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INTRODUÇÃO À PROFISSÃO - FARMÁCIA ORGANIZADORES ALYNE ALMEIDA DE LIMA; LUANNA GABRIELLA RESENDE DA SILVA Introdução à pro�ssão - Farm ácia GRUPO SER EDUCACIONAL Neste livro, você terá acesso a informações imprescindíveis para conhecer de forma mais abrangente a pro�ssão de farmacêutico. Abordaremos aqui a história da pro�ssão, as leis vigentes e os Conselhos que regulam a pro�ssão. Veja aqui como se iniciou a utilização de drogas e especiarias, o surgimento das boticas e dos boticários e a formação da pro�ssão farmacêutica. Para �nalizar, as autoras explicam como se dá o trabalho multipro�ssional na área da saúde, especi�camente, para o pro�ssional farmacêutico. Fundamental para o estudo da pro�ssão, esta obra é ilustrada e apresenta- da de forma clara e didática. INTRODUÇÃO À PROFISSÃO - FARMÁCIA ORGANIZADORES ALYNE ALMEIDA DE LIMA; LUANNA GABRIELLA RESENDE DA SILVA gente criando futuro I SBN 9786555580761 9 786555 580761 > C M Y CM MY CY CMY K INTRODUÇÃO A PROFISSÃO - FARMÁCIA Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, do Grupo Ser Educacional. Diretor de EAD: Enzo Moreira Gerente de design instrucional: Paulo Kazuo Kato Coordenadora de projetos EAD: Manuela Martins Alves Gomes Coordenadora educacional: Pamela Marques Equipe de apoio educacional: Caroline Guglielmi, Danise Grimm, Jaqueline Morais, Laís Pessoa Designers gráficos: Kamilla Moreira, Mário Gomes, Sérgio Ramos,Tiago da Rocha Ilustradores: Anderson Eloy, Luiz Meneghel, Vinícius Manzi Lima, Alyne Almeida de. Introdução à profissão - Farmácia/ Alyne Almeida de Lima Luanna Gabriella Resende da Silva. – São Paulo: Cengage, 2020. 1. Saúde - farmacêutico. 2. Profissões - farmacêutico. 3. Silva, Luanna Gabriella Resende da. Grupo Ser Educacional Rua Treze de Maio, 254 - Santo Amaro CEP: 50100-160, Recife - PE PABX: (81) 3413-4611 E-mail: sereducacional@sereducacional.com Bibliografia. ISBN: 978-65-5558-076-1 “É através da educação que a igualdade de oportunidades surge, e, com isso, há um maior desenvolvimento econômico e social para a nação. Há alguns anos, o Brasil vive um período de mudanças, e, assim, a educação também passa por tais transformações. A demanda por mão de obra qualificada, o aumento da competitividade e a produtividade fizeram com que o Ensino Superior ganhasse força e fosse tratado como prioridade para o Brasil. O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego – Pronatec, tem como objetivo atender a essa demanda e ajudar o País a qualificar seus cidadãos em suas formações, contribuindo para o desenvolvimento da economia, da crescente globalização, além de garantir o exercício da democracia com a ampliação da escolaridade. Dessa forma, as instituições do Grupo Ser Educacional buscam ampliar as competências básicas da educação de seus estudantes, além de oferecer- lhes uma sólida formação técnica, sempre pensando nas ações dos alunos no contexto da sociedade.” Janguiê Diniz PALAVRA DO GRUPO SER EDUCACIONAL Autoria Alyne Almeida de Lima Graduada em Farmácia, especialista em farmácia clínica e prescrição farmacêutica e mestra em Ciências Farmacêuticas. Atualmente professora de Farmacologia nos cursos de Graduação em Farmácia, Odontologia e Psicologia e também ministra a disciplina de Cosméticos e Saneantes na Faculdade Maurício de Nassau. Professora de Pós-graduação na área de Clínica Farmacêutica, Farmacologia, Toxicologia e Fitoterapia. Luanna Gabriella Resende da Silva Graduada em Farmácia, com habilitação em Bioquímica. Possui experiência em dispensação farmacêutica, farmácia magistral, farmácia clínica e análises clínicas. Atualmente é mestranda em Ciências Farmacêuticas pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas, na Universidade Federal de São João del-Rei, Minas Gerais. SUMÁRIO Prefácio .................................................................................................................................................8 UNIDADE 1 - Noções gerais da profissão: noções e histórico ..........................................................9 Introdução.............................................................................................................................................10 1. Noções gerais da profissão: definição e histórico ............................................................................ 11 2. A profissão dentro da área da saúde: regional, nacional e mundial .................................................21 3. Assistência Farmacêutica e a PNM (Política Nacional de Medicamentos) .......................................24 PARA RESUMIR ..............................................................................................................................26 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................27 UNIDADE 2 - Boticário ...................................................................................................................29 Introdução.............................................................................................................................................30 1 História da profissão farmacêutica .................................................................................................... 31 2 Áreas de atuação farmacêutica .......................................................................................................... 33 3 Prescrição Farmacêutica .................................................................................................................... 37 4 Conselhos de classe da profissão farmacêutica ................................................................................. 40 5 Código de Ética ................................................................................................................................... 45 PARA RESUMIR ..............................................................................................................................48 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................49 UNIDADE 3 - O papel do profissional: lei do exercício profissional ..................................................53 Introdução.............................................................................................................................................54 1. Normas para o exercício da profissão farmacêutica .........................................................................55 2 Assistência Farmacêutica (AF) ............................................................................................................ 61 PARA RESUMIR ..............................................................................................................................71 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................72 UNIDADE 4 - Integração ................................................................................................................75 Introdução.............................................................................................................................................76 1 Equipe multiprofissional (multidisciplinar) em saúde ........................................................................77 2 Gestão técnica da Assistência Farmacêutica ...................................................................................... 78 3 Farmacêuticos na assistência ao paciente ......................................................................................... 80 4 Cuidado Farmacêuticodente, Vice-Presidente, Tesoureiro e Secretário-Geral, sendo imprescindível que todos os 4 (quatro) candidatos componentes da chapa, e não apenas parte deles, já tenham man- dato ou condição prévia para que possam se eleger como Conselheiro Regional Efetivo; • em caso de empate entre as chapas de Diretoria, será escolhida a chapa em que o Presi- dente tiver inscrição profissional mais antiga, aplicando-se o mesmo critério para o de- sempate entre as Chapas de Conselheiros Federais e aos Conselheiros Regionais; • serão proclamados Conselheiros Suplentes os candidatos que obterem votação imedia- tamente inferior à do Conselheiro Efetivo eleito até o limite das vagas a preencher dos respectivos mandatos. Sobre a votação, em que os farmacêuticos inscritos no Conselhos votam pela Internet, deverá obrigatoriamente observar os seguintes requisitos: a) o sigilo do voto; b) a impossibilidade que o eleitor vote mais de uma vez; c) a imparcialidade e transparência do procedimento; d) endereço exclusivo na Internet; e) possibilidade de auditoria integral e independente do código-fonte; f) assinatura digital do código-executável; g) segurança através de mecanismos eficazes de criptografia de dados e canais de comunicação; h) criação de “back-up” com assinatura digital antes e depois da eleição; 44 i) espelhamento do banco de dados; j) garantia de, pelo menos, 5.000 transações por minuto; k) hardenização (mapeamento das ameaças, riscos e execução das atividades corretivas, com foco na infraestrutura e objetivo principal de torná-la preparada para enfrentar tentativas de ataque) do sistema operacional; l) “firewall” com monitoramento durante o período de eleição; m) centralização em Brasília/DF; n) disponibilização de emissão de relatório prévio antes do início das eleições, declarando que não há votos computados no banco de dados referente aos eleitores. Sobre o Conselho Federal de Farmácia (CFF): a eleição para a Diretoria do CFF observará o que dispuser no seu Regimento Interno (farmacêuticos que não estão no CFF não votam, ao contrário das eleições do CRF), mas poderão se candidatar; as eleições para Diretoria do CFF serão convocadas, em obediência ao calendário eleitoral, pelo Presidente do CFF, em edital a ser afixado na sede do órgão ou seu Plenário, indicando-se: • local e período das inscrições; • local, data e horário da realização da eleição; • requisitos a serem cumpridos pelos candidatos; • prazo para impugnação de candidatos, cujos nomes figurarão em Portaria a ser afixada em lugar visível na sede do CFF; • número e data da resolução do CFF que deu origem ao edital; • assinatura do Presidente do CFF. Os candidatos às funções de Diretores do CFF deverão registrar sua chapa completa mediante requerimento dirigido a Comissão Eleitoral regimentalmente nomeada previamente à realização do pleito, devendo ser composta por 3 (três) farmacêuticos que não sejam empregados do CFF, não façam parte do Plenário, bem como não sejam parentes ainda que por afinidade, até o segundo grau, bem como o cônjuge respectivo, de qualquer dos candidatos. O requerimento de registro da candidatura em chapa será encaminhado pela Comissão Eleitoral ao Plenário do CFF para a sua devida homologação, decidindo-se na mesma oportunidade 45 eventual pedido de impugnação; antes da eleição, a Comissão Eleitoral afixará na sede do CFF a lista das chapas concorrentes; • a secretaria do CFF confeccionará as cédulas únicas, que serão rubricadas no verso por todos os membros da Comissão Eleitoral, com indicação dos nomes das chapas, dos res- pectivos integrantes e das funções a que concorrem como Presidente, Vice-Presidente, Secretário-Geral e Tesoureiro, na ordem em que forem registradas; • a Comissão Eleitoral funcionará, em momentos distintos, como Mesas Receptora e Apu- radora, devendo garantir o sigilo do voto (ao contrario das eleições do CRF, que são pela internet (anteriormente a cédula chegava na casa do farmacêutico ele votava e enviava novamente para o CRF por meio dos Correios); • o eleitor indicará seu voto assinalando a quadrícula ao lado da chapa escolhida; • não pode o eleitor suprimir ou acrescentar nomes ou rasurar a cédula, sob pena de nuli- dade do voto; • após o encerramento, a Mesa Apuradora procederá à contagem dos votos, proclamando o resultado e a eleição dos integrantes da chapa mais votada; • todo o procedimento eleitoral para Diretoria do CFF deverá ocorrer em sessão plenária única (Brasil, 1960) Ademais, conhecer as diferenças entre as eleições dos CRF e CFF faz com que o farmacêutico entenda como pode participar de forma ativa na composição dos Conselhos, orientando aqueles que pretendem ocupar um dos cargos dos Conselhos da classe farmacêutica. 5 CÓDIGO DE ÉTICA A ética, muitas vezes, é confundida com leis, embora as leis quase sempre possuam como base os princípios éticos. Entretanto, diferentemente da lei, nenhum indivíduo pode ser compelido, pelo Estado ou por outros indivíduos, a cumprir as normas éticas, nem sofrer qualquer penalidade pela desobediência a essas leis (LISBOA, 1997). O código de ética é um documento que busca expor os princípios e a missão de uma determinada profissão ou empresa. Seu conteúdo deve ser pensado para atender às necessidades que aquela categoria serve e representa. Antes de explanar sobre o código de ética farmacêutico, é importante conhecer os principais objetivos de um código de ética. Segundo informações contidas na homepage (CÓDIGO DE ÉTICA, [s.d]), são eles: especificar os princípios de uma certa instituição e/ou profissão diante da sociedade; documentar os direitos e deveres do profissional; dar os limites das relações que o profissional deve ter com colegas e clientes/pacientes; explicar a importância de manter o sigilo profissional (essencial em muitos casos); 46 defender o respeito aos direitos humanos nas pesquisas científicas e na relação cotidiana; delimitar e especificar o uso de publicidade em cada área; falar sobre a remuneração e os direitos trabalhistas. 5.1 Código de Ética Farmacêutica: direitos e deveres Os principais direitos e deveres dos farmacêuticos são regulamentados pela resolução no 596 de 21 de fevereiro de 2014 (BRASIL, 2014). Os principais direitos são: • exigir dos profissionais da saúde o cumprimento da legislação sanitária; • recusar-se a exercer sua atividade sem remuneração adequada (piso salarial estabelecido pelo sindicato dos farmacêuticos de cada estado) ou condições dignas de trabalho; • negar-se a realizar atos farmacêuticos que sejam contrários à ciência e ética; • ser valorizado e respeitado; • ter acesso a todas as informações técnicas relacionadas ao seu local de trabalho; • decidir, justificadamente, sobre o aviamento ou não de qualquer prescrição (BRASIL, 2014; CÓDIGO DE ÉTICA, [s.d.]). Os deveres estabelecidos pela mesma resolução citada anteriormente são: • comunicar os fatos que caracterizem descumprimento da moral, ética e/ou leis; • respeitar o direito de decisão do usuário sobre seu tratamento; • preservar os legítimos interesses da profissão e da saúde, • respeitar a vida; • contribuir para a promoção, proteção e recuperação da saúde (BRASIL, 2014; CÓDIGO DE ÉTICA, [s.d.]); 5.2 Leis: Proibições, infrações e sanções legais O farmacêutico não pode exercer simultaneamente a Medicina, devido à ligação das condições clínicas apresentadas pelo paciente e o local que fornece insumos para tais condições. Ainda, deve honrar o juramento feito na conclusão do curso sobre a profissão: negar socorro ou informações/orientações ao paciente, por motivo nenhum; submete-se a condições comerciais FIQUE DE OLHO A média salarial do farmacêutico no Brasil é R$ 3 472,00, sendo o menor piso R$ 1687,00 em Roraima e o maior R$ 4400,00 no distrito Federal, média de 40 horas semanais, podendo haver variações nos diferentes ramos da profissão. 47 somente, comprometendo assim sua atividade profissional, nunca. É importante ressaltarque não se deve aceitar remuneração abaixo do piso salarial estabelecido pelo Sindicato dos farmacêuticos do estado onde atua. Algumas atitudes do farmacêutico são consideradas infrações, classificadas em leves, moderadas e graves. Alguns exemplos de infrações são: • infração leve: aceitar receber menos que o piso salarial; • infração moderada: exercer simultaneamente a Medicina; • infração grave: usar documentos, atestados, certidões ou declarações falsas ou alteradas (Brasil, 2014). Veja a seguir as penalidades que os farmacêuticos podem receber dependendo do grau de infração. Quadro 2 - Penalidades x grau de infração Fonte: CÓDIGO DE ÉTICA, [s.d.] #PraCegoVer: A imagem mostra uma tabela com 5 colunas: a primeira contém os três níveis de infração (leve, moderada, grave); as seguintes (1ª falta, 2ª falta, 3ª falta e reincidência) contém as penalidades em cada caso. Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 48 Nesta unidade, você teve a oportunidade de: • conhecer a história da profissão farmacêutica; • informar-se sobre as diversas áreas de atuação; • saber mais sobre a prescrição farmacêutica; • conhecer os Conselhos da classe; • saber sobre o código de ética farmacêutico. PARA RESUMIR ANDRADE, L.B. O papel do farmacêutico no âmbito hospitalar. Recife, 2015. 26 f. Monografia (Pós-graduação Latu Sensu)- Centro de Capacitação Educacional, Instituto Nacional de Ensino Superior e Pesquisa. ARAÚJO, R. G.; ALMEIDA, S. M. Farmácia clínica na Unidade Terapia Intensiva. Pharmacia Brasileira – nov/dez, 2008. BERNSTEIN P. L. O Poder do Ouro. Rio de Janeiro: Campus, 2001. BRASIL. Lei nº 3.820, de 11 de novembro de 1960. Cria o Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Farmácia, e dá outras providências. Brasília,11 de novembro de 1960. BRASIL. Lei 9.649 de 27 de Maio de 1998. Dispõe sobre a organização da Presidência da República e dos Ministérios, e dá outras providências. Brasília, 1998a. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9649cons.htm. Acesso em: 7 mar. 2020 BRASIL. Ministério da Saúde/SNVS. Portaria n°344 de 12 de maio de 1998. Aprova o Regulamento Técnico sobre substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, 31 de dez. de 1998b. BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE/CP no 2, de 19 de fevereiro de 2002. Institui a duração e a carga horária dos cursos de licenciatura, de graduação plena, de formação de professores da Educação Básica em nível superior. Brasília, 4 de março de 2002. BRASIL. Conselho Federal de Farmácia. Resolução do CFF nº 572, de 25 de abril de 2013. Dispõe sobre a regulamentação das especialidades farmacêuticas, por linhas de atuação, Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília 25 de abr. 2013a. BRASIL. Conselho Federal de Farmácia. Resolução nº 586 de 29 de agosto de 2013. Regula a prescrição farmacêutica e dá outras providências. Brasília, 4 de março de 2013b. Disponível em: http://www.cff.org.br/userfiles/file/noticias/ Resolu%C3%A7%C3%A3o586_13.pdf. Acesso em: 25 de mar. 2020. BRASIL. Resolução no 596 de 21 de fevereiro de 2014. Dispõe sobre o Código de Ética Farmacêutica, o Código de Processo Ético, e estabelece as infrações e regras de aplicação das sanções disciplinares aos farmacêuticos. Brasília, 25 de março de 2014a. Disponível em: http://www.cff.org.br/userfiles/file/C%C3%B3digo%20de%20Etica%2003fev2014. pdf. Acesso em: 25 mar. 2020. BRASIL. Resolução 13.021, de 08 de agosto de 2014. Dispõe sobre o exercício e a fiscalização das atividades farmacêuticas. