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DESENVOLVIMENTO HUMANO: 
ADOLESCÊNCIA, ADULTEZ 
E VELHICE
DESENVOLVIMENTO 
HUMANO: 
ADOLESCÊNCIA, 
ADULTEZ E VELHICE
ORGANIZADORES TAIS REGINA FERRAZ DA SILVA; JULIO CESAR CARREGAR
ORGANIZADORES TAIS REGINA FERRAZ DA SILVA; 
ULIO CESAR CARREGAR
Desenvolvim
ento hum
ano: adolescência, adultez e velhice
GRUPO SER EDUCACIONAL
O desenvolvimento humano no contexto da psicologia será amplamente 
abordado nesta obra, que tem o objetivo de trazer um entendimento de 
conceitos e da evolução histórica de cada período da vida dos seres humanos, 
em especial a adolescência, a adultez e a velhice. 
O que pode in�uenciar na construção psíquica dos indivíduos na adolescên-
cia? Em que medida o desenvolvimento social, tecnológico e da comunicação 
trouxe uma nova dinâmica à adultez? Como lidar com o envelhecimento e 
todas as condições decorrentes dessa fase da vida? Estas e outras questões 
serão discutidas neste livro.
Aprenda este tema abrangente de forma didática e clara neste livro especial-
mente escrito para os estudos da psicologia. 
Aproveite a leitura! Bons estudos!
gente criando futuro
I SBN 9786555581522
9 786555 581522 >
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DESENVOLVIMENTO 
HUMANO: 
ADOLESCÊNCIA, 
ADULTEZ E VELHICE
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou 
transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo 
fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de 
informação, sem prévia autorização, por escrito, do Grupo Ser Educacional. 
Diretor de EAD: Enzo Moreira
Gerente de design instrucional: Paulo Kazuo Kato 
Coordenadora de projetos EAD: Manuela Martins Alves Gomes
Coordenadora educacional: Pamela Marques
Equipe de apoio educacional: Caroline Guglielmi, Danise Grimm, Jaqueline Morais, Laís Pessoa
Designers gráficos: Kamilla Moreira, Mário Gomes, Sérgio Ramos,Tiago da Rocha
Ilustradores: Anderson Eloy, Luiz Meneghel, Vinícius Manzi 
 
Silva, Tais Regina Ferraz da. 
Desenvolvimento humano: adolescência, adultez e velhice / Tais Regina Ferraz da Silva; Julio 
Cesar Carregari. – São Paulo: Cengage, 2020.
Bibliografia.
 ISBN 9786555581522
1. Psicologia - adolescência. 2. Psicologia - adulto. 3. Psicologia - envelhecimento. 4. Carregari, 
Julio Cesar.
Grupo Ser Educacional
 Rua Treze de Maio, 254 - Santo Amaro 
CEP: 50100-160, Recife - PE 
PABX: (81) 3413-4611 
E-mail: sereducacional@sereducacional.com
“É através da educação que a igualdade de oportunidades surge, e, com 
isso, há um maior desenvolvimento econômico e social para a nação. Há alguns 
anos, o Brasil vive um período de mudanças, e, assim, a educação também 
passa por tais transformações. A demanda por mão de obra qualificada, o 
aumento da competitividade e a produtividade fizeram com que o Ensino 
Superior ganhasse força e fosse tratado como prioridade para o Brasil.
O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego – Pronatec, 
tem como objetivo atender a essa demanda e ajudar o País a qualificar 
seus cidadãos em suas formações, contribuindo para o desenvolvimento 
da economia, da crescente globalização, além de garantir o exercício da 
democracia com a ampliação da escolaridade.
Dessa forma, as instituições do Grupo Ser Educacional buscam ampliar 
as competências básicas da educação de seus estudantes, além de oferecer-
lhes uma sólida formação técnica, sempre pensando nas ações dos alunos no 
contexto da sociedade.”
Janguiê Diniz
PALAVRA DO GRUPO SER EDUCACIONAL
Autoria
Tais Regina Ferraz da Silva 
Mestre em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC, 1998), se dedicou à linha 
de pesquisa Psicologia Organizacional e do Trabalho. É especialista em Recursos Humanos pela 
Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc, 1984); graduada em Psicologia pela Universidade 
Federal de Santa Catarina (UFSC, 1983) e tem seu título acadêmico validado pela Università degli Studi 
di Torino (Unito, 2003), Itália. Tem experiência em Psicologia Organizacional e do Trabalho, Gestão de 
Recursos Humanos, Orientação e Aconselhamento Profissional, de Carreira e para a Aposentadoria, 
Atendimento individual online ou presencial a dificuldades relacionadas ao trabalho, Avaliação 
Psicológica, Docência Universitária, Docência em Cursos Profissionalizantes, Projetos voltados à 
integração Escola-Trabalho, à recolocação profissional e à preparação para o Empreendedorismo. É 
autora de conteúdos para educação a distância, consultoria e supervisão nas suas áreas de atuação. 
Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/9656176864864662
Julio Cesar Carregari
Psicólogo, Mestre em Psicologia pela Universidade Estadual Paulista (Unesp-Assis), onde iniciou a 
carreira docente no ensino superior como professor substituto. Atuando na formação acadêmica de 
diversas instituições públicas e privadas no Estado do Amazonas, trabalhou para o desenvolvimento 
e aprofundamento científico das áreas de Psicologia e Educação até o ano de 2012, quando retornou 
para o Estado de São Paulo para continuar seus estudos. Licenciou-se em Pedagogia e atualmente é 
professor da Rede Municipal de Piracicaba. 
Bruno Stramandinoli Moreno
Atuo no(a) Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN) como 
Analista em Ciência e Tecnologia - Núcleo de Gestão de Pessoas (NGP) desde 2014. Possuo formação 
em Desenvolvimento Humano e Tecnologias (Doutorado). Minhas aptidões são: Docência digital, 
Articulação, Criatividade, Flexibilidade, Gestão de conflitos, Liderança, Proatividade, Resiliência, 
Trabalho em equipe. Tenho focado minhas pesquisas na intersecção: Tecnologia, Subjetividade e 
Trabalho Contemporâneo.
SUMÁRIO
Prefácio .................................................................................................................................................8
UNIDADE 1 - Adolescência .............................................................................................................11
Introdução.............................................................................................................................................12
1 Início da adolescência: conceitos e mitos .......................................................................................... 13
2 Mudanças físicas, sociais e comportamentais do adolescente ..........................................................16
3 Adolescente e sociedade ................................................................................................................... 19
4 Adolescente e contexto familiar ........................................................................................................ 23
PARA RESUMIR ..............................................................................................................................27
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................28
UNIDADE 2 - Adolescência e vida adulta em perspectiva................................................................31
Introdução.............................................................................................................................................32
1 Psicopatologia da adolescência.......................................................................................................... 33
2 Maturidade: conceitos e mitos .......................................................................................................... 37
3 As transformações da vida adulta ...................................................................................................... 42
4 Crises e conflitos ................................................................................................................................ 44
PARA RESUMIR ..............................................................................................................................46
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASque ele esteja minimamente em condições de assumir os 
diferentes desafios que tal etapa da vida impõe a ele.
Os caminhos traçados pela adolescência e juventude podem, e invariavelmente terão, 
implicações no momento da vida adulta, assim como as adolescência(s), expressões vividas 
em diferentes contextos sócio-históricos e de diversas perspectivas culturais. A idade madura 
também se apresenta diversificada, apesar de uma certa universalidade de tendência dos sujeitos 
estarem imersos em uma dimensão mais reflexiva, do ponto de vista psicológico, como também 
envolvidos na manutenção da produtividade social e familiar.
Nesse sentido, espera-se que a maturidade se estruture a partir das tendências anteriormente 
apresentadas, quando, por exemplo, identificamos as pessoas que compartilham desse mesmo 
momento de suas vidas com responsabilidades financeiras e afetivas na condução de um lar com 
filhos, na administração da vida em família, com as questões inerentes ao mundo do trabalho e 
das particularidades da vida social.
43
A vida adulta, no cenário de nossa organização social atual, tende a se estabelecer com a 
presença cada vez mais frequente da expansão do período da adolescência para além dos 30 
anos, com a presença dos “adolescentes” morando com os pais, ainda dependentes, financeira e 
emocionalmente deles. Nesse sentido, apesar do amadurecimento biológico e socioemocional, 
não há “garantias” de que estejam vivenciando as dimensões psicossociais da maturidade, ou 
seja, são adultos e esse fato aponta para a necessidade de novos olhares para o conceito e novas 
perspectivas teóricas para a maturidade em tempos atuais.
Clique abaixo e tenha informações sobre a sexualidade e as vivências do corpo na maturidade.
Na idade adulta, o corpo apresenta-se constituído e amadurecido, comportando as diferenças 
entre os sexos, uma vez que, na fase anterior, tanto o menino quanto a menina passam por 
uma série de processos biofisiológicos que lhes conferem um corpo adulto. Muitas vezes, 
o desenvolvimento do corpo na sua forma adulta vem permeado de conflitos e confusões 
emocionais diante do que é esperado pelo grupo social e idealizado pelo sujeito.
Juntamente com o desenvolvimento desse corpo com características sexuais há todo um 
campo discursivo associado a esses aspectos que intervêm na maneira como o sujeito irá vivenciar 
e se permitir viver a sexualidade.
Um exemplo de campo discursivo pode ser atribuído às especificidades psicológicas 
designadas ao desenvolvimento desse corpo, oferecendo diretrizes, muitas vezes normativas, de 
como os sujeitos deveriam se comportar e viver suas experiências com o corpo e sua sexualidade.
Peres (2011) nos remete à necessidade de pensarmos a vivência da sexualidade a partir de 
um olhar não normativo, alertando para as possibilidades inventivas que podem ser permitidas 
quando a potência do corpo e do pensamento livre pode permitir.
Notadamente, em tempos atuais, o debate sobre a dimensão do corpo e a vivência da 
sexualidade humana tem enredado sobre questões de gênero, indo além da marcada dimensão 
corporal que nos delimita com características de homem e mulher. A noção de gênero é fruto do 
movimento feminista e do movimento LGBTTI (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, 
transgêneros e intersexuais).
Com a força de movimentos dessa natureza, há uma amplificação das vozes que defendem 
a expressão livre da vivência sexual, que têm apoiado e vêm dando sustentação para os sujeitos 
expressarem sua sexualidade, apesar da presença de discursos homofóbicos e discriminadores 
no nosso tempo atual.
Nesse sentido, Zambrano (2011, p. 98) defende que “[...] todas as identidades são entendidas 
como construções instáveis, transitórias, arbitrárias e excludentes. Suas configurações dependem 
44
de um exterior constitutivo que se processa mediante relações de poder e de saberes.”
Observa-se de fato que a identidade sexual marcada pela adolescência parece, em alguns 
casos, não ser definitiva na vida adulta. Por exemplo, a menina que no início da vida adulta 
mantinha relações heterossexuais e na maturidade assume a relação com uma mulher.
Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:
4 CRISES E CONFLITOS
O trabalho que se apresenta para a vida adulta e, consequentemente, coloca-se como 
característica fundamental e inerente a esse período do desenvolvimento, é o crescimento de 
uma consciência contínua e gradativa de vida, amadurecida no distanciamento das vivências 
adolescentes.
Tal período de “transição” – mais psíquica do que fisiológica quando comparada a outras 
transições do desenvolvimento – não está alheio às crises e conflitos da existência humana e pode 
ser analisado a partir da vivência de um “não lugar”, igualmente experimentado na passagem da 
infância para a adolescência, mas com a diferença de que agora as transformações do “corpo” se 
localizam muito mais na materialidade psicossocial que essa nova corporeidade exige ou aponta 
como meta a ser atingida no tempo.
A experiência da maturidade vivenciada como um “não lugar” não é novidade para os teóricos 
do desenvolvimento humano. Sua análise se faz presente em diversas correntes de pensamentos 
psicológicos, diferenciando-se, entre si, em termos do período cronológico quando ocorrem, mas 
os conflitos são apresentados como constantes e existem tarefas básicas a serem realizadas para 
que o sujeito dessa fase saia com características socioemocionais mais consolidadas, com um 
pensamento mais consciente e equilibrado diante dos dilemas da vida. É assim que poderá então 
45
responder às demandas externas e principalmente internas, de modo a agregar valor à vida.
Jung, junto de Freud, foi um dos autores que mais contribuiu para a análise desse processo 
de crescimento pessoal. Para além de seus aspectos de um acúmulo de conhecimento que se 
traduziria em sabedoria de vida, dedicou-se e aprofundou os conhecimentos das transformações 
e nuances da psicologia do homem maduro compondo, com o desenvolvimento da teoria do 
inconsciente coletivo, um modo de compreensão que contemplasse de forma positiva os 
processos de rupturas e transformações de sentido atribuídos à existência pelos sujeitos que 
experimentam esse momento do ciclo vital.
A evidência que Jung deu às incertezas da vida condicionada à essa fase do desenvolvimento, 
ou seja, ao amadurecimento do homem adulto, favorece uma compreensão mais positiva da 
passagem dessas crises com a sua resolução, apontando para a abertura de novas vivências e 
experiências de vida conectadas ao processo de renovação de esperanças e transformações 
radicais em favor da autorrealização plena dos sujeitos.
46
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• conhecer as psicopatologias da adolescência;
• entender os conceitos e mitos da maturidade;
• apropriar-se das leituras psicanalíticas da maturidade;
• compreender as transformações da maturidade na contemporaneidade;
• estudar as crises e conflitos e transformações da vida adulta.
PARA RESUMIR
ABERASTURY, A.; KNOBEL, M. Adolescência Normal: um enfoque psicanalítico. Porto 
Alegre: Artes Médicas, 1989.
BRACONNIER, A.; MARCELLI, D. Adolescência e Psicopatologia. 6ª ed. Porto Alegre: 
Artmed, 2007.
CAMPOS, D. M. de S. Psicologia da adolescência. 19 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.
DUMAS, J. E. Psicopatologia da Infância e da Adolescência. 3ª ed. São Paulo: Artmed, 
2011.
HALL, C. S.; LINDZEY, G.; CAMPBELL, J. B. Teorias da Personalidade. 4ª ed. Porto Alegre: 
Artes Médicas Sul, 2000.
PERES, W. S. Tecnologias e programação de sexo e gênero: apontamentos para uma 
Psicologia política Queer. In: CONSELHO Federal de Psicologia. Psicologia e diversidade 
sexual: desafios para uma sociedade de direitos. Brasília: CFP, 2011.
ZAMBRANO, E. Psicologia, sexualidade, novas configurações familiares e aspectos legais 
da promoção de direitos. In: CONSELHO Federal de Psicologia. Psicologia e diversidade 
sexual: desafios para uma sociedade de direitos. Brasília: CFP, 2011.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
UNIDADE 3
Adultez
Introdução
Você está na unidade Adultez. Conheça aqui as características desse período do ciclo 
de vida dos seres humanos, nas relações familiares, afetivas e sociais. Perceba que a fase 
adulta não é mais vista como configuração definitiva da identidade e da inserção social 
dos indivíduos.
Entenda, também, as mudanças comportamentais e sociais relativas ao casamento, 
ao gênero, à identidade, ao trabalho e à produtividade da pessoa adulta. Você verá que 
o desenvolvimento social, tecnológico e da comunicação trouxe uma nova dinâmica à 
adultez, e já não existe um único momento de estabilização, nem um limite específico de 
passagem à velhice.
Bons estudos!
51
1 AS RELAÇÕES FAMILIARES, AFETIVAS E SOCIAIS 
NA VIDA ADULTA
Houve um tempo em que ser adulto era chegar a uma estabilidade total na vida, e quem 
não conseguisse chegar era considerado “fora do normal”, não querendo dizer que teria um 
problema, mas que simplesmente não correspondia às expectativas culturais referentes a essa 
fase do desenvolvimento.
Figura 1 - Diferentes culturas, diferentes adultos 
Fonte: Prostock-studio, Shutterstock, 2020
#ParaCegoVer: Na imagem, há um mosaico de pessoas felizes e plenas em fundos coloridos.
Nas últimas décadas, a representação social da adultez tem mudado e trazido outras 
interpretações sobre o ciclo de vida humano. Cabe às psicólogas e aos psicólogos compreenderem 
a nova dinâmica para exercerem suas atividades profissionais de maneira positiva.
1.1 Adultez: mais do que uma fase do desenvolvimento
A vida adulta acontece após a adolescência e, embora a idade possa variar, algumas condições 
nos mostram que tal estágio foi alcançado. Na nossa cultura, é considerado adulto o indivíduo 
que:
FIQUE DE OLHO
Diferentes adultos e diferentes modos: o modo como diferentes culturas entendem quem 
é o indivíduo de sucesso ilustra, em grande parte, a concepção de homem que cada uma 
tem. Diferentes concepções produzem diferentes tipos de adultos; diferentes referências 
são produzidas e servem de parâmetro para a construção e para a própria autopercepção, 
até mesmo do se que concebe como alguém feliz.
52
• Concluiu sua formação escolar.
• Começou a trabalhar e a ser economicamente independente.
• Saiu da casa dos pais.
• Casou e iniciou sua própria família.
• Participa e contribui com a vida em sociedade.
• É responsável por seus atos e suas escolhas.
Essas representações sociais de adultez, no entanto, já não correspondem mais à realidade 
atual, devido a importantes transformações em todas as esferas da nossa vida. É comum 
encontrarmos adultos solteiros, que moram com seus pais, que aos 35 anos ainda estão 
estudando, que ainda não têm um emprego, nem independência econômica, mas nós os 
consideramos adultos mesmo assim.
Para compreendermos melhor, vamos buscar estudos sobre o desenvolvimento do ciclo de 
vida. Diversos autores apresentam teorias que delimitam etapas evolutivas, suas características e 
faixas etárias de referência e, neste item, vamos expor a teoria de Erick Erikson (apud MAGALHÃES, 
2005; apud OLIVEIRA, 2005; apud MENDONÇA, 2007; apud SAMPAIO, 2016), pelo grande impacto 
que a mesma teve nas representações sociais do desenvolvimento humano. O autor propôs uma 
teoria do ciclo de vida humano composto por oito fases (ERIKSON, apud SAMPAIO, 2016, p. 29-
31). Clique abaixo para conhecê-las.
1 Confiança básica X desconfiança básica
2 Autonomia X vergonha e culpa
3 Iniciativa X culpa
4 Produtividade X inferioridade
5 Identidade X confusão de papéis
6 Intimidade X isolamento
7 Generatividade X estagnação
8 Integridade do ego X desesperança
No momento, nos interessam as etapas que correspondem ao estágio adulto: intimidade 
x isolamento e generatividade x estagnação. O autor identifica cada período opondo algo 
53
positivo a algo negativo, referindo-se a duas possibilidades de desenvolvimento em cada etapa 
(MAGALHÃES, 2005; OLIVEIRA, 2005; MENDONÇA, 2007; SAMPAIO, 2016).
No final da adolescência, o indivíduo adquiriu maior clareza sobre quem é e quais papéis lhe 
cabem, passando a inserir-se na sociedade com maior segurança. Daí se inicia a fase adulta, que 
alguns autores têm nominado “adultez emergente” (ARNETT, apud SAMPAIO, 2016; LEVINSON, 
apud MAGALHÃES 2005; LEVINSON apud SAMPAIO, 2016). Na fase da intimidade, a pessoa sabe 
individuar a si mesmo e ao outro, está mais preparado para estabelecer relações afetivas de 
amizade e amor, e construir relações profissionais e sociais. Em contrapartida, essa fase pode 
ser de isolamento, com dificuldades em estabelecer relações de intimidade, recorrendo ao 
distanciamento, ao comportamento autocentrado e a relações polarizadas. O isolamento pode 
ser utilizado na busca da apreciação de si, de compreender suas limitações e reconhecer suas 
potencialidades (MAGALHÃES, 2005; OLIVEIRA, 2005).
