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Revista Téchne - 114 - Logistíca Concreta

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CONCRETO | 
Logística concreta 
 
Da central dosadora à obra, o construtor deve conhecer o processo de transporte de concreto. Essas 
informações o ajudam a fazer um planejamento otimizado para que o material chegue às fôrmas nas 
melhores condições 
 
Além de ser, normalmente, o material de maior volume consumido em 
uma obra, o concreto, por possuir função estrutural, exige cuidados 
especiais do construtor, da especificação à cura. No caso do concreto 
dosado em central, principalmente o processo de transporte do material 
deve ser acompanhado com atenção, para que se obtenham as melhores 
condições de uso. 
A responsabilidade pelo transporte da central até a obra, naturalmente, 
é do fornecedor. Os procedimentos a serem seguidos são 
regulamentados por norma – a NBR 7212, que prescreve a execução de 
concreto dosado em central. Ela traz as orientações para as corretas 
operações de armazenamento dos componentes do concreto, dosagem e mistura, transporte até a obra e, no 
recebimento, execução do controle da qualidade. O recebimento do concreto já é responsabilidade do construtor. 
Após conferir as características do material, ele deve fazer sua aceitação ou a rejeição. 
Dentro do canteiro,o correto planejamento do transporte de concreto do caminhão-betoneira até o local de 
aplicação, além de reduzir o tempo do processo, pode evitar alterações na composição do material – que poderiam 
acarretar patologias futuras na estrutura. 
 
As concreteiras 
 
"Nenhuma empresa tem equipamento ocioso", afirma Arcindo Vaquero y Major, 
consultor técnico da Abesc (Associação Brasileira das Empresas de Serviços de 
Concretagem).A frase resume o ritmo em que as concreteiras trabalham diariamente. 
Como cada betoneira e cada bomba têm sua grade diária completamente preenchida 
com as concretagens pré-agendadas, mesmo pequenos atrasos em uma obra podem 
causar atrasos em cadeia, prejudicando os demais atendimentos do fornecedor. "É 
importante começar bem o dia, pois atrasos no início da manhã irão se acumular até o 
final da tarde", explica Vaquero y Major. Por isso, uma recomendação inicial da Abesc 
é que o construtor prepare uma boa programação de execução do serviço,que leve 
em consideração aspectos como número de viagens, intervalos entre os 
caminhões,volume transportado. "Não adianta mandar, de uma vez, 50 m3 de 
concreto se o cliente trabalhar com uma grua que consegue transportar apenas 10 
m3/h", diz o consultor da Abesc. 
Sua recomendação se justifica: o tempo máximo estipulado por norma para 
transporte de concreto da central dosadora à obra é de 90 minutos. Se estourado o 
prazo, o construtor é obrigado a recusar o caminhão.Como o foco dos serviços das 
concreteiras está no fornecimento do concreto,o retorno do material "vencido" é uma 
preocupação a mais para a empresa. 
Em razão do prazo sempre apertado das concreteiras, são privilegiados os pedidos 
feitos com maior antecedência. Pedidos em cima da hora têm maior probabilidade de não serem atendidos. 
Outras "falhas" podem gerar atrasos na concretagem.As execuções dos sistemas de fôrmas, do escoramento e das 
armaduras não podem ter problemas, pois durante a concretagem haverá uma grande exigência de esforços, 
devido ao peso do material despejado. A quantidade suficiente de equipamento necessário para o procedimento 
garante que não haja atrasos. "Uma obra, por exemplo, em que o vibrador queima e não se tem equipamento 
reserva, vai andar mais devagar", conta o consultor da Abesc. 
A facilidade de acesso das betoneiras é outro fator importante para a agilidade da aplicação do concreto. "De 
preferência, elas devem entrar no canteiro e, lá dentro, precisam ter espaço suficiente para realizar manobras", 
recomenda o professor da Escola Politécnica da USP, Ubiraci Espinelli Lemes de Souza. O supervisor técnico de 
concreto da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland), Rubens Curti, também lembra que, caso seja usado 
caminhão-lança, o solo onde ele estacionará deve ser firme, pois ele se fixa ao chão com "patolas". Com a utilização 
 
O máximo de velocidade na 
concretagem com grua é obtida 
quando se trabalha com dois 
silos. Enquanto o primeiro 
concreta a laje, o segundo é 
carregado pela betoneira 
desse veículo,é preciso estar atento, também, à manutenção de uma distância segura de fios elétricos de alta 
tensão. "Não é necessário nem o contato físico entre a lança e o fio.Basta a proximidade para se criar um arco 
voltaico, que, além de queimar os equipamentos, pode matar o operador", explica Vaquero y Major, da Abesc. 
 
