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Os Crimes Contra a Honra e os Limites da Liberdade de Expressão Luriane Fernanda Lima da Silva[footnoteRef:1] [1: Acadêmicas do curso de Direito – Facear – Faculdade Educacional Araucária] Vittoria Leticia Ribeiro Rosa1 Ana Renata Machado Bueno[footnoteRef:2] [2: Professora Orientadora – Facear – Faculdade Educacional Araucária] RESUMO A presente pesquisa visa e tem por objetivo analisar e conceituar os crimes contra a honra, que tem previsão legal no artigo 138 a 140 do Código Penal e a relação com os limites da liberdade de expressão diante desses crimes. Iniciar-se-á com a apresentação do conceito e abordagem das considerações mais relevantes sobre o assunto. O objeto de estudo foi à pesquisa bibliográfica, com a estrutura de legislações brasileiras e doutrinas. Dessa forma, o objetivo do trabalho é discorrer sobre os crimes que atingem a honra, subsequente o conceito de honra, calúnia, difamação e injúria, distinguindo cada um deles, discorrendo também sobre a retratação diante desses crimes e a reparação ao ofendido na esfera civil. Dentro dessa perspectiva, este estudo abordou sobre a liberdade de expressão e seus limites apresentando suas restrições dentro desses crimes. Conclui-se que há situações em que a liberdade de expressão e o direito à honra venham a colidir um com o outro quando isso acontece dependendo do caso concreto, a liberdade de expressão poderá sofrer limitações, onde o intérprete analisa os dois direitos fundamentais e aplica o princípio da ponderação. Palavras chave: Crimes contra a honra, Calúnia, Difamação, Injúria, Liberdade de expressão ABSTRACT The present research aims and aims to analyze and conceptualize crimes against honor, which are legally foreseen in article 138 to 140 of the Penal Code and the relationship with the limits of freedom of expression in the face of these crimes. It will begin with the presentation of the concept and approach of the most relevant considerations on the subject. The object of study was the bibliographical research, with the structure of Brazilian legislation and doctrines. In this way, the objective of the work is to discuss the crimes that affect honor, subsequent the concept of honor, slander, defamation and injury, distinguishing each one of them, also discussing the retraction before these crimes and the reparation to the offended in the civil sphere. . Within this perspective, this study addressed freedom of expression and its limits, presenting its restrictions within these crimes. It is concluded that there are situations in which freedom of expression and the right to honor collide with each other when this happens depending on the specific case, freedom of expression may suffer limitations, where the interpreter analyzes the two fundamental rights and applies the principle of weighting. Key Words: Crime against honor, Slander, Defamation, Injury, Freedom of expression 1. INTRODUÇÃO O presente trabalho tem por objetivo apresentar os principais pontos sobre os crimes contra a honra, iniciando pelo conceito da honra, especificar quais são os crimes que atingem, trazendo seus preceitos constitucionais, suas espécies (objetiva e subjetiva), a retratação do agente que comete tal crime a reparação civil do ofendido, expondo assim o entendimento de doutrinadores nos casos concretos e os julgados acerca do tema. Em vista disso, discorrer sobre o conceito e aspectos jurídicos da liberdade de expressão. A liberdade de expressão é direito fundamental da Constituição Federal, garantido no seu artigo 5º, porém, existe o pequeno espaço que separa a manifestação de opinião e os crimes contra a honra, resguardando o direito de um, sem oprimir o direito de outro. Assim como visto o Brasil é uma democracia, fundamental para o bom funcionamento do regime adotado pelo País é a necessidade da liberdade de se expressar. Contudo, essa liberdade tem limites, que se violados adentram nos crimes contra a honra. Posto isto, busca-se compreender: Qual a ponderação entre liberdade de expressão e os crimes contra a honra? Justifica-se o desenvolvimento desse artigo pela importância do conhecimento dos crimes contra a honra e sobre os limites da liberdade de expressão que devem ser respeitados. O método utilizado para o desenvolvimento do presente artigo foi à pesquisa bibliográfica que para Severino (2007) a modalidade dessa pesquisa se caracteriza a partir do registro disponível, que decorre de pesquisas já realizadas, em livros, teses, artigos e documentos impressos. Desta maneira, os textos tornam-se fontes dos temas que serão pesquisados e trabalhados. Com a estrutura de fontes de doutrinadores nos casos concretos, Legislação Brasileira, livros e artigos acadêmicos, que contribuíram para a produção de todo o texto referente aos crimes contra a honra e os limites da liberdade de expressão. 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 OS CRIMES CONTRA A HONRA 2.1.1 Honra – conceito e aspectos jurídicos A Constituição Federal de 1988 garante nos direitos e deveres individuais e coletivos a inviolabilidade da honra, que tem o intuito maior de preservar um bem considerado imaterial. A pessoalidade de cada um, com o seu decoro, tendo respaldo dentro do ordenamento jurídico (BRASIL, 1988). A honra mesmo que imaterial é considerada inviolável. O inciso X do art. 5º, da Constituição Federal de 1988 abrange e estabelece que são invioláveis a vida privada, a intimidade, a honra e a imagem das pessoas, sendo cabível a indenização pelo dano material ou moral à vítima que sofrer tal violação (BRASIL, 1988). Assim como a vida, a honra sempre mereceu proteção legal. Trata-se de uma característica da pessoa humana, que está vinculada à personalidade, que não se compreende a alguém sem sua honra. A honra pode assumir diversas formas, já que se trata do verdadeiro atributo para ressaltar o caráter de um indivíduo, mas que pode ser capaz de macular a sua imagem, caso não possua. Assim o homem de bom caráter desfruta de bom conceito social e servirá de exemplo para outros cidadãos, já o homem mau caráter não é bem visto e nem merece consideração na sociedade em que vive. A honra é característica da pessoa, estando vinculada à personalidade, que dá moral do seu valor à comunidade em que vive. Pode assumir várias formas, pois, refere-se da verdadeira virtude e destaca o caráter da pessoa que faz de tudo para viver com dignidade, conquistando o afeto de seus semelhantes (NOGUEIRA, 1995). Por outro lado, fala-se em desonra quando o indivíduo vive à margem dos deveres sociais infringindo-os e também desrespeitando seus semelhantes. O homem desonesto e mau caráter nunca será bem visto e jamais conquistará a consideração da sociedade em que vive, pois, funciona como uma ameaça aos demais cidadãos. Já o homem virtuoso, honrado e bom caráter, não só servirá de exemplo, como será respeitado por todos (NOGUEIRA, 1995). 