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RESUMO
Este artigo tem como principal objetivo elucidar de forma prática o processo de construção do raciocínio clínico de Avaliação Neuropsicológica de crianças e adolescentes com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), ressaltando as principais características deste método avaliativo e a sua contribuição durante o processo de diagnóstico, principalmente, quando esses pacientes vivenciam dificuldades comórbidas de aprendizagem, de interações sociais ou quando os sintomas do TDAH não são tão evidentes. O presente trabalho foi realizado através de um estudo de caso de Avaliação Neuropsicológica (ANp) de um adolescente durante a prática supervisionada da pós-graduação em Neuropsicologia do Núcleo de Ensino e Pesquisa em Neurociências (NepNeuro). A análise dos dados evidenciou que a avaliação neuropsicológica é capaz de fornecer dados relevantes, que auxiliam os educadores, pais e demais profissionais da área saúde a estabelecerem diretrizes de apoio que proporcionem medidas interventivas assertivas e melhorem a qualidade de vida de crianças e adolescentes afetadas por esse transtorno. 
Palavras-chave: TDAH; avaliação neuropsicológica; infância; adolescência.
ABSTRACT
This article has as main objective to elucidate in a practical way the process of construction of the clinical reasoning of Neuropsychological Assessment of children and adolescents with Attention Deficit Hyperactivity Disorder (ADHD), highlighting the main characteristics of this evaluation method and its contribution during the process diagnostic, especially when these patients experience comorbid learning difficulties, social interactions or when ADHD symptoms are not so evident. The present work was carried out through a case study of Neuropsychological Assessment (ANp) of an adolescent during the supervised practice of the postgraduate course in Neuropsychology at the Center for Teaching and Research in Neurosciences (NepNeuro). The analysis of the data showed that the neuropsychological assessment is able to provide relevant data, which help educators, parents and other health professionals to establish support guidelines that provide assertive intervention measures and improve the quality of life of children and adolescents affected by this disorder.
Keywords: ADHD; neuropsychological evaluation; childhood; adolescence.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 7
2 MÉTODO ...................................................................................................................... 11
2.1 Participante ................................................................................................................... 11
2.2 Local ............................................................................................................................... 11
2.3 Instrumentos e materiais .............................................................................................. 12
2.4 Procedimentos ............................................................................................................... 15
3 RESULTADOS ............................................................................................................. 16
3.1 Anamnese ....................................................................................................................... 16
3.2 Resultados obtidos na avaliação .................................................................................... 17
Gráfico 1 – Resultados Eficiência Cognitiva ...................................................................... 18
Tabela 1 – Perfil Neuropsicológico (Atenção e Função Executiva) ................................. 20
Tabela 2 – Perfil Neuropsicológico (Linguagem) .............................................................. 21
Tabela 3 – Perfil Neuropsicológico (Percepção e Praxia) ................................................. 22
Tabela 4 – Perfil Neuropsicológico (Memória) .................................................................. 23
Gráfico 2 – Desempenho RAVLT........................................................................................ 24
4 DISCUSSÃO ..................................................................................................................... 24
5 CONCLUSÃO ................................................................................................................. 32
6 REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 40
1
1. INTRODUÇÃO
Embora nos últimos anos o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) tenha ganhado maior notoriedade da comunidade científica, sendo muitas pesquisas realizadas por médicos, professores, psicólogos e demais profissionais da saúde sobre essa desordem, vale ressaltar que esse tema não é novo. Barkley (2008) pontua que o transtorno já era descrito desde 1865 nas pesquisas do médico Heinrich Hoffman, as quais apresentavam suas experiências clínicas referentes ao tratamento de doenças típicas da infância. Entretanto os créditos científicos ficaram com George Still (1902) e Alfred Tredgold (1908), considerados os primeiros a estudar crianças com comportamentos semelhantes aos que atualmente são identificados pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) como TDAH. 
De acordo com o DSM-5, o TDAH se caracteriza como um transtorno do neurodesenvolvimento, que envolve um padrão marcante e persistente de desatenção, hiperatividade, impulsividade ou inquietude, por pelo menos seis meses, configurando-se como incompatível com o nível de desenvolvimento (APA, 2014). 
Como consequências do transtorno, segundo Whitbourne e Halgin (2015), crianças e adolescentes diagnosticados com TDAH apresentam prejuízos diários que impactam diretamente a sua qualidade de vida, de suas famílias, das escolas e da sociedade em geral. Durante o percurso acadêmico, essas pessoas podem enfrentar inúmeras dificuldades de aprendizagem, repetência, transferências compulsórias devido a atos de indisciplina e rendimento abaixo do esperado. Esses prejuízos se tornam ainda mais significativos durante a vida adulta, com comprometimento do campo profissional, do funcionamento social ou outras áreas importantes na experiência do sujeito. 
Conforme salientam L. Malloy-Diniz, Capellini, D. Malloy-Diniz & Leite (2008), o TDAH é um dos distúrbios neuropsiquiátricos mais presentes em crianças e adolescentes. De acordo com o Boletim Brasileiro de Avaliação de Tecnologias em Saúde (BRATS) (2014), estima-se que, nos Estados Unidos, cerca de 5 milhões de crianças e adolescentes em idade escolar (de 4 a 17 anos) são afetados por esse transtorno, e, no mundo, aproximadamente 5,9%. No Brasil, as prevalências desse transtorno variam consideravelmente entre 0,9% a 26,8%, sendo mais frequente o diagnóstico entre o sexo masculino. Ademais, estudos realizados nos últimos anos têm apontado que cerca da metade das crianças e adolescentes diagnosticadas permanecem com o TDAH durante a vida adulta, independentemente do sexo.
Corroborando esses dados, o mesmo documento (BRATS, 2014) relata que um levantamento feito pela Faculdade de Medicina Feiberg, da Universidade de Northwestern, nos Estados Unidos, demonstrou que o número de crianças e adolescentes diagnosticadas com TDAH aumentou 66% em dez anos no país. O autor destaca que, de acordo com alguns pesquisadores, o crescente aumento do diagnóstico se deve ao maior conhecimento dos profissionais sobre o transtorno, o que leva ao reconhecimento dos sintomas. No entanto é possível observar o quanto essas mudanças na última década favoreceram uma melhor condução dessa desordem, visto que o reconhecimento precoce e correto dos sinais e sintomas do TDAH auxiliam não apenas na identificação mais ágil dos problemas, mas também na decisão terapêutica a ser adotada. 
O diagnóstico do TDAH é essencialmenteclínico, situado no DSM-5 e baseado no histórico comportamental do paciente, podendo ser observado em diferentes contextos, ou relatado por múltiplas fontes, como pais, professores, pessoas do convívio familiar (Barkley, 2008).
