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GUSTAVO RIBEIRO ROCHA
GUSTAVO RIBEIRO ROCHA
JOSÉ MARIA ROCHA FILHO
JOSÉ MARIA ROCHA FILHO
teoria geral da empresa, direito 
societário, títulos de crédito, falência 
e recuperação de empresas
História do Direito Comercial – um breve relato • Como 
utilizar o Código Comercial e a legislação esparsa• A 
Teoria dos Atos de Comércio versus a Teoria da Empresa 
• Empresa, microempresa e empresa de pequeno porte • 
O empresário • Registro público de empresas mercantis e 
registro da propriedade industrial • Escrituração mercantil 
• Nome empresarial • Marcas • Estabelecimento comercial 
e título de estabelecimento • Invenções, modelos e desenhos 
• Concorrência desleal • Sociedades simples e sociedades 
empresárias • História do Direito Cambial – um breve relato 
• Declarações cambiárias • Vencimento e pagamento • 
Protesto cambial • Da ação cambial • Letra de câmbio e 
nota promissória • Cheque • Duplicata • História do Direito 
Falimentar brasileiro – conceitos preliminares • Disposições 
comuns à falência e à recuperação • Da falência • O 
processo falimentar – fase preliminar • Do processo de 
falência – fase de sindicância • Da verificação e classificação 
dos créditos • Do processo falimentar – fase de liquidação • 
Da recuperação judicial • Da recuperação extrajudicial
direito • administração de empresas • ciências contábeis
alunos • professores • profissionais
indicado para os cursos:
recomendado a:
ISBN
DIREITO
DIREITO
COMERCIAL
COMERCIAL
Curso de
Curso de
Curso de
11ª ED.
revista, 
atualizada e 
ampliada
+ exercícios 
de fixação.
JOSÉ MARIA 
ROCHA FILHO
Ex-Professor de Direi-
to Comercial das Facul-
dades “Milton Campos”; 
Membro do Instituto Bra-
sileiro de Direito Comer-
cial Comparado e Biblio-
teca Tullio Ascarelli; Ex-
-Superintendente de Re-
gistro do Comércio e ex-
-Procurador da Junta Co-
mercial do Estado de Mi-
nas Gerais; Advogado
GUSTAVO 
RIBEIRO ROCHA
Mestre em Direito Em-
presarial pela Faculdade 
de Direito “Milton Cam-
pos”; Professor de Direito 
Empresarial das Facul-
dades “Milton Campos” e 
Dom Helder Escola de 
Direito; Advogado.
2024
teoria geral da empresa, direito 
societário, títulos de crédito, falência 
e recuperação de empresas
Gustavo Ribeiro Rocha
José Maria Rocha Filho
11ª ed.
teoria geral da empresa, direito 
societário, títulos de crédito, falência 
e recuperação de empresas
2024
Edição revista, ampliada e atualizada conforme Lei n. 14.382/2022; 
Lei n. 14.478/2022; Instrução Normativa n. 79/2022, do DREI; 
Ofício Circular 4823/2022, do DREI; Instrução Normativa n. 88/2022, 
do DREI.
+ exercícios de fixação
edição revista, atualizada e ampliada
Rocha, Gustavo Ribeiro
R672 Curso de direito comercial / Gustavo Ribeiro Rocha. - 11. ed. – Belo 
Horizonte, São Paulo : D’Plácido, 2024. 
810 p.
ISBN
1. Direito. 2. Direito Comercial. I. Título. 
CDDir: 342.2
Catalogação na Publicação (CIP)
Bibliotecária responsável: Fernanda Gomes de Souza CRB-6/2472
Doutor Cláudio Roberto Cintra Bezerra Brandão 
Professor Titular da Universidade Federal de Pernambuco – Brasil
Doutora Sílvia Isabel dos Anjos Caetano Alves 
Professora da Universidade de Lisboa – Portugal
Doutor Georges Martyn 
Professor da Universidade de Ghent – Flanders/Bélgica
Doutora Agata Cecília Amato Mangiameli 
Professora da Universidade de Roma II – Itália 
Doutora Ana Elisa Liberatore Silva Bechara
Professora Titular da USP – Brasil
Doutor Stelio Mangiameli 
Professor da Universidade de Teramo – Itália
Doutor José Geraldo de Sousa Junior 
Professor Titular da Universidade de Brasília – Brasil
Doutor Joaquim Portes de Cerqueira César 
Doutor em Direito Constitucional pela PUC/SP – Brasil
Doutor Thomas Law 
Doutor em Direito Comercial pela PUC/SP – Brasil
Doutor Marcelo Figueiredo 
Professor da PUC/SP – Brasil
Doutor João Grandino Rodas 
Professor Titular da USP – Brasil
Conselho Editorial
W W W . E D I T O R A D P L A C I D O . C O M . B R I N S T A G R A M / E D I T O R A D P L A C I D O
Editor Chefe
Plácido Arraes
Editor
Tales Leon de Marco
Produtora Editorial
Bárbara Rodrigues
Capa, projeto gráfico
Nathália Torres
Diagramação
Christiane Morais de Oliveira
Bárbara Rodrigues
Letícia Robini
Enzo Zaqueu Prates
Todos os direitos reservados. 
Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida, por quaisquer meios, 
sem a autorização prévia do Grupo D’Plácido.
Belo Horizonte
Av. Brasil, 1843, Savassi, Belo Horizonte, MG – CEP 30140-007
Tel.: 31 3261 2801
São Paulo
Av. Paulista, 2444, 8º andar, cj 82, Bela Vista – São Paulo, SP – CEP 01310-933
Copyright © 2014, D’ Plácido Editora.
Copyright © 2014, Gustavo Ribeiro Rocha.
Copyright © 2014, José Maria Rocha Filho.
Ao Professor Jorge Lasmar,
Amigo e grande incentivador deste trabalho.
Aos meus pais,
José Maria da Rocha (in memoriam)
e Manoela Rodrigues Rocha (in memoriam).
À Elaine, minha esposa, e aos nossos
filhos: Gustavo, Pauline e Nicole.
Aos meus pais, Elaine e José Maria. Neste momento, registro
uma gratidão especial a ele, pela honrosa oportunidade
de concretizarmos, em conjunto, este novo projeto.
À Anita, minha esposa, e aos nossos filhos: Vitor e Clara.
Inspira este trabalho, primordial e essencialmente, o anelo de servir. Tanto 
ao primeiro quanto ao segundo autor.
E ao encetá-lo, recordou-se o primeiro, com gratidão, dos muitos e 
magníficos ensinamentos do grande humanista e pensador argentino, Carlos 
Bernardo González Pecotche.
Dentre eles, o que adverte ser “a liberdade de pensar a mais sagrada de 
todas as liberdades”, sendo necessário, para alcançá-la, “trocar o crer pelo saber”. 
Ensinou-lhe assim aquele Mestre que “a única concessão possível ao ato de 
crer é a que espontaneamente surge como antecipação do saber.”
É dizer: “só deve ser admitido aquilo que ainda não se conhece, mas ape-
nas pelo tempo necessário e suficiente para sua verificação pela própria razão e 
sensibilidade”. Por outras palavras, saber é o resultado da “experimentação do 
que se estuda e estudo do que se experimenta”.
Pensar... Eis a lição, válida para qualquer classe ou hierarquia de conhe-
cimento que se queira alcançar.
Assim, ao se fazer, para ele, a possibilidade de colaborar na formação de 
novos profissionais do Direito, ocorreu-lhe oferecer-lhes um modelo teórico 
e, ao mesmo tempo, dar-lhes uma orientação prática. Era a forma de fazê-los 
pensar. Era a forma de convidá-los a fazer esforços mais proveitosos. Era a forma 
de convidá-los a comprovar, por si mesmos, o que o professor evidenciava à sua 
razão; era a forma de estimulá-los a adquirir sua própria experiência.
Recordou-se nesta altura, também com gratidão, da lição do grande jurista 
mineiro Amílcar de Castro: “o melhor lente nem sempre é o mais culto e sim o 
que se mostra bom intermediário entre os livros e os alunos, sabendo transmitir 
facilmente a estes o que naqueles for selecionado com paciência e consciência”.
Assim, então, orientou, tanto quanto possível, de 1986 a 2011, o inter-
câmbio com seus alunos da Faculdade de Direito Milton Campos.
Aqui, portanto, nada mais que a reprodução – enriquecida agora pelo 
segundo autor, que o substituiu naquela Faculdade – desse intercâmbio de 
informações sobre o Direito Comercial, com vistas a colaborar com todos que, 
de uma forma ou de outra, trilham os mesmos caminhos.
NOTA DOS 
AUTORES
O objetivo, poder-se-á ver, foi – e continua sendo – o de tentar abrir 
o entendimento de cada um, para que a informação possa ser efetivamente 
captada, assimilada e, por fim, usada criativamente.
E aos que, de uma forma ou de outra, tornaram possível a oportunidade 
de desenvolver esta obra, nossa eterna gratidão.
Os Autores.
SUMÁRIO
PREFÁCIO HISTÓRICO, DE 2004 25
ADVERTÊNCIA 27
Capítulo 1 
HISTÓRIA DO DIREITO COMERCIAL – um breve relato 29
1. INTRODUÇÃO 31
2. ABRANGÊNCIA DO DIREITO COMERCIAL/EMPRESARIAL 32
3. CONCEITO DE COMÉRCIO 36
4. EVOLUÇÃO DO DIREITO COMERCIAL/EMPRESARIAL 39
5. DIVISÃO DO DIREITO PRIVADO 56
6. OBJETO DO DIREITO COMERCIAL/EMPRESARIALainda tanto a autonomia dos privados exigida por 
um ideário liberal”17, o que nos permite afirmar que permanecia perceptível a 
herança patrimonialista lusitana18, com a ausência de limites claros entre o pú-
blico e o privado, além de um imenso volume de leis que atribuem inúmeras 
funções ao Estado brasileiro, para que este assuma o protagonismo, para ser o 
“provedor” da vida de cada cidadão brasileiro19, com clara orientação paternalista. 
Doce (anos 1940), da Petrobrás (anos 1950), da Eletrobrás (anos 1960) e da Telebrás (anos 
1970). Além disso, a Constituição da República de 1988 dispõe sobre monopólios estatais – 
ainda que abrandados pela Emenda Constitucional n. 9/1995 –, e as participações em pessoas 
jurídicas de direito privado, tal como se vê na atuação do Banco Nacional de Desenvolvimento 
Econômico e Social – BNDES, via BNDESPAR. Em meados de 2020, o Estado brasileiro era 
sócio, via BNDESPAR, em diversas sociedades empresárias, desde as mais conhecidas Petróleo 
Brasileiro S.A. Petrobrás e Vale S/A, nos setores de petróleo, gás e mineração, passando pelo 
setor energético, v.g., Companhia Energética de Minas Gerais – CEMIG, chegando até a ter 
participação no setor imobiliário (MRV Engenharia e Participações S.A.), de papel e celulose 
(Suzano S.A.) e de bens de consumo (Bombril S.A.). Disponível em 
Acesso em 2/7/2020.
17 LOPES, José Reinaldo de Lima. A formação do direito comercial brasileiro. Cadernos Direito 
GV, v.4, n. 6. São Paulo: FGV, 2007, p. 17.
18 Lustosa da Costa é taxativo quanto a isso: “Da Coroa portuguesa à administração colonial, do 
Reino Unido ao Império brasileiro, da Independência à República, da política dos governadores da 
República Velha ao Estado Novo de Vargas, mantiveram-se intactos o regime patrimonialista e o poder 
do estamento.” In: Lustosa da Costa, Frederico. Relações Estado-Sociedade no Brasil: Repre-
sentações para Uso de Reformadores. Revista de Ciências Sociais, vol. 52, no 1, Rio de Janeiro, 
2009, pp. 161 a 199.
19 Tais constatações permitem afirmar que, no Brasil – apesar dos movimentos que podem ser 
alinhados às tendências liberais, identificados ao longo de nossa história, primeiro em defesa 
da independência, v.g., Inconfidência Mineira (1789) e a Revolução Pernambucana de 1817 
(Revolução dos Padres) e depois, em defesa da República, com alguns políticos se declarando 
liberais, assim como alguns partidos políticos –, houve apenas lampejos de liberalismo em 
momentos pontuais, tais como nas duas primeiras décadas do século XX e na última década 
dele, durante o curto governo do Presidente Itamar Franco (1992-1994), com a transição ao 
seu sucessor, Presidente Fernando Henrique Cardoso, que juntos, foram responsáveis pelo 
Plano Real, visando à estabilização da economia, diminuição de gastos públicos e equilíbrio 
das contas públicas. Nesses anos da década de 1990, houve privatizações de estatais, abertura 
ao capital estrangeiro, e o movimento de criação e intensificação das agências reguladoras, 
o que pode ser considerado um ponto de mudança do Estado interventor para regulador 
das atividades econômicas. Porém, nunca houve, efetivamente, a consolidação de um Estado 
liberal brasileiro, com um Estado necessário, mas com poderes limitados e funções que se 
ativessem à manutenção das instituições básicas (vida, saúde, liberdade e propriedade privada), 
mostrando-se um governo no seu papel como um meio, um instrumento, “nem um distribuidor 
de favores e doações nem um senhor ou um deus para ser cegamente servido e idolatrado”, conforme 
alerta Friedman, logo na introdução de sua obra Capitalismo e Liberdade. Isso não é, nem 
nunca foi, a realidade brasileira. O que se vê é uma “economia mista” – expressão usada por 
Mises –, significando que o Governo atua na área econômica, com participação em sociedades 
empresárias e, até mesmo, participando da gestão delas. O referido autor austríaco relata que 
essa realidade é a de muitos países, mesmo os tidos como mais liberais, pois, segundo ele, o 
programa liberal não é totalmente executado, o que costuma se revelar em um socialismo 
moderado (MISES, Ludwig von. Liberalismo - segundo a tradição clássica. 2 ed. Trad. Haydn 
Coutinho Pimenta. São Paulo: Instituto Ludwig von Mises Brasil, 2010, p. 34).
45
A consideração das características político-econômicas do Brasil, desde o ano 
1.500, é importante para o entendimento da evolução histórica do comércio 
e do Direito Comercial em nosso País; afinal, conforme alertam importantes 
economistas, tanto da Escola Austríaca – Mises afirma que “eventos políticos são 
a consequência inevitável da mudança das políticas econômicas”20 –, como também 
da Escola de Chicago – Friedman ensina que “existe uma relação íntima entre 
economia e política”21 –, para entendermos a economia, o mercado, o empreen-
dedorismo e as Leis de um país, é preciso relacionar isso com política daquele 
Estado e as tentativas de intervenção, maiores ou menores, para distorção do 
mercado ou impedimento de seu funcionamento normal.
O ano de 1822 nos traz, em setembro, a Independência de Portugal e, 
no ano seguinte, a convocação da Assembléia Constituinte e Legislativa que, 
instalada, promulgou a famosa “Lei de 20 de outubro”, determinando que 
continuassem em vigor, no Império, as leis portuguesas vigentes em 25 de 
abril de 1821. Entre elas, a “Lei da Boa Razão”, de 18/8/1769, que permitiu 
a invocação de normas legais “das nações cristãs, iluminadas e polidas, que com 
elas estavam resplandecendo na boa, depurada e sã jurisprudência”. É dizer: 
era possível, agora, a invocação do Direito estrangeiro como subsidiário do 
lusitano, que passava a ser também brasileiro. Aí, a importância, para nós, da 
“Lei da Boa Razão”.
Mas, na questão econômica, é certo que as mudanças tenderiam a ser 
mais lentas e gradativas, conforme explica Carvalho:
“À época da independência, a economia colonial podia ser descrita 
de maneira simplificada. Era composta por: grandes latifúndios vol-
tados para a produção de mercadorias exportáveis, como o açúcar, o 
tabaco, o algodão; fazendas dedicadas à produção agropecuária para 
o mercado interno (cereais, leite e carne) e à criação de gado, estas 
últimas sobretudo no norte e no sul; e centros mineradores já em 
fase de decadência. Acrescente-se ainda grande número de pequenas 
propriedades voltadas para a agricultura e a pecuária de subsistência. 
Nas cidades costeiras, capitais de províncias, predominavam o grande 
e o pequeno comércio. Os comerciantes mais ricos eram os que se 
dedicavam ao tráfico de escravos.”22
À vista, porém, daquele sentimento, em 1832, a Regência nomeou uma 
comissão de comerciantes para se desincumbir da tarefa de elaborar um projeto 
de Código Comercial para o Brasil. Em 1834, ele foi enviado à Câmara. Foram 
muitas dúvidas e debates suscitados e vale destacar os questionamentos feitos 
pelo então Senador Mineiro Bernardo Pereira de Vasconcelos:
20 MISES, Ludwig von. As seis lições. Trad. Maria Luiza Borges. 9ª ed., São Paulo: Instituto 
Ludwig von Mises Brasil, 2018, p. 153.
21 FRIEDMAN, Milton. Capitalismo e Liberdade. Rio de Janeiro: LTC, 2014, p. 4.
22 CARVALHO, José Murilo de. Fundamentos da sociedade e política brasileiras. In: Sistema Político 
Brasileiro: uma introdução. São Paulo: Unesp, 2007, p.19-31.
46
“E o que são os negócios comerciais? Dizem os nossos compêndios 
porque se aprende na aula do comércio – que o comércio consiste 
em vender e revender para se fazer lucro; – mas será comércio só 
vender e revender? Não haverá muitos outros atos acessórios, que se 
devam considerar como comércio?”23.
Conforme sugere Lopes, aparentemente “temia-se uma colonização de todo o 
direito privado pelo direito comercial”24, vez que os debates envolviam os comerciantes 
brasileiros, o grande número de comerciantes estrangeiros, os que praticavam a 
mercancia no interior e os que se concentravamno litoral, dedicados ao comércio 
marítimo, o que causou inúmeros debates ao longo dos anos 1840.
Mas somente em 25/6/1850 foi sancionada a Lei n. 556, que promulgou 
o Código Comercial brasileiro, verdadeiro monumento de técnica legislativa. 
Serviram-lhe de parâmetro (fonte) o Código Napoleônico, de 1807; o espanhol, 
de 1829; e o português, de 1833.
E no próprio ano de 1850 foi ele regulamentado. Essa lei adjetiva ficou 
conhecida com o nome de “Regulamento 737”, outro monumento de nossa 
legislação, que já não está em vigor.
Daquela data até hoje, o Código Comercial vem sofrendo profundas mo-
dificações, via leis esparsas. Já não existem, desde 1875, os Tribunais do Comércio, 
cuja competência, judicante, passou ao Judiciário; as sociedades anônimas têm lei 
específica; as normas sobre as quebras (falências) sofrem profundas modificações, só 
para exemplificar. Consequentemente, trata-se de lei que, há muito, está a exigir total 
revisão. Anteprojetos já foram elaborados, mas até hoje e, pelo visto, por mais um 
bom tempo, continuaremos com a que está em vigor ou, pelo menos, parte dela, vez 
que a Lei n. 10.406, de 2002, disciplinando-a de modo diferente, acabou revogando, 
expressamente, a primeira parte (arts. 1º ao 456) do nosso Código Comercial. 
