Prévia do material em texto
TRONCO ENCEFÁLICO E NERVOS CRANIANOS - S5P2 Compreender a anatomia funcional do tronco encefálico O tronco encefálico (TE) é a porção do encéfalo que fica entre a medula espinhal e o diencéfalo. Suas delimitações anatômicas incluem o forame magno inferiormente, separando-o da medula espinal, e a linha imaginária no nível do aqueduto do mesencéfalo superiormente, que o separa do diencéfalo É dividido em três porções: pelo bulbo que está localizado inferiormente, pelo mesencéfalo situado superiormente e pela ponte que se localiza entre os dois. Juntamente com o cerebelo, está localizado na fossa posterior, abaixo da tenda do cerebelo (infratentorial). As estruturas que conectam o tronco encefálico ao cerebelo são os pedúnculos cerebelares, que se dividem em superior, médio e inferior, ligando o mesencéfalo, a ponte e o bulbo ao cerebelo, respectivamente. Estes pedúnculos são importantes para a coordenação motora e equilíbrio. O TE, apesar de seu pequeno tamanho quando comparado ao cérebro, é uma estrutura por onde passam todas as vias sensitivas (ascendentes) e motoras (descendentes) que conectam a medula espinhal ao telencéfalo, diencéfalo e cerebelo. Também é o local onde se localizam os núcleos de dez dos doze pares de nervos cranianos (do III par ao XII par), além de outras estruturas importantes, como a substância negra, locus ceruleus e centros vasomotor e respiratório, por exemplo. Internamente, o tronco encefálico contém a formação reticular: estrutura complexa no tronco encefálico, caracterizada por um emaranhado de núcleos e tratos nervosos. Diferentemente das substâncias branca e cinzenta, a formação reticular é uma mistura de corpos de neurônios e fibras nervosas, o que lhe confere um papel crucial na integração de funções sensoriais e motoras. É responsável pelo controle da atividade cortical, estimulando o córtex cerebral por meio de fibras ascendentes Ela possui três áreas de funcionamento: · Lateral: integração de aferências corticais e sensoriais (despertar generalizado). · Medial: regulação de funções vitais, motricidade somática e atenção. · Média: modulação da transmissão de informações álgicas, atividade motora somática e nível de consciência. No tronco encefálico, encontramos núcleos associados aos pares de nervos cranianos e núcleos próprios, que são exclusivos dessa região. · Estes núcleos são fundamentais para a origem dos nervos cranianos, que desempenham funções sensoriais e motoras essenciais. Além dos núcleos, existem tratos nervosos, que são conjuntos de fibras nervosas organizadas em fascículos e lemniscos. · Esses tratos podem ser ascendentes ou descendentes, conectando diferentes partes do sistema nervoso central. · A organização e a função desses tratos são fundamentais para a condução de informações ao longo do sistema nervoso central. MESENCÉFALO O mesencéfalo, parte superior do tronco encefálico, está localizado entre a ponte e o diencéfalo. A delimitação do mesencéfalo é feita através de várias estruturas anatômicas importantes. · Na face anterior: inferiormente, pela linha entre o nervo troclear e o pedúnculo cerebral, e superiormente, ao redor do quiasma óptico e dos corpos mamilares, que pertencem ao diencéfalo. · Na face posterior, o limite superior é demarcado pelos corpos geniculados e colículos superiores, enquanto o inferior coincide com a ponte, marcada pela emergência do nervo troclear. No corte sagital, o aqueduto do mesencéfalo (ou aqueduto cerebral - de Sylvius) é uma estrutura chave, pois conecta o terceiro ao quarto ventrículo e ajuda a dividir o mesencéfalo em teto (posterior) e pedúnculo cerebral (anterior). Ao redor do aqueduto do mesencéfalo, encontra-se a substância cinzenta periaquedutal, que é composta por corpos de neurônios. Esta região desempenha um papel significativo no controle e regulação da dor, sendo uma parte integrante da formação reticular. A porção dorsal do mesencéfalo é chamada de teto, enquanto a porção ventral possui os aquedutos cerebrais TETO DO MESENCÉFALO O teto do mesencéfalo é um centro nervoso muito importante, relacionado com a integração