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília 31 de ago. 2014b. BRASIL. Resolução 660, de 28 de setembro de 2018. Aprova o Regulamento Eleitoral para os Conselhos Federal e Regionais de Farmácia e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, 3 out. 2018. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BURLAGE, H.M.et al. Fundamental principles and process of pharmacy. New York: McGraw Hill, 1944. CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA (CFF). História da profissão farmacêutica. 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Conheça aqui informações sobre as atividades do farmacêutico. O profissional farmacêutico é habilitado à prestação de serviços na área da saúde, em todos os níveis de atenção (básica, média e alta complexidade), tanto no âmbito privado, quanto no público. Através da Lei nº 3.829 de novembro de 1960, foi que esses fatores foram normatizados, com auxilio dos líderes do governo nacional. A partir desta lei, foram criados os Conselhos da profissão: Conselho Federal de Farmácia (CFF) e os Conselhos Regionais de Farmácia (CRFs). A estas entidades estão atribuídas personalidades jurídicas e públicas, possuindo autonomia administrativa e financeira nas decisões que regem a profissão farmacêutica no Brasil. Bons estudos! 55 1. NORMAS PARA O EXERCÍCIO DA PROFISSÃO FARMACÊUTICA Os Conselhos de Farmácia representam os interesses individuais e principalmente coletivos gerais da profissão farmacêutica, e têm por intuito assegurar os serviços prestados a toda população, e claro zelando sempre pelos princípios éticos e disciplinares. O decreto nº 85.878 (BRASIL, 1981), de 7 de abril de 1981, foi fundamental para o detalhamento e especificações da profissão, ele “estabelece normas para execução da Lei anteriormente citada, sobre o exercício da profissão de farmacêutico, e dá outras providências”. No artigo 1º são descritas as “atribuições privativas dos profissionais farmacêuticos”, ou seja, estabelece um conjunto de normas laborais e funcionais para o exercício, de maneira que o cumprimento por profissional não habilitado é passível de aplicação de multa e até cassação de licença, por exercício ilegal. Neste caso, para os registrados em outros conselhos. Como exemplo, temos o ocorrido, em fevereiro do ano de 2019, em Vitória, no estado do Espírito Santo. Uma farmacêutica foi acusada de inúmeras fraudes ao ser descoberta, quando apresentou um falso diploma ao Conselho Regional de Farmácia do Espírito Santo. Entre outras alegações, ela foi acusada de descarte irregular de medicamentos, venda de medicamentos controlados sem apresentação de receituário médico, medicamentos vencidos ou com vencimentos violados. Este caso foi percebido principalmente pelo fato de que o diploma foi expedido na cidade de Brasília – Distrito Federal, mas a instituição de ensino estava situada na cidade de Blumenau – Santa Catarina. Com isto, o Conselho a denunciou à polícia local, que a investiga por crimes de tráfico de drogas, exercício ilegal da profissão, falsidade ideológica, uso de documentos falsos e crimes contra as relações de consumo e, com isto, pode ser condenada a até 33 anos de prisão. Neste caso, podemos perceber a importância e veracidade da lei, e da atuação do respectivo conselho de classe. Ainda quanto ao artigo 1º do Decreto nº 85.878 de 1981 (BRASIL, 1981), o Inciso I infere sobre o “desempenho das funções de dispensação ou manipulação de formas magistrais e farmacopeicas, quando a serviço do público em geral ou mesmo de natureza privada”. O farmacêutico é um profissional capacitado dentro de suas diretrizes curriculares da graduação para tais funções. A assistência farmacêutica tem, em seu ciclo, a dispensação, mas, a partir da atenção farmacêutica, o ato de dispensação passou a ter outra conotação: que excede um simples ato de entregar o medicamento ao paciente. 56 A partir do ano de 1990, essa terminologia foi utilizada pela primeira vez para descrever um conjunto de atividades focado na orientação ao paciente e promoção do uso racional de medicamentos, estabelecendo-se uma relação direta com o paciente. Tudo isto com interesse voltado para o paciente e assegurando uma farmacoterapia correta, podendo assim melhorar a adesão e até mesmo a eficácia do tratamento. Esse princípio nos relembra as antigas boticas, onde eram preparados os medicamentos e comercializados. Este cenário foi modificado após as guerras e a revolução industrial. A concentração das responsabilidades do preparo das formulações nas indústrias gerou insatisfação, óbvia, dos farmacêuticos; e os distanciou do paciente e da participação na equipe multidisciplinar. Somente após os movimentos profissionais e da abertura para participação na área hospitalar, em 1980, foi que essa prática voltou a emergir. Figura 1 - Manipulação de medicamentos Fonte: STOCK-ASSO, Shutterstock, 2020 #PraCegoVer: A imagem mostra instrumentos das antigas boticas: uma tigela branca com um pilão, um livro antigo aberto e uma balança tradicional ao fundo, em cima de uma mesa de madeira. Ainda com base no Inciso I (BRASIL, 1981), vale ressaltar a importância dos conhecimentos farmacotécnicos e das boas práticas de fabricação adquiridos pelo farmacêutico. A grande vantagem em torno disto é o caráter individualizado das produções, destinadas a um individuo com necessidades específicas, as quais são obtidas através da aplicação dos métodos de atenção farmacêutica. Percebe o quanto as áreas são interligadas e dependentes? Vamos exemplificar. Imagine pacientes que possuem restrições como intolerância à lactose, alérgicos a corantes ou flavorizantes, entre outros, podendo ser crianças, adultos ou até mesmo os idosos, que necessitam utilizar algum medicamento por via oral. Para estes pacientes, a prescrição e a manipulação das fórmulas precisa ser restrita e extremamente individualizada, ou seja, a atuação do farmacêutico é imprescindível para a manipulação segura, desde o começo até o final do tratamento farmacológico. 57 Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: Ainda referente às atividades privativas, o Inciso II (BRASIL, 1981) nos esclarece quanto ao assessoramento e a responsabilidade técnica em estabelecimentos industriais, laboratórios, depósitos entre outros. Está descrito que qualquer indústria farmacêutica que fabrique produtos com ação terapêutica, anestésica ou que sejam substâncias utilizadas para fins de diagnóstico, ou ainda que possam causar qualquer tipo de dependência, seja psíquica ou física, deve ter sua responsabilidade técnica assumida por profissional farmacêutico. Ainda explicita que “órgãos, laboratórios, setores ou estabelecimentos farmacêuticos em que se executem controle e/ou inspeção de qualidade, análise prévia, análise de controle e análise fiscal de produtos que tenham destinação terapêutica, anestésica ou auxiliar de diagnósticos ou capazes de determinar dependência física ou psíquica” (BRASIL, 1981) também devem atender à mesma responsabilidade. Além das atividades acima, alguns laboratórios e estabelecimentos realizam as mesmas atividades citadas, além de processos de extração e purificação, com relação a produtos de origem vegetal, animal e mineral. Estes locais também devem obrigatoriamente possuir farmacêutico. Qualquer lugar que armazene produtos farmacêuticos, os chamados depósitos, também necessita de responsabilidade técnica e isto é atividade privativa do farmacêutico. O Inciso III nos destaca como atividade privativa do farmacêutico na “fiscalização profissional sanitária e técnica de empresas, estabelecimentos, setores, fórmulas, produtos, processos e métodos farmacêuticos ou de natureza farmacêutica” (BRASIL, 1981).Isso nos reforça que a fiscalização de atividades farmacêuticas, sejam elas quais forem, deve ser realizada por farmacêutico também. Portanto, ao se deparar com a fiscalização em seu ambiente de trabalho, se certifique de que ela está ocorrendo da maneira correta, como assegurada na legislação. 58 Com isto, o Inciso IV reitera que elaborar laudos técnicos e realizar perícia técnico-legais nestas características acima citadas também é de propriedade do farmacêutico (BRASIL, 1981). Em relação aos cursos de graduação em Farmácia, a legislação cita em seu Inciso V que as disciplinas/matérias específicas só podem ser ministradas por profissionais farmacêuticos, assim como os demais ”serviços e funções, não especificados no presente Decreto, que se situem no domínio de capacitação técnico-científica profissional.” (BRASIL, 1981). Além destas, o farmacêutico possui outras atribuições, mas estas, que não são atividades exclusivas ou privativas, são tratadas no artigo 2º. Ainda referente à direção, assessoramento, a responsabilidade técnica e o desempenho de funções especializadas o Inciso I determina que: a) órgãos, empresas, estabelecimentos, laboratórios ou setores em que se preparem ou fabriquem produtos biológicos, imunoterápicos, soros, vacinas, alérgenos, ototerápicos para uso humano e veterinário, bem como de derivados do sangue. b) órgãos ou laboratórios de análises clínicas ou de saúde pública ou seus departamentos especializados c) estabelecimentos industriais em que se fabriquem produtos farmacêuticos para uso veterinário; d) estabelecimentos industriais em que se fabriquem insumos farmacêuticos para uso humano ou veterinário e insumos para produtos dietéticos e cosméticos com indicação terapêutica; e) estabelecimentos industriais em que se fabriquem produtos saneantes, inseticidas, raticidas, antissépticos e desinfetantes; f) estabelecimentos industriais ou instituições governamentais onde sejam produzidos radioisótopos ou radiofármacos para uso em diagnóstico e terapêutica; g) estabelecimentos industriais, instituições governamentais ou laboratórios especializados em que se fabriquem conjuntos de reativos ou de reagentes destinados às diferentes análises auxiliares do diagnóstico médico; h) estabelecimentos industriais em que se fabriquem produtos cosméticos sem indicação terapêutica e produtos dietéticos e alimentares; i) órgãos, laboratórios ou estabelecimentos em que se pratiquem exames de caráter químico- toxicológico, químico-bromatológico, químico-farmacêutico, biológicos, microbiológicos, fitoquímicos e sanitários; j) controle, pesquisa e perícia da poluição atmosférica e tratamento dos despejos industriais. (Art. 2ª, Inciso I, Decreto 85.878/81) Quando se trata destes produtos acima citados, alguns outros profissionais de saúde como biomédicos, químicos e médicos veterinários, por exemplo, podem assumir de acordo com suas modalidades e conhecimentos profissionais. Os artigos 3º ao 6º esclarecem que o disposto neste Decreto (BRASIL, 1981) abrange tanto a atuação da profissão farmacêutica no âmbito público da União, Estados, Distrito Federal, 59 Territórios, Municípios e seus respectivos órgãos, como nos locais particulares. Continua esclarecendo que as dúvidas sobre a profissão devem ser resolvidas através do Conselho Federal, cabendo a ele também a função de expedir resoluções para melhor compreensão das atividades do profissional farmacêutico (BRASIL, 1981). 1.1 Lei nº 13.021/2014– exercício e fiscalização das atividades farmacêuticas A Lei nº 13.021 de 8 de agosto de 2014 (BRASIL, 2014) rege as ações e serviços de assistência farmacêutica como um todo, desde pessoas físicas a jurídicas, pública ou no âmbito privado. Traz definições referentes a termos importantes da área da farmácia, como assistência farmacêutica, farmácias e drogarias, entre outras características importantes para o funcionamento dos estabelecimentos farmacêuticos. Além de ressaltar que o farmacêutico fiscal não pode exercer qualquer outra atividade na área da farmácia como, por exemplo, responsabilidades técnicas, propriedade ou participar de sociedades em estabelecimentos farmacêuticos. Figura 2 - Atendimento em farmácias Fonte: SYDA PRODUCTIONS, Shutterstock, 2020 #PraCegoVer: A imagem mostra uma mulher de jaleco branco (aparenta se ruma farmacêutica) segurando um frasco de remédio marrom de tampa branca, como se estivesse mostrando ele a um homem que está ao seu lado (aparenta ser um cliente). Ao fundo, há prateleiras de farmácia cheias de produtos. 1.2 Obrigatoriedades do farmacêutico no exercício de suas atividades Durante o exercício de suas atividades o farmacêutico possui obrigações perante a lei. Entre elas está a organização do cadastro com todos os dados, sejam ele técnicos e/ou científicos, de todos os produtos (com finalidades terapêuticas), disponíveis no estabelecimento em que ele atua, assim como a manutenção destes dados atualizados. 60 Em casos de ocorrência de relatos de efeitos colaterais, reações adversas, intoxicações (sejam aquelas que ocorreram sem causa específica ou não), dependências a fármacos, o farmacêutico deve notificar os profissionais de saúde em geral, a vigilância sanitária, o laboratório responsável pela produção do respectivo medicamento e registrar as notificações para gerar dados de farmacovigilância. A geração de protocolos para vigilância farmacológica e sua aplicação da maneira correta também é responsabilidade do farmacêutico com intuito de assegurar o uso racional de medicamentos, promover sua segurança e sua eficácia terapêutica. O acompanhamento farmaco-terapêutico do paciente em redes públicas e privadas deve ser realizado em hospitais, com pacientes internos ou não, em ambulatórios, etc. É importante estabelecer um perfil da farmacoterapia do paciente, de forma sistemática, elaborando ou adaptando fichas farmaco-terapêuticas, preenchendo-as corretamente, obtendo informações do paciente e interpretando os dados colhidos, com intuito de auxiliar a melhoria do tratamento farmacológico. Diante disto, a orientação do farmacêutico para o paciente deve ser realizada para esclarecer a relação entre risco e benefício existente em todos os tratamentos, como deve ser feita a conservação dos produtos, a correta utilização, as possíveis interações, entre outros fatores que podem ser cruciais para a excelência do tratamento farmacológico 1.3 Comissão de Farmácia e Terapêutica (CFT) Antes de falarmos sobre a Assistência Farmacêutica, vamos entender um pouco sobre a CFT (Comissão de Farmácia e Terapêutica). O principal objetivo desta comissão é auxiliar o responsável pela gestão e toda a equipe de saúde em assuntos que se referiram a medicamentos. A seleção e elaboração do Formulário Terapêutico é uma das principais funções da CFT, assim como assessorar a gerência farmacêutica a realizar a validação dos protocolos terapêuticos, formular materiais com função informativa sobre os medicamentos e desenvolver ações com objetivos educativos, além de apoiar e também promover educação continuada. O que é o Formulário Terapêutico? De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2002): É um documento com informações científicas sobre os medicamentos selecionados, extraídas de fontes seguras e atualizadas, visando subsidiar os profissionais de saúde na prescrição e dispensação dos medicamentos da RME (Relação de Medicamentos Essenciais). 61 2 ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA (AF) As informações descritas na lei do exercício da profissão farmacêutica são iniciadas com definições referentes à Assistência Farmacêutica. Mas, de fato, qual a definição desse termo? Um conjunto de ações voltadas à promoção, proteção e recuperação da saúde, tanto individual como coletiva, tendo o medicamento como insumo essencial e visando o acesso e seu uso racional. Este conjunto envolve a pesquisa, o desenvolvimento e a produção de medicamentos e insumos, bem como a sua seleção, programação, aquisição, distribuição,dispensação, garantia da qualidade dos produtos e serviços, acompanhamento e avaliação de sua utilização, na perspectiva da obtenção de resultados concretos e da melhoria da qualidade de vida da população (BRASIL, 1981). A AF é um dos setores com maior representatividade no setor financeiro das Secretarias Estaduais de Saúde, e estes valores só tendem a crescer, pois acompanham o aumento da demanda por medicamentos. O maior problema relativo a estes gastos, fora a necessidade, é claro, é a falta de gerenciamento efetivo, causando desperdícios ou, até mesmo, compras realizadas de maneiras equivocadas. Gerenciar de forma eficiente é essencial para um bom desenvolvimento de todos os processos que envolvem a Assistência Farmacêutica. São essenciais os planejamentos, execuções, mas também o acompanhamento e avaliação constante dos resultados. Esta avaliação é que trará informações sobre necessidade de mudanças, de formulação de novos planejamentos e consequentemente novos resultados e novas avaliações. Todas as ações da Assistência Farmacêutica devem ter fundamento nos princípios do artigo 198 da Constituição Federal e na Lei Orgânica de Saúde, através do artigo 7º, além de outros preceitos que são próprios da AF. (BRASIL, 2016; BRASIL, 1990) Entre eles, estão os princípios de universalidade, equidade, integralidade e descentralização. Regionalização e hierarquia dos serviços de saúde, sendo assim, cada esfera do governo tem uma responsabilidade específica quando se trata do fornecimento de medicamentos, e materiais relacionados à saúde. Entre os outros fatores inclusos estão à multidisciplinaridade (imprescindível para um bom desenvolvimento da saúde), intersetorialidade e a garantia de qualidade do que for ofertado. Estruturação, organização e normalização dos serviços farmacêuticos também são imprescindíveis. 2.1 Ciclo da Assistência Farmacêutica O ciclo da assistência farmacêutica é o condutor, o principal norteador da AF. É chamado de ciclo, pois as ações são coordenadas de forma sistemática e uma influencia e depende da outra. 