Figura 2 - Trabalhar e ter um filho significa ser adulto? 
Fonte: Monkey Business Images, Shutterstock, 2020
#ParaCegoVer: Na imagem, há uma mulher que trabalha ao mesmo tempo que cuida do filho, 
desafiando a representação social do que é ser adulto na nossa sociedade. Família, trabalho e 
sucesso: ser adulto não significa alcançar um estado de estabilidade, mas sim atingir maturidade 
e responsabilidade para fazer as próprias escolhas e administrar a própria vida.
54
A fase adulta sucessiva, generatividade x estagnação, se realiza na contribuição para o bem-
estar presente e futuro da sociedade, exercendo papéis de membro ativo, com a transmissão 
de seus valores, conhecimentos e habilidades para as próximas gerações e participando com 
responsabilidade da construção social. Dificuldades na fase de generatividade levam à estagnação, 
em que o indivíduo não é capaz de contribuir com o bem social, preocupando-se consigo mesmo 
e com seu próprio bem-estar. O sentimento de estagnação é como falta de razão de viver, então o 
medo da estagnação mantém as pessoas produtivas (MAGALHÃES, 2005; OLIVEIRA, 2005).
A teoria do ciclo de vida de Eric Erikson apresenta duas etapas de desenvolvimento da 
adultez: a primeira mais voltada à consolidação dos papéis adultos e a segunda à prática plena 
desses papéis sociais. Porém, em tempos mais recentes, essa teoria clássica do desenvolvimento 
humano tem sido criticada por não considerar os novos contextos sociais.
1.2 Novas configurações para a fase adulta
A teoria do desenvolvimento de Erikson (apud MAGALHÃES, 2005; apud OLIVEIRA, 2005; apud 
SAMPAIO, 2016), assim como outras referências clássicas do estudo do ciclo de vida humano, 
contribuiu para o entendimento da fase adulta do desenvolvimento, porém, a sociedade evoluiu 
historicamente, indicando a necessidade de atualizarmos nossa compreensão.
Novos estudos têm assinalando que essas teorias clássicas foram elaboradas sem a 
oportunidade de considerar as últimas décadas, dinâmicas e complexas, que estão imprimindo 
um caráter mais fluido à adultez. Essa nova configuração social influencia a busca de estabilidade 
pessoal, profissional e social pelo indivíduo, modificando as relações familiares, afetivas e sociais, 
e consequentemente construindo novas representações sociais da vida adulta (MAGALHÃES, 
2005; ANDRADE, 2010; SAMPAIO, 2016).
FIQUE DE OLHO
Isso tem trazido muitos questionamentos sobre como é ser adulto; sobre como e o que 
fazem, ou deveriam fazer, tais indivíduos. Quais os parâmetros, as práticas e as formas de 
se pensar um adulto pleno, saudável e feliz? Isso significa que é o ápice de sua existência? 
É constituir uma família? Ou alcançar o sucesso profissional? É possível conciliar família 
e trabalho? São questões que mais e mais implicam em se questionar e refletir sobre o 
que vem a ser um adulto. Uma maneira de se fomentar essa reflexão fica a cargo do que 
propõem alguns debates que têm ocorrido junto a pesquisadores em Harvard. O vídeo que 
se segue, da palestra “The Good Life” realizada por Robert Waldinger, é um compilado sobre 
essas ideias.55
Ao considerarmos as transformações tecnológicas que vêm acontecendo ao longo das últimas 
décadas, percebemos que elas aumentam as possibilidades de aquisição de conhecimentos, 
ampliam os meios de informação e comunicação, multiplicando as atividades humanas e os 
possíveis trabalhos e profissões a serem abraçados. Essa realidade abre espaço para uma gama 
mais ampla de papéis sociais a serem escolhidos, dependendo do projeto de vida a que as 
pessoas se propuserem. Esse mesmo dinamismo também torna provisórias muitas escolhas de 
adultos, pois enquanto a pessoa não se sentir satisfeita em termos afetivos, produtivos, familiares 
e sociais, ela continuará experimentando e mudando, destruindo a ideia de que a adultez é algo 
fixo e definitivo (MAGALHÃES, 2005; ANDRADE, 2010; SAMPAIO; 2016).
Diante desse movimento contínuo, a nossa sociedade e a nossa cultura têm se renovado, 
configurando mudanças na representação social do ciclo de vida. Arnett (apud SAMPAIO, 
2016) chama de adultez emergente um período intermediário entre a adolescência e a adultez 
consolidada, em que a realização de curso superior, a idade do casamento e a idade dos pais 
no nascimento do primeiro filho foram influenciadas pelas transformações tecnológicas. O autor 
atribui cinco características à adultez emergente (ARNETT, apud SAMPAIO, 2016, p. 35-36). Clique 
abaixo para conhecê-las.
• Exploração da identidade
Na ausência de emprego fixo, casamento e filhos, o indivíduo pode experimentar possibilidades 
relativas à escolha de um cônjuge, de uma profissão e definição de sua visão de mundo.
• Múltiplas possibilidades
Podem ser verificadas enquanto não se tem a responsabilidade por outros, que dependam dele.
• Foco no si mesmo
A ausência de vínculos de dependência permite que se dedique ao autoconhecimento e à 
definição de quem ele é.
• Instabilidade
A adultez emergente tem um caráter transitório e incerto, podendo trazer insegurança 
durante a definição de sua identidade.
• Sentir-se “entre”
No processo de construção da identidade, o adulto emergente sente estar entre fases do ciclo 
de vida.
56
Sampaio (2016) afirma que a adultez emergente é um período transitório, de construção 
de identidade, mas também explica que a identidade possui uma característica que é estar em 
contínua revisão, por exemplo, mudar de profissão, ou casar-se novamente após um divórcio 
são eventos possíveis durante a fase adulta. A autora pesquisou o ponto de vista de adultos 
e identificou que, para eles, o que caracteriza a adultez, mais do que a autonomia financeira, 
o casamento, a maternidade ou paternidade, é a responsabilidade, a ética e a autonomia nas 
diferentes escolhas que fazem, e estas podem ter diferentes objetivos e envolver outras pessoas 
em diferentes períodos da fase adulta do desenvolvimento.
Figura 3 - Diversidade humana 
Fonte: Franzi, Shutterstock, 2020
#ParaCegoVer: A imagem é um quadro com diferentes rostos desenhados à mão, de várias 
etnias, retratando uma multidão diversificada de pessoas.
Nesse sentido, a adultez consolidada não elimina a possibilidade de mudanças e 
transformações na vida das pessoas. Essa é uma interpretação diferente das teorias clássicas e 
mesmo do que propôs Arnett (apud SAMPAIO, 2016), porém, é mais adequada à situação atual da 
nossa sociedade. É uma nova configuração cultural que está se estruturando.
FIQUE DE OLHO
Diversidade humana, diferentes modos de ver a vida e diferentes visões de mundo: a vida 
adulta não pode ser compreendida apenas como uma maneira de ser humano. Diferentes 
culturas, diferentes modos de vivenciar e experienciar a vida, produzem diferentes práticas, 
diferentes problemas, diferentes desafios, logo, diferentes humanos. Isso significa que 
caracterizar a vida adulta demanda um complexo referencial analítico.
57
Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:
2 CASAMENTO
Quando se fala em casamento, vêm muitas ideias em mente, talvez por ser uma instituição 
social das mais antigas e presente em todas as culturas e, portanto, pode se apresentar das mais 
variadas formas e com diferentes funções na sociedade.
Aqui, estamos falando de desenvolvimento humano e nos concentrando na vida adulta, por 
isso vamos focalizar o casamento como integrante da construção da subjetividade das pessoas, 
mas sabendo que sua dinâmica pode influenciar a formação da família e do grupo familiar, a 
construção da sociedade e da cultura.
2.1 “É pra casar?”
A pergunta do subtítulo é uma provocação à reflexão, que nos remete ao passado, há uns 
quarenta ou cinquenta anos, quando existia um roteiro prescrito para uma vida “normal”, 
considerado bastante óbvio, onde o casamento devia acontecer na idade adulta. Então, se dois 
jovens começavam a namorar, a pergunta fatídica era sempre essa. Agora, a questão adquiriu 
um outro sentido, pois casar se tornou uma opção e não é mais uma condição ou um marco da 
adultez: “é pra casar?” pode ser respondida: “é você que decide, não é necessário casar para ser 
adulto”. A vida adulta é composta por uma infinidade de possibilidades, de aspirações, de anseios 
e de ambições. O mais difícil é pensar “o que ser?”.
Magalhães (2005) nos fala a respeito, afirmando que há vinte ou trinta anos existia a 
previsibilidade do casamento como um dos eventos relevantes na vida social, assim como 
o nascimento dos filhos, ou a aposentadoria, mas hoje esses padrões ligados à idade foram 
dissolvidos, contrariando os estudos de Erikson (apud MAGALHÃES, 2005), em que o casamento 
significava a inclusão do indivíduo no mundo social mais amplo.
58
Figura 4 - Diferentes formas de “casar” 
Fonte: GoodStudio, Shutterstock, 2020
#ParaCegoVer: Na imagem, há diferentes casais isolados em fundo branco. Diversidade 
amorosa. Ilustração vetorial plana dos desenhos animados.
Nos estudos sobre a adultez emergente, período da juventude após a adolescência, observa-
se que o casamento não tem aparecido como elemento importante para a formação da identidade 
adulta, juntamente com a saída da casa dos pais e a parentalidade. Tais eventos têm sido 
substituídos pela aquisição de diversas características psicossociais, como a responsabilidade, a 
autonomia e o controle emocional (SAMPAIO, 2016). Nessa fase, os indivíduos estão organizando 
seus projetos de vida, preparando escolhas, e para tanto buscam o autoconhecimento e analisam 
o contexto, não se sentindo pressionados a cumprir as tarefas normativas que significariam 
ter atingido a fase adulta. Situações consideradas provisórias, como a construção de uma 
independência financeira, os esforços para aprimorar-se profissionalmente, a busca de uma 
relação de intimidade com outras pessoas a fim de estabelecer vínculos afetivos, são percursos 
considerados na adultez emergente, pois esse período levará às decisões sobre o que será 
consolidado (MAGALHÃES, 2005; LEVINSON, apud MAGALHÃES, 2005; MORIN, apud SAMPAIO, 
2016; SAMPAIO, 2016).
Você deve estar percebendo a dificuldade em isolar o casamento das outras situações 
FIQUE DE OLHO
Relações amorosas diferentes: atualmente, muitas são as constituições conjugais, os tipos 
de relacionamentos românticos e, por conseguinte, de casamentos: poligamia, interracial, 
LGBT e casais idosos, entre outros.
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relacionadas com a formação da identidade adulta, pois esta é uma construção dinâmica e 
multideterminada. Passaremos, então, a observar situações concretas, baseadas em pesquisas e 
estudos de diversos autores da atualidade.
2.2 Casamento: o que dizem as pesquisas
O casamento deixou de ser um passaporte para a vida adulta, ou sua condição. “Se eu me caso, 
fico adulto” ou “se sou casado significa que sou adulto”, ou ainda “tem apenas vinte anos, ainda é 
muito novo para casar”, são afirmações que perderam seu status de verdade na sociedade atual. 
Estudos sobre a fase adulta do desenvolvimento têm buscado entendimento sobre o significado 
do casamento na adultez.
Em Magalhães (2005), encontramos diversos estudos sobre a fase adulta do desenvolvimento 
epodemos notar que o casamento é sempre considerado, sendo um entre outros acontecimentos 
e momentos de transição que ocorrem nessa fase. Sua importância está em compreendermos 
como ele impacta a inserção do ser humano no mundo, construindo ou transformando 
sua identidade, dinamicamente. O autor cita um estudo sobre as transições da vida adulta 
(SCHLOSSBERG et al., apud MAGALHÃES, 2005), explicando que elas têm um efeito na vida das 
pessoas. São apresentados três tipos de transição: as antecipadas, as não antecipadas e as não-
eventos. Clique abaixo e acompanhe um exemplo.
O casamento pode ser uma transição antecipada, quando é um evento previsto na vida do 
indivíduo e faz parte das expectativas socioculturais de desenvolvimento.
Mas pode ser não antecipada, se acontece uma separação ou o cônjuge morre.
Pode ainda ser um não-evento, quando era esperado mas não acontece, trazendo repercussões 
para o desenvolvimento da pessoa.
As mesmas transições podem causar comportamentos diferentes nas pessoas, por exemplo, 
um casamento desfeito pode trazer depressão ou ser um desafio para uma mudança em padrões 
de comportamento, renovando a motivação e a vontade de viver (MAGALHÃES, 2005).
Gonçalves (2016) apresenta um estudo realizado por Papalia et al. (PAPALIA et al. apud 
GONÇALVES, 2016) em que os adultos têm adiado o casamento ou escolhem não casar pelos 
seguintes motivos:
• Oportunidades de carreira.
• Liberdade sexual.
• Viagens.
60
• Estilo de vida.
• Menor pressão social.
• Desejo de autorrealização.
• Dificuldade em encontrar um par.
• Medo do divórcio.
• Falta de oportunidade.
Os autores também identificaram, na fase da adultez emergente, um aumento do concubinato, 
adiando cronologicamente o casamento, fazendo uma experiência prévia ou substituindo-o, 
não identificando diferenças significativas entre a convivência e o casamento. As decisões pelo 
casamento consideram a satisfação de necessidades emocionais, sexuais, econômicas, sociais e 
de parentalidade (GONÇALVES, 2016).
Isso significa que a vida adulta é muito mais complexa e imbricada do que uma visão 
romântica, daquelas que muitas vezes José de Alencar poderia pensar ou conceber. A vida adulta 
é cheia de meandros e forças que direcionam e são direcionadas pelos sujeitos. Vejamos como o 
poeta brasileiro Carlos Drummond de Andrade (2013, p. 17) descreve, por exemplo, o entreveiro 
de uma relação conjugal:
João amava Teresa que amava
Raimundo que amava Maria que amava
Joaquim que amava Lili que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos,
Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre,
Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e
Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
Esse simples poema tem uma profundidade singular, pois, de modo bastante articulado, 
demonstra um tipo de dinâmica que muito tem se evidenciado nos dias contemporâneos. É 
notório, e acredito que você deve concordar, que relacionar-se, envolver-se, não é tarefa simples. 
61
Envolve diferentes maneiras de troca, de entrosamento, que implicam muito do que as pessoas 
são (ou pensam sobre si), do que eram e do que pretendem ser. Ou pelos menos do que não 
pretendem.
As considerações reveladas nos estudos mais recentes sobre o casamento nos dizem que 
ele continua sendo um evento significativo na formação da identidade dos indivíduos, mas 
efetivamente perdeu seu vínculo obrigatório com a adultez, transformando-se em uma opção 
que leva em consideração diversos fatores que não estão necessariamente relacionados a ela.
3 GÊNERO E IDENTIDADE
Homens adultos e mulheres adultas têm diferenças? Sim e não.
Estamos falando de evolução, de desenvolvimento, e verificando o que a ciência psicológica 
tem descoberto sobre esse tema. O que sabemos até agora é que a identidade do ser humano 
se constrói no contato com as instituições sociais e, portanto a maior parte do que se refere à 
identidade é resultado de uma produção cultural (BOCK et al., 2009).
Neste momento, não cabe a discussão sobre natureza e cultura, então partiremos do 
pressuposto de que as características sexuais são resultado da natureza e as características de 
gênero são resultado da cultura.
Daí podemos dizer que muitas diferenças entre os gêneros, estabelecidas culturalmente, 
influenciam as expectativas que se tem quanto aos papéis sociais assumidos, então existem 
diferenças entre homens e mulheres adultas na nossa sociedade, ou talvez seja mais adequado 
identificar como diferenças entre o masculino e o feminino.
3.1 Identidade de gênero
A construção da identidade de gênero se dá antes da idade adulta, pois desde a infância os 
FIQUE DE OLHO
Um filme sobre o casamento na vida de adultos emergentes é “Nunca convide seu ex”. É 
uma comédia divertida, que permite refletir sobre o casamento como uma instituição que 
influencia a construção da identidade dos indivíduos. Você pode visualizar a sinopse e a 
ficha técnica no filme no seguinte link: https://www.filmmelier.com/pt/br/film/3103/nunca-
convide-o-seu-ex.
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indivíduos têm contato com as prescrições dos papéis femininos e masculinos na sociedade. Na 
adolescência, com o desenvolvimento das características sexuais secundárias e das condições 
biológicas para a reprodução, o indivíduo passa a conhecer mais o próprio corpo e suas reações 
aos estímulos sexuais, passando a fazer escolhas relativas ao gênero que atuará na adultez, pois 
“a identidade de gênero é um aspecto do autoconceito em desenvolvimento” (PAPALIA et al. 
apud GONÇALVES, 2016; BOCK et al., 2009; GONÇALVES, 2016; SAMPAIO, 2016).
Pode-se dizer que as pesquisas em relação à questões de gênero da fase adulta do desenvolvimento 
passam a uma área própria na ciência psicológica, visto a complexidade envolvida nos diversos 
contextos e ambientes onde a identidade do ser humano se desenvolve. No entanto, podemos 
assinalar algumas considerações sobre esse tema nos estudos do desenvolvimento da adultez.
Figura 5 - Identidade de gênero na adultez 
Fonte: Imagewell, Shutterstock, 2020
#ParaCegoVer: Na imagem, há uma balança que verifica o peso das figuras feminina e 
masculina; ela está em equilíbrio.
Magalhães (2005) criticou os modelos de desenvolvimento de Erikson (ERIKSON apud 
MAGALHÃES, 2005) e de Levinson (LEVINSON apud MAGALHÃES, 2005) por não contemplarem 
as diferenças de gênero, entre outros aspectos que podem influenciá-los. O autor também traz 
considerações sobre a teoria de Jung (JUNG apud MAGALHÃES, 2005), que afirma a existência 
do feminino e do masculino no inconsciente, na personalidade: na juventude, uma dessas 
polaridades é negada, mas na meia-idade será valorizada a introspecção e a busca da sabedoria, 
então a polaridade negada poderá emergir integrando harmonicamente os componentes da 
personalidade.
63
Levinson (apud SAMPAIO, 2016) realizou seu estudo “As estações da vida do homem”, 
efetivamente com um grupo de homens (não estava se referindo ao sentido de “ser humano”, 
como vem frequentemente utilizado na língua portuguesa), tendo criado sua teoria do 
desenvolvimento da fase adulta de pessoas do sexo masculino. Anos mais tarde, realizou um 
estudo semelhante com mulheres, concluindo que não haviam diferenças significativas no 
desenvolvimento da personalidade adulta em relação a questões de gênero (SAMPAIO, 2016).
Andrade (2010) apresenta e compara alguns estudos sobre a representação da adultez. Ele 
identificou que pessoas de gênero feminino e masculino, igualmente, percebem a paternidade/
maternidade como um fator decisivo para se considerar adulto, devido à responsabilidade 
inerente a esses papéis. Ser capaz de sustentar uma família é mais considerado adultez pelo 
gênero masculino que pelo feminino. Pessoas de gênero feminino e masculino consideram 
a adultez emergente um período transitório, de preparação para assumir papéis de maior 
responsabilidade na fase adulta sucessiva.
