Baixe o app para aproveitar ainda mais
Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
* AULA 2 * LITERATURA PORTUGUESA LETRAS PROFA. DRA. DANIELLE CRISTINA MENDES PEREIRA Rio de Janeiro, 05 de agosto de 2011 AULA 2 Aula 2 Passagens para um novo mundo: a poética de Gil Vicente. * AULA 2 * Passagens para um novo mundo, em Portugal: o século XVI Aspectos do Humanismo, em Portugal Início: 1418, segundo Massaud Moisés (1988, p. 39). As grandes navegações e a desorganização do modo de vida português e de seus valores. A questão do fusionismo. Fortalecimento da cultura laica. AULA 2 * AULA 2 * Transformações importantes do período: Cronistas importantes aparecem neste período como Fernão Lopes, que prefere a documentação escrita ao relato oral, como matéria de suas crônicas, além de demonstrar excelente talento literário. Separação entre letra e música, no cancioneiro, a partir da publicação do Cancioneiro Geral, de Garcia de Resende. AULA 2 * AULA 2 * “Superada a voga da lírica trovadoresca, a poesia desliga-se de seus compromissos musicais, e passa a ser composta para a leitura solitária ou a declamação coletiva. A poesia torna-se autônoma, realizada apenas com as palavras, despidas do aparato musical, que a tornava dependente ou, ao menos, lhe cortava o vôo. O ritmo, agora, é alcançado com os próprios recursos da palavra disposta em versos, estrofes, etc., e não com a pauta musical” (1988, p. 46). AULA 2 * AULA 2 * Um pouco sobre a vida de Gil Vicente Nasce em 1465-66. Escreveu a maior parte dos seus autos entre os catorze e os vinte e cinco anos. Aos cinqüenta tornou-se sacerdote. É considerado o pai do teatro português. AULA 2 * AULA 2 * Ourives e Mestre da balança da Casa da Moeda de Lisboa. A ele é atribuída a Custódia de Belém. Apresenta-se para o público palaciano (1502-1536). AULA 2 * AULA 2 * O teatro vicentino e a crítica social Críticas severas a uma sociedade que experimenta modificações profundas e ainda não sabe como reorganizar os seus valores. Todos os setores sociais mereceram o seu olhar impiedoso. Critica em suas peças a crescente falta de ética, a ganância e o enriquecimento fácil em contraponto a valores medievais idealizados. Opõe-se ao arrefecimento do trabalho braçal. Objetivos da expansão marítima, segundo o Auto da Índia: “pelejar e roubar”. AULA 2 * AULA 2 * A nova configuração da sociedade portuguesa e as personagens de Gil Vicente Aumento e pluralidade da população lisboeta. Criação de personagens que tipificavam classes e comportamentos diversos, como o parvo, a alcoviteira, o padre namorador, o comerciante ladrão, tal como aparecem, por exemplo, no Auto da Barca do Inferno. AULA 2 * AULA 2 * A classificação da obra de Gil Vicente Segundo Spina (1970, p. 30-31), a obra de Gil Vicente pode ser dividida em quatro instâncias: autos, teatros romanescos, fantasias alegóricas e farsas. AULA 2 * AULA 2 * Autos São dramas surgidos na Idade Média. Mistério – Sobre questões relacionadas à fé. Moralidades – Discussão de questões éticas e morais. Milagres – Sobre a vida dos santos. Episódios pastoris – Falam sobre a vida rural. AULA 2 * AULA 2 * Teatro romanesco – baseado nos romances de cavalaria. AULA 2 * AULA 2 * Fantasias alegóricas Segundo Spina, seus antecedentes “são os “momos” realizados no fim da Idade Média, especialmente no reinado de D. João II; estas fantasias, que aparecem emolduradas pelos processos técnicos da pura cenografia alegórica, lembram muito o nosso teatro de revista” (SPINA, 1970, p. 31). AULA 2 * AULA 2 * Farsas Episódicas – Centradas em tipos específicos; Novelescas (ou narrativas) – histórias mais ou menos completas, a partir de uma intriga. AULA 2 * AULA 2 * As personagens do teatro vicentino Tendiam a representar, de modo caricato, os tipos sociais presentes na sociedade portuguesa, especialmente, a lisboeta. Suas ações representavam o choque entre os valores humanistas e medievais e a desorganização social. Crítica ao desejo de ascensão social. AULA 2 * AULA 2 * Pontos importantes sobre as personagens do teatro vicentino Ausência do tom épico na sua configuração. A questão dos cruzados no Auto da Barca do Inferno. A linguagem atribuída às personagens vicentinas. Traços realistas: conexão entre a linguagem empregada e a classe social da personagem. AULA 2 * AULA 2 * A sátira