62 O ciclo é composto por: • seleção; • programação; • aquisição; • armazenamento; • distribuição; • e utilização Vamos entender cada um deles e como se dá a participação do farmacêutico nestas ações. SELEÇÃO: é o início do ciclo, fase em que se selecionam quais medicamentos serão disponibilizados naquele local específico de atendimento. A seleção tem por finalidade principal a racionalização do uso, além de direcionar as politicas farmacêuticas e identificar quais os medicamentos necessários pra cada região de atendimento. No SUS, esta seleção é realizada a partir da RENAME (Relação Nacional de Medicamentos Essenciais), que é uma referência nacional; mas a dimensão territorial e diversidade do Brasil fazem com que sejam necessários alguns medicamentos específicos por região. Algumas doenças estão presentes em alguns estados brasileiros e em outros não, por isto medicamentos específicos para essas doenças só precisarão ser selecionados para as regiões que apresentem casos da doença. Isto é denominado de características epidemiológicas. Para que um medicamento seja selecionado, para que ele esteja presente na RENAME, é preciso que sua atividade terapêutica seja comprovada por meio de evidências técnicas e científicas, referentes à sua segurança, eficácia, efetividade e também se é viável economicamente para a compra, de acordo com o financiamento existente. Outro fator importante é a condição relacionada à estabilidade do medicamento, ou seja, como ele deve ser armazenado, transportado e dispensado para que sua qualidade seja mantida. Para que seja excluído, adicionado ou substituído algum medicamento nas relações, são necessárias comprovações quanto à vantagem do novo produto em relação ao antigo, com base no custo-efetividade. O custo-efetividade é uma característica para racionalizar os recursos financeiros. Deve ser analisado não somente o custo da compra, ou seja, da aquisição, mas também os custos com armazenamento, distribuição, por exemplo. PROGRAMAÇÃO: nesta etapa são analisadas e programadas todas as etapas do processo, para que seja garantido que o medicamento estará disponível na quantidade e no momento 63 necessário. Para isso, são analisados o histórico de utilização dos produtos, a capacidade e, claro, os dados epidemiológicos do local. Toda a programação deve ser realizada com base na RENAME e na REMUME. Nestas os nomes dos medicamentos estão organizado por nome genérico, ou seja, o nome do principio ativo, forma farmacêutica e apresentação. AQUISIÇÃO: É o momento de compra do medicamento. São realizados procedimentos administrativos, técnicos e jurídicos para as compras dos produtos. Neste momento, se responde aos questionamentos sobre o que comprar, para quem, o modo de realizar essa aquisição, quanto, quando e como realizar a compra. Quando se fala de compra de materiais médico-hospitalares, esta é realizada basicamente por licitações e pregão eletrônico. No caso dos medicamentos, ao vencer a licitação ou o pregão, a empresa vencedora deve apresentar: • atestado de Capacidade Técnico-Operacional; • autorização de funcionamento da empresa (AFE) e, em caso de medicamentos controla- dos, a autorização especial (AE); • alvará ou licença sanitária; • certificado de registro do produto; • certidão de regularidade técnica. ARMAZENAMENTO: Esta etapa envolve desde o recebimento, a estocagem, conservação, toda a parte de controle de estoque e o mecanismo de entrega que garanta a preservação do medicamento, até as características microbiológicas e físico-químicas. Para que seja garantida a qualidade do medicamento, é importante a obtenção de um FIQUE DE OLHO A RENAME é uma relação nacional elaborada de acordo com as necessidades do país. Os estados selecionam os medicamentos formulando sua REME (Relação Estadual de Medicamentos Essenciais) e os municípios a REMUME (Relação Municipal de Medicamentos Essenciais) de acordo com suas necessidades epidemiológicas. 64 certificado emitido pela ANVISA (Agência de Vigilância Sanitária) e regulamentado pela RDC (Resolução de Diretoria Colegiada) nº 39/2013 denominado: Certificado de Boas Práticas de Armazenagem. Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: A obtenção deste certificado só acontece após toda uma verificação do cumprimento de todos os requisitos descritos no Manual de Boas Práticas de Fabricação e Boas Práticas de Distribuição e/ou Armazenagem. Padronizar todas as operações é um dos pontos principais e isso ocorre através da criação e cumprimento dos POP’s (Procedimentos Operacionais Padrão). Esses procedimentos descrevem como deve ser realizada a limpeza, como os produtos devem ser recebidos, a temperatura e umidade do ambiente de armazenamento, o controle do estoque e de características como lotes e prazos de validade, o que fazer em caso de violação, ou produtos com alguma alteração de embalagem, entre outras informações importantes. O local onde todo este processo acontece é a Central de Abastecimento Farmacêutico, mais conhecido através da sua sigla: CAF. Por que este nome? Na CAF, são armazenados somente medicamentos. Os demais produtos, como materiais hospitalares, são acondicionados em depósitos, almoxarifados, estoques, etc. DISTRIBUIÇÃO/DISPENSAÇÃO: esta fase do ciclo é quando ocorre o suprimento das unidades de saúde com os medicamentos necessários, na quantidade e no tempo oportuno, e com boa qualidade, para que seja então dispensado à população por meio de prescrição. Para que a distribuição seja efetiva, é necessário que haja rapidez no processo, cumprindo o cronograma estabelecido e não deixando que haja atrasos e/ou falta de abastecimento. Além disto, é necessário garantir que os produtos irão chegar ao seu destino com as especificações 65 corretas, e com a qualidade necessária para serem consumidos pelos usuários. O monitoramento desta distribuição deve ser bem realizado. O sistemaprecisa ser alimentado frequentemente com todos os dados referentes aos produtos: lote, validade, em qual lugar do estoque ele esta armazenado, quantidades em estoque, quantidades distribuídas, demanda, estoque máximo e mínimo, ou seja, qualquer informação que seja pertinente para um gerenciamento eficaz. Figura 3 - Controle de produtos farmacêuticos Fonte: DOTSHOCK, Shutterstock, 2020 #PraCegoVer: A imagem mostra um farmacêutico, corretamente paramentado com jaleco branco, fazendo conferencia de produtos, por meio de anotações em um papel, em um setor de armazenamento de produtos de saúde, visto a presença de estantes de ferro e caixas de papelão ao fundo. O cuidado no transporte dos produtos é essencial, ele deve garantir que as condições necessárias para manutenção da estabilidade do produto sejam ofertadas. Deve ser avaliada a distância das rotas, o tempo de entrega e os custos desse processo, que foram avaliados lá no começo do ciclo e precisam ser cumpridos. Exemplificando, os veículos que transportam os medicamentos necessitam de isolamento térmico em sua estrutura, para garantir a estabilidade, principalmente em casos de viagens mais longas e principalmente de produtos termolábeis como vacinas, soros, insulinas, colírios, entre outros. Os motoristas precisam de treinamento quanto à responsabilidade e cuidados com a carga que estão transportando; manuseio; e principalmente quanto ao alto custo e os cuidados para que fatores externos não prejudiquem o andamento da entrega e a qualidade do produto. A periodicidade da distribuição também é outro ponto importante. Programar os intervalos de tempo entre elas, pois quanto menor o intervalo, maior o custo com o vai e vem, muitas vezes desnecessário, quando se tem uma programação de distribuição bem realizada e efetiva. 66 É preciso que o farmacêutico avalie o processo como um todo, por exemplo: a entrega mensal dos medicamentos faz com que o acompanhamento e o gerenciamento sejam mais eficazes, mas, em compensação, o custo é mais alto, portanto mais onerosos ao sistema financeiro dedicado a este setor. A distribuição ocorre por etapas, iniciando com uma solicitação de medicamentos por parte do farmacêutico responsável por aquela unidade de saúde, visando a suprir as demandas por um tempo especifico. A solicitação é analisada e, quando aprovada, é repassada para que o pedido seja processado. Neste momento, o pedido é realizado e uma copia dele é enviado para a unidade que pediu os produtos; e a outra segue para que o pedido seja preparado e liberado. Todo pedido deve ser preparado por uma pessoa e conferido por outra, para que sejam minimizados os erros. A conferência é realizada e o responsável assina as vias, atestando que tudo o que foi pedido está sendo enviado. Para finalizar, o registro de saída é dado e tudo fica arquivado por um período de cinco anos. Quanto ao processo de dispensação, precisamos primeiramente definir este termo. Dispensar significa entregar ao paciente medicamentos, seja um ou mais, de acordo com uma prescrição realizada por profissional autorizado para tal. Porém, não é somente isto: na dispensação, o farmacêutico deve informar, orientar o paciente quanto ao uso correto do medicamento, horários, dose, se pode consumir com alimento ou precisa de jejum, interação com outros possíveis medicamentos já utilizados pelo paciente, as principais reações adversas e efeitos colaterais, bem como a maneira de conservar o medicamento em casa, entre outas orientações particulares a cada caso (do paciente ou até mesmo do medicamento). É importante que o ato da dispensação auxilie a educação em saúde do paciente: que ele compreenda o que está utilizando e como fazê-lo de forma correta e racional, cumprir a prescrição médica; ou seja precisa fornecer produtos com qualidade, na quantidade e concentrações corretas, além de prestar atenção farmacêutica. Alguns aspectos legais regem este processo, segue abaixo uma listagem para consulta. Estabelecimento de critérios para prescrição e dispensação dos medicamentos genéricos Resolução ANVISA – MS - n° 10/01. Estabelecimento de competências dos farmacêuticos e intercambialidade para os medicamentos genéricos Resolução CFF- n° 349/00. Lei dos Medicamentos Genéricos 67 Lei n° 9787/99. Regulamentação do fracionamento de medicamentos Portaria SVS n° 99/93. Estabelecimento de requisitos para dispensação em Farmácias e Drogarias Resolução ANVISA - MS, n° 328/99. Estabelecimento de critérios para medicamentos sob controle especial Portaria SVS n° 344/98. Boas Práticas de Dispensação de Medicamentos Resolução C.F.F. n° 357/01. De acordo com o Ministério da Saúde (2002), os principais aspectos que precisam ser abordados na orientação ao paciente são indicação, contraindicação, via de administração, duração de tratamento, dosagem, posologia, cumprimento dos horários, influência dos alimentos e interações com outros medicamentos. As atividades de responsabilidade do farmacêutico neste processo são importantíssimas para o desenvolver eficaz do tratamento. A análise da prescrição médica é essencial para identificação de possíveis erros, desde o preenchimento ou de escolha de medicamento inadequada para determinados casos. O Manual de Assistência Farmacêutica do Distrito Federal (DISTRITO FEDERAL, [s.d.]) destaca como pontos a serem observados na prescrição: Legibilidade e ausência de rasuras; Identificação correta do paciente; FIQUE DE OLHO Todas as legislações estão disponíveis para consulta online. É extremamente importante que você conheça o que regulamenta sua profissão para que trabalhe dentro das permissões. Assim como conhecer o seu código de ética que dispõe, além de outras informações, os seus direitos e deveres quanto farmacêutico. 68 Local e data de emissão da prescrição; Identificação do medicamento, concentração, dosagem, forma farmacêutica e quantidade; Informações de posologia e duração do tratamento; Identificação do prescritor com número de registro no respectivo conselho e assinatura. Manter o conhecimento quanto à atenção farmacêutica e os serviços clínicos são, de fato, um fator que merece destaque, além do conhecimento quanto à legislação que rege a dispensação de produtos terapêuticos. É importante destacar que a dispensação de medicamentos de controle especial deve ser feita pelo farmacêutico, mediante apresentação de receituário e preenchimento de notificação de controle especial, seguindo o que determina a Portaria 344/1998 (BRASIL, 1998a). Estas devem ser lançadas diariamente nos registros e permanecer arquivadas por um período de dois anos. As classes devem obrigatoriamente se notificadas em seus documentos da cor específica: • amarela: • entorpecentes; • azul: • psicotrópicos; • branca: • retinoides de uso sistêmico e imunossupressores. Outra classe que merece destaque é a de antimicrobianos ou mais conhecidos como antibióticos. A dispensação destes deve ser realizada mediante apresentação de receita com duas vias. A segunda via ficará retida e a primeira é devolvida ao paciente. Esta prescrição só tem validade de 10 dias a contar da data em que foi realizada. Vale ressaltar, portanto, que a assistência do farmacêutico para com o paciente não deve finalizar neste momento. Para garantir um atendimento humanizado e um tratamento medicamentoso seguro, é necessário um acompanhamento farmacoterapêutico eficaz e sem interrupções. 69 Figura 4 - Atendimento ao paciente Fonte: ISTOCK-874793774, 2020 #PraCegoVer: A imagem mostra uma profissional da área da saúde, usando crachá, com anotações e uma caneta nas mãos e orientando a paciente. As duas estão sorrindo sentadas em um sofá. 2.2 Atribuição do farmacêutico na AF O farmacêutico é um profissional de atividades cruciais no âmbito da AF, como o próprio nome já confirma. Deve gerenciar todo o ciclo da AF, desde o momento da seleção, programação, aquisição, armazenamento, distribuição/dispensação de medicamentose materiais médico- hospitalares, para que o inicio e fim de cada processo garanta qualidade dos produtos e serviços prestados. O treinamento de todos os participantes em casa fase do ciclo também é de responsabilidade do farmacêutico, e é essencial uma boa capacitação para se obter resultados satisfatórios. Outros pontos descritos também pelo Manual de Assistência Farmacêutica do Distrito Federal (DISTRITO FEDERAL, [s.d.]) são: Prestar serviços clínicos farmacêuticos aos usuários, especialmente, aos que necessitem acompanhamento constante, como os de doenças crônicas; Acompanhar e avaliar a utilização de medicamentos pela população, para evitar usos incorretos; Educar a população e informar aos profissionais de saúde sobre o uso racional de medicamentos, por intermédio de ações que disciplinem a prescrição, a dispensação e o uso de medicamentos. Portanto, é notória a importância do profissional farmacêutico nos mais diversos âmbitos da área de saúde. Sempre com foco na atenção ao paciente, na garantia do seu bem-estar e proporcionando o melhor do tratamento farmacoterapêutico. 70 Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 71 Nesta unidade, você teve a oportunidade de: • conhecer a lei do exercício profissional farmacêutico; • identificar as atividades privativas do farmacêutico; • compreender a importância do farmacêutico no ambiente de saúde; • aprofundar seus conhecimentos sobre a assistência farmacêutica; • estudar sobre a consulta farmacêutica e a farmácia clínica; • identificar a função da ANVISA; • destacar as principais funções do farmacêutico na dispensação de medicamentos. PARA RESUMIR APOIADORES DA ATENÇÃO BÁSICA DA SES/SP. Assistência farmacêutica na atenção básica. São Paulo, 2009. Disponível em: Acesso em: 03/02/2020. BRASIL. Ministério da Saúde. Lei nº. 3.829, de novembro de 1960. Diário Oficial da União. Brasília, 1960. Disponível em: http://www.cff.org.br/userfiles/file/educacao_ farmaceutica/Comissao_Ensino/Outras%20Legislacoes/Lein3820_1960.pdf. Acesso em: 06/02/2020. ______. Decreto nº 85.878, 7 de abril de 1981. Estabelece normas para execução da Lei nº 3.820, de 11 de novembro de 1960, sobre o exercício da profissão de farmacêutico, e dá outras providências. Diário Oficial da União. Acesso em: 06/02/2020. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/ Antigos/D85878.htm. Acesso em: 11 mar. 2020. ______. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. LEI Nº 8.080, DE 19 DE SETEMBRO DE 1990. Brasília, 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080. htm. Acesso em: 11 mar. 2020. ______. Ministério da Saúde. Portaria nº. 344, de 12 de maio de 1998. Diário Oficial da União. Brasília, 1998a. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/ svs/1998/prt0344_12_05_1998_rep.html. Acesso em: 06/02/2020. ______. Ministério da Saúde. Portaria nº. 3.916, de 30 de outubro de 1998. Diário Oficial da União. Brasília, 1998b. Disponível em: http://www.cff.org.br/userfiles/file/ portarias/3916_gm.pdf. Acesso em: 06/02/2020. ______. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Assistência farmacêutica na atenção básica instruções técnicas para a sua organização. Brasília, 2002. Disponível em: . Acesso em 02/02/2020. ______. Constituição da República Federativa do Brasil. Texto constitucional promulgado em 5 de outubro de 1988, com as alterações determinadas pelas Emendas Constitucionais de Revisão nos 1 a 6/94, pelas Emendas Constitucionais nos 1/92 a 91/2016 e pelo Decreto Legislativo no 186/2008. Brasília, 2016. Disponível em: https:// www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/518231/CF88_Livro_EC91_2016.pdf. Acesso em: 11 mar. 2020. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA – CFF. Resolução – RDC nº 585 de 29 de agosto de 2013. Ementa: Regulamenta as atribuições clínicas do farmacêutico e dá outras providências. Brasília, 2013a. Disponível em: http://www.cff.org.br/userfiles/file/ resolucoes/585.pdf. Acesso em: 06/02/2020. ______. Resolução – RDC nº 586 de 29 de agosto de 2013. Ementa: Regula a prescrição farmacêutica e dá outras providências. Brasília, 2013b. Disponível em: http://www.cff. org.br/userfiles/file/resolucoes/586.pdf. Acesso em: 04/02/2020. CORADI, A. E. P. A importância do farmacêutico no ciclo da Assistência Farmacêutica. Arquivos Brasileiros de Ciências da Saúde, v.37, n. 2, p. 62-64, Maio/Ago 2012. DISTRITO FEDERAL. Secretaria Estadual de Saúde do Distrito Federal. Diretoria de Assistência Farmacêutica/CATES/SAIS/SES. Manual da Assistência Farmacêutica. Brasília, [s.d.]. Disponível em: http://www.saude.df.gov.br/wp-conteudo/uploads/2018/04/ Manual_ASSIST%C3%8ANCIA-FARMAC%C3%8AUTICA.pdf. Acesso em: 11 mar. 2020. UNIDADE 4 Integração Você está na unidade Integração. Conheça aqui o que é uma equipe multiprofissional de saúde e como o farmacêutico atua junto a outros profissionais na otimização e segurança do tratamento do paciente. Serão apresentadas as fases da assistência farmacêutica, passando pela atuação em hospitais e atenção básica. Serão apresentadas também algumas residências multiprofissionais em saúde, assim como o papel do farmacêutico no Médicos Fronteiras (MSF). A ética dentro de uma equipe multiprofissional será tratada, para que se possa ter uma noção de que ela é primordial para ser um bom profissional. Bons estudos! Introdução 77 1 EQUIPE MULTIPROFISSIONAL (MULTIDISCIPLINAR) EM SAÚDE Muito se ouve falar em equipe multiprofissional no atendimento ao paciente, mas, na prática, o que é uma equipe multiprofissional e como trabalham? Primeiramente, vale frisar que a formação de uma equipe multidisciplinar traz benefícios clínicos, humanísticos e econômicos para a instituição, além de tornar o atendimento mais efetivo e seguro para o paciente. Os profissionais clínicos trabalham juntos desde o diagnóstico, tratamento até a recuperação do paciente, sendo que cada etapa demanda um grupo de profissionais de diferentes áreas de atuação. Trabalhando-se em conjunto, aumenta-se a percepção de problemas clínicos, visto que cada um o paciente de uma forma, gerando pontos de vistas distintos, que devem ser debatidos para se chegar a um diagnóstico e/ou melhoria do tratamento (Acioli apud PINHEIRO et. al., 2004). 