Enfim, do que se pode observar até aqui, não aparecem, nos estudos consultados, significativasdiferenças relativas à identidade de gênero dos indivíduos adultos, e a ideia recorrente associada 
a adultez é a maturidade e a responsabilidade.
3.2 Um pouco mais sobre a identidade adulta
Ao contrário do que muitos pensam, chegar à fase adulta não significa que o desenvolvimento 
da identidade está concluído. Notadamente nas últimas décadas, em que o desenvolvimento 
tecnológico tem trazido grande número e qualidade de escolhas a serem feitas em qualquer 
momento, observa-se grande mobilidade, com transformações significativas em todos os 
períodos da vida adulta.
Sampaio (2016) afirma que a identidade passa por contínuas revisões, pois os indivíduos 
assumem novos comportamentos e novas formas de entender a realidade, o que é certo e o 
que é errado, e questionam as tradições culturais, inovando e possibilitando uma construção 
diferenciada de si mesmos e contribuindo para mudanças culturais.
FIQUE DE OLHO
Gênero, Identidade e Vida Adulta: efetivamente, nos estudos relativos ao desenvolvimento, 
os indivíduos em fase de adultez não apresentaram significativas diferenças relacionadas ao 
gênero.
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Figura 6 - Mas o que significa ser adulto hoje? 
Fonte: fizkes, Shutterstock, 2020
#ParaCegoVer: Na imagem, há uma vista por cima do ombro da garota, que use a webcam e o 
laptop em conversa com diversas pessoas de idades diferentes, via aplicativo de videoconferência. 
A imagem permite que levantemos a questão acerca da vida contemporânea, cheia de aparatos 
tecnológicos, de demandas sociais, econômicas, ambientais e políticas. Afinal, que tipo de adulto 
esse contexto produz?
O indivíduo adulto reconhece sua identidade através dos papéis sociais que pratica e que 
fazem parte do seu autoconceito (MAGALHÃES, 2005). Sampaio (2016) descreve os resultados de 
sua pesquisa sobre as características da adultez emergente e conclui que os sujeitos se percebem 
em formação, em uma trajetória direcionada à adultez que seria um ponto de chegada, com 
maior estabilidade, reproduzindo discursos normativos quanto à legitimação da posição de 
adulto na sociedade.
Apesar dessa maior estabilidade, a identidade em permanente construção ainda tem ocasiões 
de mudança, quando por qualquer motivo o indivíduo necessita deixar um papel para assumir um 
outro, por exemplo, mudar de carreira profissional. Ebaugh (apud MAGALHÃES, 2005) estudou o 
processo de abandono de um papel central para a identidade, e identificou que se dá um processo 
de desengajamento até o restabelecimento da identidade em um novo papel. O indivíduo passa por 
um “estágio de vácuo”, caracterizado por ansiedade e indeterminação, para a elaboração do estado 
de “ex” papel anterior, um período em que a identidade relacionada ao papel abandonado fica “em 
suspensão” e aspectos da identidade anterior vão compor o novo papel. A autora exemplifica: duas 
pessoas abandonam seu papel, um de religioso e um de policial. Elas assumem um novo papel, de 
educador, e cada um terá um perfil diferente de educador, influenciado pelo papel abandonado.
A mudança na identidade adulta foi também estudada por Bridges (apud MAGALHÃES, 2005). 
Ele diz que a transição se dá em três fases: o término, o período de confusão e vazio, e o novo 
65
começo. Acompanhe a descrição dessas fases clicando abaixo.
• Término
A fase de término é longa, pois é quando se dá a desconstrução do papel: o indivíduo passa 
por um processo de desengajamento, desidentificação, desencanto e desorientação, liberando-se 
do papel e do perigo de recaída, mas entrando no período de confusão.
• Confusão
O período de confusão é uma zona neutra, em que o espaço vivencial está vazio, mas, se bem 
elaborado, trará a criatividade e a motivação para a construção de um novo começo.
• Novo começo
Esse novo começo implica realinhamento interno, renovação da energia, novos planos de 
vida para dar forma a uma nova identidade, abrindo espaço para a ação e construção do novo 
(BRIDGES apud MAGALHÃES, 2005).
Neste ponto, podemos concluir que a fase adulta também pode ter períodos de transitoriedade 
e de transformação, os quais no entanto acontecem com um processo de mudança mais 
profunda, visto que nesse período da vida os aspectos construídos da identidade são bem mais 
internalizados e estruturais.
Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:
4 TRABALHO E PRODUTIVIDADE
Um dos temas recorrentes no estudo do ciclo de vida se refere a trabalho e produtividade. É 
assim porque a atividade humana configura um dos mais importantes papéis na constituição da 
66
identidade dos indivíduos na nossa cultura, e porque o trabalho está fortemente relacionado à 
representação social da condição de adulto.
Na psicologia do desenvolvimento, autores clássicos e contemporâneos mostram que o 
trabalho é sempre levado em consideração. Veja.
• Perspectiva
Como perspectiva, nas fases de infância e adolescência.
• Papel social
Comopapel socialem construção, nas fases de adolescência e adultez emergente.
• Característica da identidade adulta
Como característica da identidade adulta consolidada.
• Aposentado
E mesmo na velhice, como ex-trabalhador, aposentado (SAMPAIO, 2016; MAGALHÃES, 2005).
Sendo assim, vamos pôr a foco o trabalho e a produtividade na construção da identidade do 
ser humano.
Um marco importante na história do trabalho foi a revolução industrial, pois ela mudou a lógica 
do trabalho, aumentando e diversificando as atividades a serem realizadas naquele ambiente. 
Além disso, o capitalismo que se originou naquele momento abriu a possibilidade de mobilidade 
social, pois o trabalho não era mais passado de pai para filho, como nas épocas anteriores, mas 
passou a ser realizado por quem conseguia dar melhor produtividade (BOCK et al., 2009).
Mais recentemente, os avanços tecnológicos diversificaram ainda mais as atividades 
profissionais, além de torná-las mais complexas. Por isso, a formação dos indivíduos para a 
realização desses trabalhos tem exigido um tempo maior, aumentando o período de preparação 
para a fase adulta do desenvolvimento do ciclo de vida. Esse período de transição passou a ser 
chamado de adultez emergente.
Mas é importante considerar que o fenômeno do trabalho, enquanto produção social, é 
condicionado por uma infinidade de fatores que produzem um tipo de adulto, em diferentes 
tempos. Se nossos pais eram treinados e disciplinados para trabalhar de um modo mais linear 
– com hora para começar, com hora para pausar, com hora para parar –, o trabalhador no 
tempo das fábricas era o resultado de um modo muito peculiar e contido de atuação. Quando 
no momento do trabalho, trabalhava, enquanto no momento do lazer, descansava, enquanto 
67
no momento familiar, era pai, e assim por diante. Comportamentos, práticas, sentimentos e 
subjetividade (identidade e percepção) eram bem delineados: o professor, o médico, o filho, o 
soldado, o gerente, o louco, o doente, o rico, o pobre, o alienado, o trabalhador, o aluno, o pai, 
a mãe, a enfermeira, o mutuário, o músico. Identidades que delimitavam comportamentos e 
maneiras de se viver, de se pensar e de existir.
Figura 7 - Sociedade disciplinar 
Fonte: CharacterFamily, Shutterstock, 2020
#ParaCegoVer: Na imagem, há diversos ícones de instituições de uma cidade, como hotel, 
igreja, aeroporto, banco, hospital e fábricas. Fábrica, Escola, Hospital, Quartel e Família: a vida na 
Sociedade Disciplinar é regulada pela delimitação de papéis sociais bem definidos – na escola, no 
trabalho, na família. A vida adulta é governada por esses papéis que se encerram na figura das 
paredes de suas instituições: o Pai de Família, o Trabalhador da Fábrica, do Hospital, da Escola, etc.
FIQUE DE OLHO
O filósofo francês Michel Foucault chama esse tempo social o das Fábricas, dos Quartéis, 
dos Hospitais, das Escolas de Regime de Sociedades Disciplinares.
68
Em contrapartida, vemos, nos tempos atuais, uma nova forma, novas configurações familiares, 
sociais e, por conseguinte, laborais. Em tempos em que não se pensa mais num controletão 
ostensivo do trabalho sobre a vida das pessoas, vemos, que, na atualidade, o homem adulto 
não é mais disciplinado, de modo ostensivo, domesticado e “treinado”, para ser um trabalhador 
exemplar. Diferentemente do trabalhador das fábricas, do doente dos Hospitais, do Louco dos 
Hospícios, o adulto contemporâneo agora é definido, produzido e articulado no fluxo desses 
temas; ele saiu das Fábricas e agora atua na “Você S/A”. Ele saiu dos Hospitais e dos Hospícios e 
agora fica doente e louco no trabalho, em casa.
Figura 8 - Sociedade de controle 
Fonte: pathdoc, Shutterstock, 2020
#ParaCegoVer: Na imagem, há uma jovem mulher de negócios que está meditando para aliviar o 
estresse da vida corporativa ocupada sob chuva de dinheiro. Trabalho, Educação, Saúde, Segurança 
e Vida Pessoal: a vida na Sociedade de Controle é governada pelo fluxo de tensões e exigências que 
não mais se delimitam por papéis sociais bem definidos, mas se imbricam nas convergências de 
diversas modulações Educação, Trabalho, Saúde, Segurança. A vida adulta passa a ser modulada 
em modos de vida que se misturam: Trabalho no Lazer, na Família, na Saúde, na Educação, na 
Segurança, no Trabalho, e vice-versa.
FIQUE DE OLHO
O filósofo francês Gilles Deleuze, contemporâneo de Foucault, chama esse tempo social de 
Regime de Sociedades de Controle.
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A vida laboral contemporânea não mais é regida pela domesticação ostensiva de seus adultos. 
O trabalhador contemporâneo atua agora como empresário de si mesmo. Isso é interessante, uma 
vez que muito se fala em ser empreendedor, a dinâmica laboral migra de um modelo de atuação 
em que papéis eram bem definidos, prescritivos, com ações e com resultados, e escalonados de 
modo localizado e temporalmente cindidos. Existia uma equação a ser contabilizada: Vida Pessoal 
versus Vida Profissional. Mesmo os profissionais liberais laboravam sob a perspectiva da produção, 
em modelo fabril de produtividade. Ao passo que, se naquele tempo vigorava o modelo fabril, 
na atualidade o que vige é um modelo de trabalho que alinha Vida Pessoal em conexão com Vida 
Profissional. Se antes era a empresa quem cuidava da carreira do trabalhador (Planos de Carreira, 
Promoções e outros mecanismos organizacionais de incentivo e estruturação profissional), na 
atualidade essa responsabilidade se voltou para o próprio trabalhador. Bendassolli (2007) destaca 
que a identidade profissional contemporânea é caracterizada pelo surgimento do “Empresário 
de Si-Mesmo”. Nessa versão mais atual do trabalhador contemporâneo, o psicólogo do trabalho 
Bendassolli (2007) identifica formas muito diferentes do sujeito ser produzido enquanto 
trabalhador. Para o estudioso, o trabalho agora não é focado na linha de produção, na linha de 
montagem tal qual bem ilustrou Charles Chaplin em os Tempos Modernos. Nessa versão mais 
disruptiva, o mundo laboral passa da figura da Fábrica, para a figura da Empresa, da Corporação. 
A produtividade não é mais reflexo do volume de bens e produtos produzidos. A produtividade 
dos tempos da Sociedade do Controle agora se dinamiza na onda informacional. O trabalhador 
contemporâneo deve dominá-la, usá-la; a produção agora é de conhecimento.
Clique abaixo para obter mais informações.
Diferentemente do modelo fabril de trabalho, o adulto contemporâneo é impelido a trabalhar 
de uma maneira mais intensa e mais conectada. Sua vida pessoal é atravessada pelo Trabalho, 
e sua vida laboral pela Saúde, e sua qualidade de vida é atravessada pela Educação, e seus 
processos de aprendizagem são atravessados pela Economia, suas finanças são atravessadas 
pela Segurança, sua condição social é atravessada pela sua Intimidade... e assim por diante. A 
vida adulta é interpelada, modulada e produzida por diversas questões, diferentes problemas e 
vetores que a definem e a produzem, que dela demandam e a ela impulsionam. Tudo ao mesmo 
tempo, tudo no mesmo instante. Sempre conectado.
Lazer e trabalho se misturam, se articulam, se engendram, de modo que o adulto 
contemporâneo é produzido na sobreposição desses dois regimes sociais. Entre a regulação 
das Sociedades Disciplinares e o “governo de si” das Sociedades de Controle (ROSE, 2001). O 
trabalho contemporâneo é um tipo de trabalho que faz com que as pessoas se ponham a ter de 
lidar, ao mesmo tempo, sob diversas maneiras, com questões muito intimas e, paradoxalmente, 
desarticuladas. Pelo menos, quando comparadas ao modo que aconteciam nos tempos fabris do 
mundo laboral.
70
Autores como o antropólogo Alfred Gell destacam que o tempo, em muitos sentidos, tem 
sido percebido, e por conta disso, concebido, pelos sujeitos contemporâneos, como mais rápido, 
mais intenso, mais rarefeito. Alfred Gell parte da premissa de que, se o tempo é resultado de 
“construções culturais”, tais como “mapas e imagens temporais”, não é difícil de imaginar que a 
vida adulta dos anos 1950 ou mesmo dos anos 1980 seja percebida em uma dinâmica diferente 
do que a adultez percebida partir dos anos 1990 até agora.
Isso significa que o modo como trabalhamos, como pensamos, como sentimos e como vivemos 
e existimos tem sua produção dinamizada de modo diferente. O trabalhador das fábricas é de 
longe o trabalhador contemporâneo da informação, da produção de conhecimento. A geração 
de valor, que nos tempos fabris era guiada pelo capital financeiro, nos tempos contemporâneos 
é orientada pelo capital social, pelo capital humano. Para Costa (2009), é essa articulação 
que produz o trabalhador “empreendedor de si” contemporâneo. Um trabalhador focado na 
produção de si mesmo. Um profissional que se desenvolve sob o preceito de ser responsável por 
sua Educação, por sua Saúde, por sua Segurança, por sua Família, e por seu Lazer.
Em 2008 foi publicada a Lei Complementar nº 128 que cria “[...] a figura do Microempreendedor 
Individual - MEI e modifica partes da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa - Lei Complementar 
123/2006” (BRASIL, 2020). Assim surge, de modo emblemático, a figura do “empreendedor de si”, 
no Brasil. Segundo o site governamental “Portal do Empreendedor”, apenas em meados de 2009 os 
primeiros “microempreendedores individuais” efetivam sua inscrição neste modelo de Pessoa Jurídica.
Figura 9 - Número de MEIs em julho de 2009 
Fonte: Portal do Empreendedor, 2020. Disponível em: http://www.portaldoempreendedor.gov.br/estatistica
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#ParaCegoVer: Na imagem, há um print da tela no site “Portal do Empreendedor”, com o 
resultado dos 25 primeiros inscritos na modalidade MPE’s. Microempreendedor Individual e seu 
Início - Primeiros inscritos: A Lei Complementar nº128 de 2008 criou a figura do Microempreendedor 
Individual, que só começou a efetivar inscrições em Julho de 2009.
Se levantarmos essa mesma estatística para uma data mais recente, por exemplo, maio de 2020, 
encontraremos um número astronomicamente mais elevado, numa proporção de 400.000 para 1.
Figura 10 - Número de MEIs em abril de 2020 
Fonte: Portal do Empreendedor, 2020. Disponível em: http://www.portaldoempreendedor.gov.br/estatistica
#ParaCegoVer: Na imagem, há um print da tela no site “Portal do Empreendedor”, com 
o resultado dos 10.038.514 inscritos na modalidade MPE’s, com data de 30 de Abril de 2020. 
Microempreendedor Individual Atual - Realidade laboral: Atualmente, os Microempreendedores 
Individuais são uma realidade, espraiados no mercado de trabalho e no mercado comercial.
Nesse sentido, cabe destacar que o trabalhador contemporâneo é emblematicamente 
o empreendedor de si. Essas estatísticas apenas ilustram o movimento que o perfil laboral 
contemporâneo percorreu, de um trabalhador fabril, disciplinado (treinado), com sua vida laboral, 
conduzida e responsabilizada pela organização, que dele cuidava, para um trabalhador “autônomo”, 
que agora precisa cuidar da própria vida laboral, como também de sua Educação, de sua Saúde, de 
sua Segurança, de tudo, o que antes a outros era delegado. Ele agora é um “empreendedor se si” 
mesmo.
72
Utilize o QR Code para assistirao vídeo:
73
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• descrever o estudo do desenvolvimento humano na adolescência até a maturidade;
• conduzir um estudo sobre as peculiaridades da vida adulta;
• comparar o contexto familiar, afetivo e social na adolescência e maturidade;
• discutir as características biopsicossociais da vida adulta;
• compreender a formação da adultez no contexto contemporâneo.
PARA RESUMIR
ANDRADE, C. D. Algumas poesias. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.
ANDRADE, C. Transição para a idade adulta: das condições sociais às implicações 
psicológicas. Análise Psicológica, 2010, n. 2 (XXVIII), p. 255-267. Disponível em: http://
www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-82312010000200002. 
Acesso em: 18 mai. 2020.
BENDASSOLLI, P. F. Trabalho e identidade em tempos sombrios. Aparecida: Ideias & 
letras, 2007.
BRASIL. Portal do empreendedor. Estatísticas. Brasília, 2020. Disponível em: http://
www.portaldoempreendedor.gov.br/legislacao. Acesso em: 18 mai. 2020.
BRASIL. Portal do empreendedor. Leis e Decretos. Brasília, 2020a. Disponível em: http://
www.portaldoempreendedor.gov.br/legislacao. Acesso em: 18 mai. 2020.
COSTA, S. S. G. Governamentalidade neoliberal, teoria do capital humano e 
empreendedorismo. Educação & Realidade, v. 34, n. 2, 2009. Disponível em: https://
seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/article/view/8299. Acesso em: 18 mai. 2020
DELEUZE, G. Conversações. 2 ed. São Paulo: Editora 34, 1996.
FOUCAULT, M. O sujeito e o poder. In: DREYFUS, H.; RAIBOW, P. (orgs.) Michel Foucault: 
uma trajetória filosófica. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995.
GELL, A. A antropologia do tempo: construções culturais de mapas e imagens temporais. 
Petrópolis: Vozes, 2014.
GONÇALVES, J. P. Ciclo vital: início, desenvolvimento e fim da vida humana possíveis 
contribuições para educadores. Contexto & Educação, ano 31, n. 98, jan./abr. 2016, 79-
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MAGALHÃES, M. O.; GOMES, W. B. Personalidades vocacionais e generatividade na vida 
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revistas.ufpr.br/psicologia/article/view/4777/3665. Acesso em: 18 mai. 2020.
MENDONÇA, M. P. G. Processo de Transição e Percepção de Adultez: Análise Diferencial 
dos Marcadores Identitários em Jovens Estudantes e Trabalhadores. [Dissertação 
de] Mestrado em Psicologia. Porto: Universidade do Porto – Faculdade de Psicologia 
e de Ciências da Educação, 2007. Disponível em: https://repositorio-aberto.up.pt/
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
bitstream/10216/19904/2/29443.pdf. Acesso em: 18 mai. 2020.