Assim, um correto diagnóstico do TDAH deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar, com profissionais com formação especializada e experiência, visto a complexidade apresentada pelos sintomas e à alta taxa de comorbidades com outras desordens psiquiátricas em crianças e adolescentes, uma vez que problemas de atenção, controle inibitório e hiperatividade podem compor o quadro de sintomas de diferentes síndromes neuropsiquiátricas (Bastos, 2011). Desse modo, a Avaliação Neuropsicológica se torna uma ferramenta estratégica, contribuindo significativamente para o diagnóstico do transtorno e possíveis comorbidades. 
Segundo Mansur-Alves (2018), a Avaliação Neuropsicológica consiste em um procedimento metodológico e padronizado empregado na verificação do funcionamento cognitivo e do comportamento, integrando com o funcionamento normal ou deficitário do sistema nervoso central (SNC), e que tem por objetivo clarificar o diagnóstico, a etiologia dos sintomas apresentados pelo paciente, o grau de gravidade e de prejuízos prognóstico, bem como fornecer informações básicas que possibilitem a realização de um plano para reabilitação. Miranda, Borges e Rocca (2010) evidenciam que a avaliação neuropsicológica não apenas identifica as manifestações sintomáticas, mas também fornece dados empíricos sobre o funcionamento cognitivo do indivíduo, esboçando as dificuldades presentes e as habilidades preservadas. Sendo assim, direciona mais assertivamente o curso interventivo mais adequado para cada caso.
No que se refere à avaliação neuropsicológica de crianças e adolescentes com TDAH, geralmente essa se volta para a aplicação e interpretação de instrumentos e técnicas que possibilitam levantar informações sobre o funcionamento cognitivo e as possíveis alterações que comprometem o funcionamento psicossocial, familiar, escolar e interpessoal, bem como as possíveis comorbidades que geralmente compõem o quadro clínico do TDAH. Ou seja, seu principal objetivo está voltado ao prognóstico do funcionamento cognitivo e o levantamento de possíveis comprometimentos funcionais (Medeiros, Dias, Menezes, Assef & Seabra, 2012). 
Assim, norteado pelo embasamento construído a partir de todas essas informações acima apresentadas, o presente artigo, tem como objetivo compreender o processo do raciocínio clínico da Avaliação Neuropsicológica em casos de hipótese diagnóstica de TDAH, a partir da apresentação de um estudo de caso clínico, a seguir apresentado. Ressalta-se que a partir da concepção do papel da avaliação neuropsicológica neste processo diagnóstico será possível aprimorar as técnicas e estratégias utilizadas e o raciocínio clínico construído, possibilitando assim, diagnósticos mais precisos e intervenções mais efetivas.
2. MÉTODO
O presente artigo aborda estudo de caso referente à avaliação neuropsicológica, de caráter qualitativo, descritivo e quantitativo. De acordo com Gil (2008), o estudo de caso se dá de modo aprofundado e exaustivo acerca de um ou de poucos objetos, de maneira a permitir o seu conhecimento amplo e detalhado. Corroborando essa conceituação, Yin (2005) afirma que o estudo de caso é um estudo empírico, que investiga um fenômeno atual dentro do seu contexto de realidade.
Tendo em vista essas definições, as etapas do processo avaliativo desenvolvido neste trabalho foram catalogadas em métodos abrangentes, com protocolos direcionados tanto para aquisição de dados quantitativos como também qualitativos da performance da criança em seus diversos contextos. Nesse sentido, buscou-se investigar nível intelectual, aspectos do funcionamento cognitivo, desempenho escolar, relacionamento interpessoal, comportamento e demandas afetivo-emocionais.
2.1. Participante
Participou deste estudo um adolescente de 13 anos de idade, discente da 8ª série do Ensino Fundamental de uma escola particular de Goiânia. Resguardando sua identificação, o adolescente será chamado de João (nome fictício). O adolescente foi direcionado para avaliação neuropsicológica, pelo Núcleo de Estudos e Pesquisa em Neurociências (NEPNEURO) durante a prática supervisionada da pós-graduação em Neuropsicologia, com queixas de dificuldades em sustentar a atenção, inter-relacionais sintomas ansiosos, problema de aprendizagem. 
2.2. Local
Todas as sessões ocorreram nos consultórios do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Neurociências (NEPNEURO). Foram utilizados consultórios adequados para o atendimento de crianças e adolescentes, em boas condições de higiene e organização, compostos por duas poltronas, uma mesa, duas cadeiras giratórias com regulagem de altura, climatização via ar condicionado, isolamento acústico, favorecendo, assim, o mínimo de interferência e a eliminação de distratores ambientais. 
2.3. Instrumentos e materiais
Os instrumentos e materiais utilizados ao longo das sessões foram: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE); Termo de Autorização para Menores de 18 anos em consultas psicológicas; Caneta para algumas anotações; lápis pretos grafite nº 2 sem borracha (utilizados pelos pacientes em testes conforme orientação do manual de instruções); borracha escolar suave tradicional; folhas brancas A4; protocolo de entrevista semiestruturado com solicitações da história de vida pregressa (Argimon & Lopes, 2017); brinquedo para rapport inicial (Lego). 
Além dos supracitados materiais, também foram empregados instrumentos referentes à testagem adotada durante as sessões de avaliação neuropsicológica. São eles: Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - 4ª Edição WISC IV; Teste de Aprendizagem Auditivo-Verbal de Rey - RAVLT (Paula & Malloy-Diniz, 2018); Figuras Complexas de Rey (Oliveira & Rigoni, 2014); Teste dos Cinco Dígitos - FDT (Sedó, Paula & Malloy-Diniz, 2015); Escala de Transtorno Déficit de Atenção e Hiperatividade- ETDAH- AD (Benczik, 2000); House, Tree, Person - H.T.P. (Buck, 2003); Questionário de Personalidade par Crianças e Adolescentes- EPQ-J (Eysenck & Eysenck, 2013). Também foram utilizados instrumentos de pesquisa de forma qualitativa, como: Teste de Fluência Verbal Fonetica e Semantica- FAS (Strauss, Sherman & Spreen, 2006) e Teste da Torre de Londres- TOL (Krilorian, Bartok & Gay, 1994) Tarefa de avaliação das Funções Executivas. Em seguida, são evidenciados os construtos e as características que todos esses instrumentos avaliam.
A Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - 4ª Edição WISC IV (Wechsler, 2013) é um instrumento clínico de aplicação individual que tem como objetivo avaliar a capacidade intelectual das crianças e o processo de resolução de problemas. É indicado para a faixa etária de 6 anos a 16 anos e 11 meses, é composto por 15 subtestes. Além de proporcionar entendimento abrangente da capacidade cognitiva do examinando, o WISC-IV pode ser usado para identificar talentos ou deficiências intelectuais, capacidades e dificuldades de percepção em crianças e adolescentes sob diferentes condições neurológicas e de desenvolvimento. Os resultados observados servirão de direcionamento para planejar um tratamento ou uma tomada de decisão clínica ou pedagógica, ou mesmo fornecerão importantes informações para a avaliação neuropsicológica (Wechsler, 2013). 
Para além da Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças, como mencionado anteriormente, outros instrumentos também foram utilizados, como o Teste de Aprendizagem Auditivo-Verbal de Rey - RAVLT (Paula & Malloy-Diniz, 2018), que se volta a avaliar a memória declarativa, memória auditivo-verbal, memória de reconhecimento, perseveração, intrusão, sustentação da atenção e retenção após outra tarefa. Ele pode ser aplicado a partir dos 6 anos de idade até os 92 anos. O tempo de aplicação dura em média 40 minutos.
As Figuras Complexas de Rey (Oliveira & Rigoni, 2014) foi outro instrumento utilizado, sendo direcionadapara a avaliação de funções de planejamento e organização perceptual, orientação visoespacial e visoconstrutiva, função motora e memória imediata visual. Sua aplicação é indicada entre 5 e 88 anos de idade para a figura A e de 4 a 8 anos para a figura B.
Com o objetivo de avaliar as funções executivas (FE), em especial a atenção sustentada, foi adotado o Teste dos Cinco Dígitos - FDT (Sedó, Paula & Malloy-Diniz, 2015). Os construtos avaliados por ele dizem respeito à velocidade de processamento, capacidade de foco, reorientação da atenção, controle inibitório e flexibilidade cognitiva. É composto por cinco dígitos familiares e pode ser aplicado em sujeitos a partir dos 6 anos de idade, variando o tempo de duração entre 5 a 10 minutos.
Ainda no que se refere à cognição, foi utilizado o Teste de Fluência Verbal Fonêmica e Semântica- FAS (Strauss, Sherman & Spreen, 2006), instrumento indicado a partir dos 6 anos de idade, e que permite observar aspectos relacionados à iniciativa, clusters de palavras semânticas que se adequem aos critérios da tarefa, planejamento, memória semântica, aspectos relacionados à linguagem, uso de estratégias evocativas, perseveração e controle inibitório (Gonçalves et al., 2013). Na etapa livre da tarefa de fluência verbal semântica, o examinando deve dizer em 1 minuto, o máximo de nome de animais que conseguir lembrar. Já na etapa, a ortográfica ele deverá evocar, também no tempo de 1 minuto, palavras que se iniciem com as letras “F”, “A” e “S”, exceto palavras vinculadas a nomes próprios, como por exemplo, nomes de cidades e de pessoas (Gonçalves et al, 2013). 
Além do FAS, outra ferramenta qualitativa empregada na avaliação cognitiva foi a Torre de Londres- TOL (Krilorian, Bartok & Gay, 1994). O principal objetivo da TOL está em analisar as funções executivas, principalmente a capacidade de planejamento e tomada de decisão (solução de problemas). A TOL é composta por três esferas, azul, vermelha e verde e o avaliando deve mover as três cores, uma a cada momento, conforme as doze imagens indicadas no material. Os níveis de dificuldade vão aumentando gradativamente ao longo das imagens a serem executadas (Schlottfeldr, Levy, Nassiff, Neves, Fuentes & Malloy-Diniz). 
Outro instrumento agregado foi a Escala de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade- ETDAH- AD (Benczik, 2000). A ETDAH-AD é indicada para público adolescente e adulto, com idade entre 12 a 87 anos. Também são compostas por cinco fatores, sendo eles a desatenção, ligada às habilidades atencionais, persistência, organização e ritmo no desempenho das tarefas; a impulsividade, vinculada ao déficit no sistema inibitório e baixo autocontrole; os aspectos emocionais, atrelado à presença de dificuldades emocionais, relacionadas com um humor deprimido, sensação de fracasso, dentre outras; a autorregulação da atenção, da motivação e da ação, que estão intimamente acoplados com a capacidade de manter a organização e planejamento; e por último a hiperatividade, que se refere ao comportamento agitado, afobado e instável.
Já no que diz respeito à avaliação de aspectos da personalidade, foi empregado o House, Tree, Person - H.T.P. (Buck, 2003), que consiste em uma técnica projetiva cujo principal objetivo é avaliar as características da personalidade do sujeito por meio dos desenhos gráficos de uma casa, uma árvore e uma pessoa. Sua aplicação é recomendada a partir dos 8 anos de idade. Também para que se estudasse a personalidade, foi utilizado o Questionário de Personalidade para Crianças e Adolescentes- EQP-J (Eysenck & Eysenck, 2013), que permite a avaliação da dinâmica e da estrutura da personalidade em três dimensões: Neuroticismo, Extroversão e Psicoticismo, sendo indicado para crianças a partir dos 10 aos 16 anos. 
2.4. Procedimentos
O primeiro contato com o paciente ocorreu juntamente com os pais, na entrevista inicial de anamnese. Nessa primeira sessão, foi definido o contrato, no qual foram fixados os dias e horários de atendimento, bem como foram esclarecidas as normativas para o atendimento, os critérios de faltas, os atrasos, o sigilo terapêutico.
Em seguida, os responsáveis concordaram e assinaram os termos de consentimento livre esclarecido e de autorização para atendimento psicológico de menores de 18 anos. Logo, nesta mesma sessão, foi dado o início e finalizada à anamnese. Na segunda sessão, foi realizado rapport com a criança e logo em seguida a aplicação do H.T.P. A partir da terceira sessão em diante, procedeu-se à aplicação dos testes WISC-IV, RAVLT, seguido pelas Figuras Complexas de Rey, FDT, ETDAH-AD, EPQJ. Na 10° sessão, foi realizada a entrevista devolutiva com os responsáveis legais e entrega do laudo.
Os atendimentos aconteceram uma vez por, na segunda feira, no horário das 17 horas, com duração de aproximadamente 60 minutos cada sessão. O processo avaliativo ocorreu de maio a setembro de 2018 e os documentos escritos decorrentes da avaliação neuropsicológica, bem como todo o material que a fundamentou, foram arquivados de acordo com a resolução do Conselho Federal de Psicologia (CFP) n° 06/2019.
3. RESULTADOS
A Avaliação Neuropsicológica tem o objetivo de integrar informações externas junto dos processos de testagem, ou seja, dados sobre os múltiplos contextos vivenciados pela criança ou adolescente são colhidos de diversas fontes, como por exemplo, entrevistas com familiares, pacientes, docentes, observações clínicas, aplicação de testes psicométricos e atividades informais. Sendo assim, a seguir serão apresentados os resultados que contribuíram para o raciocínio clínico do caso atendido. 