2.2 ESPÉCIES DE HONRA 2.2.1 Honra objetiva e Honra subjetiva A honra subjetiva é o sentimento que cada um tem em particular sobre questões morais, intelectuais, físicas e demais características da pessoa humana. É aquilo que cada um pensa de si mesmo em relação as suas próprias características (JESUS, 2020). Já a honra objetiva é em relação à reputação, é aquilo que os outros pensam sobre tal pessoa, a respeito de seus atributos. É o juízo que o indivíduo acredita possuir no seu meio social, o que as pessoas formam a respeito da reputação do indivíduo (JESUS, 2020). Portando, a honra subjetiva é o sentimento a respeito da própria pessoa, a honra objetiva é o sentimento alheio sobre o que os outros pensam sobre as suas qualidades (JESUS, 2020). Em síntese, os conceitos da hora objetiva e subjetiva se unem de modo que a afetação a honra subjetiva atrapalha a relação e a visão que a pessoa tem de si mesma, e a honra objetiva atinge a reputação no meio social, no entanto, a honra objetiva e honra subjetiva são conceitos que se complementam, ou seja, um conceito único (GRECO, 2017). 2.3 CRIMES CONTRA A HONRA EM ESPÉCIE Na legislação penal,crimes contra a honra são caracterizados em três modalidades: calúnia, difamação e injúria, conforme a Lei n° 2.848 /1940 do Código Penal. Diante das peculiaridades de cada crime, é necessário diferenciar como os crimes se consumam. 2.3.1 Calúnia O ato de caluniar atinge a honra objetiva que é a imputação falsa de um fato criminoso a alguém, ou seja, é o que as pessoas pensam sobre a outra pessoa, referente às questões intelectuais, físicas e demais atribuições individuais. O autor do crime coloca sob a responsabilidade de algum indivíduo, alguma prática criminosa, ainda que o crime não tenha sido realizado ou se quer ocorrido. Dentro da ação em si, a mesma pode ser praticada de forma, oral, escrita ou até mesmo por mímica. Ou seja, é dizer de forma mentirosa que alguém cometeu crime. Para a ocorrência do crime de calúnia é fundamental que haja atribuição falsa do crime. Exemplo de calúnia: dizer que fulano furtou o dinheiro do caixa, sabendo que não foi ele, ou que o dinheiro não foi furtado (CAPEZ, 2018). O crime de calúnia está previsto no art. 138 do Código Penal Brasileiro, que tem como pena a detenção, de seis meses a dois anos, e multa. A descrição dos tipos de calúnia contém os verbos imputar, propalar e divulgar. Imputar constitui em atribuir a alguém a responsabilidade pela prática de algum fato. Propalar é o relato verbal e divulgar é narrar algum fato por qualquer meio (BRASIL, 1940). Dessa forma, observam-se algumas espécies que se enquadram nos crimes de calúnia, buscando esclarecer a imputação do crime. No que diz respeito à espécie explícita, como exemplo: Pedro furtou a casa de Marcia. A ofensa é, manifesta direta, não existindo dúvida da intenção do ofensor de atacar a honra do ofendido. O mesmo ocorre na implícita, onde a colocação não é direta, por exemplo: não foi ele que durante anos desfrutou dos cofres da prefeitura. É a ofensa velada, discreta, despercebidamente, de modo que o ofensor, sutilmente, transmite que a vítima teria praticado delito. Contudo, existe também a espécie reflexa onde a imputação para uma pessoa acaba por atingir outra, podendo usar de exemplo: o policial não aplicou a multa a João, pois foi subornado por ele. Neste caso João foi atingido pela falsa imputação, ou seja, houve a afirmação em uma terceira pessoa (CAPEZ, 2018; MASSON, 2020). Ressaltando que conforme o Código Penal Brasileiro a calúnia de certa forma significa divulgar que o indivíduo cometeu um crime com a finalidade de ferir a honra objetiva do sujeito passivo. A interpretação do crime de calúnia do Tribunal de Justiça do Paraná, como mostra a jurisprudência a seguir: APELAÇÃO CRIMINAL. – CALÚNIA. – PROPAGAÇÃO DOLOSA DE ACUSAÇÕES FALSAS VIA INTERNET. – PRELIMINAR DE NULIDADE ARGUIDA. – NÃO OCORRÊNCIA. – APLICABILIDADE DA LEI IMPRENSA. – PRECEDENTES JURISPRUDENCIAIS. – INÉPCIA DA INICIAL. – INOCORRÊNCIA. – PRINCÍPIO DA INDIVISIBILIDADE. – INAPLICÁVEL. – ANIMUS CALUNIANDI CONFIGURADO. – LIBERDADE DE EXPRESSÃO LIMITADA PELA ÉTICA. – ERRO DE TIPO. – INOCORRÊNCIA. – DESCLASSIFICAÇÃO PARA O DELITO DE DIFAMAÇÃO. – IMPOSSIBILIDADE. – SENTENÇA MANTIDA. – RECURSO NÃO PROVIDO. I. É pacífico o entendimento desta Corte no sentido de que não será declarada a nulidade de nenhum ato processual quando este não haja influído concretamente na decisão da causa, ou na apuração da verdade substancial. Somente em casos excepcionais será declarada insanável, aplicando-se o princípio pas de nullité sans grief. II. Uma entrevista concedida em um chat (sala virtual de bate-papo), disponibilizada de modo ‘on line’, na home page de um jornal virtual, se reveste de publicidade bastante para se subsumir ao art. 12 da Lei n º 5.250/67. (AgRg na APn XXXXX/DF. Relator Ministro FERNANDO GONÇALVES. CORTE ESPECIAL. Julgado em 07/06/2006) III. “Mostrando-se a inicial acusatória ajustada ao artigo 41 do Código de Processo Penal, eis que descreve, com suficiência, o fato-crime imputado ao denunciado, de modo a permitir o exercício do direito ao denunciado, de modo a permitir o exercício do direito de defesa, constitucionalmente assegurado, não há falar em trancamento da ação penal, por inépcia da denúncia.” (STJ. RHC XXXXX/PR. Relator Ministro HAMILTON CARVALHIDO. Sexta Turma. Julgado em 24/02/2005) IV. Descabida a pretensa aplicabilidade do princípio da indivisibilidade, porquanto, a matéria foi veiculada pelo réu, tendo sido por ele admitido, que “a vontade de continuar alertando e informando a população não cessou, que fez o querelado criar