi capaz de vencer a elasticidade e resistência dos planos moles. Pode ser produzida por pressão, compressão, percussão, arrastamento, explosão, todos eles na pele. FERIDA CONTUSA FERIDA INCISA Forma estrelada, sinuosa (raramente, pode aparecer de forma retilínea) Forma linear Bordas irregulares, escoriadas e equimosadas Fundo e vertentes irregulares Bordas lisas e regulares e sem equimoses Presença de pontes de tecido íntegro ligando as bordas da lesão Não existem tais pontes, visto que o instrumento cortante secciona todo o tecido. Pouco sangrantes (hemostasia traumática – quando o instrumento age por pressão, acaba esmagando também os próprios vasos, não corta-os) Bastante sangrantes, porque os vasos foram cortados17 Integridade de vasos (estão ‘apenas’ esmagados) - nervos e tendões no fundo da ferida estão íntegros (já que o instrumento age por pressão e não por corte) → As lesões contusas podem ser fechadas e abertas – avalia se a pele está rompida ou não: ・Lesões fechadas: rubefação ou eritema, tumefação, equimose (petéquias, sugilação, sufusão), hematoma, bossa, entorse, luxação, fratura (fechadas), rupturas viscerais. ・Lesões abertas: fraturas expostas, escoriação, ferida contusa, esmagamento, síndrome explosiva (blast injury), encravamento, empalamento. LESÕES POR MARTELO OU CORONHAS DE REVOLVER ・ Fratura em saca-bocados de Strassmann – a ação do martelo foi em sentido perpendicular. ・Sinal do mapa-múndi de Carrara – afundamento do osso em várias fissuras, em forma de arcos e meridianos. ・Sinal de Terraza de Hoffmann – ação do instrumento de forma Tangencial, formando uma fratura óssea Triangular do crânio. → T de Terraza-Tangencial-Triangular LESÕES POR PENETRAÇÃO ・Encravamento – penetração de objeto afiado e consistente, em qualquer parte do corpo. ・Empalamento – forma especial de encravamento, com penetração do objeto no ânus ou no períneo. LESÕES POR PRECIPITAÇÃO (Queda de altura): pele intacta ou pouco afetada, mas rupturas internas graves de vísceras maciças – baço, fígado – e fraturas ósseas. Desproporção entre lesões cutâneas leves e lesões internas graves. CESPE: A natureza jurídica das lesões por instrumento contundente é predominantemente acidental, seguida pela criminosa e, mais raramente, pela suicida, que geralmente ocorre por defenestração. → Defenestração – ato ou efeito de atirar algo/alguém pela janela. ACIDENTAIS HOMICÍDIO SUICÍDIO O corpo costuma ficar próximo do local do lançamento. O corpo costuma ficar mais distante do local do lançamento, pois há alguém empurrando. O corpo costuma ficar mais distante ainda do local do lançamento, devido o impulso exercido pela vítima. A vítima costuma sofrer movimentos de rotação, impactando regiões bem diversas do corpo, principalmente a lateral. Isso decorre da precipitação desordenada. A vítima costuma sofrer movimentos de rotação, impactando regiões bem diversas do corpo, principalmente a lateral. Isso decorre da precipitação desordenada. A vítima costuma executar o lançamento do corpo com a posição em pé. O mergulho de cabeça é mais raro. 18 CESPE PC-RJ: Policiais civis do Grupo Especial de Local de Crime da Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG) foram acionados para proceder à perinecroscopia em função do encontro dos cadáveres de Beatriz e Rodrigo, recém-casados. No interior do apartamento do casal, localizado no décimo terceiro andar do imóvel A, tanto o delegado de polícia quanto o perito criminal perceberam o seguinte: sobre a cama da suíte principal, havia uma mala com diversas roupas femininas dentro e fora dela; a sala estava em desalinho; a distância máxima do parapeito da varanda em relação à parede oposta do interior do apartamento era de seis metros; na varanda deste imóvel, cujo chão não estava sujo de sangue, foi notada a presença de um estilete limpo e de um vaso de