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INTRODUÇÃO À PROFISSÃO - FARMÁCIA ORGANIZADORES ALYNE ALMEIDA DE LIMA; LUANNA GABRIELLA RESENDE DA SILVA Introdução à pro�ssão - Farm ácia GRUPO SER EDUCACIONAL Neste livro, você terá acesso a informações imprescindíveis para conhecer de forma mais abrangente a pro�ssão de farmacêutico. Abordaremos aqui a história da pro�ssão, as leis vigentes e os Conselhos que regulam a pro�ssão. Veja aqui como se iniciou a utilização de drogas e especiarias, o surgimento das boticas e dos boticários e a formação da pro�ssão farmacêutica. Para �nalizar, as autoras explicam como se dá o trabalho multipro�ssional na área da saúde, especi�camente, para o pro�ssional farmacêutico. Fundamental para o estudo da pro�ssão, esta obra é ilustrada e apresenta- da de forma clara e didática. INTRODUÇÃO À PROFISSÃO - FARMÁCIA ORGANIZADORES ALYNE ALMEIDA DE LIMA; LUANNA GABRIELLA RESENDE DA SILVA gente criando futuro I SBN 9786555580761 9 786555 580761 > C M Y CM MY CY CMY K INTRODUÇÃO A PROFISSÃO - FARMÁCIA Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, do Grupo Ser Educacional. Diretor de EAD: Enzo Moreira Gerente de design instrucional: Paulo Kazuo Kato Coordenadora de projetos EAD: Manuela Martins Alves Gomes Coordenadora educacional: Pamela Marques Equipe de apoio educacional: Caroline Guglielmi, Danise Grimm, Jaqueline Morais, Laís Pessoa Designers gráficos: Kamilla Moreira, Mário Gomes, Sérgio Ramos,Tiago da Rocha Ilustradores: Anderson Eloy, Luiz Meneghel, Vinícius Manzi Lima, Alyne Almeida de. Introdução à profissão - Farmácia/ Alyne Almeida de Lima Luanna Gabriella Resende da Silva. – São Paulo: Cengage, 2020. Bibliografia. ISBN: 9786555580112 1. Saúde - farmacêutico. 2. Profissões - farmacêutico. 3. Silva, Luanna Gabriella Resende da. Grupo Ser Educacional Rua Treze de Maio, 254 - Santo Amaro CEP: 50100-160, Recife - PE PABX: (81) 3413-4611 E-mail: sereducacional@sereducacional.com “É através da educação que a igualdade de oportunidades surge, e, com isso, há um maior desenvolvimento econômico e social para a nação. Há alguns anos, o Brasil vive um período de mudanças, e, assim, a educação também passa por tais transformações. A demanda por mão de obra qualificada, o aumento da competitividade e a produtividade fizeram com que o Ensino Superior ganhasse força e fosse tratado como prioridade para o Brasil. O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego – Pronatec, tem como objetivo atender a essa demanda e ajudar o País a qualificar seus cidadãos em suas formações, contribuindo para o desenvolvimento da economia, da crescente globalização, além de garantir o exercício da democracia com a ampliação da escolaridade. Dessa forma, as instituições do Grupo Ser Educacional buscam ampliar as competências básicas da educação de seus estudantes, além de oferecer- lhes uma sólida formação técnica, sempre pensando nas ações dos alunos no contexto da sociedade.” Janguiê Diniz PALAVRA DO GRUPO SER EDUCACIONAL Autoria Alyne Almeida de Lima Graduada em Farmácia, especialista em farmácia clínica e prescrição farmacêutica e mestra em Ciências Farmacêuticas. Atualmente professora de Farmacologia nos cursos de Graduação em Farmácia, Odontologia e Psicologia e também ministra a disciplina de Cosméticos e Saneantes na Faculdade Maurício de Nassau. Professora de Pós-graduação na área de Clínica Farmacêutica, Farmacologia, Toxicologia e Fitoterapia. Luanna Gabriella Resende da Silva Graduada em Farmácia, com habilitação em Bioquímica. Possui experiência em dispensação farmacêutica, farmácia magistral, farmácia clínica e análises clínicas. Atualmente é mestranda em Ciências Farmacêuticas pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas, na Universidade Federal de São João del-Rei, Minas Gerais. SUMÁRIO Prefácio .................................................................................................................................................8 UNIDADE 1 - Noções gerais da profissão: noções e histórico ..........................................................9 Introdução.............................................................................................................................................10 1. Noções gerais da profissão: definição e histórico ............................................................................ 11 2. A profissão dentro da área da saúde: regional, nacional e mundial .................................................21 3. Assistência Farmacêutica e a PNM (Política Nacional de Medicamentos) .......................................24 PARA RESUMIR ..............................................................................................................................26 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................27 UNIDADE 2 - Boticário ...................................................................................................................29 Introdução.............................................................................................................................................30 1 História da profissão farmacêutica .................................................................................................... 31 2 Áreas de atuação farmacêutica .......................................................................................................... 33 3 Prescrição Farmacêutica .................................................................................................................... 37 4 Conselhos de classe da profissão farmacêutica ................................................................................. 40 5 Código de Ética ................................................................................................................................... 45 PARA RESUMIR ..............................................................................................................................48 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................49 UNIDADE 3 - O papel do profissional: lei do exercício profissional ..................................................53 Introdução.............................................................................................................................................54 1. Normas para o exercício da profissão farmacêutica .........................................................................55 2 Assistência Farmacêutica (AF) ............................................................................................................ 61 PARA RESUMIR ..............................................................................................................................71 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................72 UNIDADE 4 - Integração ................................................................................................................75 Introdução.............................................................................................................................................76 1 Equipe multiprofissional (multidisciplinar) em saúde ........................................................................77 2 Gestão técnica da Assistência Farmacêutica ...................................................................................... 78 3 Farmacêuticos na assistência ao paciente .........................................................................................80 4 Cuidado Farmacêutico ....................................................................................................................... 82 5 Condutas éticas essenciais aos profissionais de saúde .....................................................................89 PARA RESUMIR ..............................................................................................................................91 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................92 Esta obra apresenta a profissão farmacêutica e todos os aspectos relacionados a ela. A primeira unidade vai mostrar como se deu a evolução da história da profissão desde os primórdios. A história do medicamento também será abordada nesta unidade além de mostrar os aspectos científicos e sociais quanto à história da Farmácia. A revolução farmacológica do século XX será abordada mencionando os filósofos e médicos Hipócrates e Galeno. Você também entenderá como se iniciou a utilização de drogas e especiarias, o surgimento das boticas e dos boticários e a formação da profissão farmacêutica. Na sequência, a unidade 2 vai expandir o assunto sobre a profissão e apresentará desde os primeiros relatos até os dias atuais, bem como suas principais atribuições e o papel dos Conselhos de classe no amparo ao profissional. Serão abordadas as principais áreas de atuação do farmacêutico e a inserção do profissional no mercado, assim como as mudanças na atualidade e perspectivas para a profissão. O código de ética será apresentado de forma precisa e objetiva, porque é necessário que haja um olhar crítico sobre ele, visto que a ética é o principal pilar de toda profissão. Conheça nesta terceira unidade as informações sobre as atividades do farmacêutico. O profissional farmacêutico é habilitado para prestar serviços na área da saúde em todos os níveis de atenção (básica, média e alta complexidade) tanto no âmbito privado quanto no público. Aqui serão descritos os Conselhos que normatizam a profissão, assim como as leis existentes Na quarta unidade, o livro abordará a integração das profissões. Conheça aqui o que é uma equipe multiprofissional de saúde e como o farmacêutico atua junto a outros profissionais na otimização e segurança do tratamento do paciente.Serão apresentadas as fases da assistência farmacêutica, passando pela atuação em hospitais e atenção básica. Serão apresentadas também algumas residências multiprofissionais em saúde, assim como o papel do farmacêutico no Médicos Sem Fronteiras (MSF). A ética dentro de uma equipe multiprofissional será abordada a fim de apresentar uma noção de que ela é primordial para ser um bom profissional. PREFÁCIO UNIDADE 1 Noções gerais da profissão: noções e histórico Olá, Você está na unidade Noções gerais da profissão: noções e histórico. Conheça aqui os conceitos básicos da profissão farmacêutica e como se deu a evolução da sua história, desde os primeiros passos. Além disso, conheça também a história do medicamento, bem como alguns aspectos científicos e sociais quanto à história da farmácia. Hipócrates e Galeno não podem deixar de ser citados quando se fala da farmácia, assim como a revolução farmacológica do século XX. Você também entenderá como começou a utilização de drogas e especiarias, o surgimento das boticas e dos boticários, além da formação da profissão farmacêutica. Bons estudos! Introdução 11 1. NOÇÕES GERAIS DA PROFISSÃO: DEFINIÇÃO E HISTÓRICO A Farmácia tem uma história milenar, tão antiga quanto a história da humanidade. Trata-se de uma ciência e de uma profissão que vem evoluindo incansavelmente com o decorrer dos anos, dos séculos. O farmacêutico, primariamente chamado de boticário, é o profissional formado através de ensino superior e autorizado por lei a exercer atividades farmacêuticas. 