OLIVEIRA, J. S. Desenvolvimento psicossocial e estilos de vinculação: convergência e 
divergência de percepções de satisfação na família. [Tese de] Doutorado em Psicologia. 
Porto: Universidade do Porto – Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, 2005. 
Disponível em: https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/22930/2/29835.pdf. 
Acesso em: 18 mai. 2020.
ROSE, N. Como se deve fazer a história do Eu? Educação & Realidade, v. 26, n. 1: 33-
58, 2001. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/article/view/41313. 
Acesso em: 18 mai. 2020.
SAMPAIO, C. M. R. Identidade na vida adulta: a singularização da experiência. [Tese 
de] Doutorado em Psicologia Clínica. São Paulo: PUC-SP, 2016. Disponível em: https://
sapientia.pucsp.br/bitstream/handle/19383/2/Clarissa%20Magalh%C3%A3es%20
Rodrigues%20Sampaio.pdf. Acesso em: 18 mai. 2020.
UNIDADE 4
Aspectos psicológicos do envelheci-
mento
Você está na unidade Aspectos Psicológicos da Velhice. Conheça aqui alguns dos principais 
conceitos trabalhados sobre a velhice, as representações do envelhecimento, suas 
imagens e conceitos, e a relação que mídia estabelece com a velhice. Entenda o processo 
de envelhecimento, as modificações corporais e adaptações sociais do novo corpo. 
Também serão abordadas as características da cognição, a memória e a aprendizagem 
na velhice.
Por fim, você estudará o adoecer e a morte, a velhice com qualidade de vida e a dignidade 
do fim.
Bons estudos!
Introdução
79
1 REPRESENTAÇÕES DO ENVELHECIMENTO NA 
CONTEMPORANEIDADE
Para tratarmos a respeito das representações do envelhecimento na contemporaneidade, 
precisamos fazer um pequeno percurso a respeito dos conceitos e definições que circunscrevem 
essa temática. Assim, revelar-se-á não só uma realidade de acontecimentos biológicos com 
consequências físicas e orgânicas para os sujeitos, mas também um período de intenso 
investimento afetivo, psicológico e emocional, tanto em seus aspectos positivos quanto negativos.
Com relação aos acontecimentos biológicos, o sujeito é representado por uma imagem de 
alguém “amadurecido” pelo tempo, com mérito de ter chegado “inteiro” ao final das lutas e 
batalhas travadas na vida; tem histórias para contar e ainda vitalidade e interesse para ensinar 
as novas gerações. No aspecto afetivo, o sujeito passa a ser representado pelas vicissitudes 
do ser, expressas pela fragilidade que esse momento evoca e lhe confere – as pessoas nesse 
momento acabam por ser denominadas de velhos, idosos, ultrapassados, incapacitados de 
articular pensamentos e expressar suas próprias vontades, tornando-se assim sujeitos totalmente 
dependentes dos favores dos mais novos.
Em um mundo cada vez mais seduzido por ideias de velocidade e fascinado pela tecnologia, 
a novidade, o novo, é uma constante presente no âmbito dos desejos consumidos por muitos, os 
quais são, no entanto, realizados de fato por poucos.
É nesse cenário que a velhice e as representações do envelhecimento também se formam de modo 
a constituirem-se em uma “roupagem” existencial marcada por histórias de sucessos e de fracassos 
direcionadas aos modos individualizados como os sujeitos encaminharam suas vidas, depositando nas 
histórias particulares das pessoas as responsabilidades das vicissitudes desse momento.
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80
1.1 Imagens e conceitos sobre a velhice
Quando recordamos os termos e conceitos utilizados ao longo do percurso histórico de 
nossa cultura, não é difícil localizarmos os deslocamentos de sentidos e investimentos de valores 
subjetivos dados aos sujeitos que atingem uma longevidade significativa para o meio social onde 
vivem e compartilham suas experiências.
Assim, os termos e conceitos expressos, mais do que apenas designar tais sujeitos, revelam 
uma justaposição de sentidos e atributos de julgamento moral, de admiração e respeito, como 
também de culpabilidade e arbitragem de um modo de vida mal conduzido por eles.
Não é difícil encontrarmos relatos entre as pessoas que hoje vivenciam o envelhecimento 
enquanto estágio específico do ciclo vital de que: “na sua época, os mais velhos eram respeitados.” 
Ou então: “bastava um olhar, um modo de dizer, ou somente um gesto para se fazerem entendidos 
e, com isso, suas vontades eram prontamente atendidas pelos mais novos!”. Esses são exemplos 
de como o respeito pela autoridade do outro estava intimamente ligada à figura de uma pessoa, 
cronologicamente, mais velha.
Nessa realidade, os sinais do envelhecimento estão positivamente associados à autoridade 
que uma pessoa mais velha tem sobre a vida, tendo a ela associada a ideia de maturidade. Para 
que alguém saiba o que é certo ou errado e possa “educar” o outro, é preciso ter sobre si a 
chancela da experiência e do aprendizado de vida.
Mas os tempos mudam e, com essas mudanças, os modos de nos relacionarmos com as 
idades e o que se qualifica como desejável para a vida dos sujeitos também se transformam. Em 
uma sociedade cuja produção capitalística de subjetividade demanda “novas formas” criativas 
de se produzir mais e com menor tempo, a longa experiência de vida já não traduz o que deve 
ser conhecido para se bem viver em sociedade, e essas pessoas, assim como os objetos, são 
reconhecidamentedenominadas de “velhos”. Clique abaixo e obtenha mais informações.
O que está em jogo, nesse momento, é o conceito de produtividade, a ideologia presente do 
capital ligado apenas à esfera econômica. Mas não é somente de economia que vive o sistema 
capitalístico e, por meio do discurso humanista desse tempo, as pessoas com idade avançada 
são realocadas em novos espaços de sentidos, em uma espécie de redenção da velhice e 
reconhecimento de sua importância na construção da sociedade como a entendemos, sendo 
assim reconhecidos como idosos aqueles de idade avançada.
Modernamente, com o desenvolvimento das ciências humanas e sociais, esse termo vem 
sofrendo modificações na tentativa de adequá-lo a uma ideia “politicamente correta”, sem muito 
indício de chegar a um consenso, mas expressivo em diversos contextos e capaz de movimentar 
elementos discursivos que viabilizem melhores condições de vida para aqueles que experienciam 
81
o envelhecimento. Daí a tentativa de “humanizar” o discurso com a denominada fase da “terceira 
idade”, com o desenvolvimento humano circunscrito à faixa etária dos sujeitos, sendo seu sentido 
extrapolado para a visão idealizada pela expressão “melhor idade”.
Não obstante, hoje utilizamos os termos: velhos, idosos, terceira idade, melhor idade, 
experientes, maduros, dentre outras formas de nos referirmos às pessoas com idade maior do 
que aquela determinada pelo plano de produtividade do trabalho, podendo tomar como critério 
a idade da “aposentadoria” (dado socioeconômico), a idade da reprodutividade biológica (dado 
médico), a idade da senescência (dimensão filosófica), etc. Todas essas referências são marcadas 
com as características do tempo e das dimensões específicas das quais se originam, mas sem 
muita precisão a quem se referem e o que de fato revelam quando dirigidas aos sujeitos.
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1.2 Mídia e velhice
Para Mascaro (1997), as representações que a velhice e o envelhecimento de modo geral 
ganham ao longo do tempo têm gerado muita angústia, e se baseiam em certos modelos negativos 
desse período, o qual é muitas vezes retratado como sendo um momento de sofrimento crônico 
no que concerne à saúde física, mental e financeira. As origens desse sofrimento se encontram na 
vivência de uma velhice solitária e dependente.
Sem dúvida, essa realidade é a mais pura expressão de uma parcela da população desassistida 
de qualquer apoio social, econômico ou de saúde, dadas as desigualdades sociais que nos 
habituamos a aceitar como condição de vida dos que não tiveram a mesma sorte de, como 
muitos de nós, poder trabalhar e se sacrificar para a manutenção de um básico – se não o ideal, 
mas o suficiente para se distanciar de tal realidade.
A realização desse cenário aponta para um movimento de negociação constante entre a 
82
sociedade e os idosos, com a primeira determinando e “representando” os lugares e papéis que 
o processo de envelhecimento impõe aos sujeitos que, por sua vez, os acolhem e assimilam, ou 
refutam e transformam da melhor forma que puderem e são capazes de fazer.
Continua a autora,
Numa sociedade de massa, a regulamentação social opera por meio de um repertório de símbolos, 
de imagens e estereótipos, que são expressos através dos meios de comunicação em massa. Portanto, 
as ideias que a mídia expressa em relação ao envelhecimento e à velhice são muito significativas... 
[...], influenciando seu comportamento e suas atitudes, e também as ideias da criança, do jovem e do 
adulto, a respeito do que significa envelhecer em nossa sociedade. (MASCARO, 1997, p. 65).
O fato de vivenciarmos uma expectativa de vida relativamente alta hoje em dia, e à medida que 
a longevidade se apresenta como uma característica acessível a uma parcela crescente da população 
em geral, as imagens do idoso na mídia se modificaram e vêm se transformando cada vez mais.
A velhice, tal qual a juventude e a idade adulta, é também um período de realizações de novos 
projetos, senão no mundo do trabalho, para a satisfação pessoal e busca de experiências ressignificadas 
pela vivência do novo corpo. Os avós de outrora, sujeitos pacatos, pacienciosos e “pacientes” na 
espera da chegada dos netos, anfitriões zelosos para as reuniões familiares, também se encontram 
na dinâmica das viagens de lazer e ações culturais, auxiliam economicamente, na manutenção dos 
lares e, por vezes, até regressam ao mundo do trabalho por meio de política de inclusão e absorção de 
funções compatíveis com a performance que a nova forma de existir lhes permite.
2 O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO: MUDANÇAS 
BIOLÓGICAS, SOCIAIS E COGNITIVAS
Neste tópico, nos referimos ao envelhecimento enquanto processo natural de passagem 
de tempo para um organismo que tem em seu núcleo celular registros e informações, os quais 
determinam o seu funcionamento e desenvolvimento da concepção ao declínio das funções vitais 
dos órgãos que compõem o indivíduo.
FIQUE DE OLHO
A expectativa de vida média dos brasileiros, segundo os dados do Instituto Brasileiro de 
Geografia e Estatística - IBGE, foi, em 2018, de até os 76,3 anos. Isso representa um aumento 
de três meses e 4 dias em relação a 2017. 
83
É de conhecimento de todos que, mesmo tendo as determinações genéticas e registros 
celulares de como serão esses indivíduos e quais probabilidades de desenvolverem características 
fenotípicas específicas para um determinado traço de aparência – cor dos olhos, cor dos cabelos, 
modo como os pelos das barba irão crescer, predominância de lateralidade, desenvolvimento 
de uma enfermidade, etc. –, essas determinações também concorrem com as interferências 
das características do meio onde vivem os indivíduos, além de comporem com seus hábitos e 
comportamentos adotados durante a vida.
Tomemos como característica de análise a questão da obesidade. Mesmo sendo o sujeito 
integrante de um grupo cujas tendências intrínsecas revelam predisposição para o ganho e 
acúmulo de gordura no corpo, o que levaria à obesidade dos sujeitos desse grupo seriam as 
condições objetivas de alimentação e de hábitos e comportamentos que disparariam o “gatilho” 
para a ativação dos genes responsáveis para essa característica. Portanto, dimensões genéticas e 
ambientais concorreriam para o aparecimento da obesidade nesses sujeitos.
É um modelo bastante simplificado das relações de interdependências causais e interveniências 
das dimensões genéticas e ambientais, porém, é um processo de investigação científica já 
apontado como certo, dependendo somente de determinações do quanto de interferência cada 
uma delas sofre para a determinação do modo de ser e funcionar do sujeito.
Assim, também a velhice pode ser pensada, apesar de se caracterizar como um estado 
natural do desenvolvimento humano, é uma característica cada vez mais investida de sentidos 
socioculturais, os quais determinam significativamente o modo como a vivemos e experienciamos 
seu acontecimento, determinando singularidades importantes aos traços comuns dos eventos 
biofisiológicos desse estágio do desenvolvimento.
2.1 Modificações corporais do envelhecimento
Segundo Cendes (2001), o modelo de análise das modificações corporais do envelhecimento 
está categorizado em dois eixos. Clique abaixo para conhecê-los.
• O primeiro considera essa fase do desenvolvimento como sendo resultante de um depó-
sito de deteriorações localizados na célula, levando à sobrecarga e à consequente incapa-
FIQUE DE OLHO
As transformações do corpo decorrentes do processo de envelhecimento começam a se 
evidenciar com maior visibilidade quando modificam a fisionomia do rosto com surgimentos 
das chamadas “marcas de expressão” e o branqueamento dos cabelos.
84
cidade de recuperação de suas funções sadias.
• O segundo é pautado na compreensão de que esse momento da vida apenas apresenta 
a expressão daquilo que já estaria inscrito nas informações contidas no próprio material 
genético dos sujeitos, definindo seu início e impondo-os o processo de “senescência”,característico do momento vital que estão experimentando.
Tais eixos, segundo a autora, são aceitos como complementares e são corroborados 
pelos estudos de referência sobre o tema da genética molecular, elevando a compreensão do 
funcionamento dos mecanismos de atuação do acúmulo de dano celular nos tecidos como fator 
desencadeante do programa genético que leva ao envelhecimento.
Mas, então, como o envelhecimento biofisiológico pode ser estudado? Quais as consequências 
desses danos celulares para os tecidos e órgãos do corpo humano responsáveis pela manutenção 
e sustentação da vida? Que qualidade de vida esse “novo corpo” oferece aos sujeitos? Como 
funciona um organismo envelhecido?
Figura 1 - Mudanças corporais da velhice 
Fonte: Evgeny Atamanenko, Shutterstock, 2020
#ParaCegoVer: A imagem apresenta três versões da imagem de uma mesma mulher, sendo 
cada uma progressivamente com mais traços e marcas na pele, representando o processo de 
envelhecimento.
Bee (1997) apresenta o envelhecimento biológico em dois momentos específicos do 
desenvolvimento: o primeiro se localiza no início das transformações da vivência neurofisiológica 
na vida adulta intermediária, com o declínio lento e gradativo de algumas funções qualitativas do 
corpo; o segundo é identificado com a instalação da velhice propriamente dita, com a vivência das 
limitações e incapacidades de recuperação do corpo físico e características marcantes dessa fase 
para os aspectos cognitivos e psicológicos dos sujeitos.
85
As mudanças sofridas pelo organismo no processo de passagem da vida adulta intermediária 
(por volta dos 40 aos 60 anos) e do envelhecimento (dos 60 anos em diante), descrito por Papalia, 
Feldman e Martorell, (2013), apesar de apresentar variações específicas entre os indivíduos, quando 
associadas ao estresse crônico, concorrem para o enfraquecimento da função imunológica. Isso 
deixa as pessoas mais propensas às adversidades das enfermidades características dessa fase da 
vida, e com menor possibilidade de recuperação e estabilidade de saúde.
Existe, nesse momento de vida, além de uma crescente percepção do declínio físico e 
consciência de que a saúde diária está intimamente associada às escolhas e atitudes tomadas frente 
às demandas de aquisição e manutenção de hábitos saudáveis, também a percepção e a evidência 
de que não existe controle sobre os processos de adoecimento do período.
Os processos básicos de manutenção cotidiana de um estilo que respeite os novos ritmos 
do organismo, rotina de sono e descanso, exercícios físicos, alimentação adequada, entre outras 
indicações de equilibração que indiquem qualidade de vida são importantes para a manutenção e, 
quiçá, aquisição de uma vida saudável. No entanto, não garantem o afastamento dos processos de 
sofrimentos físicos, orgânicos, afetivos e emocionais característicos dessa fase do desenvolvimento.
2.2 Adaptações sociais do novo corpo
O novo corpo experienciado da vida adulta intermediária até a velhice e morte é uma realidade 
que se vivencia no tempo específico de cada indivíduo. Como já dito anteriormente, a longevidade 
da vida acontecerá diante de fatores ambientais, comportamentais e genéticos, porém, as 
representações sociais desse corpo e a universalidade dos acontecimentos concernentes aos 
estágios do desenvolvimento levarão os sujeitos a expressarem algumas características em suas 
adaptações sociais e cognitivas, as quais são descritas a seguir.
Uma existência que começa a apresentar certa desaceleração nos processos físicos e limitações 
de desempenho é a expressão de que o relógio biológico segue seu curso anunciando a necessidade, 
muitas vezes, de uso de óculos para poder continuar enxergando com a mesma nitidez de outrora, 
no surgimento dos cabelos grisalhos e brancos, na marcas de expressão da face e nas rugas da pele, 
na flacidez dos músculos, cansaço e esquecimentos.
Essas experiências externadas no corpo demandam dos sujeitos uma organização diferente das 
vivenciadas até então e ganha destaque o fato de, segundo Bee (1997), a maioria dos adultos que 
vivenciam esse período estão casados, exercendo o papel de provedores parentais (pai e mãe), 
e desempenham uma função social consolidada a partir de uma atividade profissional específica.
É por volta dos 40-50 anos que muitos desses sujeitos vivenciam o que a autora acima citada 
denomina de “síndrome do ninho vazio”, quando os filhos deixam seus pais e o casal passa a ter 
como tarefa a administração dos espaços, tempos e ausências do filho.
86
A vida no trabalho, também nesse período, deve ter atingido o máximo das realizações desejadas 
ao longo da carreira profissional. Com isso, a dedicação que se tinha ao campo profissional começa 
a ser transferida para a própria casa e ao cônjuge, e a amizade também é uma dimensão social 
bastante modificada nessa fase.
3 CARACTERÍSTICAS DA COGNIÇÃO NA VELHICE
Em uma sociedade cada vez mais longeva e produtiva como a nossa, os aspectos da cognição na 
velhice vão muito além dos aspectos da memória e dos processos básicos de atenção e percepção. 
A questão do envelhecimento biológico afeta todos os órgãos e modifica o funcionamento do nosso 
corpo; com o cérebro não é diferente.
Os estudos realizados pela neurofisiologia apontam o temido “desgaste” das conexões 
neuroquímicas, as perdas significativas de neurônios e, até mesmo, de massa encefálica em 
condições normais do desenvolvimento humano.
Porém, as descobertas recentes sobre esse mesmo processo adulterado em termos biológicos e 
neurocelulares tem revelado que, apesar desse processo de “perdas”, as funções cognitivas básicas 
permanecem inalteradas, ou apresentam pequenas variações no tempo de reação de resposta, mas 
não na qualidade das mesmas frente às demandas da organização e produção do pensamento.
Trata-se de questões também associadas ao estado normal e saudável da condição do 
desenvolvimento global dos sujeitos, não se estabelecendo como parâmetro de análise para a 
velhice experienciada em termos de limitações de condições socioambientais, de privação das 
necessidades básicas de manutenção da vida, tais como alimentação, higiene, conforto físico e 
mental, entre outros fatores biopsicossociais.
Clique abaixo e obtenha mais informações sobre a cognição na velhice.
• A questão da memória
Sem sombra de dúvida, trata-se de um processo mental de grande complexidade e, de 
acordo com Gomes (2007), a memória pode ser analisada em dois grupos: o primeiro grupo pode 
ser classificado como memórias de curta duração ou primárias, quando precisamos conservar 
informações por período breve, de modo acessível e fácil para utilizarmos quando necessário; 
O segundo, memória de longa duração ou secundária, é a capacidade de reter informações por 
um longo período mantendo as informações acessíveis. Cada um desses grupos tem subgrupos 
específicos que se relacionam entre si, formando constructos únicos e singulares.
