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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – ENGENHARIA CIVIL 1 Aditivos para o controle de pega e resistência de pastas de gesso Additives to control the setting time and resistance of gypsum pastes Rodrigo Teodoro (1), João Antônio Gonçalves Bueno (1) (1) Acadêmico de Engenharia Civil, PUC-Goiás – rodrigoteodoro@me.com (2) Acadêmico de Engenharia Civil, PUC-Goiás – joaogb@hotmail.com Pontifícia Universidade Católica de Goiás – Área III - Departamento de Engenharia Av. Universitária, qd. 88 n. 904, Setor Leste Universitário - Goiânia – GO – CEP 74.605-010 Resumo O uso de gesso na construção civil tem crescido a cada vez mais no Brasil, tanto como revestimento executado in loco, quanto em placas e acartonados. Entretanto poucos conhecem as propriedades deste material, tanto no estado fresco, quanto endurecido, e, muitas vezes, esse desconhecimento por parte dos construtores faz com que uma grande quantidade de material seja mal utilizada e desperdiçada. Para tanto, foi realizado um estudo experimental utilizando dois aditivos, com intenção de alterar propriedades de pastas de gesso nos dois estados – fresco e endurecido. A primeira substância utilizada foi o ácido cítrico, que foi capaz de aumentar significativamente o tempo de pega de pastas de gesso, que é um fator importante para garantir uma maior produtividade na execução de revestimentos de gesso in loco, porém esta substância provoca uma redução da resistência à compressão. Com isso, um outro produto utilizado, um superplastificante, para concreto, à base de éter policarboxílico que foi adicionado à pasta de gesso com ácido cítrico e produziu um aumento na resistência à compressão da mistura, em comparação às pastas sem uso de superplastificante. Palavra-Chave: pasta de gesso, aditivo, tempo de pega, resistência Abstract The use of plaster in construction has grown more and more in Brazil, both as a coating performed on the spot, as plates and cartonneds. However few people know about the properties of this material, both in fresh and hardened states, often this lack of knowledge from the manufacturers causes a lot of material waste and misuse. To that end, an experimental study using two additives was conducted, with the intention to modify some properties of plaster pastes in two states - fresh and hardened. The first substance used was citric acid, which was able to significantly increase the time to handle plaster pastes, what is an important factor to ensure greater productivity in performing coatings of plaster on the spot, but this substance causes an reduction on compressive strength. So, another product used, a superplasticizer, for concrete, based on polycarboxylic ether which was added to the plaster with citric acid and produced an increase in the compressive strength of the mixture, in comparison with no-superplasticizer. Keywords: plaster pastes, additives, time to handle, resistence PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – ENGENHARIA CIVIL 2 1 Introdução O gesso é composto basicamente de uma única matéria-prima, a gipsita, um mineral composto de sulfato de cálcio com duas moléculas de água (CaSO4.2H2O). O processamento da gipsita consiste na britagem, seguida de moagem e peneiramento, e posteriormente é realizado o processo de calcinação, com temperatura entre de 180ºC e 700ºC, em que a gipsita perde parte da água de cristalização, obtendo assim o sulfato de cálcio na forma de hemidrato (CaSO4.