de várias funções sensoriais e motoras É constituído de quatro eminências: · Colículos superiores - relacionados com os órgãos da visão. Formado por uma série de camadas superpostas constituídas alternadamente por substância branca e cinzenta, sendo que a camada mais profunda confunde-se com a substância cinzenta central. Importante para certos reflexos que regulam os movimentos dos olhos no sentido vertical. Lesões dos colículos superiores podem causar a perda da capacidade de mover os olhos no sentido vertical, voluntário ou reflexamente. · Colículos inferiores - relacionados com a audição, além da chamada área pré-tectal. O colículo inferior difere estruturalmente do superior por ser constituído de uma massa bem delimitada de substância cinzenta, o núcleo do colículo inferior. Este núcleo recebe as fibras auditivas que sobem pelo lemnisco lateral e manda fibras ao corpo geniculado medial através do braço do colículo inferior. PEDÚNCULO CEREBRAL O pedúnculo cerebral, também conhecido como pilar do cérebro, conecta o mesencéfalo ao cérebro, especificamente unindo o mesencéfalo e o diencéfalo. A base do pedúnculo é formada pelas fibras descendentes dos tratos córtico-espinhal, córtico-nuclear e córtico-pontino, que formam um conjunto compacto. SUBSTÂNCIA NEGRA A substância negra é uma estrutura localizada no mesencéfalo, reconhecida por sua coloração escura devido à alta concentração de melanina. Ela é uma região crucial para a secreção de dopamina e desempenha um papel importante na motricidade automatizada, regulando ajustes e correções dos movimentos. A degeneração desta área está associada à fisiopatologia da doença de Parkinson, resultante da perda de neurônios dopaminérgicos na substância negra. A degeneração da substância negra e a consequente deficiência de dopamina são centrais para o desenvolvimento dos sintomas motores na doença de Parkinson. NÚCLEO RUBRO O núcleo rubro, também no mesencéfalo, é identificado por sua coloração avermelhada, resultado da presença de ferro. Este núcleo participa tanto na motricidade automatizada quanto na motricidade somática (consciente), auxiliando no controle dos movimentos. A combinação entre a substância negra e o núcleo rubro é essencial para a coordenação motora eficaz. PONTE A ponte é a porção média do tronco encefálico, situada entre o bulbo e o mesencéfalo, e anterior ao cerebelo. A ponte é formada por uma parte ventral, ou base da ponte, e uma parte dorsal, ou tegmento da ponte. BASE DA PONTE Formada pelas fibras longitudinais, fibras transversais e núcleos pontinos. As fibras longitudinais formam os tratos: · trato córtico-espinhal · trato córtico-nuclear · trato córtico-pontino Os núcleos pontinos são pequenos aglomerados de neurônios dispersos em toda a base da ponte, fazendo sinapse com as fibras córtico-pontinas Os axônios dos neurônios dos núcleos pontinos constituem as fibras transversais da ponte, que formam a via córtico-ponto-cerebelar. TEGMENTO DA PONTE Apresenta fibras ascendentes, descendentes e transversais, além de núcleos de nervos cranianos e substância cinzenta própria da ponte. BULBO O bulbo está posicionado entre a medula espinal e a ponte, sendo delimitado inferiormente pelo forame magno e superiormente pelo sulco bulbo-pontino A substância branca do bulbo contém todos os tratos sensitivos (ascendentes) e motores (descendentes) que se estendem entre a medula espinal e outras partes do encéfalo. Parte da substância branca forma protrusões na face anterior do bulbo, denominadas pirâmides As pirâmides e as olivas, visíveis na vista anterior, são estruturas importantes que compõem o bulbo · Pirâmides: envolvidas na motricidade voluntária, são separadas pela fissura mediana · Olivas: ficam lateralmente e estão associadas à motricidade involuntária, como força e direção do movimento, em coordenação com áreas cerebrais como o cerebelo e os núcleos da base. Adecussação das fibras motoras é um cruzamento crucial no sistema nervoso central, onde ocorre a troca de lado das fibras nervosas, permitindo que o hemisfério cerebral direito controle o lado esquerdo do corpo e vice-versa. · As