1.1 Composição das equipes multiprofissionais no SUS O SUS (Sistema único de Saúde), trabalha, em todos os seus níveis de atenção à saúde (Atenção Primária, Secundária e Terciária), com equipes multiprofissionais, que devem atuar juntas e sincronizadas (convivência, organização, comunicação). Entende-se por Atenção Primária as Estratégias Saúde da Família (ESF), comumente conhecidos como postos de saúde; Atenção Secundária as Unidades de Pronto Atendimentos (UPA), hospitais que realizam procedimentos de média complexidade (geralmente hospitais de pequenas cidades em que transferências para outros hospitais acontecem rotineiramente); e Atenção Terciária os grandes hospitais, policlínicas, que realizam procedimentos de alta complexidade, aqueles responsáveis pelos sinais vitais (SES-MG, 2019). 1.2 Farmacêuticos na equipe multiprofissional de saúde Para que se possa entender o papel do farmacêutico na equipe multiprofissional, é necessário compreender todo o ciclo de assistência farmacêutica e a diferença entre assistência e atenção farmacêutica (cuidado farmacêutico). Assistência farmacêutica abrange desde a produção do medicamento até a farmacovigilância (após o consumo do medicamento, eventos indesejados). O cuidado farmacêutico está inserido dentro da assistência farmacêutica, no que diz respeito à farmácia clínica, avaliação do uso racional, reações adversas (RAM) e adesão ao tratamento, resumindo, o conjunto de ações para tornar a farmacoterapia do pacientemais efetiva e segura (CORRER et al., 2011). A assistência farmacêutica pode ser melhor visualizada da seguinte maneira: 78 Figura 1 - Assistência Framacêutica Fonte: Adaptado de Corret et al. (2011) #PraCegoVer: imagem mostra uma representação de todas as etapas do ciclo de Assistência Farmacêutica, enfatizando a importância do profissional em cada etapa. 2 GESTÃO TÉCNICA DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA Entende-se por gestão técnica da assistência farmacêutica o conjunto de atividades farmacêuticas dependentes uma da outra com foco na qualidade, acesso e uso racional de medicamentos, ou seja, na produção, seleção, programação, aquisição, distribuição, armazenamento e dispensação dos medicamentos (Marin et. al., 2003 apud ACÚRCIO, 2003). Essas ações são estruturadas para dar conta da logística do ciclo do medicamento (CORRER et. al, 2011). 79 Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 2.1 Gerenciamento da Farmácia Hospitalar Nos hospitais, é necessário que haja muita atenção e organização no estoque dos medicamentos, visto que a falta de um deles pode ocasionar danos irreversíveis aos pacientes (GONÇALVES et. al., 2006). Assim, é necessário treinamento contínuo da equipe, visto que os produtos estão em constante inovação, e versões mais efetivas e seguras são lançadas a todo momento (LANNA, 2011). Os principais problemas na gestão de estoque da farmácia hospitalar estão relacionados com a falta de informações para que a compra realizada seja condizente com a realidade de consumo no hospital, visando a evitar desabastecimento do estoque e perdas por expiração da validade dos medicamentos (BARBOSA, 2015). A seguir, serão abordadas de forma sucinta as etapas da gestão de estoque da farmácia hospitalar. 2.2 Etapas da gestão da farmácia hospitalar A seleção de medicamentos para a farmácia hospitalar deve ser feita para que haja no estoque os produtos certos para o tratamento dos pacientes-alvo, ao menor custo possível, sendo que a classificação ABC é uma ferramenta norteadora na hora da compra (SILVA, 2010). Segundo este procedimento, os materiais de consumo podem ser divididos em três classes (VECINA-NETO et.al.,1998): Classe A: abriga o grupo de itens mais importantes, que correspondem a um pequeno número de medicamentos, correspondendo a ± 80% do valor (R$) total do estoque. Classe B: representa um grupo de itens em situação e valores intermediários entre a classe A e C, sendo 15% do total de itens em estoque, consumindo ± 15% dos recursos financeiros. 80 Classe C: agrupa cerca de 70% (a maioria) dos itens, cuja importância em valor é pequena, representando cerca de 20% do valor do estoque. O processo de compras considera aspectos diversos como relacionamento com fornecedores, negociação de preços e prazos de entregas, e planejamento de compras programadas, visando à redução de custos e a sempre atender à demanda do hospital. É importante lembrar que, em diferentes épocas do ano, é necessário que se dê ênfase a determinados tipos de medicamentos, devido às características epidemiológicas de cada um dos 12 meses do ano (SILVA, 2015). Para Baily et al. (2000), a “compra é vista pela organização como uma atividade de importância estratégica considerável. Sua finalidade é suprir materiais ou serviços em qualidades e quantidades certas, a preço adequado, e no momento preciso.”. Quanto ao armazenamento, é necessário que haja uma área que possua armários e prateleiras em aço para armazenamento e acondicionamento dos medicamentos. A disposição dos medicamentos obedece à ordem alfabética dentro das classificações: injetáveis, comprimidos, soluções e suspensões, cremes, pomadas, géis e termolábeis acondicionados em geladeira. A sala de armazenamento possui sistema de ar condicionado com temperatura e umidade controladas diariamente (BARBOSA, 2015). Para se ter sucesso no atendimento ao paciente, o sistema de distribuição de medicamentos (que é a saída do medicamento da farmácia para que seja feita a medicação do paciente) deve ser: • racional, • efetivo, • econômico, • seguro, • e deve estar de acordo com o esquema terapêutico prescrito. Os objetivos desse sistema são reduzir os erros de medicação, racionalizar a distribuição, aumentar o controle, reduzir os custos dos medicamentos e aumentar a segurança para os pacientes (CAVALLINI et.al., 2002). 3 FARMACÊUTICOS NA ASSISTÊNCIA AO PACIENTE Ações assistenciais ao paciente incluem: dispensação especializada, acompanhamento da adesão ao tratamento, conciliação medicamentosa, gestão de caso, atendimento à demanda espontânea e participação em grupos operativo-educativos (GOMES et. al., 2010; SOLER et. al., 81 2010). Segundo Correr et al. (2011), essas ações integradas à equipe multiprofissional contribuem decisivamente para a melhoria da qualidade da atenção à saúde. Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 3.1 Dispensação A dispensação de medicamentos é o ato farmacêutico associado à entrega e dispensação dos mesmos, mediante prescrição médica, no qual o profissional farmacêutico analisa a prescrição, repassa informações necessárias para o bom uso dos medicamentos e, em alguns casos, prepara as doses a serem administradas (ORTIZ, 2004). Está mais ligada, entretanto, ao simples ato de entregar (distribuição) o medicamento para o consumo (seja em âmbito hospitalar ou não), do que à assistência ao paciente propriamente dita (PELLEGRINO et. al., 2009), o que é uma condição preocupante, que muitos profissionais buscam a cada dia mudar dentro de seu ambiente de trabalho. 3.2 Dispensação de medicamentos em hospitais Há basicamente dois tipos de dispensação de medicamentos bem definidos nos hospitais: a dispensação intra-hospitalar e a dispensação extra-hospitalar ou ambulatorial. A dispensação intra-hospitalar é direcionada ao paciente hospitalizado, e a outra é destinada aos pacientes que são atendidos nos ambulatórios do hospital (Molero et. al, apud BONAL, 2002; OPAS/OMS, 1997). A dispensação intra-hospitalar difere da dispensação ambulatorial e da dispensação realizada na farmácia comercial ou pública, porque, além da prescrição ser direcionada ao farmacêutico, o medicamento não é entregue diretamente ao paciente, mas à equipe de enfermagem, e esta é responsável pela administração ao paciente dos medicamentos prescritos pelo médico e aviados pelo farmacêutico (Luiza et. al apud FUCHS et. al., 2004). 82 4 CUIDADO FARMACÊUTICO Como demonstrado na imagem Assistência Farmacêutica (no início da unidade), quando o paciente entra em contato com o medicamento, começa a sua função de atenção farmacêutica (cuidado farmacêutico), que pode ser exercida em diversas áreas do SUS. Atenção farmacêutica, hoje denominada Cuidado farmacêutico, é definida, pela OMS, como: “provisão responsável do tratamento farmacológico com o objetivo de alcançar resultados satisfatórios na saúde, melhorando a qualidade de vida do paciente.” (OMS, 1994). Ainda, esse conceito foi ampliado, em uma reunião da OMS, em que o papel do farmacêutico-chave foi estipulado como “estender o caráter de beneficiário da Atenção Farmacêutica ao público, em seu conjunto e reconhecer, deste modo, o farmacêutico como dispensador da atenção sanitária que pode participar, ativamente, na prevenção das doenças e da promoção da saúde, junto com outros membros da equipe sanitária” (OMS, 1994). A partir desse momento, o olhar se volta para o paciente e o medicamento deixa de ser o centro da atenção na farmacoterapia. 4.1 Atribuições do farmacêutico e outros profissionais de saúde no amparo ao paciente Ainda sobre a imagem Assistência Farmacêutica, observa-se como se dá o cuidado farmacêutico. É importante que os conhecimentos técnicos científicos sejam amparados também pela experiência clínica e pelas vontades e condições do paciente. Há algumas orientações a serem seguidas para um maior êxito do cuidado, entretanto cada profissional se adapta de uma maneira, conforme o cenário em que atua, se atençãoprimária, secundária ou terciária; saúde suplementar (particular) e localização onde trabalha, visto que diferentes lugares têm pacientes com características diferentes (CORRER et. al. 2011). O atendimento ao paciente é feito de forma individualizada, seguindo o fluxo: • coletar e organizar dados do paciente, por meio de entrevista clínica; • abrir uma ficha para registro do atendimento, que será arquivada no prontuário do pa- ciente; • revisar os medicamentos em uso; • identificar problemas relacionados à farmacoterapia, presentes e potenciais do paciente; pela abordagem clínica (conversa com o paciente). Depois de todas essas informações, é necessário elaborar um plano de cuidado em conjunto com o paciente, que pode incluir intervenções farmacêuticas e/ou encaminhamento a outros profissionais. Por fim, o farmacêutico deve agendar o retorno, a fim de avaliar os resultados de suas condutas. Todo processo é reiniciado no surgimento de novos problemas, queixas ou 83 mudanças significativas no tratamento (CIPOLLE et. al., 2000; CORRER et. al, 2011). 4.2 Como identificar problemas relacionados à farmacoterapia Segundo o Consenso Brasileiro de Atenção Farmacêutica (ORGANIZAÇÃO PANAMERICANA DE SAÚDE, 2002), problemas relacionados à farmacoterapia são definidos como, “problema de saúde, relacionado ou suspeito de estar relacionado à farmacoterapia, que interfere ou pode interferir nos resultados terapêuticos e na qualidade de vida do usuário”. Os problemas relacionados à farmacoterapia são diversos e, muitas vezes, não são tão fáceis de identificar. Segundo Cipolle et. al (2004), os problemas podem ir desde erros da prescrição até a falta de adesão do paciente ao tratamento. A identificação desses problemas está para os farmacêuticos, assim como o diagnóstico está para medicina. 4.3 Assistência farmacêutica para o SUS: é viável economicamente? Em uma entrevista dada ao CFF (Conselho Federal de Farmácia) (CFF, 2017), Rossana Spigel, conselheira do CFF pelo estado do Acre, ressalta com dados estatísticos sobre a participação do farmacêutico atuantes no SUS: Os dados estatísticos sobre a atuação do farmacêutico no SUS são visíveis, mesmo que se fale pouco sobre isso. Até 24,2% das internações hospitalares de urgência ou emergência são provocadas por problemas relacionados a medicamentos e cerca de 70% podem ser evitadas. Considerando esses dados, somente em 2013, o país poderia ter economizado até R$ 2,5 bilhões com hospitalizações de urgência e emergência. Segundo dados do Departamento de Informática do SUS (Datasus) nesse ano foram registradas 3,2 milhões de internações de urgência e emergência associadas a problemas com medicamentos no país, que custaram R$3,6 bilhões aos cofres públicos (considerando o custo médio de R$1,13 mil por internação pelo SUS). O montante que poderia ser economizado corresponde a 70% desse valor. 4.4 Residência multiprofissional em saúde: o que é e como entrar? Residência multiprofissional em saúde é considerada como pós-graduações latu sensu (Especialização), voltada para a educação em serviço (saúde do Idosos, saúde da criança, Urgência FIQUE DE OLHO O PRF (problema relacionado à farmacoterapia) nem sempre é o mais evidente. O paciente pode não tomar o medicamento e nem por isso o PRF será falta de adesão. É preciso investigar o porquê: são reações adversas? Medicamento inacessível economicamente? Converse sempre abertamente com o paciente. 84 e Emergência e etc) e destinada às categorias que integram a área de saúde. É um programa de cooperação intersetorial para favorecer a inserção qualificada de profissionais de saúde em áreas prioritárias, principalmente do SUS (SOUZA, 2017). As residências multiprofissionais foram criadas partir da promulgação da Lei n° 11.129 de 2005 (BRASIL, 2005) e abrange as seguintes profissões da área de saúde: • Biomedicina, • Ciências Biológicas, • Educação Física, • Enfermagem, • Farmácia, • Fisioterapia, • Fonoaudiologia, • Medicina Veterinária, • Nutrição, • Odontologia, • Psicologia, • Serviço Social, • Terapia Ocupacional (BRASIL, 2005; BRASIL, 1998). Ainda sobre a criação da Residência multiprofissional, foi instituída, em 2009, a Comissão Nacional de Residência Multiprofissional em Saúde – CNRMS, por meio da Portaria Interministerial nº 1.077, de 12 de novembro de 2009, é coordenada conjuntamente pelo Ministério da Saúde e do Ministério da Educação (BRASIL, 2009). Para ser um residente, é necessário fazer o processo seletivo da instituição que oferece a residência em saúde, e os requisitos mínimos são (BRASIL, 1988): • ter diploma de graduação ou comprovante equivalente em cursos de na área da saúde citados acima, • estar inscrito no conselho de classe, • dedicar-se exclusivamente ao curso, sendo proibido possuir qualquer vínculo empregatício. Assim, é oferecida uma bolsa no valor de R$ 3 340,00, para uma carga horária de 60 horas/ 85 semanais (o mais recente reajuste ocorreu em 2016), segundo a Portaria Interministerial no 3, de 16 de março de 2016 (BRASIL, 2016). Vale ressaltar que a carga horária é dividida entre atividades teóricas e práticas, agregando uma grande experiência na área. São diversas as residências multiprofissionais oferecidas ao profissional de saúde no Brasil. Na figura Residência multiprofissional em saúde, é possível observar quais são as principais especialidades oferecidas nos anos de 2019 e 2020, em diversos locais do Brasil, com vagas para farmacêuticos: Figura 2 - Residência multiprofissional em saúde Fonte: Elaborado pela autora, 2020. #PraCegoVer: A imagem mostra um quadro dividido em duas colunas: na primeira, estão listadas as instituições que oferecem os cursos de residência; na segunda, os cursos oferecidos por cada uma dessas instituições. 4.5 Atuação do farmacêutico junto aos pacientes HIV positivo no SUS Sabe-se que o SUS oferece o coquetel medicamentoso, quando um indivíduo é diagnosticado como HIV positivo. Esse coquetel é a combinação de três fármacos (geralmente): Lamivudina 86 (3TC), Tenofovir (TDF) e Efavirenz (EFZ) (BRASIL, 2013). A combinação de múltiplos medicamentos leva a uma maior possibilidade de interações medicamentosas e reações adversas. Devido à complexidade do tratamento aos portadores de HIV/AIDS, faz-se necessária a atuação de uma equipe interdisciplinar no processo de adesão à terapia, e essa equipe deve ser composta por profissionais de diferentes áreas multiprofissionais, como enfermeiros, médicos, nutricionistas, psicólogos e farmacêuticos. A integralidade de uma equipe de saúde é voltada para a quebra de um paradigma existente há muito tempo, de que os profissionais de saúde são divididos em categorias, no qual cada um exerce a sua função, não havendo troca de conhecimentos e experiências, o que pode dificultar o trabalho em busca da qualidade de vida dos pacientes. Hoje em dia, existem os Serviços de Assistência Especializada, os SAEs, em HIV/ AIDS, em muitos estados do Brasil, o que proporciona um trabalho em equipe e uma comunicação maior entre os profissionais (BORGES et. al. 2012). O cuidado farmacêutico é responsável pela interação entre farmacêutico e paciente, que se caracteriza como um conjunto de ações do profissional farmacêutico, dentro do âmbito da assistência farmacêutica, que engloba as atitudes mais coerentes do profissional para promoção à saúde de forma integrada com toda a equipe multidisciplinar. A prática se faz importante para garantir o contato direto do farmacêutico com o usuário do medicamento, em que o objetivo principal se baseia na promoção de uma farmacoterapia racional para o paciente ter melhor qualidade de vida (NEVES; PINA, 2016). O farmacêutico, nos SAEs, tem a função de planejar, controlar e armazenar os medicamentos, propiciando o uso racional, controlando os desperdícios e preenchendo formulários com todas as informações relativas aos medicamentos. Assim, a sua atuação vai desde o planejamento da terapia ideal parao paciente, até o convencimento do mesmo de que a terapia lhe trará sucesso se a prescrição for cumprida da maneira correta (SILVA, 2007). Rodrigues et. al. (2015) atestam que o atendimento farmacêutico individualizado contribui para um melhor tratamento de doenças de caráter crônico, dentre essas, incluem-se atualmente os portadores de HIV/AIDS. Além disso, os pacientes também se mostraram satisfeitos com o serviço de cuidado farmacêutico realizado. Quanto ao trabalho do farmacêutico com os pacientes portadores de HIV/AIDS, Caetano et. al. (2017), chegaram à conclusão de que: Atenção Farmacêutica (Cuidado Farmacêutico) ajuda no processo de adesão a terapia antirretroviral, pois o farmacêutico pode fornecer informações mais precisas sobre os medicamentos, bem como efeitos e interações com fármacos de outras classes farmacológicas. Apesar de ser considerado um profissional importante para este processo, a presença de farmacêuticos nos SAE´s ou em outros estabelecimentos de saúde que trabalham com portadores de HIV/AIDS, ainda é insatisfatória sendo explicada pela falta de apoio ou incentivo a estes profissionais para exercerem 87 este tipo de trabalho, e também pelo fato do Cuidado Farmacêutico ainda ser uma prática recente no Brasil, apresentando com isso algumas falhas na execução. Para mudar este cenário, a união da classe farmacêutica é fundamental para o avanço dos trabalhos no SUS e em todos os serviços de saúde, recuperando a importância da atuação do farmacêutico. 