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Aula 4: Governança Corporativa 
 
Metas 
Apresentar ao estudante os conceitos fundamentais da Governança Corporativa, sua 
importância para as organizações e um breve histórico sobre o tema. 
 
Objetivos 
Ao fim desta aula, esperamos que você consiga: 
1. Definir e compreender o que é Governança Corporativa; 
2. Identificar e classificar os princípios da Governança Corporativa; 
3. Identificar os principais atores da Governança Corporativa; 
4. Conhecer a história e as organizações relacionadas com a Governança Corporativa 
 
 
Introdução: Uma estrutura de governança para as organizações 
Saudações, estudante de Ciências Contábeis! 
Nessa aula, você irá conhecer a Governança Corporativa: conceito, princípios e a 
história desse instituto. 
Outra informação importante que você receberá está relacionada com os institutos 
de governança corporativa. Você aprenderá a identificar cada um deles e o seu papel na 
governança. Além disso, verificará como este tema é importante para as empresas e, 
obviamente, relaciona-se com a Auditoria. 
Outro tema importante desta nossa aula: o contato inicial com Compliance (ou 
Conformidade). Este tema tem sido muito frequente nas empresas, principalmente, em 
seguimentos específicos. 
 
Vamos aprender um pouco mais sobre governança corporativa! 
 
1.1 Fundamentos da Governança Corporativa 
 
De acordo com o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa – IBGC, o qual você 
conhecerá um pouco melhor mais à frente, 
“Ao longo do século 20, a economia dos diferentes países tornou-se cada vez mais 
marcada pela integração aos dinamismos do comércio internacional, assim como pela 
expansão das transações financeiras em escala global. Neste contexto, as companhias 
foram objeto de sensíveis transformações, uma vez que o acentuado ritmo de 
crescimento de suas atividades promoveu uma readequação de sua estrutura de 
controle, decorrente da separação entre a propriedade e a gestão empresarial. A 
origem dos debates sobre governança corporativa remete a conflitos inerentes à 
propriedade dispersa e à divergência entre os interesses dos sócios, executivos e o 
melhor interesse da empresa”. 
 Ou seja, à medida em que as empresas cresciam, foram contratados gestores para 
conduzir os negócios, ampliaram os números de seus sócios ou acionistas e o relacionamento 
entre esses diversos atores, por vezes, apresentavam (e ainda podem apresentar) conflitos. 
 Além disso, durante a primeira década do século 21, a Governança Corporativa 
ganhou ainda mais destaque por conta de eventos negativos no ambiente de negócios norte-
americano, especificamente, em empresas como a Enron, a WorldCom e a Tyco. 
Lamentavelmente, esses escândalos eram relacionados com a informação contábil e a 
atuação das empresas de auditoria independente. Em resposta a tais eventos, congresso 
norte-americano aprovou a Lei Sarbanes-Oxley (SOx), com importantes definições sobre 
práticas de governança corporativa. 
 Ainda de acordo com o IBGC, ao longo do tempo foi percebido que os investidores 
estavam dispostos a pagar um valor maior na compra de ações de empresas que adotassem 
boas práticas de governança corporativa e que tais práticas não apenas favorecessem os 
interesses de seus proprietários, mas também a longevidade das empresas. 
 
 
A Teoria do Agente-Principal 
Jensen e Meckling (1976) publicaram pesquisas realizadas em empresas norte-americanas 
e britânicas, apresentando o problema de agente-principal, que deu origem à chamada 
Teoria da Firma ou Teoria do Agente-Principal. De acordo com tal Teoria, o problema do 
agente-principal surge quando o sócio (o principal) contrata outra pessoa (o agente) para 
que administre a empresa em seu lugar. 
Segundo essa Teoria, os executivos da empresa e conselheiros contratados pelos acionistas 
tenderiam a agir de forma a maximizar ou ampliar seus próprios benefícios (salários 
maiores, mais poder, dentre outros), agindo em mais em interesse próprio e não segundo 
os interesses da empresa, de todos os acionistas e demais partes interessadas. Procurando 
minimizar ou reduzir esse problema, os citados autores sugeriram que as empresas e seus 
acionistas deveriam adotar um conjunto de medidas que alinhe os interesses dos 
envolvidos, objetivando, acima de tudo, o interesse da organização. Assim, foram 
propostas medidas que incluíam práticas de monitoramento, controle e ampla divulgação 
de informações. A este conjunto de práticas deu-se o nome de Governança Corporativa. 
 