1.1 Definição do termo “Farmácia” Quando dizemos que a farmácia se trata de uma ciência e de uma profissão, ressaltamos o fato de que sua definição pode estar voltada tanto para o cunho técnico-científico, que é a área da pesquisa e estudo da relação entre medicamento e organismo vivo, associada em termos de conteúdos à Biologia, Medicina e Química; quanto para o cunho da área profissional dedicada à preparação do medicamento, e atendimento direto ao paciente, antes ocorrido somente durante a dispensação, hoje já há outras áreas que crescem muito como o farmacêutico clínico e o farmacêutico esteta. A relação entre o farmacêutico, a sociedade, e o medicamento tem mudado muito. Visto anteriormente como o profissional do medicamento, a profissão do farmacêutico tem avançado para outros campos, fazendo com que o novo farmacêutico necessite ter formação e habilidades para diversas outras atividades, que não colocam o medicamento como o centro do seu trabalho, mas sim a qualidade de vida e o bem-estar do paciente. Assim, o medicamento deixa de ser visto apenas como um formulação, composição e técnicas para seu desenvolvimento/preparação ou algo que necessita de uma dispensação correta mediante legislação, para tornar-se um produto de saúde que deve ser prescrito ao paciente quando necessário, sempre prezando pelo uso racional de medicamentos; mas que também deve ser retirado quando o paciente apresentar efeitos colaterais ou reações adversas, ou simplesmente quando ele não necessitar mais daquela substância para manutenção de seu organismo. 1.2 História da Farmácia Em meados do século XVI a.C., um documento egípcio referenciou mais de 7000 substâncias com alguma atividade medicinal e, entre elas, mais de 800 fórmulas. Esse documento é conhecido como Papiro de Ebers e faz parte, com destaque, do início da história da farmácia. Outro importante destaque é Dioscórides, que aparece no século I d.C. e é considerado o fundador da farmacognosia (ramo da farmacologia que estuda os ativos naturais). Ele catalogou mais de 600 plantas com ativos medicinais e indicou como elas devem ser escolhidas 12 e armazenadas, sendo também o responsável por descrever a fonte de uma das principais substâncias usadas para dor, o ácido acetilsalicílico, que é extraído da planta popularmente chamada de salgueiro-branco. Ao falar sobre a história da Farmácia, é imprescindível também falar sobre o pai da farmácia, o grego Claudius Galeno. Um homem de um conhecimento que abrangia áreas como filosofia, matemática, lógica, astronomia, medicina, agricultura e literatura foi um marco para a Farmácia, por seus preparos e ensinamentos, que se perpetuaram por toda a Idade Média e influenciaram a medicina e a farmácia por mais de 1000 anos. Galeno investigava suas suposições na área, as ciências médicas, através de minuciosos exames em animais (macacos), pois o uso de corpos humanos para dissecação era proibido. Seus estudos eram inspirados pelas pesquisas do pai da medicina, Hipócrates (460-370 a.C.), que foi o responsável por apresentar as primeiras explicações da relação entre a saúde e a doença, com a teoria dos humores corpóreos. E o que seria essa teoria? A explicação da saúde e da doença, sem estar atrelada à sobrenaturalidade, começou na filosofia grega em busca da explicação da constituição da natureza. Em 535 a.C., Alcméon foi o primeiro a descrever a saúde como sendo um equilíbrio do corpo entre as qualidades opostas, como o quente e o frio, úmido e seco, amargo e doce; e a doença seria um predomínio de uma delas - essa ideia surgiu a partir da ideia de Pitágoras sobre o equilíbrio baseado em proporções numéricas. A partir daí, Hipócrates seguiu a teoria do equilíbrio entre os humores, que seriam eles: sangue procedente do coração, fleuma do cérebro, bílis amarela do fígado e bílis negra do baço; tendo cada um deles uma característica: • sangue: • quente e úmido • fleuma: • fria e úmida • bílis amarela: • quente e seca • bílis negra: • fria e seca Desta forma, os indivíduos eram classificados como fleumáticos, sanguíneos,biliosos ou 13 coléricos, e melancólicos. E o objetivo do tratamento era ajudar o organismo a seguir com seus mecanismos funcionando de forma normal, ajudando a retirar os excessos de humor. Hipócrates sempre deu importância à dieta, exercícios e utilizava ventosas, e até mesmo sangrias nas terapêuticas, os medicamentos não eram a primeira escolha. Atualmente, estamos percebendo o retorno dessas técnicas no cuidado com a saúde, mas o uso de medicamentos, e também a automedicação, ainda é prevalente. Os contextos de Galeno eram baseados em conceitos racionalistas e empiristas, retirando deles os recursos que considerava importantes para construção da sua própria visão da medicina e posteriormente da farmácia. Devido à complexidade de seus estudos, pesquisando em particular disciplinas atualmente compreendidas como anatomia, fisiologia, patologia, sintomatologia e terapêutica, Galeno sempre defendeu a dissecação e vivissecção de corpos, como métodos essenciais para a formação de profissionais médicos. Foram seus estudos que descobriram que as artérias transportavam sangue e não ar, como se acreditava; também descreveu a estrutura da caixa craniana, e comprovou que o rim é o órgão que excreta a urina. Entretanto, o que ele fez para ser o pai da farmácia se ele era médico? Galeno escreveu sobre muitos medicamentos e sobre a farmácia, cerca de 450 fármacos são encontrados descritos em suas obras, e, além disto, baseado em critérios fisiológicos e patológicos humorais que são seco, úmido, quente e frio, classificou-os em 3 grandes grupos: • simplícia: os que possuíam apenas uma das quatro qualidades • composita: quando possuía mais que uma • terceiro grupo: quando o fármaco tinha um efeito específico, próprio da substância Foi desta forma que a medicina e a farmácia seguiram até o século XVII, e ainda receberam influência do chamado galenismo, até o século XVIII. Em se tratando da aplicação dos medicamentos, a terapêutica de Galeno dizia que a prescrição deveria ser baseada em diversos fatores como a idade do paciente, a raça, o clima do ambiente em que vive e até mesmo a personalidade do doente. Explicando melhor como se daria todo esse processo: caso uma criança e um idoso apresentassem um quadro de febre, de acordo com Galeno, as crianças precisariam de um medicamento mais frio em comparação aos idosos, visto que o temperamento da criança é mais sanguíneo (eufórico e vigoroso), e o do idoso fleumático (calmo, frio e vida descompromissada). Deste modo, o tipo de medicamento era determinado de acordo com suas qualidades e intensidade, mas a dose não era importante, pois o remédio ainda era algo mais qualitativo que quantitativo. E como essas qualidades eram determinadas? Através das sensações de odor, sabor, cor e 14 textura, com ênfase nos dois primeiros. E a partir daí se tornava mais fácil a classificação e as possíveis evidências de atividades farmacológicas. Por este fato, as especiarias eram as mais facilmente trabalhadas, por conterem cheiros mais fortes e característicos. No século II, a primeira escola de farmácia foi criada, inclusive com leis que regiam a profissão; e somente por volta do início século X, em plena Idade Média, surgiram as boticas. Botica é um nome antigo que designava estabelecimentos que surgiram na França e Espanha. Nesses estabelecimentos, se trabalhava com a manipulação e comercialização de preparações medicinais. Eram utilizadas drogas vegetais como o ópio da papoula, preparações animais como a gordura da cobra víbora, minerais como os arsenicais, antídotos como o mithridate, essências entre outros. Tudo era preparado de modo extremamente caseiro ainda sem aplicação de métodos e estudos baseados em ciência. Os tratamentos das doenças eram baseados e misturados com as mais variadas crenças, sem que houvesse comprovação das mesmas. Os profissionais responsáveis por manipular tais fórmulas eram os chamados boticários, apenas no Reino Unido e nos Estados Unidos, eram denominados de apotecários, e os estabelecimentos de apotecas. Um crescimento importante na pesquisa de ativos de plantas e minerais ocorreu no século XVI. No Brasil, durante o período colonial, surgiu o primeiro boticário, com ele, os medicamentos e outros remédios para serem comprados nas boticas. A produção/manipulação dos produtos, em sua maioria, era realizada na frente do cliente, de acordo com a prescrição trazida após uma consulta médica ou de acordo