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Psicologia do Desenvolvimento

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85
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO: CICLO VITAL
Nessa segunda Unidade, vamos estudar a passagem da primeira etapa para a segunda etapa da 
vida, desde a adolescência até o período adulto do desenvolvimento humano, finalizando com o 
envelhecimento e a morte.
5 O DESENVOLVIMENTO NA ADOLESCÊNCIA
5.1 Desenvolvimento físico do adolescente de 12 a 18 anos
“(... O espelho...) Aquele era seu pior inimigo. O mais cruel, o mais cínico, o mais sem piedade. 
Um inimigo que falava a verdade”.
A adolescência tem sido um tema de grande interesse na sociedade contemporânea. As características 
dessa fase, tanto biológicas quanto psicológicas, têm sido descritas em inúmeras obras e por diversos 
autores. Nesse sentido, é preciso fazer uma distinção entre a puberdade e a adolescência, como 
ponto de partida para o início dessa discussão, pois tais processos, embora intimamente ligados, não 
devem ser confundidos, porque não são exatamente simultâneos e em alguns aspectos chegam a ser 
completamente independentes. 
Assim, primeiramente, é importante que se faça distinção entre puberdade e adolescência. 
Puberdade está ligada às modificações biológicas que se passam nessa fase, assinaladas por 
dois tipos gerais de mudanças físicas: o primeiro é relativo ao aumento no peso, na altura, na 
gordura e nos músculos corporais e o segundo está ligado à maturação sexual e ao desenvolvimento 
das características sexuais secundárias (como pelos faciais e corporais e o crescimento dos seios 
nas meninas, entre outros). Um indício de amadurecimento sexual na puberdade para os meninos 
é a produção de espermatozoides vivos e para as meninas é a menarca, isso ocorre em termos 
médios por volta dos 12 aos 15 anos.
Nessa fase há o estirão do crescimento, os púberes podem crescer de 7 a 15 centímetros por ano 
e também ganhar muito peso rapidamente. Alguns indivíduos, inclusive, sentem muitas dores devido ao 
crescimento acelerado, a chamada dor do crescimento. 
O corpo do púbere e do adolescente não cresce de forma homogênea: as mãos e os pés crescem 
antes, até atingir o tamanho final, a seguir vêm os braços e as pernas. Portanto, o corpo do indivíduo 
passará por várias transformações até o final da adolescência (Gerrig; Zimbardo,2005).
Unidade II
86
Unidade II
Figura 23 – Signo do espelho
Disponível em: https://shre.ink/2cqR. Acesso em: 15 set. 2011.
 Lembrete
Para Wallon (apud Almeida; Mahoney, 2000), o adolescente se sente 
desorientado com essa mudança, por isso examina‑se constantemente no 
espelho; a isso ele chamou de signo do espelho.
A adolescência diz respeito às transformações psicossociais que acompanham o processo 
biológico. No entanto, o início da adolescência pode coincidir ou não com a puberdade. Há casos 
em que a puberdade antecede a adolescência, quando, por exemplo, um indivíduo tem o corpo 
completamente desenvolvido, mas ainda pensa e age como criança; ou o contrário, há casos em que 
a adolescência antecede a puberdade, quando, por exemplo, uma garota sofre intensamente porque 
já pensa como uma adolescente e age como adolescente, mas seu corpo é de menina, muitas vezes, 
acha que os seus seios nunca se desenvolverão ou nunca menstruará etc. (Osório, 1992).
As alterações físicas da puberdade são inter‑relacionadas com os outros aspectos psicossociais 
do desenvolvimento e tendem a fazer com que os adolescentes destinem uma grande atenção à sua 
aparência física. As transformações físicas e a importância da aceitação por parte dos outros fazem com 
que o adolescente se preocupe demasiadamente com a sua imagem corporal. 
87
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO: CICLO VITAL
 Observação
As mudanças fisiológicas femininas na adolescência são: crescimento 
dos seios, crescimento dos pelos pubianos, crescimento corporal, menarca, 
pelos axilares, aumento na produção das glândulas sebáceas e sudoríparas 
(o que pode causar acne).
O final da puberdade se caracteriza pelo amadurecimento gonodal e o fim do crescimento esquelético, 
o que ocorre em torno dos 18 anos.
Já o final da adolescência não é tão claramente demarcado, porque está inter‑relacionado com 
fatores socioculturais. De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), adolescente é o 
indivíduo que tem idade entre 12 e 18 anos.
Segundo Osório (1992), para o indivíduo finalizar a adolescência, deve preencher as seguintes condições: 
estabelecimento de uma identidade sexual e possibilidade de estabelecer relações afetivas estáveis; 
capacidade de assumir compromissos profissionais e manter‑se (independência econômica); aquisição de 
um sistema de valores pessoais; relação de reciprocidade com a geração precedente (sobretudo com os pais). 
Em termos etários, isso ocorreria por volta dos 25 anos na classe média dos grandes centros brasileiros, com 
variações para mais ou para menos de acordo com as condições socioeconômicas da família do adolescente.
Exemplo de aplicação
Levante informações por meios tradicionais ou eletrônicos sobre a universalização do início da 
puberdade para todos os povos. Cabe destacar que, segundo Osório (1992), em condições de normalidade 
física, a puberdade tem seu início cronológico coincidente em todos os povos e latitudes, com raríssimas 
exceções, como, por exemplo, os pigmeus, que são púberes aos 8 anos de idade e cuja expectativa de 
vida também é bem menor do que no restante da espécie humana.
Analise a seguinte situação: Maria completou 11 anos de idade há três meses e acaba de menstruar 
pela primeira vez. Sua mãe está preocupada, visto que além do início da menstruação Maria vem 
apresentando outras mudanças corporais: aumento dos seios e aparecimento de pelos pubianos. A mãe 
acredita que a menina está atravessando a puberdade precocemente, pois em si mesma só observou 
mudanças corporais semelhantes às da filha no final de seus 13 anos de idade.
Como você explicaria para a mãe de Maria o que está acontecendo com sua filha?
Maria e sua mãe desenvolveram‑se de modo saudável, pois a puberdade, de maneira geral, pode 
ocorrer entre os 6 e 16 anos (ou 16,5) de idade. E a menarca, em média, aparece entre os 10 e 16 
(ou 16,5) anos de idade. É importante destacar que a puberdade se trata de um fenômeno universal, 
portanto é possível delimitar com exatidão o seu início, como nos casos de Maria e sua mãe. No entanto, 
não seria possível fazer o mesmo no que diz respeito ao fenômeno da adolescência, uma vez que este 
depende do contexto sociocultural no qual o sujeito está inserido.
88
Unidade II
5.2 Desenvolvimento cognitivo do adolescente de 12 a 18 anos
O desenvolvimento cognitivo do final da infância à fase adolescente se caracteriza pelas seguintes 
mudanças: de esquemas conceituais e operações mentais referentes a objetos e situações concretas 
para a formação de esquemas conceituais abstratos (amor, fantasia, justiça etc.), realizando com eles 
operações mentais formais (o abstrato sem a necessidade do concreto).
Segundo Jean Piaget (1967), o indivíduo a partir dos 12 anos desenvolve as operações formais. 
Para Piaget, o adolescente é um indivíduo que constrói sistemas e teorias, liga soluções de problemas 
por meio de teorias gerais, das quais se destaca o princípio. Tem facilidade de elaborar teorias abstratas 
que transformam o mundo, em um ponto ou em outro.
Nesse período, o pensamento é formal/hipotético‑dedutivo, isto é, o indivíduo é capaz de deduzir as 
conclusões de puras hipóteses e não somente por meio de uma observação real. Envolve uma dificuldade 
e um trabalho mental muito maiores que o pensamento operacional‑concreto.
Exemplo de aplicação
 O adolescente é capaz de levantar hipóteses e deduções em nível puramente abstrato; isso se 
inicia nessa fase e vai acompanhá‑lo na vida adulta. Lançamos um desafio a você: tente resolver o 
enigma a seguir. 
Em uma de suas provas, para verificar em que período do desenvolvimento cognitivo se encontra 
uma criança, Piaget propôs a seguinte questão: há três meninas: Edith, Suzana e Lili. Elas diferem pela 
cor de seus cabelos;os de Edith são mais claros que os de Suzana e ao mesmo tempo mais escuros que 
os de Lili. Qual das três tem os cabelos mais escuros? É necessário um pequeno raciocínio, que não é 
imediato, mesmo para o adulto, para achar a resposta. A fim de se chegar à solução dessa questão é 
preciso, entre outros, que o adolescente possa fazer uma discussão interiorizada, e ela marca o início de 
outro tipo de reflexão, que até então não era possível.