 
 A Governança Corporativa, de acordo com o IBGC, pode ser conceituada como um 
“sistema pelo qual as empresas e demais organizações são dirigidas, monitoradas e 
incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre sócios, conselho de administração, 
diretoria, órgãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas”. 
 
Vamos refletir um pouco sobre esse conceito? 
Governança Corporativa é um Sistema 
Como um sistema, a governança corporativa se relaciona com elementos e atores internos e 
externos. Um sistema formado por políticas, procedimentos, regras, códigos. 
 
Governança Corporativa é aplicada para as empresas e demais organizações 
A Governança Corporativa é aplicada para a própria organização, mas também integra outras 
instituições que com ela se relacionam, como fornecedores, clientes, funcionários, 
concorrentes etc. 
Embora a Governança Corporativa tenha surgido para o ambiente das empresas, ela tem sido 
cada vez mais estimulada para outros tipos de organizações como instituições de terceiro 
setor. Além disso, a Governança Corporativa pode ser aplicada tanto para empresas de 
grande porte, como médio ou menor porte (ainda que seja adaptada ao seu porte). 
 
Governança Corporativa: direção, monitoramento e incentivo 
A Governança Corporativa, como um sistema, possibilita uma melhor direção para a 
organização, bem como o seu constante monitoramento. Além disso, a Governança 
Corporativa estimula e incentiva uma gestão que procure maximizar os interesses da 
organização. 
 
Governança Corporativa envolve o relacionamento entre sócios, conselho de administração, 
diretoria, órgãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas 
Por meio da Governança Corporativa a empresa procura minimizar os conflitos entre os 
diversos atores da organização e seus acionistas, promovendo o ambiente mais favorável para 
todos que dela participam. 
 
 
Um outro conceito que devemos considerar sobre Governança Corporativa é o apresentado 
pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em suas RECOMENDAÇÕES DA CVM SOBRE 
GOVERNANÇA CORPORATIVA (2002): 
“Governança corporativa é o conjunto de práticas que tem por finalidade otimizar o desempenho de 
uma companhia ao proteger todas as partes interessadas, tais como investidores, empregados e 
credores, facilitando o acesso ao capital”. 
 
Como vimos, para a CVM, a Governança Corporativa tem como objetivo otimizar o desempenho de 
uma companhia, visa proteger todos os atores que se relacionam com a empresa e ainda possibilitar 
aquisição de recursos. 
Assim como fizemos com o conceito apresentado pelo IBGC, vamos refletir também o conceito 
fornecido pela CVM? 
Governança Corporativa como otimizadora do desempenho 
As empresas que adotam as práticas de Governança Corporativa têm como objetivo otimizar o 
desempenho de um modo geral, contemplando desempenho financeiro, desempenho operacional, 
por exemplo. Ou seja, há uma identificação com o desempenho. 
Governança Corporativa e a proteção de todas as partes interessadas (investidores, empregados e 
credores) 
Apesar de a CVM citar essas três categorias (investidores, empregados e credores), as empresas têm 
outros atores que compõem as partes interessadas: fornecedores, clientes, concorrentes, parceiros, 
instituições governamentais, órgãos reguladores, financiadores, a própria sociedade, dentre possíveis 
outros. 
Com a Governança Corporativa, a empresa procuraevitar conflitos entre as partes, protegendo todas 
elas, umas das outras. Essa proteção é fundamental para que existam as relações mais equilibradas 
possíveis e, deste modo, um ambiente mais equitativo para todos. 
Governança Corporativa como facilitador de acesso a capital 
Uma empresa que adote a Governança Corporativa tem mais acesso a recursos de terceiros, 
seja por meio do sistema bancário ou pelo mercado de capitais. Há bancos e financiadoras 
que concedem linhas mais baratas para empresas que tenham Governança Corporativa. No 
mercado de ações, empresas que possuem governança corporativa são mais bem 
classificadas nos segmentos de listagem da bolsa de valores brasileira (a B3) e, deste modo, 
são mais atrativas para os investidores e com melhor valor de negociação de suas ações. 
 