Da mesma forma, a economia brasileira sofreu profundas modificações nos 
últimos dois séculos, especialmente a partir do início da década de 1930, pois a 
crise de 1929 e a Segunda Guerra Mundial fizeram com que o Brasil intensificasse 
o movimento de substituição de importações pela produção dos bens. Carvalho25 
exemplifica com a implantação da indústria automobilística nos anos 1950, e com 
a produção de máquinas e equipamentos, vinte anos mais tarde, o que evidenciou 
um traço diferente na economia nacional, deixando de ser essencialmente agríco-
la – sem que isso signifique desconsiderar o importante papel do agronegócio –, 
dividindo espaço com a fabricação e exportação de bens industrializados, além dos 
serviços. Tais mudanças estão diretamente ligadas ao êxodo rural ocorrido nas últimas 
décadas, vez que, atualmente, a maioria da população brasileira reside e trabalha nos 
centros urbanos, em atividades industriais, comerciais e de prestação de serviços.
23 LOPES, José Reinaldo de Lima. A formação do direito comercial brasileiro. Cadernos Direito 
GV, v.4, n. 6. São Paulo: FGV, 2007, p. 29.
24 LOPES, José Reinaldo de Lima. A formação do direito comercial brasileiro. Cadernos Direito 
GV, v.4, n. 6. São Paulo: FGV, 2007, p. 29.
25 CARVALHO, José Murilo de. Fundamentos da sociedade e política brasileiras. In: Sistema Político 
Brasileiro: uma introdução. São Paulo: Unesp, 2007, p.19-31.
47
Também é importante pontuar, nesse contexto, mesmo que brevemente, 
as questões de Ordem Econômica Constitucional, dispostas nos arts. 170 a 192, 
da Constituição da República de 1988. Não é nossa intenção propor um apro-
fundamento dos estudos de Direito Constitucional – vez que o presente Curso 
não se destina a isso –, mas cumpre notar que, naqueles artigos, especialmente 
no art. 170, há importantes princípios, relacionados à atividade empresarial. 
Por isso, destaca-se o art. 170 dispõe, in verbis:
“Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho hu-
mano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, 
conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
I - soberania nacional;
II - propriedade privada;
III - função social da propriedade;
IV - livre concorrência;
V - defesa do consumidor;
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento dife-
renciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de 
seus processos de elaboração e prestação; (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
VII - redução das desigualdades regionais e sociais;
VIII - busca do pleno emprego;
IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte consti-
tuídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no 
País. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 6, de 1995)
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer 
atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos 
públicos, salvo nos casos previstos em lei.”
Da leitura do referido artigo, podemos perceber que a Ordem Econômica 
brasileira deve ter como fundamentos a valorização do trabalho humano e a 
livre iniciativa – em estrita consonância com o art. 1° da Carta Magna, que os 
elencam como princípios fundamentais do próprio Estado brasileiro –, com o 
objetivo de assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça 
social. Mais: em seu parágrafo único, está expressa a vedação à limitação ao livre 
exercício de atividade econômica, tanto por pessoa natural, como também por 
pessoa jurídica, salvo nos casos em que a Lei vedar ou restringir, expressamente. 
Não obstante, “mesmo a previsão de ressalvas legais à garantia de livre empreendimento 
(liberdade de exercer qualquer atividade econômica) tem limites”26, pois os impedimentos 
e restrições não devem ser desarrazoados, desproporcionais, sob pena de afronta 
26 MAMEDE, Gladston. Direito empresarial brasileiro: empresa e atuação empresarial. 7 ed.. São 
Paulo: Atlas, 2013, p. 40.
48
às garantias previstas na Constituição. Beccaria já alertava quanto a isso, no sé-
culo XVIII: “cada cidadão deve ter a convicção de poder fazer tudo o que não contraria 
as leis, sem temer outro inconveniente além daquele que pode resultar da ação mesma”.27 
Afinal, devemos sempre ter em mente que a riqueza é produzida pelas pessoas 
que, exercendo sua liberdade, inventam, produzem, compram, vendem, poupam 
parte de sua renda para posteriores negócios e investimentos etc., exercendo 
individualmente, dentre outros direitos, o de propriedade, com interações vo-
luntárias que propiciam o que se pode chamar de cooperação em larga escala28.
Mas, no atual estágio do Brasil, é clara a mistura de ideias: um Estado 
menor, garantindo as liberdades individuais, consagradas no art. 5°, da CR/88, 
v.g., igualdade, liberdade, propriedade, vida privada etc., convivendo com um 
Estado protagonista, conforme se vê nos arts. 6° e 7°, da CR/88, que tratam 
dos direitos sociais. Entretanto, é indubitável que nossa atual Constituição 
estabelece “diretrizes voltadas também para o eficiente funcionamento do mercado, de 
forma a viabilizar o pleno exercício privado da atividade empresarial”29.
Essas diretivas poderiam sugerir uma aparente contradição, ao propor, 
simultaneamente, uma forma econômica capitalista – valorizando a proprieda-
de privada dos meios de produção e a livre iniciativa –, e o intervencionismo 
sistemático estatal, visando resultados socializadores, característica que remete 
à Constituição de Weimar, na Alemanha, de 1919, por ser um marco constitu-
cional relativo à inserção da ordem econômica em seu texto, relacionando-a 
à existência digna30.
Mas, antes de uma reflexão sobre tais aspectos, oportuno ter em mente 
o alerta do Ministro Luis Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, 
feito no encerramento do Congresso Brasileiro de Direito Comercial, em 
São Paulo, em 2014:
“Precisamos superar o preconceito e a desconfiança que ainda exis-
tem no Brasil em relação ao empreededorismo e à iniciativa privada. 
Temos um capitalismo envergonhado. Ser progressista significa querer 
distribuir as riquezas de forma mais justa. Mas a história provou que, 
ao menos no atual estágio da condição humana, a iniciativa privada 
27 BECCARIA, Cesare. Dos delitos e das penas. Trad. Lucia Guidicini e Alessandro Berti Contessa. 
2 ed. 3 tir. São Paulo: Martins Fontes, 1998, p. 56.
28 PALMER, Tom G. Por que ser libertário?. In: Por que liberdade? Trad. Matheus Pacini, rev. Vi-
nícius Cintra. Ottawa, IL, USA: Students for Liberty & The Atlas Network/ Jameson Books Inc.. 
2013, p. 5-13.
29 PIMENTA, Eduardo Goulart. Direito societário. 2 ed. atual. e ampl., Belo Horizonte: Expert. 
2020, p. 36.
30Constituição de Weimar, art. 151, caput: “A organização da vida econômica deve cor-
responder aos princípios da justiça e ter como objetivo a garantia de uma existência 
humana digna a todos. Dentro destes limites, a liberdade econômica do indivíduo deve 
ser assegurada” (tradução livre). Texto original: “Die Ordnung des Wirtschaftslebens muss 
den Grundsätzen der Gerechtigkeit mit dem Ziele der Gewährleistung eines mens-
chenwürdigen Daseins für alle entsprechen. In diesen Grenzen ist die wirtschaftliche 
Freiheit des einzelnen zu sichern”.
49
é melhor geradora de riquezas do que o Estado. Trata-se de uma 
constatação e não de uma opção ideológica. Precisamos aceitar esta 
realidade e pensar a vida a partir dela.”31
A partir disso, insta perguntar: falar em propriedade privada e livre ini-
ciativa implica ausência completa de intervenção estatal? Pensamos que não. 
A livre iniciativa, em nosso atual Ordenamento jurídico, não pode ser tratada 
como laissez-faire32, pois em que pese o sistema capitalista, nossa Constituição 
da República de 1988 positiva, concomitantemente, princípios sociais. Assim, 
a propriedade privada deve ser protegida, mas deve cumprir uma função social, 
com seu uso adequado e racional, em respeito à comunidade onde se insere, a 
fim de harmonizar tais princípios com a existência digna, que é a finalidade da 
Ordem Econômica, prevista na CR/1988, de forma que os interesses públicos 
e privados – aparentemente dissonantes –, sejam harmonizados, visando garantir 
direitos individuais, valorizando a justiça social. 
Como fazer isso? Pensamos que conciliando interesses do empresário com 
a sociedade em geral, seja seus empregados, seus clientes, seus concorrentes etc., 
sem que a livre iniciativa seja tratada como sinônimo de liberdade econômica33 
absoluta; não, nos moldes de nossa atual Constituição da República. Mesmo 
porque não se tratam de princípios absolutos, de forma que devem ser pon-
derados com as questões públicas, para “neutralizar ou reduzir as distorções que 
possam advir do abuso da liberdade de iniciativa”34. Somado a isso, é fácil perceber 
que os princípios, dispostos no mencionado art. 170, não guardam “homoge-
neidade funcional”. Ademais, o art. 173 dispõe que o Estado poderá promover a 
exploração direta de atividade econômica “quando necessária aos imperativos da 
segurança nacional ou a relevante interesse coletivo”. 
Assim, pensamos que o desafio brasileiro, nos termos de nossa atual 
Constituição da República, é buscar a harmonização desses princípios, indi-
viduais e sociais (propriedade privada dos meios de produção x função social 
31 BARROSO, Luis Roberto. Estado e livre iniciativa na experiência constitucional brasileira. Apon-
tamentos para a conferência de encerramento do Congresso Brasileiro de Direito Comercial, 
São Paulo, 11 de abril de 2014.
32 Laissez-faire é uma expressão francesa que pode ser traduzida como “deixar fazer”, di-
retamente associada à economia liberal, que propõe que Estado não deve interferir no 
funcionamento do mercado, limitando-se a proteger, basicamente, a Lei e a ordem.
33 Mises explica que o sistema de liberdade econômica “é a economia de mercado, é o sistema em 
que a cooperação dos indivíduos na divisão social do trabalho se realiza pelo mercado”, em que todos 
prestam serviços entre si, em diferentes funções e carreiras, frisando que o mercado não é 
um lugar, mas, sim, “um processo, é a forma pela qual, ao vender e comprar, ao produzir e consumir, as 
pessoas estão contribuindo para o funcionamento global da sociedade”, podendo, inclusive, mudarem 
seu status ao longo desse processo, de forma que “num sistema desprovido de mercado, em que o 
governo determina tudo, todas essas outras liberdades [de expressão, de pensamento, de culto, de imprensa 
etc.] são ilusórias, ainda que postas em forma de lei e inscritas na constituição”. In: MISES, Ludwig 
von. As seis lições. Trad. Maria Luiza Borges. 9ª ed., São Paulo: Instituto Ludwig von Mises 
Brasil, 2018, p. 55/56.
34 BARROSO, Luis Roberto. A Ordem Econômica Constitucional e os limites à atuação estatal no 
controle de preços. Revista de Direito Administrativo. v. 226, Rio de Janeiro: FGV, 2001, p. 187-212.
50
da propriedade; liberdade contratual x dirigismo contratual), sempre tendo 
em conta o alerta de Barroso, no sentido de que o Estado não pode pretender 
subverter os papéis de cada um na Economia e pretender que a iniciativa pri-
vada renuncie ao lucro e, em lugar dele, “oriente sua atividade para a consecução 
dos princípios-fins [v.g., existência digna, diminuição das desigualdades sociais 
etc. ] da ordem econômica como um todo, com sacrifício da livre-iniciativa”, pois isso 
seria dirigismo. E continua seu raciocínio, exemplificando:
“O Poder Público não pode supor, e.g., que uma empresa esteja 
obrigada a admitir um número x de empregados, independentemente 
de suas necessidades, apenas para promover o pleno emprego. Ou 
ainda que o setor privado deva compulsoriamente doar produtos para 
aqueles que não têm condições de adquiri-los, ou que se instalem 
fábricas obrigatoriamente em determinadas regiões do País, de modo 
a impulsionar seu desenvolvimento.”35
Mamede faz importante alerta:
“A submissão da empresa ao regime jurídico do Direito Privado 
não é apenas uma simples localização temática ou, menos ainda, uma 
questão meramente teórica. É um princípio jurídico que subsiste à 
sombra dos princípios da livre iniciativa e da propriedade privada. 
[...] A lógica jurídica e econômica da empresa corresponde ao espaço 
privado da sociedade, não ao seu espaço público. A empresa atende, 
imediatamente, aos interesses de seus titulares, servindo à busca do 
lucro. Apenas mediatamente submete-se ao interesse público.”36
Podemos concluir que o Estado deve respeitar esses limites, de forma 
que o Direito deve proteger a empresa e o mercado, para que não se tenha 
a transferência indiscriminada, desproporcional, dos deveres públicos ao par-
ticular, como se este fosse o responsável por garantir e executar os interesses 
públicos. A função social, frise-se, não deve ser confundida com o fim social 
do empresário, que é a obtenção do lucro, de forma lícita. Conforme exposto 
anteriormente, ao pensarmos na função social que o empresário desempenha, 
não devemos relacionar tal tema à ideia de que aquele deva abrir mão do lucro 
para servir ao povo altruisticamente37; mas se refere ao respeito à coletividade, 
que pode ser evidenciado na atuação positiva do empresário (pessoa natural ou 
jurídica) para o desenvolvimento da economia, a partir da geração de empregos, 
da contratação de fornecedores e prestadores de serviços, da produção e/ou 
circulação de bens ou de serviços, da inovação, mas usando esses recursos da 
35 BARROSO, Luis Roberto. A Ordem Econômica Constitucional e os limites à atuação estatal no 
controle de preços. Revista de Direito Administrativo. v. 226, Rio de Janeiro: FGV, 2001, p. 187-212.
36 MAMEDE, Gladston. Direito empresarial brasileiro: empresa e atuação empresarial. 7 ed.. São 
Paulo: Atlas, 2013, p. 42.
37 MISES, Ludwig von. Intervencionismo, Uma Análise Econômica. 2 ed. São Paulo: Instituto Ludwig 
von Mises Brasil, 2010, p. 80.
51
forma como lhe aprouver e em prol de sua atividade econômica; tudo isso revela 
o importante papel do empresário para a sociedade, para a coletividade, tanto 
que se tem o princípio da preservação da empresa, justamente para garantir 
essa função social de uma sociedade empresária. Mas, sempre tendo em mente 
que a liberdade de iniciativa deve se sobrepor à burocracia, pois o fim almejado 
pelos empresários é o lucro, enquanto o ambiente burocrático, conforme alerta 
Mises, tende a causar gastos supérfluos, em razão da dificuldade de se fazer 
avaliações, próprias de uma organização empresarial, tal como sua contabilidade 
e escrituração a fim de se calcular os lucros e perdas, por exemplo, bem como 
dos critérios formais de seleção, nomeação e promoção das pessoas envolvidas, 
distintosdos que são feitos pela iniciativa privada38. O empresário deve exercer 
sua empresa com liberdade, sem ter que se preocupar mais com os desejos e 
caprichos formais a ele impostos – para evitar sanções negativas –, do que com 
sua atuação econômica na busca pelo lucro, conforme alerta Mises, sob pena o 
empresário burocratizar o seu negócio39. Afinal, ensina o festejado economista, 
“nenhuma empresa privada, qualquer que seja o tamanho, pode tornar-se burocrática, 
na medida em que é total e unicamente operada em bases lucrativas” (sic), de maneira 
que se o empresário tiver que atender a “preconceitos políticos e à suscetibilidade 
de todos os tipos”, vale dizer, cedendo ao intervencionismo simplesmente para 
ter que “evitar que seja continuamente importunada por vários órgãos estatais”, com 
o tempo, ele perceberá que “não está mais em condições de basear seus cálculos sobre 
o sólido princípio de lucros e perdas”40.
Dessa forma, estando mais claros os papéis do Público (Estado) e do 
Privado (empresários e empreendedores) na questão econômica, oportuna a 
observação de Gomes:
“Nesse contexto, assumem grande importância a livre-iniciativa e a livre 
concorrência, revelando-se como princípios norteadores do desenvol-
vimento regular da atividade empresarial pelo setor privado no país.”41
Resta claro que a atividade empresarial e o próprio Direito Comercial 
se fundam na liberdade de iniciativa – observados os limites da licitude –, por 
serem garantias constitucionais que devem não somente nortear as Leis infra-
constitucionais, como também favorecer e promover o empreendedorismo no 
38 MISES, Ludwig von. Liberalismo segundo a tradição clássica. 2 ed., trad. Haydn Coutinho Pimenta 
São Paulo: Instituto Ludwig von Mises Brasil, 2010, p. 120/122.
39 Há autores, contudo, que defendem o contrário, alegando que, no século XXI, o empresário 
deve agir pautado pela sustentabilidade, aceitação social, redução das desigualdades etc., a fim 
de aumentar a própria reputação. (NALINI, José Renato. Ética empresarial. In: Coletânea da 
atividade negocial/ org.: André Guilherme Lemos Jorge et al. – São Paulo: Universidade 
Nove de Julho - UNINOVE, 2019, p. 221/227).
40 MISES, Ludwig von. Liberalismo segundo a tradição clássica. 2 ed., trad. Haydn Coutinho Pimenta 
São Paulo: Instituto Ludwig von Mises Brasil, 2010, p. 122.
41 GOMES, Fábio Bellote. Manual de Direito Empresarial. 4 ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: 
RT, 2013, p. 46.
52
Brasil. Afinal, “no plano da Constituição de 1988, a liberdade é consagrada, principio-
logicamente, como fundamento da República Federativa do Brasil e como fundamento 
da ordem econômica”42, que se revela de diferentes formas na atividade negocial, 
v.g., liberdade de iniciativa, liberdade de comércio e indústria, liberdade de 
concorrência, liberdade contratual etc.. E, conforme alerta Pimenta, a empresa 
e o mercado livre “dependem da intervenção normativa sobre o funcionamento deles, 
de modo a corrigir suas inevitáveis falhas e moldar-lhes o exercício conforme os valores 
prevalentes à época”43. O Estado é importante para determinar o que Friedman 
denomina “regras do jogo” – o mercado deve ser impessoal, sem rivalidades 
pessoais, para ser competitivo realmente –, mas sem que aquele tenha que par-
ticipar diretamente do jogo, atuando como um árbitro e mantendo as regras 
em vigor, de forma a evitar a coerção de um indivíduo por outro, a propiciar 
a execução dos contratos que foram celebrados voluntariamente, a evitar a 
criação e manutenção de monopólios – para garantir, efetivamente, a liberdade 
de troca, de outros atuarem no mesmo ramo –, etc.44.