o referido site” (fls. 60). Ora, é o réu único a integrar o pólo passivo da relação processual, porquanto, é o responsável pela prática delituosa, não sendo passível de ser beneficiado pelo referido princípio. V. Observa-se que, o conteúdo divulgado ofendia diretamente a honra dos querelantes, tendo extrapolado o direito de informar, porquanto de cunho estritamente lesivo, atribuindo falsamente, ofensivas à imagem dos querelantes. VI. A liberdade de expressão é limitada pela ética que regula a atividade social-conceitual dos indivíduos relacionados entre si pela convivência permanente, os quais retratam regras de condutas atributivas de responsabilidades, deveres e direitos, regras providas de sanções com escopo de resguardar o bom convívio social. (TJPR – AC: 0328531-4 PR, Relator: LIDIO JOSÉ ROTOLI DE MACEDO; Órgão julgador: 2ª Câmara Criminal; Data de Julgamento: 23/08/2007) (PARANÁ, 2007). Sobre o caso mencionado, o querelado apontou os querelantes como integrantes de uma quadrinha que possuíam dinheiro emprestado na MegaCred, bem como “caixa 2”, veiculando as notícias pela internet. Observa-se que, o conteúdo divulgado ofendia diretamente a honra dos querelantes, tendo extrapolado o direito de informar, porquanto de cunho estritamente lesivo, atribuindo falsamente, ofensivas à imagem dos querelantes. 2.3.1.1 Consumação e tentativa No crime de calúnia, a falsa imputação se consuma quando chega ao conhecimento de terceiros, sendo necessário que a vítima da calúnia dela tome conhecimento, considerando que se trata da reputação do agente em seu meio social. Existe a chance do reconhecimento da tentativa, conforme o meio pelo qual é executado o delito, isto é, por se tratar de crime que atinge a honra objetiva (GONÇALVES, 2019). Por outro lado, a tentativa só será possível se a calúnia for praticada por meio escrito, visto que, ocorrendo de forma verbal, configura a prática do crime por meio de único ato, o que não admite tentativa (NORONHA, 2004). 2.3.1.2 Exceção da verdade e da notoriedade Quando enquadrado o crime de calúnia, o agente do fato imputado tem a oportunidade de provar se a divulgação realizada é verídica, posto isto teria sua conduta excluída do crime. É chamada a exceção da verdade (art. 138, § 3º, do Código Penal) que se realiza por um procedimento especial (art. 523 do CPP). No crime de calúnia, por se tratar de imputação de fato definido como crime, importa à Justiça Pública investigar se tal fato é verdade ou não. Contudo, há também a exceção de notoriedade do fato, onde cabe ao réu comprovar que os fatos e afirmações já são de conhecimento público, neste caso, muda o crime em si, uma vez que era existente a publicidade do fato (CAPEZ, 2018). Sendo assim, qualquer imputação criminosa é considerada falsa até que se prove a sua consonância para com a realidade (GILABERTE, 2019). Apresenta as seguintes exceções: em crimes de ação privada, quando o ofendido não for condenado por sentença irrecorrível; nos fatos imputados contra o Presidente da República ou contra o chefe de governo estrangeiro; se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido do crime imputado por sentença irrecorrível (BRASIL, 1940). 2.3.2 Difamação O crime de difamação tem previsão legal em seu art. 139 do CP, que disciplina que o ato de difamar caracteriza a imputação de um fato que ofenda a reputação da vítima, podendo esse fato ser verdadeiro ou falso. É a ofensa à honra objetiva, exemplo disso é comentar na rede social que o vizinho não paga suas contas(BOMFATI; KOLBE JUNIOR, 2020). Com pena de detenção de três meses a um ano, e multa (BRASIL, 1940). O crime de difamação ocorre quando o sujeito ativo comete um fato não criminoso a vítima, mas que causa dano à reputação do sujeito passivo. Esse fato pode ou não ser falso, não é obrigatório que o fato seja falso. O fato ofensivo precisa chegar ao conhecimento de terceiros, pois a lei penal protege a reputação do ofendido, ou seja, ao contrário da injúria, em que há a proteção da honra subjetiva, bastando para a configuração do crime ou só o conhecimento da opinião negativa pelo ofendido (CAPEZ, 2018). O crime de difamação afasta a vinculação da necessidade da veracidade ou da falsidade dos fatos. Assim, difamar um indivíduo consiste em divulgar fatos infames a sua honra objetiva, sejam eles falsos ou verdadeiros (NUCCI, 2017). No que se refere ao crime de difamação, a interpretação do Tribunal de Justiça do Paraná em relação à ofensa direcionada a funcionária pública: APELAÇÃO CRIMINAL. CONDENAÇÃO PELO CRIME DE DIFAMAÇÃO (ARTS. 139 C/C 141 INCS. II e III DO CÓDIGO PENAL). OFENSA DIRECIONADA À FUNCIONÁRIA PÚBLICA. APELO DO RÉU. TESES DE ATIPICIDADE E DE LIVRE EXERCÍCIO DO DIREITO DE EXPRESSÃO. NÃO ACOLHIMENTO. CONTEXTO FÁTICO/PROBATÓRIO APTO À CONFIGURAÇÃO, SEGURA E COESA, DE TIPICIDADE, POR SEVERA OFENSA À REPUTAÇÃO INTELECTUAL E PROFISSIONAL DA VÍTIMA. DIREITO DE EXPRESSÃO QUE NÃO É ABSOLUTO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. - A Constituição da República não protege nem ampara opiniões, escritos ou palavras cuja exteriorização ou divulgação configure hipótese de ilicitude penal, tal como sucede nas situações que caracterizem crimes contra a honra (calúnia, difamação e/ou injúria), pois a liberdade de expressão não traduz franquia constitucional que autorize o exercício abusivo desse direito fundamental (TJ-PR. AC: 00445190220208160014 PR, Relator: JOSCELITO GIOVANI CE; Órgão julgador: 2 ª Câmara Criminal; Data de Julgamento: 07/11/2022). (PARANÁ, 2022). Sobre o caso mencionado o denunciado em seu perfil no “instagram” publicou foto da vítima com legenda ofensiva à sua atuação na qualidade de membro do Ministério Público, intitulando-a de “ditadura’’. Afirmou ainda que ao propor ação civil pública visando conter a propagação do coronavírus, agiu com “alarmismo”, “achismo” e “amadorismo”, portando-se “como uma ridícula” que ela “deve estar sofrendo algum transtorno metal” foi alguns de seus comentários. Ainda, em relação à alegação do réu, de que teria apenas utilizado o seu direito de liberdade de expressão, vale frisar que nenhum direito é absoluto, devendo ser limitado a fim de que não atinja outros direitos igualmente relevantes, como ocorreu no presente caso, em que, a pretexto de utilizar seu direito de livre manifestação do pensamento, o réu ofendeu a honra e imagem da vítima. 