no teatro vicentino Vicente valorizava as condutas de personagens que não se importam em ascender socialmente, mas em ser honestas e honradas. O trabalho, a fidelidade e a verdade também são princípios importantes. Através do riso, Gil Vicente pune e ridiculariza as personagens cujos padrões de comportamento afastavam-se desse ideal, seguindo os padrões estabelecidos pela poética clássica, que viam no riso uma forma de moralização. O riso no teatro de Gil Vicente, portanto, não era gratuito, mas ligava-se a um princípio de adequação, que buscava, pela sátira, modificar aspectos sociais. A fim de potencializar esse aspecto, Vicente inseriu em suas obras algumas inovações, como a abordagem de questões contemporâneas e mais realistas, que apareceriam mescladas às alegorias. Além disso, aproveitou-se de elementos presentes na dramaturgia popular, como a participação da platéia no drama representado, que era interpelada pelos atores e poderia participar da representação. AULA 2 * AULA 2 * Influências do teatro popular na obra vicentina O teatro de Gil Vicente era voltado para o público nobre, mais especificamente, para a Corte portuguesa. Tratava-se, portanto, de uma obra palaciana. Gil Vicente, entretanto, inovou e inseriu elementos presentes na dramaturgia popular medieval, em seus textos. AULA 2 * AULA 2 * Elementos do teatro popular na obra vicentina: Participação da platéia; Uso de alegorias; Emprego de temas relacionados ao universo bíblico; Presença de personagens advindas da população mais pobre e iletrada; Alusão às temáticas populares, como o marido traído e a mulher que fica só, após o marido partir para o mar; Incorporação de canções e termos presentes no imaginário popular. AULA 2 * AULA 2 * O Auto da Barca do Inferno 1517. É uma peça alegórica, que representa um processo de julgamento de almas, nos moldes do juízo final católico. Passa-se à beira do rio da Morte, em um tempo indefinido. AULA 2 * AULA 2 * A unidade da obra: Tempo e pelo espaço de sua apresentação Presença constante nas cenas de duas personagens alegóricas: o Anjo e o Diabo. AULA 2 * AULA 2 * O Anjo e o diabo como alegorização. As duas personagens estão relacionadas aos processos de navegação, pois são apresentados como Arrais. O Diabo, também, apresenta, especialmente na primeira cena, um vocabulário repleto de jargões da marinharia. Neste Auto, o próprio rio e as embarcações podem ser tomados como alegorias. AULA 2 * AULA 2 * O Auto da Barca do Inferno e os aspectos realistas Representação de personagens tipificadas. Preocupação em relacionar pecados diversos a classes sociais variadas, mostrando que a crise de valores não seria específica de um grupo, mas de toda a sociedade portuguesa. Podemos dizer que o auto trata de um universo religioso, mas que apresenta personagens profanas, tipificadas moralmente e socialmente, à espera de seu destino. AULA 2 * AULA 2 * Personagens: O fidalgo O Onzeneiro Joane, o parvo O sapateiro O Frade Florença, a amante do frade Brígida Vaz, a alcoviteira, condenada por corromper as jovens O judeu O corregedor e o procurador O enforcado Os cavaleiros cruzados AULA 2 * AULA 2 * Joane, uma personagem intrigante Trânsito nos domínios do sagrado e do profano Fala do Anjo a Joane: “Tu passarás, se quiseres Porque em todos teus fazeres Por malícia não erraste Tua simpleza te baste Para gozar dos prazeres” . AULA 2 * AULA 2 * A função do compère. É uma personagem que tem como função interpelar as demais personagens da peça, questionando-as e fazendo-as falar. AULA 2 * AULA 2 * Outras peças de Gil Vicente Após o Auto da Barca do Inferno, Gil Vicente decidiu criar peças que privilegiassem o enfoque em um tipo, apenas. Em o Auto da Índia, por exemplo, há a discussão sobre o adultério, a partir da representação de protagonista que espera o retorno de seu marido da Índia. AULA 2 * AULA 2 * Farsa de Inês Pereira Baseada no ditado popular “Mais vale um burro que me leve que cavalo que me derrube”. A partir dele, dá-se a representação de um momento crucial da vida da protagonista: a escolha do marido com quem se casará. AULA 2 * AULA 2 * Cabe destacar, ainda, um auto de moralidade, o Auto da Alma. Neste auto, apresenta-se o embate entre o bem e o mal, através do difícil percurso da alma a caminho da salvação. AULA 2 *
Compartilhar