Pensamos que, visando garantir essa ideia, o Constituinte inseriu os incisos 
do art. 170, destacados acima, para que, a partir de seu entendimento e aplica-
ção adequada, o operador do Direito possa definir, claramente, quais seriam as 
práticas econômicas e empresariais nocivas ao modelo Constitucional e quais 
normas infraconstitucionais tendem a assegurar o modelo Constitucional, vez 
que, nos termos do art. 173, da CR/88, é poder-dever do Estado reprimir abusos 
do poder econômico e atos de concorrência desleal, não só do Direito Comer-
cial, como também do Direito Econômico. Assim, ao se falar, por exemplo, em 
garantir o direito subjetivo à livre concorrência, surge concomitantemente, o 
dever jurídico de não agir de forma desleal, anticoncorrencial, afetando não 
só os concorrentes diretos, como também o mercado, o consumidor.
Voltando os olhos mais especialmente ao Direito Comercial, um impor-
tante princípio é o da livre iniciativa, que nas palavras do Ministro Barroso, 
“pode ser decomposto em alguns elementos que lhe dão conteúdo, todos eles desdobrados 
no teto constitucional”45, vinculando-o à propriedade privada (CR/88, art. 5°, 
XXII), à liberdade de empresa, à livre concorrência e à liberdade para contratar 
(CR/88, art. 5°, II). 
Várias dessas questões serão trabalhadas ao longo dos próximos Capítulos 
deste Curso, mas a título meramente exemplificativo e didático, vejamos o 
quadro abaixo:
42 GRAU, Eros Roberto. Princípios da ordem econômica e empresa. In: Coletânea da atividade 
negocial/ org.: André Guilherme Lemos Jorge et al. – São Paulo: Universidade Nove de 
Julho - UNINOVE, 2019, p. 20.
43 PIMENTA, Eduardo Goulart. Direito societário. 2 ed. atual. e ampl., Belo Horizonte: Expert. 
2020, p. 28.
44 FRIEDMAN, Milton. Capitalismo e Liberdade. Rio de Janeiro: LTC, 2014.
45 BARROSO, Luis Roberto. A Ordem Econômica Constitucional e os limites à atuação estatal no 
controle de preços. Revista de Direito Administrativo. v. 226, Rio de Janeiro: FGV, 2001, p. 187-212.
53
Princípio Constitucional Ato analisado Norma Infraconstitucional
Propriedade Privada 
(CR/88, art. 170, II)
Proteção conferida ao titular de 
marca ou de patente;46
Proteção à responsabilidade limi-
tada de sócio;47
Lei n°. 9.279/96
Lei n°. 10.406/2002
Lei n°. 6.404/1976
Função social da propriedade 
(CR/88, art. 170, III)
Proteção conferida ao ponto co-
mercial, na locação comercial;48
Preservação da empresa;49
Lei n°. 8.245/91
Lei n°. 10.406/2002
Livre concorrência
(CR/88, art. 170, IV)
Criação da Empresa Individual 
de Responsabilidade Limitada;50
Proteção ao nome empresarial 
e à marca;51
Lei n°. 10.406/2002
Lei n°. 10.406/2002 e Lei n°. 9.279/96
Outros atos tem sua situação mais complexa e entrelaçada com um ou mais 
princípios, tal como acontece com a proteção às Microempresas e Empresas 
de Pequeno Porte52. A priori, tal proteção poderia ser considerada contrária à 
livre concorrência, mas esse choque seria apenas aparente, pois a intenção é 
proteger as pessoas que possuem menores condições de competitividade no 
mercado, se comparadas aos grandes empresários e conglomerados, para que, 
dessa maneira, seja efetivada a liberdade de concorrência e de iniciativa. 
Orientados por esses princípios, consagrados a partir de 1988, vencidos o 
preconceito e a desconfiança em relação à iniciativa privada, podemos passar 
à nossa atual legislação.
Com isso – o advento do Código Civil de 200253 – mudou-se o foco 
do Direito Comercial brasileiro: o que interessa, agora, é a empresa (atividade 
46 Sobre Marcas e Patentes, veja-se especialmente os Capítulos 9 e 11.
47 Sobre a proteção à responsabilidade limitada do sócio, veja-se especialmente os Capítulos 5 e 13.
48 Sobre a proteção conferida ao ponto comercial, na locação comercial, veja-se especialmente 
o Capítulo10.
49 Sobre a preservação da empresa, veja-se especialmente os Capítulos 10 e 13.
50 Sobre a EIRELI, veja-se especialmente o Capítulo 5.
51 Sobre a proteção ao nome empresarial e à marca, veja-se especialmente os Capítulos 8 e 9.
52 Sobre Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, veja-se especialmente o Capítulo 4.
53 O Código Civil brasileiro, de 2002, em seu Livro II, pode ser entendido, em síntese, como 
uma cópia do pensamento fascista de Benito Mussolini, que, tal como alertado pelo festeja-
do Prof. Wille Duarte Costa, no prefáciohistórico desta obra, não gostava de comerciantes 
e da atividade mercantil. Afinal, dentre as características atribuídas ao regime fascista, por 
estudiosos do tema – v.g., Renzo de Felice e Emilio Gentile –, estão a busca por um Estado 
forte, em contraposição ao liberalismo, à mentalidade liberal – criticada por Alfredo Rocco, 
jurista que foi ministro da justiça de Benito Mussolini –, com adoção de medidas populistas, 
direcionadas a combater o livre mercado; organização da classe trabalhadora, com forte apoio 
54
econômica organizada), exercida, profissionalmente, por um empresário ou por uma 
sociedade empresária (para a produção ou a circulação de bens ou de serviços) e 
não mais a prática de atos de comércio. Mas, apesar dessa mudança de foco, a Lei n. 
10.406/2002 não definiu a empresa; definiu o empresário e a sociedade empre-
sária. De qualquer forma, com essa mudança de foco, nosso Direito Comercial 
se afastou da “teoria dos atos de comércio”, criada pelos franceses, e abraçou a 
“teoria da empresa”, criada pelos italianos; saiu da chamada fase “objetivista”, 
determinada pelo Regulamento n. 737, e entrou, novamente, na fase “subjetivis-
ta”; uma fase “subjetivista mais que moderna” (para não se confundir com a fase 
“subjetivista moderna”, própria do processo de evolução do Direito Comercial 
no mundo), uma fase subjetivista contemporânea, diferente, com característica 
própria, onde a figura central, na verdade, é o empresário e a sociedade empresária, 
sujeitos de direito; não a empresa, que não é sujeito, mas objeto, vez que exercida por 
um empresário ou por uma sociedade empresária. Por outras palavras, não é a empresa 
quem faz a produção ou a circulação de bens ou serviços; é o empresário ou a 
sociedade empresária, por intermédio da empresa. O sujeito, pois, não há dúvida, é 
o empresário ou a sociedade empresária (Lei n. 10.406/2002, arts. 966 e 982). 
Aí, portanto, o porquê de termos falado em fase subjetivista mais que moderna, 
contemporânea, diferente. E aí, também, a razão de muitos quererem, agora, 
chamar o Direito Comercial de “Direito Empresarial”. De notar, entretanto, 
que o Código Civil brasileiro, de 2002, não fez essa alteração de nome e nem 
a autorizou; apenas chamou a si, por opção do legislador, a competência para 
disciplinar uma parte da matéria comercial; parte que ele denominou “direito 
de empresa”; não, “direito empresarial”. Apenas isso; nada mais. Mesmo porque 
não está definido, ali, todo o objeto, todo o conteúdo do Direito Comercial. 
O que, no Código Civil de 2002, se chama “direito de empresa” é apenas uma 
pequena parte do conteúdo do Direito Comercial brasileiro. Por conseguinte, 
inadmissível para nós, pelo simples fato de ter vindo à luz o Código Civil de 
2002, a pretendida alteração do nome desse ramo do Direito.
No primeiro semestre de 2019 foi editada a Medida Provisória n. 881, 
com o objetivo de “instituir a Declaração de Direitos de Liberdade Econômica e 
estabelecer garantias de livre mercado, conforme determina o art. 170 da Constituição 
Federal”, conforme se vê em sua exposição de motivos, que também enalteceu 
que “a liberdade econômica é cientificamente um fator necessário e preponderante para o 
desenvolvimento e crescimento econômico de um país”, de forma a valorizar o empre-
endedorismo, a livre iniciativa, a presunção de boa-fé na atividade econômica, 
no intuito de diminuir a intervenção do Estado, especialmente nas atividades 
consideradas de baixo risco de causar danos.
aos sindicatos, para que atuem junto ao Governo, que tende a implementar uma legislação 
trabalhista com grande proteção ao trabalhador, para evitar a ameaça do grande capital; e, 
finalmente, a idolatria por um líder com imagem vinculada à classe operária. Diante dessas 
características, é fácil concluir que o pensamento fascista não valorizava o comerciante e a 
atividade comercial. Afinal, conforme destaca o economista Mises, o programa econômico 
da Itália de Mussolini era “totalmente antiliberal e a política econômica totalmente intervencionista” 
(MISES, Ludwig von. Liberalismo - segundo a tradição clássica. 2 ed. Trad. Haydn Coutinho 
Pimenta. São Paulo: Instituto Ludwig von Mises Brasil, 2010, p. 75).
55
Dentre as propostas mais relacionadas aos temas de Direito Comercial, 
estavam a reforma de regras referentes à Empresa Individual de Responsabili-
dade Limitada (EIRELI), mudanças relacionadas às sociedades anônimas e ao 
mercado de capitais, favorecendo a adesão de empresários de menor porte, a 
criação da sociedade limitada unipessoal, bem como alterações relacionadas ao 
Registro Público de Empresas Mercantis.
Após os debates do Congresso Nacional, a referida Medida Provisória 
n. 881 foi sancionada, em 20 de setembro de 2019 (Lei n. 13.874/2019), mais 
conhecida como “Lei da Liberdade Econômica”. A essência da nova Lei pode 
ser vista logo em seu art. 1°, que destaca:
• “proteção à livre iniciativa e ao livre exercício de atividade econômica” (art. 1º, caput);
• “atuação do Estado como agente normativo e regulador, nos termos do inciso IV 
do caput do art. 1º, do parágrafo único do art. 170 e do caput do art. 174 da 
Constituição Federal” (art. 1º, caput);
• interpretação “em favor da liberdade econômica, da boa-fé e do respeito aos 
contratos, aos investimentos e à propriedade todas as normas de ordenação pública 
sobre atividades econômicas privadas” (art. 1º, § 2º).
Para tanto, foram expressos os princípios que norteiam a Liberdade Eco-
nômica, no art. 2º, in verbis:
“I - a liberdade como uma garantia no exercício de atividades econômicas;
II - a boa-fé do particular perante o poder público;
III - a intervenção subsidiária e excepcional do Estado sobre o exercício 
de atividades econômicas; e
IV - o reconhecimento da vulnerabilidade do particular perante o Estado.
Parágrafo único. Regulamento disporá sobre os critérios de aferição 
para afastamento do inciso IV do caput deste artigo, limitados a questões 
de má-fé, hipersuficiência ou reincidência.”
Há outras questões relevantes, relacionadas ao Código Civil, tal como o art. 
7°, sobre as mudanças relacionadas ao instituto da desconsideração da personalidade 
jurídica, e que são tratadas em tópico específico, no Capítulo 13, item 8.3. Mas, 
o referido art. 7° apresenta outras alterações importantes, relativas ao art. 421, do 
Código Civil, que enaltece os princípios da liberdade contratual e da função social 
dos contratos54, que se relacionada à importância do contrato para a sociedade; bem 
como a inserção do art. 421-A, que trata interpretação dos contratos. Trata, também, 
da distinção patrimonial da Empresa Individual de Responsabilidade Limitada, com 
a inserção do § 7º, ao art. 980-A, analisadas em tópico específico, no Capítulo 5, 
54 CC, art. 421: “A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do contrato.
 Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerão o princípio da intervenção 
mínima e a excepcionalidade da revisão contratual.” 
56
item 6.2., além de instituir a sociedade limitada unipessoal, que será abordada no 
Capítulo 13, item 6.6., todos deste Curso. Tais mudanças, dentre outras inseridas 
pela Lei da Liberdade Econômica (Lei n. 13.874/2019), visam à melhoria do 
ambiente de negócios no Brasil, o que é imprescindível para o desenvolvimento 
econômico e social, “porque são os empreendedores que geram emprego e renda 
para a população, e não o Estado”55, conforme importante alerta de Ramos.
Pode-se concluir, pois, que o chamado Direito Comercial – também de-
nominado empresarial, de negócios, mercantil etc. –, está em constante mutação, 
apesar de manter, ao longo de séculos, suas características e sua autonomia. Con-
forme sintetizado por Adeodato, “a dinâmica da empresa é diretamente proporcional 
às modificações aceleradas por que passa a economia”56, sendo um fenômeno que pode 
ser considerado iniciado na Idade Média – como um direito próprio dos comer-
ciantes –, passando pela revolução burguesa e evoluindodesde a teoria francesa 
dos atos de comércio até a teoria italiana da empresa, indo muito além da mera 
mudança na nomenclatura ou na denominação desse ramo do Direito Privado.
5. DIVISÃO DO DIREITO PRIVADO
Como já sabemos, o Direito Comercial surgiu porque o Direito Comum 
(Civil) não foi capaz de satisfazer as necessidades mercantis.
Consequentemente, a divisão ou dicotomia do Direito Privado se 
deu em função de necessidades sociais. Considerando que o Direito Co-
mum ou Civil não tinha o sentido prático, a versatilidade, o informalismo 
que o comércio exigia, os comerciantes, por intermédio de suas corporações, 
criaram um Direito próprio, capaz de atender às suas necessidades. Assim se 
explica ou se justifica, pois, a divisão do Direito Privado, que não raras vezes é 
combatida, com veemência, por muitos e famosos doutrinadores, que a con-
sideram contrária à lógica e à ciência.
Mas já que houve a divisão, como justificar, hoje, a autonomia do Direito 
Comercial diante do Direito Civil?
É fácil; muito fácil. Basta lembrar que:
a) o Direito Civil se ocupa de atos isolados, trabalhando, por isso mesmo, 
com o método dedutivo, isto é, parte de fatos ou princípios e, assim, com 
base em uma ou mais premissas, deduz, chega a uma conclusão necessária ao 
caso concreto, em virtude da correta aplicação das regras lógicas;
b) o Direito Comercial, por sua vez, cuida dos negócios em massa, traba-
lhando, então, com o método indutivo, que é uma operação mental que 
55 RAMOS, André Santa Cruz. A Lei da Liberdade Econômica e as mudanças na Legislação 
de Registro Empresarial. In: Estudos Jurídicos: Constitucional e Empresarial, p. 45-54. São 
Carlos/SP: Rima, 2020.
56 ADEODATO, João Maurício. Os futuros da empresa. In: Coletânea da atividade negocial/ 
org.: André Guilherme Lemos Jorge et al. – São Paulo: Universidade Nove de Julho - UNI-
NOVE, 2019, p. 51.
57
consiste em estabelecer uma proposição geral com base no conhecimento 
de certo número de dados singulares ou de proposições de menor ge-
neralidade. Vale dizer: ele sugere, induz, incita, faz conexão ou interação, 
junta por acoplamento.
E essa autonomia jurídica do Direito Comercial/Empresarial, registre-se, 
está expressa no Código Civil brasileiro de 2002, que fez, em parte, a unificação 
legislativa do Direito Civil e do Direito Comercial. Nele, a matéria comercial/
empresarial, que o legislador resolveu denominar “Direito de Empresa”, está 
disciplinada no Livro II da Parte Especial, tem 230 artigos (do 966 ao 1.195) e 
não se confunde, de forma alguma, com a matéria civil, disciplinada nos demais 
artigos da Lei n. 10.406, de 2002. Não tivesse ele autonomia jurídica, não 
haveria razão para esse tratamento diferenciado, na mesma lei.
A divisão do Direito Privado, então, está presente em nosso País, muito 
embora seja grande o movimento no sentido de unificá-lo.
Se tal acontecer, ou seja, se houver essa unificação, o Direito Comercial, 
ou Empresarial, perderá sua autonomia jurídica? Deixará de existir?
A resposta é negativa. O Direito Comercial/Empresarial, mesmo havendo 
efetiva unificação do Direito Privado, continuará a existir, enquanto disciplina 
científica, didática, autônoma. Apenas o Código Comercial desaparecerá. Nada 
mais. Aliás, boa parte dele já desapareceu, conforme registrado no item 4, retro. 
Nem por isso o Direito Comercial/Empresarial perdeu sua autonomia jurídica; 
nem por isso deixou de existir.
Qual é a causa desse movimento?
Embora muitos não aceitem, a verdadeira razão do crescimento desse 
desejo de unificar o Direito Privado decorre do fato de, a cada dia, mais e mais 
atividades civis (não empresariais) passarem para o campo de abrangência do 
Direito Comercial/Empresarial.
Exemplo disso foi a sujeição das incorporadoras de imóveis à falência 
(Lei n. 4.591/64, art. 43, III), que só é admitida para os comerciantes, e o fato 
de ter-se declarado comercial a empresa de construção civil (Lei n. 4.068/62).
Por outras palavras, a cada dia o Direito Comercial/Empresarial aumenta 
sua influência; invade o campo de abrangência do Direito Civil. E, registre-se, 
não se verifica movimento em sentido contrário, ou seja, uma atividade comer-
cial/empresarial passar a ser civil (não empresarial). E que não se diga que, com 
o advento da Lei nº 10.406, a sociedade cooperativa migrou para o campo de 
abrangência do Direito Civil. Não; ela sempre teve natureza civil (Lei nº 5.764/71: 
art. 4º). Só o seu registro, por força, equivocadamente, do disposto no art. 18 dessa 
mesma Lei nº 5.764/71, era feito na Junta Comercial. Mas isso não lhe dava ou dá 
natureza comercial ou mercantil. Portanto, não houve essa migração. Da mesma 
forma, as sociedades que se dedicam ou já se dedicavam às atividades artísticas 
(que, por força do disposto no artigo 19, § 3º, do revogado Regulamento nº 737, 
de 1850, sempre se registraram na Junta Comercial) continuarão, com certeza, 
58
vinculadas ao Registro Público de Empresas Mercantis, vez que, se não tiverem, 
tratarão de introduzir e evidenciar, em seus atos orgânicos, a existência de um 
ou mais elementos de empresa, o que autorizará seu registro na Junta Comercial.
E a unificação legislativa obtida por meio da Lei n. 10.406, citada, só fez 
confirmar essa assertiva, como evidenciado no item 2, deste capítulo. 
Se assim é, podemos afirmar, esse movimento de unificação não é deter-
minado pelo Direito Civil, mas pelo próprio Direito Comercial/Empresarial.
Mas é possível uma unificação total, plena, no Brasil?
Sim, desde que eliminemos as grandes diferenças que evidenciam os limites 
das atividades comerciais/empresariais e civis (não empresariais). Profundas modi-
ficações, portanto, haverão de ser feitas na legislação, de modo a tornar os institutos, 
de um e de outro, compatíveis. Não poderá existir, por exemplo, a insolvência co-
mercial (falência) ao lado da insolvência civil, como ocorre nos dias atuais. Se assim 
não se fizer, ainda que as matérias sejam disciplinadas por uma única lei, não haverá, 
de fato, unificação; não se acabará, na realidade, com a divisão do Direito Privado. 