2.3.2.1 Consumação e tentativa A consumação da difamação acontece quando terceiro, não o ofendido, toma conhecimento desonroso do fato que a vítima está sendo imputado. É necessário que várias pessoas tomem conhecimento da imputação. No entanto, o ofendido não precisa ter conhecimento da ofensa. Sendo assim, um crime formal, a consumação não depende de prejuízo à reputação do sujeito passivo, assim sendo, não é admitida a tentativa quando o caso for de difamação perpetrada, pela prova oral, mas é possível a tentativa quando acontece por meio escrito (CAPEZ, 2018). 2.3.2.2 Exceção da verdade Não é admitida de forma geral a exceção da verdade no crime de difamação, independente se os fatos sejam verdadeiros ou falsos do crime cometido. Contudo, a lei permite a prova da verdade somente se o ofendido é funcionário público, e a ofensa for relativa ao exercício de suas funções, visto que, nesse caso, o Estado tem interesse em saber que seus funcionários desempenham suas funções com decoro e dignidade (CAPEZ, 2018; BITENCOURT, 2020). 2.3.3 Injúria Injuriar vem do verbo insultar e está disciplinado no art. 140 do Código Penal. Com pena de detenção de um a seis meses, ou multa. A injúria caracteriza pelo ato que atribui à vítima uma qualidade negativa, por palavras ofensivas ou omissão, ofendendo a dignidade ou decoro do indivíduo (BRASIL, 1940). Exemplo de calúnia: chamar a vítima com palavras de baixo calão, como “ladra”, “imbecil”. Mas se a ofensa for referente à raça o mesmo se caracteriza como injúria racial (BOMFATI; KOLBE JUNIOR, 2020; CUNHA. 2019). A injúria faz parte da honra subjetiva, pois atinge a honra da vítima, constituída pelo sentimento próprio de cada indivíduo acerca de seus atributos morais (conhecido como honra-dignidade), físicos e intelectuais (conhecido como honra-decoro). Observa-se que no delito de injúria objetiva, que é o valor que o indivíduo possui na sociedade, também poderá ser afetada, todavia tal ofensa é indiferente à configuração do crime (CAPEZ, 2018). Dessa forma, o crime de injúria refere-se ao chamado crime completo, porque existe a proteção da integridade física do indivíduo. Sendo assim, a injúria é possível de ser praticada de diferentes formas além da palavra escrita e oral, é também possível cometer injúria por omissão como não estender a mão a uma saudação (NUCCI, 2017). O crime de injúria também foi levado ao conhecimento do Tribunal de Justiça do Paraná: EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME DE INJÚRIA. ARTIGO 140 DO CÓDIGO PENAL. SENTENÇA CONDENATÓRIA. RECURSO DE DEFESA. MANIFESTAÇÃO EM GRUPO DE ‘WHATSAPP’. RÉU QUE ATRIBUÍ Á VÍTIMA A FIGURA DE ‘CORRUPTO’ E ‘ NAZISTA’. ALEGAÇÃO DE EXERCÍCIO DE ATIVIDADE DE JORNALISMO, BEM COMO DO DIREITO CONSTITUCIONAL Á LIBERDADE DE EXPRESSÃO. HIPÓTESE NÃO VERIFICADA. PALAVRAS OFENSIVAS. CONDUTA REPROVÁVEL E INJUSTIFICADA. DOLO DE INJURIAR DEMONSTRADO. LIBERDADE DE EXPRESSÃO QUE NÃO IMPLICA EM IRRESPONSABILIDADE PENAL PELOS EXCESSOS PRATICADOS. CARACTERIZAÇÃO DO CRIME. SENTENÇA ESCORREITA. APLICAÇÃO DA PENA. SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR RESTRITIVA DE DIREITOS. IMPOSSIBILIDADE DE IMPOSIÇÃO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS Á COMUNIDADE QUANDO A PENA NÃO SUPERA 06 MESES. INTELIGÊNCIA DO ART. 46 DO CÓDIGO PENAL. ALTERAÇÃO, DE OFÍCIO, PARA IMPOR PENA DE PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA. SENTENÇA CONDENATÓRIA MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO, COM ALTERAÇÃO, DE OFÍCIO, DA PENA APLICADA. ‘O direito á livre manifestação de pensamento, embora reconhecido assegurado em sede constitucional, não se reveste de caráter absoluto nem ilimitado, expondo-se, por isso mesmo, ás restrições que emergem do próprio texto da Constituição, destacando-se, entre essas, aquela que consagra a intangibilidade do patrimônio moral de terceiros, que compreende a preservação do direito á honra e o respeito á integridade da reputação pessoal. – A Constituição da República não protege nem ampara opiniões, escritores ou palavras cuja exteriorização ou divulgação configure hipótese de ilicitude penal, tal como sucede nas situações que caracterizem crimes contra a honra (calúnia, difamação e/ ou injúria), pois a liberdade de expressão não traduz franquia constitucional que autorize o exercício abusivo desse direito fundamental’ (ARE XXXXX ED, Relator (a): CELSO DE MELLO, Segunda Turma, julgado em 15/09/2015, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-187 DIVULG 15-09-2015 PUBLIC 15-09-2015). (TJPR – 4ª Turma Recursal 000087733.2020.8.16.0093 - Ipiranga ¬¬Rel.: Juiz de Direito de comarca de entrância final Emerson Luciano Prado Spak - J. 18.02.2022) (PARANÁ, 2022) O caso mencionado aborda sobre o crime de injúria, o réu manifestou no grupo de “whatsapp” se referindo a vítima como associado à figura de “corrupto” e “nazista”. Sob tese de que o réu estaria acolhido pela proteção do direito constitucional à livre expressão. Porém, a representante ministerial em primeira instância, a associação feita pelo réu de que a vítima teria afeição por “nazistas” é ilícita, é evidente que associar a imagem ou o nome de alguém a movimentos totalitários pode perfeitamente configurar ofensa á honra e justificar, além de obrigações de caráter indenizatório. E ao contrário do arguido pela defesa, a liberdadede expressão e imprensa encontra limites quando afronta os direitos constitucionais à dignidade humana e à honra. Quando há excesso na função de informar, ou mesmo quando se extrapola a mera manifestação de opinião em relação aos administradores, partindo para agressão gratuita, injustificada, descontextualizada e reprovável, há clara demonstração da intenção de injuriar, caracterizando o dolo e, por conseguinte, impondo a seu autor a correspondente a resposta penal. 