4.6 Farmacêuticos na Organização Médicos sem Fronteiras (MSF) O acesso a medicamentos essenciais é uma das principais preocupações do MSF. Segundo informações da homepage dessa organização, o farmacêutico que atua no Médicos sem Fronteiras é responsável por: • garantir que as práticas farmacêuticas estejam de acordo com as regras locais; • responsabilizar-se pela gestão de medicamentos e equipamentos médicos, por seu arma- zenamento e pedidos e por sua distribuição para projetos de MSF; • supervisionar o pessoal que trata da gestão diária de produtos; • garantir boas práticas de distribuição; • trabalha em parceria com médicos, enfermeiros e outros profissionais locais e estrangei- ros (equipe multidisciplinar). Para ingressar na equipe de MSF, os requisitos básicos do profissional farmacêutico são: • diploma de graduação em farmácia; • experiência profissional significativa e comprovada em gestão de estoque e distribuição de medicamentos, preparação de pedidos, controle de recepção, acompanhamento de medicamentos controlados, inventários, acompanhamento de consumação, distribuição para clínicas, centros de saúde e hospitais; • experiência prática e conhecimento teórico sobre medicamentos voltados para as doen- ças mais comumente tratadas por MSF: malária, cólera, tuberculose, hepatite, leishma- niose, tripanossomíase, febre tifoide, febre hemorrágica, HIV/Aids e doenças sexualmen- te transmissíveis; • experiência em treinamento e supervisão de funcionários; • senso de organização; • disponibilidade e vontade de trabalhar fora do Brasil, por períodos de 6 a 12 meses; • disponibilidade e habilidade para trabalhar e viver em condições básicas; • ótimos conhecimentos de francês e/ou inglês; • conhecimentos em informática; 88 • motivação pelo trabalho humanitário; • flexibilidade, fácil adaptação, sociabilidade, facilidade e interesse pelo trabalho em equipe; • capacidade de administrar o estresse, grande carga de trabalho e condições de trabalho, por vezes, difíceis; • estar em boas condições de saúde física e psíquica; • Comprometimento com os objetivos e valores de MSF. O MSF busca profissionais que queiram construir uma carreira na organização, e, por isso, proporciona a possibilidade de atuação em países e contextos diferentes por longos períodos. A organização também oferece diversos treinamentos ao longo da carreira para membros da equipe. O recrutamento passa pelas seguintes fases: Análise do currículo: Análise do currículo somente em inglês ou francês. MSF-Brasil retorna somente aos candidatos selecionados para pré-entrevista. Este retorno poderá ser dado entre duas semanas e um mês. Pré-entrevista: Se aprovado na primeira etapa, a pré-entrevista é realizada por telefone, a fim de investigar sobre a experiência do candidato e sua motivação. Parte da entrevista será em uma das línguas exigidas. Atividade presencial: Se aprovado na segunda etapa, o candidato é convidado para uma atividade presencial de recrutamento. Essa última etapa, que dura um dia, consiste em uma reunião informativa sobre a organização, entrevista individual, um teste vivencial e um teste de língua estrangeira realizados no escritório do MSF no Rio de Janeiro. Período de espera: Os aprovados na seleção entram num período de espera que tem duração variável, até ser encontrado o posto de trabalho mais adequado para seu perfil. A duração padrão da participação em um projeto é de aproximadamente nove meses. Os eventuais custos (transporte, acomodação, alimentação, etc.) para participar da seleção ficam a cargo do candidato. É importante ressaltar que a disponibilidade do profissional selecionado deverá estar de acordo sua própria demanda, no entanto, ele não escolhe, a princípio, em que país irá trabalhar. 89 5 CONDUTAS ÉTICAS ESSENCIAIS AOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE A ética na saúde, de uma forma mais abrangente, diz respeito aos princípios que motivam e orientam o comportamento humano a respeito de normas e valores de uma realidade social. Pode ser compreendida como o conjunto de regras e preceitos morais de um indivíduo. E isso deve ser aplicado à avaliação de méritos, riscos e preocupações sociais das atividades de promoção do bem-estar dos pacientes, enquanto leva em consideração a moral vigente em um determinado tempo e local (QUEIROZ et.al. 2005). 5.1 Necessidade e desafios para a ética em saúde no cotidiano Atualmente, conhecer e aplicar a ética na saúde é fundamental, uma vez que a humanização nos mais variados campos é amplamente debatida e estimulada na sociedade. É fundamental respeitar as necessidades individuais e conquistar a confiança de forma natural e gradual. Isso fica mais fácil quando se esclarecem os procedimentos, se debatem as dúvidas e se transmite segurança com um linguajar compreensível e adequado para quem não é especialista na área. Embora já tenha havido evolução nesse aspecto, há ainda diversos obstáculos que devem ser superados. Só assim pode-se garantir uma ética eficiente e aplicada pelos profissionais de saúde, inclusive para uma atuação mais efetiva em uma equipe multidisciplinar. O desafio começa na formação acadêmica, que mostra a importância de uma abordagem com caráter humanizado. Os cargos de chefia em hospitais, clínicas e postos de saúde precisam estimular essa prática, de forma a incentivar a atuação holística dos profissionais. 5.2 Como agir de forma ética na área da saúde Há vários aspectos que envolvem a ética em saúde: pacientes, familiares, colegas de trabalho. Alguns pontos importantes sobre a ética em saúde serão debatidos a seguir: a) Respeito à equipe multidisciplinar: é importante, para manter a ética na saúde, prezar por um bom relacionamento com os demais participantes da equipe multidisciplinar. Embora isso pareça simples em um primeiro momento, os desafios do dia a dia e a própria rotina podem tornar essa tarefa mais árdua. É fundamental nunca desacreditar dos integrantes do grupo e FIQUE DE OLHO Farmacêuticos e outros profissionais das equipes multiprofissionais que compõem a organização Médicos Sem Fronteiras, deixam seus relatos na página Diário de Bordo. Veja o que a Farmacêutica Milena Radaelli relatou em fevereiro de 2020 (RADAELLI, 2020). 90 valorizar sempre que possível o trabalho de todos. Quando houver algum equívoco, é essencial que ele seja debatido e discutido antes de trazer algum engano moral perante os pacientes. b) Manter o sigilo do paciente: manter o sigilo é um princípio....................................................................................................................... 82 5 Condutas éticas essenciais aos profissionais de saúde .....................................................................89 PARA RESUMIR ..............................................................................................................................91 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................92 Esta obra apresenta a profissão farmacêutica e todos os aspectos relacionados a ela. A primeira unidade vai mostrar como se deu a evolução da história da profissão desde os primórdios. A história do medicamento também será abordada nesta unidade além de mostrar os aspectos científicos e sociais quanto à história da Farmácia. A revolução farmacológica do século XX será abordada mencionando os filósofos e médicos Hipócrates e Galeno. Você também entenderá como se iniciou a utilização de drogas e especiarias, o surgimento das boticas e dos boticários e a formação da profissão farmacêutica. Na sequência, a unidade 2 vai expandir o assunto sobre a profissão e apresentará desde os primeiros relatos até os dias atuais, bem como suas principais atribuições e o papel dos Conselhos de classe no amparo ao profissional. Serão abordadas as principais áreas de atuação do farmacêutico e a inserção do profissional no mercado, assim como as mudanças na atualidade e perspectivas para a profissão. O código de ética será apresentado de forma precisa e objetiva, porque é necessário que haja um olhar crítico sobre ele, visto que a ética é o principal pilar de toda profissão. Conheça nesta terceira unidade as informações sobre as atividades do farmacêutico. O profissional farmacêutico é habilitado para prestar serviços na área da saúde em todos os níveis de atenção (básica, média e alta complexidade) tanto no âmbito privado quanto no público. Aqui serão descritos os Conselhos que normatizam a profissão, assim como as leis existentes Na quarta unidade, o livro abordará a integração das profissões. Conheça aqui o que é uma equipe multiprofissional de saúde e como o farmacêutico atua junto a outros profissionais na otimização e segurança do tratamento do paciente.Serão apresentadas as fases da assistência farmacêutica, passando pela atuação em hospitais e atenção básica. Serão apresentadas também algumas residências multiprofissionais em saúde, assim como o papel do farmacêutico no Médicos Sem Fronteiras (MSF). A ética dentro de uma equipe multiprofissional será abordada a fim de apresentar uma noção de que ela é primordial para ser um bom profissional. PREFÁCIO UNIDADE 1 Noções gerais da profissão: noções e histórico Olá, Você está na unidade Noções gerais da profissão: noções e histórico. Conheça aqui os conceitos básicos da profissão farmacêutica e como se deu a evolução da sua história, desde os primeiros passos. Além disso, conheça também a história do medicamento, bem como alguns aspectos científicos e sociais quanto à história da farmácia. Hipócrates e Galeno não podem deixar de ser citados quando se fala da farmácia, assim como a revolução farmacológica do século XX. Você também entenderá como começou a utilização de drogas e especiarias, o surgimento das boticas e dos boticários, além da formação da profissão farmacêutica. Bons estudos! Introdução 11 1. NOÇÕES GERAIS DA PROFISSÃO: DEFINIÇÃO E HISTÓRICO A Farmácia tem uma história milenar, tão antiga quanto a história da humanidade. Trata-se de uma ciência e de uma profissão que vem evoluindo incansavelmente com o decorrer dos anos, dos séculos. O farmacêutico, primariamente chamado de boticário, é o profissional formado através de ensino superior e autorizado por lei a exercer atividades farmacêuticas. 1.1 Definição do termo “Farmácia” Quando dizemos que a farmácia se trata de uma ciência e de uma profissão, ressaltamos o fato de que sua definição pode estar voltada tanto para o cunho técnico-científico, que é a área da pesquisa e estudo da relação entre medicamento e organismo vivo, associada em termos de conteúdos à Biologia, Medicina e Química; quanto para o cunho da área profissional dedicada à preparação do medicamento, e atendimento direto ao paciente, antes ocorrido somente durante a dispensação, hoje já há outras áreas que crescem muito como o farmacêutico clínico e o farmacêutico esteta. A relação entre o farmacêutico, a sociedade, e o medicamento tem mudado muito. Visto anteriormente como o profissional do medicamento, a profissão do farmacêutico tem avançado para outros campos, fazendo com que o novo farmacêutico necessite ter formação e habilidades para diversas outras atividades, que não colocam o medicamento como o centro do seu trabalho, mas sim a qualidade de vida e o bem-estar do paciente. Assim, o medicamento deixa de ser visto apenas como um formulação, composição e técnicas para seu desenvolvimento/preparação ou algo que necessita de uma dispensação correta mediante legislação, para tornar-se um produto de saúde que deve ser prescrito ao paciente quando necessário, sempre prezando pelo uso racional de medicamentos; mas que também deve ser retirado quando o paciente apresentar efeitos colaterais ou reações adversas, ou simplesmente quando ele não necessitar mais daquela substância para manutenção de seu organismo. 1.2 História da Farmácia Em meados do século XVI a.C., um documento egípcio referenciou mais de 7000 substâncias com alguma atividade medicinal e, entre elas, mais de 800 fórmulas. Esse documento é conhecido como Papiro de Ebers e faz parte, com destaque, do início da história da farmácia. Outro importante destaque é Dioscórides, que aparece no século I d.C. e é considerado o fundador da farmacognosia (ramo da farmacologia que estuda os ativos naturais). Ele catalogou mais de 600 plantas com ativos medicinais e indicou como elas devem ser escolhidas 12 e armazenadas, sendo também o responsável por descrever a fonte de uma das principais substâncias usadas para dor, o ácido acetilsalicílico, que é extraído da planta popularmente chamada de salgueiro-branco. Ao falar sobre a história da Farmácia, é imprescindível também falar sobre o pai da farmácia, o grego Claudius Galeno. Um homem de um conhecimento que abrangia áreas como filosofia, matemática, lógica, astronomia, medicina, agricultura e literatura foi um marco para a Farmácia, por seus preparos e ensinamentos, que se perpetuaram por toda a Idade Média e influenciaram a medicina e a farmácia por mais de 1000 anos. Galeno investigava suas suposições na área, as ciências médicas, através de minuciosos exames em animais (macacos), pois o uso de corpos humanos para dissecação era proibido. Seus estudos eram inspirados pelas pesquisas do pai da medicina, Hipócrates (460-370 a.C.), que foi o responsável por apresentar as primeiras explicações da relação entre a saúde e a doença, com a teoria dos humores corpóreos. E o que seria essa teoria? A explicação da saúde e da doença, sem estar atrelada à sobrenaturalidade, começou na filosofia grega em busca da explicação da constituição da natureza. Em 535 a.C., Alcméon foi o primeiro a descrever a saúde como sendo um equilíbrio do corpo entre as qualidades opostas, como o quente e o frio, úmido e seco, amargo e doce; e a doença seria um predomínio de uma delas - essa ideia surgiu a partir da ideia de Pitágoras sobre o equilíbrio baseado em proporções numéricas. A partir daí, Hipócrates seguiu a teoria do equilíbrio entre os humores, que seriam eles: sangue procedente do coração, fleuma do cérebro, bílis amarela do fígado e bílis negra do baço; tendo cada um deles uma característica: • sangue: • quente e úmido • fleuma: • fria e úmida • bílis amarela: • quente e seca • bílis negra: • fria e seca Desta forma, os indivíduos eram classificados como fleumáticos, sanguíneos, biliosos ou 13 coléricos,ético indispensável — mesmo que qualquer conversa ou revelação tenha a melhor das intenções, como, por exemplo, citar casos que estimulem outros pacientes. Por isso, é muito importante tomar cuidado para não divulgar quaisquer informações no atendimento. Da mesma maneira, devem-se manter em segredo todas as informações clínicas ou que sejam provenientes de estudos compartilhados e debatidos pela equipe multidisciplinar. A regra vale mesmo que os dados tenham sido obtidos em discussões, prontuários, relatos e outros. c) Cuidado na relação com o paciente: profissionais de saúde devem ser cautelosos ao fazer aproximações emocionais com o público. É preciso estabelecer uma separação clara entre o que é profissional e o que é um sentimento de amizade ou coleguismo. Deve-se utilizar uma sinalização de distinção e se valer, por exemplo, de instrumentos como o tratamento pela titulação profissional, do uso constante de jaleco ou uniforme, e até do próprio comportamento. Todos esses aspectos são bastante úteis nesse cenário. d) Respeitar normas internas e externas: todas as profissões da área de saúde possuem associações de classe específicas que procuram regular a prática, normatizar a atuação, e defender os direitos dos profissionais. E, entre outras coisas, essas instituições estabelecem códigos de ética para nortear e estimular uma atuação positiva dentro da moral vigente na época e no local. Por isso, é muito importante respeitar essas normas, bem como as regras internas de hospitais, clínicas e postos de saúde. Também é indispensável observar as titulações, condutas e legislações, bem como facilitar a troca de informações entre as especialidades e as disciplinas da área (FORTES et al., 2004, GARRAFA, et al., 1997). Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 91 Nesta unidade, você teve a oportunidade de: • compreender o que é uma equipe multiprofissional em saúde; • aprender sobre os diferentes níveis da assistência farmacêutica; • conhecer a atuação do farmacêutico na assistência ao paciente; • aprofundar seus conhecimentos sobre o Cuidado Farmacêutico, bem como seu trabalho nas mais diversas equipes multiprofissionais; • valorizar a ética ao trabalhar em conjunto com outros profissionais. PARA RESUMIR ACIOLI, S. Os sentidos de cuidado em práticas populares voltadas para a saúde e a doença. In: PINHEIRO, R.; MATTOS, R. A., organizadores. Cuidado: as fronteiras da integralidade. São Paulo: Hucitec; p. 187-204, 2004. BAILY, P. et al. Compras: princípios e administração. São Paulo: Atlas, 2000 p.16. BARBOSA, K.S.S. Hospital pharmacy management: quality optimization, productivity and financial resources. Rev. Saude e Desenv. V.7, n.4, jan-dez 2015. BORGES, M. J. L. et al. Trabalho em equipe e interdisciplinaridade: desafios para a efetivação da integralidade na assistência ambulatorial às pessoas vivendo com HIV/ Aids em Pernambuco. Ciênc Saúde Coletiva, v. 17, n. 1, p. 147-56, 2012. BRASIL. Conselho Nacional de Saúde nº 287, de 10 de outubro de 1998. Relaciona categorias profissionais de saúde de nível superior para fins de atuação do CNS. Diário Oficial da União, 1998. BRASIL. Lei n° 11.129 de 2005. Institui o Programa Nacional de Inclusão de Jovens – ProJovem; cria o Conselho Nacional da Juventude – CNJ e a Secretaria Nacional de Juventude; altera as Leis nº s 10.683, de 28 de maio de 2003, e 10.429, de 24 de abril de 2002; e dá outras providências. Diário Oficial da União, 2005. BRASIL. Portaria Interministerial nº 45, de 12 janeiro de 2007. Dispõe sobre a Residência Multiprofissional em Saúde e a Residência em Área Profissional de Saúde e institui a Comissão Nacional de Residência Médica Multiprofissional em Saúde, elencando suas principais atribuições. Diário Oficial da União, 2007. BRASIL. Portaria Interministerial nº 1.077, de 12 de novembro de 2009. Dispõe sobre a Residência Multiprofissional em Saúde e a Residência em Área Profissional da Saúde, e institui o Programa Nacional de Bolsas para Residências Multiprofissionais e em Área Profissional da Saúde e a Comissão Nacional de Residência Multiprofissional em Saúde. Diário Oficial da União, 2009. BRASIL. Portaria interministerial nº 1.320, de 11 de novembro de 2010. Revoga a Portaria Interministerial Nº 593 de 15 de maio de 2008 e dispõe sobre a estrutura, organização e funcionamento da Comissão Nacional de Residência Multiprofissional em Saúde – CNRMS. Diário Oficial da União, 2010. BRASIL. Portaria Interministerial no 3, de 16 de março de 2016. Fica alterado para R$ 3.330,43 (três mil, trezentos e trinta reais e quarenta e três centavos) o valor da bolsa assegurada aos profissionais de saúde residentes, em regime especial de treinamento em serviço de sessenta horas semanais. Diário Oficial da União, 2016. CAETANO, T. U. F.; NETO, O.H. C. Atenção Farmacêutica aos portadores de HIV/AIDS no Sistema Único de Saúde (SUS). Rev. Bras. Cienc.da Vida, v.5, 2017. CAVALLINI, M. E.; BISSON. M.P. Farmácia hospitalar: um enfoque em sistemas de saúde. São Paulo: Manole, 2002. 