Essa pretendida unificação, portanto, será muito difícil de ser conseguida, no Brasil.
6. OBJETO DO DIREITO COMERCIAL/EMPRESARIAL
Vimos, de forma abrangente, que o Direito Comercial brasileiro abarcava 
as atividades de intermediação e de produção. Mas nem todas, à vista da não 
coincidência dos conceitos econômico e jurídico de comércio. Se houvesse essa 
coincidência, a definição do objeto do Direito Comercial decorreria do conceito 
econômico e social de comércio. Já que assim não era e já que adotávamos a 
“teoria dos atos de comércio”, havia, invariavelmente, a necessidade de se de-
terminar o que era matéria comercial, para diferenciá-la de matéria civil. Então, 
perguntava-se: o que é matéria comercial? Ou: qual é o objeto do Direito Comercial?
Com o advento da Lei n. 10.406, de 2002, passamos a adotar a “Teoria da 
Empresa” e, em função dela, para sabermos se estamos diante de um empresário 
ou de uma sociedade empresária, precisamos verificar não o “gênero” da atividade, 
mas a “forma” de exercício dessa atividade, conforme será estudado mais adiante.
Mesmo assim, considerando que o Direito Comercial é um “complexo de 
normas jurídicas de Direito Privado que, historicamente, se formou a latere do 
Direito Civil, com base nos estilos criados e respeitados pelos comerciantes”, 
a conclusão só pode ser a seguinte: a definição de matéria comercial ou do objeto do 
Direito Comercial só pode estar na “lei comercial”. Por quê? Porque desde que se 
tornou um direito eminentemente escrito, legislado, é a “lei comercial”, com 
exclusividade, que explica o conteúdo do Direito Comercial; que determina 
ou define o objeto do Direito Comercial, a matéria comercial. Ao contrário, se 
houvesse a coincidência a que se fez referência, seria a matéria comercial a que 
determinaria o conteúdo da “lei comercial”, tomada em sentido amplo. Como 
assim não acontece, o conceito de objetodo Direito Comercial ou de matéria 
comercial é de Direito Positivo. Por outras palavras, é a lei que define, em cada 
59
país, qual é o objeto de seu Direito Comercial. Basta lembrar que, juridica-
mente, comércio é um “conjunto de atos a que, num determinado país, numa 
determinada conjuntura histórica, se aplica o Direito Comercial desse país”.
Consequentemente, é por intermédio da “lei comercial/empresarial” que se faz 
a distinção entre matéria comercial/empresária e matéria civil (não empresária).
Prova disso é que, no Código Civil de 2002, à matéria comercial ali definida 
– a que o legislador, recorde-se, chamou “Direito de Empresa” – foi dedicado um 
livro específico, possibilitando-nos, assim, fazer, sem maiores dificuldades, a distinção.
7. FONTES DO DIREITO COMERCIAL/EMPRESARIAL
Quando se indaga sobre as fontes de um Direito, busca-se sua origem, sua causa, 
sua procedência, seu nascedouro. Vale dizer: os modos pelos quais surgiram aquelas 
normas jurídicas. Porém, há autores que entendem a expressão fontes do direito 
como uma “metáfora cheia de ambiguidades”57, por certa confusão, no emprego de 
tal expressão, com a origem histórica, sociológica, costumeira, jurisprudencial etc., 
o que leva a diferentes formas de classificá-las, v.g., fontes formais e não formais 
(ou materiais), fontes primárias e secundárias etc.. Não obstante, entendemos que 
o que se busca é o modo de formação da norma, especialmente, nesta obra, da 
norma comercial, em que pese a ideia defendida por alguns de que não “existem 
fontes “próprias” do direito comercial”58, por serem fontes do Direito simplesmente. 
Contudo, pensamos diferentemente, e defendemos a possibilidade de identificação 
das fontes do direito comercial. Mesmo porque, ao se pensar nas fontes do Direito, 
é importante ter critérios claros para saber definir, “a cada instante, o que deve competir 
ao Estado, à sociedade privada, ao indivíduo”59, a fim de se ter um conjunto coerente e 
a definição dos limites do papel do Estado. Passemos às chamadas fontes primárias 
e secundárias, ou subsidiárias, por entendermos que explicam melhor o tema, em 
razão da hierarquia das fontes, proposta por tal critério.
Fontes do Direito Comercial/Empresarial, portanto, 
são os modos pelos quais surgiram as normas 
jurídicas de natureza comercial/empresarial
Conforme já analisado, o Direito Comercial surgiu de forma fragmentária, 
na Idade Média, em função de o Direito Civil não ter sido versátil o suficiente 
para acompanhar o desenvolvimento do tráfico mercantil. Assim, o Direito 
Comercial nasceu a latere do Direito Civil; não do Direito Civil.
Se assim é, indaga-se: o Direito Civil é ou pode ser considerado como fonte do 
Direito Comercial?
57 FERRAZ JR., Tércio Sampaio. Introdução em estudo do Direito. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2007, p. 225.
58 SILVA, Bruno Mattos e. Direito de Empresa – Teoria da empresa e direito societário. São Paulo: 
Atlas, 2007, p. 82.
59 FERRAZ JR., Tércio Sampaio. Introdução em estudo do Direito. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2007, p. 227.
60
A resposta, pelo acima exposto, será negativa, muito embora haja quem60 
diga seja ele fonte subsidiária, secundária, pelo fato de suprir as lacunas ou 
omissões do Direito Comercial, que é fragmentário.
Tal entendimento, porém, não nos parece correto. E nem mesmo o fato 
de a Lei n. 10.406, de 10.1.2002, que instituiu o Código Civil brasileiro, ter 
chamado a si a competência para tratar dos assuntos de que cogitavam os arts. 
1º a 456 de nosso vetusto Código Comercial impõe uma mudança de opi-
nião. Basta pensar no conceito de fonte e no como e porque surgiu o Direito 
Comercial, para se perceber nossa filiação à corrente oposta.
Ademais, como direito comum, o Direito Civil se aplica a todas as relações 
de direito privado, quando não for afastado pelas regras do direito especial. 
E as regras jurídicas comerciais/empresariais, vimos, constituem um direito 
especial, ainda que estabelecidas ao lado das regras civis. São elas que definem 
o que é matéria comercial/empresarial, a ela (matéria comercial/empresarial) 
se aplicando com exclusividade. Sobre essa diferença e, a fim de exemplificar 
isso, mister notar a explicação de Lopes:
“Primeiro, vale lembrar que é relativamente fácil para os juristas 
naturalizarem as instituições do direito civil. Casamento, sucessões, 
contratos e promessas, obrigações por atos ilícitos, estado das pessoas, 
tudo isso parece compatível com uma filosofia natural; são categorias 
que parecem refletir verdades a priori, categorias do espírito jurídico. 
Dessa forma, mudanças nos institutos jurídicos civis são dificultadas 
por essa naturalização pela qual passaram a partir dos séculos XVI e 
XVII. O mesmo não se dá com as categorias do direito comercial. 
Títulos de crédito, obrigações cartulárias, abstratas e literais não 
são facilmente confundidas com aquelas coisas “que a natureza 
ensina aos homens e aos animais”; sociedades com responsabilidade 
limitada, ou ilimitada, cuja participação pode ser representada por 
cotas ou ações, em forma de comanditas ou simples, tampouco se 
prestam a um entendimento muito natural. São mais claramente 
matérias de razão artificial.”61
Logo, a verdadeira e principal fonte do Direito Comercial/Empresarial é a “lei 
comercial/empresarial”.
No Brasil, então, são fontes principais: o Código Comercial (Lei n. 556, de 
25.6.1850) e todas as demais leis que se lhe seguiram e que tratam de matéria 
comercial/empresarial, como é o caso, agora, da Lei n. 10.406, de 10.1.2002, 
que disciplina, em seu livro II, parte especial, o “Direito de Empresa”. Mas esse 
fato, insiste-se, não determina que o Direito Civil seja fonte do Direito Comercial/
60 MARTINS, Fran. Curso de direito comercial: empresa comercial, empresários individuais, micro-
empresas, sociedades empresárias, fundo de comércio. Ed. rev. E atual. Rio de Janeiro: Forense, 
2010, p. 43. E BERTOLDI, Marcelo M. Curso avançado de direito comercial, v. 1 – Teoria geral 
do direito comercial, direito societário. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001, p. 47.
61 LOPES, José Reinaldo de Lima. A formação do direito comercial brasileiro. Cadernos Direito GV, 
v.4, n. 6. São Paulo: FGV, 2007, p. 9.
61
Empresarial. O Direito Comercial/Empresarial, permita-se a repetição, não 
nasceu do Direito Civil, mas a latere do Direito Civil.
E considerando que o Direito Comercial foi, no início, um direito costu-
meiro ou consuetudinário, conserva ele, até hoje, como fonte subsidiária, os usos e 
costumes comerciais. Tal entendimento é adotado, também, por outros autores62, que 
defendem a importância das práticas mercantis para a interpretação das normas 
e aplicação do Direito. E, junto dos usos e costumes, como fonte secundária, há 
quem elenque a doutrina, a analogia, a jurisprudência e os princípios gerais de 
Direito. Mas, não há consenso acerca delas: enquanto há quem rechace a ideia da 
doutrina como fonte, por ser apenas meio para auxiliar o processo de compreensão, 
outros a defendem como fonte63. O mesmo fenômeno pode ser identificado 
com relação aos princípios gerais de Direito64, a jurisprudência65 e a analogia66. 
Por isso, enfatizamos a questão dos usos e costumes como fonte secundária.
8. USOS E COSTUMES COMERCIAIS
Um uso e costume nasce, individual e espontaneamente, num deter-
minado lugar. Somente depois se torna geral. Assim sendo, pode ser um uso 
local, regional ou nacional e até mesmo um uso internacional, dependendo 
da expansão alcançada.
Mas para que a prática seja reconhecida como um uso ou costume, é preciso 
que ela seja uniforme, constante e utilizada por certo tempo. Só assim será um 
uso e costume, que deve ser exercido de boa-fé e segundo os princípios básicos 
da lei comercial/empresarial, não podendo, nunca, se contrapor à lei, se esta for 
imperativa. Não podem os usos e costumes comerciais, pois, ser contra legem. 
Mesmo assim, pode-se substituir uma lei por um uso e costume comercial, 
se assim quiserem as partes. Mas não bastaesse querer. É preciso que a lei não 
62 GOMES, Fábio Bellote. Manual de Direito Empresarial. 4ed., rev. atual. e ampl. São Paulo: 
Revista dos Tribunais, 2013, p. 33. 
63 SILVA defende a doutrina como fonte e explica que FAZZIO JR. e GOMES a rechaçam, enquanto 
VENOSA defende a doutrina como fonte. SILVA, Bruno Mattos e. Direito de Empresa – Teoria da 
empresa e direito societário. São Paulo: Atlas, 2007, p. 89/90. Fran Martins não elenca a doutrina como 
fonte, in: MARTINS, Fran. Curso de Direito Comercial. 31 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2008, p. 43.
64 SILVA explica que ROCCO rechaça, enquanto VENOSA defende os princípios gerais de 
Direito como fonte. SILVA, Bruno Mattos e. Direito de Empresa – Teoria da empresa e direito 
societário. São Paulo: Atlas, 2007, p. 90. Fran Martins os defende como fonte, in: MARTINS, 
Fran. Curso de Direito Comercial. 31 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2008, p. 43.
65 SILVA explica que FAZZIO JR. e GOMES a rechaçam, enquanto VENOSA defende a 
jurisprudência como fonte. SILVA, Bruno Mattos e. Direito de Empresa – Teoria da empresa e 
direito societário. São Paulo: Atlas, 2007, p. 90. Fran Martins a defende como fonte, in: MAR-
TINS, Fran. Curso de Direito Comercial. 31 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2008, p. 43.
66 SILVA explica que FRANÇA a rechaça, enquanto GOMES defende a analogia como fonte. 
SILVA, Bruno Mattos e. Direito de Empresa – Teoria da empresa e direito societário. São Paulo: 
Atlas, 2007, p. 90. Fran Martins a defende como fonte, in: MARTINS, Fran. Curso de Direito 
Comercial. 31 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2008, p. 43.
62
seja imperativa, de ordem pública, cabendo a quem invocar o uso e costume 
provar sua existência e sua vigência.
Diante disso, cabe perguntar:
Pode o cheque “pré-datado” ser considerado um uso ou costume comercial?
Técnica e juridicamente, não. Para o nosso direito (Lei n. 7.357, de 2.9.1985), 
cheque é “ordem de pagamento à vista” e, como tal, não tem condições – sob pena 
de total desvirtuamento de sua natureza – de ser “pós-datado”, ou seja, emitido 
com data futura, datado para depois, e, menos ainda, por razões óbvias, “pré-datado” 
(nome vulgar do cheque “pós-datado”), já que, no prefixo pré, a ideia de anterioridade, 
antecedência. A prática, no entanto, sabe-se, é muito utilizada no comércio, no meio 
empresarial. Isso, porém, não autoriza seu registro – dessa prática – como uso ou costume 
comercial, vez que, percebe-se, é uma prática que não atende a um princípio básico 
da lei comercial/empresarial brasileira; ou, mais precisamente, da Lei do Cheque. 
E a Súmula n. 37067, do Superior Tribunal de Justiça, não muda essa nossa com-
preensão. Baseando-se no princípio de que “os contratos, os acordos de vontade, 
devem ser observados”, vez que as partes são servas do pacto que as vincula (pacta 
sunt servanda), em tal súmula se afirma, corretamente, que a apresentação anteci-
pada de um cheque que foi dado em garantia de dívida gera dano moral. Nada 
mais que isso. Ela não mudou a Lei do Cheque – nem poderia, porque uma lei só 
pode ser modificada por outra lei – e nem autorizou classificar o chamado cheque 
“pré-datado” como uso e costume mercantil.
Como se prova a existência e a vigência de um uso ou costume comercial?
A maneira mais correta de fazê-lo seria obter da Junta Comercial da 
circunscrição territorial respectiva certidão nesse sentido, porque, nos termos 
do art. 8º, VI, da Lei Federal n. 8.934, de 18.11.1994, cabe às Juntas Comer-
ciais, com exclusividade, executar o assentamento ou o registro dos usos e 
práticas mercantis. E nos parágrafos do art. 87 do Decreto Federal n. 1.800, de 
30.1.1996, que regulamentou a Lei n. 8.934, citada, as exigências para se fazer 
tal assentamento. Não existindo o registro, o interessado deverá usar os demais 
meios de prova admitidos em Direito.
Pode não haver o registro?
Claro que sim. Principalmente nos dias atuais, à vista do avanço tecnológico 
e da rapidez com que se processam, consequentemente, as relações comerciais/
empresariais. Tanto isso é verdade que, na Junta Comercial do Estado de Minas 
Gerais, que foi criada em 5 de julho de 1893, só existe, até hoje, um único uso e 
costume comercial registrado: o uso e costume relativo ao cheque visado, levado 
a efeito em 8/3/1965 e já em desuso, pode-se dizer, à vista dos cheques especiais 
e cartões magnéticos, entre outros instrumentos criados pelo homem. Tudo em 
função da dinamicidade do comércio, da rapidez com que ele evolui.
67 STJ, Súmula 370: “Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado.”
63
Ademais, a mencionada Lei n. 7.357, de 2.9.1985, recepcionou a ideia 
do cheque visado e incorporou-a, por seu art. 7º, ao seu texto. Assim, embora 
nem tanto utilizado mais, já não se pode dizer, na atualidade, que o cheque 
visado é um uso ou costume comercial, pura e simplesmente. Hoje, no Brasil, 
é um instituto de Direito Positivo.
E já que o Direito Comercial/Empresarial mantém, tradicionalmente, os 
usos e costumes como fontes subsidiárias, vejamos sua classificação:
usos propriamente ditos ou usos de direito – os que são imperativos e têm 
força de lei. É dizer: a lei determina, no caso, a utilização do uso e 
costume do lugar. A eficácia desses usos e costumes, pois, decorre 
da lei e não da vontade das partes;
usos interpretativos ou convencionais – os que não são imperativos e 
recebem eficácia da simples vontade das partes. Decorrem, portanto, 
da prática espontânea dos comerciantes; de sua utilização – a seu 
critério – em suas relações comerciais/empresariais.
9. TRANSCRIÇÃO DO ASSENTAMENTO DO USO E 
COSTUME RELATIVO AO CHEQUE VISADO, FEITO PELA 
JUNTA COMERCIAL DO ESTADO DE MINAS GERAIS
“Atendendo ao que foi requerido pela Associação de Bancos do 
Estado de Minas Gerais em agosto de 1963, depois de publicados 
no órgão oficial do Estado, Minas Gerais, em 11, 12 e 13 de junho 
de 1964, sem qualquer impugnação, ouvidos dois comerciantes e um 
corretor de fundos públicos da Bolsa de Títulos desta Capital, Senhores 
Eduardo Simões, Waldemar Rocha e Heitor Picchioni, diretores da 
Associação Comercial de Minas, e cumpridas as demais disposições 
regulamentares, foi aprovado na sessão de 8 de março, da Junta Co-
mercial, o seguinte assentamento, para validade em todo o Estado:
Assentamento n. 1
É já consagrado nos meios comerciais, em suas relações com os 
estabelecimentos bancários:
1º) o uso do cheque visado, a pedido do sacador ou do favorecido 
(portador), quando não é reclamado o seu imediato pagamento;
2º) o uso bancário de bloquear a quantia sacada, debitando o sacador, 
a fim de garantir o pagamento do cheque visado, mesmo que, antes 
de sua cobertura pelo sacado, sejam apresentados cheques comuns, 
dentro do prazo de validade, contado da data de sua emissão;
3º) o prazo, considerando o que alude n. 2, é de trinta dias, quando 
emitido no lugar ou praça de pagamento, e de cento e vinte dias, 
quando emitido o cheque em lugar ou praça diversa;
64
4º) decorridos os prazos de que trata o n. 3 e não apresentado para 
pagamento o cheque visado, é costume restabelecer, por meio de 
estorno contábil, a quantia bloqueada, no crédito do sacador.
Registre-se e publique-se.
Belo Horizonte, 8 de março de 1965
Lauro Gomes Vidal, Presidente.”