2.3.3.1 Consumação e tentativa A consumação do crime acontece no momento que a vítima toma conhecimento dos insultos sobre sua pessoa, posto isso, a injúria não precisa necessariamente ser proferida na presença do ofendido, basta que chegue ao seu conhecimento, por intermédio de terceiro, como exemplo: correspondência ou qualquer outro meio. Para que exista a injúria não é essencial que a vítima se sinta ofendida. Considera-se que o insulto de qualidade negativa seja capaz de ofender uma pessoa cautelosa e de bom senso. Diante disso o delito é formal, com dolo de dano. Mesmo que o ofensor deseje macular a honra subjetiva da vítima, não é fundamental que ocorra esse resultado, bastando a possibilidade de sua produção (SALIM; AZEVEDO, 2017; CAPEZ, 2018). O entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ. CC 184.269-PB) sobre a consumação do crime de injúria, praticado pela internet por mensagens privadas, as quais somente o autor e o destinatário têm acesso ao seu conteúdo, consuma-se no local em que a vítima tomou conhecimento do conteúdo ofensivo. E no caso da tentativa é admitida dependendo do meio que é proferida essa injúria, já no caso meio escrito é admitido acontecer à tentativa. Isto é, não depende se a vítima se sente ou não atingida em sua honra subjetiva (CAPEZ, 2018). Visto que, há possibilidade de tentativa na injúria, como por exemplo, colocação de desenhos ou símbolos na frente da casa da vítima, porém sendo retirada a tempo por uma terceira pessoa, assim perecendo a ofensa (TELES, 2004). 2.3.3.2 Qualificadoras O artigo 140 do Código Penal apresenta duas modalidades de qualificadores de injúria, a primeira é injúria real, nela a violência ou vias de fatos ocorrem quando se utiliza com a finalidade de ferir a integridade física da outra pessoa, atingindo assim a sua honra subjetiva. O agente não se vale de palavras, mas sim de uma agressão física com o intuito de humilhar a vítima (GRECO, 2017). Na injúria real onde o agente para ofender ou desrespeitar alguém utiliza de violência ou via de fato como, tapa no rosto. A ação penal pública, somente se procede quando resultar em lesões corporais, prevista no art. 145 do Código Penal (ROMANO, 2020). O Código Penal prevê pena de detenção de 3 meses a 1 ano, e multa, além da pena corresponder a violência. Desse modo, o agente é responsabilizado pela injúria real, e responde assim pela prática da lesão corporal (BRASIL, 1940). A segunda é conhecida como injúria preconceituosa ou injúria racial, que também está prevista no art. 140 do Código Penal, que traz em seu §3º, diz respeito à injúria praticada com o uso de elementos referente, a raça, cor, etnia, religião, origem ou condição da pessoa idosa ou portadora de deficiência, que pune o agente que pratica o delito usando esses elementos. A finalidade é atingir a honra subjetiva do ofendido, protegido juridicamente pelo delito em questão (BEZERRA; AGNOLETTO, 2019). Nesse caso, o Código Penal prevê a pena com maior rigor, pois é de reclusão, de um a três anos e multa (BRASIL, 1940). A injúria preconceituosa não se confunde com o crime de racismo, que traz consequências mais grave definido pela Lei 7.716/1989, pois no crime de racismo, há uma segregação, discriminação dessa vítima em virtude da sua etnia ou raça. (BEZERRA; AGNOLETTO, 2019). 2.3.3.3 Exclusão do crime A exclusão do crime está prevista no artigo 142 do Código Penal que diz a respeito somente aos crimes de injúria e difamação. Dessa forma, não constituem crime quando: na primeira hipótese, para fins de exclusão de crime, se faz necessário que a ofensa seja proferida em juízo e que se relacione com a causa em debate. Essa hipótese se fundamenta na asseguração da ampla defesa e do entendimento que a euforia gerada pela defesa de direito, pode vir, casualmente trazer a tona ofensas entre as partes (GRECO, 2017). Nos incisos previstos no art. 142 do CP, existem diferentes naturezas jurídicas em algumas situações, como o inciso I, o agente, na discussão da causa, profere palavras que tenham a finalidade de macular a honra subjetiva da vítima, podendo não se falar em exclusão de dolo, deixando a tipicidade do fato, mas sim em causas em que a punibilidade do ofensor afasta-se, por assuntos de politica criminal (GRECO, 2017). Na segunda hipótese, possibilita a opinião desfavorável da critica literária, artística ou científica, e assim não configura difamação ou injúria, salvo, se possuir a intenção do sujeito de ofender a honra da vítima (GRECO, 2017). Na terceira hipótese, diz sobre quando um funcionário público no seu dever legal, emitir um conceito desfavorável, em alguma apreciação ou informação. No cumprimento de seu oficio, estando assim ligado a vários princípios constitucionais, da impessoalidade, legalidade, publicidade, eficiência e moralidade. Assim, desde que a intenção de ofender não seja visível, tem o dever legal de emitir, com sinceridade e exatidão, relatório de acontecimentos que tomam a intimidade da administração, ainda que, tenha que emitir opiniões negativas sobre a qualidade ou conduta de alguém (CUNHA, 2019). Por fim, o parágrafo único do art. 142 do Código Penal assegura que nas hipóteses primeira e terceira, respondem pela injúria ou pela difamação quando há a publicidade de ofensa (BRASIL, 1940). 2.3.4 Retratação A retratação significa admitir que errou, retirar o que disse, sendo causa de extinção da punição pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite, nos termos do art. 107, VI, CP. Contudo a retratação não se aplica em todos os crimes contra a honra, somente nos crimes de calúnia e difamação. E aplica somente nos casos de ação penal privada, já que o art. 143 do Código Penal cita a palavra “querelado”. Não possui cabimento da injúria, pois atinge a honra subjetiva primeiramente, na qual a retratação não teria a capacidade de reparar o mal causado. Já nos casos de calúnia e difamação que atinge a honra objetiva, a retração pode causar efeito reparador a reputação da vítima no seu meio social (CABETTE, 2020). O Código Penal disciplina sobre a retratação em seu art. 143 do Código Penal tem como finalidade que o ofensor antes da sentença, retratar totalmente da calúnia ou da difamação, ficando livre da pena (BRASIL, 1940). De acordo com o parágrafo único do art. 143 do Código Penal, nos casos em que a calúnia e difamação constituírem em praticadas por meio de comunicação, a retratação deverá ser feita pelo mesmo meio, caso o ofendido assim deseje. Portanto, nessas circunstâncias específicas a retratação gera efeitos somente se a vítima aceitar, no que se refere a sua forma (CABETTE, 2020). 