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0 1 Disciplina: Neurociências e a formação da aprendizagem Autores: D.ra Ana Regina Caminha Braga Revisão de Conteúdos: Esp. Larissa Carla Costa Revisão Ortográfica: M.e Jacqueline Morissugui Cardoso Ano: 2017 Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de Marketing da Faculdade UNINA. O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança de direitos autorais. 2 Ana Regina Caminha Braga Neurociências e a formação da aprendizagem 1ª Edição 2017 Curitiba, PR Faculdade UNINA 3 FICHA CATALOGRÁFICA BRAGA, Ana Regina Caminha. Neurociências e a formação da aprendizagem. Ana Regina Caminha Braga. – Curitiba, 2017. 47 p. Revisão de Conteúdos: Larissa Carla Costa. Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso. Material didático da disciplina de Neurociências e a formação da aprendizagem – Faculdade São Braz (FSB), 2017. ISBN: 978-85-94439-66-6 4 PALAVRA DA INSTITUIÇÃO Caro(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) à Faculdade UNINA! Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão Universitária. A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas também brasileiros conscientes de sua cidadania. Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e grupos de estudos o que proporciona excelente integração entre professores e estudantes. Bons estudos e conte sempre conosco! Faculdade UNINA 5 Apresentação da disciplina Nesta disciplina serão abordados os estudos de uma área atualmente bastante discutida e procurada pelos profissionais da Educação com o objetivo de encontrar a formação continuada adequada para compreender, aprender e lidar com as situações da Educação Especial em sala de aula com a metodologia, estratégia e recursos significativos para que os alunos tenham a possibilidade de cada vez mais aprender, superar seus limites e para cada vez mais ser inserido na sociedade e compreendido no meio em que vive. 6 Aula 1 - Escola, família, sociedade e o desenvolvimento do sujeito com Transtorno Global do Desenvolvimento Apresentação da aula Nesta aula serão abordados temas importantes para a compreensão dos processos referentes à Educação Especial (EE), com o objetivo de deixar ainda mais claro o trabalho a ser desenvolvido não apenas pela escola, mas pela família/responsáveis e sociedade. Nesse momento, o diálogo estabelecido está no centro das questões que envolvem as pessoas com Transtorno Global do Desenvolvimento, sua família e a sociedade a qual faz parte, com o intuito de deixar nítido todo o potencial, habilidades e dificuldades encontradas por essas pessoas/alunos, e como a família, os profissionais e escola podem trabalhar as questões das dimensões cognitivas, afetivas e sociais de modo a preparar e/ou inserir essas pessoas/alunos numa sociedade que tenha um novo olhar e condutas sobre esse determinado tema. 1. Escola, família, sociedade e o desenvolvimento do sujeito com Transtorno Global do Desenvolvimento Ao realizar uma reflexão, pode-se entender que uma ação conjunta contribui de maneira satisfatória para o desenvolvimento das dimensões cognitivas, afetivas e sociais dos alunos com Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD), e por essa razão, o papel da família pode se iniciar, ao perceber algum sintoma específico na criança, o qual deve motivar os responsáveis a buscar profissionais adequados e verificar o atendimento necessário, com o objetivo de se aproximar do diagnóstico e desse modo encontrar os recursos solicitados pela equipe multidisciplinar que atende essa criança. Os sintomas do Autismo, da Síndrome de Rett, Síndrome de Aspeger, os quais estão dentro do desdobramento do TGD, podem aparecer tanto no meio familiar como na escola a partir dos 3 anos de idade, quando parte desse público está inserido nas creches e escolas. Por isso, é fundamental que a equipe pedagógica conheça ou busque essa informação dos sintomas apresentados 7 pela criança e caso isso seja detectado pelo professor, que ambos os segmentos conversem e tracem um plano de observação e atividades para que o aluno prossiga no seu desenvolvimento cognitivo e social dentro e fora da escola com seus pares. Em relação à sociedade, serão abordadas questões referentes à atitude que as pessoas devem aprender a ter diante de uma criança com suas especificidades, pois ainda existe um olhar preconceituoso do ser humano em relação a isso pela falta de conhecimento, leitura e até de convívio. 