10. PARTICULARIDADES DO DIREITO 
COMERCIAL/EMPRESARIAL
Conhecendo-se os traços peculiares do Direito Comercial/Empresarial, que 
tem natureza e estrutura de Direito Privado – já o sabemos –, podemos diferen-
ciá-lo facilmente dos demais ramos de Direito, especialmente do Direito Civil:
Cosmopolitismo – decorre da ideia de lucro, que não conhece fronteiras 
e que é a meta de todo comerciante/empresário. Não é sem sentido, 
pois, que se busca a unificação comercial da Europa (UE), da América 
(ALCA) e aqui, no sul, se busca implementar o “Mercosul”. Já em vigor, 
na atualidade, diversas convenções internacionais regulando relações 
comerciais/empresariais marítimas e aéreas, sem falar na Lei Uniforme 
de Genebra, que regea letra de câmbio e a nota promissória;
Individualismo – outra característica explicada pela ideia de lucro, que 
está diretamente ligada ao interesse pessoal, particular, individual;
Onerosidade – se o objetivo do comerciante/empresário é o lucro, 
não há como admitir seja a gratuidade uma peculiaridade do Direito 
Comercial/Empresarial. Ele só pode ser oneroso;
Informalismo – se o Direito Comercial/Empresarial visa regular as 
operações em massa, o informalismo se impõe, pena de se abortar a 
rapidez que o tráfico mercantil/empresarial exige;
Fragmentarismo – à vista de sua origem fragmentária e por ser, dessa 
forma, um conjunto de normas que apresenta várias lacunas;
Solidariedade presumida – que sempre foi implícita no Direito Comer-
cial/Empresarial, à vista da rapidez com que se processam as operações 
realizadas em massa, o que exige segurança nos negócios. Tal particula-
ridade, no entanto, não vale, no Brasil, à vista da regra inserida no art. 
265 da Lei n. 10.406, que repete, neste particular, o art. 896 de nosso 
antigo Código Civil: “a solidariedade não se presume; resulta da lei ou 
da vontade das partes”.
Outras existem, mas essas são mais que suficientes para bem caracterizar 
o Direito Comercial/Empresarial.
65
EXERCÍCIOS PARA FIXAÇÃO
1. A que ramo do Direito pertence o Direito Comercial/Empresarial?
2. Como e por que surgiu o Direito Comercial?
3. Atualmente, qual é a abrangência do Direito Comercial/Empresarial brasileiro?
4. Economicamente, como se define o comércio? E juridicamente?
5. Em que fase histórica, e como, começou a se cristalizar o Direito Comercial?
6. Como se explica a divisão do Direito Privado?
7. Como se explica ou se justifica a autonomia do Direito Comercial/Empre-
sarial diante do Direito Civil?
8. O que é matéria comercial/empresarial?
9. Por que se diz que a doutrina unificadora do Direito Privado não é deter-
minada pelo Direito Civil?
10. Quais são as fontes do Direito Comercial/Empresarial?
11. O Direito Civil pode ser considerado como fonte do Direito Comercial/
Empresarial? Por quê?
12. Como surgem os usos e costumes comerciais? Como são/devem ser exercidos?
13. O que se exige para a formação de um uso ou costume comercial?
14. Como se classificam os usos e costumes comerciais, e como fazer o 
enquadramento de um uso ou costume comercial nessa classificação?
15. O que é necessário para que se registre um uso ou costume comercial?
16. Qual o ônus para quem invoca um uso ou costume comercial?
17. Os usos e costumes podem ser contra a lei? Se negativa sua resposta, 
como explicar a substituição de uma lei por um uso ou costume comercial? 
Ou essa substituição não pode ocorrer?
18. Quais são as peculiaridades do Direito Comercial/Empresarial? Explique-as.
19. Qual a importância da distinção entre os papéis do Estado e do particular 
para se entender o Direito Comercial brasileiro?
20. Explique por que os aspectos econômicos são relevantes para o entendi-
mento da evolução do direito Comercial.58
7. FONTES DO DIREITO COMERCIAL/EMPRESARIAL 59
8. USOS E COSTUMES COMERCIAIS 61
9. TRANSCRIÇÃO DO ASSENTAMENTO DO USO E COSTUME 
RELATIVO AO CHEQUE VISADO, FEITO PELA JUNTA 
COMERCIAL DO ESTADO DE MINAS GERAIS 63
10. PARTICULARIDADES DO DIREITO COMERCIAL/EMPRESARIAL 64
EXERCÍCIOS PARA FIXAÇÃO 65
Capítulo 2 
COMO UTILIZAR O CÓDIGO COMERCIAL E A LEGISLAÇÃO ESPARSA 67
1. UMA PEQUENA ADVERTÊNCIA 69
2. COMO SE LÊ UM LIVRO 69
3. ESTRUTURA DO CÓDIGO COMERCIAL 69
Capítulo 3 
A TEORIA DOS ATOS DE COMÉRCIO versus A TEORIA DA EMPRESA 73
1. INTRODUÇÃO 75
2. SISTEMAS LEGISLATIVOS 80
3. ATIVIDADE MERCANTIL E ATIVIDADE CIVIL – DIFERENÇA 82
4. SITUAÇÃO DA SOCIEDADE ANÔNIMA, DA FIRMA INDIVIDUAL 
E DA EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA 85
5. EMPRESAS CIVIS/SOCIEDADES SIMPLES 87
6. EMPRESAS COMERCIAIS/SOCIEDADES EMPRESÁRIAS 90
7. REGISTRO DE EMPRESAS 92
8. CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS DE COMÉRCIO 94
9. TEORIA DOS ATOS MISTOS OU BIFRONTES 94
EXERCÍCIOS PARA FIXAÇÃO 95
Capítulo 4 
EMPRESA, MICROEMPRESA E EMPRESA DE PEQUENO PORTE 97
1. INTRODUÇÃO 99
2. NOÇÃO JURÍDICA DE EMPRESA 99
3. ESPÉCIES DE EMPRESA 101
4. COMO CONCEITUAR A EMPRESA 102
5. PROJETO DE LEI SOBRE EMPRESA MERCANTIL 105
6. A MICROEMPRESA E A EMPRESA DE PEQUENO PORTE 111
7. CONCEITO DE MICROEMPRESA E EMPRESA 
DE PEQUENO PORTE: EVOLUÇÃO 112
8. NOVA E ATUAL SITUAÇÃO DA MICROEMPRESA E DA EMPRESA 
DE PEQUENO PORTE E O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL 118
9. MODELO DE DECLARAÇÃO PARA ENQUADRAMENTO 
OU DESENQUADRAMENTO: SUGESTÃO 129
EXERCÍCIOS PARA FIXAÇÃO 129
Capítulo 5 
O EMPRESÁRIO 131
1. CONCEITO DE EMPRESÁRIO 133
2. ESPÉCIES DE EMPRESÁRIO 134
3. CONCEITO DE COMERCIANTE 135
4. EMPRESÁRIO/COMERCIANTE - DIFERENÇA 137
5. REQUISITOS PARA O EXERCÍCIO DA ATIVIDADE EMPRESÁRIA 137
5.1. Capacidade 138
5.2. Incapacidade 139
5.2.1. O menor empresário 140
5.2.2. Autorização para dar continuidade a uma empresa 143
5.2.3. O menor como sócio de sociedade 145
5.2.4. Os interditos 147
5.3. Impedidos de ser empresários 148
5.3.1. Alcance do Impedimento 150
5.3.2. Pode o falido exercer atividade empresária? 152
5.3.3. O exercício de atividade empresarial pelo estrangeiro 153
5.4. O exercício da atividade empresarial pelo analfabeto 156
6. EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA (EIRELI) 156
6.1. Projeto de Lei, de 1991, sobre Empresa 
Individual de Responsabilidade Limitada 157
6.2. Como ficou, no Brasil, a Empresa Individual 
de Responsabilidade Limitada (EIRELI) 160
6.3. Sociedade individual de advogado 163
EXERCÍCIOS PARA FIXAÇÃO 169
Capítulo 6 
REGISTRO PÚBLICO DE EMPRESAS MERCANTIS E 
REGISTRO DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL 175
1. INTRODUÇÃO 177
2. REGISTROS PÚBLICOS À DISPOSIÇÃO DOS EMPRESÁRIOS 177
3. O REGISTRO PÚBLICO DE EMPRESAS MERCANTIS 179
4. ANÁLISE DA LEGISLAÇÃO DO REGISTRO 
PÚBLICO DE EMPRESAS MERCANTIS 179
4.1. O Departamento Nacional de Registro do Comércio (DNRC) 180
4.2. A nova estrutura do Registro Público de 
Empresas Mercantis e Atividades Afins 180
4.3. As Juntas Comerciais 184
4.4. A Junta Comercial do Estado de Minas Gerais (JUCEMG) 186
4.5. Questões judiciais - Competência para conhecimento 187
4.6. Efeitos e conteúdo do Registro Público de Empresas Mercantis 188
4.7. O regime sumário 188
4.8. Contrato social padrão 189
5. O REGISTRO DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL 190
5.1. O Código da Propriedade Industrial 191
5.2. O Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) 191
EXERCÍCIOS PARA FIXAÇÃO 192
Capítulo 7 
ESCRITURAÇÃO MERCANTIL 195
1. INTRODUÇÃO 197
2. CONTABILIDADE E ESCRITURAÇÃO 198
3. MÉTODOS DE ESCRITURAÇÃO 199
3.1. O método das Partidas Simples 199
3.2. O método das Partidas Dobradas 199
4. A ESCRITURAÇÃO NO DIREITO BRASILEIRO 200
5. OBRIGAÇÕES COMUNS A TODOS EMPRESÁRIOS 
E SOCIEDADES EMPRESÁRIAS 202
6. O “SEGREDO DOS LIVROS” 202
7. LIVROS COMERCIAIS 205
7.1. Livro obrigatório comum 205
7.2. Livros facultativos 206
7.3. Valor probante dos livros comerciais 207
7.4. Exibição judicial dos livros comerciais 208
7.5. Onde devem ser exibidos os livros comerciais 209
8. LIVROS FISCAIS 209
EXERCÍCIOS PARA FIXAÇÃO 210
Capítulo 8 
NOME EMPRESARIAL 213
1. INTRODUÇÃO 215
2. REGISTRO E PROTEÇÃO DO NOME EMPRESARIAL 215
3. NATUREZA JURÍDICA DO NOME EMPRESARIAL 217
4. ESPÉCIES DE NOME EMPRESARIAL 217
5. COMO SE FORMA UMA FIRMA OU RAZÃO COMERCIAL/EMPRESARIAL 218
5.1. Sistema da liberdade plena 218
5.2. Sistema da veracidade ou da autenticidade 219
5.3. Sistema das firmas derivadas ou eclético ou misto 223
6. COMO SE FORMA UMA DENOMINAÇÃO SOCIAL 223
7. NOMES DAS SOCIEDADES SIMPLES E EMPRESÁRIAS 226
8. DISTINÇÃO ENTRE FIRMA OU RAZÃO E DENOMINAÇÃO SOCIAL 229
9. VANTAGEM DA DENOMINAÇÃO SOCIAL 230
10. NOME HÍBRIDO 230
11. NOMES EMPRESARIAIS NÃO REGISTRÁVEIS 232
12. ALIENABILIDADE DO NOME EMPRESARIAL 233
13. “COLIDÊNCIA” DE NOMES EMPRESARIAIS 234
14. NOME EMPRESARIAL E MARCA: CONFLITO 235
EXERCÍCIOS PARA FIXAÇÃO 239
Capítulo 9 
MARCAS 243
1. INTRODUÇÃO 245
2. CONCEITO DE MARCA 245
3. ANÁLISE DA LEI N. 9.279/96 - ARTS. 122 A 182 245
3.1. Marca: onde usar e espécies 246
3.2. Formas de apresentação de uma marca 248
3.3. Quem pode pedir o registro de uma marca 249
3.4. O que pode ser registrado como marca 249
3.5. O que não pode ser registrado como marca 249
3.6. Requisitos básicos para o registro 252
3.7. Marcas procedentes do exterior 253
3.8. Pedido de registro de uma marca 253
3.9. Registro de marca figurativa ou mista – Uma exigência a mais 253
3.10. Onde se faz o registro de uma marca 255
3.11. Efeitos do registro da marca 255
3.12. Sistemas legislativos 256
3.13. Obrigações do titular da marca e perda dos direitos 256
3.14. Duração de um registro de marca ou de sua proteção 256
3.15. Cessão, alteração de nome e de endereço do 
titular e contrato de exploração de marca 257
3.16. Quando se perde um registro de marca 260
3.17. Nulidade do registro 261
3.18. Contrato de licenciamento de marca 263
EXERCÍCIOS PARA FIXAÇÃO 268
Capítulo 10 
ESTABELECIMENTO COMERCIAL E TÍTULO DE ESTABELECIMENTO 271
1. INTRODUÇÃO 273
2. ESTABELECIMENTO COMERCIAL 273
2.1. Conceito 273
2.2. Fundo de comércio, azienda e fundo de negócio 274
2.3. Composição do estabelecimento comercial 274
2.4. Natureza jurídica do estabelecimento comercial 276
2.5. Elementos do estabelecimento comercial 277
2.5.1. O capital 277
2.5.2. O trabalho 284
2.5.3. A organização 284
3. TÍTULO DE ESTABELECIMENTO 285
4. CONTRATO DE ALIENAÇÃO DO ESTABELECIMENTO 286
4.1. Modelo de contrato de alienação do estabelecimento 290
EXERCÍCIOS PARA FIXAÇÃO 294
Capítulo 11 
INVENÇÕES, MODELOS E DESENHOS 297
1. INTRODUÇÃO 299
2. ANÁLISE DA LEI N. 9.279/96 - ARTS. 6º A 121 300
2.1. Autor da invenção ou do modelo de utilidade 300
2.2. O que é patenteável 302
2.3. Direito de Prioridade 303
2.4. Pedido de patente 303
2.5. Duração da patente 304
2.6. Proteção conferida pela Patente 306
2.7. Nulidade da patente 306
2.8. Cessão da patente 306
2.9. Licenças para exploração da patente 306
2.10. Patente de interesse da defesa nacional 307
2.11. Desapropriação de uma patente 308
2.12. Certificado de adição de invenção 308
2.13. Extinção da patente 308
2.14. Invenção e modelo de utilidade realizado 
 por empregado ou prestador de serviço 309
2.15. Desenho industrial 310
3. MODELO DE RELATÓRIO DESCRITIVO 311
4. MODELO DE CONTRATO PARA EXPLORAÇÃO DE PATENTE 314
EXERCÍCIOS PARA FIXAÇÃO 317
Capítulo 12 
CONCORRÊNCIA DESLEAL 319
1. INTRODUÇÃO 321
2. AVIAMENTO 321
3. CLIENTELA 321
4. AVIAMENTO E CLIENTELA – NATUREZA JURÍDICA 323
5. CESSÃO DA CLIENTELA 323
6. TIPOS DE CLIENTELA 324
7. CONCORRÊNCIA DESLEAL 325
7.1. Um breve histórico 325
7.2. Conceito de concorrência desleal 325
7.3. A concorrência desleal no Brasil 326
7.4. Atos de concorrência desleal 327
7.5. Medidas legais para combater a contrafação 331
8. CONVENÇÕES DE NÃO-CONCORRÊNCIA 333
8.1. Convenções lícitas 333
8.2. Convenções ilícitas 334
8.3. Convenções de exclusividade334
EXERCÍCIOS PARA FIXAÇÃO 335
Capítulo 13 
SOCIEDADES SIMPLES E SOCIEDADES EMPRESÁRIAS 337
1. CONCEITO DE SOCIEDADE 339
2. O SIGNIFICADO JURÍDICO DA PALAVRA “SOCIEDADE” 339
3. CLASSIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES 340
3.1. Segundo a responsabilidade dos sócios 340
3.2. Segundo a personificação 341
3.3. Segundo a forma do capital 341
3.4. Segundo a estrutura econômica 342
4. SOCIEDADE REGULAR E SOCIEDADE IRREGULAR OU EM COMUM 343
4.1. Sociedade regular ou de direito 343
4.2. Sociedade irregular, de fato ou em comum 343
5. SOCIEDADES SIMPLES 343
5.1. Sociedade Cooperativa 351
6. SOCIEDADES EMPRESÁRIAS – CONCEITOS E CARACTERÍSTICAS 352
6.1. Sociedade em comandita simples 352
6.2. Sociedade em nome coletivo 352
6.3. Sociedade em conta de participação 353
6.4. Sociedade em comandita por ações 354
6.5. Sociedade anônima 354
6.6. Sociedade anônima do futebol 355
6.7. Sociedade limitada 357
7. FORMAÇÃO DA SOCIEDADE 361
7.1. Teorias anticontratualistas 362
7.2. Teorias contratualistas 363
7.3. Teoria institucionalista 364
8. A PERSONALIDADE JURÍDICA 365
8.1. Efeitos da aquisição da personalidade jurídica 366
8.2. Pessoa jurídica 367
8.3. Desconsideração da personalidade jurídica 367
9. CONTRATO DE SOCIEDADE EMPRESÁRIA 384
9.1. Introdução 384
9.2. Elementos comuns 384
9.3. Elementos específicos 385
9.4. Estrutura do contrato social 385
9.5. Constituição de uma sociedade anônima 387
10. O CAPITAL SOCIAL 392
10.1. Natureza jurídica da contribuição dos sócios 392
10.2. Intangibilidade do capital social 396
10.3. Do aumento e diminuição do capital social 397
11. A MAIORIA DE CAPITAL SOCIAL E A ALTERAÇÃO DO CONTRATO 400
11.1. Do abuso do direito de voto 402
11.2. Do voto plural 404
12. A CONDIÇÃO DE SÓCIO 406
12.1. Aquisição da qualidade de sócio 407
12.2. Amplitude da responsabilidade do sócio 407
12.3. Do Acionista Controlador 411
12.4. Do acordo de sócios 416
12.5. Resolução da sociedade em relação ao 
 sócio e dissolução parcial da sociedade 417
12.5.1. Data-base para apuração dos haveres 424
13. ADMINISTRAÇÃO DA SOCIEDADE 427
13.1. A Administração da Sociedade Anônima 430
14. SOCIEDADE ENTRE CÔNJUGES 455
15. QUOTA SOCIAL 456
15.1. Natureza jurídica 456
15.2. Cessão de quotas 456
15.3. Penhora de quotas 457
15.4. Penhor de quotas 459
15.5. Quotas sem valor nominal 460
15.6. Quotas preferenciais 460
15.7. Aquisição de quotas pela própria sociedade 460
16. AÇÕES E OUTROS VALORES MOBILIÁRIOS 461
16.1. Ações 464
16.2. Transferência de ações 466
16.2.1. Aquisição de ações pela própria Companhia 468
16.3. Direitos que as ações conferem 469
16.4. Outros valores mobiliários 470
16.4.1. Debêntures 470
16.4.2. Partes Beneficiárias 471
16.4.3. Bônus De Subscrição 471
16.4.4. Criptoativos 472
17. ENCERRAMENTO TEMPORÁRIO DAS ATIVIDADES 475
17.1. Previsão legal 475
17.2. Aplicação prática 476
18. TRANSFORMAÇÃO, INCORPORAÇÃO, 
 FUSÃO E CISÃO DE SOCIEDADES EMPRESÁRIAS 476
19. SOCIEDADES COLIGADAS, CONTROLADORAS E CONTROLADAS 478
20. SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA 481
20.1 O caso CEMIG 483
21. DISSOLUÇÃO, LIQUIDAÇÃO E EXTINÇÃO DE UMA SOCIEDADE 485
22. COMO FAZER O REGISTRO DE UM EMPRESÁRIO 
 E DE UMA SOCIEDADE EMPRESÁRIA 488
EXERCÍCIOS PARA FIXAÇÃO 489
Capítulo 14 
HISTÓRIA DO DIREITO CAMBIAL – um breve relato 501
1. O CRÉDITO E OS TÍTULOS DE CRÉDITO 503
2. ELEMENTOS COMUNS DOS TÍTULOS DE CRÉDITO 505
3. DISPOSIÇÕES GERAIS 509
3.1. A Lei Uniforme de Genebra e o Decreto n. 2.044/1908 510
3.1.1. Das reservas adotadas no Brasil 510
4. CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITO 513
EXERCÍCIOS PARA FIXAÇÃO 514
Capítulo 15 
DECLARAÇÕES CAMBIÁRIAS 517
1. INTRODUÇÃO 519