Após os 11‑12 anos, as operações lógicas começam a ser transpostas do plano da manipulação 
concreta para o das ideias, sem o apoio da percepção, da experiência, nem mesmo da crença. Assim, o 
adolescente é capaz de lidar com conceitos como liberdade, justiça etc.
Logo, o marco das operações formais é a libertação do pensamento.
As operações formais fornecem ao pensamento um novo poder, que é o de construir a seu modo as 
reflexões e teorias, ou seja, há a libertação do pensamento. Daí pode se entender porque os adolescentes 
gostam tanto de elucubrar, devanear, são capazes de passar horas pensando. 
89
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO: CICLO VITAL
O egocentrismo intelectual do adolescente manifesta‑se pela crença na onipotência da reflexão, como 
se o mundo devesse submeter‑se aos sistemas e não estes à realidade. O equilíbrio é atingido quando a 
reflexão compreende que sua função não é contradizer, mas se adiantar e interpretar a experiência.
Essa nova capacidade de pensamento traz implicações para o desenvolvimento da personalidade e 
as suas relações sociais.
De acordo com Piaget (1967), a personalidade começa a se formar no fim da infância (8‑12 anos) com 
a organização autônoma das regras, dos valores e a afirmação da vontade. Esses aspectos subordinam‑se 
em um sistema único e pessoal e vai exteriorizar‑se na construção de um programa/projeto de vida.
 Lembrete
Para Griffa e Moreno (2001), há três fases na adolescência: adolescência 
inicial (11 a 13 anos); a adolescência propriamente dita ou média (12‑13 a 16 anos); 
e a adolescência final ou alta adolescência (16 a 18 anos).
Os sistemas ou planos de vida dos adolescentes são cheios de sentimentos generosos, de projetos 
altruístas ou de fervor místico e de inquietante megalomania e egocentrismo. Lembre‑se dos grandes 
movimentos sociais, todos têm os adolescentes como atores, como o Movimento Estudantil, as Diretas 
Já, os Caras Pintadas, entre outros.
Muitas vezes, o adolescente pretende inserir‑se na sociedade dos adultos por meio de projetos, 
de programas de vida, de sistemas frequentemente teóricos. A verdadeira adaptação à “sociedade 
vai se fazer automaticamente, quando o adolescente, de reformador, transformar‑se em realizador” 
(Piaget, 1967, p. 69).
Analisemos, então, o seguinte argumento de Guilherme (14 anos) à luz da teoria piagetiana:
Tenho certeza de que com minhas ideias serei eleito. Devo ser o mais votado 
para presidente de meu país. E acredito que com o passar do tempo, após 
executar todos os meus planos, com certeza, haverá no futuro, uma estátua 
minha, numa das principais praças da capital de meu país.
Guilherme pensa dessa forma porque nessa fase, como muitos outros adolescentes, ele apresenta 
a capacidade para criticar o sistema social, propor novos códigos de conduta, discutir valores morais e 
construir os seus próprios, em função da autonomia no pensamento, recentemente conquistada. 
Nesse sentido, o estágio operatório formal se caracteriza, entre outros, pela consecução de um sistema 
“pessoal”, um programa de vida. Nele, está presente também a construção de hipóteses, gosto pela 
discussão, apresentação de conceitos espaciais além do tangível finito. O adolescente, consciente de seu 
próprio pensar (reflete sobre ele), oferece justificações lógicas; busca identidade e autonomia. Além disso, 
atinge sua forma final de equilíbrio, podendo compreender doutrinas filosóficas ou teorias científicas.
90
Unidade II
5.3 Desenvolvimento psicossocial do adolescente de 12 a 18 anos
A adolescência e os adolescentes sempre foram malditos e sempre 
significaram inquietação. O próprio sentido do devir, da novidade, sempre se 
fez acompanhar de medo e de alguma resistência a esses movimentos 
de mudança. O mudar exige a capacidade de reelaborar sentimentos 
internos e reorganizar uma nova relação com os outros. É o desafio que 
a aventura da adolescência impõe ao adolescente e também às famílias! 
(Gameiro; Sampaio, 2002).
A grande questão que se apresenta na adolescência é: Quem sou eu? É uma fase na qual se enfrenta 
a crise de identidade. Por crise, entende‑se um ponto conjuntural necessário ao desenvolvimento, é o 
momento no qual o repertório que o indivíduo possuía entra em colapso, não é suficiente frente a novas 
demandas e, então, é necessária uma mudança desenvolvimental qualitativa. 
Identidade é a consciência que o indivíduo tem de si mesmo como “um ser no mundo”. Traz o 
sentimento de pertinência (o indivíduo pertence à família x, que tem determinadas características; é 
brasileiro, o que lhe confere outras tantas características; torce pelo time Z etc.) e de diferenciação (apesar 
de ter características específicas por pertencer a vários grupos, tem características que o tornam único). 
Construir a identidade implica formar uma autoimagem e integrar as ideias que se têm sobre si 
mesmo e os feedbacks que os outros emitem a seu respeito. 
Na busca da construção de sua identidade, o adolescente faz uma série de experimentações tentando 
identificar quem ele é.
Quando não se tem a definição de algo, parte‑se do contraste definindo‑se primeiramente o que 
não é. Pense, por exemplo, em uma fruta que você não conheça, suponha que você não conheça um 
kiwi, você poderia dizer: parece um tomate verde, mas é um pouco diferente; o gosto lembra morango, 
porém é mais doce; e assim sucessivamente. O mesmo faz o adolescente para definir sua identidade, 
por isso é muito frequente o adolescente querer experimentar uma série de esportes ou cursos para 
depois conseguir definir os mais compatíveis com ele. A escolha profissional é um dos grandes dilemas 
do adolescente, pois implica analisar e inter‑relacionar uma série de fatores e, entre inúmeras opções, 
escolher apenas uma. Evidentemente, esse não é um processo fácil e gera muita ansiedade.
Erikson (1974) definiu a adolescência como um período de moratória no qual a pessoa necessita de 
tempo e energia para representar papéis diferentes e viver com autoimagens também diferentes. Assim, 
para o autor, o dilema dessa fase é identidade versus confusão de papéis. A resolução dessa crise 
contribui para que o indivíduo desenvolva um senso de autoidentidade, de coerência interna. Por outro 
lado, aqueles que não conseguem atingir uma identidade coesa apresentarão uma confusão de papéis. 
São pessoas que no geral não sabem quem são ou o que querem para a própria vida, não sabem que 
trajetória seguir em termos de escolha profissional, vida afetiva etc. 
91
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO: CICLO VITAL
Segundo Erikson (1974), a força básica que deveria se desenvolver durante a adolescência é a 
fidelidade, que surge de uma identidade de ego coesa e engloba sinceridade, genuinidade e um senso 
de dever nos relacionamentos com as outras pessoas.
Exemplo de aplicação
 Faça uma pesquisa através de meios tradicionais ou eletrônicos sobre alguns poemas, 
poesias ou pensamentos de grandes escritores ou filósofos que discutem a adolescência. Em 
seguida, procure identificar e relacionar o material pesquisado aos conceitos fundamentais que 
caracterizam tal fase.
Considerando a obra de Griffa e Moreno (2001) sobre a adolescência, podem‑se destacar os 
seguintes conceitos:
• A fragilidade e a instabilidade emocionais, que caracterizam os estados afetivos típicos da 
adolescência, aparecem retratadas no texto anteriormente mencionado.
• Pode ser observada uma descrição do processo puberal, deflagrado pelas transformações 
biológicas que marcam a passagem da infância para a idade adulta.
• A flutuação do humor e dosestados de ânimo faz parte do que Knobel denominou “síndrome 
da adolescência normal”, uma vez que, segundo ele, os adolescentes atravessam desequilíbrios e 
instabilidades extremos.
Osório (1992) contribui para a ampliação da compreensão da adolescência, evidenciando algumas 
de suas características. 
Características do processo psicossocial da adolescência
• Redefinição da imagem corporal – perda do corpo infantil e da consequente aquisição do 
corpo adulto. 