2.3.5 Reparação Civil Os crimes contra a honra, bem como, a calúnia, difamação e injúria podem causar prejuízos às vítimas, pois afetam a imagem que ela tem de si própria e o que os outros têm dela, ofendendo sua reputação e autoestima. Por essa razão, o dano moral sofrido pela vítima é passível de ressarcimento. Nesse caso, paralelamente ou após a ação penal, a vítima poderá ajuizar ação cível também, visando assim indenização por danos morais. Se o juiz vê que houve danos morais e que eles foram ocasionados pelo ato do réu, será gravada a indenização considerando o tamanho do dano. Se houver grande desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá então o juiz reduzir, equitativamente, a indenização de acordo com o art. 944 do Código Civil (PESSALI, 2018). A indenização tem como finalidade de reparar o sofrimento, dor, exposição e constrangimento que a vítima sofreu. A responsabilidade civil independendo da criminal,mas caso a existência do fato e a autoria for confirmada no processo criminal, não poderão mais ser discutidas de acordo com o art. 935 do Código Civil. Assim, mesmo que a questão não for levada adiante na esfera criminal, ainda poderá ser ajuizada a ação de ressarcimento. Na esfera do juizado especial criminal, também é possível a composição dos danos cíveis em um acordo entre o querelante e querelado, que elimine o processo. Esse formato de acordo pode dispensar o ajuizamento de ação cível para reparação dos danos (PESSALI, 2018). De acordo com o art. 953 do Código Civil, a indenização por injúria ou difamação consistirá na reparação do dano que resultou ao ofendido. Se caso o ofendido não conseguir provar prejuízo material, cabe o juiz fixar, equitativamente, o valor da reparação, de acordo com as circunstâncias do caso (BRASIL, 2002). Em suma, a relação que ocorre na era digital acaba não medindo as consequências dos atos praticados na internet. À aplicação das punições criminosas e civis que já estão explícitas no ordenamento jurídico, contudo, ocorre que o fato acontece dentro de um novo universo, porém se trata apenas de algo adicional, não retirando o seu grau de importância, ou até mesmo deixando de isentar da responsabilidade (PESSALI, 2018). 2.4 LIBERDADE DE EXPRESSÃO E SEUS LIMITES A liberdade de expressão está diretamente vinculada com a democracia. É livre a manifestação do pensamento garantido pela Constituição Federal, porém, como nenhum direito é absoluto há limites e possui fronteira com outro direito que se ultrapassar esses limites acabará por atingir a honra e dignidade da vítima. O conceito da liberdade de expressão e seus limites e a ponderação entre a liberdade de expressão e direito a honra será tratado ao decorrer deste texto. 2.4.1 Liberdade de Expressão – Conceito e Aspectos Jurídicos É indiscutível que a democracia brasileira é amparada pelo princípio democrático, no qual assegura o exercício das liberdades civis e públicas, assim como os direitos sociais. O preâmbulo da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 ressalta a liberdade como o centro do regime democrático, sendo um meio que promove o convívio social, a tolerância e o respeito entre os conviventes (SILVA, 2003). A liberdade de expressão e informação, aplicada em textos constitucionais, sem censura prévia, consiste uma das distinções das atuais sociedades democráticas. Essa liberdade é vista inclusive como termômetro do regime democrático (FARIAS, 1996). Referente aos meios de comunicação e à liberdade da imprensa, a Carta Magna expôs em artigo próprio tratamento da liberdade de imprensa. Conforme art. 220 da Constituição Federal, a criação, a manifestação do pensamento da expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou meio não poderá sofrer limitações, observando o dispositivo nesta Constituição (BRASIL, 1988). Nesse sentido, a liberdade de expressão compõe um conjunto de direitos que abrangem a livre manifestação de opinião do indivíduo que é intercalado pelo direito à liberdade religiosa, o direito de resposta, liberdade de reunião, entre outros, direitos da personalidade que protegem o Estado Democrático de direito (BRASIL, 1988). Além da Constituição Federal, a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) estabelecida pela ONU, garantiu em seu texto, a liberdade de expressão como sendo a todo o indivíduo o direito à liberdade de expressão e opinião, e neste direito inclui a liberdade de cultivar opiniões sem intermédio, e de poder procurar, receber e dividir ideias e informações através de qualquer meio e independente de fronteiras (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 1948). Em síntese, a livre manifestação do pensamento e informação é um direito fundamental assegurado a todo cidadão, consistindo com direito a manifestar livremente a própria opinião, ideais e pensamento por meio de palavra, imagem, escrito ou qualquer outro meio de comunicação de modo público ou privado, buscando assim o direito de receber ou comunicar informação verídica, sem discriminações ou impedimentos. Por outro lado, essa garantia não é absoluta, dessa forma não pode ser exercido de modo que ultrapasse a fronteira fixada por outras garantias constitucionais, sob pena de atestar irresponsabilidades (FARIAS, 1996). Visto que, a livre manifestação de opinião é o contexto para que a personalidade humana possa ser desenvolvida e protegida integralmente, o próprio princípio constitucional manifesta-se, cada vez mais, na concepção de liberdade de exercício da vida privada. Deste modo, a privacidade é um direito fundamental evidenciando a construção no âmbito privado na totalidade, precondição da cidadania (RODOTÁ, 2008). Nesse sentido, o ministro Alexandre de Moraes reforça com um voto recente em uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 4.451) a respeito da censura a liberdade de expressão que teve a seguinte ementa: LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PLURALISMO DE IDEIAS. VALORES ESTRUTURANTES DO SISTEMA DEMOCRÁTICO. INCONSTITUCIONALIDADE DE DISPOSITIVOS NORMATIVOS QUE ESTABELECEM PREVIA INGERÊNCIA ESTATAL NO DIREITO DE CRITICAR DURANTE O PROCESSO ELEITORAL. PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL AS MANIFESTAÇÕES DE OPINIÕES DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO E A LIBERDADE DE CRIAÇÃO HUMORÍSTICA. 