3.1 Anamnese
Por meio de entrevista de anamnese realizada com a genitora de João, foram levantadas informações desde a sua concepção até o presente momento. Sobre concepção, a mãe informa que precisou utilizar medicação durante a gravidez, devido a um sangramento, mas não houve maiores complicações. O parto foi cesariano, com trinta e oito semanas sem intercorrências. Segundo a genitora, o paciente falou com um ano e oito meses de acordo com que se recorda, a partir dessa idade, começou a falar tudo e corretamente. O desenvolvimento motor, espacial e se deu de forma adequada, na faixa etária respectivamente ao desenvolvimento correto dessas habilidades. 
A rotina de João é assistida por sua tia, que o busca na escola juntamente com seus primos e ele passa à tarde com seus familiares até que os genitores o busquem no fim do dia. Cerca de duas vezes na semana, João realiza acompanhamento com professor particular, visto que suas notas escolares caíram muito. De acordo com os relatos de seus genitores, ele teve uma experiência muito negativa quando chegou ao colégio onde estuda atualmente, pois veio de uma escola estadual e até conseguir se adaptar no grupo levou certo tempo no qual nesse período, teve o apoio da coordenadora pedagógica, bem como de toda a escola, dos pais e de sua tia, que o encorajaram a fazer amizades e se sentir participante das atividades do colégio. 
Foi pontuado também pela genitora um possível rebaixamento da autoestima e timidez do adolescente, inclusive vem sofrendo muito com esse comportamento no ambiente escolar. Emocionalmente o adolescente sofreu perda da bisavó e apresentou crenças de medo e regressão em comportamentos já autônomos, como ficar sozinho e ir para a escola. Ele passou a ter crises de ansiedade, episódios de falta de ar, chorava frequentemente e não sorria.
A escola aborda dificuldade de atenção e concentração, bem como para aprender os conteúdos ministrados. Perde ou esquece objetos, distrai-se facilmente por barulhos em sala de aula, não termina atividades já iniciadas passando de uma para outra e esquece muito rápido o que acabou de ser dito. Apresenta pouca habilidade para expressar verbalmente seus pensamentos e não rende de acordo com o esperado em Português e Matemática. Um rapaz que fala pouco e consegue esperar sua vez, contudo, possui baixa tolerância a frustração e irrita-se facilmente. O paciente possui muitos amigos na escola, sabe respeitaros professores e regras do colégio.
A partir desses dados coletados durante a entrevista de anamnese, foi levantada a hipótese diagnóstica de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade- TDAH, devido a queixa de dificuldades atencionais, e observações clínicas. Portanto foi estabelecida uma bateria de testes, assim, sancionar ou refutar essa hipótese diagnóstica, bem como para avaliar as funções cognitivas.
3.2 Resultados Obtidos na Avaliação Neuropsicológica
Os resultados e condições averiguadas durante avaliação não exibem alteração de nível de consciência. João apresentou-se orientado, vestido adequadamente e nos horários combinados. Além disso, apresentou contato no olhar firme, mostrou-se solícito com as atividades, mesmo o das quais não gostava com tendência a respostas objetivas. Exibiu capacidade de compreensão oral da fala dentro do esperado, mímica e atividade gestual expressiva concordante com o seu discurso verbal. Motricidade fina e ampla, dentro do esperado. Mostrou comportamento ansioso frente às atividades a serem realizadas, e se distraía com facilidade. Evidenciou fadiga com atividades mais extensas e recorrentes. 
Em relação à pontuação e classificação do desempenho de João no WISC-IV apresentado no gráfico 1 (observa-se que seu Quociente de Inteligência Total é classificado na média (QIT = 95), sendo que há diferenças significativas entre os resultados obtidos nos Índice de Compreensão Verbal 103 (média) e Índice de Organização Perceptual 108 (média), em relação aos índices de Velocidade de Processamento 83 (médio inferior), Índice de Memória Operacional 85 (médio inferior). Isso significa que, embora os escores alcançados tenham indicado esse Quociente de inteligência total, vale ressaltar que a fidedignidade de tal resultado pode ser questionada, em razão da discrepância presente entre os referidos índices, que podem interferir nesse valor para análise geral. 
.
Gráfico 1- Escala Weschler de Inteligência para Crianças e Adolescentes (WISC- IV)
Na tabela 1, é possível averiguar o desempenho de João nos testes de atenção, definida como um mecanismo complexo que organiza a entrada das informações na consciência, ou seja, é ela que possibilita o processamento da informação, pensamento ou ações relevantes para funcionamento adequado diante das demandas externas e internas, e função executiva. Os resultados obtidos por João indicaram um desempenho pendular nas atividades que avaliam a atenção sustentada, sobretudo estímulos verbais. Concomitantemente o resultado ocorreu nas atividades que avaliam atenção seletiva e alternada com estímulos visuoespaciais. Nos subtestes do WISC-IV, Códigos (CD), Cancelamento (CA) e Procurar Símbolos (PS), como estratégia compensatória, João selecionou apenas um determinado estímulo para o escaneamento visual. É importante ressaltar que João, por vezes, reduz sua velocidade de execução das atividades na tentativa de evitar erros de omissão, o que faz com que fique mais lento.
Para além dos aspectos atencionais, as funções executivas são habilidades relacionadas à capacidade de as pessoas se empenharem em comportamentos orientados a objetivos, ou seja, à realização de ação voluntária, independente, autônoma, auto-organizada e direcionada para metas específicas. Dessa forma, essas habilidades permitem ao indivíduo: perceber e responder frente a um objetivo complexo proposto; tomar decisões; avaliar e adequar seus comportamentos e estratégias; antecipar objetivos e consequências futuras; e mudar planos de ações de modo flexível. Processos cognitivos como planejamento, controle inibitório, tomada de decisões, flexibilidade cognitiva, memória operacional, categorização e fluência são citados como partes integrantes das funções executivas.
Nesse sentido, no teste Figura Complexa de Rey, averígua-se que João apresentou habilidade abaixo da média para identificar e organizar ações sequenciais e hierarquizadas que conduzem a objetos (planejamento). Por exemplo, não conseguiu organizar etapas para desenho de figura complexa. Também exibiu desempenho inferior quanto à capacidade de inibição do comportamento, ou seja, tem dificuldades para conter uma resposta predominante, automática ou previamente aprendida que pode ser inadequada ou irrelevante para o contexto atual. Foi observado durante a testagem com o FDT, que João, em diversos momentos, precipitava as respostas, forma impulsiva, e logo após as corrigiam. Já em relação à capacidade de compreensão do julgamento social, João apresentou resultados dentro do esperado para sua faixa etária. Contudo, a capacidade de flexibilização cognitiva, se mostrou dentro da normalidade, sempre que fornecidos alternativas ou feedback´s. Sendo assim, João se beneficia de repetição de informações e pistas ambientais.