½H2O), o gesso. (PETRUCCI, 1980; BALTAR et al., 2005). No Brasil há uma grande reserva de gipsita na região nordeste. De acordo com o Sindicato da Indústria do Gesso do Estado do Pernambuco este estado é responsável por cerca de 95% da produção nacional do mineral e possui uma reserva estimada em 1,2 bilhões de toneladas de gipsita com alto teor de pureza, que segundo a previsão garante o fornecimento de gesso por 600 anos (SINDUSGESSO, 2012). O gesso é comercializado, no Brasil, em dois tipos diferentes, o primeiro é o gesso para fundição, que é destinado, na maioria, para produção de placas de gesso acartonado, placas e molduras pré-moldadas, o outro é gesso para revestimento que é aplicado no estado fresco em tetos e paredes, geralmente em substituição a rebocos de argamassa. A norma NBR 13207:1994 – Gesso para construção civil prescreve as exigências para comercialização dos dois tipos de gesso. O gesso de estudo deste trabalho será o gesso de revestimento, devido ao seu tempo de trabalho superior ao gesso de fundição. No Brasil, os revestimentos de gesso vêm sendo amplamente utilizados na construção civil nos últimos anos. Algumas vantagens da utilização do gesso, em relação a argamassas de cimento e cal são descritas a seguir (HINCAPIÉ e CINCOTTO, 1997): - Os revestimentos de gesso podem ser aplicados em uma só camada, de espessura máxima de 5 mm, fazendo com que haja uma economia de materiais e mão-de-obra, além de um alívio de carregamentos na estrutura, se, na etapa de projeto, prevista a utilização de revestimentos de gesso. - O tempo de cura reduzido, em torno de 7 dias, enquanto revestimentos de argamassas tradicionais têm um tempo mínimo de cura de 40 dias, envolvendo chapisco, emboço e reboco. - O gesso, por ser um material muito fino, proporciona um melhor acabamento quanto à lisura da superfície endurecida. - Apresenta resistência ao fogo, baixa retração, e massa unitária baixa. Porém, o gesso apresenta algumas desvantagens, como a grande solubilidade em água, que faz com que seu uso se restrinja a ambientes internos e sem presença de água. A fragilidade é outra característica do gesso, que pode levar ao surgimento de fissuras provenientes das movimentações da estrutura, também é importante ressaltar que peças de ferro em contato com o gesso sofrem corrosão devido ao sulfato presente em sua composição química. Dentre todas as desvantagens do gesso, o curto tempo em que a pasta é trabalhável é o mais emblemático para uso em obra, visto que isto faz com que haja um reduzido tempo de trabalho para execução do revestimento, gerando, assim, grande desperdício de PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – ENGENHARIA CIVIL 3 material e mão-de-obra. Além disso, faz com que o gesseiro tenha que dosar uma pasta com relação água/gesso alta, para que o tempo trabalho seja maior, obtendo assim uma pasta com consistência mais fluida que o necessário para aplicação. Desse modo a mistura só atinge a consistência ideal de trabalho depois de um determinado tempo de espera, sendo este, o tempo entre o polvilhamento do gesso sobre a água e a obtenção de uma pasta com consistência ideal de trabalho. O tempo de espera corresponde, em média, a 30% do tempo total de execução. (ANTUNES, 1999). Diante disso, há a percepção de que são necessários estudos que visem contribuir para um maior conhecimento sobre o controle das propriedades da pasta de gesso nos estados fresco e endurecido, a fim de racionalizar a execução de revestimentos, fazendo com que diminua o desperdício de materiais e mão-de-obra. Para tal, deve-se aumentar o tempo de trabalho da pasta de gesso, ou seja, obter uma mistura com uma consistência ideal de trabalho por um tempo prolongado e um menor tempo de espera. O tempo de trabalho consiste no tempo em que a consistência da pasta varia dentro da faixa ideal. ANTUNES (1999), determinou a faixa de consistência útil, sendo entre 29 mm (mínima) e 0 mm (máxima) de penetração da sonda do aparelho de Vicat modificado, conforme NBR 12.128:1991 – Gesso para construção – Determinação das propriedades físicas da pasta. De acordo com HINCAPIÉ e CINCOTTO (1997), uma forma de se aumentar o tempo de trabalho é utilizando retardadores de pega, que são substâncias químicas que têm a finalidade de atrasar a pega das pastas de gesso. Para tal, desenvolveram um estudo com doze substâncias químicas que retardam o início e fim de pega da pasta de gesso. Dentre as substâncias estudadas, o ácido cítrico e o bórax mostraram-se mais vantajosos. Os fundamentos para esse julgamento são a eficácia no retardo do tempo de pega de pastas de gesso, e relação custo-benefício. Eles apresentaram um bom desempenho no retardo do tempo de pega, o início de pega da pasta de gesso saltou de 10 minutos, sem aditivos, para 1 hora, com 0,03% de ácido cítrico sobre a massa de gesso e 1 hora para 0,7% de bórax. Além disso, as propriedades mecânicas do material pouco se alteraram, a pasta de gesso perdeu 20% da resistência à compressão quando foi adicionado o retardador de pega. Outra propriedade importante é a resistência à compressão da pasta de gesso, que segundo a NBR 13.207:1994 – Gesso para construção civil, deve ser maior que 8,4 MPa, pois valores menores que este podem implicar indiretamente em menor resistência de aderência, por outro lado, para execução de revestimentos, não é interessante utilizar materiais muito resistentes, pois os tornaria mais rígidos, e assim não seriam capazes de absorver as movimentações da estrutura e consequentemente haveria o aparecimento de fissuras. Segundo BAUER (2000) a resistência à compressão do gesso varia entre 5 e 15 MPa, além disso possui boa aderência a diversos materiais, com exceção da madeira. 2 METODOLOGIA 2.1 Estudo exploratório inicial Foi realizado um estudo exploratório inicial visando caracterizar as pastas de gesso, e dessa maneira obter uma relação água/gesso que produzisse uma mistura com a trabalhabilidade ideal para execução de revestimentos de teto e/ou parede. Também foram realizados ensaios de início e fim de pega do gesso utilizando o aparelho de Vicat, conforme a NBR 12.128:1991. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – ENGENHARIA CIVIL 4 Inicialmente, foi dosada uma mistura com relação água/gesso igual 1,0, conforme recomendação do fabricante do gesso, porém resultou em uma pasta muito fluida, impossível de ser manuseada imediatamente. Outra relação a/g utilizada foi de 0,75, que também resultou em uma pasta fluida, de manuseio imediato impraticável. Em seguida, foram dosadas pastas com relação a/g igual a 0,5 que resultou numa mistura boa de ser trabalhada, o início de pega se deu em torno de 20 minutos, porém não foi possível medir o tempo de fim de pega, pois a pasta não apresentou resistência à penetração da agulha do aparelho de Vicat, mesmo já visivelmente endurecida. E outra pasta foi dosada, com relação a/g igual a 0,48, que apresentou um tempo de ínicio de pega de 19,5 minutos e fim de pega aos 25,5 minutos, medidos no aparelho de Vicat. A partir do experimento exploratório, foi possível perceber que o ensaio de tempo de pega com a agulha do aparelho de Vicat não representa adequadamente o tempo de pega das pastas de gesso comumente utilizadas em obra, que possuem uma relação a/g alta, como a relação água/gesso que será utilizada nesse estudo é consideravelmente inferior àquelas, o início de pega da pasta de gesso acaba sendo menor, em comparação às pastas de gesso utilizadas em obra, pois necessitam de um tempo maior para adquirir a