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IFMG – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais 
CODALIP – Coordenadoria da Área de Língua Portuguesa 
Educação Profissional Técnica de Nível Médio: Integrada 
Disciplina: Português II 
Professor: Paulo Ricardo Moura da Silva 
 
 
Usos das linguagens no âmbito jornalístico: 
 
“Neutro é quem já se decidiu pelo mais forte.” 
Max Weber 
Linguagem: 
 
1) As linguagens não são apenas instrumentos de comunicação, como se fossem canais que levam 
uma mensagem de uma pessoa para outra. 
 
2) A língua produz realidade, porque dizer é agir e a ação materializa aspectos da realidade. Por 
exemplo: (i) o passado e o futuro só existem quando alguém fala sobre eles; (ii) os nossos 
pensamentos nada mais são do que uma conversa que cada um tem consigo mesmo; (iii) quando o 
juiz diz “Condeno o réu a 5 anos de prisão”, a partir daquele momento o réu está condenado, porque 
as palavras do juiz realizaram a ação de condenar o réu; (iv) quando alguém xinga outra pessoa, está 
usando a língua de modo agressivo e a outra pessoa pode, inclusive, sentir reações em seu próprio 
corpo pela violência que sofreu. 
 
3) A língua é também uma esfera de realidade (um espaço) onde nós, seres humanos, habitamos. 
Nós existimos na língua e, não, fora dela. Nós, brasileiros, pensamos em português, sentimos em 
português, vivemos em português. 
 
4) Não existe neutralidade e objetividade em nenhum uso que possamos fazer das linguagens, 
inclusive no Jornalismo. Toda linguagem é ideológica, isto é, está marcada pelos valores, visões de 
mundo e pontos de vista de quem está usando a linguagem. Ninguém consegue comunicar aquilo 
que exatamente aconteceu na realidade, com precisão, transparência e totalidade, porque sempre se 
comunica a sua interpretação, a sua perspectiva sobre o que aconteceu. 
 
5) Ideologia: um conjunto de ideias (crenças, tradições, princípios e mitos), construído socialmente, que 
estabelece um imaginário de explicações feitas e, mais ou menos, acabadas sobre a sociedade, os seres 
humanos e as relações sociais. 
 
Jornalismo: 
 
1) O bom jornalista não é aquele que passa informação de modo neutro e objetivo, porque não é 
possível usar as linguagens com imparcialidade. Um bom jornalista sabe realizar uma pesquisa 
criteriosa, apurar as informações, encontrar fontes que tenham credibilidade e entregar o conteúdo 
ao leitor de forma eficiente e confiável. 
 
2) A informação jornalística é baseada em pesquisas, entrevistas ou observação direta do repórter, e 
é trabalhada coletivamente por uma equipe de profissionais. Por isso, há uma fundamentação que 
confere credibilidade à informação. 
 
3) O jornalismo conta histórias. Podemos questionar: Quais histórias são contadas? De que modo? 
Por quem? Para quem? Com qual objetivo? Por que estão sendo contadas nesse momento? 
 
 
 
IFMG – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais 
CODALIP – Coordenadoria da Área de Língua Portuguesa 
Educação Profissional Técnica de Nível Médio: Integrada 
Disciplina: Português II 
Professor: Paulo Ricardo Moura da Silva 
 
 
4) O bom jornalismo é, por definição, disposto a ouvir as várias versões da história que vai contar 
para o público e, por isso, precisa ser questionador e crítico. O bom jornalismo não deixa cair no 
silenciamento fatos relevantes da sociedade para que as pessoas possam se posicionar sobre eles. 
 
5) O jornalismo tem como função social a formação da opinião pública. Por isso, a mídia é 
considerada como um Quarto Poder na sociedade (juntamente com o Poder Executivo, Legislativo e 
Judiciário). 
 