2. DECLARAÇÕES NECESSÁRIAS E EVENTUAIS 519
2.1. Saque ou emissão 519
2.2. Aceite 519
2.3. Endosso 522
2.3.1. Modalidades 524
2.3.2. Responsabilidade do endossante 529
2.4. Aval 532
2.4.1. Aval e fiança 534
2.4.2. Aval antecipado 534
2.4.3. Aval parcial 535
2.4.4. Aval posterior ao vencimento 536
2.4.5. Aval simultâneo e sucessivo 536
2.4.6. Responsabilidade e direito do avalista 538
2.4.7. Aval no Código Civil 540
EXERCÍCIOS PARA FIXAÇÃO 541
Capítulo 16 
VENCIMENTO E PAGAMENTO 547
1. VENCIMENTO 549
1.1. Vencimento ordinário 549
1.2. Vencimento extraordinário 550
2. PAGAMENTO 551
EXERCÍCIOS PARA FIXAÇÃO 553
Capítulo 17 
PROTESTO CAMBIAL 555
1. CONCEITO 557
2. EFEITOS 559
3. PROCEDIMENTO 560
4. DA CLÁUSULA “SEM PROTESTO” OU “SEM DESPESAS” 563
5. PROTESTO PARA FINS FALIMENTARES 563
6. SUSTAÇÃO E CANCELAMENTO DO PROTESTO 564
EXERCÍCIOS PARA FIXAÇÃO 565
Capítulo 18 
DA AÇÃO CAMBIAL 567
1. DA EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL 569
1.1. Do prazo prescricional 571
2. DA COBRANÇA EXTRACAMBIÁRIA 573
2.1. Da ação monitória 573
2.2. Da ação de enriquecimento sem causa (locupletamento) 576
EXERCÍCIOS PARA FIXAÇÃO 577
Capítulo 19 
LETRA DE CÂMBIO E NOTA PROMISSÓRIA 579
1. INTRODUÇÃO 581
2. LETRA DE CÂMBIO 581
2.1. Requisitos da letra de câmbio 582
2.2. O sacado 584
3. NOTA PROMISSÓRIA 585
3.1. Requisitos da nota promissória 585
3.2. O emitente 588
3.3. Nota promissória vinculada a contrato 588
EXERCÍCIOS PARA FIXAÇÃO 589
Capítulo 20 
CHEQUE 593
1. INTRODUÇÃO 595
2. REQUISITOS DO CHEQUE 596
3. DECLARAÇÕES CAMBIAIS 598
4. MODALIDADES 600
5. APRESENTAÇÃO E PAGAMENTO 601
EXERCÍCIOS PARA FIXAÇÃO 603
Capítulo 21 
DUPLICATA 607
1. INTRODUÇÃO 609
2. REQUISITOS DA DUPLICATA 612
3. INTERVENIENTES 615
4. DO VENCIMENTO 616
5. DO PROTESTO E DA COBRANÇA 616
6. DUPLICATA SIMULADA (FRIA) 619
7. DUPLICATA ESCRITURAL 621
EXERCÍCIOS PARA FIXAÇÃO 624
Capítulo 22 
HISTÓRIA DO DIREITO FALIMENTAR BRASILEIRO – conceitos preliminares 627
1. HISTÓRICO 629
2. CONCEITOS PRELIMINARES 632
2.1. Noção jurídica de empresa e de empresário 632
2.2. Noção básica da falência 635
2.3. Noção básica da recuperação 636
EXERCÍCIOS PARA FIXAÇÃO 638
Capítulo 23 
DISPOSIÇÕES COMUNS À FALÊNCIA E À RECUPERAÇÃO 641
1. HISTÓRICO 643
2. JUÍZO COMPETENTE 643
3. ÓRGÃOS COMUNS 645
3.1. O Juiz 646
3.2. O Ministério Público 647
3.3. O Administrador Judicial 647
3.4. O Comitê de Credores 653
3.5. A Assembleia-Geral de Credores 655
EXERCÍCIOS PARA FIXAÇÃO 660
Capítulo 24 
DA FALÊNCIA 665
1. FINALIDADES DA FALÊNCIA 667
2. NATUREZA JURÍDICA DA FALÊNCIA 671
3. FASES DO PROCESSO FALIMENTAR 672
3.1. Fase preliminar 672
3.2. Fase de sindicância, informativa ou investigatória 673
3.3. Fase de liquidação 673
4. SUJEITO PASSIVO DA FALÊNCIA E DA RECUPERAÇÃO 673
EXERCÍCIOS PARA FIXAÇÃO 684
Capítulo 25 
O PROCESSO FALIMENTAR – fase preliminar 687
1. INTRODUÇÃO 689
2. PRESSUPOSTOS DA FALÊNCIA 689
2.1. Condição empresarial do devedor 689
2.2. Estado de insolvência ou impontualidade 689
2.3. Decretação judicial da falência 693
2.3.1 Dos recursos 696
EXERCÍCIOS PARA FIXAÇÃO 698
Capítulo 26 
DO PROCESSO DE FALÊNCIA – fase de sindicância 703
1. INTRODUÇÃO 705
2. DA INABILITAÇÃO PARA SER EMPRESÁRIO, EM RAZÃO DA FALÊNCIA 705
3. DOS DEVERES DO FALIDO 707
4. EFEITOS DA FALÊNCIA QUANTO ÀS OBRIGAÇÕES DO DEVEDOR 708
4.1. Efeitos da falência quanto ao patrimônio da falida 711
4.1.1. Da ação restituitória e dos embargos de terceiros 712
4.2. Efeitos da falência quanto aos contratos da falida 718
4.3. Dos atos ineficazes 726
EXERCÍCIOS PARA FIXAÇÃO 730
Capítulo 27 
DA VERIFICAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS CRÉDITOS 733
1. INTRODUÇÃO 735
2. DOS CRÉDITOS EXTRACONCURSAIS 735
3. DOS CRÉDITOS CONCURSAIS 737
EXERCÍCIOS PARA FIXAÇÃO 745
Capítulo 28 
DO PROCESSO FALIMENTAR – fase de liquidação 747
1. INTRODUÇÃO 749
2. DA REALIZAÇÃO DO ATIVO 749
3. DO PAGAMENTO DO PASSIVO 753
4. DO ENCERRAMENTO DA FALÊNCIA E DA 
EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES DO FALIDO 754
EXERCÍCIOS PARA FIXAÇÃO 757
Capítulo 29 
DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL 759
1. INTRODUÇÃO 761
2. DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL 762
3. FASE POSTULATÓRIA 763
3.1. Requisitos para o requerimento da recuperação 763
3.2. Da legitimação ativa e deferimento do pedido 767
4. FASE DELIBERATIVA 770
4.1. Do plano de recuperaçãojudicial 771
5. FASE EXECUTÓRIA 784
6. CONVOLAÇÃO EM FALÊNCIA 786
EXERCÍCIOS PARA FIXAÇÃO 789
Capítulo 30 
DA RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL 791
1. INTRODUÇÃO 793
2. RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL 793
3. HOMOLOGAÇÃO DO PLANO DE RECUPERAÇÃO 794
3.1. Homologação facultativa 794
3.2. Homologação obrigatória 795
4. CREDORES NÃO ABRANGIDOS PELA RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL 796
EXERCÍCIOS PARA FIXAÇÃO 797
REFERÊNCIAS 799
SOBRE OS AUTORES 809
25
O Professor José Maria Rocha Filho está entre os que foram meus me-
lhores alunos na Faculdade de Direito da UFMG. Atento e dedicado, sempre 
demonstrou grande prazer em estudar Direito Comercial, deste tendo uma 
visão como poucos têm. Foi por isso que, trazendo para o livro sua larga ex-
periência no trato da matéria, sua obra cresce e valoriza-se, principalmente 
pela segurança que nos oferece.
O tratamento que ele dá à disciplina busca esclarecer que a unificação 
legislativa ditada pelo Código Civil brasileiro não tirou, de forma alguma, 
a autonomia do Direito Comercial que, diante dos princípios da disciplina 
mercantil, o Direito Civil ditado pela Comissão elaboradora do novo Código 
Civil não conseguiu chegar a uma unificação que consideramos impossível. 
É que não houve unificação lógica, didática e nem científica. E unificação 
legislativa não tem sentido em um Código. Por que, então, não introduziram, 
para economizar tempo, normas do Direito Penal, do Direito Administrativo, 
do Direito do Trabalho e outras? Foi por isso que o Autor chama de Direito 
Comercial/Empresarial a disciplina. Acertadamente, como também entendemos, 
esclareceu que a pretensão da Comissão elaboradora do anteprojeto do Código 
Civil não conseguiu, e achamos que não conseguirá, acabar com a autonomia do 
Direito Comercial. Entendemos, até, que aquela Comissão repudiou as seculares 
expressões conhecidas como comércio, comercial, comerciante e mercantil. 
Na ânsia de apresentar uma novidade, a Comissão elaboradora do anteprojeto 
copiou o Codice Civile italiano de 1942, nascido sob a influência de Mussolini, 
ditador que odiava os comerciantes e a atividade mercantil por eles exercida.
Quando trata das fontes do Direito Comercial/Empresarial, o Autor indaga 
se o Direito Civil é ou pode ser considerado como fonte do Direito Comer-
cial. A resposta ele próprio dá de forma inteligente, negando o fato. Disse ele 
ser negativa a resposta, pois “muito embora haja quem diga seja ele (o Direito 
Civil) fonte subsidiária, secundária, pelo fato de suprir as lacunas ou omissões 
do Direito Comercial, que é fragmentário”, tal entendimento não lhe parece 
correto. Com bastante segurança explica: “Ademais, como direito comum, o 
Direito Civil se aplica a todas as relações de direito privado, quando não for 
PREFÁCIO 
HISTÓRICO, 
DE 2004
26
afastado pelas regras do direito especial, ainda que estabelecidas ao lado das 
regras civis. São elas que definem o que é matéria comercial/empresarial, a ela 
(matéria comercial/empresarial) se aplicando com exclusividade”.
Tratando de assuntos relacionados com assentamento dos usos e costumes, 
ele é perfeito, pela experiência adquirida como Superintendente de Registro 
do Comércio e Procurador da Junta Comercial do Estado de Minas Gerais.
O livro é em tudo didático e o Autor, por isso mesmo, procura utili-
zar-se de uma linguagem própria para compreensão daqueles que se iniciam 
no estudo da matéria. A fim de evitar confusão com a linguagem do Código 
Civil, ele se esforça no estudo das sociedades mercantis e firmas individuais, 
penetrando no estudo das empresas civis e sociedades simples, das empresas 
comerciais e sociedades empresárias e, principalmente, do registro de empresas. 
Para melhorar os estudos, apresenta ao final de cada capítulo o que chama de 
“exercício para fixação”. Com isto, formula uma série de perguntas para que 
o estudioso possa responder. Basta treinar que a fixação ocorrerá.
Mas são importantes suas lições sobre a participação na atividade mercantil 
do menor, do incapaz, do proibido, do falido e do estrangeiro. Seus esclareci-
mentos são em tudo muito seguros. Não se descuidou de apresentar modelos do 
texto de Projeto de Lei, regulamentando atividade mercantil, como o Projeto 
de Lei sobre Empresa Individual de Responsabilidade Limitada.
O livro dá um excelente tratamento à Propriedade Industrial, abordan-
do as invenções, desenhos e modelos registráveis. Orienta muito bem sobre 
patente, sua proteção, nulidade, cessão, licenças e tudo mais que diz respeito a 
tal instituto jurídico. Não esqueceu o Autor de tratar da concorrência desleal, 
do aviamento e da clientela.
Por fim, trata das sociedades, sua classificação, formação, sociedade regular 
e irregular, sociedades empresárias, formação das sociedades, seus contratos, 
sociedades coligadas, controladoras e controladas, bem assim da transformação, 
fusão e cisão de sociedades empresárias. Se as sociedades foram criadas, tratou 
finalmente da dissolução, liquidação e extinção das sociedades.
Não temos dúvida em recomendar este livro a todos aqueles que querem 
aprofundar nos conceitos gerais do Direito Comercial, fazendo uma distinção 
dos princípios puros da ciência comercial daquilo que o novo Código Civil 
pretende, sem alcançar. Então, este livro é em tudo útil aos que não têm maior 
experiência no trato da matéria comercial.
Wille Duarte Costa1
1 Doutor em Direito Comercial pela UFMG. Do Instituto Brasileiro de Direito Comercial 
Comparado e Biblioteca Tullio Ascarelli, da USP.
27
Com o advento da Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002, que instituiu o 
Código Civil brasileiro e que entrou em vigor em 11 de janeiro de 2003, surgiu 
o pensamento de que houve a unificação dos Direitos Civil e Comercial e que 
este último passou a se chamar, a partir de então, Direito Empresarial. Não nos 
incluímos entre os que assim pensam. Primeiro, porque não existiria razão para se 
ter dois nomes distintos – Direito Civil e Direito Empresarial –, se a unificação 
tivesse mesmo acontecido. Segundo, porque se fez apenas uma unificação legisla-
tiva, que é uma opção do legislador e que não traz como consequência a perda 
da autonomia jurídica, pelo Direito Comercial. Ademais, essa unificação, além 
de ser apenas legislativa, abrange só uma pequena parte do Direito Comercial 
brasileiro, a que, na Lei n. 10.406, citada, se chamou “Direito de Empresa”. Por 
isso, não vemos motivo para se trocar o nome “Direito Comercial” por “Direito 
Empresarial”. Como se poderá constatar, no decorrer deste curso, o Direito 
Comercial não perdeu sua peculiar autonomia e nem se pôs fim, no Brasil, com 
o atual Código Civil, à divisão do Direito Privado. Assim e apesar de, na grande 
maioria das grades escolares, ter-se operado a mudança, continuaremos a tratar 
essa ciência pelo seu nome original e tradicional – Direito Comercial –, que 
transmite, sem dúvida alguma, uma ideia muito mais palpável, concreta, de seu 
conteúdo. Isso não significa, porém, que não poderemos introduzir no texto o 
vocábulo “empresarial”. Faremos isso sim; e se não o fizéssemos, desatenderíamos, 
com certeza, orientações de cunho didático.
ADVERTÊNCIA
Capítulo 1
Neste capítulo, você verá:
Introdução • Abrangência do Direito Comercial/Empre-
sarial • Conceito de comércio • Evolução do Direito Co-
mercial/Empresarial • Divisão do Direito Privado • Obje-
to do Direito Comercial/Empresarial • Fontes do Direito 
Comercial/Empresarial • Usos e costumes comerciais • 
Transcrição do assentamento do uso e costume relativo 
ao cheque visado, feito pela Junta Comercial do Estado 
De Minas Gerais • Particularidades do Direito Comercial/
Empresarial • Exercícios para fixação
HISTÓRIA 
DO DIREITO 
COMERCIAL 
um breve relato
31
1. INTRODUÇÃO
Quando se fala em Direito Comercial, ou Empresarial, que ideia ocorre a 
quem trilha, pela primeira vez, os seus caminhos?
Uma, parece-nos, pode ser formada a partir do conteúdo do próprio 
nome da matéria.
Consultando-se o dicionário2 , verifica-se queDireito é um substantivo 
masculino singular que, dentre outras acepções, significa “o que é justo e con-
forme com a lei e a justiça”; “ciência das normas obrigatórias que disciplinam 
as relações dos homens numa sociedade”. Já os vocábulos comercial/empresarial 
são adjetivos que exprimem o que é “relativo ao comércio”; “conveniente ou 
adequado para o comércio”; “relativo à empresa”.
Logicamente, então, o Direito Comercial, ou Empresarial, partindo-se 
desses conceitos, deve ser um conjunto de normas obrigatórias que disciplinam 
as relações comerciais/empresariais, que disciplinam as relações jurídicas dos 
comerciantes, dos empresários, e, como tal, deve ser o Direito do comércio/
da empresa ou dos comerciantes/empresários. Deve ser um Direito criado 
para disciplinar a atividade do comerciante/empresário, ou seja, o comér-
cio, a empresa. Um Direito, portanto, especial e internacional. Especial, por 
regulamentar, única e exclusivamente, as relações comerciais/empresariais; e 
internacional, porque se aplicaria a todo e qualquer comerciante/empresário, 
onde quer que ele estivesse.
E por que teria surgido esse Direito? Quando e como isso aconteceu?
Dizem os historiadores da ciência da qual se trata que o Direito Comercial 
surgiu em função de o Direito Comum (Direito Civil) não ter tido condições 
de satisfazer as necessidades do comércio. E isso aconteceu na chamada Idade 
Média, período que vai do começo do século V até meados do século XV. 
Mais ainda: o Direito Comercial nasceu de forma fragmentária, já que tem sua 
origem nos usos e costumes mercantis/comerciais da época, sendo, portanto, 
a esse tempo, um Direito consuetudinário, costumeiro.
Permanece ele assim até hoje?
Veremos que não. À medida que avançarmos no estudo da matéria, 
constataremos que o Direito Comercial/Empresarial não é, na atualidade, 
um Direito criado pura e simplesmente para regular a atividade mercantil/
empresarial e para resolver as divergências entre os comerciantes/empresários. 
Também, não é um Direito internacional, mas um Direito interno. E, com 
o passar do tempo, deixou de ser um Direito costumeiro para tornar-se um 
Direito eminentemente legislado, escrito. Conserva, no entanto, a condição 
de Direito especial.
2 MICHAELIS 2000: Moderno Dicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Reader´s 
Digest; São Paulo: Melhoramentos, 2000 2v.
32
2. ABRANGÊNCIA DO DIREITO 
COMERCIAL/EMPRESARIAL
Até o advento da Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002, afirmávamos: o 
Direito Comercial abarca as atividades de intermediação e as de produção.
Toda e qualquer atividade de intermediação e de produção?
Infelizmente, não. No Brasil, estão excluídas, dizíamos, a atividade agrícola 
e, com algumas exceções, a imobiliária. Excluídos também estão, afirmávamos, 
os profissionais liberais, desde que não adotassem, estes e os que se dedicavam 
àquelas atividades, forma empresarial mercantil.