plantas quebrado, com terra derramada. Beatriz e Rodrigo foram encontrados além do muro limítrofe entre os imóveis A e B, já na área externa deste último, respectivamente e de modo perpendicular, a três e a sete metros de distância a partir da linha de projeção traçada com base nos parapeitos das varandas da mesma coluna que o apartamento do casal no imóvel A. Beatriz estava com múltiplas escoriações e equimoses, protusão do globo ocular esquerdo, diversas fraturas da calvária, laceração da massa encefálica, além de uma amputação na altura do terço médio do fêmur da perna direita, cujas bordas eram irregulares, com equimoses ao redor da lesão, tendo sido encontrada a peça anatômica amputada a quinze metros do local em que o cadáver de Beatriz estava. Rodrigo tinha múltiplas escoriações, midríase bilateral e fraturas expostas nos ossos da pelve, na fíbula e na tíbia, além de ter sido constatada, pelo perito legista, a presença da substância metilenodioximetanfetamina no sangue de Rodrigo. A partir de análises das filmagens do circuito fechado de monitoramento do imóvel A, ficou comprovado que o casal estava sozinho no apartamento. Com base nas informações apresentadas nessa situação hipotética, assinale a opção correta: Os elementos obtidos nas perícias e no exame do local dos fatos, em conjunto com a distância entre os cadáveres e a linha de projeção dos parapeitos das varandas do imóvel A, permitem distinguir as causas jurídicas das mortes de Beatriz e Rodrigo. Desenluvamento/Cisalhamento: cisão dos tecidos, tração. Há um arrancamento da derme dos tecidos por pressão. É um exemplo de uma ferida contusa. D. LESÕES PRODUZIDAS POR AÇÃO MISTA 1. Ação perfurocortante (Lesão perfuro-incisa): Mecanismo misto. Ele tanto perfura, quanto corta. É um instrumento que tem ponta para perfurar e um gume para cortar, age por pressão – quando perfura – e secção – quando ele corta. Características: profundidade maior que extensão, forma variada de acordo com o número de gumes do instrumento. Costumam ser graves, especialmente as que atingem a cavidade abdominal. Instrumentos: peixeira, facão, punhal, canivete. ・1 gume – Exemplo: faca, canivete – lesão em botoeira com 1 ângulo agudo e outro arredondado; Entalhe: formado pela torção do instrumento dentro do corpo – indício de animus necandi. 19 ・2 gumes - Exemplo: punhal – lesão em fenda com 2 ângulos agudos; *A ferida causada por instrumento perfurante de médio calibre (lesão em botoeira) é semelhante à ferida causada por instrumento cortante de 2 GUMES. ・3 gumes – lima de serralheiro – lesão irregular/estrelada com 3 ângulos agudos; ・4 gumes – estrela ninja – lesão com 4 ângulos agudos *Cada gume do instrumento gera um ângulo agudo na lesão → ATENÇÃO – um mesmo instrumento pode atuar de formas diversas. Uma faca pode apenas seccionar, como também pode seccionar e causar um corte com profundidade (perfurando). Lesões de defesa: são geralmente nas palmas das mãos, bordas mediais dos antebraços, nos ombros e no dorso; habitualmente lesões incisas ou perfuro-incisas, causadas por meio misto que indicam tentativa de defesa de uma agressão externa de um possível homicídio. 2. Meio Corto-Contundente: (causam lesões corto-contusas). São produzidas por instrumentos que, mesmo possuindo gume, são influenciados pela ação contundente, quer pelo seu próprio peso, quer pela força ativa de quem maneja. Agem por deslizamento e por pressão. Características: As lesões não apresentam cauda de escoriação (aparece na lesão inciso pura) e nem pontes de tecido íntegro entre as vertentes da ferida (aparece na lesão contusa pura). Instrumentos: podão, enxada, foice, facão, machado, serra elétrica, mordedura humana – os dentes podem tanto seccionar quanto pressionar, causando lesões mistas. *A mordedura humana pode auxiliar na identificação pela odontologia forense. 