com a farmacopéia da época. Diogo de Castro foi o primeiro boticário do Brasil, era português e foi trazido pelo governador Thomé de Souza em 1549, quando perceberam que, somente quando expedições vinham da Espanha, França ou Portugal era que os habitantes do Brasil tinham acesso a medicação trazidas por um barbeiro ou algum tripulante em caixas de botica, e os donos de fazendas e engenhos as possuíam. O aprendizado e experiência eram adquiridas na prática diária e, depois disso, os boticários eram submetidos a exames pelos comissários do físico-mor do Reino, quando aprovados, recebiam a carta de examinação. Assim, eles concorriam com os físicos e os cirurgiões no exercício da medicina, chegando alguns a ter que trocar de profissão, sendo então cirurgiões-barbeiros, por exemplo. No ano de 1640, as boticas foram legalizadas como comércio e os donos eram os boticários. Estes eram aprovados também pelo físico-mor na cidade de Coimbra, ou pelo delegado, na cidade de Salvador, que era a capital do Brasil neste momento. A aprovação era fácil, fazendo com que até mesmo analfabetos fossem autorizados a exercer a atividade, mesmo com pouco conhecimento e leitura sobre medicamentos. Com a chegada da reforma feita por Dom Manuel 15 em 1744, a profissão começou a ser fiscalizada, e foram proibidas as ilegalidades no comercio dos produtos medicamentosos e drogas. Neste momento, as indústrias químicas ainda não existiam e vieram a aparecer somente no final do século XIX. Até então, as espécies eram retiradas da natureza e utilizadas em preparações e misturas purificadas, com sua forma inalterada. No ano de 1809, a primeira disciplina médica e de farmácia foi ofertada na então escola médica Escola Anatômica, Cirúrgica e Médica do Rio de Janeiro; e o primeiro livro da faculdade foi escrito por José Maria Bontempo, o então primeiro professor de farmácia do Brasil. Com o passar de 10 anos, foi ofertada a disciplina de farmácia, matéria médica e terapêutica, na Academia Médico-Cirúrgica da Bahia, ambas ministrada por médicos portugueses. Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: O curso de farmácia somente foi fundado após a reforma do ensino médico em 1832, quando D. Pedro II institucionalizou o ensino da farmácia por meio de uma lei, em 03 de outubro, mas o curso continuou vinculado às faculdades médicas acima citadas. Com a criação do curso, foi determinado que só teria autorização para curar, ter botica ou partejar pessoas que obtivessem o título de farmacêutico. A partir daí, iniciou a obrigatoriedade de que os donos de farmácia contratassem farmacêuticos para dar nome a seus estabelecimentos. Após 7 anos deste acontecimento, foi fundada a primeira Escola de Farmácia de Ouro Preto em Minas Gerais, sendo a primeira do Brasil e da América do Sul. Os boticários ainda continuaram existindo até meados de 1886. Após a Segunda Guerra Mundial, foi o momento em que ocorreu uma grande industrialização e a responsabilidade do Estado com a saúde, e então os medicamentos industrializados ganharam destaque frente aos manipulados. Ainda no século XX, o curso de farmácia que, em sua criação, tinha duração de 3 anos, passou a ter 2 em 1901, voltou a 3 anos em 1911 e passou a 4 anos em 1925, tendo conteúdo com enfoque em indústria de medicamentos, legislação farmacêutica e análises microbiológicas. 16 Figura 1 - Industrialização do medicamento Fonte: SHEVELEVVLADIMIR, shutterstock, 2020. #PraCegoVer: A imagem mostra diversos vidros de remédio na coloração ambar e com tampasbrancas plásticas, em prateleiras redondas. No dia 20 de janeiro de 1916, foi fundada a Associação Brasileira de Farmacêuticos e, por isto, é comemorada nesta data o Dia do Farmacêutico, desde 1942, mas foi oficializada por lei em 2007. 1.3 Farmacêutico generalista Anteriormente o curso de farmácia era fracionado, o estudante cursava algumas disciplinas em comum e depois decidia se seguiria pela carreira das análises clínicas, chamando-se farmacêutico bioquímico; ou se formaria para área industrial. Após 2002, com novas diretrizes curriculares, o curso de farmácia habilitava o seu estudante a seguir em qualquer área da farmácia sendo então denominado farmacêutico generalista. Com isto, o farmacêutico pode realizar tanto as funções do antes farmacêutico bioquímico, na área das análises clínicas, bromatológicas, toxicológicas; como também na área industrial, voltada para o medicamento, para a biotecnologia, além da saúde pública, hospitalar e outras tantas áreas de atuação hoje permitidas ao profissional da farmácia graduado. 1.4 História da farmácia hospitalar Em 1752, a primeira farmácia hospitalar foi criada nos Estados Unidos, onde a primeira proposta de padronizar os medicamentos foi desenvolvida. Na Santa Casa de Misericórdia e 17 nos Hospitais Militares, é onde se encontram as farmácias mais antigas do Brasil. No início, os farmacêuticos destes hospitais manipulavam os medicamentos com matéria-prima retirada do ervanário dos próprios hospitais. Com o surgimento das indústrias de medicamentos, os farmacêuticos começaram a ser extintos do ambiente hospitalar, pois não havia, de acordo com as direções da época, motivo para mantê-los, visto que não precisavam mais manipular medicamento, uma vez que a compra do produto pronto já era possível. Contudo, anos depois percebeu-se a importância do farmacêutico no controle de estabilidade do medicamento, na farmacocinética, farmacodinâmica entre outros, recuperando as vagas farmacêuticas dentro dos hospitais e retomando a relação entre este profissional e os demais profissionais da saúde, como médicos e enfermeiros; além da relação com os próprios pacientes, através da orientação quanto ao tratamento farmacoterapêutico. Então, começou a surgir uma das principais habilidades atualmente necessárias ao farmacêutico, a informação. Surgiu em 1965 a chamada Farmácia Clínica, que tem como enfoque principal, entre outros, o uso racional de medicamentos, fazendo com que o profissional não tenha suas atribuições voltadas somente para o medicamento, mas sim para o paciente. É necessário assim que o farmacêutico atue não somente em dispensar ou comprar produtos, mas também em prestar assistência ao paciente, com foco em suas necessidades, sendo o medicamento apenas um instrumento no tratamento como um todo. Até este momento, ainda não estava presente na grade de formação em farmácia, disciplinas voltadas para a clínica ou para a área hospitalar em específico; quando, em 1975, a Universidade Federal de Minhas Gerais adicionou a disciplina de farmácia hospitalar à grade, que atualmente está presente em todos os cursos de Farmácia. Além disto, em 1980, diante do grande crescimento da profissão, foi implantada uma pós-graduação em Farmácia Hospitalar na Universidade Federal do Rio de Janeiro. 1.5 Uso de plantas e especiarias no início da farmácia A relação entre as plantas medicinais e a cura de doenças é bastante antiga, relatos de 2600 anos já citavam o uso pelos chineses de diversas substâncias extraídas das plantas. Além deles, os egípcios, há mais de 1500 anos, também utilizavam as plantas, sais de chumbo, e unguentos retirados de animais como leão, hipopótamo, cobra e crocodilo. Os gregos utilizavam as plantas nas chamadas fórmulas mágicas e conjuros, durante as curas dentro dos seus templos e, na Índia, mais de 600 tipos de remédios foram criados a partir das plantas. O uso do ópio, por exemplo - nome este derivado do latim opium, que significa suco da planta - ou seja, era uma mistura de alcaloide, retirada de uma flor chamada papoula, que tem por nome 18 científico Papaver somniferum, foi registrado na história desde 6000 a.C. pelos sumérios. O ópio era utilizado, devido a sua ação analgésica e hipnótica, mas somente no ano 1804 a substância presente no ópio, que tinha esta atividade, foi isolada pelo farmacêutico alemão Friedrich Serturner, e chamada de morfina; e em 1925 Gulland e Robinson determinaram a estrutura desse complexo alcalóide. No ano de 1952, Marshal D. Gates conseguiu sintetizar a morfina em laboratório em 29 etapas, mas com baixíssimo rendimento para preparação de medicamentos somente em laboratório, sem necessitar mais utilizar a papoula. A Organização Mundial da Saúde, em 1990, publicou que cerca de 64 a 80% da população dos países em desenvolvimento era dependente das plantas para curar enfermidades (AKERELE, 1993). E mesmo com toda evolução das indústrias farmacêuticas que citamos acima, populações de baixa renda possuem um acesso ainda difícil ao atendimento e posterior obtenção dos medicamentos, fazendo com que recorram ao uso de plantas que, além do fácil acesso, ainda trazem consigo uma grande história de tradição no seu uso (VEIGA JUNIOR et al., 2005). Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: FIQUE DE OLHO Ser um profissional farmacêutico é muito mais do que ser especialista em produção e terapias medicamentosas. É colaborar para o êxito no tratamento, e principalmente na qualidade de vida do paciente como um todo, desde a melhoria de hábitos até a prevenção de doenças e promoção da saúde. 19 1.6 História do símbolo da Farmácia O símbolo da farmácia é representado por uma taça de ouro envolta por uma serpente. Vamos entender por que. Uma lenda da mitologia grega diz que o início se dá com Chiron, um centauro que era diferente dos demais, porque não era selvagem e violento, ele se dedicou aos estudos e conhecimentos sobre a cura, e teve diversos discípulos, entre eles, o Deus Asclépio, ao qual ensinou todos os segredos das ervas medicinais. Asclépio também chamado de Esculápio, Deus da medicina, era um dominador da arte medicinal e tinha poderes de ressuscitar pessoas. Zeus, para afirmar seu poder e com uma revolta pelo fato de que Asclépio estava quebrando o ciclo natural da vida ao ressuscitar os mortos, o mata com um raio. Hígia, que era filha do Deus da medicina, assume o lugar do pai se tornando a Deusa da saúde. Ela era representada por uma taça de ouro e, ao ficar no lugar do seu pai, adicionou a serpente como parte do seu símbolo. Foi a partir dessa lenda que a taça e a cobra se tornaram as representantes da farmácia. A taça, também chamada de cálice, simboliza a cura; enquanto a cobra, que na antiguidade sempre possuiu forte simbologia, representa o poder, sabedoria, inteligência e ciência. A cobra é um animal sempre presente nos símbolos da saúde. Já notaram a similaridade do nosso símbolo com o da medicina? Isto mesmo. Este fato se dá pelo fato de que Asclépio, como vimos o pai da medicina, era representado por um bastão (ou cetro) e duas cobras, sendo este o símbolo da medicina. 