• Culminação do processo de separação/individuação dos pais da infância. 
• Elaboração de lutos referentes à perda da condição infantil.
• Estabelecimento de uma escala de valores ou código de ética próprio.
• Busca de pautas de identificação no grupo de iguais.
• Estabelecimento de um padrão de luta/fuga no relacionamento com a geração precedente.
92
Unidade II
• Aceitação dos ritos de iniciação como condição de ingresso ao status adulto.
• Assunção de funções ou papéis sexuais auto‑outorgados, ou seja, consoantes a inclinações 
pessoais (homossexuais) independentemente das expectativas familiares e eventualmente até 
mesmo das imposições biológicas do gênero a que pertence (Osório, 1992).
Redefinição da imagem corporal – perda do corpo infantil e da consequente aquisição do 
corpo adulto 
Como discutido anteriormente, o corpo do adolescente é um corpo que passa por várias mudanças 
sob as quais o adolescente não tem o menor controle, isso pode gerar muita ansiedade e dificuldade na 
redefinição da nova imagem corporal. 
Além disso, é importante lembrar que a partir desse novo corpo há uma série de mudanças nas 
interações sociais do adolescente. Por exemplo, a filha que estava acostumada a se sentar no colo do 
pai agora começa a perceber que seu pai a evita ou fica constrangido. O garoto que estava acostumado 
a andar de cueca pela casa é orientado a não fazer mais isso, na frente de sua irmã menor, por exemplo. 
Ou, ainda, a menina que podia usar saias curtas e sentar‑se no chão, a partir da adolescência ouve 
que “uma mocinha não se comporta assim...”. Entre outras, essas são algumas das situações cotidianas 
que ilustram o quanto as alterações corporais do adolescente reverberam na sua vida como um todo e 
implicam perdas e ganhos. Como explicitado aqui, ocorre a perda de um corpo infantil que podia fazer 
uma série de coisas que o corpo adolescente não pode. O adolescente tem que se adaptar frente a essas 
perdas e aquisições. 
 Observação
A preocupação excessiva com a imagem corporal pode levar o 
adolescente a distúrbios alimentares, desde a obesidade pela pouca 
atividade física e maus hábitos de alimentação até padrões anormais de 
ingestão de alimentos para controle de peso (anorexia e bulimia). 
Segundo Osório (1992), as roupas têm uma importância peculiar para o adolescente, porque 
são vistas como a extensão do próprio corpo. Dessa forma, o adolescente não tem controle sobre o 
desenvolvimento, funcionamento ou aparência do seu corpo, mas tem controle sobre suas roupas, que 
de alguma forma o identificam.
Culminação do processo de separação/individuação dos pais da infância 
De acordo com os capítulos anteriores, é possível notar que a criança parte de uma relação simbiótica/
fusionada com os pais, na qual não há distinção de onde começa um ou o outro para uma crescente 
discriminação. Na adolescência, o indivíduo tenta separar‑se, diferenciar‑se para definir a sua própria 
identidade, daí várias atitudes de oposição dos filhos contra os pais.
93
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO: CICLO VITAL
Elaboração de lutos referentes à perda da condição infantil
Da mesma forma que o adolescente deve adaptar‑se ao seu novo corpo, também é preciso que se 
adapte à condição de adolescente, ou seja, aos novos papéis, às novas expectativas, responsabilidades 
etc. Na condição infantil, o indivíduo tem um número reduzido e/ou qualitativamente diferente de 
responsabilidades e cobranças por parte dos pais e da sociedade em geral. É preciso que aja um ajuste 
frente à perda da condição infantil. 
É importante salientar que todos esses ajustes implicam também transformações na própria família; 
é muito comum, por exemplo, em sessões de terapia familiar aparecer frases como: “Dá para você falar 
para os meus pais se decidirem se eu sou criança ou adolescente? Porque na hora de fazer alguma coisa 
eu já sou adolescente e tenho que me responsabilizar pelas coisas. Na hora de ir para balada, ainda sou 
criança...”. Ou seja, os pais também vivem o luto pela perda do filho criança.
Estabelecimento de uma escala de valores ou código de ética próprio
Durante os anos infantis os valores e a ética da criança são correspondentes aos dos pais. Os pais 
são figuras idealizadas, “heróis”, sabem tudo, podem tudo. Na adolescência, o indivíduo se depara com 
a “humanidade” dos pais, começa a reconhecer seus erros e incongruências e, por outro lado, amplia 
seu universo extrafamiliar, entrando em contato com outras realidades, outros valores etc. E, assim, vai 
construindo o seu próprio código de ética.
Busca de pautas de identificação no grupo de iguais
Uma vez que os pais deixaram de ser as figuras de referência, os amigos passam a ter essa 
função, é comum ouvir adolescentes falando: “Só os meus amigos me entendem”. Segundo Osório 
(1992, p. 20), o grupo de iguais funciona como “uma caixa de ressonância ou continente para as 
ansiedades existenciais do adolescente.
Estabelecimento de um padrão de luta/fuga no relacionamento com a geração precedente
Existe esse padrão de comportamento de luta/fuga exatamente devido à necessidade do adolescente 
de se diferenciar de seus pais, construir a própria identidade, que o diferencie dos demais. Portanto, o 
comportamento interpretado muitas vezes como rebeldia é na verdade esperado e faz parte da crise 
normativa desse período desenvolvimental. 
Aceitação dos ritos de iniciação como condição de ingresso ao status adulto
Os rituais são manifestações sociais que ajudam na elaboração de diferentes momentos de transição 
do ciclo vital. Vários são os rituais que marcam a transição entre a infância e a vida adulta, em nosso meio 
podem‑se destacar: a viagem da oitava série e da conclusão do Ensino Médio, o baile de debutantes, 
entre outros.
94
Unidade II
Assunção de funções ou papéis sexuais auto‑outorgados
Isto é, consoantes a inclinações pessoais (homossexuais) independentemente das expectativas 
familiares e eventualmente até mesmo das imposições biológicas do gênero a que pertence. Na 
adolescência a sexualidade e a definição da orientação sexual são temas centrais no desenvolvimento 
e corroboram para a definição da identidade. É fácil observar, nas situações diárias, o quanto o 
comportamento do adolescente é recorrentemente voltado para questões inerentes à sexualidade.
Quando se pensa nas interações sociais que ocorrem nessa fase, é preciso salientar que na maioria 
dos casos há uma tendência para a dissolução dos grupos de meninas (Turma da Luluzinha) e meninos 
(Turma do Bolinha). Portanto, formam‑se os grupos mistos e, posteriormente, no decorrer dessa fase, 
há a formação de casais. Como já mencionado, os grupos de amigos são muito importantes e exercem 
uma forte influência recíproca, podendo ser traduzida muitas vezes como uma “grande pressão sobre 
os companheiros”.
Figura 24 – Grupo de amigos na adolescência
Disponível em: https://shre.ink/2cq9. Acesso em: 15 set. 2011.
O adolescente é impulsivo e tende a se perceber com indestrutível e ilimitado, por isso os grupos 
de adolescentes se envolvem em atividades que checam todos os limites de resistência, coragem, 
capacidade etc., como os esportes radicais, as disputas de “rachas”, entre outros. 
Assim sendo, frequentemente o adolescente transfere a relação fusionada que mantinha com os 
pais para os amigos ou namorado(a). Quer dizer, os adolescentes vivem as relações como se fossem uma 
só: um só desejo, uma só necessidade. Por isso, parecem ser comuns as explosões do adolescente por se 
95
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO:CICLO VITAL
sentir traído em suas relações afetivas ou com os amigos, como, por exemplo, quando um elemento de 
um grupo conversa com alguém que não faz parte desse grupo, isso pode ser interpretado como traição, 
provocando discussões ou brigas entre os membros do grupo.
Portanto, como já haviam identificado Aberastury e Knobel (1981), na adolescência o indivíduo tem 
que elaborar três lutos, a saber, luto pelo corpo infantil; luto pela identidade e papel infantil; luto pelos 
pais da infância. Ou seja, o adolescente terá que se reorganizar frente às perdas integrando as aquisições 
próprias dessa fase.
Entretanto, embora o período da adolescência seja frequentemente descrito como uma fase de 
“tempestade e tormenta”, cheia de revoluções, a maioria dos adolescentes não tem essa vivência, 
além disso, admiram os pais, confiam neles e lidam de uma forma positiva com os desafios dessa fase 
(Steinberg, 1990 apud Kail, 2004).