20 IDECAN PC-BA: A mordida humana pode provocar lesão contusa ou cortocontusa, a depender da força empregada. (CERTO) FUNCAB PC-RO: ao examinar um paciente, o perito encontra uma ferida em região peitoral com formato de dois semiarcos, de concavidades voltadas uma para a outra, mostrando equimoses periféricas, de profundidades variáveis e laceração tecidual. o perito conclui que se trata de mordedura. as feridas produzidas por mordedura causada pela arcada dentária humana se classificam como: corto-contusa. 3. LESÕES PERFURO-CONTUSAS – PROJÉTIL DE ARMA DE FOGO As lesões perfurocontusas são causadas por instrumentos que podem, simultaneamente, perfurar e contundir. As lesões com maior relevância são as provocadas por projétil de arma de fogo. CESPE – 2011 – PC/ES – DELEGADODE POLÍCIA: A expressão instrumento perfurocontundente geralmente refere-se a projétil de arma de fogo. (CERTO) IDENTIFICAÇÃO DAS ARMAS DE FOGO: ・Identificação direta – quando é feita na própria arma de fogo, apreendida. ・Identificação indireta – quando não se tem a arma de fogo apreendida, analisam-se as características deixadas pela arma na munição (especialmente no projetil, um dos componentes da munição). CLASSIFICAÇÕES DAS ARMAS DE FOGO: (i) Quanto à alma do cano: ・A arma pode ser raiada (disparam projeteis únicos – revolver, pistola, fuzil, submetralhadora) ou ・lisa (têm munições compostas por múltiplos projeteis – arma de caça, arma de tiro esportivo, espingarda) → A raia do cano fornece estabilidade ao projetil, pois gera nele um movimento de rotação: Dextrogiras – raias para a direita. Sinistrogiras – raias para a esquerda. → As raias formam microdeformações no projetil, chamadas de estrias - São de fundamental importância para o exame microcomparativo, pois as estrias são únicas em cada projetil. CESPE: Em uma perícia cadavérica de vítima de disparo de arma de fogo único no crânio, observou-se que o núcleo havia se separado da respectiva camisa. Esses elementos balísticos foram recolhidos para exame; entretanto, um deles se perdeu. Nessa situação, a perda pericial será maior, caso o extravio seja da camisa. (CERTO) O projetil encamisado é composto de uma camisa, que fica externa e é feita de material mais duro, e de um núcleo, feito de material mais macio. Após o disparo, as marcas da raia ficarão na camisa do projetil, e não no núcleo. CESPE: O exame cadavérico de uma vítima de disparo de arma de fogo de alma lisa deve cursar com o recolhimento de todos os balins, para fins de exame laboratorial. (FALSO) Armas de Alma lisa não deixam vestígios (ranhuras) nos projéteis, por esse motivo o exame pericial nos balins não trará informações relevantes. (ii) Quanto ao funcionamento: ・pode ser de tiro único ou de repetição (estas, podem ser automáticas ou semiautomáticas) 21 (iii) Quanto ao porte: ・podem ser fixas, móveis, semi portáteis e portáteis (iv) Quanto ao calibre: ・real (medido entre as raias na boca do cano – entre cristas opostas dentro do cano da arma) e nominal (atribuído pelo fabricante) (v) Quanto à legislação: ・de uso permitido (baixa energia) e de uso restrito (alta energia) A munição compõe-se de cinco partes: estojo, espoleta, bucha, pólvora e projétil. Movimentos do projetil: a) Rotação – giro do projetil em seu próprio eixo – é imposto pelo raiamento do cano, que impõe estabilidade ao projetil. b) Translação– i) Horizontal – propulsão do projetil pelo cano da arma, causada pela pressão dos gases; ii) Vertical – associada à ação da gravidade c) Nutação e Precessão - são movimentos na trajetória, que aumentam quando o projetil perde estabilidade. Não são benéficos para o projetil, pois ele precisa de estabilidade. NOÇÕES DE BALÍSTICA A balística constitui uma disciplina integrante da criminalística, que estuda as armas de fogo, suas munições e os efeitos dos tiros por elas