fibras motoras que descem do córtex motor, localizadas no giro pré-central, passam por essa decussação, trocando de lado no plano mediano. · Assim, fibras dos hemisférios migram de um para o outro Esse cruzamento é fundamental para a coordenação motora e sensibilidade, sendo que 75-90% ocorrem na decussação das pirâmides. Na vista posterior, as fibras ascendentes responsáveis pela sensibilidade são organizadas nos fascículos grácil e cuneiforme, que são responsáveis pela condução das informações sensoriais proprioceptivas e táteis discriminativas. · fascículo grácil: situado medialmente, transmite informações dos membros inferiores e do abdômen · fascículo cuneiforme: localizado lateralmente, transmite informações dos membros superiores e do tórax. Essa organização permite uma condução eficiente das informações sensoriais sem cruzamento excessivo de fibras. O bulbo abriga centros críticos como o centro respiratório, responsável pelo ritmo e sincronização espontânea da respiração, o centro vasomotor, que controla a pressão arterial, e o centro do vômito, que induz o reflexo do vômito. · Estes centros são componentes da formação reticular e são regulados pelo hipotálamo, que integra o sistema nervoso central e as funções homeostáticas. DISCUTIR A ESTRUTURA E A FUNÇÃO DOS PARES CRANIANOS Os nervos cranianos são um conjunto de nervos que emergem do encéfalo, cursam por forames da base do crânio e atuam, primariamente, como vias aferentes e/ou eferentes de estruturas cefálicas São em número de 12 pares, sendo numerados em ordem craniocaudal. Apresentam: · núcleos de substância cinzenta no tronco encefálico · um local de emergência no tronco · um trajeto cisternal intracraniano (trajeto dentro da caixa do crânio) Cruzam um forame da base do crânio por onde saem cursando até seu órgão-efetor. Há uma relação entre a posição de emergência e a função dos nervos, sendo que: · Nervos emergentes próximos à linha média são exclusivamente motores (NC III, IV, VI e XII) · Os que estão mais laterais são mistos (NC V, VII, IX e X) ou exclusivamente sensitivos (NC VIII). Isso é decorrente do processo de desenvolvimento embriológico em que os núcleos motores se desenvolvem medialmente aos núcleos sensitivos. Os dois primeiros nervos cranianos, nervo olfatório (NC I) e nervo óptico (NC II), são os únicos que não estão relacionados com o tronco encefálico, mas sim ao telencéfalo e ao diencéfalo, respectivamente, sendo, portanto, considerados uma extensão do Sistema Nervoso Central (SNC). O nervo oculomotor (NC III) e o nervo troclear (NC IV) originam-se da fossa interpeduncular do mesencéfalo, sendo o NC IV o único que emerge da porção posterior do tronco cerebral. O nervo trigêmeo (NC V) emerge da face lateral da ponte sendo o principal nervo sensitivo da cabeça, enquanto o nervo abducente (NC VI), o nervo facial (NC VII) e o nervo vestibulococlear (NC VIII) surgem da junção pontomedular, sendo os NC VII e NC VIII mais laterais. Os nervos glossofaríngeo (NC IX), vago (NC X) e acessório (NC XI) aparecem por radículas laterais à oliva, ao passo que o nervo hipoglosso (NC XII) emerge medialmente à oliva Os nervos cranianos diferem dos nervos espinhais pelo fato de alguns serem compostos apenas por fibras motoras, outros somente por fibras sensoriais e, alguns possuírem os dois tipos de fibras. Além disso, eles também podem ter fibras parassimpáticas. Cada par de nervos cranianos dispõe de um ou mais componentes funcionais, sendo eles aferente (sensitivo) ou eferente (motor). ▪ Fibras eferentes somáticas: para os músculos estriados esqueléticos que derivam dos somitos. ▪ Fibras eferentes viscerais especiais: para os músculos branquioméricos – derivados dos arcos faríngeos. ▪ Fibras eferentes viscerais gerais: para músculo liso, cardíaco e glândulas. ▪ Fibras aferentes viscerais gerais: sensibilidade das vísceras. ▪ Fibras aferentes viscerais especiais: receptores da gustação e olfato. ▪ Fibras aferentes somáticas gerais: sensibilidade geral. ▪ Fibras aferentes somáticas especiais: sentidos especiais como visão, audição e equilíbrio. NERVOS SENSITIVOS Nervo Olfatório (I) É um par de fibras aferentes viscerais especiais, pois é responsável pelo olfato É o menor dos nervos cranianos e possui origem nas células sensoriais bipolares da mucosa das fossas nasais Essas células atravessam a lâmina crivosa do osso etmóide e encontram-se formando o bulbo olfatório, local em que é iniciado o processamento da informação olfativa. As fibras seguem como trato olfatório pela base posterior do lobo frontal em direção ao lobo temporal, formando a estria olfatória lateral, enquanto a estria olfatória medial segue até a área septal. · Lesões deste nervo podem acontecer por trauma, infecções ou tumores na região e causam hiposmia (diminuição do olfato) ou anosmia (perda do olfato). · Se acontecer uma alteração cortical, pode gerar ainda uma parosmia (perversão da olfação). Nervo Óptico (II) O nervo óptico é formado por um conjunto de fibras nervosas aferentes somáticas especiais responsável pela visão. Suas fibras se originam de axônios de células ganglionares na retina que passam posteriormente ao globo ocular e adentram o crânio através do canal óptico. Os sinais elétricos dos axônios de cada nervo óptico se unem em uma estrutura em “X” que está localizada no assoalho do terceiro ventrículo: o quiasma óptico. · Este é o local em que ocorre o cruzamento das fibras originadas da retina nasal (medial), enquanto as fibras originadas da retina temporal (lateral) seguem em seus respectivos tratos ópticos sem cruzar a linha média. · Assim, ocorre uma combinação entre informações provenientes dos dois campos visuais. Alterações no nervo óptico podem levar à amaurose (cegueira) ou a alterações de campo visual do tipo hemianopsia e quadrantanopsia. Vestibulococlear (VIII) Apresenta apenas fibras aferentes somáticas especiais, responsáveis pelo equilíbrio e pela audição. É dividido em duas partes: · Uma porção vestibular (mais posterior) composta por fibras do gânglio vestibular que percebem as mudanças no movimento da cabeça e, por isso, são responsáveis pelo equilíbrio · Uma porção coclear (mais anterior) que é formada por fibras do gânglio espiral que carregam informações sobre a audição até o órgão de Corti na orelha interna. NERVOS MOTORES Nervo Oculomotor (III) Este par de nervos apresenta duas funções: 1. Eferente somática: responsável pela inervação de alguns músculos extrínsecos do olho, como reto superior (eleva, aduz e roda internamente o globo ocular), reto inferior (abaixa, aduz e roda externamente o globo ocular), reto medial (adução), oblíquo inferior (abdução, elevação e rotação externa do globo ocular) e levantador da pálpebra. 2. Eferente visceral geral do parassimpático: responsável pela inervação pré-ganglionar dos músculos intrínsecos do bulbo ocular: músculo ciliar (controle do cristalino) e músculo esfíncter da pupila (faz miose). O NC III não apresenta apenas um núcleo, mas sim um complexo de vários núcleos que está situado no colículo superior. As fibras partem desse complexo, emergem pela fossa interpeduncular do mesencéfalo, seguem em direção à órbita em um trajeto entre as artérias cerebelar superior e cerebral posterior. Lesão do III nervo pode causar: · paralisia ipsilateral impedindo o movimento de adução e abaixamento do globo ocular (mantendo o olho em estrabismo divergente) · diplopia (visão dupla). Troclear (IV) Par de nervos estritamente motor, portanto, com fibras eferentes somáticas para o músculo oblíquo superior que é responsável pelo movimento de rotação inferomedial do olho. Seu núcleo está situado no colículo inferior, logo abaixo do núcleo do oculomotor. Único par que emerge da região posterior do tronco do encéfalo, com saída aparente através do véu medularsuperior do mesencéfalo. Perfura a dura-máter ao lado da tenda do cerebelo, segue pela parte posterior da parede lateral do seio cavernoso, passa lateralmente ao NC III. A lesão isolada do nervo troclear causa incapacidade de olhar para baixo e de abdução do olho contralateral, além de diplopia vertical. Abducente (VI) É composto por fibras eferentes somáticas para o músculo extrínseco do olho chamado de reto lateral (função de abdução do