Somando fatores emocionais e de atenção, acredita-se que a questão da memória de curta 
duração sofra prejuízos no processo de envelhecimento, seja pela dificuldade em delimitar 
87
situações relevantes ou pela dificuldade de descartar as ideias desnecessárias, ou ainda pelo 
processamento lento das informações. Já a memória de longa duração pode sofrer intercorrências 
quanto às lembranças que se referem a eventos e situações associadas a um tempo e espaço 
específicos. Por exemplo: lembrar-se de onde foi realizada a festa de aniversário de seu neto, ou 
mesmo lembrar-se de onde deixou a carteira.
A questão é objeto de estudos, e sabe-se que a metamemória, ou seja, a capacidade de 
autoavaliação da memória por parte do idoso, é uma das estratégias importantes e relevantes 
para a gestão da sua qualidade de vida.
Feito esse panorama sobre a constituição e o funcionamento da memória, pode-se afirmar 
que o envelhecimento e suas condições biofisiológicas podem interferir nesse processo, 
principalmente se o sujeito for acometido por alguma patologiaque implique perdas cognitivas e 
de memória; na maioria das vezes, as perdas ocorrem na memória de curto prazo.
As memórias de longo prazo, principalmente pelo caráter emocional e que remetem às 
vivencias singulares dos sujeitos idosos, tendem a ser preservadas por mais tempo e inclusive 
acionadas quando necessário.
Nesse sentido, Gomes (2007) nos alerta que alguns fatores podem contribuir para os 
problemas com a memória. Um deles, em especial, é a questão dos estereótipos vinculados à 
velhice, a ideia que o idoso é destituído do entendimento sobre as coisas, sendo, em algumas 
vezes, excluído de determinados assuntos, o que pode afetar e inclusive potencializar sentimentos 
de fragilidade e rebaixamento da autoestima do idoso.
A utilização de treinos específicos para a memória em idosos tem se constituído como um 
recurso de pesquisa para a observação da capacidade cognitiva desses sujeitos e viabilidade 
de significativa melhora na sua manutenção e desenvolvimento ao longo do processo de 
envelhecimento. Diversas metodologias são empregadas e o foco está voltado para o reforço e 
estímulo da memória a curto prazo.
Yassuda et al. (2006), em seu estudo de treino de memória no idoso saudável, apresentam 
como resultado o benefício da utilização das estratégias apresentadas nos treinos, incorporando 
tal comportamento no seu cotidiano, porém, não visualizam alteração qualitativa nos conteúdos 
apresentados pela manifestação da memória dos mesmos.
• Aprendizagem na velhice
A condição de sujeito que aprende perpassa todas as etapas do processo de desenvolvimento 
e não está determinada pela vivência escolar, na condição de estudante, mas também se 
encontra em outros espaços de convívio que envolvam relações humanas. Dito isso, observa-
se, na atualidade, que o idoso tem buscado com mais frequência ambientes que potencializem 
88
trocas profícuas de aprendizado, pela riqueza que isso permite e a qualidade de vida que oferece 
e, também, por outro lado, pela oferta cada vez maior de experiências como essas em espaços 
coletivos e públicos nas diversas cidades do país.
De acordo com Cachioni e Neri (2004), há várias perspectivas para se olhar a questão da 
relação do idoso com a aprendizagem. Uma delas é relacionada à concepção da “integridade 
do self”, apontada por Erickson, na qual o idoso busca a autorrealização e a busca de interesses 
pessoais na afirmação da plenitude do ser. Nesse sentido, o estudo é um projeto para manter-se 
comprometido e amadurecido para alcançar essa meta.
As ações que são direcionadas para os idosos devem ser pensadas levando em consideração 
alguns aspectos específicos: a compreensão dos aspectos sócio-históricos e culturais para a 
produção de um diálogo sobre os acontecimentos do mundo, bem como o uso/aporte de recursos 
tecnológicos e metodologias adequadas ao tempo e aos interesses das pessoas envolvidas nesse 
processo.
Ofertar espaços de aprendizagens significativas para o idoso é uma forma de respeito à 
pessoa que se coloca à disposição para o efetivo diálogo com o conhecimento e que reagiu a uma 
crença determinista de que a velhice seria um período de estagnação do cognitivo e declínio de 
suas atividades mentais.
Uma expressão da concretização desse respeito e desmistificação dessa crença está no 
crescente aumento de Universidades Abertas à Terceira Idade, movimento iniciado na década 
de 1960 e com posterior intensificação nas décadas de 1980 e 1990, sedimentando práticas de 
formação continuada e troca de conhecimentos direcionados ao público em questão.
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89
4 O ADOECER E A MORTE
Enquanto experiências limites da existência humana, a condição de adoecimento, salvo 
exceções, faz parte da maioria das pessoas ao longo do ciclo vital e, para cada uma dessas 
vivências, o organismo vai compondo “memórias” quanto ao processo de enfrentamento de 
elementos patogênicos externos, vírus, fungos, germes, bactérias, dando ao corpo informações 
importantes e necessárias para a melhor resposta imunológica às ameaças sofridas.
Se há recuperação dos processos saudáveis de funcionamento vital, é porque isso acontece 
também devido ao poder de reação e de regeneração dos tecidos e órgãos afetados pela doença. 
É utilizada o que os pesquisadores da saúde consideram ser a “reserva biológica” do organismo 
em sua capacidade de se adaptar às exigências que a situação específica demanda.
Com o passar do tempo e ao adentrar no estágio da velhice, essa reserva encontra-se baixa, o corpo 
não apresenta mais a mesma vitalidade de reação, o que demanda mais tempo e complementação, 
por vezes medicamentosa, para responder aos efeitos degenerativos das doenças.
O adoecer na velhice aponta para esse desgaste sofrido pelo organismo e assume um papel 
importante para a representação da identidade dos sujeitos envelhecidos.
Abaixo estão listadas algumas funções que podem passar a depender de determinado 
medicamento durante a velhice.
• Manutenção dos batimentos cardíacos normais.
• Regulação da pressão ou estados de humor.
• Memória.
• Melhor funcionamento gastrointestinal etc.
Essas são algumas das condições do adoecer e podem se desdobrar em questões mais 
limitadoras da vida autônoma do idoso, piorando o quadro psicomotor dos mesmos, levando-
os a desequilíbrio e quedas frequentes, ocasionando fraturas e vivência de incapacidades 
permanentes.
Sem poder de reação e com grave diminuição da manutenção autônoma da vida, o estado de 
envelhecimento aponta para as perdas dos sujeitos, revelando a realidade existencial de todos 
nós, mas da qual tendemos a nos distanciar, mesmo que ilusoriamente – a finitude do ser.
Esse é, sem dúvida, um momento que demanda bastante atenção tanto por parte dos 
profissionais da saúde e da seguridade social quanto pelas famílias e cuidadores do idoso, na 
efetiva oferta de apoio e proteção capazes de criar condições objetivas e psicológicas para o real, 
90
competente e eficaz suporte aos sujeitos envolvidos nesse processo.
4.1 Velhice e qualidade de vida
A experiência da velhice para nossa atual forma de organização social, em seus mais diversos 
estilos de significações individuais e culturais, é posta na vivência de um grande desafio, o de viver 
mais, por mais tempo e melhor.
Portanto, a despeito das agruras que o envelhecimento naturalmente impinge aos idoso, 
Alves e Berberian (2018, p. 57) colocam que
pensa-se no envelhecimento como uma etapa em que a pessoa pode ter qualidade de vida e 
bem-estar, sendo usados vários conceitos para definir essa visão como envelhecimento saudável, bem-
sucedido e envelhecimento ativo, como propõe a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Dessa forma, diante de um referencial bastante extenso e com características tão 
diversas quanto às dimensões existenciais de desenvolvimento humano, podemos identificar 
como qualidade e vida e bem-estar na velhice desde os aspectos básicos de atenção às suas 
necessidades e demandas de nutrição adequadas, cuidados de higiene e de assistência à saúde, 
até as oportunidades de integração social e acesso aos espaços de esporte e lazer. A reinserção 
no mundo do trabalho poderia acontecer, mesmo que indiretamente, senão como força motriz 
com direta vinculação empregatícia, como agente de humanização e expertise na assessoria e 
consultoria dos processos em questão.
Enfim, são inúmeras as possibilidades de se ter a vivência da velhice com qualidade de vida, 
porém, como bem nos lembra Mascaro (1997, p. 72), “não basta se manter ativo, participante 
e útil, apesar das perdas biológicas, psicológicas, econômicas e sociais, para que o idoso possa 
vivenciar uma velhice satisfatória”. Clique abaixo veja fatores que proporcionam qualidade de 
vida ao idoso.
1 É necessário ofertar aos sujeitos a chance de acessar as redes de apoio, proteção e de 
desenvolvimento íntegro e pleno do ser humano em suas dimensões básicas de saúde, educação, 
seguridade social, urbanização, moradia, dentre outras, favorecendo o......................................................................................................47
UNIDADE 3 - Adultez ......................................................................................................................49
Introdução.............................................................................................................................................50
1 As relações familiares, afetivas e sociais na vida adulta ....................................................................51
2 Casamento .........................................................................................................................................57
3 Gênero e identidade .......................................................................................................................... 61
4 Trabalho e produtividade ................................................................................................................... 65
PARA RESUMIR ..............................................................................................................................73
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................74
UNIDADE 4 - Aspectos psicológicos do envelhecimento ..................................................................77
Introdução.............................................................................................................................................78
1 Representações do envelhecimento na contemporaneidade ............................................................79
2 O processo de envelhecimento: mudanças biológicas, sociais e cognitivas ......................................82
3 Características da cognição na velhice ............................................................................................... 86
4 O adoecer e a morte .......................................................................................................................... 89
PARA RESUMIR ..............................................................................................................................92
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................93
Este livro apresenta ao aluno de psicologia os principais pontos a serem 
considerados nas fases da adolescência, da adultez e da velhice, em quatro unidades 
escritas de forma didática e clara. 
Na primeira unidade, vamos abordar a adolescência, apresentando os conceitos 
e a evolução histórica do entendimento sobre essa etapa da vida dos seres humanos 
e como ela pode influenciar na construção psíquica dos indivíduos. Trataremos 
também das mudanças físicas, comportamentais e sociais que acontecem no corpo 
e na mente do adolescente. Veremos o que o conhecimento científico da psicologia 
tem apresentado sobre o adolescente em contextos sociais e familiares, considerando 
as contribuições dadas pelas instituições sociais mais fundamentais nos processos de 
formação da identidade dos indivíduos.
Na segunda unidade, intitulada adolescência e vida adulta em perspectiva, 
serão apresentados alguns dos principais conceitos trabalhados pela psicopatologia 
da adolescência, suas características e formas de manifestação nos indivíduos. Já a 
vida adulta será apresentada em perspectivas teóricas da Psicanálise com base em 
Freud, Jung e Erick Erickson. Faremos aqui uma análise das crises e dos conflitos 
vivenciados nessa fase da vida, sua dimensão contemporânea, as questões do corpo e 
da sexualidade no contexto atual. 
Na terceira unidade, discutiremos mais especificamente sobre a adultez, 
explicando as características desse período do ciclo de vida dos seres humanos nas 
relações familiares, afetivas e sociais. Você verá nesta unidade que a fase adulta 
deixou de ser tida como configuração definitiva da identidade e da inserção social dos 
indivíduos, e também terá um esclarecimento sobre as mudanças comportamentais e 
sociais relativas ao casamento, ao gênero, à identidade, ao trabalho e à produtividade 
da pessoa adulta. Fechando a unidade, discutiremos sobre o desenvolvimento social, 
tecnológico e da comunicação e seu impacto na dinâmica à adultez, e já não existe 
um único momento de estabilização, nem um limite específico de passagem à velhice. 
Na quarta unidade, vamos abordar os aspectos psicológicos da velhice. Conheça 
aqui alguns dos principais conceitos trabalhados sobre a velhice, as representações do 
envelhecimento, suas imagens e conceitos, e como a mídia trata a velhice. Discutiremos 
sobre o processo de envelhecimento, as modificações corporais e adaptações sociais 
do novo corpo. Também serão abordadas as características da cognição, da memória e 
PREFÁCIO
da aprendizagem na velhice. Por fim, você estudará o adoecer e a morte, a velhice com 
qualidade de vida e a dignidade do fim. 
Este é um livro essencial para aprender os aspectos psicológicos nas fases mais 
importantes da vida. 
Aproveite a leitura e bons estudos!
UNIDADE 1
Adolescência
Olá,
Você está na unidade Adolescência. Conheça aqui o conceito e a evolução histórica do 
entendimento sobre esse período da vida dos seres humanos, e como tal compreensão 
pode influenciar na construção psíquica dos indivíduos. Entenda, também as mudanças 
físicas, comportamentais e sociais que acontecem no corpo e na mente do adolescente.
Aprenda o que o conhecimento científico da psicologia tem apresentado sobre o 
adolescente em contextos sociais e familiares, considerando as contribuições dadas pelas 
instituições sociais mais fundamentais nos processos de formação da identidade dos 
indivíduo.
Bons estudos!
Introdução
13
1 INÍCIO DA ADOLESCÊNCIA: CONCEITOS E MITOS
Estudar a evolução do ciclo de vida dos seres humanos é um dos temas mais importantes 
na formação de psicólogas e psicólogos, pois é aprendendo como acontece a construção social 
do psiquismo que se pode compreender o comportamento humano expresso nos mais variados 
contextos da vida das pessoas. Nesta unidade, vamos nos dedicar ao estudo da adolescência, 
focalizando os estudos mais relevantes para a compreensão dessa temática.
1.1 Conceito de adolescência
A adolescência vem sendo estudada desde quando passou a existir, ao mesmo tempo em 
que existe desde que começou a ser estudada – logo vamos entender o que isso quer dizer. 
Primeiramente, cabe dizer o que é amplamente sabido: a adolescência corresponde ao período 
intermediário entre a infância e a vida adulta, ou adultez.
A maioria dos autores que se propõem a estudar o comportamento de adolescentes em 
qualquer contexto nos apresenta os estudos clássicos dessa temática, dos quais podemos citar 
os detalhados abaixo.
• Hall (apud OLIVEIRA, 2017) definia a adolescência como o período evolutivo marcado por 
“tempestade e tormenta”, devido ao desabrochar da sexualidade e à expressão de com-
portamentos impulsivos de humor oscilante. Esse conceito é ultrapassado, porém, ainda 
é importante, pois difundiu uma ideia que ficou fortemente arraigada na nossa cultura, 
influenciando estudos posteriores.
• Erickson (apud OLIVEIRA, 2017) propõe a evolução da identidade humana em uma se-
quência de fases, sendo a adolescência a mais crítica dessas, por representar uma difu-
são de papéis que precisam ser elaborados, dando suporte à idade adulta.
• Aberastury e Knobel (apud OLIVEIRA, 2017) também enfatizam a crise e os conflitos da 
adolescência, atribuindo-os a três perdas fundamentais cujos lutos precisam ser elabora-
dos: o corpo infantil, a identidade infantil e as relações com os pais de infância. O adoles-
cente passa, então, por esse período de instabilidades e de desequilíbrio, que são apre-
sentados como normais, visto que são necessários à formação da maturidade do adulto.
Compreender as fases do desenvolvimento humano é importante porque tal entendimento 
dá subsídios ao estabelecimento deque bem retratou Neri 
(2007) como sendo o delicado equilíbrio entre as limitações e potencialidades do indivíduo frente 
os desafios dessa fase do desenvolvimento humano.
2 É na vivência desse equilíbrio que podemos encontrar os aspectos mais interessantes 
desse estágio vital, desde que se experiencie uma nova forma de se dispor à vida, com tolerância, 
interesse e receptividade dos seus desafios e segurança de ser acompanhado e assistido em suas 
demandas pessoais e sociais, desde seus aspectos mais íntimos e particulares, até mesmo em 
questões presentes nas representações coletivas e culturais que permeiam a existência do ser 
velho.
91
4.2 A dignidade do fim
A experiência da finitude da vida é característica marcante da velhice, e é naturalmente 
esperado que finde nesse período específico do desenvolvimento humano. Mesmo sabendo que 
não é exclusividade do período, a morte é um acontecimento esperado e se coloca no horizonte 
possível e sensível de quem vivencia a velhice, mesmo que, aparentemente, não esteja doente, 
ou tão debilitado pelos inevitáveis desgastes físicos e biológicos. Pensar sobre a morte é uma 
tarefa presente para os sujeitos dessa fase da vida.
Segundo Brennan e Brewi (2004, p. 207), “o crescimento não cessa. Mas a área de crescimento 
muda. Se a vida exterior e as conquistas foram importantes, agora a vida interior e as experiências 
psíquicas é que se tornam importantes”.
Os autores chamam a atenção para o processo também denominado de amadurecimento 
psíquico, cujas características implícitas apontam para uma percepção cada vez mais consciente 
da vida, de seus caminhos e escolhas vividas pelos sujeitos, das consequências que tais escolhas 
desempenharam no modo como agora entendem a vida e suas circunstâncias de sustentação, 
e de como afetaram diretamente a qualidade de vida que esses sujeitos experimentam com o 
advento da velhice.
A nova realidade de relações e sentidos expressos e acolhidos pelos idosos é transvestida 
de uma ideação de um sujeito consciente e com tranquilidade suficiente para analisar todos 
os pontos que compõem tal realidade para daí tirar suas conclusões e, quem sabe, oferecer 
caminhos mais seguros e melhores para um jovem aprendiz da vida.
É também pela proximidade do fim que os autores supracitados irão se referir às experiências 
dessa fase como responsáveis pela acentuação da maturidade e intensificação da representação 
da sabedoria como característica presente no desenvolvimento pessoal dos sujeitos desse 
processo. Para explicar esse amadurecimento de vida, os autores recorrerão ao arquétipo da 
Sabedoria explicitado na leitura junguiana a respeito do envelhecimento. Apresentam os autores:
A sabedoria nos dirige para a ordem direta das coisas. A conversão na meia-idade significa uma 
mudança na ordem das coisas. A Sabedoria nos dirige para os relacionamentos apropriados com o 
Self, com os outros, com o mundo e com a realidade maior do Universo e de Deus (BRENNAN; BREWI, 
2004, p. 208).
Com essa citação, os autores explicitam a vivência da dimensão espiritual que é aprofundada 
pela conexão madura e consciente que fazemos da finitude do ser, no momento do envelhecimento 
no qual estamos conectados e nos aproximamos de representações referentes à religiosidade e 
seus símbolos culturalmente explicitados.
92
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• compreender as representações do envelhecimento na contemporaneidade, bem 
como suas imagens e conceitos;
• perceber a relação da mídia com a questão do envelhecimento;
• conhecer o processo de envelhecimento, as mudanças corporais, sociais e cognitivas;
• estudar as características da cognição na velhice, atentando para a memória e a 
aprendizagem;
• contextualizar o adoecer e a morte na velhice.
PARA RESUMIR
ABREU, V. P. S. Memória e envelhecimento. 2000. [s.n.]. Dissertação de Mestrado. 
Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação. São Paulo: Unicamp, 2000.
ALVES, C. H. L.; BERBERIAN, A. de A. Envelhecimento Cognitivo. In: ALVES, C. H. L.; 
SAUAIA, B. A. (Orgs.). Envelhecer: uma visão multiprofissional. Curitiba: Appris, 2018.