(Inserir Box Para saber Mais e figura ( ) 
 
As empresas brasileiras que comercializam suas ações na bolsa de valores, B3, podem ser 
classificadas em segmentos especiais, em função da sua adesão e comprometimento com 
a governança corporativa. Isto é, quanto maior for sua governança corporativa, mais 
especializado será o segmento ao qual ela fará parte na B3. 
Conforme pode ser verificado no site da B3, os segmentos Bovespa Mais, Bovespa Mais 
Nível 2, Novo Mercado, Nível 1 e Nível 2 foram criados no momento em que se percebeu 
que, para desenvolver o mercado de capitais brasileiro, era necessário ter segmentos 
adequados aos diferentes perfis das empresas. Todos esses segmentos prezam por regras 
de governança corporativa diferenciadas. Tais regras excedem às obrigações que as 
companhias precisam seguir pela legislação societária e têm como finalidade a melhoria na 
avaliação das empresas que decidem aderir a um desses segmentos, de forma voluntária. 
Adicionalmente, essas regras atraem possíveis investidores. 
 
 
 
Agora que já sabemos dois conceitos importantes para Governança Corporativa, vamos 
conhecer os princípios que regem este tema. 
 
1.2 Princípios de Governança Corporativa 
A literatura que trata do tema reconhece quatro princípios básicos de Governança 
Corporativa, os quais serão apresentados com base no que prega o IBGC: 
Transparência: trata-se do desejo ou intenção de disponibilizar para as partes 
interessadas as informações que sejam de seu interesse e não apenas aquelas impostas por 
disposições de leis ou regulamentos. Não deve restringir-se ao desempenho econômico-
financeiro, contemplando também os demais fatores (inclusive intangíveis) que norteiam a 
ação gerencial e que conduzem à preservação e à otimização do valor da organização; 
 
Equidade: consiste no tratamento justo e isonômico de todos os sócios e demais partes 
interessadas (stakeholders), levando em consideração seus direitos, deveres, necessidades, 
interesses e expectativas; 
 
Prestação de Contas: define que os agentes de governança devem prestar contas de sua 
atuação de modo claro, conciso, compreensível e tempestivo, assumindo integralmente as 
consequências de seus atos e omissões e atuando com diligência e responsabilidade no 
âmbito dos seus papéis; 
 
Responsabilidade corporativa: tal princípio afirma que agentes de governança devem 
zelar pela viabilidade econômico-financeira das organizações, reduzir as externalidades 
negativas de seus negócios e suas operações e aumentar as positivas, levando em 
consideração, no seu modelo de negócios, os diversos capitais (financeiro, manufaturado, 
intelectual, humano, social, ambiental, reputacional etc.) no curto, médio e longo prazos. 
 
 Na prática, a Governança Corporativa busca operacionalizar tais princípios com 
algumas ações como, por exemplo: permitir imediatamente que os acionistas detentores de 
ações preferenciais elejam um membro do conselho de administração, por indicação e 
escolha próprias; assembleias gerais sendo realizadas em data e hora que não dificultem o 
acesso dos acionistas; conselho de administração insere na pauta matérias relevantes e 
oportunas sugeridas por acionistas minoritários, independentemente do percentual exigido 
por lei para convocação de assembleias geral de acionistas; definindo que os cargos de 
presidente do conselho de administração e presidente da diretoria (executivo principal) 
devem ser exercidos por pessoas diferentes etc. 
 
 
1.3 Quem são os responsáveis pela Governança de uma organização? 
 
Quando observamos uma pequena empresa, é muito fácil identificar quem está sendo 
o responsável por conduzir a governança naquela instituição. Em geral, é o próprio 
“dono” (proprietário) da empresa. À medida que o porte da empresa vai se tornando 
maior, mais robusto, essa governança não deve estar centralizada em uma pessoa 
única. A governança deve ser compartilhada pelos responsáveis ou agentes da 
governança. Como afirma o IBGC (2015, p. 17), os agentes de governança têm papel 
relevante no fortalecimento e na disseminação do propósito, dos princípios e dos 
valores da organização. A liderança e o comprometimento dos administradores e 
demais executivos são fatores determinantes para a formação de um ambiente. 
 