	Testes utilizados
	Escore Máximo
	Escore Esperado
	Escore Obtido
	Interpretação
	Dígitos ordem direta
(Wisc IV)
	16
	7 a 10
	6
	Dificuldade Leve
	Dígitos ordem inversa
(Wisc IV)
	16
	5 a 8
	6
	Média
	Sequência de Núm. e Letras 
(Wisc IV)
	30
	15 a 20
	17
	Média
	Código 
(Wisc IV)
	119
	41 a 60
	44
	Média
	Procurar Símbolos 
(Wisc IV)
	60
	18 a 29
	13
	Dificuldade Leve
	Cancelamento
	136
	71 a 102
	84
	Média
	Aritimética
(Wisc V)
	34
	21 a 27
	25
	Média
	Cubos
Wisc IV
	68
	27 a 46
	42
	Média
	Semelhanças
Wisc IV
	44
	16 a 28
	32
	Média Superior
	Conceitos Figurativos
Wisc IV
	28
	14 a 20
	20
	Média
	Raciocínio Matricial
Wisc IV
	35
	18 a 25
	24
	Média
	Figura Complexa de Rey
	36
	30 a 33
	26
	Dificuldade Moderada
	Torre de Londres
	36
	
	123
	Média Superior
Tabela 1- Perfil Neuropsicológico (Atenção e função executiva)
Acerca da linguagem, João apresentou excelente capacidade de compreensão e conhecimento linguístico para sua faixa etária, respondendo a comandos simples e complexos, como pode ser observado na Tabela 1. Contudo, a realização de instruções longas sofre interferência do processo motivacional e principalmente da memória operacional falha, podendo, portanto, não realizar a tarefa complexa não por falta de compreensão, e sim por dificuldades em manter e manipular informações em curto prazo. Ademais, a dificuldade de manter a atenção ao longo do tempo (atenção concentrada) prejudica todo seu desempenho, fazendo com que, por vezes, ao ser solicitado por outra pessoa, não responda. 
Concernente a essa informação, verifica-se que João apresentou desempenho inferior para identificar e organizar ações sequenciais e hierarquizadas que conduzem a objetos (planejamento). Por exemplo, na tarefa de Fluência Verbal Livre (FAS), o adolescente teve dificuldades para organizar, selecionar, evocar, sequenciar e especialmente agrupar as denominações pertencentes a uma grafia especifica e erros por repetição. No que se refere às operações matemáticas, utiliza-se de estratégias cognitivas e apresenta facilidade para realizar operações matemáticas simples, sem valer-se de recursos primários, indicando assim, tal habilidade dentro à média. 
	Testes utilizados
	Escore Máximo
	Escore Esperado
	Escore Obtido
	Interpretação
	Vocabulário (Wisc IV)
	68
	28 a 40
	32
	Média
	Informação
(Wisc IV)
	33
	16 a 21
	19
	Média
	Aritmética
(Wisc IV)
	34
	21 a 27
	25
	Média
	Semelhanças
(Wisc IV)
	44
	16 a 28
	32
	Média Superior
	Compreensão
(Wisc IV)
	42
	20 a 28
	21
	Média
	Raciocínio Matricial
(Wisc IV)
	35
	18 a 25
	24
	Média
	Conceitos Figurativos
(Wisc IV)
	28
	14 a 20
	20
	Média
	Fluência Verbal (FAS)
	-
	-
	32
	Dificuldade
Tabela 2- Perfil Neuropsicológico (Linguagem)
Já na Tabela 3, João apresenta os resultados acerca das habilidades práxicas, que podem ser definidas como a capacidade de realizar movimentos complexos e gestos com precisão e coordenação motora, tendo alguma finalidade, ou seja, é o planejamento do movimento que antecede o ato motor. No que se refere a essas habilidades, João apresentou boa capacidade para realizar movimentos faciais sob comando, como deglutição e movimentos voluntários da língua (praxia bucofacial). Mostrou também que consegue realizar gestos simples ou simbólicosde forma intencional, sequenciando e organizando o movimento têmporo-espacialmente, sem a utilização de um objeto (praxia ideomotora), além de realizar ações sequenciais que utilizam ou dependem de um objeto, como utilizar uma faca com organização e sequência para cortar um pão e passar manteiga (praxia ideatória). 
Sua praxia do vestir se encontra dentro do esperado, ou seja, apresenta capacidade de orientar o próprio corpo em relação à vestimenta. Sua praxia da marcha também se mostra adequada. A capacidade de reproduzir ou desenhar espontaneamente (praxia visuoconstrutiva) está dentro do esperado, apesar da interferência da função executiva fria (planejamento), conforme observado na Figura Complexa de Rey. Também foi evidenciada habilidade visoconstrutiva, além de percepção visual dentro do esperado. 
	Testes utilizados
	Escore Máximo
	Escore Esperado
	Escore Obtido
	Interpretação
	Cubos
(Wisc IV)
	68
	27 a 46
	42
	Média
	Completar Figuras
(Wisc IV)
	38
	22 a 30
	22
	Média
	Códigos
(Wisc IV)
	119
	41 a 60
	44
	Média
	Cancelamento
(Wisc IV)
	136
	71 a 102
	84
	Média Superior
	Raciocínio Matricial
(Wisc IV)
	35
	18 a 25
	24
	Média
	Figura Complexa de Rey
(Wisc IV)
	36
	30 a 33
	26
	Dificuldade Moderada
Tabela 3- Perfil Neuropsicológico (Percepção e Praxia)
No que se referem à memória, os resultados apresentados na tabela 4, demonstram que João possui habilidade no armazenamento e manutenção de informações. Ressalta-se leve prejuízo em memória operacional, associado ao processo atencional, o que pode ser observado clinicamente através dos desacertos cometidos por desatenção e impulsividade, durante a avaliação. A capacidade de adquirir, gradualmente, uma habilidade por meio da exposição repetida (memória não declarativa) demonstrou estar dentro do esperado. Quanto à memória declarativa (capacidade de armazenar e evocar/recordar ou reconhecer fatos e eventos de maneira consciente), o adolescente apresentou dentro do esperado a memória episódica visual e auditiva (responsável pelo armazenamento de informações e eventos pessoalmente vividos em um determinado tempo e espaço) e a memória semântica (responsável pelo processamento de informações associadas ao conhecimento geral sobre o mundo, independentemente do contexto e momento em que essas informações foram memorizadas pela primeira vez). 