Renato Russo e Fê Lemos, por meio de uma música colocam a geração Coca‑Cola em uma posição 
de rebeldia, segundo Griffa e Moreno (2001), do tipo rebeldia transgressiva, indo contra as normas 
sociais, questionando‑as mediante um disfarce crítico.
Geração Coca‑Cola
Quando nascemos fomos programados
A receber o que vocês
Nos empurraram com os enlatados
Dos U.S.A., de nove às seis.
Desde pequenos nós comemos lixo
Comercial e industrial
Mas agora chegou nossa vez
Vamos cuspir de volta o lixo em cima de vocês.
Somos os filhos da revolução
Somos burgueses sem religião
Somos o futuro da nação
Geração Coca‑Cola. [...]
Trata‑se de uma rebeldia extrafamiliar, criticamente disfarçada porque acaba por levar o adolescente 
à prepotência de elaborar, inventar e impor uma ordem à sua própria imagem e conveniência. A 
consequência é uma atitude de negação e destruição de tudo que já existe. 
Portanto, consiste em ignorar as próprias raízes, a memória da sociedade, suas tradições e crenças. 
Assim, pela produção do vazio, sem passado e raízes, o adolescente fica à mercê da moda imposta pela 
mídia, que, como também não apresenta “o novo”, transforma o adolescente em conformista social, que 
é facilmente manipulável. Segundo Griffa e Moreno (2001), “a pretensa rebeldia, então, transforma‑se 
no pior tipo de submissão, em uma verdadeira escravidão”.
96
Unidade II
Os autores Bock, Furtado e Teixeira (2001) fazem uma análise da adolescência à luz da perspectiva 
sócio‑histórica em psicologia. Afirmam que, tanto no campo da psicologia do desenvolvimento quanto 
nas áreas de psicologia da educação e psicologia social, a adolescência tem sido apresentada dentro 
de uma concepção liberal, uma visão naturalizante. Nessa, o sujeito é tomado como independente, 
livre, racional e natural. Assim, o adolescente estaria sujeito às leis naturais, sendo ao mesmo tempo 
autônomo, capaz de usar a razão soberana. 
Tal posicionamento que grassa na maioria das obras da psicologia contemporânea postula 
características da adolescência como expressões da natureza humana, independentes da realidade 
material. Portanto, as práticas decorrentes dessa visão são curativas e paliativas e se propõem 
apenas a observar o trajeto do adolescente, cuidando para que ele siga o que está previsto pela 
natureza. Caso haja alguma alteração nessa caminhada, é preciso que o profissional de psicologia 
ou educação ajude o adolescente a se adaptar e voltar ao caminho. Portanto, as práticas são 
intervenções que contribuem para a adaptação do que está de antemão estabelecido pela 
sociedade vigente. 
Esse posicionamento de adaptação aponta para políticas públicas voltadas à juventude que não 
contribuem para desvelar as relações sociais e as formas de vida relacionadas à gênese das características 
da adolescência e se voltam exclusivamente à tolerância.
A referida autora alerta para a necessidade de compreensão da adolescência como uma fase de 
desenvolvimento constituída nas relações sociais e nas formas de produção da sobrevivência, o que 
leva necessariamente a uma ressignificação e à busca de novas maneiras de relacionamento que tenham 
no adolescente um parceiro social. Portanto, as ações, os comportamentos e os pensamentos dos 
adolescentes são fruto das relações sociais, das condições de existência e dos valores sociais que 
permeiam a cultura em que eles estão inseridos, e isso é responsabilidade de todos os que fazem parte 
de um conjunto social.
 Saiba mais
Conheça o caso de Sander Mecca e outros adolescentes lendo o texto 
indicado a seguir, que segue refletindo sobre os assuntos tratados. A partir 
dos referenciais teóricos propostos, compreenda por que adolescentes têm 
sido atraídos para o uso e a venda de drogas.
ANDOLFATO, G. K. Ecstasy conquista uma nova classe de usuários 
adolescentes no Brasil. The New York Times, 19 fev. 2009. Disponível em: 
https://shre.ink/2cgc. Acesso em: 15 set. 2011.
97
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO: CICLO VITAL
6 O DESENVOLVIMENTO DO ADULTO JOVEM (DE 20 A 40 ANOS)
Nesse tópico vamos estudar o adulto jovem, considerado o indivíduo que tem aproximadamente entre 
20 e 40 anos. É importante salientar que as idades sempre são parâmetros aproximados e condizentes 
com o momento sócio‑histórico de determinada sociedade. Por exemplo, em nossa sociedade o período 
da adolescência está cada vez mais ampliado. 
Pode‑se afirmar que os temas centrais da vida de um indivíduo dessa fase são: o amor, o trabalho e 
a ética. O adulto jovem não é mais onipotente como o adolescente, mas mantém muita energia em suas 
realizações, é uma idade de muitas produções. Ele adota uma ideologia e uma filosofia de vida; assume 
e responde pelas próprias escolhas e pelos seus compromissos. 
6.1 Desenvolvimento físico do adulto jovem
A vida adulta compreende o período em torno dos 20 aos 65 anos. Dessa forma, pode‑se observar nele 
que os aspectos físicos contemplam um continuum, que vai da plenitude física ao começo do declínio.
Exemplo de aplicação
 
Faça uma busca nos meios eletrônicos para levantar informações sobre o auge da carreira do jogador 
de futebol “Ronaldo Fenômeno”. Observe se o período é convergente com o auge do desenvolvimento 
físico, conforme os referenciais teóricos apresentados nesse tópico.
Na fase adulta jovem ou juventude, com relação aos aspectos físicos, a pessoa se encontra no 
auge das estruturas intelectuais e morais. Por volta dos 25 anos, há uma diminuição das mudanças 
fisiológicas, pois as funções do corpo já estão todas desenvolvidas. Na realidade, pode‑se afirmar que 
as funções corporais se encontram plenas, a força muscular está no seu ponto máximo, bem como a 
agudeza sensorial. Quanto à estatura, os homens costumam atingir sua estatura máxima por volta dos 
21 anos e as mulheres, em torno dos 18 anos.
O adulto jovem faz parte do grupo mais saudável da população. Por outro lado, as maiores 
causas de morte nesse período são principalmente acidentes e atos de violência, como homicídios 
ou suicídios.
 Observação
As causas de infertilidade são proporcionais entre homens e 
mulheres, boa parte desses casos poderia ser evitada se alguns cuidados 
fossem tomados durante o desenvolvimento até a idade adulta 
(É possível..., 2011). 
98
Unidade II
Se nessa fase ocorre o auge da vitalidade física, por que há tantos casos de infertilidade? Os estudos e 
as pesquisas sobre a vida adulta ainda são muito recentes, e, nesse sentido, já é notória a necessidade de 
uma ampliação dos mesmos. No entanto, pode‑se afirmar que o estilo de vida (exercícios, alimentação, 
sono etc.), o avanço da medicina, a ausência de guerras, melhores condições sanitárias e políticas de 
natalidade são fatores que ao longo do desenvolvimento humano interferiram positiva e negativamente 
nos diferentes eixos do ciclo vital. Assim, parece‑nos que a ampliação dos estudos e das pesquisas na 
fase adulta passa a ser cada vez mais importantes para a compreensão sobre os fenômenos que nela 
ocorrem, a fim de que se saiba a melhor maneira de intervir.
 Lembrete
O fumo é a principal causaevitável de morte em adultos, tanto para 
os fumantes como para as vítimas do fumo passivo – inalar a fumaça 
de outras pessoas.
6.2 Desenvolvimento cognitivo do adulto jovem
O raciocínio sobre questões religiosas é um aspecto do desenvolvimento cognitivo adulto, que tem 
despertado interesse em alguns pesquisadores. Tal como a moralidade, a fé é mais do que um processo 
cognitivo: ela envolve a pregação e provém da experiência e da educação religiosa. E como todas as 
formas de raciocínio e análise, a fé não é estática, mas se modifica com a vida e com os valores, sofrendo 
transformações à medida que a experiência se acumula (Berger, 2001, p. 321).