consistência necessária para realização do ensaio. Quando a pasta de gesso com relação a/g alta atinge o fim de pega, determinado pelo aparelho de Vicat, está excessivamente rígida, impossível de ser manuseada. (ANTUNES e JOHN, 2000). Também foi dosada uma pasta de gesso com adição de um superplastificante, para concreto, à base de éter policarboxílico que não foi capaz de aumentar o tempo de pega, mas provocou uma diminuição da relação a/g. Seguindo o conceito de Abrams em que a relação água/aglomerante é inversamente proporcional à resistência à compressão, pode- se inferir uma maior resistência à compressão utilizando este aditivo. (ABRAMS, 1919) Utilizando o mesmo aditivo citado em conjunto com o ácido cítrico obtivemos uma mistura bastante homogênea, coesa e visualmente trabalhável, além disso teve fim de pega após uma cerca de 1 hora e 20 minutos e uma considerável redução na quantidade da água de amassamento. Ao longo do estudo, percebeu-se uma dificuldade em encontrar o bórax (tetraborato de sódio decahidratado - Na2B4O7.10H2O) no mercado, que muitas vezes é confundido pelos vendedores com ácido bórico (ortoborato de hidrogênio - H3BO3). Por isso, somente o ácido cítrico (ácido 2-hidroxi-1,2,3-propanotricarboxílico - C6H8O7), com 99,9% de pureza, foi usado. (WIKIPEDIA, 2012) 2.2 Estudo experimental Na segunda etapa do estudo experimental foram avaliadas as propriedades nos estados fresco e endurecido das pastas de gesso avaliadas no estudo inicial e de acordo com a bibliografia, que foram definidas como: - Pasta de gesso Referência (REF) - pastas de gesso sem o uso de aditivos, com as relações água/gesso variando de 0,4 a 0,5. - Pasta de gesso com ácido cítrico (AC) - para as mesmas relações água/gesso da REF, foram dosadas pastas com adição de 0,03% de ácido cítrico em relação à massa de gesso. - Pasta de gesso com ácido cítrico e superplastificante (AC+SP) – pastas de gesso com adição de 0,03% de ácido cítrico, em massa, e com adição de superplastificante variando PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – ENGENHARIA CIVIL 5 entre 0,5% a 1,0% em relação à massa de gesso. Foi adicionada água até que se obtivesse uma pasta trabalhável, com consistência inicial entre 15 e 20 mm de penetração do cone do aparelho de Vicat modificado. A tabela 1 apresenta um resumo das características das pastas de gesso utilizadas no estudo. Tabela 1 – Características das pastas de gesso. Pasta de gesso Ácido Cítrico (%) Superplastificante (%) a/g Quantidade de amostras REF - - 0,4 a 0,5 6 AC 0,03 - 0,4 a 0,5 6 AC+SP 0,03 0,5 a 1,0 Variável 6 Como o aparelho de Vicat não consegue representar adequadamente o tempo de pega do gesso para as relações a/g utilizadas, para avaliar as propriedades das pastas no estado fresco, foi medido o tempo de trabalho utilizando o aparelho de Vicat modificado (NBR 12.128:1991), conforme figura 1. Para tanto, foram realizadas várias medições da consistência da pasta de gesso até que ela se tornasse difícil de ser manuseada, e, assim, traçar uma curva relacionando a consistência ao longo do tempo e determinar o tempo de trabalho, que é o tempo em que a consistência da pasta permanece na faixa de consistência útil. Sobre a consistência útil, foi definida como sendo a faixa entre 30 e 5 mm de penetração do cone do aparelho de Vicat Modificado, diferentemente da faixa de consistência útil proposta por ANTUNES (1999), verificamos que as pastas já estavam parcialmente endurecidas enquanto o cone penetrava cerca de 5 mm. Figura 1 – a) Aparelho de Vicat modificado. (NBR 12.128:1991) b) Ensaio de consistência de pasta de gesso (Arquivo pessoal) A fim de analisar as propriedades mecânicas do material foram moldados corpos-de- prova para serem submetidos ao ensaio de resistência à compressão 7 dias de idade0, de acordo com a NBR 5739:1994. Como o laboratório não possui número suficiente de moldes para gesso – prismáticos de 50 x 50 x 50 mm - conforme a NBR 12129:1991, PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – ENGENHARIA CIVIL 6 foram moldados corpos-de-prova cilíndricos 50 x 100 mm, de acordo com a NBR 7215:1997 - Cimento Portland - Determinação da resistência à compressão. 