produzidos, sempre que tiverem uma relação direta ou indireta com infrações penais, visando esclarecer e provar sua ocorrência. A doutrina apresenta a seguinte classificação: 22 ・Balística interna – estudo do funcionamento da arma de fogo e técnicas de tiro. ・Balística externa – visa analisar a trajetória e trajeto do projétil, desde sua saída até o seu impacto ou sua parada. ・Balística terminal ou dos efeitos/do ferimento – analisa as lesões causadas no organismo pelo projetil de arma de fogo. LESÕES PRODUZIDAS POR AÇÃO PERFUROCONTUNDENTE No estudo das lesões produzidas por projéteis de arma de fogo (balística dos efeitos), devem ser analisados o ferimento de entrada, o ferimento de saída e o trajeto. → Antes de mais nada, não confunda TRAJETO com TRAJETÓRIA: TRAJETO # TRAJETÓRIA: Trajeto é o caminho percorrido pelo projétil no INTERIOR do organismo, é analisado pelo médico legista. Trajetória é o caminho EXTERNO que o projétil conduziu até o corpo; do momento em que saiu da boca do cano da arma até o momento em que encontrou um anteparo. É objeto de estudo da criminalística, avaliada pelo perito criminal. A análise do trajeto pode fornecer apenas indícios de uma provável cena do crime junto com outros elementos do corpo de delito, não é capaz de dar a CERTEZA do posicionamento das pessoas na cena do crime. Ou seja, é possível que o trajeto (as lesões internas) seja o mesmo, em posições distintas do corpo. → Agora, precisamos entender que a ação do projetil poderá causar efeitos primários e secundários: EFEITOS DA AÇÃO DO PROJETIL Efeito primário: é o efeito causado pelo projétil. Não permite aferir distância do disparo. Efeitos secundários/residuograma: são os efeitos causados pelos resíduos de combustão da pólvora. Permitem aferir a distância do disparo. → Dito isto, vamos passar a diferenciar os ferimentos de Entrada e de Saída: a. FERIMENTO DE ENTRADA: EM REGRA, ferimento regular com bordas invertidas/invaginadas (bordas voltadas para dentro) – o contrário do ferimento de saída à esses dois opostos vão indicar um possível trajeto. à EXCEÇÃO: Tiros encostados em regiões que recobrem tábuas ósseas. Nesse caso, o orifício de entrada será parecido com um orifício de saída. Sinais em ferimentos de entrada – Efeitos PRIMÁRIOS do projétil: → ATENÇÃO! Leia novamente: efeitos P R I M Á R I O S 23 ✪ Halo de enxugo ou Orla de Chavigny ou Orla de Limpadura: ocorre pela passagem do projétil pelos tecidos carregando as suas impurezas. O projetil está se limpando, se enxugando nos tecidos e, assim, causa um halo de coloração escura no orifício de entrada (não tem na saída, porque o projétil já se enxugou na entrada). #CUIDADO – não confundir ORLA de Chavigny com SINAL de Chavigny (ordem das lesões incisas). ✪ Areóla Equimótica (reação vital): sufusão hemorrágica por ruptura de pequenos vasos sanguíneos em torno do ferimento. ✪ Orla de escoriação ou contusão ou orla desepitelizada ou de Fish: é uma área de arrancamento da epiderme pela rotação do projétil (é uma escoriação = o projétil encosta quente na pele, rodando, e arranca, entrando com ela no corpo). #CUIDADO - Pode haver escoriação no ferimento de saída, caracterizando o Sinal de Romanesi. FGV: ANEL DE FISCH: É o conjunto de três orlas que se caracteriza como parte dos efeitos primários do tiro. → A Orla de enxugo, a orla de escoriação e a orla de equimose, efeitos primários causados pelo projetil, formando o denominado anel de fisch. ✪ Halo Hemorrágico Visceral de Bonnet: O professor França diz que esse halo existe APENAS NA ENTRADA (outros autores apontam o halo nos orifícios de entrada e saída) – esses halos surgem em órgãos internos – pulmão, fígado, baço. → Agora, passaremos a estudar alguns efeitos específicos resultantes de tiros encostados, à curta distância e à distância: Ferimentos de entrada em TIRO ENCOSTADO – em