Como já foi afirmado anteriormente, esse período se caracteriza pelo auge das estruturas 
intelectuais. Além disso, geralmente se dá o início do trabalho e dos estudos superiores. Nesse 
momento, muitas pessoas começam a modelar seu projeto de vida, sua vocação, colocando suas 
decisões à prova ou alterando seu plano de vida.
Griffa e Moreno (2001) apresentaram um estudo longitudinal, em que acompanharam 300 estudantes 
com idades entre 25 e 35 anos. Os resultados apontaram para “uma tendência a se adaptar ao meio 
social, dedicar‑se ao trabalho e à família”. Outro aspecto importante observado é que essas pessoas 
apresentaram “pouca autorreflexão” e dedicação às atividades individuais; por outro lado, tiveram 
“maior autoexigência e menor autossatisfação”.
Percebe‑se que a maioria dos adultos jovens tem a necessidade de impor‑se, expandir‑se, com vistas 
ao êxito, à ascensão social. Portanto, essa fase se caracteriza por um pensamento de natureza mais 
complexa, em que são feitas as escolhas profissionais e vocacionais. 
Apesar de Piaget (1967) apresentar o estádio operatório formal como o ápice da realização 
cognitiva, há outros estudiosos que afirmam que a cognição se estende para além dessa etapa. 
Sinnott (1984 apud Papalia; Olds; Feldman, 2006) propõe que nessa fase o indivíduo desenvolve o 
pensamento pós‑formal, apresenta‑o como mais complexo que o pensamento formal descrito por 
99
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO: CICLO VITAL
Piaget. Argumenta, ainda, que as principais características desse pensamento são: a capacidade 
de lidar com incertezas, inconsistências, contradição, imperfeição e o compromisso. Trata‑se de 
um pensamento mais flexível e adaptativo.
 Lembrete
O pensamento pós‑formal, estágio superior de cognição adulta, pode 
ser compreendido como muito mais rico e complexo do que as manipulações 
intelectuais abstratas descritas por Piaget.
Nesse caso, a capacidade do adulto de lidar com incerteza, inconsistência, contradição, imperfeição 
e tolerância se dá por meio de um pensamento maduro que se baseia na experiência subjetiva, na 
intuição e na lógica. 
Exemplo de aplicação
 Busque informações nos meios tradicionais ou eletrônicos sobre a Inteligência Emocional, descubra 
quais são seus cinco domínios e procure saber a razão de ela ser tão importante para o êxito ao longo da 
vida. Em seguida, faça um levantamento das questões controversas e entenda por que ela é tão difícil 
de ser medida. 
Como os dilemas sociais são mais desestruturados e carregados de emoção, os adultos maduros 
tendem a recorrer ao pensamento pós‑formal. É preciso destacar que essas características se assentam 
em um desenvolvimento neurológico marcado pela formação de novos neurônios, sinapses e conexões 
dendríticas. Há também uma expansão das habilidades linguísticas, e os julgamentos morais podem se 
tornar muito mais complexos.
6.3 Desenvolvimento psicossocial do adulto jovem
Como mencionado na introdução desse tópico, o adulto jovem tem como eixo central de sua vida o 
amor, o trabalho e a ética. 
De acordo com Erikson (1974), no sexto estágio psicossocial, as pessoas vivem o dilema intimidade 
versus isolamento. O autor sinaliza que durante esse período o indivíduo estabelece a sua independência 
e começa a atuar como adulto, assumindo um trabalho produtivo e estabelecendo relacionamentos 
íntimos – amizades íntimas e uniões sexuais. Na opinião de Erikson (1974), a intimidade não se limita a 
relacionamentos sexuais, mas engloba também carinho e compromisso. 
100
Unidade II
Figura 25 – Relacionamento de intimidade
Disponível em: https://shre.ink/2cqr. Acesso em: 15 set. 2011.
A intimidade pressupõe que o indivíduo possa expressar suas emoções abertamente, sem medo 
de “se perder no outro”, isto é, sem medo de perder o senso de autoidentidade. Lembre‑se de que a 
árdua tarefa da adolescência foi definir a identidade, ou seja, o adulto jovem teme perder esse bem 
precioso. Um exemplo de frase típica da vivência desse dilema é: “... Eu amo meu namorado, quero ficar 
com ele, mas casar agora?! Não sei. Temo perder minha liberdade, ter que abrir mão de coisas que são 
importantes para mim...”. Essa frase ilustra que o indivíduo teme fundir a sua identidade com a de outra 
pessoa e, assim, ter que abrir mão da sua própria. Na intimidade supõe‑se uma troca interpessoal sem 
que haja a dissolução das respectivas identidades.
Nas relações de intimidade, as pessoas desenvolvem a capacidade de estabelecer de forma integral 
compromissos emocionais, morais e sexuais com outras pessoas. Esse tipo de compromisso exige que 
o indivíduo renuncie a algumas preferências pessoais, aceite algumas responsabilidades e abra mão de 
algum grau de privacidade e independência.
101
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO: CICLO VITAL
Figura 26 – Intimidade
Disponível em: https://shre.ink/2cWY. Acesso em: 15 set. 2011.
Os indivíduos que não conseguem estabelecer relações de intimidade desenvolvem uma 
sensação de isolamento, isto é, a incapacidade de se vincular a outros de forma psicologicamente 
significativa. São pessoas que mantêm relações superficiais, evitam contatos sociais, rejeitam as 
outras pessoas e podem até se tornar agressivos em relação a elas; preferem ficar sós porque 
temem a intimidade, que veem como uma ameaça à identidade do seu ego. Mas isolamento não 
é sinônimo de estar só ou ser solteiro, diz respeito à capacidade de entrega em uma relação. Há 
pessoas que estão solteiras ou sós e têm relações de intimidade, ao passo que há uniões conjugais 
em que existe isolamento.
Portanto, como foi exposto anteriormente, a capacidade de amar é um tema central na vida do 
adulto jovem e é corroborada por uma expectativa social, no sentido de ele assumir alguns papéis 
sociais, como escolher um parceiro e casar‑se. 
 Observação
O relógio social é o conjunto de normas ou expectativas culturais para 
os momentos da vida em que certos eventos importantes, como casar, ter 
filhos, começar a trabalhar e aposentar‑se, devem ocorrer.
102
Unidade II
O outro eixo central na vida do adulto jovem é o trabalho. Uma preocupação típica daqueles 
que estão nessa fase é estabelecer‑se profissionalmente, buscar por uma estabilidade profissional, 
o que também é reforçado pela expectativa social. O indivíduo nessa fase tende a trabalhar muito, 
muitas vezes renuncia ao lazer e aos relacionamentos sociais a fim de se dedicar ao trabalho e/ou 
à carreira. 
Figura 27 – Jovens no trabalho
Disponível em: https://shre.ink/2cWR. Acesso em: 15 set. 2011.
É a fase em que há uma alteração nas relações de amizade, as grandes turmas da adolescência são 
substituídas por grupos de casais que preferem trocar as grandes e onerosas festas por pequenas e 
acessíveis reuniões na casa dos amigos. O importante não é mais “pertencer a várias tribos ou ter muitos 
amigos”, e sim “ter poucos, mas bons amigos”, são relações de intimidade.
E o terceiro eixo central é a ética, que acompanha os outros dois. O adulto jovem assume um 
compromisso com a própria vida e a repercussão de suas ações sobre a vida dos demais, tanto no 
âmbito do trabalho quanto no afetivo. Para Erikson (1974, p. 237), a intimidade é a capacidade de “[...] 
entregar‑se a afiliações e associações concretas e de desenvolver a força ética necessária para cumprir 
esses compromissos, mesmo quando eles podemexigir sacrifícios significativos”. 
103
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO: CICLO VITAL
Os indivíduos dos 20 aos 40 anos de idade atravessam períodos difíceis e estressantes porque precisam 
aprender uma série de papéis sociais e passam por muitas mudanças individuais, como casamentos, 
divórcios, nascimentos, busca de emprego etc., que demandam constantes adaptações.
E, justamente, esse é um período no qual as pessoas são definidas por critérios externos (o que faz, o 
que conquistou, o que tem), além do que as pessoas se identificam a si mesmas de acordo com os papéis 
que desempenham, as exigências e os limites dos mesmos e se ocorreram ou não dentro do período de 
vida esperado, como, por exemplo, casar‑se e ter filhos nessa fase de vida. 