Hoje, porém, a situação é outra.
É que, ao definir o empresário (art. 966) e a sociedade empresária (art. 982) e 
ao determinar sua inscrição obrigatória no Registro Público de Empresas Mercantis, a 
cargo das Juntas Comerciais (arts. 967 e 1.150), o Código Civil brasileiro de 2002 
acabou estabelecendo que somente as sociedades chamadas simples – entre as quais a 
cooperativa (art. 982, parágrafo único) –, as associações e as fundações (que, ad-
verte-se, não são sociedades simples e muito menos empresárias), as organizações 
religiosas e os partidos políticos não estarão sujeitas àquele Registro e, assim, ampliou, 
sem dúvida, o campo de abrangência do Direito Comercial/Empresarial brasileiro.
Senão, vejamos: 
Se empresário é “quem exerce profissionalmente atividade econômica organi-
zada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços” (art. 966); se 
“não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza 
científica, literária ou artística” (art. 966, parágrafo único) e se “salvo as 
exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o 
exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro e, simples, as 
demais” (art. 982), a conclusão, pelo que foi dito antes, só pode ser 
no sentido de que somente as sociedades que se dediquem a essas últimas 
atividades (intelectuais, de natureza científica, literária ou artística) não 
deverão ser registradas no Registro Público de Empresas Mercantis (Juntas 
Comerciais). Mesmo assim, se seu exercício não “constituir elemento de 
empresa” (art. 966, parágrafo único). Se essa condição for verificada, 
dita sociedade deixará de ser simples, se tornará empresária e, como 
tal, deverá ser registrada na Junta Comercial.
Fica, porém, uma questão, não resolvida, pensamos, pela Lei n. 10.406: 
quando é que o exercício dessas atividades constituirá, ou não, elemento de empresa? 
Impossível responder, servindo-se apenas das disposições da mencionada Lei 
n.10.406, vez que ela não definiu a empresa; definiu empresário e sociedade 
empresária. Quando, então, haverá elemento de empresa? Quando houver 
risco, atendimento de necessidades alheias, finalidade lucrativa e utilização do 
trabalho alheio, dentre outros? E não seria empresário quem (não exercendo 
33
atividade intelectual, de natureza literária, artística ou científica) utilizasse ape-
nas sua própria força de trabalho? Ou que exercesse uma atividade totalmente 
mecanizada, informatizada? Por quê?
Pelo fato de a Lei n. 10.406 não ter definido empresa, o tema comporta 
diferentes compreensões e, à vista disso, com certa frequência a questão é sub-
metida ao Judiciário, em função, repita-se, de não se ter definido a empresa e 
em função dos interesses em jogo. Este tema será tratado oportunamente, de 
maneira mais adequada e aprofundada, no Capítulo 13, desta obra.
Abstraindo-nos dessa questão, que não vem ao caso agora, o certo é que, 
conforme está disposto no Código Civil brasileiro, as sociedades agrícolas (em 
que pese a disposição do art. 984, que revela ser isso uma “faculdade”) e as 
imobiliárias – que estavam, ambas, fora do campo de abrangência do Direito 
Comercial brasileiro –, assim como qualquer outra em que fique patente o 
exercício profissional de atividade econômica organizada para a produção ou 
a circulação de bens ou de serviços (v.g. as prestadoras de serviços), passaram 
a integrar o rol das sociedades empresárias (antes mercantis ou comerciais) e, 
como tal, deverão ser registradas na Junta Comercial.
Isso fica mais patente ainda quando vamos ao art. 971 da Lei n. 10.406 
e verificamos que ele abre ao produtor rural (essa expressão, à vista do disposto 
nos arts. 966 e 967, seria preferível àquela outra, “empresário rural”, contida 
no art. 971), ao rurícola, enfim, a possibilidade de ele se inscrever no Regis-
tro Público de Empresas Mercantis, “caso em que, depois de inscrito, ficará 
equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro”. Em seguida, 
no art. 984, a Lei n. 10.406, dá o mesmo tratamento à “sociedade que tenha 
por objeto o exercício de atividade própria de empresário rural”. Por outras 
palavras, inscrevendo-se no Registro Público de Empresas Mercantis, ela “ficará 
equiparada, para todos os efeitos, à sociedade empresária”.
Por que a expressão “produtor rural”, ou mesmo “rurícola”, seria 
preferível àquela outra –“empresário rural” –, contida no art. 971, citado? 
Primeiro, porque “produtor rural”, ou “rurícola”, é, na verdade, aquele que, 
com o trabalho agropecuário impessoal e profissional, cria, aperfeiçoa e dis-
tribui, industrializados ou não, produtos naturais, alimentícios, atendendo, 
assim, necessidades alheias, exigências do mercado. Trata-se, então, não resta 
dúvida, de um empresário, nos exatos termos do art. 966 da Lei n. 10.406, 
citada. “Empresário de fato”, embora essa expressão, à vista do disposto na 
Lei n. 10.406, de 2002, e como será explicado mais à frente, não fique bem. 
É que, pelo atual Código Civil brasileiro (art. 971), essa sua condição de 
empresário é precária, vez queela só será aperfeiçoada quando ele obtiver 
seu registro como tal, nos termos do art. 967 do mesmo diploma legal. Essa 
exigência, ao que tudo indica, é para que ele, “produtor rural” ou “ruríco-
la”, possa invocar em seu favor os benefícios que essa e outras leis põem à 
disposição do empresário ou de uma sociedade empresária. Essa, parece, a 
única forma de entender a parte final dos mencionados arts. 971 e 984: ficar 
“equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro” e ficar 
34
“equiparada, para todos os efeitos, à sociedade empresária”. Por outras pa-
lavras, para o legislador de 2002, uma pessoa – física ou jurídica – somente 
será empresária, para fins de pleitear os benefícios postos à disposição de um 
empresário ou de uma sociedade empresária, se obtiver o registro como tal, 
na Junta Comercial. Segundo, porque a própria Lei n. 10.406 já o denomina, 
desde logo, “empresário”, reconhecendo, assim, como foi dito acima, que o 
“produtor rural” ou “rurícola” é um empresário. E o é por “exercer, pro-
fissionalmente, uma atividade econômica organizada para a produção ou a 
circulação de bens ou serviços”. Isso é o que o constitui empresário; não, a sua 
inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis. Logo, não há razão 
para se afirmar, depois, que ele, registrando-se, “ficará equiparado, para todos 
os efeitos, ao empresário sujeito a registro”. Por oportuno, cabe perguntar: o 
que é equiparar? Equiparar é “comparar pessoas ou coisas, considerando-as 
iguais”. Como, então, igualar a “empresário” a pessoa que já é considerada 
“empresária” pela própria lei? A única explicação cabível, pois, para essa res-
salva é a que foi dada há pouco. Ou seja: tendo o registro, essa pessoa – física 
ou jurídica – poderá pleitear os benefícios que essa e outras leis põem à 
disposição do empresário e da sociedade empresária, tal como definidos pela 
Lei n. 10.406, citada. Terceiro, porque, pelo mencionado art. 971, o “produtor 
rural” ou “rurícola”, a seu exclusivo critério, pode ou não ser equiparado a 
“empresário sujeito a registro”, ou seja, capaz de ter a lei ao seu lado; capaz 
de pleitear, com base nela, os benefícios que ela liberaliza. Como conseguirá 
essa equiparação? Requerendo sua inscrição no Registro Público de Empresas 
Mercantis, reza o art. 971, citado. Assim sendo, qual produtor rural, qual ru-
rícola ou que sociedade que tenha por objeto atividade própria de produtor 
rural, tal como aqui foi explicado, deixará, à vista dessa nova ordem jurídica, 
de se inscrever no Registro Público de Empresas Mercantis? Mesmo porque, 
cabe enfatizar, não se pode chamar de “produtor rural” ou “rurícola” a pes-
soa que planta para sua própria e exclusiva subsistência; subsistência própria 
e de sua família. Essa pessoa, efetivamente, não é um “produtor rural”; não 
é um “rurícola”, na exata extensão desses termos. Por conseguinte, não é 
empresária e nem tem, em princípio, interesse em sê-lo.
Em que pese tais considerações, os Enunciados 201 e 202, surgidos na 
III Jornada de Direito Civil, realizada entre fim de 2003 e meados de 2004, 
mantiveram a confusão. Eis a redação que lhes foi dada:
Enunciado 201 - O empresário rural e a sociedade empresária rural, 
inscritos no registro público de empresas mercantis, estão sujeitos à 
falência e podem requerer concordata. 
Enunciado 202 - O registro do empresário ou sociedade rural na Junta 
Comercial é facultativo e de natureza constitutiva, sujeitando-o ao re-
gime jurídico empresarial. É inaplicável esse regime ao empresário ou 
sociedade rural que não exercer tal opção.
35
O primeiro, por tudo que dissemos antes, revela-se desnecessário, espe-
cialmente ao dar ao “produtor rural” ou “rurícola” – pessoa física ou jurídica 
– o direito de “requerer concordata”. Embora nossa atual lei falimentar seja de 
2005, há muito já se sabia que o instituto da concordata desapareceria de nosso 
Ordenamento Jurídico. Ademais, se o “produtor rural” ou “rurícola”, pessoa 
física ou jurídica, eram, nos termos do art. 966 do Código Civil, considerados 
empresários, obviamente se sujeitavam à lei falimentar em vigor. O segundo 
estabelece que seu registro na Junta Comercial é “facultativo e de natureza 
constitutiva”, contrariando frontalmente o art. 966 do Código Civil que es-
tabelece: “considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica 
organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços”. Isso, conforme 
já dissemos, é o que o constitui empresário; não, a sua inscrição no Registro 
Público de Empresas Mercantis.
Cumpre notar, também, que os Enunciados evidenciam contradição 
intrínseca: se apenas os “produtores rurais” ou “rurícolas” inscritos no registro 
público de empresas mercantis estão sujeitos à falência, podendo, então, re-
querer recuperação, e se tais institutos não se aplicam aos “produtores rurais” 
ou “rurícolas” que não optam pelo registro, na verdade, portanto, não serão 
“produtores rurais” ou “rurícolas”; serão pessoas que plantam para sua própria 
e exclusiva subsistência; subsistência própria e de sua família, conforme expli-
cado item 2), como aceitar que ele seja facultativo? O registro do “produtor 
rural” ou “rurícola”, em obediência ao disposto no art. 967, do Código Civil, 
também é obrigatório. Afinal, se ele não se registrar perante a Junta Comercial 
não poderá, v.g., ser efetivamente chamado “produtor rural” ou “rurícola” e, 
como tal, não poderá requerer recuperação judicial, pois não atenderá ao dis-
posto no caput do art. 48, da Lei n. 11.101/2005, que condiciona o pedido à 
comprovação do exercício regular – vale dizer, devidamente registrado perante 
a Junta Comercial – há mais de dois anos3. Contudo, em 2013 – alguns anos, 
pois, após o advento da Lei n. 11.101/2005 –, houve o acréscimo do § 2º no 
art. 48, da mencionada Lei, incluído pela Lei nº 12.873, admitindo que a prova 
do exercício de atividade rural, por pessoa jurídica, superior a dois anos, pode 
ser feita através da Declaração de Informações Econômico-fiscais da Pessoa 
Jurídica – DIPJ, que tenha sido entregue tempestivamente, o que, de certa 
forma, confirma que o registro perante a Junta Comercial é declaratório; mas, 
concomitantemente relativiza sua obrigatoriedade, nesse caso.
Em consonância com a ideia de desnecessidade do registro perante a Junta 
Comercial para se fazer prova da condição empresarial, cumpre notar que em 
julho de 2019 foi editado o enunciado n. 97, pelo Conselho da Justiça Federal, 
durante a III Jornada de Direito Comercial, in verbis:
3 Essa situação vem sendo alterada ao longo dos anos, conforme se vê do julgamento do REsp 
1.800.032-MT, julgado em 5/11/2019, em que o Superior Tribunal de Justiça decidiu que 
o registro não precisa ter mais de dois anos, mas, sim, o exercício da atividade. E, em 2020, 
o tema foi considerado na reforma da Lei n. 11.101.
36
Enunciado 97 – O produtor rural, pessoa natural ou jurídica, na 
ocasião do pedido de recuperação judicial, não precisa estar inscrito há 
mais de dois anos no Registro Público de Empresas Mercantis, bastando 
a demonstração de exercício de atividade rural por esse período e a 
comprovação da inscrição anterior ao pedido.
Tal enunciado corrobora, pois, o disposto no art. 48, §2º, da Lei n. 11.101/2005.
Então, não resta dúvida que as sociedades agrícolas, assim como as imo-
biliárias, passaram a integrar o rol das sociedades empresárias.
Assim, somente as sociedades de profissionais liberais, as que exerçam atividade 
intelectual, de natureza científica, literária ou artística (observada a limitação imposta 
pelo art. 966, parágrafo único, do Código Civil – excluída, é claro, a socieda-
de de advogados, por força do disposto nos arts. 15 e 16 da Lei n. 8.906, de 
4/7/1994, que dispõe sobre o Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados 
do Brasil –) e as cooperativas, que integram o rol das sociedades simples e, como 
tal, a exemplo das associações, fundações, organizações religiosas e partidos 
políticos, deverãoser inscritas no Registro Civil das Pessoas Jurídicas (art. 45 
c/c arts. 966, 967, 982, 998 e 1.150).
E é claro que os profissionais liberais (pessoas físicas, naturais), para exercerem, 
individualmente, sem sócio, sua atividade, não precisarão e nem poderão – por 
não serem pessoas jurídicas (o art. 44 da Lei n. 10.406 não lhes dá essa condição) 
– se inscrever no Registro Civil das Pessoas Jurídicas. Deverão apenas, como 
já acontece hoje, ter registro no órgão incumbido de fiscalizar sua profissão 
(OAB, CRM, CREA, CRC etc.).
Por conseguinte e com o advento do Código Civil de 2002, o Direito 
Comercial/Empresarial brasileiro passou a abranger toda e qualquer “atividade 
econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços”, que, a 
teor dos arts. 966 e 982 do Código Civil, deve ser exercida, profissionalmente, 
por empresário ou sociedade empresária ou, a teor do disposto na Lei n. 12.441, 
de 2011, por “empresa individual de responsabilidade limitada”. 
Voltaremos ao assunto, nos Capítulos 3 e 5.
3. CONCEITO DE COMÉRCIO
O comércio pode ser entendido, como fato social e econômico, como 
sendo uma atividade desenvolvida pelo ser humano, em que se evidencia a 
circulação da riqueza produzida, aumentando-lhe a utilidade.
Como foi possível chegar a essa conclusão?
A história nos dá conta de que, em fase primitiva da sociedade, o homem 
produzia para seu próprio sustento. Assim, o que lhe sobrava, o que colhia/
produzia em excesso, ele trocava pelo que lhe faltava, pelo que havia colhido/
produzido com escassez. O comum, pois, era a permuta dos produtos do trabalho 
37
individual. Permuta que era efetuada diretamente de produtor a consumidor. 
Imperava, portanto, a economia de troca ou escambo.
Com o passar dos tempos, esse mecanismo das trocas em espécie foi se 
tornando cada vez mais complexo e surgiu, então, a “mercadoria-padrão”, para 
servir de intermediária no processo circulatório, para facilitar ou promover a troca.
Para tanto, conchas, animais e, mais tarde, pedras e metais preciosos come-
çaram a servir de denominador comum de valor, facilitando ou promovendo a 
troca. Estava inventada, assim, a moeda. E, consequentemente, a economia de 
troca ou escambo evolui, imediatamente, para a economia de mercado ou monetária.
O homem passou, portanto, a não mais produzir para seu próprio sustento, 
para a troca pura e simples. Passou a produzir para vender, adquirir moeda e 
aplicá-la em novo ciclo de produção, depois de satisfeitas suas necessidades 
básicas. Iniciado estava o processo de especialização em uma só linha de pro-
dução, ao mesmo tempo em que o comércio se aparelhava, dessa forma, para 
desempenhar sua função econômica e social.
Percebe-se pelo relato que, de fato, o comércio nada mais é que uma 
atividade humana e que, em seus fundamentos, nítida está a ideia de troca. 
Essa atividade humana dependia, pois, da liberdade que cada ser humano tinha 
para decidir o que cultivar ou produzir, por vontade própria, buscando o lucro, 
sem planejamento ou intervenção estatal. No continente africano de séculos 
atrás “os mercados evoluíram de forma natural no momento em que comerciantes se 
encontraram em locais convenientes, normalmente em uma encruzilhada”4, o que, na 
verdade, ocorreu de forma semelhante em outros locais do planeta, com a 
criação de “leis” voluntárias.
Como, então, conceituar o comércio, econômica e juridicamente?
Economicamente, com o eminente Professor Alfredo Rocco,5 podemos dizer que 
“é aquele ramo da produção econômica que faz aumentar o valor dos produtos 
pela interposição entre produtores e consumidores, a fim de facilitar a troca das 
mercadorias”. Dois elementos, essenciais, exsurgem desse conceito: a interposição 
(ou intermediação ou mediação), que é uma atividade humana, e a troca.
Consequentemente e nessa ordem de ideias, só haverá comércio, economi-
camente, se houver a interposição entre o produtor e o consumidor (aumentando, 
por conseguinte, o valor dos produtos) e a troca, facilitada por essa interposição.
Logicamente, e de forma sintética, forçoso é reconhecer que, economicamente, 
o comércio “é o emprego da atividade humana para promover e facilitar a 
troca”, desde que essa atividade humana faça aumentar o valor dos produtos 
e desde que se entenda essa troca como “o último ato de uma série de atos 
de produção” (invenção, operações agrícolas, manufatureiras, transporte, etc.), 
4 OKEDIRAN, Olumayowa. A esperança africana na liberdade. In: Por que liberdade? Trad. Ma-
theus Pacini, rev. Vinícius Cintra. Ottawa, IL, USA: Students for Liberty & The Atlas Network/ 
Jameson Books Inc.. 2013, p. 64-70.
5 ROCCO, Alfredo. Princípios do direito comercial. São Paulo: Saraiva, 1931.
38
porque a troca direta de produtor a consumidor, vimos, não é, economica-
mente, ato de comércio, não se confunde com o comércio, efetivamente, por 
não se fazer presente, no caso, a intermediação, essa atividade humana que faz 
aumentar o valor dos produtos; é apenas um escambo (milho por feijão, v.g.). 
Se fosse comércio, já o teríamos desde aquela fase primitiva.
Para se chegar ao conceito jurídico é preciso ter em mente que o conceito 
econômico, porém, não se ajusta ao pertencente ao Direito. É que muitas ativi-
dades relacionadas com a circulação da riqueza – e, pois, atividades de interme-
diação – não eram consideradas, pelo Direito, como mercantis ou comerciais. 