Fonte: IBGC, 2015, p. 19 
(Fim da Figura) 
 
 
Os sócios, aqueles que detêm o capital da organização, exercem sua responsabilidade na 
governança em momentos como: a participação nas assembleias de acionistas de forma 
diligente e informada, a votação consciente durante as decisões, conhecimento dos pareceres 
e documentos elaborados pelos órgãos de controle da sociedade, dentre outras. A 
participação do sócio na organização é fundamental para que os objetivos estratégicos da 
companhia possam se concretizar. 
 
O conselho de administração é o órgão colegiado encarregado do processo de decisão de uma 
organização em relação ao seu direcionamento estratégico. Ele exerce o papel de guardião 
dos princípios, valores, objeto social e do sistema de governança da organização, sendo seu 
principal componente. A composição do Conselho de administração (CA) deve contar com 
perfis especializados e interdisciplinares. Uma prática recomendada é que conte com número 
ímpar de conselheiros, entre 5 e 11 componentes. Os conselheiros devem agir de forma 
independente, sem conflitos de interesses. 
Observação: O Comitê de Auditoria, um órgão de assessoramento do conselho de 
administração, auxilia no controle sobre a qualidade de demonstrações financeiras e controles 
internos, visando a confiabilidade e integridade das informações para proteger a organização 
e todos as partes interessadas 
O comitê de auditoria deve contar somente com conselheiros e que o coordenador seja um 
conselheiro independente. Caso isso não seja possível, o comitê deve ser composto de forma 
que um conselheiro seja o coordenador e a maioria de seus membros também sejam 
conselheiros. Importante ressaltar que pelo menos um dos membros do comitê de auditoria 
deve ter experiência comprovada em assuntos contábeis, controles internos, informações e 
operações financeiras, e auditoria independente. 
 
Diretoria, de acordo com o IBGC, é o órgão responsável pela gestão da organização, cujo 
principal objetivo é fazer com que a organização cumpra seu objeto e sua função social. Ela 
executa a estratégia e as diretrizes gerais aprovadas pelo conselho de administração, 
administra os ativos da organização e conduz seus negócios. Por meio de processos e políticas 
formalizados, a diretoria viabiliza e dissemina os propósitos, princípios e valores da 
organização. Este órgão é responsável pela elaboração e implementação de todos os 
processos operacionais e financeiros, inclusive os relacionados à gestão de riscos e de 
comunicação com o mercado e demais partes interessadas. 
 
Conselho Fiscal, ainda de acordo com o que prescreve o IBGC, é parte integrante do sistema 
de governança das organizações brasileiras. Pode ser permanente ou não, conforme dispuser 
o estatuto. Representa um mecanismo de fiscalização independente dos administradores 
parareporte aos sócios, instalado por decisão da assembleia geral, cujo objetivo é preservar 
o valor da organização. Os conselheiros fiscais possuem poder de atuação individual, apesar 
do caráter colegiado do órgão. 
 
Auditoria independente, embora não seja responsável pela governança da organização que 
está auditando, exerce um papel essencial no sistema de governança corporativa das 
organizações. 
Segundo o IBGC, apoiado no trabalho da auditoria independente, o conselho de administração 
e a diretoria são responsáveis por assegurar a integridade das demonstrações financeiras da 
organização, preparadas de acordo com as práticas contábeis vigentes das respectivas 
jurisdições em que a organização mantenha suas atividades. A atribuição principal do auditor 
independente é emitir, observadas as disposições aplicáveis, opinião sobre se as 
demonstrações financeiras preparadas pela administração representam adequadamente, em 
todos os seus aspectos relevantes, a posição patrimonial e financeira da organização 
 
A Auditoria Interna tem a responsabilidade de monitorar, avaliar e realizar recomendações 
visando a aperfeiçoar os controles internos e as normas e procedimentos estabelecidos pelos 
administradores. As organizações devem possuir uma função de auditoria interna, própria ou 
terceirizada. A diretoria e, particularmente, o diretor-presidente também são diretamente 
beneficiados pela melhoria do ambiente de controles decorrente de uma atuação ativa da 
auditoria interna (IBGC, p. 90). 
 