1.1 O novo olhar para o meio escolar e social e as novas possibilidades para o TGD É preciso que a sociedade como um todo reflita sobre as demandas, não apenas do TGD, mas a Educação Especial em si. Dessa maneira, se parar para pensar o simples olhar ou atitude demonstrada por algumas pessoas, seja ela em sala de aula, na igreja, no supermercado, no teatro ou em qualquer espaço em que uma criança ou pessoa com TGD esteja, fará a diferença, não apenas para ela, mas também para a sua família que é conhecedora dos seus limites e de suas lutas, e que por essa razão, o motiva a ir além do que já conquistou. Parolin (2006, p. 37), contribui de maneira assertiva ao dizer que diante de uma “visão de possibilidades e limites de cada aprendiz, acredita no trabalho da inclusão escolar pautado em um processo de responsabilidade social, em que se comprometem a família, o aprendiz, a escola, e os profissionais envolvidos”. Com a citação, é possível visualizar a relevância do papel e do trabalho de cada um para que as primeiras aprendizagens da criança/aluno sejam acompanhadas pelos responsáveis e pela escola, no entanto, caso o aluno apresente alguma especificidade, deve ser analisada pelo professor e pela equipe pedagógica. Logo, para que isso ocorra, é necessário que a escola ofereça uma formação continuada para o corpo docente e estender para a comunidade também. Na escola, o professor tem um papel fundamental como o profissional que pode contribuir com o aprendizado do aluno, e para tal, é preciso que as atividades sejam elaboradas de maneira a atender e incluir o aluno com TGD sem esquecer suas habilidades e limitações. Nesse momento, é relevante a 8 atuação dos pais/responsáveis para conhecer e escolher a instituição que esteja dentro de sua filosofia disponível e com os recursos e profissionais adequados para trabalhar com essas especificidades. Dentro dessa prática, é válido trabalhar a dimensão afetiva com o objetivo de traçar um acompanhamento da relação estabelecida entre professor-aluno, a qual pode facilitar o processo de aprendizagem, inclusive o desenvolvimento das suas habilidades. Ainda que as limitações existam pode-se alcançar resultados significativos com a aproximação do professor-aluno juntamente com os recursos necessários. Contudo,ter como foco o seu autoconhecimento como ser humano e profissional. O profissional ao tomar consciência de suas atitudes, da elaboração de suas aulas e da prática pedagógica executada com o aluno, tem a condições de compreender as estratégias adequadas a serem utilizadas a cada aula planejada. Ao executar a atividade ou algo que não foi planejado é preciso que o professor tenha controle e seja habilidoso para conduzir a situação de modo que o objetivo final seja alcançado. Resumo da Aula Nesta aula foram contemplados conteúdos relevantes para a aprendizagem, como as questões voltadas para a neurociência com o objetivo de compreender o funcionamento do cérebro; em seguida, foi abordado sobre 39 os elementos cognitivos, especificamente a memória e a atenção, os quais são fundamentais para o processo de aprendizagem do ser humano e quando existe alguma ruptura nesse momento alguns impactos podem ser vistos no rendimento desse aluno e na sua atuação na escola; e para finalizar a aula, foi inserido um subtema com o objetivo de mostrar a importância do professor como mediador da aprendizagem, mas para isso é preciso que esse profissional também tenha consciência e conhecimento do seu processo de aprendizagem. Atividade de Aprendizagem Durante a trajetória acadêmica passamos por vários momentos e profissionais que marcaram a memória. Nesse momento, escreva a