1.7 O hino da farmácia A proposta de criar um Hino da Farmácia foi idealizada pelo então presidente do Conselho Federal de Farmácia, em 2004, Jaldo Souza Santos que apresentou a ideia aos diretores do órgão, e posteriormente levou a proposta à Plenária do CFF. O concurso contou com uma Comissão Julgadora e, para vencer, a composição passou por duas fases. A primeira que era uma seletiva com 27 concorrentes. Desta seletiva, foram escolhidas as 6 melhores. Estas 6 foram submetidas a outro julgamento final, no dia 8 de outubro de 2004, e ocorreu durante o 5º Congresso Brasileiro de Medicamentos Genéricos, que aconteceu no auditório do Othon Palace Hotel na cidade de Salvador, Bahia. Durante o concurso, o próprio autor poderia cantar o hino ou outra pessoa por ele designada. Durante as apresentações, o presidente de emocionou bastante poresse marco na história da farmácia. 20 Jaldo alegou que seria um alcance cultural e de grande importância para a identidade da profissão. A escolha foi feita através de um concurso que, além de tudo, traria integração e interesse dos profissionais e estudantes pela história da farmácia. O vencedor do concurso foi o farmacêutico Islou Silva, da cidade de Uruana, Goiás. Segundo ele, o processo de produção durou 4 meses, levantando informações sobre a história da farmácia não só no Brasil, mas no mundo. Sua esposa, que era cantora gospel, o apoiou e ajudou incessantemente. Islou Silva é farmacêutico formado em Goiânia e foi morar em Brasília no ano de 1994, lá realizou pós-graduação em Cosmetologia e em Didática do Ensino Superior. Atuou como responsável técnico e como gerente em farmácias comunitárias, mas sempre ressaltou que a cosmetologia é uma área que sempre o atraiu e trabalha desenvolvendo fórmulas cosméticas. “A cura do homem no passado Que por meio de ungüentos se dava Foi pelo eterno Hipócrates Do tempo dos deuses tirada Da inesgotável fonte de Deus O homem de remédios se proveu Dos fartos recursos naturais Com sabedoria se serviu Oh, que herança inaudita Farmácia, ciência milenar De Galeno as antigas boticas Vieram a dor do homem minorar Ergo os meus olhos bem alto E contemplo a missão do saber Que melhora a vida do homem E com prazer o ajuda a viver. Da grande missão da ciência Serei sempre um forte aliado Em busca de conhecimento Com a ética sempre ao meu lado Carrego pra sempre em meus ombros A intrépida vontade de vencer E cultuo no meu coração O afã da cura nos trazer.” ( Autor: Islou Silva CRF-DF 1.123) 21 A melodia e vídeos do hino você encontra no site do Conselho Federal de Farmácia. 2. A PROFISSÃO DENTRO DA ÁREA DA SAÚDE: REGIONAL, NACIONAL E MUNDIAL Como vimos, a profissão farmacêutica está inserida na área da saúde, no mundo todo, desde o início da humanidade. No entanto, foi somente em 1931 que foi publicado o Decreto nº 19,606 (BRASIL, 1931), que dispõe sobre a profissão farmacêutica e seu exercício no Brasil. Isto ocorreu na mesma década (década de 30) em que o farmacêutico estava perdendo espaço nos hospitais, devido à industrialização dos medicamentos, e necessitavam se redirecionar para outras áreas. 2.1 Crescimento da farmácia por décadas No mundo, entre a década de 50 e 60, foram observados grandes avanços com a descoberta de novos fármacos para o tratamento de doenças graves, que levavam o paciente à morte naqueles anos. Entre eles, estão os famosos antibióticos, antipsicóticos, medicamentos para tuberculose e doenças cardiovasculares (como a hipertensão arterial), além da vacina via oral para a poliomielite e a primeira pílula anticoncepcional. Porém, foi nesta mesma década de 60 que ocorreu a famosa Tragédia da Talidomida, na qual diversas crianças nasceram com má-formação congênita, advinda do uso deste medicamento pelas mães durante o período gestacional. Desta forma, a necessidade da atenção quanto à segurança dos medicamentos foi alertada e a farmacovigilância se iniciou. Figura 2 - Terapia medicamentosa em doenças crônicas Fonte: ESB PROFESSIONAL, shutterstock, 2020 #PraCegoVer: A imagem mostra uma seringa preenchida por líquido transparente, ampola de vidro, cápsulas, comprimidos com um papel abaixo escrito “Doenças crônicas”. Ainda nos anos 60, foi criado no Brasil o Conselho Federal de Farmácia, e os respectivos Conselhos Regionais, p Laboratório Farmacêutico público da Secretaria de Saúde de São Paulo e a Fundação 22 para o Remédio Popular. Em 1963, o Ministério da Educação estabeleceu o primeiro currículo mínimo para os farmacêuticos. Em 1969, cerca de 98% dos medicamentos prescritos pelos médicos já era produzido no Brasil, mas por industrias multinacionais que se instalaram aqui no país. Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: Ainda no Brasil, na década de 70, foi criado um plano diretor chamado de CEME (Central do Medicamento), que era ligado à presidência e tinha por intuito regular a produção e distribuição dos medicamentos no Brasil, ampliar o acesso da população de baixa renda a eles, controlar o acesso a assistência farmacêutica, definir alguns indicadores de saúde específicos e incentivar a pesquisa e expansão da produção de medicamentos. O Brasil se tornou então o sétimo maior mercado de medicamentos. Novas leis foram criadas nessa década, como a Lei Federal 5.991/73 (BRASIL, 1973), que dispõe sobre o controle sanitário do comércio de drogas, medicamentos, insumos e correlatos; a Lei 6.360/76 (BRASIL, 1976); o Decreto 74.170/74 (BRASIL, 1974); e o Decreto 79.094/77 (BRASIL, 1977) importantíssimos para a regulamentação do controle e vigilância sanitária de produtos farmacêuticos. FIQUE DE OLHO Você sabia que muitos famosos da história mundial e nacional eram farmacêuticos? Entre eles estão o Carlos Drummond de Andrade, Henri Nestlé, Alberto de Oliveira, fundador da Academia Brasileira de Letras, e John Pemberton, farmacêutico responsável pela criação da fórmula da Coca-Cola. 23 Figura 3 - Anotações diárias Fonte: ISTOCK-667825426, mediapool/fabrico, 2020 #PraCegoVer: A imagem mostra as duas mãos de uma pessoa, usando um jaleco brando, segurando uma prancheta, com uma mão, e uma caneta com a outra. A pessoa está utilizando a caneta para escrever no papel apoiado na prancheta. Seguindo para a década de 80, a produção de medicamentos essenciais aumentou no Brasil, e o SUS (Sistema Único de Saúde) foi criado, tornando assim o estado responsável por promover e garantir a saúde para toda a população, com os conceitos de universalidade, integralidade e equidade no atendimento. Enquanto isso, no mundo, o vírus HIV causador da AIDS, através do compartilhamento de objetos perfurantes, exposição ao sangue e derivados, ou contato sexual foi conhecido. Em 1991, o Ministério da Saúde do Brasil iniciou a distribuição dos medicamentos para doenças virais, devido ao aparecimento do HIV. No Brasil, cerca de 1805 casos foram notificados entre 10 milhões de infectados no mundo. Nos anos 90, se destaca no mundo o início dos estudos do genoma humano, com intuito de identificar e decodificar todo o material genético humano, e o surgimento de medicamentos eficazes no combate a doenças que matavam a maioria de seus portadores, como o AVE (Acidente Vascular Encefálico) e a doença arterial coronariana. Além do famoso AZT (zidovudina), que junto a seus análogos formam o coquetel para combate da AIDS. Esta década foi de extrema importância para evolução da profissão farmacêutica no mundo como um todo, principalmente após a publicação pela OMS do documento que dispõe sobre “O papel do farmacêutico no sistema de atenção à saúde” (OPAS; OMS, 2010) no qual foi descrita a missão do profissional na saúde, citando sete qualidades que o farmacêutico deve apresentar e como deve seguir sua contribuição no fornecimento de produtos e serviços para a saúde da população. A Portaria nº 344 (BRASIL, 1998), que regulamenta os medicamentos sujeitos a controle especial, também foi promulgada nos anos 90. Nos anos 2000, um dos maiores marcos para a profissão farmacêutica tomou lugar, os primeiros registros de medicamentos genéricos. Por outro 24 lado, o século XXI veio intenso e repleto de novidades para a farmácia. A PNM (Política Nacional de Medicamentos) (BRASIL, 2001) foi publicada no ano de 2001. Em 2002, foram instituídas as diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Farmácia (BRASIL, 2017). Várias outras Portarias, Resoluções e Leis foram publicadas, mas o destaque maior está em 2013, quando foram regulamentadas no Brasil as atividades do atendimento clínico farmacêutico (Resolução nº 585) e a regulamentação da prescrição farmacêutica (Resolução nº 586). Em 2014, a farmácia foi definida não mais como um simples comércio de produtos, mas sim como um estabelecimento de saúde com prestação de serviços farmacêuticos, assistência à saúde e orientação quantoao uso racional de medicamentos. Em 2015, mais um crescimento importante para o profissional no Brasil foi a Resolução nº 616, que define o trabalho do farmacêutico na saúde estética, que vem crescendo radicalmente; e em 2018 a autorização para prestação de serviços de vacinas. O papel do Farmacêutico no mundo é tão nobre quão vital. O Farmacêutico representa o órgão de ligação entre a medicina e a humanidade sofredora. É o atento guardião do arsenal de armas com que o Médico dá combate às doenças. É quem atende às requisições a qualquer hora do dia ou da noite. O lema do Farmacêutico é o mesmo do soldado: servir. Um serve à pátria; outro à humanidade, sem nenhuma discriminação de cor ou raça. (LOBATO, [s.d.]) 3. ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA E A PNM (POLÍTICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS) A assistência farmacêutica, de acordo com Brasil (2004), compreende diversos serviços que podem ser prestados à saúde. De acordo com a PNM, ela é um conjunto de ações voltadas à promoção, proteção e recuperação da saúde de forma individual ou mesmo coletiva, sendo o medicamento o insumo essencial e destacando o uso racional deles. Pesquisa, desenvolvimento e produção de medicamentos, além de todo o seu ciclo - desde a seleção, programação, aquisição, distribuição, dispensação até a garantia de qualidade tanto dos medicamentos, quanto dos serviços com acompanhamento e avaliação sempre com foco na FIQUE DE OLHO Dentro do Brasil, o farmacêutico precisa estar associado ao Conselho Regional de Farmácia do estado em que irá atuar, este que é subordinado ao Conselho Federal de Farmácia. Caso você, como profissional de farmácia, vá atuar em dois estados diferentes, precisa estar quite com os dois Conselhos Regionais. 25 qualidade de vida do paciente e/ou da população como um todo – são tarefas do farmacêutico (BRASIL, 2004). Desde 1988, a saúde foi vinculada ao Estado e passou a ser seu dever garanti-la a toda a população. Isso ocorreu através do SUS através da Lei 8.080 do ano de 1990 (BRASIL, 1990). Nesta lei, a assistência terapêutica foi incluída, estando o farmacêutico presente nesta equipe. A partir daí, foi criada a PNM para organizar a responsabilidade das esferas municipais, estaduais e federal do governo, para com o fornecimento/custeio dos medicamentos e da assistência farmacêutica, desde os medicamentos essenciais a excepcionais, sempre conforme a descrição da RENAME (Relação Nacional de Medicamentos), REME (Relação Estadual de Medicamentos) e a REMUME (Relação Municipal de Medicamentos), sendo as duas últimas elaboradas de acordo com a necessidade local, mas sempre estando dentro dos medicamentos especificados na RENAME. Mesmo com tantos anos após a publicação desta lei, a assistência farmacêutica no âmbito municipal ainda é baixa, quando comparada à necessidade do profissional farmacêutico para estruturar todo o âmbito que envolve medicamentos, insumos e correlatos. Somente cerca de 13,2% dos municípios brasileiros possuem uma CFT (Comissão de Farmácia e Terapêutica) e, falando sobre investimento, apenas 11,9% é relacionado à qualificação profissional. (SOUZA et al., 2017) Todos estes fatores nos fazem entender o motivo de, dentro de um mesmo país (Brasil), encontrarmos diferentes níveis de organização e estrutura dos serviços; de constituição de equipe profissional e consequentemente várias formas de desenvolvimento da assistência farmacêutica, mesmo com todas as diretrizes, portarias, protocolos e leis disponíveis (BERNARDINO; BATISTA, 2019) 26 Nesta unidade, você teve a oportunidade de: • entender o que significa o termo “farmácia” e suas variações no decorrer da história; • conhecer a história da Farmácia e da profissão farmacêutica; • entender como ocorreu a evolução dos cursos de formação em farmácia; • compreender o que é um farmacêutico generalista; • aprender sobre a história da farmácia hospitalar; • compreender o uso das plantas e especiarias desde o início da farmácia até hoje; • conhecer a história do símbolo da farmácia; • entender como foi o crescimento da farmácia no Brasil e no mundo através das décadas. PARA RESUMIR AKERELE, O. Summary of WHO guidelines for assessment of herbal medicines. Herbal Gram, v.28, p.13-19, 1993. BERNARDINO, C. N.; BATISTA A.M. Assistência Farmacêutica na atenção primária à saúde de um Município Potiguar, Brasil. INFARMA Ciências Farmacêutica, v. 31, e. 2, p. 86-92, 2019. BRASIL. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. DECRETO Nº 19.606 DE 19 DE JANEIRO DE 1931. Brasília, 1931. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ decreto/1930-1949/D19606.htm. Acesso em: 11 mar. 2020. ______. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. LEI N 5.991, DE 17 DE DEZEMBRO DE 1973. Brasília, 1973. Disponível em:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5991. htm”>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5991.htm. Acesso em: 11 mar. 2020. ______. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. DECRETO No 74.170, DE 10 DE JUNHO DE 1974.. Brasília, 1974. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ decreto/Antigos/D74170.htm. Acesso em: 11 mar. 2020. ______. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. LEI No 6.360, DE 23 DE SETEMBRO DE 1976. Brasília, 1976. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6360. htm. Acesso em: 11 mar. 2020. ______. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. DECRETO No 79.094, DE 5 DE JANEIRO DE 1977. Brasília, 1977. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ decreto/Antigos/D79094.htm. Acesso em: 11 mar. 2020. ______. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos LEI Nº 8.080, DE 19 DE SETEMBRO DE 1990. Brasília, 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080. htm. Acesso em: 11 mar. 2020. ______. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. PORTARIA Nº 344, DE 12 DE MAIO DE 1998. Brasília, 1998. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudele- gis/svs/1998/prt0344_12_05_1998_rep.html. Acesso em: 11 mar. 2020. ______. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. POLÍTICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS (PNM). Brasília, 2001. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/ publicacoes/politica_medicamentos.pdf. Acesso em: 11 mar. 2020. ______. Ministério da Saúde. Resolução nº 338, 6 de maio de 2004. Aprova a Política Nacional de Assistência Farmacêutica. Diário Oficial da União, 20 de maio de 2004. Seção 1. p. 52. ______. Ministério da Saúde. Diretrizes para estruturação de farmácias no âmbito do Sistema Único de Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. ______. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. RESOLUÇÃO Nº 6, DE REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 19 DE OUTUBRO DE 2017. Brasília, 2017. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/do- cman/outubro-2017-pdf/74371-rces006-17-pdf/file. Acesso em: 11 mar. 2020. DIAS, J.P.S. A farmácia e a história: uma introdução à história da farmácia, da farmacolo- gia e da terapêutica. Lisboa: Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, 2005. FARIAS M. R, et al. Assistência farmacêutica no Brasil: política, gestão e clínica. v. 3. Ed. da UFSC. 2016. SOUZA G. S. et al. Caracterização da institucionalização da assistência farmacêutica na atenção básica no Brasil. Rev Saude Publica. 2017, v. 51, p.1-12, 2017. VEIGA JUNIOR, V. F. et al.. Plantas medicinais: cura segura?. Química Nova, São Paulo, v. 28, n. 3, p. 519-528, 2005. UNIDADE 2 Boticário Você está na unidade Boticário. Conheça aqui a história da profissão farmacêutica, desde os primeiros relatos até os dias atuais, bem como suas principais atribuições e o papel dos Conselhos de classe no amparo ao profissional. Serão abordadas as principais áreas de atuação do farmacêutico e a inserção do profissional no mercado, assim como as mudanças na atualidade e perspectivas para a profissão. O código de ética será apresentado de forma precisa e objetiva, porque é necessário que haja um olhar crítico sobre o mesmo, visto que aética é o principal pilar de toda profissão. Bons estudos! Introdução 31 1 HISTÓRIA DA PROFISSÃO FARMACÊUTICA Historiadores apontam que a medicina moderna se originou na Grécia, quando os médicos visitavam os doentes, carregando uma pequena maleta com seus medicamentos, chamada boticário (GOMES-JÚNIOR, 1988). Em Alexandria (depois da divisão do império de Alexandre, o Grande), foi fundado um centro intelectual que originou a escola dogmática e, sucessivamente, a escola empírica, no século 3 a.C.. Essa última tinha, por fundamento, o estudo experimental dos medicamentos. Nessa época, surgiu, pela primeira vez, a divisão entre médicos, cirurgiões, raizeiros e farmacópolos, que eram aqueles que preparavam remédios compostos. A partir de então, as fórmulas mais complexas começaram a ser apreciadas, chegando a conter 54 ingredientes, caracterizando assim a polifarmácia (BURLAGE et al.1944; RISING, 1959; GOMES-JÚNIOR, 1988). Na década de 1940, a farmácia, que até então era vista como parte do estudo de medicina, foi regulamentada como profissão independente, por meio da carta magna da medicina, criada pelo imperador romano Frederico II. Logo, essa separação ocorreu em vários outros lugares, surgindo assim três classes de profissionais diferentes: médicos, cirurgiões e boticários, que mais tarde seriam conhecidos como farmacêuticos (BURLAGE et al.1959). 1.1 Das boticas para as farmácias: um breve histórico No Brasil, os chamados curandeiros andavam de casa em casa para examinar e manipular medicamentos de acordo com a necessidade de cada paciente. Apenas em 1640, a farmácia foi regularizada como comércio, inicialmente chamadas de botica. O boticário atuava como a figura central na relação com o paciente e, mesmo sendo um ambiente comercial, cada medicamento era feito com a dose correta para o paciente, respeitando a individualidade de cada um. Na época citada acima, não era necessária a formação no âmbito da saúde, logo os boticários eram muitas vezes pessoas com baixa ou nenhuma escolaridade, mas que conheciam de perto a relação medicamento-paciente. É importante ressaltar que as farmácias hospitalares também eram chamadas de botica (GOMES-JÚNIOR,1988; FILHO; BATISTA, 2011). No Brasil, a regulamentação da profissão farmacêutica, que até então também era parte do ensino da medicina, veio mais tarde, em 1839. Foram criadas duas escolas de farmácia: uma em Ouro Preto e outra em São João del-Rei, ambas no estado de Minas Gerais. Apenas em 1886, a presença do farmacêutico foi exigida como figura central da farmácia, causando um desconforto entre os boticários e boticários formados (farmacêuticos). O farmacêutico foi, por muito tempo, referência de saúde para a população, construindo um elo importante com os fregueses da botica (VALLADÃO, 1981). 