	Testes utilizados
	Escore Máximo
	Escore Esperado
	Escore Obtido
	Interpretação
	Dígitos ordem inversa
(Wisc IV)
	16
	5 a 8
	6
	Média
	Sequência de Núm. e Letras 
(Wisc IV)
	30
	15 a 20
	17
	Média
	Vocabulário
(Wisc IV)
	68
	28 a 40
	32
	Média
	Informação
(Wisc IV)
	33
	16 a 21
	19
	Média
	Aritimética
(Wisc V)
	34
	21 a 27
	25
	Média
Tabela 4- Perfil Neuropsicológico (Memória)
Em relação à memória de curto e longo prazo para material auditivo-verbal, o examinando apresentou capacidade dentro do esperado na evocação de informações após um intervalo de tempo, obtendo resultado na média. João exibe habilidade de evocação espontânea (memória de curto prazo) e se beneficia de repetição de informações e pistas ambientais, apresentando tal memória dentro do esperado para sua faixa etária, como é possível conferir no gráfico 2.
Gráfico 2- RAVLT
Fonte: Dados extraídos da aplicação do RAVLT ao paciente. Os intervalos “A” referem-se à exposição de uma lista de palavras e o desempenho da memória de curto prazo. O intervalo “B1” refere-se à intrusão de nova lista de palavras. O intervalo “A6” refere-se à memória após estimulo distrator. O intervalo “A7” refere-se ao desempenho do examinando após um período de 30 minutos. O intervalo “R” refere-se à memória de reconhecimento através de pistas. O intervalo “ALT” refere-se ao aprendizado ao longo das tentativas. O “RET” refere-se à velocidade de esquecimento. O intervalo “I.P.” refere-se à interferência de um aprendizado antigo em relação a um novo. O intervalo “I.R.” refere-se à interferência de aprendizado novo em relação a um antigo.
Acerca da escala ETDAH-AD, João apresentou prejuízo moderada em desatenção (percentil 75), sugerindo dificuldades significativas em manter-se atento e engajado ao longo das atividades. João também apresenta os mesmos resultados para os quesitos de Autorregulação Atencional (percentil 75) e Hiperatividade, apontando para um comportamento predominantemente desatento, agitado e inquieto. 
A análise dos escores evidencia dificuldades nas funções executivas (planejamento, controle inibitório e organização) e no potencial atencional. Tais alterações (causam interferência no seu desempenho cognitivo e acadêmico). Constatam-se dificuldades subjacentes nas habilidades aritméticas, o que novamente compromete significativamente seu desempenho escolar. Esses resultados sugerem confirmação da hipótese diagnóstica de TDAH do tipo predominantemente desatento não decorrente de comprometimentos emocionais ou sensoriais não corrigidos. De acordo com o DSM-5, os especificadores 314.00 (Schwean & McCrimmon, 2016). Observa-se hipótese de comorbidades com o Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), entretanto isso deve ser observado durante a reavaliação neuropsicológica após intervenção, conforme sugerido à família (APA, 2014). 
4. DISCUSSÃO
A Avaliação Neuropsicológica possui como principal objetivo colaborar com a distinção das funções cognitivas preservadas e apontar as potencialidades e pontos que necessitam de uma melhor atenção profissional, contextos fundamentais e indispensáveis para o diagnóstico multidisciplinar, quanto na elaboração do plano terapêutico interventivo direcionado a cada especificidade (Pinto, 2012). Ademais é pertinente destacar que a avaliação neuropsicológica é apenas uma etapa do processo de diagnóstico e deve ser complementada com outras avaliações multiprofissionais, como a neuropediátrica e psicopedagógica. 
Nos últimos anos, segundo Alchieri & Cruz (2003), a avaliação neuropsicológica de crianças e adolescentes com suspeita de TDAH têm sido bastante solicitadas. Várias pessoas que estão nessas etapas do desenvolvimento são encaminhadas por professores ou profissionais da saúde, apresentando como queixa, na maior parte dos casos, problemas comportamentais, atrasos do neurodesenvolvimento e dificuldades de aprendizagem. São comuns os pais ou responsáveis chegarem à avaliação neuropsicológica descrevendo a criança como “inquieta”, afirmando que ela “não consegue aprender ou não acompanha o ritmo da turma”, “é desobediente”, “constantemente envolve-se em brigas” e “se distrai com facilidade”. E, como assevera Miranda, Borges & Rocca (2010), para que ocorra melhor investigação acerca dessas dificuldades sintomáticas, recorre-se à avaliação neuropsicológica. 
No caso clínico em questão, assim como citado por Alchieri & Cruz (2003), alguns comportamentos desadaptativos foram observados clinicamente durante a entrevista inicial e sessões posteriores. João exibiu problemas para sustentar a atenção, frequentemente se distraia com estímulos alheios à tarefa, além de dificuldades de interiorização e memorização das instruções, esquecendo-se rapidamente de algumas informações importantes repassadas. Ademais, o adolescente também demostrou pouca intimidade nas atividades que envolvia aritmética e com frequência fornecia respostas precipitadas antes de as perguntas serem completadas. 
Diferentemente de um adulto, crianças e adolescentes estão constantemente em processo de desenvolvimento e maturação cerebral. Portanto o profissional que se propõe a realizar avaliação neuropsicológica em pacientes dessa faixa etária deve atentar para aplicar técnicas e instrumentos apropriados para a idade do paciente. Além desses cuidados com os instrumentos utilizados na avaliação, sabe-se que as psicopatologias podem surgir devido a múltiplas variações presentes na vida da criança ou do adolescente, por exemplo, problemas ligados à instituição de ensino, intrafamiliares, genéticos e/ou referentes a maus-tratos. Dessa forma, o psicólogo deve buscar levantar o histórico da vida da criança também junto a médicos, fonoaudiólogos (caso a criançatenha feito algum tratamento antes), professores e outros responsáveis, e integrá-las aos resultados obtidos na testagem, pois esses dados podem fornecer insights sobre o contexto experienciado pela criança, resultando, assim, em uma compreensão global sobre a sua rede de apoio (Costa, Azambuja, Portuguez & Costa, 2004).
Assim, a partir de um levantamento mais detalhada da história de vida de João, de acordo com a genitora, o adolescente vem apresentando frequentes esquecimentos e dispersão durante a rotina de estudos e na sala aula, ainda denota de pouco contato social. Dentre as possíveis causas das dificuldades, a família aponta a saída de João de uma escola pública da capital para a rede de ensino particular, mesmo com apoio pedagógico há mais de três anos. Diante do exposto da família, faz-se necessário avaliar a origem das dificuldades apresentadas pelo jovem, ou seja, se os problemas são causados por sintomas emocionais ou se há possíveis alterações cognitivas que contribuem ou expliquem suas dificuldades para concentrar-se nos estudos. 