218 p. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CIPOLLE, R.J. et al. El ejercício de la atención farmaceutica. 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Veja aqui como se iniciou a utilização de drogas e especiarias, o surgimento das boticas e dos boticários e a formação da profissão farmacêutica. Para finalizar, as autoras explicam como se dá o trabalho multiprofissional na área da saúde, especificamente, para o profissional farmacêutico. Fundamental para o estudo da profissão, esta obra é ilustrada e apresentada de forma clara e didática.e melancólicos. E o objetivo do tratamento era ajudar o organismo a seguir com seus mecanismos funcionando de forma normal, ajudando a retirar os excessos de humor. Hipócrates sempre deu importância à dieta, exercícios e utilizava ventosas, e até mesmo sangrias nas terapêuticas, os medicamentos não eram a primeira escolha. Atualmente, estamos percebendo o retorno dessas técnicas no cuidado com a saúde, mas o uso de medicamentos, e também a automedicação, ainda é prevalente. Os contextos de Galeno eram baseados em conceitos racionalistas e empiristas, retirando deles os recursos que considerava importantes para construção da sua própria visão da medicina e posteriormente da farmácia. Devido à complexidade de seus estudos, pesquisando em particular disciplinas atualmente compreendidas como anatomia, fisiologia, patologia, sintomatologia e terapêutica, Galeno sempre defendeu a dissecação e vivissecção de corpos, como métodos essenciais para a formação de profissionais médicos. Foram seus estudos que descobriram que as artérias transportavam sangue e não ar, como se acreditava; também descreveu a estrutura da caixa craniana, e comprovou que o rim é o órgão que excreta a urina. Entretanto, o que ele fez para ser o pai da farmácia se ele era médico? Galeno escreveu sobre muitos medicamentos e sobre a farmácia, cerca de 450 fármacos são encontrados descritos em suas obras, e, além disto, baseado em critérios fisiológicos e patológicos humorais que são seco, úmido, quente e frio, classificou-os em 3 grandes grupos: • simplícia: os que possuíam apenas uma das quatro qualidades • composita: quando possuía mais que uma • terceiro grupo: quando o fármaco tinha um efeito específico, próprio da substância Foi desta forma que a medicina e a farmácia seguiram até o século XVII, e ainda receberam influência do chamado galenismo, até o século XVIII. Em se tratando da aplicação dos medicamentos, a terapêutica de Galeno dizia que a prescrição deveria ser baseada em diversos fatores como a idade do paciente, a raça, o clima do ambiente em que vive e até mesmo a personalidade do doente. Explicando melhor como se daria todo esse processo: caso uma criança e um idoso apresentassem um quadro de febre, de acordo com Galeno, as crianças precisariam de um medicamento mais frio em comparação aos idosos, visto que o temperamento da criança é mais sanguíneo (eufórico e vigoroso), e o do idoso fleumático (calmo, frio e vida descompromissada). Deste modo, o tipo de medicamento era determinado de acordo com suas qualidades e intensidade, mas a dose não era importante, pois o remédio ainda era algo mais qualitativo que quantitativo. E como essas qualidades eram determinadas? Através das sensações de odor, sabor, cor e 14 textura, com ênfase nos dois primeiros. E a partir daí se tornava mais fácil a classificação e as possíveis evidências de atividades farmacológicas. Por este fato, as especiarias eram as mais facilmente trabalhadas, por conterem cheiros mais fortes e característicos. No século II, a primeira escola de farmácia foi criada, inclusive com leis que regiam a profissão; e somente por volta do início século X, em plena Idade Média, surgiram as boticas. Botica é um nome antigo que designava estabelecimentos que surgiram na França e Espanha. Nesses estabelecimentos, se trabalhava com a manipulação e comercialização de preparações medicinais. Eram utilizadas drogas vegetais como o ópio da papoula, preparações animais como a gordura da cobra víbora, minerais como os arsenicais, antídotos como o mithridate, essências entre outros. Tudo era preparado de modo extremamente caseiro ainda sem aplicação de métodos e estudos baseados em ciência. Os tratamentos das doenças eram baseados e misturados com as mais variadas crenças, sem que houvesse comprovação das mesmas. Os profissionais responsáveis por manipular tais fórmulas eram os chamados boticários, apenas no Reino Unido e nos Estados Unidos, eram denominados de apotecários, e os estabelecimentos de apotecas. Um crescimento importante na pesquisa de ativos de plantas e minerais ocorreu no século XVI. No Brasil, durante o período colonial, surgiu o primeiro boticário, com ele, os medicamentos e outros remédios para serem comprados nas boticas. A produção/manipulação dos produtos, em sua maioria, era realizada na frente do cliente, de acordo com a prescrição trazida após uma consulta médica ou de acordo com a farmacopéia da época. Diogo de Castro foi o primeiro boticário do Brasil, era português e foi trazido pelo governador Thomé de Souza em 1549, quando perceberam que, somente quando expedições vinham da Espanha, França ou Portugal era que os habitantes do Brasil tinham acesso a medicação trazidas por um barbeiro ou algum tripulante em caixas de botica, e os donos de fazendas e engenhos as possuíam. O aprendizado e experiência eram adquiridas na prática diária e, depois disso, os boticários eram submetidos a exames pelos comissários do físico-mor do Reino, quando aprovados, recebiam a carta de examinação. Assim, eles concorriam com os físicos e os cirurgiões no exercício da medicina, chegando alguns a ter que trocar de profissão, sendo então cirurgiões-barbeiros, por exemplo. No ano de 1640, as boticas foram legalizadas como comércio e os donos eram os boticários. Estes eram aprovados também pelo físico-mor na cidade de Coimbra, ou pelo delegado, na cidade de Salvador, que era a capital do Brasil neste momento. A aprovação era fácil, fazendo com que até mesmo analfabetos fossem autorizados a exercer a atividade, mesmo com pouco conhecimento e leitura sobre medicamentos. Com a chegada da reforma feita por Dom Manuel 15 em 1744, a profissão começou a ser fiscalizada, e foram proibidas as ilegalidades no comercio dos produtos medicamentosos e drogas. Neste momento, as indústrias químicas ainda não existiam e vieram a aparecer somente no final do século XIX. Até então, as espécies eram retiradas da natureza e utilizadas em preparações e misturas purificadas, com sua forma inalterada. No ano de 1809, a primeira disciplina médica e de farmácia foi ofertada na então escola médica Escola Anatômica, Cirúrgica e Médica do Rio de Janeiro; e o primeiro livro da faculdade foi escrito por José Maria Bontempo, o então primeiro professor de farmácia do Brasil. Com o passar de 10 anos, foi ofertada a disciplina de farmácia, matéria médica e terapêutica, na Academia Médico-Cirúrgica da Bahia, ambas ministrada por médicos portugueses. Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: O curso de farmácia somente foi fundado após a reforma do ensino médico em 1832, quando D. Pedro II institucionalizou o ensino da farmácia por meio de uma lei, em 03 de outubro, mas o curso continuou vinculado às faculdades médicas acima citadas. Com a criação do curso, foi determinado que só teria autorização para curar, ter botica ou partejar pessoas que obtivessem o título de farmacêutico. A partir daí, iniciou a obrigatoriedade de que os donos de farmácia contratassem farmacêuticos para dar nome a seus estabelecimentos. Após 7 anos deste acontecimento, foi fundada a primeira Escola de Farmácia de Ouro Preto em Minas Gerais, sendo a primeira do Brasil e da América do Sul. Os boticários ainda continuaram existindo até meados de 1886. Após a Segunda Guerra Mundial, foi o momento em que ocorreu uma grande industrialização e a responsabilidade do Estado com a saúde, e então os medicamentos industrializados ganharam destaque frente aos manipulados. Ainda no século XX, o curso de farmácia que, em sua criação, tinha duração de 3 anos, passou a ter 2 em 1901, voltou a 3 anos em 1911 e passou a 4 anos em 1925, tendo conteúdo com enfoque em indústria de medicamentos, legislação farmacêutica e análises microbiológicas. 16 Figura 1 - Industrialização do medicamento Fonte: SHEVELEVVLADIMIR, shutterstock, 2020. #PraCegoVer: A imagem mostra diversos vidros de remédio na coloração ambar e com tampas brancas plásticas, em prateleirasredondas. No dia 20 de janeiro de 1916, foi fundada a Associação Brasileira de Farmacêuticos e, por isto, é comemorada nesta data o Dia do Farmacêutico, desde 1942, mas foi oficializada por lei em 2007. 1.3 Farmacêutico generalista Anteriormente o curso de farmácia era fracionado, o estudante cursava algumas disciplinas em comum e depois decidia se seguiria pela carreira das análises clínicas, chamando-se farmacêutico bioquímico; ou se formaria para área industrial. Após 2002, com novas diretrizes curriculares, o curso de farmácia habilitava o seu estudante a seguir em qualquer área da farmácia sendo então denominado farmacêutico generalista. Com isto, o farmacêutico pode realizar tanto as funções do antes farmacêutico bioquímico, na área das análises clínicas, bromatológicas, toxicológicas; como também na área industrial, voltada para o medicamento, para a biotecnologia, além da saúde pública, hospitalar e outras tantas áreas de atuação hoje permitidas ao profissional da farmácia graduado. 1.4 História da farmácia hospitalar Em 1752, a primeira farmácia hospitalar foi criada nos Estados Unidos, onde a primeira proposta de padronizar os medicamentos foi desenvolvida. Na Santa Casa de Misericórdia e 17 nos Hospitais Militares, é onde se encontram as farmácias mais antigas do Brasil. No início, os farmacêuticos destes hospitais manipulavam os medicamentos com matéria-prima retirada do ervanário dos próprios hospitais. Com o surgimento das indústrias de medicamentos, os farmacêuticos começaram a ser extintos do ambiente hospitalar, pois não havia, de acordo com as direções da época, motivo para mantê-los, visto que não precisavam mais manipular medicamento, uma vez que a compra do produto pronto já era possível. Contudo, anos depois percebeu-se a importância do farmacêutico no controle de estabilidade do medicamento, na farmacocinética, farmacodinâmica entre outros, recuperando as vagas farmacêuticas dentro dos hospitais e retomando a relação entre este profissional e os demais profissionais da saúde, como médicos e enfermeiros; além da relação com os próprios pacientes, através da orientação quanto ao tratamento farmacoterapêutico. Então, começou a surgir uma das principais habilidades atualmente necessárias ao farmacêutico, a informação. Surgiu em 1965 a chamada Farmácia Clínica, que tem como enfoque principal, entre outros, o uso racional de medicamentos, fazendo com que o profissional não tenha suas atribuições voltadas somente para o medicamento, mas sim para o paciente. É necessário assim que o farmacêutico atue não somente em dispensar ou comprar produtos, mas também em prestar assistência ao paciente, com foco em suas necessidades, sendo o medicamento apenas um instrumento no tratamento como um todo. Até este momento, ainda não estava presente na grade de formação em farmácia, disciplinas voltadas para a clínica ou para a área hospitalar em específico; quando, em 1975, a Universidade Federal de Minhas Gerais adicionou a disciplina de farmácia hospitalar à grade, que atualmente está presente em todos os cursos de Farmácia. Além disto, em 1980, diante do grande crescimento da profissão, foi implantada uma pós-graduação em Farmácia Hospitalar na Universidade Federal do Rio de Janeiro. 1.5 Uso de plantas e especiarias no início da farmácia A relação entre as plantas medicinais e a cura de doenças é bastante antiga, relatos de 2600 anos já citavam o uso pelos chineses de diversas substâncias extraídas das plantas. Além deles, os egípcios, há mais de 1500 anos, também utilizavam as plantas, sais de chumbo, e unguentos retirados de animais como leão, hipopótamo, cobra e crocodilo. Os gregos utilizavam as plantas nas chamadas fórmulas mágicas e conjuros, durante as curas dentro dos seus templos e, na Índia, mais de 600 tipos de remédios foram criados a partir das plantas. O uso do ópio, por exemplo - nome este derivado do latim opium, que significa suco da planta - ou seja, era uma mistura de alcaloide, retirada de uma flor chamada papoula, que tem por nome 18 científico Papaver somniferum, foi registrado na história desde 6000 a.C. pelos sumérios. O ópio era utilizado, devido a sua ação analgésica e hipnótica, mas somente no ano 1804 a substância presente no ópio, que tinha esta atividade, foi isolada pelo farmacêutico alemão Friedrich Serturner, e chamada de morfina; e em 1925 Gulland e Robinson determinaram a estrutura desse complexo alcalóide. No ano de 1952, Marshal D. Gates conseguiu sintetizar a morfina em laboratório em 29 etapas, mas com baixíssimo rendimento para preparação de medicamentos somente em laboratório, sem necessitar mais utilizar a papoula. A Organização Mundial da Saúde, em 1990, publicou que cerca de 64 a 80% da população dos países em desenvolvimento era dependente das plantas para curar enfermidades (AKERELE, 1993). E mesmo com toda evolução das indústrias farmacêuticas que citamos acima, populações de baixa renda possuem um acesso ainda difícil ao atendimento e posterior obtenção dos medicamentos, fazendo com que recorram ao uso de plantas que, além do fácil acesso, ainda trazem consigo uma grande história de tradição no seu uso (VEIGA JUNIOR et al., 2005). Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: FIQUE DE OLHO Ser um profissional farmacêutico é muito mais do que ser especialista em produção e terapias medicamentosas. É colaborar para o êxito no tratamento, e principalmente na qualidade de vida do paciente como um todo, desde a melhoria de hábitos até a prevenção de doenças e promoção da saúde. 19 1.6 História do símbolo da Farmácia O símbolo da farmácia é representado por uma taça de ouro envolta por uma serpente. Vamos entender por que. Uma lenda da mitologia grega diz que o início se dá com Chiron, um centauro que era diferente dos demais, porque não era selvagem e violento, ele se dedicou aos estudos e conhecimentos sobre a cura, e teve diversos discípulos, entre eles, o Deus Asclépio, ao qual ensinou todos os segredos das ervas medicinais. Asclépio também chamado de Esculápio, Deus da medicina, era um dominador da arte medicinal e tinha poderes de ressuscitar pessoas. Zeus, para afirmar seu poder e com uma revolta pelo fato de que Asclépio estava quebrando o ciclo natural da vida ao ressuscitar os mortos, o mata com um raio. Hígia, que era filha do Deus da medicina, assume o lugar do pai se tornando a Deusa da saúde. Ela era representada por uma taça de ouro e, ao ficar no lugar do seu pai, adicionou a serpente como parte do seu símbolo. Foi a partir dessa lenda que a taça e a cobra se tornaram as representantes da farmácia. A taça, também chamada de cálice, simboliza a cura; enquanto a cobra, que na antiguidade sempre possuiu forte simbologia, representa o poder, sabedoria, inteligência e ciência. A cobra é um animal sempre presente nos símbolos da saúde. Já notaram a similaridade do nosso símbolo com o da medicina? Isto mesmo. Este fato se dá pelo fato de que Asclépio, como vimos o pai da medicina, era representado por um bastão (ou cetro) e duas cobras, sendo este o símbolo da medicina. 1.7 O hino da farmácia A proposta de criar um Hino da Farmácia foi idealizada pelo então presidente do Conselho Federal de Farmácia, em 2004, Jaldo Souza Santos que apresentou a ideia aos diretores do órgão, e posteriormente levou a proposta à Plenária do CFF. O concurso contou com uma Comissão Julgadora e, para vencer, a composição passou por duas fases. A primeira que era uma seletiva com 27 concorrentes. Desta seletiva, foram escolhidas as 6 melhores. Estas 6 foram submetidas a outro julgamento final, no dia 8 de outubro de 2004, e ocorreu durante o 5º Congresso Brasileiro de Medicamentos Genéricos, que aconteceu no auditório do Othon Palace Hotel na cidade de Salvador, Bahia. Durante o concurso, o próprio autor poderia cantar o hino ou outra pessoa por ele designada. Durante as apresentações, o presidente de emocionou bastante por esse marco na história da farmácia.20 Jaldo alegou que seria um alcance cultural e de grande importância para a identidade da profissão. A escolha foi feita através de um concurso que, além de tudo, traria integração e interesse dos profissionais e estudantes pela história da farmácia. O vencedor do concurso foi o farmacêutico Islou Silva, da cidade de Uruana, Goiás. Segundo ele, o processo de produção durou 4 meses, levantando informações sobre a história da farmácia não só no Brasil, mas no mundo. Sua esposa, que era cantora gospel, o apoiou e ajudou incessantemente. Islou Silva é farmacêutico formado em Goiânia e foi morar em Brasília no ano de 1994, lá realizou pós-graduação em Cosmetologia e em Didática do Ensino Superior. Atuou como responsável técnico e como gerente em farmácias comunitárias, mas sempre ressaltou que a cosmetologia é uma área que sempre o atraiu e trabalha desenvolvendo fórmulas cosméticas. “A cura do homem no passado Que por meio de ungüentos se dava Foi pelo eterno Hipócrates Do tempo dos deuses tirada Da inesgotável fonte de Deus O homem de remédios se proveu Dos fartos recursos naturais Com sabedoria se serviu Oh, que herança inaudita Farmácia, ciência milenar De Galeno as antigas boticas Vieram a dor do homem minorar Ergo os meus olhos bem alto E contemplo a missão do saber Que melhora a vida do homem E com prazer o ajuda a viver. Da grande missão da ciência Serei sempre um forte aliado Em busca de conhecimento Com a ética sempre ao meu lado Carrego pra sempre em meus ombros A intrépida vontade de vencer E cultuo no meu coração O afã da cura nos trazer.” ( Autor: Islou Silva CRF-DF 1.123) 21 A melodia e vídeos do hino você encontra no site do Conselho Federal de Farmácia. 2. A PROFISSÃO DENTRO DA ÁREA DA SAÚDE: REGIONAL, NACIONAL E MUNDIAL Como vimos, a profissão farmacêutica está inserida na área da saúde, no mundo todo, desde o início da humanidade. No entanto, foi somente em 1931 que foi publicado o Decreto nº 19,606 (BRASIL, 1931), que dispõe sobre a profissão farmacêutica e seu exercício no Brasil. Isto ocorreu na mesma década (década de 30) em que o farmacêutico estava perdendo espaço nos hospitais, devido à industrialização dos medicamentos, e necessitavam se redirecionar para outras áreas. 