locais que recobrem tábua óssea *crânio, costelas, esterno, escápula, palato (céu da boca) ✪ Câmara de mina de Hoffman ou Golpe de mina - Os gases da combustão batem no osso e refluem (ou seja, batem e voltam, pois não conseguem penetrar), causando um orifício de entrada de forma estrelada, irregular, dentada ou com entalhes (é uma exceção típica dos tiros encostados, já que, em regra, o orifício de entrada é regular). “Se encontrar uma câmara de mina de hoffman ou golpe de mina, significa que estou diante de um ferimento de entrada em tiro encostado em uma região que recobre uma tábula ossea” 24 FGV: As armas que apresentam compensadoresde recuo deixam de apresentar os ferimentos em “boca de mina” nos tiros encostados. (CERTO) CESPE PC-SE: Um homem de cinquenta anos de idade assassinou a tiros a esposa de trinta e oito anos de idade, na manhã de uma quarta-feira. De acordo com a polícia, o homem chegou à casa do casal em uma motocicleta, chamou a mulher ao portão e, quando ela saiu de casa, atirou nela com uma arma de fogo, matando-a imediatamente. Em seguida, ele se matou no mesmo local, com um disparo da arma encostada na própria têmpora. Considerando a situação hipotética apresentada e os diversos aspectos a ela relacionados, julgue o item a seguir: Ao realizar a necropsia no cadáver masculino, espera-se que sejam verificados sinal de Benassi, sinal do funil de Bonnet e câmara de mina de Hoffmann. (CERTO) ✪ Sinal de Werkaertner: desenho da boca do cano da arma e da massa de mira impresso na pele pelo calor, pela contusão. * Atenção - pode ocorrer também em outras regiões, ainda que não recubram ossos. CESPE PC-AL 2023: a queimadura na pele produzida pela boca do cano de uma arma de fogo caracteriza o sinal de werkgaertner. (CERTO) ✪ Sinal de Benassi: fuligem na lâmina externa do osso, chamada de periósteo. FGV: O sinal de Benassi consiste na presença de um halo fuliginoso permanentena lamina externa da calvária em tiros dados no crânio, quando a arma está sobre a pele. (FALSO) FRANÇA: "como esse sinal é constituído por um halo de fuligem de contorno suave sobre a superfície externa do crânio, precisamente sobre o periósteo (membrana fibrosa que reveste os ossos) e não uma zona de tatuagem por impregnação da pólvora não combusta, pode apresentar-se borrado ou desaparecer com a lavagem. Sua tendência é desaparecer quando as partes moles que cobrem aqueles ossos forem afetadas pela putrefação cadavérica e o crânio ficar esqueletizado." ✪ Sinal de Schusskanol: fuligem no túnel do tiro (passagem dentro do osso), nas lâminas interna e externa do osso. + Presença de sangue do ferimento com nitrito e enxofre que são da pólvora (na pele, no sangue do ferimento). ✪ Sinal do funil de Bonnet ou Sinal do cone truncado Pousold: esse sinal permite identificar as lesões de entrada/saída no OSSO. Vamos entender: ↓ → No osso do crânio, existem duas lâminas ósseas: a lâmina interna e a lâmina externa. ・O projétil entra através da primeira lâmina, furando-a de forma regular; mas ao passar para a segunda lâmina, o projétil a destrói – como se fosse a ação da furadeira na parede: o primeiro furo é pequeno e regular e ao comprimir mais força, ele acaba por fazer um “rombo” na parede. 25 → Pois bem. Sendo assim, as características de cada furo vão indicar o trajeto do projétil: • ORIFÍCIO DE ENTRADA no OSSO – a lâmina EXTERNA terá um orifício mais regular e menor, ao passo que na lâmina INTERNA, o orifício será maior e irregular. O cone tem a base voltada para dentro. • ORIFÍCIO de SAÍDA no OSSO - O projétil atravessa a cabeça da pessoa até o outro lado, chegando na outra lâmina INTERNA, onde será menor e regular, e em seguida alcança a lâmina EXTERNA, produzindo um orifício irregular e maior. O cone tem a base voltada para fora. Você se pergunta: “como assim base do cone? Que cone? 