O percurso da vida adulta é atrelado a uma série de marcadores socioculturais e familiares que 
coconstroem as expectativas em relação ao desenvolvimento. Quando a vida adulta não acompanha 
essa expectativa geralmente há sofrimento por parte do indivíduo. Por exemplo, uma mulher de 30 anos 
pode sofrer porque a maioria de suas amigas já se casou ou têm filhos e ela não. Sente‑se à parte do 
desenvolvimento normativo.
Já no final desse período (final dos 30 anos início dos 40 anos) há o fenômeno que Levinson 
(1996 apud Papalia; Olds; Feldman, 2006) denominou “destribalização”, o qual descreve o processo em 
que os adultos, depois de terem aprendido os papéis principais, começam a se libertar dos elementos 
limitadores, tem‑se noção de como atender a vários compromissos e ainda manifestar a própria 
individualidade. 
Ao longo dos anos, o indivíduo se depara com desilusões que podem levar ao questionamento de 
regras, uma vez que segui‑las e fazer o que se deve não trazem necessariamente quaisquer recompensas. 
Nem sempre, apesar de se ter trabalhado muito, consegue‑se promoção, nem sempre se consegue um 
parceiro, mesmo tendo feito corretamente todas as coisas.
Portanto, para Erikson (1987), a intimidade se dá por meio do compromisso com um relacionamento 
que exige concessões e sacrifícios. Para o homem, ela é possibilitada somente após encontrar sua própria 
identidade, ao passo que a mulher obtém sua identidade por meio da própria intimidade.
Além da estabilização da vida afetiva e do início da vida matrimonial, alguns outros fatos são comuns 
nessa fase da vida: o ingresso na vida social plena; autossustento social, psicológico e financeiro; 
e o trabalho.
Elementos básicos para o amadurecimento das pessoas, tais fatos muitos vezes acabam sendo 
postergados em função das atuais exigências e normas culturais. As consequências de tais restrições 
podem levar à dependência familiar, flutuações afetivas, falta de experiências vitais, tendência a 
idealizar. Outros fatores que delimitam esse período dizem respeito ao encontro ou conflito de gerações, 
a modelagem do projeto de vida. As escolhas são colocadas à prova ou modificadas.
Heinz Rempleim (apud Griffa; Moreno, 2001) afirma que na busca do êxito e da ascensão 
social há um desejo de impor‑se, permeado de uma atitude otimista. Isso é mais intenso no 
sexo masculino. 
104
Unidade II
Segundo Levinson (1996 apud Griffa; Moreno, 2001), por volta dos 18 aos 24 anos se dá o primeiro 
estágio, a saída do lar, que permite ao jovem uma maior independência, o contato com instituições, 
que lhe outorga, por exemplo, status de estagiário. 
O segundo estágio é o ingresso no mundo adulto, em torno dos 24 aos 28 anos; nessa fase 
a pessoa permanece mais no mundo do que no lar. Dos 28 aos 33 anos é a época de reafirmar os 
compromissos e de alguma maneira se liberar dos afazeres diários para novas perspectivas de vida. Esse 
estágio é denominado transição para a quarta década.
Como afirmado anteriormente, para Erik H. Erikson (1987), a questão central nessa etapa é a 
conquista da intimidade versus isolamento. Para o referido autor, a intimidade diz respeito à capacidade 
de se “entregar a afiliações e associações concretas e de desenvolver força ética necessária para cumprir 
esses compromissos, mesmo quando eles podem exigir sacrifícios significativos”.
Tal capacidade permite ao adulto jovem enfrentar a perda do ego, atrelada às situações que exigem 
autoabandono, como nos casos de solidariedade entre amigos ou a união sexual; ou, por outro lado, sua 
ausência pode levar ao isolamento.
A mutualidade do orgasmo representa para Erikson saúde sexual, e nesse caso a frustração não 
implicará regressão patológica. Portanto, um marco do final da adolescência é a capacidade da pessoa 
de manter uma relação de intimidade.
Sendo esse aspecto o ponto central da crise nesse período, segundo Erikson, o trajeto a ser 
percorrido para a intimidade passa necessariamente por alguns níveis de relações interpessoais, ou 
seja, graus de comprometimentos. 
De acordo com Griffa e Moreno (2001), os três níveis são:
• Nível 1: Tarefa. Por exemplo, quando dois adultos trabalham juntos na montagem de um motor. 
Nesse caso, não é preciso tentar conhecer o outro ou revelar‑se, porque a tarefa é o principal 
ponto de contato e integração entre as pessoas.
• Nível 2: Sistema de normas explícito ou implícito. As normas regulam o comportamento, 
facilitando a prevenção ou antecipação da cultura grupal. Por exemplo, nos grupos da escola, nos 
jogos com regras. Em ambos os casos, são supostos um maior compromisso pessoal, pôr‑se no 
lugar do outro e um contato físico. Isso não ocorre no nível da tarefa. 
• Nível 3: Intimidade. Nessa situação, não há o predomínio da tarefa nem das normas. Os 
relacionamentos baseiam‑se na criatividade de cada pessoa, para construí‑lo. Portanto, há 
uma abertura pessoal para o conhecimento mútuo em profundidade, o questionamento das 
regras e normas e da formalidade do vínculo. Assim, ocorre uma reflexão permanente sobre 
o vínculo e emergem questões como: somos amigos ou somos noivos?
105
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO: CICLO VITAL
Exemplo de aplicação
Faça uma pesquisa sobre a nova lei do divórcio (Emenda Constitucional n. 66, de 13/07/10) e verifique 
seus aspectos positivos e negativos; confronte com as informações contidas nesse tópico.
Vamos agora ler o texto que se segue refletindo, de acordo com o que foi estudado até aqui, sobre 
esse momento do desenvolvimento do ciclo vital:
Casamento: a lógica do um e um são três
Costumo dizer que todo fascínio e toda dificuldade de ser casal residem 
no fato de o casal encerrar, ao mesmo tempo, na sua dinâmica, duas 
individualidades e uma conjugalidade, ou seja, de o casal conter dois 
sujeitos, dois desejos, duas inserções no mundo, duas percepções do 
mundo, duas histórias de vida, dois projetos de vida, duas identidades 
individuais, que na relação amorosa convivem com uma conjugalidade, 
um desejo conjunto, uma história de vida conjugal, um projeto de vida 
de casal, uma identidade conjugal. Como ser dois sendo um? Como 
ser um sendo dois? 
Na lógica do casamento contemporâneo, um e um são três, na expressão de 
Philippe Caillé (1991). Para Caillé, cada casal cria seu modelo único de ser 
casal, que ele chama de “absoluto do casal”, que define a existência conjugal 
e determina seus limites. A sua definição de casal contém, portanto, os dois 
parceiros e seu “modelo único”, seu absoluto.
Isso a que Caillé chama de “absoluto do casal” é o que denomino de 
“identidade conjugal” e que na literatura sobre casamento e terapia de casal 
é designado, de um modo geral, conjugalidade (Féres‑Carneiro, 2009).
Então, o que você achou do texto?
A autora citada levanta questões relevantes na discussão que faz sobre o casamento contemporâneo. 
Além do seu significado e importância social, o casamento é um espaço em que se confrontam duas 
forças contraditórias, permeado por tensões individuais e conjugais. 
O casamento ocupa um lugar privilegiado entre as relações significativas validadas pelos adultos em 
nossa sociedade. 
A autora realiza um estudo para investigação do casamento contemporâneo, com dois grupos não 
clínicos de casais da classemédia carioca: 10 casais de primeiro casamento e 10 casais de casamentos 
subsequentes, com idades variando entre 25 e 45 anos, tempo de vida conjugal de 3 a 13 anos e número 
de filhos variando de 1 a 4. 
106
Unidade II
Figura 28 – Casamento
Disponível em: https://shre.ink/2cWZ. Acesso em: 15 set. 2011.
Os resultados encontrados, pela autora, indicam algumas diferenças quanto à manifestação das 
dimensões de aliança e de sexualidade em casais de primeiro casamento e em casais recasados. 