BEE, Helen. Ciclo Vital. Porto Alegre: Artmed, 1997.
BRENNAN, A.; BREWI, J. Arquétipos Junguianos: A Espiritualidade na Meia-Idade. São 
Paulo: Madras, 2004.
CENDES, I. L. Fatores Genéticos e Envelhecimento. In: NERI, A. L. Desenvolvimento e 
Envelhecimento: Perspectivas Biológicas, Psicológicas e Sociológicas. São Paulo: Papirus, 
2001.
FELDMAN, R. D.; PAPALIA, D. E.; MARTORELL, G. Desenvolvimento humano. 12. ed. 
Porto Alegre: Artmed, 2013.
GOMES, J. O. A memória e suas repercussões no envelhecimento saudável. 2007. 40 f. 
Monografia de Conclusão do Curso de Psicologia. Universidade Federal de Juiz de Fora. 
Minas Gerais: UFJF, 2007.
MASCARO, S. de A. O que é Velhice. São Paulo: Brasiliense, 1997
NERI, A. L. (Org.). Qualidade de Vida e Idade Madura. 7. ed. São Paulo: Papirus, 2007.
NERI, A. L.; CACHIONI, M. Educação e Velhice Bem-Sucedida no Contexto das 
Universidades da Terceira Idade. In: NERI, A. L.; YASSUDA, M. S.; (Orgs.). Velhice bem-
sucedida: aspectos afetivos e cognitivos. São Paulo: Papirus, 2004.
YASSUDA, M. S. et al. Treino de Memória no Idoso Saudável: benefícios e mecanismos. 
Psicologia: Reflexão e Crítica, São Paulo, 19 (3), 470 – 481, 2006.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
O desenvolvimento humano no contexto da psicologia será 
amplamente abordado nesta obra, que tem o objetivo de trazer um 
entendimento de conceitos e da evolução histórica de cada período 
da vida dos seres humanos, em especial a adolescência, a adultez e 
a velhice. 
O que pode influenciar na construção psíquica dos indivíduos na 
adolescência? Em que medida o desenvolvimento social, tecnológico 
e da comunicação trouxe uma nova dinâmica à adultez? Como lidar 
com o envelhecimento e todas as condições decorrentes dessa fase 
da vida? Estas e outras questões serão discutidas neste livro.
Aprenda este tema abrangente de forma didática e clara neste 
livro especialmente escrito para os estudos da psicologia. 
Aproveite a leitura! Bons estudos!políticas públicas, intervenções clínicas, sociais, psicológicas 
e educacionais, estabelecendo parâmetros que nos ajudem a reconhecer em que ponto estamos 
para diagnosticar a situação atual e estabelecer objetivos para o futuro. Por isso, as instituições 
que se preocupam com o bem-estar social buscam informações na ciência e sistematizam 
informações que contribuem para a formação de ideias norteadoras.
Schoen-Ferreira et al. (2010) integram algumas informações esclarecedoras: para a 
Organização Mundial de Saúde (XXXX), a adolescência é “um período biopsicossocial que 
14
compreende a segunda década da vida, ou seja, dos 10 aos 20 anos”. O Ministério da Saúde 
do Brasil e o IBGE concordam com esse período; já o Estatuto da Criança e do Adolescente o 
identifica dos 12 aos 18 anos. Mas não é somente uma questão de idade, pois “a adolescência 
inicia-se com as mudanças corporais da puberdade e termina com a inserção social, profissional 
e econômica na sociedade adulta” (FORMIGLI et al. apud SCHOEN-FERREIRA et al., 2010, p. 227).
Figura 1 - Representação social do ciclo de vida humano 
Fonte: Ollyy, Shutterstock, 2020.
#ParaCegoVer: A imagem mostra a representação social dos estágios do ciclo de vida dos 
indivíduos, enquanto passam da infância à fase adulta, no período conhecido por adolescência, 
na nossa cultura.
1.2 Adolescentes e mitos da adolescência
Bock et al. (2009), Berni e Roso (2014) e De Oliveira (2018) se colocam em posição crítica em 
relação aos estudos clássicos, porque estes, em grande parte, descrevem a adolescência como 
uma fase do desenvolvimento, como se fosse algo de natural, que acompanha a puberdade ou 
que é consequência dela. Para essas autoras, a adolescência é uma construção social, cultural, 
antropológica, histórica, enfim, é consequência de um processo de institucionalização que já 
faz parte da nossa cultura tão fortemente que acaba por não deixar dúvidas. Bock et al. (2009) 
explicam que no passado não existiam fases ou estágios de desenvolvimento. Crianças viviam 
junto aos adultos e aprendiam com eles: os modos de ser, os costumes, as atividades, o trabalho, 
daí passavam a ter maior autonomia e a formar sua própria família, não sendo necessário 
um período de transformação. O universo familiar era mais simples, porém, após a revolução 
industrial, as famílias se tornaram cada vez mais nucleares, tendo sua dinâmica definitivamente 
alterada (BOCK et al., 2009; BERNI; ROSO, 2014).
Com a evolução social, passou-se a construir uma ideia de adolescência, porém, não para 
todas as sociedades, nem uniformemente em cada uma delas. Na nossa cultura, entendemos 
15
que o desenvolvimento se dá em diversos estágios, iniciando pela fase pré-natal, a do neonato, a 
infância, a pré-adolescência, a adolescência, a adulta e a velhice (BOCK et al., 2009, p. 292). Já na 
cultura dos trobriandenses, habitantes de ilhas da Nova Guiné, a puberdade acontece antes da 
nossa e nela existe a iniciação sexual e a participação nas atividades produtivas. Eles têm um rito 
de passagem ao atingir a puberdade: para que o incesto seja evitado, os jovens deixam de habitar 
com suas famílias e vão viver, até se casarem, em uma espécie de república, coordenada por um 
homem mais velho, solteiro ou viúvo. Se compararmos com a nossa cultura, os trobriandenses 
passam da pré-adolescência para a fase adulta sem a necessidade de uma fase de preparação. 
Já na nossa sociedade, não podemos identificar um único rito de passagem, mas diversos, que 
acontecem ao longo de um tempo maior, e durante o qual o indivíduo não possui o status de 
criança, nem de adulto, mas de adolescente (BOCK et al., 2009).
Para Berni e Roso (2014, p. 130), a adolescência, sendo uma representação social, pode ser 
entendida como mito:
[...] símbolos e significados foram sendo elaborados para dar sentido àquele momento em que o 
ser humano começa a questionar e experienciar o que estivera adormecido durante a infância, mas 
que nem os adultos têm respostas precisas sobre tais questões.
A preparação para a vida adulta pode se dar em um período curto, ou mais longo, dependendo 
das condições econômicas familiares, já que os filhos dos operários necessitam adquirir 
autonomia financeira mais cedo, o que lhes permite formarem família mais cedo e tornarem-se 
independentes, enquanto os jovens de classe média normalmente permanecem na dependência 
e na casa dos pais, enquanto estudam e aprendem uma profissão, para depois conseguirem um 
emprego e só então tornarem-se independentes (BOCK et al., 2009).
Dito isso, podemos justificar nossa afirmação precedente, a internalização das explicações 
científicas sobre o fenômeno da adolescência passaram a fazer parte das representações sociais 
quanto a esse período, contribuindo para seu fortalecimento e para a complexidade da sua 
configuração.
16
Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:
2 MUDANÇAS FÍSICAS, SOCIAIS E 
COMPORTAMENTAIS DO ADOLESCENTE
Às vezes é difícil compreender um fenômeno complexo e dinâmico como é a adolescência, e 
os estudiosos tentam subdividir o tema para fins didáticos, mas nós temos que ficar atentos, pois 
nenhum desses quocientes consegue ter vida própria isoladamente.
Assim acontece com as mudanças que os indivíduos sofrem na adolescência – são mudanças 
físicas, mentais e comportamentais, mas elas são interdependentes e influenciam umas às outras, 
resultando em características fundamentais ou secundárias, que acompanharão a pessoa durante 
toda a sua vida, ou em períodos dela, mais curtos ou mais longos. Então vejamos.
2.1 Mudanças físicas do adolescente: a puberdade
Levando em conta os estudos científicos sobre a adolescência e as definições institucionais 
atuais sobre os estágios evolutivos do ciclo de vida das pessoas na nossa sociedade, existe 
unanimidade em reconhecer que essa fase se inicia com a puberdade. Se procuramos a definição 
dessa palavra em dicionários e artigos científicos, é comum encontrarmos que esta também é 
uma fase do desenvolvimento que fica entre a infância e a adolescência.
A palavra “puberdade” se refere objetivamente ao período de mudanças biológicas e 
fisiológicas que ocorrem no corpo humano dos indivíduos, aproximadamente na idade de 10 anos 
para meninas e 12 para os meninos. São mudanças hormonais que refletem na aparência e na 
fisiologia do corpo, entre estas o aparecimento de pelos, originando, a partir do latim, a palavra 
“púbere” (que começa a ter barba) ou “pubescente” (que tem pelos curtos, penugem). Na nossa 
sociedade, se convencionou que esse é o início da adolescência (SCHOEN-FERREIRA et al., 2010; 
17
DICIO.COM, 2020; PRIBERAM.ORG, 2020).
Para Lourenço e Queiroz (2010), a puberdade corresponde ao início da adolescência, 
dura de dois a quatro anos e se caracteriza por mudanças geneticamente determinadas, que 
se iniciam pela ativação de gonadotrofinas, as quais estimulam os hormônios que definem o 
dimorfismo sexual, uma vez que existem poucas diferenças na forma do corpo das crianças e, com 
a puberdade, os corpos feminino e masculino desenvolvem os órgãos sexuais e as características 
sexuais secundárias. Em síntese, a puberdade é caracterizada fundamentalmente pelos eventos 
enumerados abaixo. Clique e veja-os.
• Crescimento esquelético linear.
• Alteração da forma e composição corporal.
• Desenvolvimento dos órgãos e sistemas.
• Desenvolvimento das gônadas e dos caracteres sexuais secundários (LOURENÇO; QUEI-
ROZ, 2010, p. 71).
As principais mudanças físicas que fazem as crianças passarem para a fase de adolescentes, 
então, vão além do crescimento de pelos pubianos e de barba. É nesse período que o corpo das 
meninas ganha novo formato, devido ao aumento de tecido adiposo nos quadris e nos seios, 
e o corpo dos meninos aumenta suas dimensões musculares e esqueléticas entre os ombros, 
configurando o formato masculino. Além disso, o crescimento das glândulas mamárias e 
desenvolvimento dos ovários nas meninas e dos testículos nos meninos indica o amadurecimento 
sexual,com a produção das células reprodutoras, óvulos nas meninas, espermatozoides nos 
meninos, dando início à possibilidade de reproduzir-se. As alterações hormonais também 
influenciam o comportamento, pelo emergir dos instintos sexuais. Enfim, tais mudanças orgânicas 
se referem ao dimorfismo sexual e levam ao amadurecimento biológico e à adultez (SCHOEN-
FERREIRA et al., 2010; LOURENÇO; QUEIROZ, 2010).
É interessante notar que as mudanças biológicas, fisiológicas e químicas que determinam as 
novas características físico-corporais dos adolescentes são consequência do potencial genético, 
mas também podem sofrer interferência do meio onde vivem os sujeitos, ainda que dentro 
de um mesmo país ou território. Por exemplo, em comunidades pobres, a menarca (primeira 
menstruação da menina) pode se dar mais tarde do que aquela das meninas de comunidades 
melhor favorecidas economicamente. Tais diferenças econômicas podem interferir também 
na estatura e no porte físico-corporal. Esses fenômenos se devem ao fato de as comunidades 
pobres não disporem das mesmas condições de alimentação e aquisição do potencial nutritivo e 
energético necessário ao desenvolvimento (LOURENÇO; QUEIROZ, 2010).
Sendo assim, as condições socioeconômicas podem retardar e influenciar a puberdade das 
18
comunidades mais carentes, e essas mesmas condições têm a propriedade de encurtarem o 
período da adolescência, antecipando a adultez das comunidades citadas, em consequência da 
necessidade que a juventude carente tem de entrar no mercado de trabalho. Está aí um bom 
estímulo para a aplicação prática desses estudos, em busca do bem-estar da nossa população.
2.2 Mudanças sociais e comportamentais do adolescente
O adolescente está em processo de crescimento e de transformação, e as alterações físicas 
da puberdade, unidas às exigências e expectativas culturais ligadas às representações sociais dos 
papéis de adolescente e de adulto, provocam crises, tensões e instabilidades no percurso em 
direção à fase adulta, pois o indivíduo se percebe em crise de identidade.
Na necessidade de construir uma nova identidade, a pessoa enfrenta dificuldades internas, 
como ansiedade e depressão, ou voltadas para o externo, como condutas antissociais, 
oposições e desafios. Daí surge um importante recurso comum no desenvolvimento do 
adolescente, a participação em grupos de pares, onde pode se sentir engajado em sentimentos 
e interesses semelhantes e experienciar situações que sirvam para construir um novo cabedal 
de comportamentos (DE OLIVEIRA, 2018). Clique abaixo e obtenha mais informações sobre o 
processo da adolescência.
As mudanças sociais e comportamentais do adolescente ocorrem no contato com uma maior 
variedade de instituições sociais, cada uma delas apresentando novos ou velhos valores a serem 
internalizados ou refutados.
A ideia geral que se apresenta sempre aparece como positiva: ser corajoso, forte, 
independente, amado, dar o melhor de si; porém, o adolescente precisará enfrentar essas 
possibilidades utilizando e checando os critérios que assimilou na infância.
Daí ele poderá optar pelos preceitos familiares ou pelas novas alternativas dos novos grupos 
de referência.
Estas, porém, podem levá-lo a roubar, usar drogas, aderir à promiscuidade sexual, ao 
fanatismo religioso, ou outros caminhos tortuosos que poderão trazer consequências nefastas ao 
seu projeto de adultez (BOCK et al., 2009).
Vigotsky (apud BORDIGNON, 2015) aponta mudanças na estrutura psíquica que transforma 
o adolescente em adulto: a atenção, a percepção, a memória e o pensamento se reestruturam, 
possibilitando sínteses superiores em relação à percepção do mundo e de si mesmo, dando vez à 
habilidade de elaboração das próprias experiências para deixar o estágio de dependência infantil 
e adquirir autonomia em suas ações.
Tais condições cognitivas precisam ser bem estimuladas e aproveitadas, principalmente 
19
porque, com o desenvolvimento tecnológico das últimas décadas, as possibilidades de contatos 
virtuais aumentam exponencialmente as alternativas para qualquer tipo de escolha, e diminuem 
as possibilidades de controle das mesmas (DE OLIVEIRA, 2018).
Se nossa sociedade quer primar pela liberdade, precisará estar atenta à difusão de valores 
que fortaleçam as ideias de responsabilidade sobre os critérios de escolha, a fim de que seus 
membros desenvolvam uma consciência quanto a consequências e resultados imprevisíveis.
Com Oliveira (2017), conseguimos assimilar melhor essa nova dinâmica social e seu impacto 
no desenvolvimento do adolescente. O mundo virtual que a internet propicia estabelece uma 
nova relação espaciotemporal que interfere na necessidade do adolescente elaborar as perdas 
do passado e os planos de futuro, fazendo-o alternar-se entre abandonar o papel de criança, ou a 
ele retornar, querer abraçar o futuro como adulto ou querer resistir a ele, tudo isso em um tempo 
muito estreito, permitido pelas relações virtuais, que não valorizam seu investimento em reflexão 
e análise do que foi e do que será (OLIVEIRA, 2017).
A dificuldade social que se apresenta é que todos nós ainda estamos construindo os novos 
significados e parâmetros para essas novas relações, e a velocidade com que coisas acontecem, 
unida à dispensabilidade de um lugar físico para estabelecer relacionamentos, ainda não nos 
permitiu a institucionalização de comportamentos mais perenes, reforçando representações 
sociais de um mundo fluido, pouco previsível também para os adultos (OLIVEIRA, 2017).
3 ADOLESCENTE E SOCIEDADE
Estudar o adolescente nas suas relações com a sociedade é o melhor modo da psicologia 
abordar essa fase (e as outras) do ciclo de vida dos seres humanos. Muitos estudiosos criticam 
as metodologias tradicionais que isolam o sujeito para fins de estudo, dando a impressão de 
que tudo que acontece com uma pessoa tem a ver mais com ela que com o contexto onde está 
inserida (BOCK et al., 2009; BERNI; ROSO, 2014; DE OLIVEIRA, 2018).
O comportamento do adolescente pode variar conforme o meio onde esse se desenvolve, 
pois sua subjetividade se constrói enquanto ele atua e interage no seu ambiente social. Importa 
observar como o adolescente se desenvolve historicamente, pois “... só é possível compreender 
FIQUE DE OLHO
Leia sobre a temática da adolescência: “A solidão dos números primos”, obra de ficção do 
escritor italiano Paolo Giordano (2009). 
20
qualquer fato a partir da sua inserção na totalidade, na qual esse fato foi produzido, totalidade 
essa que o constitui e lhe dá sentido” (BOCK apud BORDIGNON, 2015, p. 11).
3.1 Sociedade
O adolescente está inserido na sociedade que o constitui, portanto, é necessário compreender 
que a sociedade é um tecido estruturado pelos grupos de pessoas que nela vivem, trabalham e 
se relacionam coletivamente e, para tanto, estabelecem regras e normas de conduta em defesa 
do bem comum.
Para Parsons (apud SANTOS, 2009), a sociedade é um sistema complexo, composto por quatro 
subsistemas, os quais descrevemos abaixo.
1 O da economia, que se refere à produção e distribuição de bens de consumo com fins de 
sobrevivência, com instituições produtivas e comerciais.
2 O político, com a função de realizar os objetivos coletivos (segurança, saúde, educação, 
direitos humanos etc.), com instituições do Estado e governamentais.
3 O de socialização, responsável pela difusão da cultura, através de instituições como escola 
e família.
4 E a comunidade societária, responsável pela integração através de grupos de interesse, 
associações, sindicatos, com o objetivo de defesa dos interesses comuns.
Os subsistemas “estão vinculados por uma rede em que circulam quatro meios de troca: 
moeda, poder, influência e compromisso” (SANTOS, 2009, p. 46).
O sistema social cria mecanismos de controle a fim de regular a correlação de forças entre as 
instituições envolvidas e, no caso dos adolescentes e de outros grupos em risco de vulnerabilidade, 
existem leis que se propõem a defender seus direitos e proteger suaadequada inserção social. Na 
defesa dos interesses dos adolescentes, no Brasil, além da Constituição Federal (BRASIL, 1988), temos 
a lei 8069/90, mais conhecida como ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente (BRASIL, 1990).
Com essas informações, podemos compreender em que sociedade o adolescente 
brasileiro faz sua inserção. O indivíduo, enquanto criança, tem a mediação dos pais ou tutores 
para se relacionar com tais subsistemas, mas, quando adolescente, essa mediação deve ser 
paulatinamente abandonada, o indivíduo cresce e se transforma, aprendendo a exercer seu papel 
de adulto na sociedade, ou seja, adquirindo competências para lidar autonomamente com essa 
realidade complexa.
21
Figura 2 - Adolescente e sociedade 
Fonte: Rena Schild, Shutterstock, 2020.
#ParaCegoVer: Na imagem, temos uma manifestação de protesto, reunindo adolescentes na 
defesa de uma causa comum. O adolescente busca identificação com o grupo de pares, enquanto 
participa da construção social da própria realidade, em um contínuo vir a ser.