 
 
 
Recebimento 
 
Ao receber o caminhão-betoneira da concreteira, o construtor – ou a empresa designada para fazê-lo – seguirá 
alguns procedimentos para realizar a aceitação ou rejeição do concreto. O primeiro passo é a conferência do lacre 
da betoneira, que assegura que o material contido naquele caminhão está da forma como saiu da central dosadora. 
O lacre passou a ser exigido, há alguns anos, em razão de furtos de concreto por funcionários das concreteiras. Em 
seguida, o profissional que receber deve checar os dados da nota fiscal, especialmente o horário em que o 
caminhão saiu da central, o volume transportado e a especificação do concreto. Visualmente, é possível, também, 
checar o tipo de agregado utilizado. 
Nesse momento também é realizado o teste de abatimento de concreto (também 
conhecido como slump). Nele, preenche-se um cone, até a boca, com o concreto recém-
chegado.Erguese o cone e verifica-se o abatimento do concreto.O slump mínimo do 
concreto que pode ser transportado por um caminhão-betoneira é de 80 mm ±10. Isso 
significa que a diferença de alturas entre os pontos mais altos do cone e do concreto 
abatido é de 80 mm,com uma variação permitida de até 10 mm a mais ou a menos. Caso o 
slump do material entregue for menor do que o solicitado, ainda é possível corrigir o erro 
acrescentando água.No entanto, se esse índice for maior, não é possível retirar água do 
concreto, e, portanto, ele deve ser recusado. "A água diminui a resistência do concreto", 
afirma Curti. 
Em cidades e regiões com relevo mais acidentado, como São Paulo e Belo Horizonte, a 
grande quantidade de aclives pode exigir do fornecedor um artifício na produção do 
concreto. A massa mais plástica, em aclives, tende a escapar do caminhão-betoneira e cair 
na rua. Para que isso não aconteça, o concreto sai da central com um slump menor do que 
o solicitado. Ao chegar ao canteiro, mais água é adicionada à mistura, aumentando o slump 
do material. Para não haver problemas, alerta Vaquero y Major, da Abesc, esse 
procedimento deve ser acordado e documentado entre construtor e fornecedor. "O 
registro pode ser feito em contrato ou em nota fiscal", afirma. 
Finalmente, o último ensaio a ser realizado é o de resistência do concreto recebido. São 
moldados corpos- de-prova, que serão ensaiados ao final de 28 dias. Somente nesse 
momento o concreto será aceito. O mapeamento da concretagem – associação da área concretada ao caminhão 
que entregou o material – é útil caso ocorra algum problema nesse momento. "Os reparos podem ser feitos 
localmente", afirma o supervisor da ABCP. 
 
O transporte do concreto 
com jerica ou carrinho de 
mão é pouco usado em 
situações que exigem 
rapidez, como a 
concretagem de uma laje. 
O rendimento em andares 
mais elevados, segundo 
estudos, é de apenas 3 
m3/h, em média. 
 