relação que você pode realizar de uma vivência sua em sala de aula com essa disciplina. O que você pode modificar e melhorar com o objetivo de construir com o aluno uma aprendizagem significativa? Aula 4 - Funções Executivas e a Teoria da Mente: uma contribuição para a aprendizagem Apresentação da Aula Para iniciar o diálogo sobre a importância e a aplicabilidade das Funções Executivas e da Teoria da Mente é relevante voltar um pouco na trajetória a ser considerada mediante a vivência de cada ser humano. Nessa perspectiva vale ressaltar as habilidades e limitações que cada sujeito apresenta além de envolver o meio social, no qual ele está inserido, pois o mesmo pode ou não motivá-lo e instigá-lo a novos aprendizados. Com as pesquisas citadas e os estudos pontuados pelos teóricos, a família e a escola pode perceber o importante movimento e trabalho a ser desenvolvido por cada instituição no sentido de oportunizar ao ser humano aprendizagens autônomas, reflexivas e de maneira consciente. 40 4.1 O papel das funções executivas para uma aprendizagem significativa Para iniciar o reconhecimento das funções executivas é válido mencionar com elas estão inseridas no cérebro humano, pois existe uma região específica, o lobo frontal, ou seja, todos os comportamentos voltados para a realização de uma tarefa ou objetivo. Essas funções vão desde a capacidade do indivíduo planejar e desenvolver estratégias para resolução de problemas até a realização de metas na vida. Lobos cerebrais Fonte: http://polizeiberichte.info/4-lobes-of-the-brain-and-their-functions Para tal, exige-se a flexibilidade de comportamento, integração de detalhes num todo coerente e o manejo de múltiplas fontes de informação, todos coordenados com o uso de conhecimento adquirido. Do ponto de vista anatômico, localiza-se acima do sulco lateral e adiante do sulco central. Fica na parte da frente do cérebro (testa), onde se dá o planejamento de ações e movimento, bem como o pensamento abstrato. Divide- se em córtex motor e córtex pré-frontal. A aprendizagem motora e os movimentos de precisão são executados pelo córtex pré-motor. Lesões nesta área alteram a velocidade de movimentos automáticos, como a fala e os gestos. O córtex motor coordena e controla a motricidade voluntária. O córtex motor do hemisfério direito controla o lado esquerdo do corpo do indivíduo e vice- versa. Lesões nesta região podem causar paralisia ou fraqueza muscular. 41 O córtex pré-frontal localiza-se na parte da frente do lobo frontal. Está ligada ao pensamento abstrato e criativo, a fluência da linguagem e do pensamento, respostas afetivas e capacidade para ligações emocionais, julgamento moral e social, determinação e vontade para a ação e atenção seletiva. Lesões nesta área podem ser dramáticas e complexas, podendo apresentar falta de iniciativa e de motivação, certa inércia comportamental, déficits na capacidade de juízo e insight, pensamento concreto e déficits na capacidade de planejamento estratégico, envolvendo impulsividade, desinibição comportamental e sexual, perda do autocontrole. Estudos recentes fazem correlação entre anormalidades do lobo frontal e a ocorrência do transtorno de personalidade antissocial, denominada por alguns de “psicopatas”. É claro que esta não seria a única causa (é multifatorial), mas estudos forenses já consideram e estudam esta hipótese através de exames de imagens. Ví deo Para compreender melhor como funciona e qual a definição das funções executivas para a aprendizagem de pessoas com autismo, assista o vídeo no link: https://youtu.be/6gIY_X9IXH8 A função executiva é considerada e nomeada como controle inibitório, "inhibitory control", abordada no livro de Efklides e Misailidi (2010, p. 240) como a "habilidade de suprimir informação, ações, ou emoções quando elas são inapropriadas ou não mais relevantes". Bryce (2007) contribui com a teoria das funções executivas da pesquisa, quando propõe que "todas podem estar similarmente conectadas tanto com o processo de monitoramento como com o de controle". Uma hipótese levantada