3.2 Condições sociais do adolescente
Até aqui parece que tudo funciona tranquilamente, pois ainda não demos relevância às 
diferenças existentes no funcionamento do sistema social, tais como as enumeradas abaixo.
1
Alguns têm melhores condições de sobrevivência que outros.
2
Existem políticas públicas e leis que controlam a distribuição dos produtos de interesse 
coletivo, porém, alguns têm melhor acesso que outros.
3
Também o suporte familiar e o acesso à escola são bastante desiguais e nem sempre os 
grupos de interesse defendem efetivamente os interesses comuns.
Para conhecer como realmente se dá o desenvolvimento do adolescente na nossa sociedade, 
buscaremos as considerações dos estudiosos e pesquisadores da área, iniciando por Bock et al. 
(2009). Para ela, as expectativas que a sociedade tem quanto ao futuro do adolescente expressam 
uma relação de poder e dominação, por exemplo, aos dezoito anos o jovem atinge sua maioridade 
22
penal e, aos vinte e um anos, a maioridade civil, e é assim porque foi decidido pelos adultos, cabe 
ao jovem cumprir o que lhe é determinado.
Bordignon (2015) analisa uma série de pesquisas e estudos sobre a adolescência e defende 
a abordagem histórico-cultural, porque esta envolve o adolescente nos fenômenos estudados, 
contribuindo para a construção de sua subjetividade, ao mesmo tempo que permite que o estudo 
observe a dinâmica do sistema. Esse autor relata uma pesquisa que verificava, com adolescentes 
em conflito com a lei e seus socio-educadores, qual era, para eles, o sentido das medidas 
socioeducativas. Os resultados revelaram contradições, pois as medidas são instituídas para o 
desenvolvimento dos adolescentes, porém, não atingem o objetivo de re-integrá-los efetivamente 
à sociedade. Bordignon (2015) observou que três pesquisas envolviam atividade artística como 
recurso mediador com os adolescentes. Os instrumentos foram considerados válidos porque a 
expressão artística representa uma síntese do fazer humano e mobiliza condições cognitivas, 
afetivas e históricas, que são constituintes dos sujeitos (BORDIGNON, 2015).
Berni e Roso (2014) realizaram entrevistas com adolescentes que vivem com HIV, com o 
objetivo de analisar se o discurso deles, sobre a adolescência, reproduz as representações 
sociais que a nossa sociedade construiu. Elas concluíram que, apesar de os sujeitos da pesquisa 
reforçarem as representações sociais da adolescência, utilizando os padrões institucionalizados 
para falarem de si, também reconstruíram tais representações, a partir de suas vivências pessoais 
(BERNI; ROSO, 2014, p. 134).
A pesquisa de Oliveira (2017) se propôs analisar a percepção do tempo utilizado pelos 
adolescentes na internet. Ao opinar sobre a frase: “a internet ocupa muito o meu tempo”, 
67,56% dos adolescentes concordaram, apresentando justificativas e comentários que revelaram 
a consciência de algumas consequências negativas, como perda da noção do tempo, o isolamento 
social, a fuga da realidade e dispersão da atenção. Aqueles que discordaram justificaram com 
a rapidez em conseguir informações, a hipertextualidade, a fartura de fontes e materiais 
oferecidos. Oliveira (2017) concluiu que, diante dessa nova percepção do tempo e consequências 
nos aspectos cognitivos, a educação mediática deve ser revista a fim de despertar maior interesse 
pela aprendizagem.
Os estudos apresentados focalizaram contextos diversos e identificaram as estratégias 
utilizadas pelos adolescentes na gestão das situações apresentadas, indicando que podemos 
concordar com os pesquisadores quando refutam a ideia de que a adolescência é uma fase 
natural e padronizada com começo, meio e fim; essa fase se dá em um contínuo vir a ser, que 
depende das situações vivenciadas, do contexto e das condições psicossocioeconômicas da vida 
dos adolescentes.
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4 ADOLESCENTE E CONTEXTO FAMILIAR
A família é, talvez, a instituição social mais importante para o ciclo de vida das pessoas, pois 
é o primeiro contato concreto com o mundo. Um mundo no qual os seres humanos chegam sem 
mínimas condições de sobreviver sozinhos. Precisamos ser alimentados, aquecidos, protegidos 
de quaisquer perigos (DE OLIVEIRA, 2018). Você pode dizer que isso acontece com outros animais 
também, mas o nosso período de dependência é bem mais longo e menos facilitado pela natureza.
Nos nossos primeiros anos de vida, a família ou seu substituto exercerá um papel bem 
fundamental, que servirá de base para todos os estágios de desenvolvimento que se seguirão. 
Porém, também é importante ter em mente que a própria instituição familiar foi mudando através 
dos tempos, naquele processo de construção da realidade que se retroalimenta, entre sociedade, 
grupos, indivíduos, famílias, todos contribuindo para a construção uns dos outros, como nos 
ensinam Berger e Luckmann (1985). Atualmente, os modelos de família se diversificaram, deixando 
de ser somente aquele formado por um homem, uma mulher e seus filhos consanguíneos. Temos 
famílias homoafetivas, as formadas por uma mulher ou por um homem com seus filhos, as 
famílias mistas com filhos de outros relacionamentos, entre outras configurações que se tornam 
famílias pelo tipo de relação social, econômica, psicológica ou afetiva, que as integram (BOCK et 
al., 2009; DE OLIVEIRA, 2018).
4.1 Família e contexto familiar
Para podermos compreender a relação entre adolescente e família, devemos saber um pouco 
mais sobre essa instituição, que possui uma função social: transmitir às novas gerações o modo 
certo de pensar, sentir e agir no período histórico de referência, ou seja, transmitir a cultura, as 
instituições sociais e a ideologia vigente (BOCK et al., 2009).
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Bock et al. (2009) explicam que a família é responsável pela procriação, pela sobrevivência, 
pela inserção do indivíduo na sociedade através do ensino da língua, dos hábitos e dos costumes, 
enfim, concretizar os direitos da criança e do adolescente: “o direito aos cuidados essenciais 
para seu crescimento e desenvolvimento físico, psíquico e social” (BOCK et al., 2009, p. 249). Tal 
responsabilidade é tão fundamental que, na falta de uma família, será necessária uma família 
substituta, ou uma instituição de acolhimento que supra essas necessidades de inserimento do 
indivíduo no mundo concreto.
Ao longo do tempo, a família foi se reconfigurando e dando novas cores ao ciclo de vida. A 
adolescência, que nos primórdios nem existia, começou a se tornar cada vez mais longa, pois com 
a entrada das mulheres no mercado do trabalho, as crianças passaram a frequentar mais cedo 
os ambientes escolares (BOCK et al., 2009; DE OLIVEIRA, 2018). Nesse sentido, a família não é 
mais a única a plantar os valores fundamentais na construção da subjetividade e da identidade 
do indivíduo. Também o final da adolescência tem sofrido mudanças, pois em algumas famílias, 
com melhores condições socioeconômicas para sustentar a educação e a formaçãoprofissional 
dos filhos, a aquisição de autonomia e independência para a gestão da própria vida em termos 
materiais vai ficando para cada vez mais tarde (DE OLIVEIRA, 2018).
Acreditamos que você já tenha percebido o quanto as condições econômicas interferem na 
dinâmica social e familiar. É assim porque o desenvolvimento humano que se está abordando se 
dá na nossa sociedade capitalista, e as famílias têm a função de reproduzir a ideologia dominante, 
fazendo com que muitas decisões familiares girem em torno da condição econômica e social que 
a família consegue ter, o que é diretamente influenciado pelas políticas públicas de investimento 
em educação, cultura, trabalho, entre outras.
Ainda com relação ao contexto familiar, devemos atentar para a estrutura interna da 
família. Se falamos da família burguesa, esta comumente encontra alternativas para suprir as 
necessidades básicas dos seus integrantes, sem uma forte dependência de programas sociais. Ao 
contrário, as famílias de baixa renda ficam mais expostas a condições degradantes, fazendo com 
que seus integrantes fiquem colocados em risco de vulnerabilidade (BOCK et al., 2009; SCHOEN-
FERREIRA; AZNAR-FARIAS, 2010; DE OLIVEIRA 2018).
Dito isso, podemos notar que “o adolescente e o contexto familiar” é um tema que pode 
ser visto a partir de diversos enfoques, devido às grandes variações que podemos encontrar em 
relação a contextos familiares.
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4.2 Adolescente no e após o contexto familiar
O subtítulo “no e após o contexto familiar” foi escolhido a fim de recordarmos que nossos 
estudos, em psicologia, são sempre dirigidos a encontrar melhores entendimentos sobre o 
comportamento das pessoas, e assim fazer propostas de intervenção que contribuam para que 
seu inserimento social seja positivo. Assim, o que for o adolescente no contexto familiar, vai 
impactar o após, quando o indivíduo for considerado adulto, quando deverá lidar com sua vida 
com independência, autonomia e responsabilidade, para ter um trabalho, uma função social, uma 
família e tantos outros papéis que irá jogar no futuro. Clique abaixo para obter mais informações.
Bock et al. (2009) trazem algumas situações concretas, presentes no convívio familiar do 
adolescente. As pessoas vivem na mesma casa, com proximidade e intimidade, por isso os 
conflitos aparecem. Surgem situações de ciúmes entre irmãos, de divisão de tarefas, ideias 
diferentes sobre coisas miúdas, situações de egoísmo x altruísmo, enfim, aparecem as relações 
de muito amor, mas também os momentos de raiva, e caberá aos adultos da família mediarem as 
dificuldades que podem surgir. Os adultos devem mediar, o quanto possível, as relações externas, 
virtuais ou concretas, educativas, de lazer, de relações afetivas, e o entendimento de que não 
existem receitas ajudará no treino da escuta.
Buscar um entendimento quanto ao mundo do adolescente e colaborar com ele na 
interpretação dos seus entendimentos e sentimentos será importante tanto na construção 
da subjetividade do adolescente que se torna adulto quanto para a dos pais, que aprendem a 
exercer esse papel (BOCK et al., 2009; SCHOEN-FERREIRA et al., 2010; BERNI; ROSO, 2014; DE 
OLIVEIRA 2018).
Por outro lado, uma outra situação trazida por Bock et al. (2009) se refere à dificuldade 
que os adultos podem ter na construção de um ambiente seguro para o desenvolvimento do 
adolescente, abrindo a possibilidade de problemas de saúde psíquica, imediata ou no futuro. 
Por exemplo, situações de maus tratos, episódios de violência doméstica, agressões físicas, 
psicológicas, sexuais, são modelos nefastos para a formação dos jovens.
Infelizmente, nos diz a autora, episódios violentos acontecem em qualquer país do mundo, 
pobres, ricos, assim como em famílias de qualquer nível social e cultural, mas não é por isso que 
devemos deixar que sejam entendidos como naturais.
FIQUE DE OLHO
“Lady Bird – a hora” de voar é um filme sobre uma adolescente que traz um pouco de tudo 
que é este período na vida de uma pessoa. Vale a pena ver e encontrar nele os conteúdos 
que estudamos aqui.
26
Sempre existirão as causas, e essas devem ser exploradas com os envolvidos, a fim de que 
sejam encontradas as estratégias de mudança, daí a importância da educação, da saúde, das 
políticas públicas de assistência, das leis que protegem as categorias a risco ou em situações 
de vulnerabilidade. Estas últimas devem ser conhecidas, difundidas e, sempre que possível, 
aperfeiçoadas pelos atores sociais.
É necessário que tenhamos em conta o desenvolvimento tecnológico e o acesso ao 
conhecimento, que tem aumentado sobremaneira nas últimas décadas, contribuindo para a 
evolução pouco equilibrada das competências dos jovens, que hoje são mais imediatistas, pouco 
reflexivos, dando pouco espaço às relações interpessoais e afetivas. Tais atitudes podem trazer 
consequências negativas para adolescentes de qualquer nível social, o que enfatiza a importância 
da mediação dos adultos em casa e na escola (CURY, 2017).
O desenvolvimento do ciclo de vida é interessante de ser estudado, e psicólogas e psicólogos 
devem estar sempre se atualizando e contribuindo para a construção do conhecimento científico 
desse tema, pois, como dizia o poeta espanhol Antonio Machado (apud BOHOSLAVSKY, 1977, p. 27):
Caminante son tus huellas
el caminho y nada más.
Caminante no hay caminhos
se hace caminho al andar.
Traduzindo: “Caminhante, tuas pegadas são o caminho, nada mais. Caminhante, não há 
caminhos; faz-se o caminho ao andar” (MACHADO apud BOHOSLAVSKY, 1977, p. 27).
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27
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• conhecer o conceito de adolescência enquanto período do ciclo de vida dos seres 
humanos;
• entender que a adolescência é uma construção social, que não acontece da mesma 
forma em todas as culturas;
• diferenciar o período da puberdade, mais relacionado com as mudanças biológicas, 
da adolescência, que tem um caráter mais social e comportamental;
• compreender a inserção do adolescente na sociedade e perceber a dinâmica das 
relações estabelecidas;
• identificar a importância da família enquanto instituição e como os diversos tipos de 
contextos familiares podem influenciar no desenvolvimento do adolescente.
PARA RESUMIR
BERGUER, P. L. LUCKMANN, T. A construção social da realidade. Petrópolis: Vozes, 1985.
BERNI, V. L.; ROSO, A. A adolescência na perspectiva da psicologia social crítica. Psicolo-
gia & Sociedade, 26(1), 126-136, 2014. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/psoc/
v26n1/14.pdf. Acesso em: 30 abr. 2020.
BOCK, A. M. B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. L. Psicologias – uma introdução ao estudo da 
psicologia. São Paulo: Saraiva, 2001. Disponível em: . Acesso em: 25 abr. 2018.
BOHOSLAVSKY, R. Orientação vocacional: a estratégia clínica. São Paulo: Martins Fontes, 
1977.
BORDIGNON, J. C. Psicologia e adolescência o que revelam as pesquisas. Dissertação, 144 
páginas, PUC Campinas, 2015. Disponível em: http://tede.bibliotecadigital.puc-campinas.
edu.br:8080/jspui/bitstream/tede/343/1/JEFERSON%20CARLOS%20BORDIGNON.pdf. 
Acesso em: 01 mai. 2020.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado, 1988.
BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei 8069/1990. Brasília: Congresso Nacio-
nal, 1990.
CURY, A. 20 regras de ouro para educar filhos e alunos: como formar mentes brilhantes 
na era da ansiedade. São Paulo: Planeta, 2017.
DE OLIVEIRA, M. Estudos sobre a adolescência e os conflitos sociofamiliares. Psicologia-
-PT – o portal dos psicólogos, 2018. Disponível em: https://www.psicologia.pt/artigos/
textos/A1227.pdf. Acesso em: 01 mai. 2020.
DICIO – Dicionário online de português. Disponível em: https://www.dicio.com.br/. Aces-
so em: 03 mai. 2020.
DPLP – Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Disponível em: https://dicionario.
priberam.org/. Acesso em: 03 mai. 2020.
GIORDANO, P. A solidão dos números primos. Rio de Janeiro: Rocco, 2009.
LOURENÇO, B.; QUEIROZ, L. B. Crescimento e desenvolvimentopuberal na adolescência. 
Rev Med (São Paulo), v. 89, n. 2, p. 70-75, abr./jun. 2010. Disponível em: http://www.
periodicos.usp.br/revistadc/article/download/46276/49930. Acesso em: 02 mai. 2020.
OLIVEIRA, E. S. G. Adolescência, internet e tempo: desafios para a Educação. Educar em 
Revista, Curitiba, Brasil, n. 64, p. 283-298, abr./jun. 2017. Disponível em: https://www.
scielo.br/pdf/er/n64/0104-4060-er-64-00283.pdf. Acesso em: 01 mai. 20.
SANTOS, H. Sociedades complexas e políticas públicas. In: SANTOS, H. (org). Debates 
pertinentes: para compreender a sociedade contemporânea [recurso eletrônico]. Porto 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Alegre: EDIPUCRS, 2009. http://www.pucrs.br/edipucrs/debatespertinentes1.pdf. Acesso 
em: 29 abr. 2020.
SCHOEN-FERREIRA, T. H.; AZNAR-FARIAS, M.; SILVARES, E. F. M. Adolescência através dos 
Séculos. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 26, n. 2, p. 227-234, abr./jun., 2010. Disponível 
em:
https://www.scielo.br/pdf/ptp/v26n2/a04v26n2 03/05/20. Acesso em: 03 mai. 2020.
UNIDADE 2
Adolescência e vida adulta em pers-
pectiva
Você está na unidade Adolescência e Vida Adulta em Perspectiva. Conheça aqui alguns dos 
principais conceitos trabalhados pela psicopatologia da adolescência, suas características 
e formas de manifestação nos sujeitos. Veja a vida adulta apresentada em perspectivas 
teóricas da Psicanálise a partir da leitura de Freud, Jung e Erick Erickson.
Acompanhe uma análise das crises e conflitos vivenciados nessa fase da vida, sua 
dimensão contemporânea, as questões do corpo e da sexualidade no contexto atual.
Bons estudos!
Introdução
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1 PSICOPATOLOGIA DA ADOLESCÊNCIA
A fim de promover saúde, especificamente saúde mental, junto ao adolescente e ofertar-
lhe condições favoráveis de desenvolvimento, que minimizem os fatores de risco e produzam os 
melhores meios para que exercite suas escolhas diante dos desafios que a vida lhe traz, faz-se 
necessária uma compreensão crítica daquilo que se distingue entre o normal e o patológico, frente 
às diversas manifestações intensas e, por vezes, contraditórias do comportamento esperado.
Desse modo, para trabalhar o conceito de psicopatologia da adolescência, buscamos em 
Aberastury e Knobel (1989) a compreensão desse período específico do desenvolvimento humano, 
marcado por instabilidades de humor, de ideias e representações, indefinições de pensamentos e 
sentimentos, os quais são entendidos como normais para a adequação e crescimento dos sujeitos 
que experienciam tal fase.
Por isso, é comum, nessa fase do desenvolvimento, os sujeitos apresentarem crises de choro, 
acessos de raiva, manifestações exacerbadas de felicidade, angústias, isolamento e reações 
completamente distintas em um curto espaço de tempo; comportamentos muitas vezes presentes 
nos estados descritivos das patologias, porém aceitáveis para a condição de adolescente.
Entendido isso, olharemos para os aspectos do desvio do comportamento adolescente 
como expressões de fato das psicopatologias e de como se manifestam na vida dos sujeitos 
que vivenciam tal fase, por exemplo, o estado eufórico como doença que merece e precisa de 
cuidados específicos.
Não é tarefa fácil reconhecer quando os comportamentos ditos normais da adolescência 
precisam de uma atenção específica e profissional, e é de responsabilidade de todo e qualquer 
adulto, que tenha com o adolescente uma relação de cuidado socioeducacional, identificar 
comportamentos e ajudá-lo a pedir auxílio quando precisar de apoio extrafamiliar. A seguir, 
apresentaremos algumas das principais psicopatologias que, se não acontecem exclusivamente 
nesse período, com histórico de surgimento pregresso, podem ter seus quadros clínicos agravados, 
comprometendo, significativamente, o ciclo do desenvolvimento humano posterior a essa fase.