6) Gêneros textuais do Jornalismo: 
 Informativos: notícia, reportagem, entrevista, nota, documentário; 
 Opinativos: editorial, artigo de opinião, coluna, resenha, carta do leitor, comentário; 
 Interpretativos: análise, dossiê, enquete, cronologia; 
 Diversionais: crônica, cartuns, tirinhas, charges; 
 Utilitários: roteiro, agenda cultural, obituário, meteorologia, campanha. 
 
7) Diferença entre notícia e reportagem: 
 Notícia: informa necessariamente sobre um fato recente e específico; 
 Reportagem: informa sobre fatos do presente ou do passado, sobre temas mais amplos, com 
informações mais aprofundadas. 
 
8) Aspectos a serem observados na leitura de uma reportagem/notícia: 
 Escolhas vocabulares (palavras utilizadas); 
 Utilização de figuras de linguagem, tais como eufemismo, hipérbole e personificação; 
 Técnica da Pirâmide Invertida (as informações mais importantes estão na primeira parte 
da reportagem: O que? Quem? Quando? Onde? Como? Por quê?); 
 Técnicas de ficção, tais como a luta do bem x o mal, a superação de obstáculos, etc.; 
 As fontes de informação, bem como a quem a reportagem está dando voz e de que 
modo (uso do discurso direto e indireto); 
 Uso de linguagens não-verbais, como, por exemplo, fotografias, gráficos, vídeos, e 
sua relação com o texto escrito; 
 Recursos gráficos para criar destaque, como, por exemplo, tamanho e cor de letra. 
 Os não-ditos e os silenciamentos; 
 A perspectiva ideológica, os interesses e os objetivos que a equipe jornalística parece ter; 
 Predomínio de uma perspectiva ideológica centrada no indivíduo ou no social; 
 Uso do apelo emocional ou da reflexão racional para mobilizar o engajamento do leitor 
com a reportagem; 
 Relação entre a reportagem e o contexto social no momento da publicação. 
 
9) Estratégias para identificar uma fake news: 
 Não leia apenas o título da notícia, leia todo o texto; 
 Faça uma checagem da credibilidade do autor e do site que publicou a notícia; 
 Desconsidere as notícias de sites que imitam o endereço eletrônico de veículos da grande 
mídia; 
 
 
IFMG – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais 
CODALIP – Coordenadoria da Área de Língua Portuguesa 
Educação Profissional Técnica de Nível Médio: Integrada 
Disciplina: Português II 
Professor: Paulo Ricardo Moura da Silva 
 
 
 Observe a data de publicação da notícia; 
 Verifique a autenticidade da informação em outros sites e meios de comunicação; 
 Consulte sites de verificação de fatos, como, por exemplo, Fato ou Fake; 
 Pesquise um trecho da notícia em um site de busca, como, por exemplo, o Google; 
 Note se há muitos erros gramaticais e ortográficos no texto; 
 Pesquise se as pessoas citadas, como fonte, na notícia existem e se o que está na notícia 
condiz com o que elas afirmaram em outros textos; 
 Procure informações e opiniões contrárias a da notícia; 
 Identifique se a notícia é exagerada, apelativa e maniqueísta; 
 Identifique se a notícia não apresenta informações específicas, como, por exemplo, data e 
local; 
 Em caso de desconfiança das informações, releia a notícia com mais atenção; 
 Mantenha-se bem informado para desconfiar do que possa estar um pouco distante da 
realidade. 
 
10) Alguns jornais e revistas online para conhecer: 
 Le Monde Diplomatique Brasil; 
 Observatório da Imprensa; 
 Intercept Brasil; 
 Carta Capital; 
 Revista Piauí. 
 
11) Programas jornalísticos para assistir online: 
 Profissão Repórter – Rede Globo; 
 Caminhos da Reportagem – TV Brasil. 
 
12) Documentários sobre Jornalismo: 
 Meia Hora e as manchetes que viram manchete, de Angelo Defanti; 
 O mercado de notícias, de Jorge Furtado; 
 Escola Base: um repórter enfrenta o passado, de Eliane Scardovelli e Caio Cavechini.

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