32 Figura 1 - Boticas Fonte: VILLOREJO, shutterstock, 2020 #PraCegoVer: A imagem mostra um salão com janelas grandes de vitral, estantes e balcões de madeira e piso de mármore. Nas estantes, há portas de vidro e, dentro delas, é possível ver pequenos frascos de porcelana. Em cima dos balcões, há recipientes grandes com líquidos coloridos. 1.2 Revolução Industrial e mudança no cenário da profissão Com a 2a Revolução Industrial, ocorrida em meados da década de 1920, os Estados Unidos e Europa passavam por uma estabilidade social e política, que, com o passar do tempo, teria como consequência o aumento da população do país. Porém, a expectativa de vida não passava muito dos 40 anos e o aumento exponencial da população era devida à explosão dos índices de natalidade. Não havia um meio, naquela época, para prolongar a vida da população e isso de fato era um grande problema (HOBSBAWM et al, 1962). A solução encontrada para aumentar os anos vividos de um indivíduo foi tirar os avanços da Química de dentro de laboratórios. Poucas pessoas tinham acesso a esses avanços, a grande maioria tratava-se com medicamentos caseiros. Essa situação durou até março de 1877, quando começaram a surgir, aos poucos, as indústrias farmacêuticas (BERNSTEIN, 2001). Nos anos subsequentes, os medicamentos deixaram de ser feitos na dose correta para cada paciente, passando a ser fabricados em escalas industriais. Assim, farmacêutico foi deixando de ser a referência central de saúde para as famílias, se escondeu atrás de caixas de medicamentos e da simples dispensação, sem uma conexão do farmacêutico com o paciente/consumidor (LAPORTE et al, 1989).Essa situação ainda é comum nos dias atuais, e a utilização maciça de medicamentos é um dos problemas emergentes de saúde pública (PEREIRA; NASCIMENTO, 2011). 33 Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 2 ÁREAS DE ATUAÇÃO FARMACÊUTICA De acordo com a Resolução do CFF nº 572, de 25 de abril de 2013 (BRASIL, 2013a), as especialidades farmacêuticas são agrupadas em 10 linhas de atuação: alimentos; análises clínico- laboratoriais; educação; farmácia; farmácia hospitalar e clínica; farmácia industrial; gestão; práticas integrativas e complementares; saúde pública e toxicologia. Hoje, para efeito de registro de certificados e títulos na carteira profissional, existem 135 especialidades (Brasil, 2013a), dentre elas: 1. análises clínicas; 2. análises toxicológicas; 3. assistência farmacêutica; 4. atenção farmacêutica; 5. atenção farmacêutica domiciliar; 6. atendimento farmacêutico de urgência e emergência; 7. avaliação de tecnologia em saúde; 8. bacteriologia clínica; 9. banco de leite humano; 10. banco de materiais biológico; 34 11. banco de órgãos, tecidos e células; 12. banco de sangue; 13. controle de qualidade; 14. controle de qualidade de alimentos; 15. controle de qualidade e tratamento de água; 16. controle de vetores e pragas urbanas; 17. docência do ensino superior; 18. epidemiologia genética; 19. farmácia clínica na geriatria; 20. saúde da família (ESF). 2.1 Atuação do farmacêutico em farmácias e drogarias Segundo a Resolução 13.021, de 08 de agosto de 2014 (BRASIL, 2014b), é necessária a presença de um farmacêutico durante todo o horário de funcionamento da drogaria. Como dito anteriormente, após a revolução industrial, o farmacêutico ficou cada vez mais distante da população, realizando atividades burocráticas ou atendendo os pacientes como se fossem simples clientes, devido à grande proporção comercial que tomaram as drogarias (Brasil, 2018). O farmacêutico é responsável pela conferência de receitas que ficam retidas na farmácia, tendo como obrigação relatar, junto à Vigilância Sanitária, por meio do SNGPC (Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados) a entrada e saída de psicotrópicos (medicamentos que precisam de receita). A Portaria 344 de 1998 do Ministério da Saúde (BRASIL, 1998) diz que esses medicamentos devem ficar em armários fechados à chave, e só podem ser dispensados na presença do farmacêutico. O que consta no armário (quais medicamentos, quantidade de cada) deve ser o mesmo que consta no sistema da ANVISA, e o vencimento também deve ser FIQUE DE OLHO O leque de especialidades farmacêuticas é muito grande, indo desde a produção de insumos, medicamentos, logística e dispensação, até membros de equipes multidisciplinares de saúde. Conheça as outras especialidades em Brasil (2013a). 35 comunicado para que se possa dar baixa no sistema (BRASIL, 1998). Ainda em farmácias, o farmacêutico pode ser responsável por laboratórios de manipulação (quando há na farmácia) de medicamentos e insumos alopáticos (medicamentos “normais”) assim como em laboratórios de homeopatia. No último caso, é necessário ser especializado em homeopatia. Quando responsável pela manipulação é designado com farmacêutico magistral (SAMPAIO, 2018). Na farmácia magistral, o profissional farmacêutico se responsabiliza por todo o processo, desde a conferência das matérias-primas, realizando testes de densidade, aspecto do pó) até o produto final, que chega ao consumidor. As receitaspara manipulação são conferidas, e técnicos em farmácia e/ou trabalhadores treinados pesam, manipulam, rotulam e enviam ao farmacêutico para a última conferência. Só depois o medicamento é liberado para o paciente. Os colaboradores do laboratório devem seguir a Boas Práticas de Manipulação, um passo-a-passo de todo processo, escrito pelo farmacêutico. A fiscalização da farmácia é feita pela Vigilância Sanitária da cidade ou regional e pelo CRF (Conselho Regional de Farmácia). A primeira fiscaliza os medicamentos controlados, higienização da farmácia e da sala de injetáveis, bem como a temperatura da geladeira (que deve estar entre 1 a 8o C) que armazena os medicamentos e insumos termolábeis. O CRF fiscaliza se o farmacêutico está presente no estabelecimento ou não, sendo passível de advertências, multas ou até a suspensão temporária pelo conselho, caso haja reincidências de ausências do profissional (OLIVEIRA-JÚNIOR, 2014). Figura 2 - Farmacêutico nas drogarias Fonte: ADRIATICFOTO, shutterstock, 2020. #PraCegoVer:A imagem mostra um homem vestido de branco atrás de um balcão, entregando um medicamento a uma mulher. Atrás dele, é possível ver uma estante cheia de caixas de remédios. 2.2 Farmacêutico Bioquímico O farmacêutico bioquímico é um profissional bastante valorizado, devido a exigências de 36 conhecimento aprofundado em uma atividade tão complexa. O farmacêutico bioquímico atua em laboratórios de análises clínicas, tanto particulares quanto públicos. É responsável pela gestão do laboratório e pelas análises realizadas nele, sendo de seu encargo a supervisão e/ou realização de exames hematológicos, como, por exemplo, hemograma, exames bioquímicos (glicose, colesterol , hormônios da tireoide), exames citológicos (Papanicolau, conhecido como exame preventivo de câncer no colo do útero), exames para descobrir em quais antibióticos há resistência bacteriana (a bactéria não é atingida pelo antibiótico), indicando assim qual o medicamento adequado ao paciente, além de exames urológicos (urina, sêmen) e parasitológicos (geralmente em amostras de fezes) (ICQT, 2016). A partir de 2002, a Resolução no 02 do Conselho Nacional de Educação (BRASIL, 2002), responsável pelas Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Farmácia, instituiu que o diploma do farmacêutico não apresenta mais a designação de farmacêutico bioquímico, sendo que, para se obter esse título, é necessário habilitação em análises clínicas ou especialização na área (BRASIL, 2002). Os cursos de especialização em bioquímica/análises clínicas devem ser credenciados pelo CFF (Conselho Federal de Farmácia); SBAC (Sociedade Brasileira de Análises Clínicas); SBRAFH (Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar), entre outras. Figura 3 - Farmacêutica bioquímica Fonte: BLUE PLANET STUDIO, Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: A imagem mostra uma mulher farmacêutica bioquímica olhando através de um microscópio. 2.3 Farmacêutico Hospitalar O farmacêutico hospitalar tem como atividades: garantir o abastecimento da farmácia, otimizando custos x benefícios, dispensação dos fármacos aos enfermeiros e técnicos em enfermagem, controle de estoque, acesso do medicamento ao paciente (não deixando faltar medicamentos para doenças mais prevalentes do município), rastreabilidade (saber para qual paciente o medicamento foi entregue) e uso racional de medicamentos (ANDRADE, 2015). A introdução da farmácia clínica ao serviço de farmácia hospitalar está sendo bastante debatido, e os hospitais vêm solicitando a atuação do farmacêutico com o intuito de evitar erros 37 nas medicações e prescrições desnecessárias de medicamentos, visando também à diminuição do custo da terapia e o tempo de internação dos pacientes (ANDRADE, 2015). O farmacêutico pode, ainda, fazer parte da equipe multidisciplinar da UTI (Unidade de Terapia Intensiva), dando assistência a pacientes em estados graves e instáveis (ARAÚJO; ALMEIDA, 2007; 2008): Horn e Jacobi (2006) ressaltam que os farmacêuticos em UTI são capazes de formar uma ligação entre médico e o enfermeiro, ter visão geral de todo o processo da prescrição até a administração do medicamento e, desta maneira, integrar segurança ao paciente no uso de medicamento na forma de Intervenção Farmacêutica (IF), que é o ato planejado, documentado e realizado juntamente com ao usuário e profissionais de saúde, que propõe resolver ou prevenir problemas que interferem ou que podem ir a interferir na farmacoterapia, sendo parte essencial do processo de acompanhamento/ seguimento farmacoterapêutico, intervindo de maneira primária, garantindo segurança e efetividade. Portanto, a atuação do farmacêutico hospitalar traz benefícios para o hospital e para os pacientes, reduzindo erros de prescrições e dispensação, problemas relacionados à farmacoterapia do indivíduo, como reações adversas e intoxicações, podendo evitar consequências graves, como invalidez e óbito (LYRA et.al. 2007). Figura 4 - Farmacêutico hospitalar Fonte: AS PHOTO STUDIO, Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: A imagem mostra duas mulheres com estetoscópio no pescoço e roupa verde, em frente a uma prateleira de remédios. 