3 RESULTADOS De acordo com a bibliografia e com ensaios preliminares, o tempo de trabalho médio da pasta de gesso sem aditivos é de 20 minutos. Já para a pasta de gesso com ácido cítrico, o tempo de trabalho salta para, em média, 60 minutos. Na figura 2, podemos observar que as pastas com uma relação a/g próxima de 0,45 apresentaram um melhor desempenho, sendo trabalháveis por mais de uma hora. Figura 2 – Gráfico: Consistência X Tempo – Pasta de gesso com ácido cítrico As pastas de gesso com ácido cítrico, apesar de apresentarem bons resultados de tempo de trabalho, perderam em propriedades mecânicas, a resistência à compressão foi, em média, 7,2 MPa, são apresentados na tabela 2 estes valores. Tabela 2 – Valores de resistência à compressão para pasta de gesso com ácido cítrico. Relação a/g CP 1 CP2 Média (MPa) Carga (KN) Tensão (MPa) Carga (KN) Tensão (MPa) 0,40 18 9,2 19,1 9,7 9,4 0,42 16,7 8,5 16,7 8,5 8,5 0,44 12,5 6,4 11,5 5,9 6,1 0,46 15,7 8,0 13,6 6,9 7,5 0,48 9,9 5,0 10,9 5,6 5,3 0,50 13,4 6,8 11,6 5,9 6,4 Podemos observar também que alguns destes valores ficaram abaixo dos valores preconizados pela NBR 12.129:1991, 8,4 MPa. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – ENGENHARIA CIVIL 7 A tabela 3 apresenta os valores de resistência à compressão para pasta de gesso referência, que foi em média 9,3 MPa. Tabela 3 – Valores de resistência à compressão para pasta de gesso referência. Relação a/g CP 1 CP2 Média (MPa) Carga (KN) Tensão (MPa) Carga (KN) Tensão (MPa) 0,40 23,2 11,8 24,5 12,5 12,1 0,42 19,3 9,8 22,5 11,5 10,6 0,44 21,3 10,8 21,2 10,8 10,8 0,46 14,9 7,6 18,8 9,6 8,6 0,48 11,1 5,7 15,3 7,8 6,7 0,50 14,2 7,2 12,8 6,5 6,9 Os resultados de resistência à compressão das pastas REF e AC, confirmam o estudo realizado por HINCAPIÉ e CINCOTTO (1997), com a adição de ácido cítrico a resistência à compressão cai cerca de 20%. Para as pastas de gesso com ácido cítrico e superplastificante a base de éter policarboxílico, o tempo de trabalho foi ainda maior, comparado às demais misturas, chegando perto de 2 horas. Figura 2 – Gráfico: Consistência X Tempo – Pasta de gesso referência Uma característica das pastas com adição de superplastificante foi a manutenção da consistência por mais tempo. A taxa média de decréscimo da consistência para as pastas com ácido cítrico e superplastificante foi de 0,1 mm/minuto enquanto para as pastas com ácido cítrico foi de 0,4 mm/min. Isto pode ser explicado pelo poder dispersante do superplastificante, que promove uma reorganização das partículas de aglomerante, resultando em uma formação mais organizada e homogênea (MEHTA e MONTEIRO, 1994). PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – ENGENHARIA CIVIL 8 O uso do superplastificante suscitou em uma redução na relação água/gesso, e com isso foram obtidos valores de resistência à compressão maiores que aqueles das pastas de gesso referência, em média 30%, e das pastas com ácido cítrico, em média 70%, a tabela 4 apresenta os valores para as pastas com ácido cítrico e superplastificante. Tabela 4 – Valores de resistência à compressão para pasta de gesso com ácido cítrico e superplastificante. Superplastificante (%) Relação a/g CP 