🙆” #GABARITEIRESPONDE: a combinação de orifício MENOR → MAIOR acaba por formar um CONE. Vejamos: Ferimentos de entrada em tiro A CURTA DISTÂNCIA – 10 a 50 cm para França FERIMENTO DE ENTRADA - forma arredondada ou ovalada; bordas invertidas; Residuograma (efeitos secundários) que permitem inferir a distância do disparo. → Portanto, no tiro à curta distância, além do halo de enxugo, aréola equimótica e orla de escoriação – efeitos primários do projetil - estudam-se efeitos secundários específicos. Vejamos: Efeitos SECUNDÁRIOS no orifício de entrada dos tiros à curta distância: ✪ Zona de tatuagem: é a impregnação na pele de fragmentos de pólvora incombusta; “microprojeteis”; “Tatuagem verdadeira”. É um indiscutível sinal de entrada. → Pela análise desse halo, a perícia pode determinar a distância exata do tiro, usando-se a mesma arma e a mesma munição em vários tiros de prova, até alcançar um halo de mesmo diâmetro que o original. Serve para orientar a perícia quanto à posição da vítima e do agressor. UEG PC-GO: tendo em vista a relevância da determinação da distância de um disparo com arma de fogo, bem como a necessidade de conhecimento acerca dos elementos do disparo na saída da arma, para a verificação de um tiro a curta distância (queima-roupa), quando observados os sinais na pele da vítima, também deverá ser levado em consideração o seguinte aspecto: a zona de tatuagem será o marcador do limite dessa distância. ✪ Zona de esfumaçamento/Orla de Tisnado: depósito na pele de pólvora combusta, que se queimou e deixou uma fuligem, um esfumaçamento. “Falsa Tatuagem” (sai com água e sabão). 26 #ATENÇÃO: As duas zonas podem estar depositadas nas vestes da vítima, de forma que a pele só terá o efeito primário do projetil. AOCP: Ferimento de forma arredondada, bordas invertidas, orla de escoriação, zona de tatuagem, zona de esfumaçamento e zona de compressão de gases são características típicas de entrada de tiro: de curta distância. Se for um tiro a “queima roupa” (até 10 cm para professor França): além de tudo teremos uma zona de queimadura ou chamuscamento na pele e a crestação dos pelos (por causa do calor, elevada temperatura dos gases, os pelos ficam quebradiços). ▲ Atenção – alguns autores consideram tiros à curta distância como sinônimos de tiros a queima-roupa. Outros consideram queima-roupa como espécie de um tiro à curta distância (gênero). Ferimentos de entrada em tiro à DISTÂNCIA: apenas o projétil atinge a vítima. FERIMENTO DE ENTRADA - Forma arredondada ou ovalada; bordas invertidas; o diâmetro da lesão será menor do que o do projetil (no vivo, pela elasticidade da pele). ☓ NÃO terá efeitos secundários do tiro e, portanto, não será possível precisar a distância exata do tiro. ✓ Terá orla de enxugo, escoriação e aréola equimótica (efeitos primários, vem do próprio projétil) CESPE PC-GO: Um cadáver jovem, do sexo masculino, encontrado por moradores de uma região ribeirinha, estava nas seguintes condições: vestido com calção de banho; corpo apresentando dois orifícios, o primeiro deles medindo cerca de 1 cm, ligeiramente elíptico, na parte posterior do tórax, na altura da região escapular direita; o segundo, de mesmo tamanho que o primeiro, circular, no pescoço, logo abaixo da nuca. O primeiro orifício apresentava orla de enxugo, orla de escoriação e orla de contusão; em torno do segundo orifício, foram observadas zonas de esfumaçamento e de tatuagem. nessa situação hipotética, as lesões descritas: foram causadas por instrumentos perfurocontundentes empregados a longa distância e a curta distância, respectivamente. ENTRADA/ Primários- sempre presentes, não definem a distância do disparo. Halo de Enxugo ou Orla de Chavigny ou Orla de Limpadura Aréola Equimótica Orla de Escoriação ou Contusão ou Desepitelizada ENTRADA / Secundários – (residuograma) permitem aferir a distância do disparo. Zona de Tatuagem Orla de Tisnado ou Zona de esfumaçamento Zona de chamuscamento ou queimadura ▪ ENTRADAS ATÍPICAS ☓ Alteração da forma do Orifício de Entrada e halos – quando o projetil não penetrou pela ponta, pode haver uma entrada irregular. Exemplo: disparo efetuado para o alto e só após alcançou a vítima; projétil sofreu deformação por encontrar superfície antes de entrar na vítima; uso de roupas de textura muito grossa. 