3 PRESCRIÇÃO FARMACÊUTICA Prescrição farmacêutica, segundo a resolução no 586 do Conselho Federal de Farmácia (BRASIL, 2013b), “é o ato pelo qual o farmacêutico seleciona e documenta terapias farmacológicas e não farmacológicas, e outras intervenções relativas ao cuidado à saúde do paciente, visando à promoção, proteção e recuperação da saúde, e à prevenção de doenças e de outros problemas de saúde.” Até 2013, não era permitido ao farmacêutico qualquer tipo de prescrição (Brasil, 2013b). 38 Trata-se de um processo seguro para o paciente, visto que o profissional especialista em prescrição clínica deve seguir uma série de etapas para uma correta prescrição, como identificar a necessidade e o objetivo terapêutico, selecionar os medicamentos seguros, efetivos e que respeitem as condições socioeconômicas do paciente, as evidências científicas (saúde baseada em evidências – SBE) e as condições clínicas do paciente (BRASIL, 2013b) Aprofundando-se mais na prescrição farmacêutica, esta deve seguir as seguintes etapas, conforme Maciulevicius (2013) orienta na homepage do Conselho Regional de Farmácia do Mato Grosso do Sul: • identificação das necessidades do paciente relacionadas à saúde; • definição do objetivo terapêutico; • seleção da terapia ou intervenções relativas ao cuidado à saúde, com base em sua segu- rança, eficácia, custo e conveniência, dentro do plano de cuidado; • redação da prescrição; • orientação ao paciente; • avaliação dos resultados; • documentação do processo de prescrição (MACIULEVICIUS, 2013). 3.1 Resolução 586/2013 do Conselho Federal de Farmácia (BRASIL, 2013b) A resolução 586/2013 do CFF (BRASIL, 2013b) permite que o farmacêutico prescreva medicamentos isentos de prescrição ou medicamentos de venda livre. Parece estranho prescrever medicamentos que são isentos de prescrição. Se são isentos de prescrição, por que precisaria alguém prescrevê-los? A resposta é bem simples e, ao mesmo tempo, preocupante: os medicamentos isentos de prescrição (ou sem tarja) são vendidos sem qualquer análise do histórico do paciente, alimentando a automedicação e, como consequência, as interações medicamentosas, eventos adversos, intoxicações e mais internações hospitalares, onerando o sistema público de saúde e diminuindo a qualidade de vida do paciente (LEONARDI, [s.d.]). Mesmo que o estudante de farmácia tenha se formado em instituições reconhecidas pelo MEC (Ministério da Educação) e tenha conhecimento técnico-científico, é necessário que haja bastante atenção ao prescrever, experiência e capacitação no assunto, para que a farmacoterapia seja segura. 39 No Brasil, os números relacionados à automedicação são alarmantes. Um estudo realizado pelo ICQT (Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação) para o Mercado Farmacêutico “mostrou que 76%da população afirmava se automedicar em 2014. Já em 2016, a porcentagem apresentou uma leve queda para 72%, mas voltou a crescer em 2018, somando 79%. Esse ano (2020), a pesquisa mostrou que já chegam a 81% os brasileiros que tomam medicamentos por conta própria.” (LEONARDI, [s.d.]), elucidando assim a importância dos farmacêuticos na utilização desses medicamentos. Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 3.2 Consultório farmacêutico: restabelecendo o laço com o paciente Grande parte dos clientes e pacientes desconhecem o serviço de farmácia clínica. Desde 2014, quando os farmacêuticos foram liberados para prescrever, várias farmácias particulares e públicas passaram a disponibilizar as consultas para a população. Além disso, o cuidado farmacêutico foi implantado na atenção primária (posto de saúde) e secundária (policlínicas) de vários municípios (LEONARDI; MATOS, 2020). O serviço de farmácia clínica, além de guiar na utilização de medicamentos isentos de prescrição, ajuda o paciente a entender melhor suas comorbidades (doenças) e o uso correto dos medicamentos, já que muitas vezes o próprio paciente não sabe o porquê de estar tomando determinado fármaco, e essa situação se agrava em pacientes idosos, devido às mudanças fisiológicas próprias do envelhecimento, que alteram o mecanismo de ação dos medicamento e que muitas vezes estão em polifarmácia (utilizando vários medicamentos ao mesmo tempo). Por vezes, o farmacêutico é capaz de perceber interações medicamentosas e até mesmo medicamentos que o paciente não precisa mais utilizar (PEREIRA; NASCIMENTO, 2011). O consultório farmacêutico deve ser: 40 • higienizado; • ventilado; • bem iluminado; • além de ser capaz de garantir a confidencialidade do paciente. Diversos serviços podem ser oferecidos, como perfuração de lóbulo auricular, aferição de pressão e temperatura corporal e administração de medicamentos. O farmacêutico pode também solicitar exames para monitorar as condições clinicas dos pacientes e encaminhá-los ao médico quando necessário (LEONARDI et.al., 2020). Testes rápidos também podem ser oferecidos, como glicemia capilar (único permitido pela lei). Seguindo a legislação, outros testes rápidos como para o HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana), colesterol, devem ser requisitados a um laboratório de análises clínicas. Assim sendo, o futuro da profissão está cada vez mais na farmácia clínica. 4 CONSELHOS DE CLASSE DA PROFISSÃO FARMACÊUTICA Até 1998, os conselhos profissionais eram vinculados ao Ministério do Trabalho. A situação mudou devido a Lei 9.649/98 (BRASIL, 1998a) em que os conselhos profissionais passaram a ser entidades de direito privados, não havendo mais necessidade de prestar contas à União. Mesmo com a separação dos conselhos e Ministério do Trabalho, os conselhos profissionais possuem o poder de fiscalização e policiamento, mesmo essas atividades sendo inerentes aos órgãos públicos (Brasil, 1998a). O conselho profissional é dividido entre regional, onde cada estado da federação possui um conselho regional, podendo este ter mais de uma sede em cidades diferentes, como, por exemplo, o Conselho Regional de Farmácia do Rio Grande do Sul tem sedes em Porto Alegre, Passo Fundo, Caxias do Sul e Santa Maria (CRF-RS, 2020). O Conselho Federal de Farmácia tem sua sede em Brasília e há um Conselho Regional situado no Distrito Federal (CFF, 2008). 4.1 Conselho Regional de Farmácia Após o estudante se formar, agora como profissional, deve-se registrar no Conselho Regional de Farmácia do respectivo estado onde atuará, independente de qual ramo irá seguir (drogaria, laboratório, industrias e etc). Caso o profissional vá exercer a profissão em outro estado, este deve dar baixa junto ao CRF em que está inscrito, e se registrar no CRF de destino, não sendo possível farmacêutico ter dois registros no CRF (CRF/SP, 2020). 41 Mesmo assim, há algumas dúvidas do profissional quanto à utilidade e como o Conselho o ajudará na profissão. As atividades que competem ou não aos Conselhos Regionais de Farmácia (CRF) estão descritas abaixo: Quadro 1 - Competências dos CRF Fonte: Elaborado pela autora, 2020. #PraCegoVer: A imagem mostra um quadro dividido em três colunas: na primeira, estão listadas as competências dos CRF; na segunda, a palavra sim (que deve ser assinalada caso se trate de uma competência do CRF); na terceira, a palavra não (que deve ser assinalada caso não se trate de uma competência do CRF). 4.2 Conselho Federal de Farmácia Foram apresentadas as atribuições e restrições dos Conselhos Regionais de Farmácia. Porém, o que compete então ao Conselho Federal de Farmácia? Relembrando um pouco a história, várias reivindicações pelo país estavam acontecendo para que se criasse um órgão profissional de farmácia. Por meio da Lei no 3.820/1960, foi criado o Conselho Federal de Farmácia (BRASIL,1960). O principal objetivo do CFF, assim como os CRF, é a valorização do profissional farmacêutico com um olhar voltado para a comunidade. Algumas atribuições do CFF, que constam na homepage do mesmo são: • expedir resoluções, definindo ou modificando atribuições ou competência dos profissio- nais de farmácia; 42 • propor as modificações que se tornarem necessárias à regulamentação do exercício pro- fissional; • ampliar o limite de competência do exercício profissional; • colaborar na disciplina das matérias de ciência e técnica farmacêutica, ou que de qual- quer forma digam respeito à atividade profissional; • organizar o código de deontologia (leis) farmacêutica; • deliberar sobre questões oriundas do exercício de atividades afins às do farmacêutico; • zelar pela saúde pública, promovendo a assistência farmacêutica. (CFF, 2008). Assim, é possível observar que os Conselhos Regionais e Federal de Farmácia trabalham em sincronia, lutando pela valorização farmacêutica e promovendo a saúde da comunidade 4.3 Eleições dos Conselhos regionais e federais de farmácia Segundo Resolução no 660, de 28 de setembro de 2018 (BRASIL, 2018), a eleição para o Conselho Federal e para os