1 CP2 Média (MPa) Carga (KN) Tensão (MPa) Carga (KN) Tensão (MPa) 0,50 0,37 20,1 10,2 22,9 11,7 10,9 0,60 0,35 22,7 11,6 28,9 14,7 13,1 0,70 0,35 29,0 14,8 24,9 12,7 13,7 0,80 0,34 25,0 12,7 24,9 12,7 12,7 0,90 0,35 31,0 15,8 21,5 10,9 13,4 1,00 0,34 20,2 10,3 20,2 10,3 10,3 Porém, analisando o gráfico da figura 3 e a tabela 4, podemos observar que o uso do superplastificante juntamente com o ácido cítrico pouco alterou os valores de resistência à compressão a partir da quantidade de 0,5% de superplastificante, esta concentração já foi suficiente para reduzir a quantidade de água de amassamento da pasta de gesso, a partir desta quantidade não houve redução significativa de água. O uso de superplastificante em quantidades maiores que 0,5% somente se justifica devido ao acréscimo obtido no tempo de trabalho das pastas de gesso, que salta de 90 minutos para 120 minutos com 1,0% de superplastificante. Figura 3 – Gráfico: Relação a/g X Resistência à compressão Por fim, foi realizado um levantamento de custo dos materiais para ter uma ideia da viabilidade econômica do emprego destas substâncias. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – ENGENHARIA CIVIL 9 Tabela 5 – Custo dos materiais Material Preço (R$) Unidade Preço/kg (R$/kg) Consumo Custo/kg de gesso Gesso R$ 14,00 Saco de 40 kg R$ 0,35 1,00 kg R$ 0,35 Ácido cítrico R$ 12,50 Frasco de 500g R$ 25,00 0,03 % R$ 0,008 Superplastificante R$ 14,75 Frasco com 1,0 L R$ 13,57 0,50 % R$ 0,07 Conforme a tabela 5, o custo do ácido cítrico com aditivo retardador de pega é 2% do valor do gesso, ou seja, é irrisório levando em conta o benefício que proporciona. Já o superplastificante possui um custo considerável, 20% do valor do gesso. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS O uso de aditivos nas pastas de gesso é essencial na execução de revestimentos in loco, visto que estes proporcionam benefícios às propriedades físicas e mecânicas das pastas. O efeito destas substâncias nas propriedades no estado fresco, sobretudo do ácido cítrico, é indispensável para diminuição do desperdício de material e mão-de-obra, com o uso do superplastificante conjuntamente com o ácido cítrico, é possível obter um ganho na resistência à compressão, prejudicada pelo ácido cítrico. Do ponto de vista econômico, o uso do ácido cítrico, é bastante interessante, visto que as quantidades necessárias para obter um resultado significativo são muito pequenas, já para o uso do superplastificante, deve ser feito um estudo de viabilidade econômica mais amplo, envolvendo desperdício de material e produtividade de mão-de-obra. 5 BIBLIOGRAFIA ABRAMS, D. A. Design of concrete mixtures. 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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – ENGENHARIA CIVIL 10 BALTAR, C. A. M.; BASTOS, F. F.; LUZ, A. B. Gipsita. In: LUZ, A. B.; LINS, F. A. F. (Org.). Rochas & Minerais Industriais: Usos e Especificações. Rio de Janeiro. 2005. p. 449-470. BAUER, L.A.F., Materiais de Construção. Vol 1. Ed. LTC. Rio de Janeiro. 2011. HINCAPIÉ, A. M.; CINCOTTO, M. A. Seleção de Substâncias Retardadoras do Tempo de Pega do Gesso de Construção. Boletim Técnico da Escola politécnica da USP, BT/PCC/184, São Paulo, 1997. MEHTA, P. K, MONTEIRO, P. J. M. Concreto: Estrutura, propriedades e materiais. Cap. 8 – Aditivos. Ed. PINI. São Paulo. 1994. PETRUCCI, E. G. R. Materiais de Construção. Ed. Globo. Porto Alegre. 1980. SINDUSGESSO - Sindicato da Indústria do Gesso do Estado do Pernambuco. Pólo Gesseiro. Disponível em: <http://www.sindusgesso.org.br/polo_gesseiro.asp> Acesso em: 15 mai. 2012. WIKIPÉDIA. Ácido bórico. 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