2.1 Crescimento da farmácia por décadas No mundo, entre a década de 50 e 60, foram observados grandes avanços com a descoberta de novos fármacos para o tratamento de doenças graves, que levavam o paciente à morte naqueles anos. Entre eles, estão os famosos antibióticos, antipsicóticos, medicamentos para tuberculose e doenças cardiovasculares (como a hipertensão arterial), além da vacina via oral para a poliomielite e a primeira pílula anticoncepcional. Porém, foi nesta mesma década de 60 que ocorreu a famosa Tragédia da Talidomida, na qual diversas crianças nasceram com má-formação congênita, advinda do uso deste medicamento pelas mães durante o período gestacional. Desta forma, a necessidade da atenção quanto à segurança dos medicamentos foi alertada e a farmacovigilância se iniciou. Figura 2 - Terapia medicamentosa em doenças crônicas Fonte: ESB PROFESSIONAL, shutterstock, 2020 #PraCegoVer: A imagem mostra uma seringa preenchida por líquido transparente, ampola de vidro, cápsulas, comprimidos com um papel abaixo escrito “Doenças crônicas”. Ainda nos anos 60, foi criado no Brasil o Conselho Federal de Farmácia, e os respectivos Conselhos Regionais, p Laboratório Farmacêutico público da Secretaria de Saúde de São Paulo e a Fundação 22 para o Remédio Popular. Em 1963, o Ministério da Educação estabeleceu o primeiro currículo mínimo para os farmacêuticos. Em 1969, cerca de 98% dos medicamentos prescritos pelos médicos já era produzido no Brasil, mas por industrias multinacionais que se instalaram aqui no país. Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: Ainda no Brasil, na década de 70, foi criado um plano diretor chamado de CEME (Central do Medicamento), que era ligado à presidência e tinha por intuito regular a produção e distribuição dos medicamentos no Brasil, ampliar o acesso da população de baixa renda a eles, controlar o acesso a assistência farmacêutica, definir alguns indicadores de saúde específicos e incentivar a pesquisa e expansão da produção de medicamentos. O Brasil se tornou então o sétimo maior mercado de medicamentos. Novas leis foram criadas nessa década, como a Lei Federal 5.991/73 (BRASIL, 1973), que dispõe sobre o controle sanitário do comércio de drogas, medicamentos, insumos e correlatos; a Lei 6.360/76 (BRASIL, 1976); o Decreto 74.170/74 (BRASIL, 1974); e o Decreto 79.094/77 (BRASIL, 1977) importantíssimos para a regulamentação do controle e vigilância sanitária de produtos farmacêuticos. FIQUE DE OLHO Você sabia que muitos famosos da história mundial e nacional eram farmacêuticos? Entre eles estão o Carlos Drummond de Andrade, Henri Nestlé, Alberto de Oliveira, fundador da Academia Brasileira de Letras, e John Pemberton, farmacêutico responsável pela criação da fórmula da Coca-Cola. 23 Figura 3 - Anotações diárias Fonte: ISTOCK-667825426, mediapool/fabrico, 2020 #PraCegoVer: A imagem mostra as duas mãos de uma pessoa, usando um jaleco brando, segurando uma prancheta, com uma mão, e uma caneta com a outra. A pessoa está utilizando a caneta para escrever no papel apoiado na prancheta. Seguindo para a década de 80, a produção de medicamentos essenciais aumentou no Brasil, e o SUS (Sistema Único de Saúde) foi criado, tornando assim o estado responsável por promover e garantir a saúde para toda a população, com os conceitos de universalidade, integralidade e equidade no atendimento. Enquanto isso, no mundo, o vírus HIV causador da AIDS, através do compartilhamento de objetos perfurantes, exposição ao sangue e derivados, ou contato sexual foi conhecido. Em 1991, o Ministério da Saúde do Brasil iniciou a distribuição dos medicamentos para doenças virais, devido ao aparecimento do HIV. No Brasil, cerca de 1805 casos foram notificados entre 10 milhões de infectados no mundo. Nos anos 90, se destaca no mundo o início dos estudos do genoma humano, com intuito de identificar e decodificar todo o material genético humano, e o surgimento de medicamentos eficazes no combate a doenças que matavam a maioria de seus portadores, como o AVE (Acidente Vascular Encefálico) e a doença arterial coronariana. Além do famoso AZT (zidovudina), que junto a seus análogos formam o coquetel para combate da AIDS. Esta década foi de extrema importância para evolução da profissão farmacêutica no mundo como um todo, principalmente após a publicação pela OMS do documento que dispõe sobre “O papel do farmacêutico no sistema de atenção à saúde” (OPAS; OMS, 2010) no qual foi descrita a missão do profissional na saúde, citando sete qualidades que o farmacêutico deve apresentar e como deve seguir sua contribuição no fornecimento de produtos e serviços para a saúde da população. A Portaria nº 344 (BRASIL, 1998), que regulamenta os medicamentos sujeitos a controle especial, também foi promulgada nos anos 90. Nos anos 2000, um dos maiores marcos para a profissão farmacêutica tomou lugar, os primeiros registros de medicamentos genéricos. Por outro 24 lado, o século XXI veio intenso e repleto de novidades para a farmácia. A PNM (Política Nacional de Medicamentos) (BRASIL, 2001) foi publicada no ano de 2001. Em 2002, foram instituídas as diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Farmácia (BRASIL, 2017). Várias outras Portarias, Resoluções e Leis foram publicadas, mas o destaque maior está em 2013, quando foram regulamentadas no Brasil as atividades do atendimento clínico farmacêutico (Resolução nº 585) e a regulamentação da prescrição farmacêutica (Resolução nº 586). Em 2014, a farmácia foi definida não mais como um simples comércio de produtos, mas sim como um estabelecimento de saúde com prestação de serviços farmacêuticos, assistência à saúde e orientação quanto ao uso racional de medicamentos.Em 2015, mais um crescimento importante para o profissional no Brasil foi a Resolução nº 616, que define o trabalho do farmacêutico na saúde estética, que vem crescendo radicalmente; e em 2018 a autorização para prestação de serviços de vacinas. O papel do Farmacêutico no mundo é tão nobre quão vital. O Farmacêutico representa o órgão de ligação entre a medicina e a humanidade sofredora. É o atento guardião do arsenal de armas com que o Médico dá combate às doenças. É quem atende às requisições a qualquer hora do dia ou da noite. O lema do Farmacêutico é o mesmo do soldado: servir. Um serve à pátria; outro à humanidade, sem nenhuma discriminação de cor ou raça. (LOBATO, [s.d.]) 3. ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA E A PNM (POLÍTICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS) A assistência farmacêutica, de acordo com Brasil (2004), compreende diversos serviços que podem ser prestados à saúde. De acordo com a PNM, ela é um conjunto de ações voltadas à promoção, proteção e recuperação da saúde de forma individual ou mesmo coletiva, sendo o medicamento o insumo essencial e destacando o uso racional deles. Pesquisa, desenvolvimento e produção de medicamentos, além de todo o seu ciclo - desde a seleção, programação, aquisição, distribuição, dispensação até a garantia de qualidade tanto dos medicamentos, quanto dos serviços com acompanhamento e avaliação sempre com foco na FIQUE DE OLHO Dentro do Brasil, o farmacêutico precisa estar associado ao Conselho Regional de Farmácia do estado em que irá atuar, este que é subordinado ao Conselho Federal de Farmácia. Caso você, como profissional de farmácia, vá atuar em dois estados diferentes, precisa estar quite com os dois Conselhos Regionais. 25 qualidade de vida do paciente e/ou da população como um todo – são tarefas do farmacêutico (BRASIL, 2004). Desde 1988, a saúde foi vinculada ao Estado e passou a ser seu dever garanti-la a toda a população. Isso ocorreu através do SUS através da Lei 8.080 do ano de 1990 (BRASIL, 1990). Nesta lei, a assistência terapêutica foi incluída, estando o farmacêutico presente nesta equipe. A partir daí, foi criada a PNM para organizar a responsabilidade das esferas municipais, estaduais e federal do governo, para com o fornecimento/custeio dos medicamentos e da assistência farmacêutica, desde os medicamentos essenciais a excepcionais, sempre conforme a descrição da RENAME (Relação Nacional de Medicamentos), REME (Relação Estadual de Medicamentos) e a REMUME (Relação Municipal de Medicamentos), sendo as duas últimas elaboradas de acordo com a necessidade local, mas sempre estando dentro dos medicamentos especificados na RENAME. Mesmo com tantos anos após a publicação desta lei, a assistência farmacêutica no âmbito municipal ainda é baixa, quando comparada à necessidade do profissional farmacêutico para estruturar todo o âmbito que envolve medicamentos, insumos e correlatos. Somente cerca de 13,2% dos municípios brasileiros possuem uma CFT (Comissão de Farmácia e Terapêutica) e, falando sobre investimento, apenas 11,9% é relacionado à qualificação profissional. (SOUZA et al., 2017) Todos estes fatores nos fazem entender o motivo de, dentro de um mesmo país (Brasil), encontrarmos diferentes níveis de organização e estrutura dos serviços; de constituição de equipe profissional e consequentemente várias formas de desenvolvimento da assistência farmacêutica, mesmo com todas as diretrizes, portarias, protocolos e leis disponíveis (BERNARDINO; BATISTA, 2019) 26 Nesta unidade, você teve a oportunidade de: • entender o que significa o termo “farmácia” e suas variações no decorrer da história; • conhecer a história da Farmácia e da profissão farmacêutica; • entender como ocorreu a evolução dos cursos de formação em farmácia; • compreender o que é um farmacêutico generalista; • aprender sobre a história da farmácia hospitalar; • compreender o uso das plantas e especiarias desde o início da farmácia até hoje; • conhecer a história do símbolo da farmácia; • entender como foi o crescimento da farmácia no Brasil e no mundo através das décadas. PARA RESUMIR AKERELE, O. Summary of WHO guidelines for assessment of herbal medicines. Herbal Gram, v.28, p.13-19, 1993. BERNARDINO, C. N.; BATISTA A.M. Assistência Farmacêutica na atenção primária à saúde de um Município Potiguar, Brasil. INFARMA Ciências Farmacêutica, v. 31, e. 2, p. 86-92, 2019. BRASIL. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. DECRETO Nº 19.606 DE 19 DE JANEIRO DE 1931. Brasília, 1931. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ decreto/1930-1949/D19606.htm. Acesso em: 11 mar. 2020. ______. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. LEI N 5.991, DE 17 DE DEZEMBRO DE 1973. Brasília, 1973. Disponível em:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5991. htm”>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5991.htm. Acesso em: 11 mar. 2020. ______. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. DECRETO No 74.170, DE 10 DE JUNHO DE 1974.. Brasília, 1974. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ decreto/Antigos/D74170.htm. Acesso em: 11 mar. 2020. ______. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. LEI No 6.360, DE 23 DE SETEMBRO DE 1976. Brasília, 1976. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6360. htm. Acesso em: 11 mar. 2020. ______. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. DECRETO No 79.094, DE 5 DE JANEIRO DE 1977. Brasília, 1977. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ decreto/Antigos/D79094.htm. Acesso em: 11 mar. 2020. ______. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos LEI Nº 8.080, DE 19 DE SETEMBRO DE 1990. Brasília, 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080. htm. Acesso em: 11 mar. 2020. ______. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. PORTARIA Nº 344, DE 12 DE MAIO DE 1998. Brasília, 1998. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudele- gis/svs/1998/prt0344_12_05_1998_rep.html. Acesso em: 11 mar. 2020. ______. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. POLÍTICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS (PNM). Brasília, 2001. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/ publicacoes/politica_medicamentos.pdf. Acesso em: 11 mar. 2020. ______. Ministério da Saúde. Resolução nº 338, 6 de maio de 2004. Aprova a Política Nacional de Assistência Farmacêutica. Diário Oficial da União, 20 de maio de 2004. Seção 1. p. 52. ______. Ministério da Saúde. Diretrizes para estruturação de farmácias no âmbito do Sistema Único de Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. ______. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. RESOLUÇÃO Nº 6, DE REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 19 DE OUTUBRO DE 2017. Brasília, 2017. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/do- cman/outubro-2017-pdf/74371-rces006-17-pdf/file. Acesso em: 11 mar. 2020. DIAS, J.P.S. A farmácia e a história: uma introdução à história da farmácia, da farmacolo- gia e da terapêutica. Lisboa: Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, 2005. FARIAS M. R, et al. Assistência farmacêutica no Brasil: política, gestão e clínica. v. 3. Ed. da UFSC. 2016. SOUZA G. S. et al. Caracterização da institucionalização da assistência farmacêutica na atenção básica no Brasil. Rev Saude Publica. 2017, v. 51, p.1-12, 2017. VEIGA JUNIOR, V. F. et al.. Plantas medicinais: cura segura?. Química Nova, São Paulo, v. 28, n. 3, p. 519-528, 2005. UNIDADE 2 Boticário Você está na unidade Boticário. Conheça aqui a história da profissão farmacêutica, desde os primeiros relatos até os dias atuais, bem como suas principais atribuições e o papel dos Conselhos de classe no amparo ao profissional. Serão abordadas as principais áreas de atuação do farmacêutico e a inserção do profissional no mercado, assim como as mudanças na atualidade e perspectivas para a profissão. O código de ética será apresentado de forma precisa e objetiva, porque é necessário que haja um olhar crítico sobre o mesmo, visto que a ética é o principal pilar de todaprofissão. Bons estudos! Introdução 31 1 HISTÓRIA DA PROFISSÃO FARMACÊUTICA Historiadores apontam que a medicina moderna se originou na Grécia, quando os médicos visitavam os doentes, carregando uma pequena maleta com seus medicamentos, chamada boticário (GOMES-JÚNIOR, 1988). Em Alexandria (depois da divisão do império de Alexandre, o Grande), foi fundado um centro intelectual que originou a escola dogmática e, sucessivamente, a escola empírica, no século 3 a.C.. Essa última tinha, por fundamento, o estudo experimental dos medicamentos. Nessa época, surgiu, pela primeira vez, a divisão entre médicos, cirurgiões, raizeiros e farmacópolos, que eram aqueles que preparavam remédios compostos. A partir de então, as fórmulas mais complexas começaram a ser apreciadas, chegando a conter 54 ingredientes, caracterizando assim a polifarmácia (BURLAGE et al.1944; RISING, 1959; GOMES-JÚNIOR, 1988). Na década de 1940, a farmácia, que até então era vista como parte do estudo de medicina, foi regulamentada como profissão independente, por meio da carta magna da medicina, criada pelo imperador romano Frederico II. Logo, essa separação ocorreu em vários outros lugares, surgindo assim três classes de profissionais diferentes: médicos, cirurgiões e boticários, que mais tarde seriam conhecidos como farmacêuticos (BURLAGE et al.1959). 1.1 Das boticas para as farmácias: um breve histórico No Brasil, os chamados curandeiros andavam de casa em casa para examinar e manipular medicamentos de acordo com a necessidade de cada paciente. Apenas em 1640, a farmácia foi regularizada como comércio, inicialmente chamadas de botica. O boticário atuava como a figura central na relação com o paciente e, mesmo sendo um ambiente comercial, cada medicamento era feito com a dose correta para o paciente, respeitando a individualidade de cada um. Na época citada acima, não era necessária a formação no âmbito da saúde, logo os boticários eram muitas vezes pessoas com baixa ou nenhuma escolaridade, mas que conheciam de perto a relação medicamento-paciente. É importante ressaltar que as farmácias hospitalares também eram chamadas de botica (GOMES-JÚNIOR,1988; FILHO; BATISTA, 2011). No Brasil, a regulamentação da profissão farmacêutica, que até então também era parte do ensino da medicina, veio mais tarde, em 1839. Foram criadas duas escolas de farmácia: uma em Ouro Preto e outra em São João del-Rei, ambas no estado de Minas Gerais. Apenas em 1886, a presença do farmacêutico foi exigida como figura central da farmácia, causando um desconforto entre os boticários e boticários formados (farmacêuticos). O farmacêutico foi, por muito tempo, referência de saúde para a população, construindo um elo importante com os fregueses da botica (VALLADÃO, 1981). 32 Figura 1 - Boticas Fonte: VILLOREJO, shutterstock, 2020 #PraCegoVer: A imagem mostra um salão com janelas grandes de vitral, estantes e balcões de madeira e piso de mármore. Nas estantes, há portas de vidro e, dentro delas, é possível ver pequenos frascos de porcelana. Em cima dos balcões, há recipientes grandes com líquidos coloridos. 1.2 Revolução Industrial e mudança no cenário da profissão Com a 2a Revolução Industrial, ocorrida em meados da década de 1920, os Estados Unidos e Europa passavam por uma estabilidade social e política, que, com o passar do tempo, teria como consequência o aumento da população do país. Porém, a expectativa de vida não passava muito dos 40 anos e o aumento exponencial da população era devida à explosão dos índices de natalidade. Não havia um meio, naquela época, para prolongar a vida da população e isso de fato era um grande problema (HOBSBAWM et al, 1962). A solução encontrada para aumentar os anos vividos de um indivíduo foi tirar os avanços da Química de dentro de laboratórios. Poucas pessoas tinham acesso a esses avanços, a grande maioria tratava-se com medicamentos caseiros. Essa situação durou até março de 1877, quando começaram a surgir, aos poucos, as indústrias farmacêuticas (BERNSTEIN, 2001). Nos anos subsequentes, os medicamentos deixaram de ser feitos na dose correta para cada paciente, passando a ser fabricados em escalas industriais. Assim, farmacêutico foi deixando de ser a referência central de saúde para as famílias, se escondeu atrás de caixas de medicamentos e da simples dispensação, sem uma conexão do farmacêutico com o paciente/consumidor (LAPORTE et al, 1989).Essa situação ainda é comum nos dias atuais, e a utilização maciça de medicamentos é um dos problemas emergentes de saúde pública (PEREIRA; NASCIMENTO, 2011). 