Em uma pesquisa realizada por Gonçalves et al. (2013) com uma amostra clínica de crianças do gênero masculino portadoras de TDAH, publicado no Jornal Brasileiro de Psiquiatria em 2013, evidenciou nível expressivamente superior comprometimento dos componentes atencionais e de funções executivas em medidas neuropsicológicas. Da mesma forma, Shuai, Chan, & Wang (2011), em um estudo realizado com jovens chineses portadores de TDAH, também observaram déficits atencionais, de controle inibitório, nos processos mnêmicos de trabalho e na atividade evocativa, cooperando assim diretamente para baixa produção e erros de perseveração nas atividades propostas. 
Uma importante característica neuropsicológica dos pacientes com TDAH são os déficits atencionais, segundo Abreu, Wyzykowski, Leahy e Canário (2015), o grau de intensidade dos sintomas do TDAH são diferentes nas etapas do desenvolvimento humano. Segundo os autores, os sintomas de hiperatividade tendem a diminuir sua intensidade na adolescência[footnoteRef:1] e a idade adulta, predominam os sintomas de desatenção, que além de diferenciarem o subtipo do transtorno, tendem a permanecer ao longo de todo o ciclo vital (L. Malloy-Diniz, Capellini, D. Malloy-Diniz & Leite, 2008). [1: O Ministério da Saúde segue como definição de adolescência a prescrita pela Organização Mundial de Saúde (OMS) a qual define como sendo o período da vida que se inicia aos 10 anos e termina aos 19 anos completos (BRASIL, 2010). No Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) considera a adolescência a faixa etária dos 12 aos 18 anos (BRASIL, 1990). ] 
Estudos conduzidos por Coutinho, Mattos & Araújo (2007), e Barkley (2011), apontaram que adultos e crianças portadoras de TDAH, de maneira especial no subtipo combinado (TDAH-C), apresentam maiores dificuldades quanto à persistência da atenção. Segundo esses autores, os déficits atencionais afeta diretamente o desempenho acadêmico ou laboral dessas pessoas, sobretudo naquelas tarefas que demandam revisão constante e sustentação do foco atencional, por exemplo, durante uma explicação das atividades ou a leitura de um texto.
Nas escalas Weschler, medidas do comportamento atentivo podem ser observadas nos subtestes DIOD (Dígitos Ordem Direta), CD (Código), PS (Procurar Símbolos), CA (Cancelamento), por exigirem a percepção e seleção auditiva ou visual de símbolos gráficos ou fonológicos. Nessas medidas, João apresentou desempenho inferior, especialmente quando estas demandavam a necessidade de sustentar o foco atencional por um período de tempo maior (atenção sustentada). Qualitativamente foi notado que o jovem diminui a sua velocidade a fim de evitar erros, realizando-as de maneira mais pausada. No entanto, em tarefas mais complexas, esses erros tornam-se inevitáveis, podendo sugerir um nível sutil de dificuldades na atenção para detalhes.
Além dos problemas relacionados à atenção, revisões recentes apontam para a presença de disfunção executiva em indivíduos com TDAH. Prejuízos relacionados a essas disfunções têm sido relacionadas ao mau funcionamento das habilidades cognitivas como o de controle inibitório, memória operacional, planejamento, tomada de decisão e fluência verbal (L. Malloy-Diniz, Capellini, D. Malloy-Diniz & Leite, 2008). De fato, nos últimos anos, a avaliação das funções executivas tem se tornado um importante construto no processo de avaliação neuropsicológica devido às implicações e prejuízos no desempenho acadêmico, ajuste social e sucesso profissional de crianças e adolescentes com sintomas de TDAH. Ao mesmo tempo o WISC-IV se tornou uma importante ferramenta com medida padronizada, capaz de oferecer bons insights sobre o funcionamento executivo de crianças e adolescentes em idade escolar, além de auxiliar na elaboração de uma intervenção adequada (Han Delis & Haldnack, 2016). 
Com relação à avaliação das habilidades executivas, João demostrou desempenho comprometido em várias medidas de controle inibitório. No critério de impulsividade motora, descrita por Barkley, (2008), avaliado pela escala ETDAH, João obteve pontuações dentro do percentil 75, nos critérios de hiperatividade, o que indica presença de agitação psicomotora, inquietude e dificuldades para manter-se parado (Wechsler, 2013). 
Falhas no de controle inibitório também podem ser observadas nos resultados FDT. O adolescente por diversas vezes precipitava as respostas, de forma impulsiva, e logo após as corrigiam, evidenciando uma dificuldade na inibição de resposta comportamental motora vocálica. Essas dificuldades podem ser observadas em estudos clínicos com pacientes TDAH e que envolva a execução de tarefas destinadas a medir tempo de reação com interrupção sinalizada. Indivíduos com TDAH demonstram a obtém uma quantidade superior em erros por ação (emissão de respostas antecipadas ou quando ela deve ser suprimida) que o grupo controle (L. Malloy-Diniz et al., 2008). 
As dificuldades de controle inibitório afetam também o bom funcionamento da memória operacional, prejudicando a compreensão de instruções, devido à falta de habilidade em manter informações nesse sistema temporário de memória para autogerenciamento do comportamento (L. Malloy-Diniz et al., 2008) . Seigneuric, Ehrlich, Oakhill e Yuill (2000), Gathercole, Alloway, Willis e Adams (2016), Savage, Lavers e Pillay (2007) e Swanson e Jerman (2007) reconheceram a importância da memória operacional para desempenhar atividade de leitura, sobretudo dos componentes executivo central, esboço visuoespacial e da alça fonológica, modelo proposto por Barkley (2008). Tais autores citam que, para uma criança ter boa fluência em leitura, escrita e operações matemáticas, deve haver uma boa integração do processamento de informação de maneira simultânea (visuais e fonológicas). 
Nota-se que o desempenho de João nos índices de memória operacional (IMO) 85, e velocidade de processamento (IVP) 83, encontram-se classificado na faixa média, entretanto esses dois índices alcançaram os menores resultados de toda escala. Ante a esse resultado é formidável citar que alguns estudos examinando o perfil do WISC-IV de portadores do TDAH, demostraram pontuações diminuídas nesses índices, sendo o IVP o mais prejudicado (Biederman, Faraone, Spencer, Wilens, Norman, Lapey, Mick, Lehman & Doyle, 1993; Saklofske, Schwean, Yackulic, & Quinn, 1995; Schwean & Saklofske, 2005; Mayes & Calhoun, 2006). 