Conselhos Regionais se dá por meio do voto direto e secreto, sendo obrigatório a todos os farmacêuticos inscritos com idade menor que 65 anos, e facultativo aos profissionais com 65 anos ou mais. A seguir serão apresentados os principais pontos dessa resolução, no que tange à candidatura ao Conselho Regional de Farmácia e votação pelos farmacêuticos. Para que se possa concorrer aos cargos dos conselhos, os farmacêuticos devem estar regularmente inscritos, em pleno gozo de seus direitos profissionais, desde que satisfaçam os seguintes requisitos: a) ser brasileiro; b) estar com inscrição profissional principal e definitiva no quadro de farmacêuticos, aprovada pelo Plenário do respectivo CRF, até a data de encerramento do prazo de inscrição de candidatos; c) não estar proibido ou suspenso de exercer a profissão; d) estar quite com a Tesouraria do CRF, sem qualquer débito ou parcela vencida no ato da inscrição do candidato; e) ter, no mínimo, 3 (três) anos de inscrição em qualquer CRF até o encerramento do prazo de inscrição; f) apresentação de certidão da justiça estadual, federal, militar e eleitoral, essa última fornecida pelas zonas eleitorais, pelos Tribunais Regionais Eleitorais e pelo Tribunal Superior Eleitoral 43 g) apresentação de certidão da justiça estadual e federal onde não conste sentença condenatória por improbidade administrativa; h) apresentação de declaração própria, sob as penas da legislação vigente, atestando que não tem qualquer outra causa de inelegibilidade, nos termos desta resolução. Os farmacêuticos candidatos a Conselheiro Regional, a funções públicas de Diretoria e a Conselheiro Federal e Suplente não podem se candidatar simultaneamente ao CRF e ao CFF. Não é permitido também o registro de candidato para mais de um cargo. As funções serão ocupadas pelos candidatos ou chapas mais votados. • a chapa para Diretoria deverá ser inscrita completa,discriminando as funções de Presi- dente, Vice-Presidente, Tesoureiro e Secretário-Geral, sendo imprescindível que todos os 4 (quatro) candidatos componentes da chapa, e não apenas parte deles, já tenham man- dato ou condição prévia para que possam se eleger como Conselheiro Regional Efetivo; • em caso de empate entre as chapas de Diretoria, será escolhida a chapa em que o Presi- dente tiver inscrição profissional mais antiga, aplicando-se o mesmo critério para o de- sempate entre as Chapas de Conselheiros Federais e aos Conselheiros Regionais; • serão proclamados Conselheiros Suplentes os candidatos que obterem votação imedia- tamente inferior à do Conselheiro Efetivo eleito até o limite das vagas a preencher dos respectivos mandatos. Sobre a votação, em que os farmacêuticos inscritos no Conselhos votam pela Internet, deverá obrigatoriamente observar os seguintes requisitos: a) o sigilo do voto; b) a impossibilidade que o eleitor vote mais de uma vez; c) a imparcialidade e transparência do procedimento; d) endereço exclusivo na Internet; e) possibilidade de auditoria integral e independente do código-fonte; f) assinatura digital do código-executável; g) segurança através de mecanismos eficazes de criptografia de dados e canais de comunicação; h) criação de “back-up” com assinatura digital antes e depois da eleição; 44 i) espelhamento do banco de dados; j) garantia de, pelo menos, 5.000 transações por minuto; k) hardenização (mapeamento das ameaças, riscos e execução das atividades corretivas, com foco na infraestrutura e objetivo principal de torná-la preparada para enfrentar tentativas de ataque) do sistema operacional; l) “firewall” com monitoramento durante o período de eleição; m) centralização em Brasília/DF; n) disponibilização de emissão de relatório prévio antes do início das eleições, declarando que não há votos computados no banco de dados referente aos eleitores. Sobre o Conselho Federal de Farmácia (CFF): a eleição para a Diretoria do CFF observará o que dispuser no seu Regimento Interno (farmacêuticos que não estão no CFF não votam, ao contrário das eleições do CRF), mas poderão se candidatar; as eleições para Diretoria do CFF serão convocadas, em obediência ao calendário eleitoral, pelo Presidente do CFF, em edital a ser afixado na sede do órgão ou seu Plenário, indicando-se: • local e período das inscrições; • local, data e horário da realização da eleição; • requisitos a serem cumpridos pelos candidatos; • prazo para impugnação de candidatos, cujos nomes figurarão em Portaria a ser afixada em lugar visível na sede do CFF; • número e data da resolução do CFF que deu origem ao edital; • assinatura do Presidente do CFF. Os candidatos às funções de Diretores do CFF deverão registrar sua chapa completa mediante requerimento dirigido a Comissão Eleitoral regimentalmente nomeada previamente à realização do pleito, devendo ser composta por 3 (três) farmacêuticos que não sejam empregados do CFF, não façam parte do Plenário, bem como não sejam parentes ainda que por afinidade, até o segundo grau, bem como o cônjuge respectivo, de qualquer dos candidatos. O requerimento de registro da candidatura em chapa será encaminhado pela Comissão Eleitoral ao Plenário do CFF para a sua devida homologação, decidindo-se na mesma oportunidade 45 eventual pedido de impugnação; antes da eleição, a Comissão Eleitoral afixará na sede do CFF a lista das chapas concorrentes; • a secretaria do CFF confeccionará as cédulas únicas, que serão rubricadas no verso por todos os membros da Comissão Eleitoral, com indicação dos nomes das chapas, dos res- pectivos integrantes e das funções a que concorrem como Presidente, Vice-Presidente, Secretário-Geral e Tesoureiro, na ordem em que forem registradas; • a Comissão Eleitoral funcionará, em momentos distintos, como Mesas Receptora e Apu- radora, devendo garantir o sigilo do voto (ao contrario das eleições do CRF, que são pela internet (anteriormente a cédula chegava na casa do farmacêutico ele votava e enviava novamente para o CRF por meio dos Correios); • o eleitor indicará seu voto assinalando a quadrícula ao lado da chapa escolhida; • não pode o eleitor suprimir ou acrescentar nomes ou rasurar a cédula, sob pena de nuli- dade do voto; • após o encerramento, a Mesa Apuradora procederá à contagem dos votos, proclamando o resultado e a eleição dos integrantes da chapa mais votada; • todo o procedimento eleitoral para Diretoria do CFF deverá ocorrer em sessão plenária única (Brasil, 1960) Ademais, conhecer as diferenças entre as eleições dos CRF e CFF faz com que o farmacêutico entenda como pode participar de forma ativa na composição dos Conselhos, orientando aqueles que pretendem ocupar um dos cargos dos Conselhos da classe farmacêutica. 5 CÓDIGO DE ÉTICA A ética, muitas vezes, é confundida com leis, embora as leis quase sempre possuam como base os princípios éticos. Entretanto, diferentemente da lei, nenhum indivíduo pode ser compelido, pelo Estado ou por outros indivíduos, a cumprir as normas éticas, nem sofrer qualquer penalidade pela desobediência a essas leis (LISBOA, 1997). O código de ética é um documento que busca expor os princípios e a missão de uma determinada profissão ou empresa. Seu conteúdo deve ser pensado para atender às necessidades que aquela categoria serve e representa. Antes de explanar sobre o código de ética farmacêutico, é importante conhecer os principais objetivos de um código de ética. Segundo informações contidas na homepage (CÓDIGO DE ÉTICA, [s.d]), são eles: especificar os princípios de uma certa instituição e/ou profissão diante da sociedade; documentar os direitos e deveres do profissional; dar os limites das relações que o profissional deve ter com colegas e clientes/pacientes; explicar a importância de manter o sigilo profissional (essencial em muitos casos); 46 defender o respeito aos direitos humanos nas pesquisas científicas e na relação cotidiana; delimitar e especificar o uso de publicidade em cada área; falar sobre a remuneração e os direitos trabalhistas. 5.1 Código de Ética Farmacêutica: direitos e deveres Os principais direitos e deveres dos farmacêuticos são regulamentados pela resolução no 596 de 21 de fevereiro de 2014 (BRASIL, 2014). Os principais direitos são: • exigir dos profissionais da saúde o cumprimento da legislação sanitária; • recusar-se a exercer sua atividade sem remuneração adequada (piso salarial estabelecido pelo sindicato dos farmacêuticos de cada estado) ou condições dignas de trabalho; • negar-se a realizar atos farmacêuticos que sejam contrários à ciência e ética; • ser valorizado e respeitado; • ter acesso a todas as informações técnicas relacionadas ao seu local de trabalho; • decidir, justificadamente, sobre o aviamento ou não de qualquer prescrição (BRASIL, 2014; CÓDIGO DE ÉTICA, [s.d.]). Os deveres estabelecidos pela mesma resolução citada anteriormente são: • comunicar os fatos que caracterizem descumprimento da moral, ética e/ou leis; • respeitar o direito de decisão do usuário sobre seu tratamento; • preservar os legítimos interesses da profissão e da saúde, • respeitar a vida; • contribuir para a promoção, proteção e recuperação da saúde (BRASIL, 2014; CÓDIGO DE ÉTICA, [s.d.]); 5.2 Leis: Proibições, infrações e sanções legais O farmacêutico não pode exercer simultaneamente a Medicina, devido à ligação das condições clínicas apresentadas pelo paciente e o local que fornece insumos para tais condições. Ainda, deve honrar o juramento feito na conclusão do curso sobre a profissão: negar socorro ou informações/orientações ao paciente, por motivo nenhum; submete-se a condições comerciais FIQUE DE OLHO A média salarial do farmacêutico no Brasil é R$ 3 472,00, sendo o menor piso R$ 1687,00 em Roraima e o maior R$ 4400,00 no distrito Federal, média de 40 horas semanais, podendo haver variações nos diferentes ramos da profissão. 47 somente, comprometendo assim sua atividade profissional,
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