é que o controle inibitório pudesse estar relacionado aos processos metacognitivos de controle, ou seja, a supervisão que a criança tem das estratégias utilizadas em cada atividade e a possibilidade de modificá-las quando necessário. A pesquisa de campo teve sua aplicação da seguinte maneira: https://youtu.be/6gIY_X9IXH8 42 Uma ferramenta (A novel Animal Stroop) foi utilizada onde dois animais de tamanhos diferentes foram colocados na tela e a criança foi motivada a escolher o maior animal na vida real. Essa atividade foi desenvolvida para ser minimamente dependente das habilidades verbais e dos conhecimentos prévios, para refletir as verdadeiras habilidades das crianças pequenas (BRYCE 2007, p. 241). Os resultados obtidos na pesquisa de Bryce (2007) mostram que o controle inibitório esteve mais marcante nas competências metacognitivas das crianças de cinco anos do que nas de sete anos de idade. Os processos metacognitivos, confirmam, detectam erros e comentários próprios são mais evidentes em crianças menores que cinco anos, e esses podem ser independentes do processo executivo que envolve o controle inibitório. Efklides e Misailidi (2010, p.241) observam que "as funções executivas podem ser vistas como as funções cognitivas básicas da criança, enquanto a estratégia metacognitiva reflete possivelmente na tendência de utilizá-la ao solucionar situações-problemas". A criança quando responde amarelo, está utilizando uma função cognitiva de representação, mas quando ela diz o amarelo cor do sol, ela contempla uma estratégia metacognitiva, por elencar elementos correspondentes a sua própria aprendizagem. As funções cognitivas, como colocado pelos autores, são utilizadas pelo ser humano de maneira pontual, e a estratégia metacognitiva vai além, pois propõe ao sujeito uma reflexão sobre aquilo que vai realizar e como será elaborado para alcançar seu objetivo. 4.2 A Teoria da Mente e seus impactos na aprendizagem Esta disciplina é voltada para os Transtornos Globais do Desenvolvimento, onde algumas questões referente ao Autismo são abordadas. Por essa razão, é possível pensar que a teoria da mente considera que os autistas tem um déficit na capacidade de estabelecerrepresentações dos estados mentais das outras pessoas. Autores da área como Cuxart (2010), aponta que o transtorno psicológico básico do autismo é um déficit no desenvolvimento da teoria da mente, ou seja, na capacidade de significar relações entre estados externos e estados internos. Um dos conceitos a serem colocados para a teoria da mente é a capacidade do ser humano de demonstrar o que inicia na representação 43 primária, que se caracteriza pela apreensão dos objetos pela percepção sensorial (estágio sensório-motor de Piaget) para uma representação de representações (início da capacidade simbólica Piagetiana ou “faz de conta”). As etapas inseridas acima sobre a Teoria da Mente conduzem uma reflexão relacionada ao que os alunos precisam desenvolver tanto na escola, na família e na sociedade, que é o faz de conta e a percepção sensorial, onde os profissionais e as pessoas envolvidas precisam trabalhar com estratégias diferenciadas e adequadas para a aprendizagem desse público. Amplie Seus Estudos Para aprofundar seus estudos sobre a Teoria da Mente, leia o Artigo abaixo: http://www.ufrgs.br/niee/eventos/RIBIE/2004/comunicacao/com60 0-609.pdf A teoria da mente, no livro de Efklides e Misailidi (2010), é vista como a antecedência do desenvolvimento e a previsão das futuras competências metacognitivas. Ou seja, elas identificam, num primeiro plano, as questões internas e psicológicas do sujeito para ser um facilitador na construção das atividades e dos momentos que a criança vivencia em sala de aula e na vida cotidiana para alcançar um objetivo satisfatório. Saiba Mais Teoria da Mente O termo "teoria da mente" foi adotado pela Psicologia do Desenvolvimento para descrever o desenvolvimento mental que ocorre na infância e na adolescência. Hoje esse conceito é usado tanto pela Psicologia do Desenvolvimento, como pela Psicologia