27 → Ou seja, sempre que o projetil perder a estabilidade, causará um orifício de entrada diferente, geralmentemaior, irregular. NUCEPE: Em regiões de pele espessa, como a palma da mão, o orifício de entrada pode ter forma estrelada irregular. ☓ Lesão em chuleio: um único projétil é capaz de transfixar vários segmentos ou partes do corpo, com orifícios de entrada e saída, constituindo o que se poderia chamar de trajeto em chuleio ou trajeto em alinhavo. ☓ Presença de mais projeteis no corpo do que o número de entradas. Ex. 1 ferimento de entrada e 2 projeteis dentro do corpo. Ou o projétil penetrou por um orifício natural, ou pode haver 2 projéteis acoplados, que penetraram pelo mesmo orifício. ☓ Lesão em sedenho nos disparos oblíquos - é o conjunto de entrada, trajeto subcutâneo e saída de lesões OBLÍQUAS, como, por exemplo, as ocasionadas por projetil de arma de fogo que atinge a vítima de maneira não perpendicular – ou seja, um trajeto superficial, tipicamente não cavitário, que não penetrou em grandes cavidades. FGV DELEGADO PC-MA: As feridas em sedenho resultam da: ação subcutânea dos instrumentos pérfuro- contundentes nos tiros oblíquos. #SELIGA: Essa lesão NÃO é exclusiva dos projeteis de arma de fogo, podem ser causadas por outros instrumentos, como perfurantes. O único instrumento que NÃO consegue causar lesão em sedenho é o instrumento contundente. ☓ TIRO TANGENCIAL: predomina a ação contundente – não tem o componente perfurante. Forma uma lesão contusa. LESÃO EM FORMA DE CANALETA, LESÃO EM RASPÃO. CESPE: Todas as lesões produzidas por projéteis únicos de arma de fogo devem ser classificadas como perfurocontusas. (FALSO) 28 CESPE: Nos tiros tangenciais, as vertentes da ferida são côncavas, as bordas são paralelas e as dimensões variam. ☓TIRO OBLÍQUO: O Tiro em perpendicular – 90 graus com a pele, forma orlas concêntricas – em torno do centro, com formato circular, arredondado. Já o tiro oblíquo – forma orlas excêntricas, fora do centro, com formato ovalar. CESPE: A excentricidade da escoriação circunjacente ao orifício de entrada de projétil de arma de fogo indica que o trajeto do projétil foi inclinado em relação à pele. ☓ ARMAS DE PROJETEIS MÚLTIPLOS: em disparos de armas com cano liso (ex.: espingarda cuja munição tem múltiplos projeteis), é possível encontrar a chamada “rosa dos tiros” → conjunto de feridas produzidas pela entrada de projéteis múltiplos disparados por arma de alma lisa. Os balins fazem múltiplos buraquinhos, cada um com sangramento próprio. Quanto maior a rosa de tiro, mais distante foi o disparo. Quanto menor, mais perto. Isso, desde que não existam variações de bucha pneumática, estrangulamento na ponta da arma através do choque, ou cano cerrado. b. Ferimento de saída: EM REGRA, as bordas da lesão são evertidas, voltadas para fora; ferimento de saída é irregular; o diâmetro é maior do que o diâmetro do próprio projétil (ou seja, maior do que o diâmetro do ferimento de entrada); é mais sangrante do que o ferimento de entrada; não tem halo de enxugo e nem orla de escoriação (são efeitos primários que ocorrem na entrada); não tem efeitos secundários do tiro. Sinal de Romanesi - está localizado no orifício de saída do projétil. Quando há resistência à saída do projétil (roupa de couro, por exemplo), haverá orla de escoriação também no orifício de saída, pois o projétil fica girando, tentando