1. A Democracia não existirá e a livre participação 11 política não florescerá onde a liberdade de expressão for ceifada, pois esta constitui condição essencial ao pluralismo de ideias, que por sua vez é um valor estruturante para o salutar funcionamento do sistema democrático. 2. A livre discussão, a ampla participação política e o princípio democrático estão interligados com a liberdade de expressão, tendo por objeto não somente a proteção de pensamentos e ideias, mas também opiniões, crenças, realização de juízo de valor e críticas a agentes públicos, no sentido de garantir a real participação dos cidadãos na vida coletiva. 3. São inconstitucionais os dispositivos legais que tenham a nítida finalidade de controlar ou mesmo aniquilar a força do pensamento crítico, indispensável ao regime democrático. Impossibilidade de restrição, subordinação ou forçosa adequação programática da liberdade de expressão a mandamentos normativos cerceadores durante o período eleitoral. 4. Tanto a liberdade de expressão quanto a participação política em uma Democracia representativa somente se fortalecem em um ambiente de total visibilidade e possibilidade de exposição crítica das mais variadas opiniões sobre os governantes. 5. O direito fundamental à liberdade de expressão não se direciona somente a proteger as opiniões supostamente verdadeiras, admiráveis ou convencionais, mas também aquelas que são duvidosas, exageradas, condenáveis, satíricas, humorísticas, bem como as não compartilhadas pelas maiorias. Ressalte-se que, mesmo as declarações errôneas, estão sob a guarda dessa garantia constitucional. 6. Ação procedente para declarar a inconstitucionalidade dos incisos II e III (na parte impugnada) do artigo 45 da Lei 9.504/1997, bem como, por arrastamento, dos parágrafos 4º e 5º do referido artigo. (STF-ADI 4451, Relator(a): ALEXANDRE DE MORAES, Órgão julgador: Tribunal Pleno; Data do julgamento: 21/06/2018, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-044 DIVULG 01-03-2019 PUBLIC 06-03-2019) (BRASIL, 2019). O posicionamento do ministro Alexandre de Moraes, reafirma que em uma democracia não há lugar para censura onde o Estado tem a obrigação de garantir a todos, o direito a manifestação de opinião, dentro dos limites constituídos pela lei. Defende também que o princípio democrático está ligado a liberdade de expressão, sendo essa indispensável para o bom funcionamento da sociedade. Entretanto, se extrapolar os limites da liberdade de expressão e informação causando assim prejuízo à imagem, patente a configuração do dano moral, inegável o dever da ré quanto á sua reparação, segue jurisprudência sobre: EMENTA: APELAÇÃO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. ALEGAÇÃO DE PREJUÍZO Á IMAGEM PELA DIVULGAÇÃO DE MATÉRIA COM CUNHO SENSACIONALISTA E VEXATÓRIO PELO RÉ, RESPONSABILIDADEEXTRACONTRATUAL. ACERVO PROBATÓRIO DEMONSTRATIVO QUE A MATÉRIA EXTRAPOLOU OBJETIVO DE INFORMAR E LIBERDADE DE EXPRESSÃO. DANO MORAL CONFIGURADO. VALOR DA INDENIZAÇÃO RAZOÁVEL. DANO MORAL CONFIGURADO. VALOR DA INDENIZAÇÃO RAZOÁVEL, SENDO DESNECESSÁRIA SUA ALTERAÇÃO. RECURSO DO AUTOR E DA RÉ IMPROVIDOS. Analisando o conjunto probatório, é possível constatar que os termos e expressões utilizados pela ré na matéria veiculada no programa “Cidade Alerta” excederam o direito de informação, bem como liberdade de expressão, lesando direito de caráter constitucional do autor. O acervo de provas é suficiente e comporta concluir que houve ofensa ao direito de personalidade da parte autora, pois os termos da reportagem e expressões utilizadas pelo réu foram excessivas, extrapolando os limites de um texto jornalístico e da liberdade de expressão. Portanto, patente a configuração do dano moral, inegável o dever da ré quanto á sua reparação. Por outro lado, razoável manter-se averba indenizatória a título de dano moral no valor originalmente fixado em 20.000,00, não comportando a majoração almejada pelo autor, tampouco a redução subsidiaria pedida pela ré, em atenção aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, ponderando o aspecto punitivo da pena que deve atingir o ofensor, com a vedação ao enriquecimento injustificado do ofendido. (TJ-SP; AC: 10061792020198260566; Relator: ADILSON DE ARAUJO; Órgão Julgamento: 31 ª Câmara de direito Privado. Data do Julgamento: 10/12/2019) (SÃO PAULO, 2019). A vítima ajuizou ação de indenização por dano moral em face da rádio e televisão Record S/A, expondo que foi confundido com possível assaltante de relógios de luxo roubados, sendo absolvido em primeira instância. Enquanto a Polícia Judiciária ainda investigava os fatos, a ré expôs os fatos em seu programa “Cidade Alerta”, fazendo menção imputando indevidamente fato criminoso ao autor, classificando de “ladrão” e “comandante da quadrilha”. Durante a reportagem mostrou a fotografia do autor, nome completo e profissão, sem mencionar que estava sendo investigado. A ré foi condenada a pagar indenização por dano moral. Diante disso, os direitos da personalidade estabelecem limites externos da liberdade de expressão e informação, sendo limites de certa forma ao desempenho da livre manifestação do pensamento e informação. Ou seja, em certas situações esses direitos fundamentais entram em colisão uns com os outros. Quando isso acontece o intérprete não deve utilizar os critérios tradicionais de solução de antinomias previamente expostos para decidir qual irá prevalecer no caso concreto, mas sim utilizar a técnica da ponderação de interesses (FARIAS, 1996; BARROSO, 2004). Nesse aspecto, o ditado popular faz sentido quanto à liberdade de expressão: “o seu direito termina quando começa o direito do outro”. E qual direito estaria em jogo? Se um lado tem a liberdade de expressão e do outro a honra, o direito à imagem, e à vida privada. Com essa contraposição, fica claro que a compreensão a liberdade de expressão, apesar de ser fundamental e importante como meio de garantia na nossa democracia, não podendo ser usada como desculpa para violar o direito do outro (ALEXY, 2014). 