Atividade 1 
Complete as lacunas indicadas abaixo, indicando um dos princípios da governança corporativa 
estudados nesta aula. 
 
O Princípio ___________________________ estabelece que os stakeholders tenham acesso a 
informações que sejam de seu interesse. 
Pelo Princípio ________________________, o tratamento deve ser justo, isonômico, imparcial. A 
intenção é que impedir que uma parte interessada seja mais favorecida que a outra pelas tomadas de 
decisão. 
Também conhecido como “accountability”, o Princípio ___________________________ trata 
da prestação de contas referente aos resultados financeiros da empresa e das ações (e suas 
respectivas consequências) de gestores e diretores. O principal objetivo desse princípio é impedir o 
abuso de poder e aumentar a confiança entre as partes interessadas. 
 
Considerando que os agentes de GC são responsáveis por zelar pela viabilidade econômica e financeira 
da empresa, temos o Princípio ________________________________. 
 
Resposta: Transparência / Equidade / Prestação de Contas / Responsabilidade 
Corporativa 
 
Atividade 2 
A Governança Corporativa prevê a existência de órgãos de fiscalização e controle em sua 
estrutura. Considerando a existência do Conselho Fiscal e do Comitê de Auditoria, diferencie 
esses dois agentes da governança corporativa. 
__________________________________________________________________________ 
__________________________________________________________________________ 
__________________________________________________________________________ 
__________________________________________________________________________ 
__________________________________________________________________________ 
__________________________________________________________________________ 
 
Atividade 3 
Convido você a observar atentamente, mais uma vez, a Figura 1 disponível nesta aula. 
Observe onde está a participação direta dos auditores no contexto do sistema de governança 
corporativa. Informe a sua opinião sobre a participação dos auditores (internos e 
independentes) na governança corporativa. 
__________________________________________________________________________ 
__________________________________________________________________________ 
__________________________________________________________________________ 
__________________________________________________________________________ 
__________________________________________________________________________ 
__________________________________________________________________________ 
 
1.4. Instituição relacionada com a Governança Corporativa no Brasil 
Ao longo de todo o conteúdo desta aula, você identificou uma sigla que foi bastante utilizada: 
IBGC. Vamos então conhecer um pouco mais sobre quem é tal sigla? 
O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa é uma organização sem fins lucrativos, 
referência nacional e internacional em governança corporativa. O IBGC contribui para o 
desempenho sustentável das organizações por meio da geração e disseminação de 
conhecimento das melhores práticas em governança corporativa, influenciando e 
representando os mais diversos agentes, visando uma sociedade melhor. 
 
Fundado em 27 de novembro de 1995, em São Paulo, o IBGC desenvolve programas de 
capacitação e certificação profissionais, eventos e também atua regionalmente por meio de 
sete capítulos nos estados de Ceará, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio 
Grande do Sul e Santa Catarina. 
 
Atualmente, o IBGC hospeda as atividades da Global Reporting Initiative (GRI) no Brasil, 
integra a rede de Institutos de Gobierno Corporativo de Latino America (IGCLA) e o Global 
Network of Director Institutes (GNDI), grupo que congrega institutos relacionados à 
governança e conselho de administração ao redor do mundo. 
 
O IBGC publica periodicamente materiais, como o Código das Melhores Práticas de 
Governança Corporativa, e realiza capacitações e treinamentos relacionados com temas da 
governança corporativa, todos indicados em seu endereço na rede mundial de computadores 
(ibgc.og.br). 
 
O IBGC conta com diversas instituições entre seus associados, como o Banco Itaú Unibanco, 
a B3, Bradesco, Embraer, Santander, CPFL Energia. 
 