sair. #LOGOOO… FERIMENTO DE ENTRADA FERIMENTO DE SAÍDA Forma regular do ferimento (arredondada) Forma irregular do ferimento (rombo) Borda invertida; Exceção: câmara de mina de hoffmann – borda evertida Borda evertida; 29 Possui orlas e zonas; Não possui orlas e zonas; Exceção: Sinal de Romanesi O diâmetro é proporcional ao projétil; O diâmetro é desproporcional ao projétil; Há pouco sangramento. Há muito sangramento. ▪ LESÕES CAUSADAS POR PROJÉTEIS DE ALTA ENERGIA • Baixa energia: inferior a 300 m/s • Média energia: 300 a 600 m/s • Alta energia: >600 m/s CESPE DELEGADO PC-ES: Em geral, o projétil de alta energia tem velocidade inicial acima de 600 m/s. (CERTO) ▪ Armas de fogo de uso civil (projeteis de baixa velocidade) à armas com alma do cano raiada e alma lisa. Ec = m.v²/2 → A energia cinética é composta pela massa multiplicada pela velocidade ao quadrado, dividido por 2. Acontece que a massa do projetil é muito pequena, razão pela qual o fator que irá influenciar de fato na energia cinética será a velocidade. Quando temos projeteis de baixa velocidade, temos projeteis de baixa energia. CESPE DELEGADO – PC-ES: A velocidade é o vetor que apresenta menos influência no resultado da energia cinética de um projétil. (FALSO) ▪ Armas de fogo de alta energia – fuzil arma de cano raiada. A alta energia está associada, portanto, a uma alta velocidade. Os projeteis agem por esmagamento e estiramento nos tecidos, produzindo a lesão. → O esmagamento é causado pela própria passagem do projetil em si, rompe as fibras e está relacionado à formação de uma cavidade permanente. → Por sua vez, o estiramento está relacionado à formação de uma cavidade temporária no interior do corpo, em virtude das ondas de pressão causadas pela passagem do projetil (fenômeno da cavitação) – as quais são muito maiores nas armas de fogo de alta energia. FGV: A cavidade temporária é formada no trajeto de qualquer projétil. (CERTO) #SELIGA: tanto os PAF comuns quanto os PAF de alta energia produzirão a cavidade temporária, a diferença é que nos PAF de alta energia as consequências desse fenômeno serão mais prejudiciais. Características das lesões de entrada: ✓ Semelhantes aos projeteis comum (em sua maioria) ✓ Bordas talhadas a pique com micro escoriações ✓ Ausência de orla de escoriação é frequente 30 Di Maio: “lesões circulares ou ovais, conforme a incidência do projetil seja perpendicular ou oblíqua, com bordas talhadas a pique, com ou sem orla de escoriação, apresentando, com frequência, microlacerações de até 1 mm, dispostas radialmente em toda a sua circunferência ou em apenas um setor”. Mas cuidado... → Alguns fatores podem influenciar no diâmetro do ferimento de entrada: a) Distância do tiro b) Região do corpo atingida c) Formato do projétil → Assim, é possível que as lesões apresentem grande destruição de tecidos e orifícios muito maiores que o diâmetro do projétil → Quando encontram grande resistência, causam verdadeiras explosões: ferida explosiva, estrelada – impossibilitando diferenciar o ferimento de entrada e saída. TRAJETO E FENÔMENO DA CAVITAÇÃO “A cavidade temporária é o resultado do alargamento da cavidade permanente sob a influência das ondas de pressão”. CESPE DELEGADO PC-ES: O fenômeno da cavitação nas lesões de entrada de projétil de arma de fogo se caracteriza por ser sempre permanente, o que se deve ao fato de o projétil transferir energia cinética para o alvo. (FALSO) → Esse fenômeno influencia no tamanho do orifício de saída – vai depender se o plano da saída corresponder ao maior ou menor diâmetro da cavidade temporária. Se o plano da saída coincidir com o maior diâmetro dessa cavidade, o orifício pode ser muito volumoso, destrutivo. Orifício de saída de projeteis de alta energia: Projéteis sofrem desvios → costumam sair de lado ou pela base, ampliando o tamanho da lesão Forma de “rasgões”