As conclusões foram:
• escolha conjugal: no grupo de primeiro casamento a aliança assume um papel mais significativo 
do que a sexualidade, enquanto esta é mais relevante para os recasados; 
• relacionamento com a família de origem: é frequente, mais forte e mais valorizado no grupo 
de primeiro casamento; 
• relacionamento com os diferentes grupos de amigos: o grupo de amigos comuns é mais 
presente e valorizado no primeiro casamento, enquanto os recasados possuem mais amigos 
individuais e valorizam que os membros do casal possam sair às vezes separadamente; 
• renda familiar: as diferenças não são grandes entre os dois grupos, embora entre os recasados 
haja mais mulheres participando da renda familiar, algumas das quais em proporção maior que os 
homens; nesse grupo, os papéis de homem e de mulher aparecem de forma menos rígida, mesmo 
assim, a mulher que trabalha fora se sente mais exigida em ambos os grupos; 
• relacionamento sexual: em ambos os grupos o relacionamento sexual é considerado muito 
importante para o casal, mas a sexualidade aparece de forma mais personalizada e criativa entre os 
recasados, para os quais são maiores as demandas e as expectativas em relação à atividade sexual.
107
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO: CICLO VITAL
Ampliando a discussão, percebe‑se que no casamento a autonomia e a satisfação de cada um 
sobrepujam os laços de dependência entre o casal. Isso parece confirmar os ideais de individualismo e 
hedonismo presentes no mundo contemporâneo e acaba por levar ao confronto direto com a realidade 
projetos e desejos do casal. 
Nesse sentido, emerge a questão da separação conjugal e suas consequências para os membros do 
casal e da família. O aumento do número de separações parece estar muito mais atrelado à busca de 
uma relação “perfeita”, no sentido de atender a expectativas que não podem ser cumpridas, porque as 
aspirações enquanto “indivíduos” conflitam com as de “casal”.
Exemplo de aplicação
Levante informações por meios tradicionais ou eletrônicos sobre o que é intimidade e suas formas 
de expressão: amizade, amor e sexualidade. Relacione os dados obtidos com a sexta crise proposta por 
Erikson, intimidade x isolamento.
Aproveite também para assistir a filmes que abordem esse tema e verifique os aspectos convergentes 
com os estudos realizados até aqui.
Quando observamos os dados estatísticos das separações e dos divórcios no mundo e no Brasil, 
podemos constatar que os números aumentam e tendem a aumentar mais ainda. Por exemplo, em 
1994 os dados são de um divórcio para cada quatro casamentos e, atualmente, os números são 
muito maiores.
Para finalizar, é oportuno destacar que os filhos desses casamentos desfeitos, bem como o casal, têm 
tarefas complexas para enfrentar. A família precisará encontrar novas alternativas para se recompor, 
além de ter que elaborar seus lutos.
 Saiba mais
O site indicado a seguir contém entrevistas interessantes sobre o 
período da adolescência, suas características específicas e alguns desvios 
que podem acarretar doenças psíquicas e sociais.
Disponível em: http://educacao.uol.com.br. Acesso em: 15 set. 2011.
108
Unidade II
 Resumo
Puberdade (12 a 18 anos) está ligada às modificações biológicas que 
se passam nessa fase, assinaladas por dois tipos gerais de mudanças físicas: 
ao aumento no peso, na altura, na gordura e nos músculos corporais e 
à maturação sexual e ao desenvolvimento das características sexuais 
secundárias. O final da puberdade se caracteriza pelo amadurecimento 
gonodal e o fim do crescimento esquelético, o que ocorre em 
torno dos 18 anos.
Adolescência (12 a 18 anos) diz respeito às transformações psicossociais 
que acompanham o processo biológico; o início da adolescência 
pode coincidir ou não com a puberdade. O final da adolescência está 
inter‑relacionado com fatores socioculturais. 
O desenvolvimento cognitivo se caracteriza por operações formais 
(Piaget, 1967); o adolescente constrói sistemas e teorias, liga soluções de 
problemas por meio de teorias gerais, é capaz de deduzir as conclusões 
de puras hipóteses e não somente por meio de uma observação real 
(pensamento hipotético‑dedutivo).
Na adolescência, há uma crise e consequente construção de identidade. 
Identidade é a consciência que o indivíduo tem de si mesmo como “um 
ser no mundo”, traz o sentimento de pertinência e de diferenciação. 
Construir a identidade implica formar uma autoimagem e integrar as 
ideias que se têm sobre si mesmo e os feedbacks que os outros emitem a 
seu respeito. Para Erikson (1974), o dilema dessa fase é identidade versus 
confusão de papéis.
As principais características da puberdade/adolescência são: culminação do 
processo de separação/individuação dos pais da infância; elaboração de lutos 
referentes à perda da condição infantil; estabelecimento de uma escala de 
valores ou código de ética próprio; busca de pautas de identificação no grupo 
de iguais; estabelecimento de um padrão de luta/fuga no relacionamento 
com a geração precedente; aceitação dos ritos de iniciação como condição 
de ingresso ao status adulto; e assunção de funções ou papéis sexuais 
auto‑outorgados.
A vida adulta compreende o período em torno dos 20 aos 65 anos, pode‑se 
observar nele que os aspectos físicos contemplam um continuum, que vai 
da plenitude física ao começo do declínio. O adulto jovem (20 e 40 anos) 
109
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO: CICLO VITAL
tem como temas centrais da vida o amor, o trabalho e a ética. É uma idade 
de muitas produções, assume e responde pelas próprias escolhas e pelos 
seus compromissos. 
Com relação aos aspectos físicos na fase adulta jovem ou juventude, 
há o auge das estruturas intelectuais e morais; pode‑se afirmar que as 
funções corporais se encontram plenas, a força muscular está no seu 
ponto máximo, bem como a agudeza sensorial. Quanto à estatura, os 
homens costumam atingir sua estatura máxima por volta dos 21 anos e 
as mulheres, em torno dos 18 anos. O adulto jovem faz parte do grupo 
mais saudável da população. Por outro lado, as maiores causas de morte 
nesse período são principalmente acidentes e atos de violência, como 
homicídios ou suicídios.
A juventude se caracteriza pelo auge das estruturas intelectuais, é o 
início do trabalho e dos estudos superiores, muitas pessoas começam a 
modelar seu projeto de vida, colocando suas decisões à prova ou alterando 
seu plano de vida.
De acordo com Erikson (1974), a juventude se caracteriza pelo 
sexto estágio psicossocial: as pessoas vivem o dilema intimidade 
versus isolamento. A intimidade se caracteriza pela capacidade de 
estabelecer de forma integral compromissos emocionais, morais e 
sexuais com outras pessoas, sendo necessário renunciar preferências 
pessoais, aceitar responsabilidades e abrir mão da privacidade e da 
independência. Os indivíduos que não conseguem estabelecer relações 
de intimidade desenvolvem uma sensação de isolamento, incapacidade 
de se vincular a outros de forma psicologicamente significativa, são 
pessoas que mantêm relações superficiais, evitam contatos sociais, 
rejeitam as outras pessoas e podem até se tornar agressivos em relação 
a elas; preferem ficar sós porque temem a intimidade, que veem como 
uma ameaça à identidade do seu ego. 
O segundo eixo central na vida do adulto jovem é o trabalho, há 
uma preocupação em se estabelecer profissionalmente, buscar por uma 
estabilidade profissional, o que é reforçado socialmente; tende a trabalhar 
muito, renunciar ao lazer e aos relacionamentossociais a fim de se dedicar 
ao trabalho e/ou à carreira. O terceiro eixo central é a ética, que acompanha 
o amor e o trabalho.
Além da estabilização da vida afetiva e do início da vida matrimonial, 
alguns outros fatos são comuns nessa fase da vida: o ingresso na vida 
social plena; autossustento social, psicológico e financeiro; e o trabalho. 
110
Unidade II
Elementos básicos para o amadurecimento das pessoas, tais fatos muitas 
vezes acabam sendo postergados em função das atuais exigências e normas 
culturais. As consequências de tais restrições podem levar à dependência 
familiar; flutuações afetivas; falta de experiências vitais; tendência a 
idealizar. Outros fatores que delimitam esse período dizem respeito ao 
encontro ou conflito de gerações, a modelagem do projeto de vida. As 
escolhas são colocadas à prova ou modificadas.