 
1.4 Usuários da Governança corporativa 
Como podemos notar, manter uma estrutura de governança corporativa completa requer 
recursos bastante expressivos. Por este motivo é que, de um modo geral, essa estrutura é 
exigida somente de grandes organizações, por exemplo, as empresas de capital aberto. 
Contudo, outras organizações que não negociam suas ações na bolsa também podem fazer 
uso da governança corporativa. Vamos conhecê-las? 
 
Cooperativas: De acordo com o próprio IBGC, as Sociedades de pessoas, constituídas para 
prestar serviços aos associados, as cooperativas têm sua distribuição de resultados vinculada 
às operações efetuadas pelo associado com a cooperativa e desvinculada da participação no 
capital, assim como possuem seus direitos políticos vinculados unicamente às pessoas, não 
importando a participação no capital. Assim, as cooperativas são parte relevante da economia 
brasileira e a adoção de práticas de governança pode contribuir para aprimorar sua 
administração e os relacionamentos entre todos os agentes desse sistema (cooperados, 
administradores, funcionários e a sociedade), reduzindo possíveis conflitos e riscos inerentes 
a esse tipo de organização. 
 
Terceiro Setor: segundo o IBGC, as Organizações sem fins lucrativos são as que buscam 
contribuir para uma sociedade melhor e mais justa. Conforme o Guia das Melhores Práticas 
de Governança para Fundações e Institutos Empresariais, “o aprimoramento da governança 
é um esforço contínuo que, no Brasil, não findou com a lei das OSCIP”, é preciso expandir “as 
boas práticas de governança para todas as organizações da sociedade civil, estabelecendo 
assim as bases do que poderá ser o sistema de autorregulação do terceiro setor”. Ainda 
segundo o guia, “seus principais agentes - sejam eles financiadores ou executores de projetos 
- podem e devem adotar práticas que sirvam de exemplo para os demais, reforçando a 
legitimidade do setor”. 
 
Portanto, Governança Corporativa é algo que pode e deve ser ampliado para além dos 
ambientes empresariais, visando uma gestão mais participativa, transparente, equilibrada. 
Na prática, vários podem ser os benefícios da implantação da governança corporativa nas 
organizações,vejamos alguns exemplos: 
 
- acesso mais fácil e barato a crédito e/ou capital: bancos e investidores sentem mais 
confiança e segurança em emprestar e/ou investir em empresas que atuem com os mais altos 
padrões de governança corporativa (veja as empresas que compõem o segmento do Novo 
Mercado na Bolsa de Valores brasileira); 
 
- imagem perante à sociedade: uma instituição que tenha governança corporativa reflete uma 
imagem de maior justiça, transparência e gestão perante seu público de interesse; 
 
- elevação do valor da organização: as práticas de governança corporativa estimulam uma 
gestão que compartilha a responsabilidade pela proteção e elevação do valor do capital da 
organização, devido a atuação de cada agente: auditoria, conselhos, diretores, 
administradores, sócios. 
 
 
 
“Compliance” ou Integridade ou Conformidade. Provavelmente você já ouviu 
pelo menos um desses termos. Estes termos possuem forte relação com a 
Governança Corporativa e devem ser compreendidos como um guia de 
princípios e valores que compõem a identidade da organização, com foco 
em sua longevidade. 
O IBGC ensina que autonomia, independência e conhecimento técnico são 
características essenciais para os profissionais especializados na gestão da 
área de “compliance”. 
 
Por mais que o sistema coordenado por esse profissional de “compliance” preveja 
a participação de outros departamentos da companhia, como comunicação e 
recursos humanos, por exemplo, é responsabilidade dele zelar pelo atendimento a 
leis e regulamentos. Nesse sentido, de acordo com as orientações do IBGC, um 
sistema de “compliance” efetivo deve: 
https://conhecimento.ibgc.org.br/Paginas/Publicacao.aspx?PubId=22110
https://conhecimento.ibgc.org.br/Paginas/Publicacao.aspx?PubId=22110
 