No caso específico de crianças com TDAH, a dissociação entre os processos verbais de aprendizagem e memória tem sido sustentada por estudos como os de Zuanetti, Lugli, Fernandes, Soares, Silva & Fukuda (2018). Esse estudo sugeriu que alguns sujeitos com TDAH de diversos tipos se “planejam” com o objetivo de reaver para reconquistar informações que sofreram interferência retroativa inicialmente, todavia, grande parte do grupo de crianças com TDAH, exibiu os estímulos alvos anteriormente aprendidos, contudo devido à influência de outros distratores, a memória não foi consolidada,por decorrência, prejuízo no seu desempenho final. Esses dados sustentam a hipótese da existência de uma menor competência para decodificar, armazenar, organizar e principalmente evocar material verbal nesse grupo clínico apresentado no estudo (Paula & Malloy-Diniz, 2018). Tal fato também é observado no caso de João, já que se verifica um desempenho melhor nas medidas iniciais de aprendizagem verbal e um declínio no desempenho após a interferência de estímulos e na velocidade de esquecimento. 
Outras dificuldades relacionadas às funções executivas ocorrem em tarefas de planejamento. Na Figura Complexa de Rey, João executou a cópia de maneira aleatória, sem nenhuma combinação estratégica. O mesmo ocorreu no Cancelamento do WISC-IV, o número de linhas examinadas no Cancelamento Estruturado foi superior ao Cancelamento Aleatório, ou seja, João se beneficiou da estrutura da folha. Desse modo, ao analisar seu desempenho em funções executivas, verifica-se que adolescente apresenta dificuldades no curso do pensamento, planejamento e organização sequenciada. Como o adolescente apresenta detrimento na atenção sustentada e planejamento, consequentemente esses pontos impactam subjacente na memória operacional. E, especificamente neste caso, ao olhar-se o desempenho de João no RAVLT, gráfico 2, vê-se dificuldade moderada em sustentar a atenção e processar as informações por um período de tempo.
Rabinovici, Stephens e Possim (2015) citam que os quadros de disfunções executivas foram primeiramente descritos em grupos de pessoas com lesão no lobo frontal. Mais recentemente, os autores descrevem casos de disfunções executivas em diversos transtornos do neurodesenvolvimento. Além disso, atenção a e velocidade de processamento são geralmente deficientes em crianças com TDAH (Schwean & McCrimmon, 2016). Assim, com relação ao desempenho de João nos testes destinados à avaliação das funções executivas, os resultados obtidos se encontram de acordo com estudos acima citados, visto que a criança apresenta dificuldades nos testes do WISC-IV (DIOD, PS, CA não estruturado), Figura Complexa de Rey e FDT (alternância e escolha). 
No que tange à avaliação dos processos linguísticos, João apresentou boa fluência lexical, aptidão para reconhecer grafemas e suas estruturas fonológicas, o que implica acesso lexical. Cabe ressaltar que, em medidas que exigem processos executivos de produção de fluência verbal semântica e fonológica livre, João apresentou pouca produção de palavras ao longo do teste, além de reprodução de palavras. No entanto a baixa atuação advém devido a um déficit primário nas funções executivas, principalmente na capacidade de planejamento, memoria operacional e processos atencionais. 
Feito esse apanhado sobre e funcionamento cognitivo de João, por meio dos resultados obtidos a partir da avaliação neuropsicológica e da observação clínica, entende-se que este caso clínico não se trata apenas de uma dificuldade nas funções executivas de aprendizagem, mas sim tende a confirmar a hipótese de um Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, que tem prejudicado o paciente na aquisição de conhecimento acadêmico. 
Dentro dos critérios estabelecidos pelo DSM-5 (APA, 2014), verifica-se que João apresenta características estabelecidas no critério A1 (tipo predominantemente desatento), durante os últimos seis meses, visto que o adolescente frequentemente comete erros por descuidos, possuiu dificuldades atencionais e de concentração durante a aprendizagem, não conclui os seus deveres escolares ou tarefas iniciadas, perde objetos, sendo facilmente distraído por estímulos alheios à tarefa, além de constantes esquecimentos de atividades. Ainda evidencia dificuldade de organização e planejamento. 
Ainda segundo Muszkat, Miranda, Rizzutti (2011), problemas de aprendizagem escolar, são habitualmente descrevidos em crianças e adolescentes com TDAH. O rendimento escolar abaixo do esperado, como dificuldades ligadas a compreensão da leitura, escrita e matemática, está intrinsicamente ligado à desatenção aos detalhes e a dificuldades de concentração, o que deixa mais complexa a internalização de instruções longas e o termino de atividades. Além disso, a falta de organização, estratégias eficientes, lentificação das informações, articulação do discurso, podem levar a sua série de danos não só acadêmicos, mas também psicossociais (Fuentes, Malloy-Diniz, Camargo & Consenza, 2008). 
5. CONCLUSÃO
As síndromes desexecutivas estão intimamente ligadas a uma gama de transtornos do neurodesenvolvimento, ocasionando diferentes prejuízos e queixas ligadas ao contexto de aprendizagem. Elas afetam de forma significativa a vida daqueles que as apresentam, de suas famílias, das escolas e da sociedade em geral. A avaliação nestes casos visa estabelecer o diagnóstico desses transtornos, ainda obscuros frente à queixa citada pelos pais, e torna-se fundamental porque podem literalmente reconfigurar a direção dos processos interventivos e consequentemente proporcionar-lhes uma melhora significativa na qualidade de vida dessas pessoas (Dias, Menezes & Seabra, 2010; Tisser, Costa, Bauermann & Malloy-Diniz, 2017).
Partindo dessa conjectura o presente estudo de caso demonstrou a importância da avaliação neuropsicológica na exploração das queixas sintomáticas apresentadas, sobretudo durante a infância e à adolescência, mostrando-se imprescindível para o diagnóstico diferencial do TDAH e comorbidades em relação a outros transtornos que acometem o neurodesenvolvimento. 
Portanto uma avaliação neuropsicológica atenta, que inclui não apenas a parte de testagem, mas também informações de outras pessoas do convívio do paciente e nos contextos em que ela apresenta dificuldades possibilitam detectar não somente os déficits cognitivos que impactam o aprendizado, mas, sobretudo viabiliza direcionar o paciente para intervenções psicológicas e manejo educacional que se adequem a sua realidade e necessidade (Costa, Azambuja, Portuguez & Costa, 2004).
Finalmente, cumpre dizer que a avaliação neuropsicológica não apresenta um valor diagnóstico em si, ela é apenas uma parte do processo e deve ser complementada. Seu principal objetivo versa contribuir com informações para o raciocínio clínico em geral durante a etapa diagnóstica multidisciplinar nos casos de TDAH, sendo esta uma das grandes formas valorativas no diagnóstico infanto-juvenil, ou seja, a troca de informações intersetoriais.
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QI e índices WISC-IV
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