olho). Seu núcleo está situado no colículo facial do tronco encefálico, próximo ao assoalho do IV ventrículo. Lesão deste nervo causa estrabismo convergente, ou seja, impossibilidade de olhar para fora e, também, diplopia horizontal. Acessório (XI) É um nervo estritamente motor que apresenta duas raízes: uma craniana e uma espinhal. A raiz craniana tem origem no núcleo ambíguo no bulbo e a parte espinhal origina-se dos neurônios motores, situados na coluna ventral da substância cinzenta medular dos níveis C1 a C5. Faz trajeto ascendente para encontrar a raiz craniana após entrar na cavidade craniana pelo forame magno. Depois do encontro, os dois componentes saem juntos do crânio pelo forame jugular, posteriormente aos nervos glossofaríngeo e vago, dividindo-se em ramo interno e ramo externo. Lesão do ramo externo pode causar paralisia desses dois músculos, resultando em dificuldade na elevação do ombro e na rotação da cabeça para o lado contralateral à lesão. Lesões no nervo interno provocam paralisia da laringe e geralmente estão associadas à lesão no nervo vago. O teste clínico é realizado pedindo para o paciente erguer os ombros e depois levar o queixo ao ombro, ambos contra resistência. Hipoglosso (XII) Nervo motor, com fibras eferentes somáticas, que se origina no núcleo do hipoglosso próximo ao assoalho do IV ventrículo Segue medialmente aos nervos glossofaríngeo, vago e acessório e posteromedial à artéria carótida externa até passar por baixo da origem da artéria occipital. Continua em direção à base da língua onde faz a inervação dos seus músculos intrínsecos e extrínsecos: estiloglosso, genioglosso, gênio-hióideo e hioglosso, longitudinais superior e inferior da língua, transverso da língua e longitudinal da língua. O único músculo da língua que não é inervado pelo nervo hipoglosso é o músculo palatoglosso. Lesão desse nervo pode acontecer por poliomielite ou traumatismos da base do crânio e causa paralisia da metade da língua NERVOS MISTOS Trigêmeo (V) Nervo misto já que possui fibras aferentes somáticas gerais e fibras eferentes viscerais especiais (motoras branquiais). Apresenta um núcleo motor e três núcleos sensitivos. O núcleo motor é também chamado de mastigatório e está situado na ponte. O núcleo sensorial principal é responsável por transmitir informações do tato epicrítico. O núcleo do trato espinhal é composto por fibras que carregam informações de dor e temperatura desde a ponte, passando pelo bulbo até a parte alta da medula espinhal. O núcleo do trato mesencefálico do trigêmeo estende-se ao longo de todo o mesencéfalo e a parte superior da ponte, sendo o único núcleo do sistema nervoso central composto por neurônios unipolares. As fibras sensitivas dos três ramos formam o gânglio trigeminal (gânglio de Gasser) o qual está situado na cavidade trigeminal sobre o osso temporal. Facial (VII) Este nervo emerge do sulco bulbopontino a partir de três núcleos: um núcleo motor, um núcleo salivatório e um núcleo geniculado com a porção sensitiva. A porção sensitiva é denominada de nervo intermédio e sai separada da raiz motora a qual representa a maior parte do nervo facial. No osso temporal, o nervo facial penetra na região anterossuperior do meato acústico interno onde forma o gânglio geniculado (sensitivo) e emite importantes ramos, sendo eles: · o nervo petroso superficial maior, que contém fibras secretomotoras para as glândulas lacrimais e nasais · o nervo para o músculo estapédio, responsável por controlar ruídos auditivos protegendo a orelha média e interna · o nervo corda do tímpano que apresenta fibras gustativas para os 2⁄3 anteriores da língua e fibras secretoras e vasodilatadoras pré-ganglionares. Em seguida, sai do crânio através do forame estilomastóideo e atravessa o corpo da glândula parótida (porém sem fazer a inervação dela) e, posteriormente, emite seus ramos terminais: temporal, zigomático, bucal, marginal da mandíbula, cervical Glossofaríngeo (IX) Este é um nervo misto composto por: ▪ Fibras eferentes viscerais especiais: função motora para os músculos constritor superior da faringe e estilofaríngeo. ▪ Fibras