1) Coordenar canais de denúncias; 
2) Discutir o grau de exposição e evolução dos riscos de “compliance”; 
3) Conscientizar a organização sobre a aderência aos princípios éticos, 
normas de conduta e obrigações aplicáveis, liderando o processo de 
disseminação da cultura de “compliance”; 
4) Executar o monitoramento integrado das atividades de “compliance”; 
5) Colaborar na elaboração de um plano de treinamento para todos os 
colaboradores de partes interessadas; 
6) Coordenar as iniciativas de comunicação voltadas para disseminar o 
tema pela organização; 
7) Coordenar a realização de controles e testes para verificar a 
aderência às políticas e aos procedimentos da organização; 
8) Colaborar no processo de investigação de irregularidades, com amplo 
acesso a documentos e informações de diferentes áreas da organização, de 
acordo com a política aprovada pelo conselho de administração; 
9) Sugerir, com conjunto com o comitê de conduta, a aplicação de 
sanções previstas em política de consequências; 
10) Participar das reuniões do comitê de conduta; 
11) Assegurar que as sanções determinadas sejam aplicadas. 
 
 
 
 
Conclusão 
O tema da Governança Corporativa tem despertado muito interesse tanto da 
comunidade acadêmica como do ambiente de negócios. Reduzir conflitos na gestão 
das organizações é um desafio de todos os agentes da governança, inclusive dos 
auditores. 
Gestores preocupados com transparência, prestação de contas, tratamento 
equitativo aos envolvidos e que tenham uma responsabilidade corporativa favorecem 
uma evolução considerável no ambiente de negócios, estimula o mercado de capitais 
e o valor das entidades. 
Obviamente, os custos de implementação de um sistema de governança 
corporativa precisam ser avaliados em relação aos seus benefícios. Sendo assim, 
faz-se necessário avaliar bem um projeto de implantação de governança corporativa. 
Contudo, mesmo em instituições de menor porte, muitas das práticas de governança 
corporativa poderão ser adotadas. 
A participação dos auditores na governança corporativa possibilita maior 
credibilidade às informações contábeis que são geradas pelas organizações, maior 
segurança e proteção dos seus ativos, maior potencial de comunicação das 
informações financeiras, dentre outros benefícios. 
Para contadores e contadoras, a governança corporativa oferece novas 
oportunidades de atuação profissional, mais reconhecimento e possibilidades. 
 
Resumo 
Com esta aula aprendemos um pouco sobre os fundamentos da governança 
corporativa. Este tema é extremamente relevante para aqueles que atuam com 
auditoria nas organizações empresariais, em grandes instituições do terceiro setor, 
dentre outros. 
Os auditores têm papel importante na governança das organizações, seja para 
gestores ou para investidores. 
 O desenvolvimento e o aumento da complexidade do ambiente dos negócios, 
a separação entre os proprietários da empresa e os seus gestores, a participação de 
outros atores na gestão das empresas foram exigindo novas práticas de governança. 
Assim surgem as instituições que apoiam e capacitam as empresas para a 
governança, como o IBGC no Brasil. 
 Os princípios de governança corporativa são mais que simples declarações 
teóricas. São práticas que devem ser estimuladas em benefício das organizações e 
da própria sociedade. 
 Vimos também que a atividade de “Compliance” está no escopo da atuação da 
Auditoria, visando trazer integridade e conformidade às organizações em geral. 
Assim, O cumprimento/atendimento de leis, regulamentos e normas externas e 
internas deve ser garantido por um processo de acompanhamento da conformidade 
(“compliance”) de todas as atividades da organização. 
 
Atividade final 
Pesquise algumas empresas que são reconhecidas pelo mercado como aquelas de 
alto padrão de governança corporativa e apresente algumas práticas que são 
adotadas/realizadas que as diferenciam das demais organizações. 
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
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___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
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___________________________________________________________________
___________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________ 
 
Pistas para a Resposta 
O estudante deverá pesquisar empresas que sejam associadas ao IBGC ou ao Novo 
Mercado da B3. 
O estudante deverá fazer também uma investigação quanto às práticas de 
governança corporativa que são adotadas e realizadas pela empresa pesquisada. Em 
seguida, escolher algumas dessas práticas e descrevê-las, apontando o diferencial 
em relação às demais organizações que não fazem uso da governança corporativa. 
 
 
Referências 
INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA. 
https://www.ibgc.org.br/conhecimento/governanca-corporativa
https://www.ibgc.org.br/conhecimento/governanca-corporativa

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