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1.1 Quadros clínicos
A forma como a demanda de um diagnóstico/prognóstico chega aos profissionais da saúde no 
que se refere aos aspectos psicopatológicos apresentados pelos adolescentes – através da queixa 
de seus pais e/ou familiares – é direcionada para a compreensão do comportamento dissonante 
do filho e sua permanência; busca entender se tal comportamento pode mesmo afetar, de modo 
negativo, a fase adulta, e como devem proceder quanto aos cuidados a serem ofertados.
Diante dessa demanda, Braconnier e Marcelli (2007) apresentam duas modalidades 
de análise a serem adotadas pelo profissional da saúde a fim de produzirem uma elucidação 
dinâmica e compreensão da psicopatologia individual, em uma contribuição para o entendimento 
do desenvolvimento adolescente e seus intervenientes.
Essas modalidades de análise encontram-se tal como descritas abaixo.
• A primeira reporta-se aos episódios atuais e à organização das condutas e do funciona-
mento global da personalidade.
• A segunda reforça a análise prospectiva sobre as interações dos episódios atuais e a con-
tinuidade do desenvolvimento psíquico.
Por quadros clássicos das psicopatologias que acometem os adolescentes, podemos 
destacar aqueles apontados por Braconnier e Marcelli (2007). Os autores consideram desde os 
elementos das classificações internacionais existentes para o enquadre clínico das doenças, até 
os aspectos mais singulares presentes nas análises das psicodinâmicas envolvidas no processo do 
adoecimento dos sujeitos.
Para fins de estudos e conhecimento dessas psicopatologias, apresentaremos, a seguir, alguns 
desses fenômenos e suas principais características, de modo a chamar a atenção do estudante 
35
para a necessidade de aprofundamentos práticos e teóricos para um efetivo manejo clínico das 
morbidades apresentadas. Lembramos que essas classificações podem e deverão sofrer variações 
de sentidos, e até mesmo de nomenclatura, devido ao referencial de análise adotado para seu 
entendimento e orientações de intervenções profissionais.
1.2 Estados ansiosos e neurose
Clique nas abas abaixo e conheça detalhes sobre estados ansiosos e neurose.
Ansiedade
Dentre os estados ansiosos classificados na literatura psicopatológica, a ansiedade é, sem 
dúvida, um estágio que se confunde com o processo da tal “crise normal da adolescência”, que 
se revela como sintoma quando vivenciada de forma permanente pelos sujeitos, servindo de 
alerta para as investigações clínicas e intervenções terapêuticas futuras. É um sinal de que algo 
não está bem quando relacionada ao campo de experiências e vivências socioemocionais dos 
adolescentes, ou, simplesmente, algo não está “funcionando bem”, no que se refere aos aspectos 
psicofisiológicos do cérebro.
O sujeito que vivencia essa ansiedade se percebe ora invadido de surpresa por uma sensação 
ruim e sem motivo aparente, uma angústia, ou enredado em pensamentos e emoções que não se 
organizam em relação ao que se está realmente sendo vivido, o que eleva, gradativamente, um 
sentido de inadequação do sujeito no mundo.
Essas percepções, sensações e sentidos podem acontecer de forma rápida e passageira, 
experimentadas em questões de horas, ou durar durante dias e até mesmo semanas.
Transtornos de pânico
Os transtornos de pânicoapresentados por Braconnier e Marcelli (2007) nos revelam que, 
apesar de serem caracterizados como transtornos da vida adulta, sua incidência acontece 
principalmente na adolescência; porém, seus sintomas muitas vezes são mascarados pelas 
especificidades das vivências e transformações fisiológicas e psicológicas experimentadas pelos 
sujeitos dessa fase.
Os sujeitos acometidos por esses transtornos vivenciam um aumento exagerado das funções 
cognitivas e motoras frente a uma resposta de medo, sem motivação aparente, desencadeando, 
concomitantemente, uma atividade psíquica de intenso processo neuroquímico capaz de 
modificar o funcionamento neurofisiológico do cérebro.
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Fobias sociais
As fobias sociais são, dos estados ansiosos, a melhor expressão de como nesse período do 
desenvolvimento humano existe a confusão do queé inerente à adolescência e daquilo que se 
apresenta como sintoma psicopatológico. Nesse quadro, a evitação social é vivenciada de modo 
a fazer com que o sujeito se isole, cada vez mais, dos espaços de convívio coletivo, negando-se ao 
contato e às trocas afetivas, intensificando modelos de autossuficiência e, ao mesmo tempo, de 
inferioridade na formação de sua identidade
O adolescente está intimamente preocupado com o seu eu, em construir a sua identidade, 
a partir de referenciais familiares que o ligam a uma origem determinada, cabendo a ele manter 
essas referências ou produzir novos sentidos identitários, desde as relações com seus pares e até 
mesmo com o grupo de convívio social mais externo ao seu núcleo.
Como dito anteriormente, esse modo de ser reflete uma atitude típica presente na crise 
normal da adolescência, que enreda uma “tarefa fundamental” da fase, qual seja, constituir-se 
no grupo e dele diferir para tornar-se sujeito de fato. É um momento de intensos conflitos e de 
salutar passagem, desde que se estabeleça uma passagem com tempos definidos para seu início, 
meio e fim.
1.3 Depressão
A depressão também é uma doença que possui vários níveis e intensidades e que se confunde 
facilmente com as características do período da adolescência. Algumas vezes, não raras, o estado 
depressivo do adolescente é caracterizado de maneira branda, como sendo uma leve alteração de 
humor, negligenciando um estado inicial de adoecimento do sujeito.
A expressão desse sofrimento é manifestada por tristeza, isolamento, retraimento e lentidão 
associadas a acessos de pessimismo e desesperança. Esses comportamentos farão parte de 
um processo de psicodiagnóstico, quando analisados por um profissional da área da saúde e 
identificada sua persistência durante um tempo relativamente significativo na vida dos sujeitos, 
de modo que influenciem de maneira limitante a sua rotina diária.
Outra manifestação de um estado depressivo inclui a instabilidade de humor: ora o sujeito 
apresenta-se de maneira triste e isolada, descolada de seu entorno, ora vivencia um estado de 
euforia e mania tão exacerbados que o faz acreditar que é capaz de mudar o mundo por meio 
de suas palavras e ações. O sujeito assume assim um protagonismo que o faz parecer protegido 
diante de todo e qualquer perigo real, podendo, inclusive experimentar situações de risco 
potencial, por exemplo: exposição a situações de conflitos e violência, uso abusivo de álcool e 
outras drogas sem pensar nas consequências que seus atos podem trazer.
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1.4 Estados psicóticos
Dentre os estados psicóticos mais comuns, a esquizofrenia é uma patologia que pode ter o 
surgimento no momento da adolescência, porém, há indicativos de fatores de risco que apontam 
para um histórico proveniente do contexto familiar e de vulnerabilidades antecedentes a essa fase 
do ciclo vital. Há de se levar em consideração o histórico de familiares com a doença, questões 
de saúde da mãe e do feto durante a gravidez, como também do próprio nascimento e uso de 
substâncias que podem interferir no desenvolvimento biopsicossocial dos sujeitos.
Para o reconhecimento dessa patologia, é necessário atentarmos para possíveis situações 
presentes desde a infância, cuja observação é de extrema importância: os estados de atenção 
e concentração nos contextos social e escolar, as oscilações de humor e os comportamentos 
evasivos que denotam forte irritabilidade e ansiedade sem causas aparentes.
Dumas (2011), Braconnier e Marcelli (2007) apresentam três eixos específicos para a análise 
de evolução das situações descritas acima, a saber: debilidade psicomotora, desorganização do 
pensamento e distorção da realidade. Veja detalhes sobre cada uma delas clicando abaixo.
• A debilidade psicomotora inclui um empobrecimento acentuado das atividades verbais.
• A desorganização do pensamento mostra-se por uma pobreza simbólica que impede ou 
dificulta a relação social entre interlocutores; há predomínio de um pensamento ilógico, 
ou seja, descolado da realidade e com relaxamento das associações de ideias presentes 
na narrativa dos sujeitos.
• Por fim, a distorção da realidade é a expressão dos sentidos e sentimentos afetados pelas 
experiências de delírios e alucinações vivenciadas pelos sujeitos, que constroem para si 
“um mundo à parte”, com um sistema lógico próprio e que responde às demandas do 
universo psíquico.
2 MATURIDADE: CONCEITOS E MITOS
Para a compreensão e análise do que hoje se apresenta como maturidade, faz-se necessária 
a sua contextualização histórica considerando sua constituição como objeto e efeito de diversas 
teorias que a tomam, ao mesmo tempo, como área específica do conhecimento e fenômeno do 
desenvolvimento humano.
Desse modo, para conceituarmos maturidade, recorremos a diversos campos de leitura, e cada 
um deles evoca uma série de outros sentidos que não conseguem abarcar ou esgotar uma dimensão 
específica sem deixar de tocar na complexa rede de definições já elaboradas sobre o tema.
Apesar da tentativa de determinar a maturidade através de um viés cronológico que a localize 
em um determinado tempo específico de incidências de experiências vitais para os sujeitos 
38
que vivenciam a fase em questão – período posterior à passagem da adolescência e anterior à 
velhice, ou seja, mais ou menos entre 18 anos e 60 anos de idade –, sua definição depende de 
fatores relacionados a classe social, suas circunstâncias familiares específicas e demais fatores 
indiretamente envolvidos às faixas etárias acima apresentadas.
Figura 1 - Transformações da maturidade 
Fonte: Ollyy, Shutterstock, 2020.
#ParaCegoVer: A imagem apresenta as transformações do jovem adolescente sofridas com a 
passagem tempo para se atingir a maturidade. Como exemplo, podemos ver essas mudanças na 
vestimenta e posturas corporais aqui representadas.
Por exemplo, o conceito já consolidado de “adolescência estendida”: característica de um 
grupo de pessoas que, apesar de estarem com seus 24 anos de idade, convivem e dependem 
financeira e economicamente de sua família, não possuem uma relação produtiva de trabalho 
nos moldes da geração de seus pais, não estão formalmente empregados, ou simplesmente 
oscilam entre cargos e funções e não estão “interessados” nas questões inerentes ao estágio 
da maturidade humana. Esses sujeitos ainda têm dificuldade de apresentarem-se socialmente 
responsáveis, por si e pelos demais integrantes de seu grupo familiar; de serem compreensivos 
e reflexivos, estando harmoniosamente integrados às normas e valores sociais e conscientes de 
seus limites e potencialidades.
Essas vivências são frutos de um determinado momento histórico e fazem parte de uma 
cultura também tão singular que transforma a maturidade em um “acontecimento” quase 
impossível de ser analisado em outros contextos que não o de sua origem.
A visão que temos e criamos sobre a maturidade é fruto de crenças, valores e conhecimentos 
acumulados e conquistados no transcorrer da história humana, os quais nos servem de guias 
para compreender e formular hipóteses e chaves de leituras que tentam responder questões 
elementares postas em termos filosóficos, desde o início desta história até os dilemas da finitude 
39
por nós experimentados.
Desse modo, essa visão deve ser entendida como fruto da compreensão biológica, social, 
psicológica e filosófica do nosso tempo e da composição das ideias e pensamentos que nos 
chegam através do compartilhamento da história humana, que tentam explicar quem é esse ser 
em constantes transformações, qual a sua tarefa sobre a terra, que consequências suas ações 
produzem na manutenção ou degradação do meio onde vive, etc.
Como exemplo, Erick Erickson (apud HALL; LINDZEY; CAMPBELL, 2000), autor psicanalista 
que veremos mais adiante, aponta como maturidade um processo que se inicia aos 18 anos, 
compreendendo um intervalo inicial até os 35 anos, com a vivência de conflitos socioemocionais 
específicos dessa fase. A conquista da maturidade adultaainda passaria por mais dois conflitos 
psicossociais até alcançar, com 55 anos ou mais, a conquista da maturidade propriamente dita.
Vale lembrar que, junto aos esforços teóricos e conceituais criados para responder e 
determinar as características de um fenômeno tão complexo e multifatorial como a concepção de 
maturidade e suas diversas nuances multiculturais, estão incertezas e imprecisões. A maturidade 
será intimamente marcada pelo momento histórico experimentado pelos agrupamentos 
humanos, produtos e produtores de características e valores que lhes servirão de parâmetro para 
a análise e enquadre do nível de desenvolvimento dos sujeitos conviventes desse contexto.
Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:
2.1 Leituras psicanalíticas da maturidade
Clique nas abas abaixo e conheça o pensamento de Freud e Young sobre a maturidade.
Freud
Para Freud (apud HALL; LINDZEY; CAMPBELL, 2000), criador da Psicanálise e do conceito de 
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inconsciente, a questão do desenvolvimento humano ocorre por meio das fases psicossexuais, 
as quais possuem correspondência direta aos aspectos biológicos, servindo de suporte para a 
vivência e constituição da dimensão psíquica dos sujeitos.
Esse autor apresenta uma visão determinista e universal do desenvolvimento humano na 
medida em que estamos todos sujeitos às passagens das fases psicossexuais, independentemente 
da cultura e da história de vida de cada indivíduo. Sua teoria enfatiza que cada fase do 
desenvolvimento nossa energia libidinal se volta para um aspecto específico do corpo biológico, 
demarcado pelas zonas erógenas que emanam desejos, os quais deverão ser expressos e 
organizados de maneira adequada para a posterior construção de um aparelho psíquico capaz de 
lidar de maneira positiva com as frustrações e adequando-se às exigências da vida em sociedade.
Para entendermos como a leitura psicanalítica freudiana concebe a maturidade diante do 
desenvolvimento psíquico humano, faz-se necessário compreender que cada fase apontada por 
ele é uma peça essencial para a composição integrada da psiquê adulta do homem maduro. 
Desse modo, a maturidade como período ideal de realizações é intrinsecamente marcada pelas 
vivências realizadas nessas fases.
A título de conhecimento, as fases psicossexuais descritas por Freud são: fase oral, fase anal, 
fase fálica, período de latência e fase genital. A maturidade não é uma fase a ser alcançada pela 
passagem cronológica do tempo; se as fases anteriores correspondem a aspectos específicos do 
corpo biológico, nesse momento, o que está em evidência é a capacidade do sujeito organizar 
e expressar sua produtividade psíquica para amar, trabalhar e ter momentos de lazer, consigo 
mesmo e com os demais. Assim, uma das expressões de resolução dos conflitos psicológicos 
inerentes na economia de energia libidinal é a escolha de um objeto de amor, ou seja, um parceiro 
escolhido a partir de referências inconscientes, com qualidades que remetem às figuras parentais, 
porém que deles se diferem para o exercício da sexualidade. Freud aponta que somos marcados 
por essas escolhas, desde o momento em que vivenciamos a fase fálica, em torno de 3 a 5 anos e, 
posteriormente, na fase genital, quando, de fato, iremos potencialmente realizar a escolha desse 
objeto de amor.
Nesse sentido, a maturidade para Freud está intimamente relacionada aos aspectos infantis 
do desenvolvimento que ficaram gravados no campo inconsciente, e é deles que nos apropriamos 
para decidir, escolher e determinar os caminhos trilhados na maturidade.
Young
Jung, apesar de discípulo de Freud, diverge no entendimento de como o sujeito adulto se 
constitui em sua dimensão psíquica, pois, para ele, o homem deve buscar a individuação entendida 
como unidade estável de um ser íntegro e distinto dos demais (apud HALL; LINDZEY; CAMPBELL, 
2000). Nesse caso, a infância não é determinante para as demais fases do desenvolvimento; 
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inclusive, é considerada como um momento de dependência do adulto, sendo assim de menor 
importância para a formação da personalidade adulta.
Para Jung, de acordo com Hall, Lindzey e Campbell (2000), a maturidade é a etapa de maior 
valor na organização da vida psíquica dos sujeitos, uma vez que, a partir dela, o autor conceitua 
o desenvolvimento humano como sendo a possibilidade do mesmo se apropriar da sua história a 
partir da rede cultural ancestral a que está inconscientemente ligado.
Quando utilizamos a expressão rede cultural ancestral estamos nos referindo ao conceito 
de inconsciente coletivo, uma das suas diferenciações da leitura psicanalítica freudiana, que 
se refere, justamente, à compreensão simbólica pautada na valorização das experiências e 
construções culturais reveladas pela ancestralidade dos feitos humanos.
Nesse sentido, a leitura junguiana a respeito da puberdade como os primórdios da 
personalidade, apresenta a necessidade do adolescente diferenciar-se dos pais, através do 
exercício da sexualidade e do enfrentamento dos conflitos presentes na vida social (HALL; 
LINDZEY; CAMPBELL, 2000). A partir dos 30 anos, para esse autor, ocorre a vivência do que irá 
denominar de crise da meia idade; ou seja, para ele, as pessoas nessa idade já tiveram condições 
de se estabelecer no âmbito profissional e amoroso, porém, a preocupação que se coloca é com 
relação ao significado da existência e o propósito de vida. Contrária ao período de extroversão da 
adolescência, a maturidade requer um movimento de introversão para que os sujeitos possam 
se conectar às suas ancestralidades a fim de desenvolver uma personalidade sadia e integrada, 
atingido a plenitude de si mesmo.
Uma outra contribuição importante da leitura psicanalítica a respeito da maturidade é 
apresentada por Erick Erickson, que compreende o homem em suas dimensões psicossociais.
Segundo Campos (2002, p. 85), o desenvolvimento para Erickson é considerado como “[...] 
um processo evolutivo baseado em uma sequência de eventos biológicos, psicológicos e sociais, 
universalmente experimentados, e envolve um processo autoterapêutico de cura das cicatrizes 
criadas pelas crises naturais e acidentais, inerentes ao desenvolvimento.”
Assim, Hall, Lindzey e Campbell (2000) apresentam a teoria de Erickson, apontando para oito 
estágios psicossociais pelos quais passa o indivíduo em desenvolvimento. Cada estágio traz um 
conflito específico a ser vivenciado, que pode ser respondido de maneira positiva ou negativa. 
Se respondido de maneira positiva, há um fortalecimento do ego em desenvolvimento e a força 
básica ou virtude do estágio é também desenvolvida de modo satisfatório, favorecendo ao sujeito 
a passagem para o conflito estabelecido no estágio posterior. Por outro lado, se respondido de 
maneira negativa, o ego incorpora o modo negativo do conflito, impedindo a passagem para o 
estágio seguinte.
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Clique abaixo para conhecer estágios e seus respectivos conflitos de acordo com essa leitura.
• Maturidade
A maturidade tem seu início marcado dos 18 aos 35 anos de idade, quando o sujeito vivencia 
a idade jovem adulta. O conflito a ser trabalhado é a intimidade X isolamento e a força básica é 
o amor.
• Idade adulta
A idade adulta, que corresponde dos 35 aos 55 anos, apresentará como conflito a díade 
preocupação com as próximas gerações X estagnação, e a força básica é o carinho.
• Velhice
A maturidade e velhice, vivenciada a partir dos 55 anos, terá como conflito a integridade X 
desespero e como força básica, presente, a sabedoria.
Essa teoria se apresenta bem ilustrativa de como, de fato, esses conflitos se apresentam nas 
preocupações vitais dos sujeitos que, dependendo de como são trabalhadas nas circunstâncias de 
vida, irão potencializar ou frustrar os sentidos existenciais dos mesmos.
3 AS TRANSFORMAÇÕES DA VIDA ADULTA
Entende-se que, ao chegar na vida adulta, o sujeito tenha vivenciado um universo de 
instabilidades afetivas, psicossociais, orgânicas, dentre tantas outras, advindas do período da 
adolescência. Com isso, espera-se

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