111
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO: CICLO VITAL
 Exercícios
Questão 1. Leia o fragmento a seguir e responda a questão:
“No aniversário de 13 anos de Anne Frank, em 12 de junho de 1942, seus pais lhe presentearam 
com um diário. Esse pequeno volume encadernado com tecido foi o primeiro dos diversos cadernos nos 
quais Anne registrou suas experiências e suas reflexões durante os dois anos seguintes. Mal ela sonhava 
que seus apontamentos tornar‑se‑iam um dos mais célebres relatos publicados sobre as vítimas do 
Holocausto durante a Segunda Guerra Mundial. (...) O diário revela pensamentos, sentimentos, devaneios 
e alterações de humor de uma adolescente introspectiva e bem‑humorada amadurecendo sob condições 
traumáticas” (Papalia; Olds; Feldman, 2006, p. 437).
Em relação às características típicas da adolescência, podemos afirmar:
I – Transformações físicas marcantes, e a sua ocorrência interfere diretamente na estrutura emocional.
II – Capacidade de levantar hipóteses e deduções em nível puramente abstrato, isso se inicia nessa 
fase e vai acompanhá‑lo na vida adulta, permitindo alta capacidade de questionamento e crítica.
III – Enfrentamento da crise de identidade, que implica formar uma autoimagem e integrar as ideias 
que se têm sobre si mesmo e os feedbacks que os outros emitem a seu respeito. 
É verdadeiro o que se afirma em:
A) I, apenas.
B) I e II, apenas.
C) III, apenas.
D) II, apenas.
E) I, II e III.
Resposta correta: alternativa E.
112
Unidade II
Análise das afirmativas 
I – Afirmativa correta. 
Justificativa: na adolescência, as transformações físicas são marcantes, e a sua ocorrência interfere 
diretamente na estrutura emocional. Ocorre a redefinição da imagem corporal, consubstanciada na 
perda do corpo infantil e da consequente aquisição do corpo adulto. Por isso, as alterações físicas da 
puberdade estão inter‑relacionadas com os outros aspectos psicossociais do desenvolvimento e tendem 
a fazer com que os adolescentes destinem uma grande atenção à sua aparência física. As transformações 
físicas e a importância da aceitação por parte dos outros fazem com que o adolescente se preocupe 
demasiadamente com a sua imagem corporal. 
II – Afirmativa correta.
Justificativa: o desenvolvimento cognitivo do final da infância à fase adolescente se caracteriza pelas 
seguintes mudanças: de esquemas conceituais e operações mentais referentes a objetos e situações 
concretas para a formação de esquemas conceituais abstratos (amor, fantasia, justiça etc.), realizando 
com eles operações mentais formais (o abstrato sem a necessidade do concreto). Segundo Jean Piaget 
(1967), o indivíduo a partir dos 12 anos desenvolve as operações formais, é um indivíduo que constrói 
sistemas e teorias, liga soluções de problemas por meio de teorias gerais, das quais se destaca o princípio. 
Tem facilidade de elaborar teorias abstratas que transformam o mundo, em um ponto ou em outro, o 
pensamento é formal/hipotético‑dedutivo, isto é, o indivíduo é capaz de deduzir as conclusões de puras 
hipóteses e não somente por meio de uma observação real.
III – Afirmativa correta.
Justificativa: a grande questão que se apresenta na adolescência é a resposta à seguinte pergunta: 
Quem sou eu? É uma fase na qual se enfrenta a crise de identidade. Por crise, entende‑se um 
ponto conjuntural necessário ao desenvolvimento, é o momento no qual o repertório que o indivíduo 
possuía entra em colapso, não é suficiente frente a novas demandas e, então, é necessária uma 
mudança desenvolvimental qualitativa. Identidade é a consciência que o indivíduo tem de si mesmo 
como “um ser no mundo”. Traz o sentimento de pertinência (o indivíduo pertence à família x, que tem 
determinadas características; é brasileiro, o que lhe confere outras tantas características; torce pelo 
time Z etc.) e de diferenciação (apesar de ter características específicas por pertencer a vários grupos, 
tem características que o tornam único). Construir a identidade implica formar uma autoimagem e 
integrar as ideias que se têm sobre si mesmo e os feedbacks que os outros emitem a seu respeito. Na 
busca da construção de sua identidade, o adolescente faz uma série de experimentações tentando 
identificar quem ele é.
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PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO: CICLO VITAL
Questão 2. Leia o excerto a seguir e responda a questão:
A revista Veja, de 27/04/2005, publicou uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas que mostrou o 
seguinte: Na idade adulta, quatro de cada 10 mulheres brasileiras estão sozinhas. A partir dos 35 anos, 
quanto mais velha a mulher, mais probabilidade ela tem de ficar sozinha. E as mulheres sozinhas são 
justamente aquelas que têm melhor situação financeira. Grande parte das entrevistadas declarou estar 
em busca de um companheiro, mas apenas 20% admitiram a ideia de se casar com um homem que não 
julgassem plenamente satisfatório. 
Relacionando esses dados com o que você estudou sobre o desenvolvimento da idade adulta jovem, 
é correto dizer que:
I – O caminho da vida adulta é influenciado por um conjunto de escolhas pessoais, o que inclui 
opções acerca do momento certo para a adoção de vários papéis importantes.
II – Durante esse período, o indivíduo estabelece a sua independência e começa a atuar como adulto, 
assumindo um trabalho produtivo e estabelecendo relacionamentos íntimos.
III – O adulto jovem atravessa períodos difíceis e estressantes porque precisa aprender uma série 
de papéis sociais e passa por muitas mudanças individuais, como casamentos, divórcios, nascimentos, 
busca de emprego etc., que demandam constantes adaptações.
É verdadeiro o que se afirma em:
A) I, apenas.
B) I e II, apenas.
C) II, apenas.
D) III, apenas.
E) I, II e III.
Resposta correta: alternativa E.
Análise das afirmativas
I – Alternativa correta. 
Justificativa: a fase do ciclo vital do adulto jovem corresponde a entre 20 e 40 anos. Pode‑se afirmar 
que os temas centrais da vida de um indivíduo dessa fase são: o amor, o trabalho e a ética. Por isso, o 
caminho da vida adulta é influenciado por um conjunto de escolhas pessoais, o que inclui opções acerca 
do momento certo para a adoção de vários papéis importantes. A escolha que o adulto jovem faz no 
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Unidade II
início da idade adulta pode influenciar as experiências que irá vivenciar nos anos seguintes. Ficar fora do 
momento certo ou não se casar na época determinada pelos padrões culturais pode gerar sentimentos 
negativos de fracasso ou incapacidade.
II – Alternativa correta. 
Justificativa: de acordo com Erikson (1974), no sexto estágio psicossocial as pessoas vivem o dilema 
intimidade versus isolamento. O autor sinaliza que durante esse período o indivíduo estabelece a sua 
independência e começa a atuar como adulto, assumindo um trabalho produtivo e estabelecendo 
relacionamentos íntimos – amizades íntimas e uniões sexuais. Na opinião de Erikson (1974), a intimidade 
não se limita a relacionamentos sexuais, mas engloba também carinho e compromisso. Nas relações 
de intimidade, as pessoas desenvolvem a capacidade de estabelecer de forma integral compromissos 
emocionais, morais e sexuais com outras pessoas. Esse tipode compromisso exige que o indivíduo 
renuncie a algumas preferências pessoais, aceite algumas responsabilidades e abra mão de algum grau 
de privacidade e independência. Os indivíduos que não conseguem estabelecer relações de intimidade 
desenvolvem uma sensação de isolamento, isto é, incapacidade de se vincular a outros de forma 
psicologicamente significativa.
III – Alternativa correta. 
Justificativa: o outro eixo central na vida do adulto jovem é o trabalho. Uma preocupação típica 
daqueles que estão nessa fase é estabelecer‑se profissionalmente, buscar por uma estabilidade 
profissional, o que também é reforçado pela expectativa social. O indivíduo nessa fase tende a 
trabalhar muito, muitas vezes renuncia ao lazer e aos relacionamentos sociais a fim de se dedicar ao 
trabalho e/ou à carreira. O percurso da vida adulta é atrelado a uma série de marcadores socioculturais 
e familiares que coconstroem as expectativas em relação ao desenvolvimento. Quando a vida adulta 
não acompanha essa expectativa, geralmente há sofrimento por parte do indivíduo. Por exemplo, 
uma mulher de 30 anos pode sofrer porque a maioria de suas amigas já se casou ou tem filhos e ela 
não. Sentem‑se à parte do desenvolvimento normativo, os autores chamam a isso de “sensação de 
estar fora do tempo certo”.