Cognitiva e Psicologia Evolucionista. Cada uma dessas áreas aborda o termo de forma diferente. A importância da Teoria da Mente reside no fato deste termo tratar de aspectos importantes do comportamento social http://www.ufrgs.br/niee/eventos/RIBIE/2004/comunicacao/com600-609.pdf http://www.ufrgs.br/niee/eventos/RIBIE/2004/comunicacao/com600-609.pdf 44 humano. É através deste recurso cognitivo que o homem pode reconhecer e interpretar expressões como ironia, metáfora, dissimulação, sofrimento, interesse e falsidade. É através da teoria da mente que podemos prever que ideias o outro pode estar formulando a nosso respeito, podemos antecipar eventos e tomar decisões cruciais em nosso meio social. A Psicologia do Desenvolvimento fala da origem desta habilidade em crianças. Propõe que a teoria da mente, assim como a maturação de outras funções cerebrais, ocorre numa sequência de aquisições. Primeiro a criança é capaz de perceber a si mesma (+/- aos 12 meses), depois percebe o outro (por ex: a mãe) e, por fim, perceberia o objeto (atenção compartilhada). Após esse período, a criança desenvolveria habilidades mais complexas: distinção entre eventos reais e hipotéticos, perceber seu reflexo no espelho e distinguir falsas crenças (crença que não é congruente com a realidade por contar apenas com informações que foram percebidas parcialmente em uma situação específica). A Psicologia Cognitiva explica a Teoria da Mente através do modelo de Baron-Cohen (1996). Esse modelo postula que existem 4 módulos cerebrais que interagem e produzem o sistema de "leitura mental" do ser humano. - Módulo da intencionalidade: O indivíduo interpreta um estímulo a partir de seu desejo ou de sua meta. - Módulo da direção do olhar: O indivíduo tem a capacidade de perceber o olhar do outro sobre si. E também tem a capacidade de inferir se olhar do outro está realmente vendo ou não a mesma coisa que ele vê. - Módulo da atenção compartilhada: Capacidade que o sujeito tem de formar relações entre ele próprio, outras pessoas e os objetos percebidos. - Módulo da teoria da mente: Capaz de integrar percepção, desejo, intenção e crenças a fim de dar origem a uma construção teórica coerente que possa ajudá-lo a compreender o comportamento do outro e modular sua ação. A Psicologia Evolucionista estuda a representação cerebral da teoria da mente. Começa seus estudos com chimpanzés e aos poucos chega a formulações teóricas a respeito do funcionamento cerebral humano. A representação cerebral da teoria da mente: 45 A rede neural envolvida na Teoria da Mente é bastante ampla. Três áreas cruciais estão relacionadas: o lobo temporal, o córtex parietal inferior e o lobo frontal. Estudos têm sugerido a participação de neurônios- espelho nesse funcionamento cognitivo. Esse é um tipo específico de neurônios capazes de "imitar" internamente uma ação observada do mundo externo. Ou seja, é responsável por espelhar inconscientemente ações motoras de outras pessoas (ressonância empática). "Os neurônios-espelho foram relacionados a várias modalidades de comportamento humano, como a capacidade de imitar, aprender novas habilidades, compreender a intenção de outros humanos e com a Teoria da Mente, sendo que a sua disfunção poderia estar envolvida com a gênese do autismo." (p.179) Disponível em: http://psicologiapararefletir.com.br/2011/04/teoria-da- mente.html Para ilustrar a aplicabilidade da teoria da mente no ser humano aqui será apresentada a pesquisa realizada com crianças e trazida no livro de Efklides e Misailidi (2010). A realidade da pesquisa se passou com crianças abaixo de quatro anos de idade e recém-inseridas no contexto escolar, as quais foram abordadas por meio de três testes (T1, T2 e T3), com um intervalo de seis meses entre as aplicações do instrumento. O objetivo de cada teste era acessar o desenvolvimento dos aspectos significativos da cognição e da metacognição, nomeados memória de trabalho, controle inibitório, habilidade de linguagem, fonte de memória, dentre outros. No T3 os professores foram solicitados a preencher para