Projeto de canteiro 
 
Depois da chegada à obra, o transporte do concreto vira responsabilidade da 
construtora. Para essa etapa, o indicado é que o transporte do material seja 
considerado no projeto do canteiro. "O canteiro é a linha de montagem da 
construção", afirma o professor Ubiraci Espinelli, da USP. Ele explica que, quanto 
menos transporte horizontal de concreto, menos perdas o construtor tem. 
"Transporte não agrega valor." 
Por isso, as distâncias a serempercorridas, no caso de transporte com jericas ou 
carrinhos de mão, devem ser as mais curtas possíveis. Além disso, o piso por onde 
passarão os carrinhos deve ser regularizado.A vibração pode provocar a separação 
dos componentes da mistura, prejudicando a consistência do material e podendo 
acarretar patologias futuras na estrutura. Como os carrinhos podem "trombar" 
durante a concretagem, o planejamento do fluxo de trânsito permite racionalizar a 
movimentação e otimizar o tempo de descarregamento. "Passarelas inteligentes, nas 
lajes, evitam o encontro dos carrinhos que chegam e que saem", lembra Curti, da ABCP. 
A concretagem com carrinho de mão ou jerica é pouco utilizada. O índice de produtividade, segundo a ABCP, nos 
pavimentos mais baixos, oscila entre 7 e 10 m3 por hora.Nos pavimentos mais altos, o valor cai para cerca de 3 
m3/h. Entretanto, a escolha do método de concretagem pode depender de outros fatores, como tempo disponível 
para a execução dos pavimentos, equipamentos da construtora, características do canteiro. Os índices de 
produtividade do sistema de gruas e caçambas giram em torno de 3,5 m3/h; o sistema bombeado permite a 
concretagem de cerca de 10 m3/h. 
A norma NBR 7212, além de estipular o tempo máximo de 90 minutos de transporte do concreto da central até a 
obra, fixa também o tempo máximo para que o concreto seja aplicado. Em, no máximo, 150 minutos, a mistura 
deve estar completamente depositada nas fôrmas. 
O transporte realizado com grua exige, basicamente, o uso de duas caçambas. Enquanto a primeira concreta o 
pavimento, a segunda é carregada pela betoneira; depois, faz-se a troca. Em dias de concretagem,a grua é 
destacada apenas para esse serviço. Por isso, o mais adequado é fazer uma programação de forma que o 
recebimento de outros materiais não seja prejudicado, como no caso de paletes de blocos de concreto ou 
armaduras de aço. 
No caso da concretagem bombeada, a maior preocupação apontada pelo professor Ubiraci Espinelli diz respeito às 
perdas resultantes das sobras de concreto na tubulação. Ele exemplifica: tomando uma tubulação de Ø 8'' e 80 m 
de comprimento – para uma concretagem no 20o andar –, a sobra pode chegar a até 2,5 m3. "Em uma laje com 50 
m3, a perda seria, por exemplo, de 5%", explica Espinelli. 
 
Projetando o transporte 
 
A REM Construtora terá um prazo curto para entregar o Edifício Gran Parc, na esquina 
das ruas Inhambu e Inajaroba, na Vila Nova Conceição, em São Paulo. Os 18 
pavimentos, mais térreo e três subsolos, deverão ser finalizados em 20 meses. 
"Precisamos de ciclos de produção rápidos", afirma o coordenador de obras da 
construtora, Adriano Bastos. O planejamento é de se produzir um pavimento a cada 
sete dias, tomando um dia a concretagem das vigas e lajes, e metade disso, a dos 
pilares. Por isso, antes do início da obra, a construtora dedicou parte de seu tempo ao 
projeto de transporte de concreto no canteiro. A empresa aproveitará a grua que já 
possui e três caçambas, uma delas como equipamento reserva. Para a primeira fase 
da obra – fundações e subsolos – a concretagem será feita com caminhão-lança da 
calçada, devido à impossibilidade de entrada dos veículos no canteiro. Na segunda 
fase da obra, um recuo de 4 m x 6 m será utilizado como ponto de descarregamento 
de concreto e outros materiais. A entrada dos caminhões se dará pela rua Inhambu e 
a saída, pela Inajaroba. "Nossa idéia era, também, não atrapalhar o trânsito das 
pessoas na calçada, já que, por ser ao lado do Parque do Ibirapuera, o passeio é 
bastante utilizado por quem faz caminhada", explica Bastos. 
 
A bola, ou "biriba", é usada no 
final do bombeamento para a 
limpeza do concreto restante na 
tubulação. O volume desse 
concreto, apesar de pequeno, 
pode ser reaplicado em sapatas, 
calçadas e outras partes da obra. 
 
De preferência, o canteiro de 
obras deve ter espaço suficiente 
para que o caminhãolança e a 
betoneira entrem e manobrem 
com facilidade. Se não for 
possível, o construtor é 
responsável pelas autorizações 
junto aos órgãos de trânsito 
 
 
 
 
 
Revista Téchne, Ed. 114. Setembro de 2006.