33 Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 2 ÁREAS DE ATUAÇÃO FARMACÊUTICA De acordo com a Resolução do CFF nº 572, de 25 de abril de 2013 (BRASIL, 2013a), as especialidades farmacêuticas são agrupadas em 10 linhas de atuação: alimentos; análises clínico- laboratoriais; educação; farmácia; farmácia hospitalar e clínica; farmácia industrial; gestão; práticas integrativas e complementares; saúde pública e toxicologia. Hoje, para efeito de registro de certificados e títulos na carteira profissional, existem 135 especialidades (Brasil, 2013a), dentre elas: 1. análises clínicas; 2. análises toxicológicas; 3. assistência farmacêutica; 4. atenção farmacêutica; 5. atenção farmacêutica domiciliar; 6. atendimento farmacêutico de urgência e emergência; 7. avaliação de tecnologia em saúde; 8. bacteriologia clínica; 9. banco de leite humano; 10. banco de materiais biológico; 34 11. banco de órgãos, tecidos e células; 12. banco de sangue; 13. controle de qualidade; 14. controle de qualidade de alimentos; 15. controle de qualidade e tratamento de água; 16. controle de vetores e pragas urbanas; 17. docência do ensino superior; 18. epidemiologia genética; 19. farmácia clínica na geriatria; 20. saúde da família (ESF). 2.1 Atuação do farmacêutico em farmácias e drogarias Segundo a Resolução 13.021, de 08 de agosto de 2014 (BRASIL, 2014b), é necessária a presença de um farmacêutico durante todo o horário de funcionamento da drogaria. Como dito anteriormente, após a revolução industrial, o farmacêutico ficou cada vez mais distante da população, realizando atividades burocráticas ou atendendo os pacientes como se fossem simples clientes, devido à grande proporção comercial que tomaram as drogarias (Brasil, 2018). O farmacêutico é responsável pela conferência de receitas que ficam retidas na farmácia, tendo como obrigação relatar, junto à Vigilância Sanitária, por meio do SNGPC (Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados) a entrada e saída de psicotrópicos (medicamentos que precisam de receita). A Portaria 344 de 1998 do Ministério da Saúde (BRASIL, 1998) diz que esses medicamentos devem ficar em armários fechados à chave, e só podem ser dispensados na presença do farmacêutico. O que consta no armário (quais medicamentos, quantidade de cada) deve ser o mesmo que consta no sistema da ANVISA, e o vencimento também deve ser FIQUE DE OLHO O leque de especialidades farmacêuticas é muito grande, indo desde a produção de insumos, medicamentos, logística e dispensação, até membros de equipes multidisciplinares de saúde. Conheça as outras especialidades em Brasil (2013a). 35 comunicado para que se possa dar baixa no sistema (BRASIL, 1998). Ainda em farmácias, o farmacêutico pode ser responsável por laboratórios de manipulação (quando há na farmácia) de medicamentos e insumos alopáticos (medicamentos “normais”) assim como em laboratórios de homeopatia. No último caso, é necessário ser especializado em homeopatia. Quando responsável pela manipulação é designado com farmacêutico magistral (SAMPAIO, 2018). Na farmácia magistral, o profissional farmacêutico se responsabiliza por todo o processo, desde a conferência das matérias-primas, realizando testes de densidade, aspecto do pó) até o produto final, que chega ao consumidor. As receitas para manipulação são conferidas,e técnicos em farmácia e/ou trabalhadores treinados pesam, manipulam, rotulam e enviam ao farmacêutico para a última conferência. Só depois o medicamento é liberado para o paciente. Os colaboradores do laboratório devem seguir a Boas Práticas de Manipulação, um passo-a-passo de todo processo, escrito pelo farmacêutico. A fiscalização da farmácia é feita pela Vigilância Sanitária da cidade ou regional e pelo CRF (Conselho Regional de Farmácia). A primeira fiscaliza os medicamentos controlados, higienização da farmácia e da sala de injetáveis, bem como a temperatura da geladeira (que deve estar entre 1 a 8o C) que armazena os medicamentos e insumos termolábeis. O CRF fiscaliza se o farmacêutico está presente no estabelecimento ou não, sendo passível de advertências, multas ou até a suspensão temporária pelo conselho, caso haja reincidências de ausências do profissional (OLIVEIRA-JÚNIOR, 2014). Figura 2 - Farmacêutico nas drogarias Fonte: ADRIATICFOTO, shutterstock, 2020. #PraCegoVer:A imagem mostra um homem vestido de branco atrás de um balcão, entregando um medicamento a uma mulher. Atrás dele, é possível ver uma estante cheia de caixas de remédios. 2.2 Farmacêutico Bioquímico O farmacêutico bioquímico é um profissional bastante valorizado, devido a exigências de 36 conhecimento aprofundado em uma atividade tão complexa. O farmacêutico bioquímico atua em laboratórios de análises clínicas, tanto particulares quanto públicos. É responsável pela gestão do laboratório e pelas análises realizadas nele, sendo de seu encargo a supervisão e/ou realização de exames hematológicos, como, por exemplo, hemograma, exames bioquímicos (glicose, colesterol , hormônios da tireoide), exames citológicos (Papanicolau, conhecido como exame preventivo de câncer no colo do útero), exames para descobrir em quais antibióticos há resistência bacteriana (a bactéria não é atingida pelo antibiótico), indicando assim qual o medicamento adequado ao paciente, além de exames urológicos (urina, sêmen) e parasitológicos (geralmente em amostras de fezes) (ICQT, 2016). A partir de 2002, a Resolução no 02 do Conselho Nacional de Educação (BRASIL, 2002), responsável pelas Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Farmácia, instituiu que o diploma do farmacêutico não apresenta mais a designação de farmacêutico bioquímico, sendo que, para se obter esse título, é necessário habilitação em análises clínicas ou especialização na área (BRASIL, 2002). Os cursos de especialização em bioquímica/análises clínicas devem ser credenciados pelo CFF (Conselho Federal de Farmácia); SBAC (Sociedade Brasileira de Análises Clínicas); SBRAFH (Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar), entre outras. Figura 3 - Farmacêutica bioquímica Fonte: BLUE PLANET STUDIO, Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: A imagem mostra uma mulher farmacêutica bioquímica olhando através de um microscópio. 2.3 Farmacêutico Hospitalar O farmacêutico hospitalar tem como atividades: garantir o abastecimento da farmácia, otimizando custos x benefícios, dispensação dos fármacos aos enfermeiros e técnicos em enfermagem, controle de estoque, acesso do medicamento ao paciente (não deixando faltar medicamentos para doenças mais prevalentes do município), rastreabilidade (saber para qual paciente o medicamento foi entregue) e uso racional de medicamentos (ANDRADE, 2015). A introdução da farmácia clínica ao serviço de farmácia hospitalar está sendo bastante debatido, e os hospitais vêm solicitando a atuação do farmacêutico com o intuito de evitar erros 37 nas medicações e prescrições desnecessárias de medicamentos, visando também à diminuição do custo da terapia e o tempo de internação dos pacientes (ANDRADE, 2015). O farmacêutico pode, ainda, fazer parte da equipe multidisciplinar da UTI (Unidade de Terapia Intensiva), dando assistência a pacientes em estados graves e instáveis (ARAÚJO; ALMEIDA, 2007; 2008): Horn e Jacobi (2006) ressaltam que os farmacêuticos em UTI são capazes de formar uma ligação entre médico e o enfermeiro, ter visão geral de todo o processo da prescrição até a administração do medicamento e, desta maneira, integrar segurança ao paciente no uso de medicamento na forma de Intervenção Farmacêutica (IF), que é o ato planejado, documentado e realizado juntamente com ao usuário e profissionais de saúde, que propõe resolver ou prevenir problemas que interferem ou que podem ir a interferir na farmacoterapia, sendo parte essencial do processo de acompanhamento/ seguimento farmacoterapêutico, intervindo de maneira primária, garantindo segurança e efetividade. Portanto, a atuação do farmacêutico hospitalar traz benefícios para o hospital e para os pacientes, reduzindo erros de prescrições e dispensação, problemas relacionados à farmacoterapia do indivíduo, como reações adversas e intoxicações, podendo evitar consequências graves, como invalidez e óbito (LYRA et.al. 2007). Figura 4 - Farmacêutico hospitalar Fonte: AS PHOTO STUDIO, Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: A imagem mostra duas mulheres com estetoscópio no pescoço e roupa verde, em frente a uma prateleira de remédios. 3 PRESCRIÇÃO FARMACÊUTICA Prescrição farmacêutica, segundo a resolução no 586 do Conselho Federal de Farmácia (BRASIL, 2013b), “é o ato pelo qual o farmacêutico seleciona e documenta terapias farmacológicas e não farmacológicas, e outras intervenções relativas ao cuidado à saúde do paciente, visando à promoção, proteção e recuperação da saúde, e à prevenção de doenças e de outros problemas de saúde.” Até 2013, não era permitido ao farmacêutico qualquer tipo de prescrição (Brasil, 2013b). 38 Trata-se de um processo seguro para o paciente, visto que o profissional especialista em prescrição clínica deve seguir uma série de etapas para uma correta prescrição, como identificar a necessidade e o objetivo terapêutico, selecionar os medicamentos seguros, efetivos e que respeitem as condições socioeconômicas do paciente, as evidências científicas (saúde baseada em evidências – SBE) e as condições clínicas do paciente (BRASIL, 2013b) Aprofundando-se mais na prescrição farmacêutica, esta deve seguir as seguintes etapas, conforme Maciulevicius (2013) orienta na homepage do Conselho Regional de Farmácia do Mato Grosso do Sul: • identificação das necessidades do paciente relacionadas à saúde; • definição do objetivo terapêutico; • seleção da terapia ou intervenções relativas ao cuidado à saúde, com base em sua segu- rança, eficácia, custo e conveniência, dentro do plano de cuidado; • redação da prescrição; • orientação ao paciente; • avaliação dos resultados; • documentação do processo de prescrição (MACIULEVICIUS, 2013). 3.1 Resolução 586/2013 do Conselho Federal de Farmácia (BRASIL, 2013b) A resolução 586/2013 do CFF (BRASIL, 2013b) permite que o farmacêutico prescreva medicamentos isentos de prescrição ou medicamentos de venda livre. Parece estranho prescrever medicamentos que são isentos de prescrição. Se são isentos de prescrição, por que precisaria alguém prescrevê-los? A resposta é bem simples e, ao mesmo tempo, preocupante: os medicamentos isentos de prescrição (ou sem tarja) são vendidos sem qualquer análise do histórico do paciente, alimentando a automedicação e, como consequência, as interações medicamentosas, eventos adversos, intoxicações e mais internações hospitalares, onerando o sistema público de saúde e diminuindo a qualidade de vida do paciente (LEONARDI, [s.d.]). Mesmo que o estudante de farmácia tenha se formado em instituições reconhecidas pelo MEC (Ministério da Educação) e tenha conhecimento técnico-científico, é necessário que haja bastante atenção ao prescrever, experiência e capacitação no assunto, para que a farmacoterapia seja segura. 39 No Brasil, os números relacionados à automedicação são alarmantes. Um estudo realizado pelo ICQT (Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação) para o Mercado Farmacêutico “mostrou que 76% da população afirmava se automedicarem 2014. Já em 2016, a porcentagem apresentou uma leve queda para 72%, mas voltou a crescer em 2018, somando 79%. Esse ano (2020), a pesquisa mostrou que já chegam a 81% os brasileiros que tomam medicamentos por conta própria.” (LEONARDI, [s.d.]), elucidando assim a importância dos farmacêuticos na utilização desses medicamentos. Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 3.2 Consultório farmacêutico: restabelecendo o laço com o paciente Grande parte dos clientes e pacientes desconhecem o serviço de farmácia clínica. Desde 2014, quando os farmacêuticos foram liberados para prescrever, várias farmácias particulares e públicas passaram a disponibilizar as consultas para a população. Além disso, o cuidado farmacêutico foi implantado na atenção primária (posto de saúde) e secundária (policlínicas) de vários municípios (LEONARDI; MATOS, 2020). O serviço de farmácia clínica, além de guiar na utilização de medicamentos isentos de prescrição, ajuda o paciente a entender melhor suas comorbidades (doenças) e o uso correto dos medicamentos, já que muitas vezes o próprio paciente não sabe o porquê de estar tomando determinado fármaco, e essa situação se agrava em pacientes idosos, devido às mudanças fisiológicas próprias do envelhecimento, que alteram o mecanismo de ação dos medicamento e que muitas vezes estão em polifarmácia (utilizando vários medicamentos ao mesmo tempo). Por vezes, o farmacêutico é capaz de perceber interações medicamentosas e até mesmo medicamentos que o paciente não precisa mais utilizar (PEREIRA; NASCIMENTO, 2011). O consultório farmacêutico deve ser: 40 • higienizado; • ventilado; • bem iluminado; • além de ser capaz de garantir a confidencialidade do paciente. Diversos serviços podem ser oferecidos, como perfuração de lóbulo auricular, aferição de pressão e temperatura corporal e administração de medicamentos. O farmacêutico pode também solicitar exames para monitorar as condições clinicas dos pacientes e encaminhá-los ao médico quando necessário (LEONARDI et.al., 2020). Testes rápidos também podem ser oferecidos, como glicemia capilar (único permitido pela lei). Seguindo a legislação, outros testes rápidos como para o HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana), colesterol, devem ser requisitados a um laboratório de análises clínicas. Assim sendo, o futuro da profissão está cada vez mais na farmácia clínica. 4 CONSELHOS DE CLASSE DA PROFISSÃO FARMACÊUTICA Até 1998, os conselhos profissionais eram vinculados ao Ministério do Trabalho. A situação mudou devido a Lei 9.649/98 (BRASIL, 1998a) em que os conselhos profissionais passaram a ser entidades de direito privados, não havendo mais necessidade de prestar contas à União. Mesmo com a separação dos conselhos e Ministério do Trabalho, os conselhos profissionais possuem o poder de fiscalização e policiamento, mesmo essas atividades sendo inerentes aos órgãos públicos (Brasil, 1998a). O conselho profissional é dividido entre regional, onde cada estado da federação possui um conselho regional, podendo este ter mais de uma sede em cidades diferentes, como, por exemplo, o Conselho Regional de Farmácia do Rio Grande do Sul tem sedes em Porto Alegre, Passo Fundo, Caxias do Sul e Santa Maria (CRF-RS, 2020). O Conselho Federal de Farmácia tem sua sede em Brasília e há um Conselho Regional situado no Distrito Federal (CFF, 2008). 4.1 Conselho Regional de Farmácia Após o estudante se formar, agora como profissional, deve-se registrar no Conselho Regional de Farmácia do respectivo estado onde atuará, independente de qual ramo irá seguir (drogaria, laboratório, industrias e etc). Caso o profissional vá exercer a profissão em outro estado, este deve dar baixa junto ao CRF em que está inscrito, e se registrar no CRF de destino, não sendo possível farmacêutico ter dois registros no CRF (CRF/SP, 2020). 41 Mesmo assim, há algumas dúvidas do profissional quanto à utilidade e como o Conselho o ajudará na profissão. As atividades que competem ou não aos Conselhos Regionais de Farmácia (CRF) estão descritas abaixo: Quadro 1 - Competências dos CRF Fonte: Elaborado pela autora, 2020. #PraCegoVer: A imagem mostra um quadro dividido em três colunas: na primeira, estão listadas as competências dos CRF; na segunda, a palavra sim (que deve ser assinalada caso se trate de uma competência do CRF); na terceira, a palavra não (que deve ser assinalada caso não se trate de uma competência do CRF). 4.2 Conselho Federal de Farmácia Foram apresentadas as atribuições e restrições dos Conselhos Regionais de Farmácia. Porém, o que compete então ao Conselho Federal de Farmácia? Relembrando um pouco a história, várias reivindicações pelo país estavam acontecendo para que se criasse um órgão profissional de farmácia. Por meio da Lei no 3.820/1960, foi criado o Conselho Federal de Farmácia (BRASIL,1960). O principal objetivo do CFF, assim como os CRF, é a valorização do profissional farmacêutico com um olhar voltado para a comunidade. Algumas atribuições do CFF, que constam na homepage do mesmo são: • expedir resoluções, definindo ou modificando atribuições ou competência dos profissio- nais de farmácia; 42 • propor as modificações que se tornarem necessárias à regulamentação do exercício pro- fissional; • ampliar o limite de competência do exercício profissional; • colaborar na disciplina das matérias de ciência e técnica farmacêutica, ou que de qual- quer forma digam respeito à atividade profissional; • organizar o código de deontologia (leis) farmacêutica; • deliberar sobre questões oriundas do exercício de atividades afins às do farmacêutico; • zelar pela saúde pública, promovendo a assistência farmacêutica. (CFF, 2008). Assim, é possível observar que os Conselhos Regionais e Federal de Farmácia trabalham em sincronia, lutando pela valorização farmacêutica e promovendo a saúde da comunidade 4.3 Eleições dos Conselhos regionais e federais de farmácia Segundo Resolução no 660, de 28 de setembro de 2018 (BRASIL, 2018), a eleição para o Conselho Federal e para os Conselhos Regionais se dá por meio do voto direto e secreto, sendo obrigatório a todos os farmacêuticos inscritos com idade menor que 65 anos, e facultativo aos profissionais com 65 anos ou mais. A seguir serão apresentados os principais pontos dessa resolução, no que tange à candidatura ao Conselho Regional de Farmácia e votação pelos farmacêuticos. Para que se possa concorrer aos cargos dos conselhos, os farmacêuticos devem estar regularmente inscritos, em pleno gozo de seus direitos profissionais, desde que satisfaçam os seguintes requisitos: a) ser brasileiro; b) estar com inscrição profissional principal e definitiva no quadro de farmacêuticos, aprovada pelo Plenário do respectivo CRF, até a data de encerramento do prazo de inscrição de candidatos; c) não estar proibido ou suspenso de exercer a profissão; d) estar quite com a Tesouraria do CRF, sem qualquer débito ou parcela vencida no ato da inscrição do candidato; e) ter, no mínimo, 3 (três) anos de inscrição em qualquer CRF até o encerramento do prazo de inscrição; f) apresentação de certidão da justiça estadual, federal, militar e eleitoral, essa última fornecida pelas zonas eleitorais, pelos Tribunais Regionais Eleitorais e pelo Tribunal Superior Eleitoral 43 g) apresentação de certidão da justiça estadual e federal onde não conste sentença condenatória por improbidade administrativa; h) apresentação de declaração própria, sob as penas da legislação vigente, atestando que não tem qualquer outra causa de inelegibilidade, nos termos desta resolução. Os farmacêuticos candidatos a Conselheiro Regional, a funções públicas de Diretoria e a Conselheiro Federal e Suplente não podem se candidatar simultaneamente ao CRF e ao CFF. Não é permitido também o registro de candidato para mais de um cargo. As funções serão ocupadas pelos candidatos ou chapas mais votados. • a chapa para Diretoria deverá ser inscrita completa, discriminando as funções de Presi-