2.5 A PONDERAÇÃO ENTRE A LIBERDADE DE EXPRESSÃO E O DIREITO À HONRA Como já visto, o mau uso da liberdade de expressão poderá atingir outro direito fundamental, o direito à honra. Há situações em que dois direitos fundamentais podem colidir, no entanto, não se pode resguardar integralmente um deles sem tornar o outro ineficaz. Deste modo, conclui-se que nesse caso são direitos fundamentais relativos, tendo em vista que a tutela deles se encontra em certo ponto, um limite insuperável na tutela de um direito igualmente fundamental, mas adversários (BOBBIO, 1992). Portanto, na colisão entre a liberdade de expressão e o direito à honra existe a necessidade da realização do princípio da ponderação por meio do princípio da proporcionalidade, onde o intérprete realiza a concessão recíproca e fará ponderação entre os direitos postos em jogo, a fim de determinar qual deverá ceder ou sofrer restrições, conforme as características do caso concreto (BARROSO, 2004). Visto que, mesmo com essa limitação competirá ao intérprete verificar cada caso concreto, quanto à situação conflitante dos fundamentos. O intérprete deverá utilizar o princípio da harmonização ou da concordância prática, de forma a combinar e coordenar os bens jurídicos em confronto, evitando a colisão total de uns em relação aos outros, realizando uma diminuição proporcional na esfera de alcance de cada qual, em busca do verdadeiro sentido da harmonia e da norma do texto constitucional com a essencial finalidade (MORAES, 2016). Dessa forma, independentemente da livre manifestação de opinião ser um dos pilares de uma sociedade democrática, sua importância não autoriza a violação na esfera da liberdade alheia, nem ofender a dignidade do indivíduo através dos crimes contra a honra previstos no Código Penal. Em vista disso, conclui-se que existe a necessidade do bom senso para desfrutar do direito á livre manifestação do pensamento para que esse não venha violar os direitos alheios que é igualmente importante (CAPEZ, 2018). 3. CONCLUSÃO Diante todo o exposto apresentado neste artigo, observa-se que a honra é o “valor” que o indivíduo tem de si mesmo ou que os outros indivíduos pensam sobre outrem, ou seja, é a consideração particular de cada pessoa sobre seus atributos, sejam eles intelectuais físicos ou morais. Além disso, a honra é um direito fundamental com previsão legal em seu art. 5º, da Constituição Federal. Assim, ao caracterizar tais crimes o legislador busca proteger tal direito, resguardando a honra do indivíduo. Portanto, os crimes como calúnia, difamação e injúria não devem ser permitidos e muito menos confundidos como uso de direito da liberdade de expressão na sociedade. Pois, tais crimes imputam a alguém fato oneroso a sua reputação (honra objetiva) ou atribuem qualidade negativa (honra subjetiva), que podem vir a ofender a honra da vítima, gerando assim o dever de indenizar. Nos crimes contra a honra cabe à retratação, é a oportunidade que o ofensor tem de retirar o que disse antes da sentença, ficando livre da pena nos casos em que a lei a admite, nos termos do art. 107, VI, do Código Penal. No entanto, a retratação aplica somente na calúnia e difamação e nos casos de ação penal privada conforme art. 143 do Código Penal. Na injúria não possui cabimento, pois atinge a honra subjetiva e a retratação não teria a capacidade de reparar o mal causado. Dessa forma, cabe também a reparação civil do ofendido, pois esses crimes podem causar prejuízos à imagem sobre ela mesma e na reputação da vítima perante a sociedade em que vive, portanto, o dano moral sofrido pela vítima é passível de ressarcimento. Nesse sentido, a liberdade de expressão também é um direito fundamental garantido na Constituição Federal, que é inerente ao ser humano. Este direito garante ao indivíduo o poder de pensar, e comentar sobre qualquer assunto que seja do seu interesse. Ou seja, esse direito garante aos indivíduos uma existência digna. Visto que, o ser humano encontra absoluta autonomia quando emite seu pensamento e livre acesso à informação, assim possui competência plena de exercer seus direitos. O uso do exercício ao direito do pensamento e de expressar suas opiniões, torna a sociedade democrática, pois, possui a possibilidade dos indivíduos poder debater e de defender seus ideais. Isto é, quando exercido corretamente o conjunto de direitos fundamentais, garante assim o bom funcionamento do âmbito social. Neste âmbito, alguns indivíduos utilizam-se do princípio da liberdade de expressão para expor opiniões que violam outros direitos, com falas e ideias que agridam a honra do outro, pois, acreditam que o direito a livre manifestação de opinião protege tais atos. O direito a liberdade de expressão não é absoluto, portanto há limites e devem ser respeitados. O uso errôneo da liberdade de expressão poderáatingir outro direito fundamental, à honra, como ambos são direitos fundamentais essenciais para os indivíduos, possa vim a colidir um com o outro. Portanto, quando houver a colisão existe a necessidade do princípio da ponderação, onde o intérprete realizará a concessão mútua e então fará a ponderação entre os direitos e determinar qual deverá ceder ou sofrer restrições conforme o caso concreto. Dessa forma, não faria sentido proteger a liberdade de expressão da sociedade, mas não proteger a própria honra dos indivíduos da referida sociedade, que é atacada quando temos as imputações mentirosas a alguém, ou até mesmo ataques ofensivos, devendo então estes princípios se alinhar, não criando um espaço de exceções para práticas de condutas reprováveis. Portanto, conclui-se que os crimes contra a honra e o mau uso da liberdade de expressão possuem uma relação onde para todo ato que infringir os direitos garantidos na Constituição Federal há uma consequência. Assim, se no uso da liberdade de expressão for cometido em excessos e extrapolar os limites toleráveis o ordenamento jurídico possui meios de responsabilização. Portanto, para o bom funcionamento da sociedade e da democracia, onde todos possuem direitos iguais, se faz necessário haver limites quanto ao direito à liberdade de expressão. 4. REFERÊNCIAS ALEXY, Robert. Teoria dos Direitos Fundamentais. 2ª ed. São Paulo: Malheiros, 2014. BARROSO, Luís Roberto. Colisão entre liberdade de expressão e direitos da personalidade: Critérios de ponderação - Interpretação constitucionalmente adequada do Código Civil e da Lei de Imprensa. Revista de Direito Administrativo, Rio de Janeiro, v. 235, p. 1-36, jan./mar. 2004. 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