eferentes viscerais gerais (parassimpático): inervação da glândula parótida. ▪ Fibras aferentes viscerais especiais: gustação do ⅓ posterior da língua. ▪ Fibras aferentes viscerais gerais: sensibilidade do ⅓ posterior da língua, faringe, úvula, tonsilas, tuba auditiva, seio e corpo carotídeos. ▪ Fibras aferentes somáticas gerais: sensibilidade de parte do pavilhão auditivo e do meato acústico externo. A porção motora inicia-se no núcleo ambíguo, enquanto as fibras parassimpáticas têm origem no núcleo salivatório inferior. Esse par é explorado pelo uso de substâncias (doce, ácido, amargo e salgado) no ⅓ posterior da língua e, também, pelo reflexo do vômito que testa o glossofaríngeo e o vago. Uma lesão deste nervo pode desencadear neuralgia causando distúrbios dolorosos, além de disfagia e distúrbios da sensibilidade gustativa. Vago (X) É considerado o maior dos nervos cranianos e é um nervo misto por possuir as seguintes fibras e funções: ▪ Fibras eferentes viscerais especiais: função motora para os músculos da faringe e da laringe (nervo laríngeo externo). ▪ Fibras eferentes viscerais gerais (parassimpático): inervação das vísceras torácicas e abdominais. ▪ Fibras aferentes viscerais especiais: gustação da epiglote. ▪ Fibras aferentes viscerais gerais: sensibilidade de parte da faringe, laringe (nervo laríngeo interno), traqueia, esôfago e vísceras torácicas e abdominais. ▪ Fibras aferentes somáticas gerais: sensibilidade de parte do pavilhão auditivo e do meato acústico externo (nervo auricular). Lesões em seus ramos podem decorrer de tumores, lesões vasculares e doenças desmielinizantes e causam disfagia, disfonia, paresia e paralisia das musculaturas faríngea e laríngea, ausência do reflexo do vômito, queda do palato mole e desvio da úvula. ANALISAR AS VIAS DE INTERPRETAÇÃO DOS ESTÍMULOS COM ÊNFASE NOS NERVOS CRANIANOS As vias de interpretação de estímulos são os caminhos que começam nos receptores, passam pelos nervos cranianos até núcleos do tronco encefálico, seguem para o tálamo e terminam no córtex cerebral, onde o estímulo se transforma em percepção consciente. Cada nervo craniano conduz o estímulo até um ponto de integração no tronco encefálico (bulbo, ponte, mesencéfalo). Depois, quase sempre, a informação passa pelo tálamo (exceto o olfato) antes de chegar ao córtex cerebral específico. É no córtex que acontece a interpretação consciente do estímulo. Vias sensoriais específicas via nervos cranianos: · Visão → Nervo óptico (II) · Receptores: cones e bastonetes da retina. · Impulso percorre o nervo óptico → quiasma óptico → trato óptico → corpo geniculado lateral (tálamo) → córtex occipital. · Olfato → Nervo olfatório (I) · Receptores: células olfatórias da mucosa nasal. · Impulso segue direto para o bulbo olfatório → trato olfatório → córtex piriforme (lobo temporal). ⚠️ É a única via sensorial que não passa pelo tálamo antes de chegar ao córtex. · Audição e equilíbrio → Nervo vestibulococlear (VIII) · Receptores auditivos: cóclea → via coclear → núcleos cocleares no tronco encefálico → colículo inferior → corpo geniculado medial (tálamo) → córtex auditivo no temporal. · Receptores vestibulares: canais semicirculares, utrículo, sáculo → via vestibular → núcleos vestibulares → conexões com cerebelo, tronco encefálico e córtex parietal. · Paladar → três nervos participam: · Nervo facial (VII) → 2/3 anteriores da língua. · Nervo glossofaríngeo (IX) → 1/3 posterior. · Nervovago (X) → palato e epiglote. · Todos levam info para o núcleo do trato solitário (bulbo) → tálamo → córtex gustativo (ínsula). · Sensibilidade da face (tato, dor, temperatura) → Nervo trigêmeo (V) · Receptores cutâneos na face. · Fibras vão até núcleos sensitivos do trigêmeo no tronco → tálamo → córtex somatossensorial (lobo parietal). · Sensações viscerais → Nervo vago (X) · Informações de órgãos internos (pressão arterial, respiração, digestão). · Vão para o núcleo do trato solitário e depois para centros autônomos e córtex. image6.png image1.png image2.png image7.png image11.png image3.png image9.png image10.png image12.png image5.png image8.png image13.png image4.png