Economicamente, porém, eram verdadeiros atos de comércio. Exemplo disso, 
no Brasil, até a entrada em vigor da Lei n. 10.406, de 2002, era a atividade de 
compra e venda de imóveis. Outras não se encaixavam no conceito econô-
mico, mas eram abarcadas pelo conceito jurídico. O emitir ou sacar uma nota 
promissória ou uma letra de câmbio, ou mesmo avalizar qualquer delas, era, 
pelo conceito jurídico, um ato de comércio.
Por isso, não se tem, até hoje, um conceito jurídico próprio para o co-
mércio, abrangendo toda sua extensão.
Vidari, um dos grandes comercialistas dos tempos modernos, assim o 
definiu, juridicamente, no dizer do Professor Rubens Requião6:
“é o complexo de atos de intromissão entre o produtor e o consumi-
dor que, exercido habitualmente com fim de lucro, realiza, promove 
ou facilita a circulação dos produtos da natureza e da indústria, para 
tornar mais fácil e pronta a procura e a oferta.”
É um belo conceito, mas não resolve o problema. Façamos sua análise.
Segundo Vidari, para se ter o comércio, juridicamente, são necessárias três 
coisas: intromissão ou intermediação, habitualidade ou profissionalidade ou conti-
nuidade e finalidade lucrativa. Sem elas, vê-se, não há comércio, no seu entender.
Mas, se o aval em uma letra de câmbio era ato de comércio, onde estaria 
nesse caso, por exemplo, a finalidade lucrativa? Ademais, o aval poderia ter sido 
dado para um fim não comercial e, além disso, pelo que consta, na maioria 
dos casos não se dá um aval buscando lucro. Logo, a finalidade lucrativa não 
é tão importante assim; não é essencial para se caracterizar, juridicamente, 
o comércio. Afinal, no comércio, pode não haver lucro em dado momento. 
Pode haver prejuízo; mas nem por isso o ato de comércio praticado deixou 
de sê-lo. Da mesma forma, a habitualidade, a profissionalidade, a continui-
dade, para fins de caracterização jurídica do comércio. Esse elemento era 
importante, isto sim, para a definição de comerciante; não, do comércio. E 
se assim era, não podia prosperar a ideia, inicial, de que o Direito Comercial 
seria o Direito do comércio ou dos comerciantes, visto que não comer-
ciantes ou civis também podiam praticar um ato de comércio (emitir uma 
nota promissória, por exemplo, para fins civis), a eles se aplicando, portanto, 
6 REQUIÃO, Rubens. Curso de direito comercial. São Paulo: Saraiva, 2005, 26 ed., p. 5.
39
a norma específica, do Direito Comercial. A questão, pois, era tormentosa e 
pensar sobre ela nos faz entender melhor o porquê de o legislador pátrio, na 
Lei n. 10.406, de 2002, ter preferido adotar a “teoriada empresa” ao invés 
de permanecer com a “teoria dos atos de comércio”.
Resultado: chegou-se à conclusão de que, no sentido jurídico, o comércio nada 
mais é que “o conjunto ou complexo de atividades a que, num determinado 
país e numa determinada conjuntura histórica, se aplica o Direito Comercial 
desse país”. Por outras palavras, serão comerciais/empresariais, num determi-
nado país e numa determinada época, as atividades assim definidas pelo Direito 
Comercial/Empresarial daquele país.
E o advento da Lei n. 10.406, de 2002, não altera essa conclusão; ao 
contrário, dá-lhe força, vez que define: no Brasil, haverá atividade empresarial 
sempre que alguém – pessoa física ou jurídica – exercer, profissionalmente, 
atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens 
ou de serviços.
4. EVOLUÇÃO DO DIREITO COMERCIAL/EMPRESARIAL
Já sabemos que o Direito Comercial surgiu na Idade Média, de forma 
fragmentária – porque baseado nos usos e costumes e, pois, sem consistência científica –, 
em função de o Direito Comum não ter sido capaz de satisfazer as necessidades 
do comércio e dos comerciantes. 
Mas como foi o processo de seu surgimento?
Valendo-nos mais uma vez dos historiadores, podemos dizer que as pri-
meiras regras a respeito de atividades econômicas foram encontradas no Código 
do Rei Manu, na Índia, e no Código do Rei Hamurabi, que foi esculpido, 
muito provavelmente, entre 1850 e 1750 A. C., sendo, por isso mesmo, tido, 
por alguns, como a primeira codificação de leis comerciais. Mas não há neles, 
no entanto, um corpo sistemático a que se possa chamar Direito Comercial. 
Há algumas regras a respeito da atividade. Aquele “corpo sistemático” veio 
aparecer anos depois.
Nesse interregno, os fenícios – comerciantes por natureza – editaram 
normas a respeito do comércio marítimo. Nelas, regras sobre o alijamento 
(lançamento de navio ou carga ao mar), a Lex Rhodia de Iactu, e sobre câmbio 
marítimo, denominadas Foenicus Nauticum. Mas também elas não chegaram a 
constituir aquele “corpo sistemático” a que se fez referência.
E nem os romanos o constituíram. Aliás, admitiram as normas fenícias, ou 
seja, do povo que habitou as planícies costeiras a leste do Mediterrâneo, onde 
hoje é o Líbano. Em Roma, é bom dizer, a atividade comercial era conside-
rada degradante e, assim, não havia muito interesse em sua regulamentação. 
Mamede destaca que a Jurisprudência romana não criou nada mais do que 
40
algumas regras dispersas, tendo em vista que os romanos não valorizavam o 
comércio, por ser uma atividade pouco exaltada por eles, sendo destinada a 
escravos, servos e estrangeiros7.
Mesmo porque os senadores e patrícios (nobres romanos) eram proibidos 
de exercê-la. Apesar disso, porém, ao se aproximar a decadência de Roma, as 
profundas transformações de sua estrutura econômica deixam transparecer 
um crescimento da atividade mercantil, que é interrompido pela invasão dos 
bárbaros e pelo fracionamento do império.
Somente depois do século XI é que assistiremos a uma nova fase de 
crescimento econômico na Europa.
A esse tempo, o Direito Civil romano, que era internacional, já havia 
cedido espaço para o Direito territorial, local, já com características de Direito 
Privado, mas com forte influência, ainda, das antigas fórmulas jurídicas e do 
Direito Canônico, que condenava, de forma vigorosa, as atividades lucrativas. 
Era pecado obter lucro; emprestar com usura ou juros.
O ambiente social e jurídico, pois, era hostil à mercancia.
Por isso, os comerciantes se uniram e criaram as suas famosas corporações, 
para se oporem àquela situação. Enriquecidas e organizadas, as corporações de 
mercadores adquiriram grande sucesso e poderes políticos e militares, conquis-
tando, consequentemente, a autonomia de já consagrados centros comerciais, 
tais como Gênova, Veneza e Florença. E o exemplo se repete em toda a Europa 
Ocidental, de modo especial na própria Itália e na Alemanha, onde ficou célebre 
a Liga Hanseática, ou seja, a liga alemã de cidades comerciais.
Foi exatamente nesse período da história que começou a surgir, como um corpo 
sistemático e como consequência natural e lógica das regras das corporações (em 
especial, dos assentos jurisprudenciais de seus juízes: os cônsules), o Direito Comercial. 
Por outros termos, os comerciantes criaram, para si e entre si, um direito 
costumeiro, que era aplicado no âmbito de suas corporações pelos juízes eleitos 
(os cônsules) por suas assembleias. A esse juízo consular, portanto, muito deve 
a sistematização das regras do mercado. E ganharam notoriedade os seguintes 
repositórios de decisões consulares: Rôles d’Oleron (França), Consuetudines 
(Gênova) e Capitulare Nauticum (Veneza).
A esse tempo, o já consagrado “corpo sistemático” de regras jurídicas a respeito 
da atividade comercial era um Direito a serviço do comerciante, sujeito ativo da rela-
ção estabelecida e, por isso mesmo, denominou-se essa fase como sendo a subjetivista 
do Direito Comercial, que era, então, um Direito corporativo, profissional, especial, 
consuetudinário e autônomo em relação ao Direito territorial e civil da época.
Mas tal foi o sucesso do Juízo Consular, que julgava segundo os usos e 
costumes e sob a inspiração da equidade, sem falar no poder político e social 
das corporações, que, aos poucos, foi abarcando as demandas existentes entre 
comerciantes e não comerciantes. O povo preferia a justiça das corporações. 
7 MAMEDE, Gladston. Direito empresarial brasileiro: empresa e atuação empresarial. 7 ed.. São 
Paulo: Atlas, 2013, p.16.
41
Floresceu, consequentemente, no Estado, o pensamento da necessidade de se 
delimitar o conceito de matéria de comércio para se determinar, assim, a com-
petência judiciária do juízo consular. Afinal, argumentaram os representantes 
do Estado, nem tudo na vida do comerciante era absorvido por sua profissão. 
E, pois, nem todas as demandas podiam ser submetidas ao Juízo Consular.
Assim, passou a ser considerada matéria de comércio apenas “a compra e 
venda de mercadoria para revenda e a sucessiva revenda; os negócios de moe-
da através de bancos; e as letras de câmbio, por sua conexão com os negócios 
comerciais propriamente ditos”.
Tinha início a fase objetivista do Direito Comercial. Por que objetivista? 
Porque já não se levava em consideração o sujeito, mas o objeto, a atividade, o 
ato de comércio. Consequentemente, o Juízo Consular só podia ser invocado 
por comerciantes matriculados e, mesmo assim, se se estivesse diante de um 
ato de comércio, tal como havia sido definido.
Logo a seguir, uma nova fase começou a ser engendrada. É que pelo fato 
de o direito outorgado pelo Estado ser precário e sofrer sua justiça as injunções 
das conveniências políticas, sociais e econômicas, o povo continuava a preferir o 
Juízo Consular, impondo, por esse caminho, o alargamento de sua competência. 
Com isso, a autoridade dos juízes consulares – que no início só alcançava os 
comerciantes inscritos ou matriculados na corporação – chegou até aos comer-
ciantes não matriculados. Mais ainda: praticado um ato de comércio, qualquer que 
fosse seu autor, teria ele, em função do conceito objetivo do Direito Comercial, 
acesso ao direito especial dos comerciantes. Conciliavam, assim, fase subjetiva com 
objetiva, formando aquela que se chamou eclética, por conter elementos colhidos 
do sistema subjetivo e do objetivo, com acentuada tendência para o último.
Chegamos a 1807 e o Direito Comercial passa a ser conhecido como a 
Disciplina dos Atos de Comércio. É que, nesse ano, veio à luz o Código Napo-
leônico (originariamente publicado, em 21 de março de 1804, com o nome 
de “Código Civil dos Franceses”, foi renomeado, em 1807, para “Código 
Napoleônico”), que adotou, declaradamente, o conceito objetivista. Vale dizer: 
adotou a teoria dos atos de comércio. E por quê? Porque, não fosse assim, estaria 
negado o ideal de “igualdade de todos perante a lei”, da Revolução Francesa. 
Não fosse assim, continuaria existindo, emFrança, o privilégio de classe, já 
que os comerciantes teriam uma justiça própria, um direito próprio. Por isso 
o Código de Comércio passou a ser um estatuto disciplinador dos atos de 
comércio. Consequentemente, todos os cidadãos a ele estavam sujeitos.
Tal diretriz, é óbvio, foi largamente copiada por outros países e a base 
do Direito Comercial foi deslocada da figura do comerciante (sujeito) para a 
dos atos de comércio (objeto), mesmo não tendo os comercialistas, até hoje, 
conseguido definir, com precisão, o que seja ato de comércio.
Exatamente por isso, os comercialistas deram início a novas cogitações, 
principalmente depois do significativo crescimento da economia capitalista. 
E enalteceram a figura do empresário e da empresa, que passou a ser vista como 
“a organização dos fatores de produção, para a criação ou oferta de bens e/ou 
42
serviços”. Os atos de comércio passaram, então, a ser definidos como “todo e 
qualquer ato de um comerciante que seja relativo a sua atividade comercial”.
Com isso, tanto o comerciante (sujeito) como o ato de comércio (objeto) 
passaram a ter importância para o Direito Comercial quando se referiam à 
exploração de uma empresa. Por outras palavras, isoladamente, eles nada valiam. 
O que importava era a empresa mercantil ou comercial, aqui entendida como um 
organismo econômico que criava ou oferecia (sujeito, portanto) bens e/ou serviços. 
Esse novo conceito ganhou força com a edição do Código Comercial alemão 
de 1897, e, assim, o Direito Comercial passou a ser conhecido como o Direito 
das empresas mercantis ou comerciais. Não, Direito Empresarial. Esta, pelas razões 
expostas, a fase a que se chamou de subjetiva moderna.
Aí, em síntese, o processo de evolução do Direito Comercial.
E no Brasil, o que aconteceu a respeito?
No Brasil-Colônia imperava, como não podia deixar de ser, a legislação 
portuguesa, com todas as influências possíveis do Direito Romano e Canônico.
A situação só começou a mudar com a vinda da família real para o Brasil, 
à vista das medidas adotadas por Napoleão Bonaparte contra Portugal.
E com ela vieram a “Abertura dos Portos” – tida por alguns historiadores 
como uma medida “óbvia” e “inevitável”, por força da ocupação francesa em 
Portugal, mas também como contrapartida econômica em favor da Inglater-
ra, pela proteção da Coroa Portuguesa contra Napoleão; mas, ainda assim, a 
“mais importante de todas as medidas que tomaria [D. João] nos seus treze anos de 
Brasil”, pouco mais de uma semana após aportar em Salvador8 –, autorizando 
a importação de produtos transportados em navios estrangeiros de países que 
mantinham boas relações com a Coroa, e uma série de leis e alvarás, além da 
criação da Real Junta de Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação, para 
estimular as atividades produtivas, bem como a concessão de liberdade de 
comércio e indústria manufatureira, que “combinada com a abertura dos portos, 
representava na prática o fim do sistema colonial”9. GOMES cita registros de es-
trangeiros que, ao chegarem ao Brasil, em 1808, identificaram falta de moeda 
corrente, poucos bens sendo comercializados (escravos, ferro, sal, tecidos de lã, 
chapéus, panos de algodão estampados, peixe salgado e manteiga) com a pre-
dominância do escambo, realidade que “restringia muito as oportunidades que 
os novos comerciantes tentavam explorar no país recém-aberto ao comércio 
internacional”10. Nesse cenário colonial, entre os anos de 1500 a 1808, em 
8 GOMES, Laurentino. 1808: como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte 
corrupta enganaram Napoleão e mudaram a história de Portugal e do Brasil. 2 ed.. São Paulo: 
Editora Planeta do Brasil, 2007, p. 96 e 103/104.
9 GOMES, Laurentino. 1808: como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte 
corrupta enganaram Napoleão e mudaram a história de Portugal e do Brasil. 2 ed.. São Paulo: 
Editora Planeta do Brasil, 2007, p. 189.
10 GOMES, Laurentino. 1808: como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte 
corrupta enganaram Napoleão e mudaram a história de Portugal e do Brasil. 2 ed.. São Paulo: 
Editora Planeta do Brasil, 2007, p. 115.
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razão das restrições ilimitadas impostas por Portugal, que dificultavam e/ou 
impediam a geração e circulação de riqueza – v.g., limitações aos direitos de 
locomoção, de produção, de fazer negócios, de comprar e vender bens variados 
–, como o comércio poderia se manter e se ampliar? A resposta é clara: seria 
impossível, pois ao não se garantir o direito ao comércio, retira-se também o 
direito de escolha de com quem negociar11. Por isso, destacamos esse momento 
da chegada da Coroa Portuguesa como um marco para o comércio no Brasil, 
e, consequentemente, para o Direito Comercial.
Após essas medidas, especialmente a Abertura dos Portos, “os portos brasi-
leiros se viram atulhados de produtos ingleses, numa escala nunca antes imaginada”12 , 
alterando significativamente o cenário comercial brasileiro13, que era, até aquele 
momento, uma terra proibida para os estrangeiros, mas que passou a receber 
navios de outros países – especialmente os ingleses – e estimular o comércio 
e o surgimento de indústrias. Paralelamente, cria-se o Banco do Brasil. E à 
medida que o tempo passava, crescia, na Colônia, um sentimento de naciona-
lismo, de soberania, da necessidade de um Direito próprio. Vê-se, portanto, que 
desde a chegada dos portugueses ao Brasil até esse momento de nossa história 
colonial, era evidente o forte intervencionismo14 na economia – o controle 
estatal advinha de Portugal, com claros traços paternalistas (a Coroa Portuguesa 
decidia pelo Brasil) e protecionistas (com o isolamento do mercado interno 
brasileiro), advindos da monarquia absolutista; Lopes destaca que apesar do Di-
reito Comercial ter sua origem nos costumes, ao longo desse período colonial, 
“mudanças foram realizadas ao longo dos anos, indicando o quanto a jurisdição mercantil 
se tornara assunto de Estado e quanto já estava submetida ao poder político da Coroa”15. 
O referido autor também destaca que essa situação não se interrompeu após 
182216, pois mesmo com a Independência e com a Constituição de 1824, o 
11 COSSAER, Lode; WEGGE, Maarten. Como você sabe? Conhecimento e a presunção de liberdade. 
In: Por que liberdade? Trad. Matheus Pacini, rev. Vinícius Cintra. Ottawa, IL, USA: Students for 
Liberty & The Atlas Network/ Jameson Books Inc.. 2013, p. 71-81.
12 GOMES, Laurentino. 1808: como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte 
corrupta enganaram Napoleão e mudaram a história de Portugal e do Brasil. 2 ed.. São Paulo: 
Editora Planeta do Brasil, 2007, p. 179.
13 GOMES cita que “em 1809, um ano depois da abertura dos portos, já existiam mais de cem 
empresas comerciais britânicas operando no Rio.” In: GOMES, Laurentino. 1808: como uma 
rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram 
a história de Portugal e do Brasil. 2 ed.. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2007, p. 184.
14 Segundo o economista austríaco Mises, o intervencionismo revela um governo “desejoso de 
interferir nos fenômenos de mercado”, de forma que “o governo não somente fracassa em proteger 
o funcionamento harmonioso da economia de mercado, como também interfere em vários fenômenos de 
mercado: interfere nos preços, nos padrões salariais, nas taxas de juro e de lucro”, restringindo, assim, a 
supremacia do consumidor, que é o personagem central. In: Mises, Ludwig von. As seis lições. 
Trad. Maria Luiza Borges. 9 ed., São Paulo: Instituto Ludwig von Mises Brasil, 2018, p. 84/85.
15 LOPES, José Reinaldo de Lima. A formação do direito comercial brasileiro. Cadernos Direito 
GV, v.4, n. 6. São Paulo: FGV, 2007, p. 16.
16 Nos séculos posteriores, há diversos exemplos de intervenção estatal na economia de nosso 
País, tais como a criação da Companhia Siderúrgica Nacional e da Companhia Vale do Rio 
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direito mercantil brasileiro permanecia “um ramo relativamente definido de direito 
privado, mas no qual não se notava

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