cada criança o instrumento CHILD 3-5 (Children's Independent Learning Development) com o objetivo de verificar o nível de autocontrole atingido por elas no final da aplicação. A análise dos dados referentes à aplicação dos três testes assinala pontos importantes da relação entre metacognição e teoria da mente. Um deles está na relação estabelecida em talvez não considerar uma terceira variável como a linguagem, IQ verbal, o controle inibitório ou memória de trabalho. Outro ponto indica que a relação entre o entendimento das falsas crenças e a fonte de memória pode ser bidirecional. No T1 e T2, a antecipação da fonte de memória 46 proporcionou, de maneira significativa, a compreensão de uma falsa crença, e vice-versa. Como resultado da pesquisa é possível referenciar em Efklides e Misailidi (2010, p.244): Que a antecipação da fonte de memória prevê um desenvolvimento da teoria da mente no futuro, abre um novo capítulo nessa pesquisa e sugere que a noção da teoria da mente é uma realização sócio cognitiva precoce e metacognição, uma realização posterior, pode ser um artefato metodológico, o qual precisa ser revisto. Demonstra-se em resultado que a relação entre os aspectos de antecipação da teoria da mente e o início da realização do processo metacognitivo pelas crianças de quatro a cinco anos é mais compreendida que anteriormente. Resumo da Aula Nesta aula foram contemplados conteúdos relevantes a respeito das funções executivas e da teoria da mente com o objetivo de esclarecer e apresentar as alternativas existentes para a aprendizagem cada vez mais significativa para os alunos com autismo, pois a todo o momento busca-se compreender essa realidade. A família e a escola possuem um papel fundamental nessa caminhada que é a de motivar e instigar esses sujeitos a irem além de suas possibilidades, pois aeducação é para todos. Atividade de Aprendizagem Após acompanhar o significado e a função da teoria da mente e das funções executivas, discorra como você visualiza essa aplicação na vida dos alunos e quais seriam os principais impactos na aprendizagem desses sujeitos? Resumo da disciplina Nesta disciplina foram abordados estudos da área da neurociência, foram também estudados assuntos para compreender, aprender e lidar com as situações da Educação Especial em sala de aula com metodologias, estratégias e recursos significativos para que os alunos tenham maior sucesso na escola e na sociedade. 47 REFERÊNCIAS AMARAL, Priscila. Autismo no tempo da delicadeza. Ed. Wak. Rio de Janeiro, 2014. BRANDSFORD, John; BROWN, Ann; COCKING, Rodney. Como as Pessoas aprendem: cérebro, mente, experiência e escola. São Paulo: Editora Senac, 2007. CLAXTON, Guy. O desafio de aprender ao longo da vida. Porto Alegre: Artmed, 2005. COSENZA, Ramon. GUERRA, Leonor, B. Neurociência e Educação. Porto Alegre: Artmed, 2011. CUXART, F. El Autismo: Aspectos Descriptivos Y Terapéuticos. Málaga: Ed. Aljibe, 2000. DOIDGE, Normann. O cérebro que se transforma. Rio de Janeiro: Record, 2011. EFKLIDES, Anastasia; MISAILIDI, Plousia. Trends and prospect in Metacognition Research. 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O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança de direitos autorais. 48se o professor observar quaisquer dificuldade de aproximação com o aluno, contato visual e interação dele com os colegas de sala de aula ou demais professores e profissionais da escola, é importante comunicar a equipe pedagógica para futuras investigações, pois esses são os primeiros sintomas do Autismo. De acordo com Lafortune e Saint-Pierre (1996, p. 46), para atingir “objetivos de ordem afetiva e metacognitiva, é preferível utilizar atividades didáticas que ponham os alunos em ação. Os alunos podem, então, ganhar mais facilmente consciência dos seus processos metacognitivos e estar em contato com suas emoções”. Nessa citação, as autoras conduzem os professores e a equipe pedagógica a pensar primeiramente no planejamento das suas aulas e ao objetivo que almejam atingir, para depois considerar a dimensão afetiva, ou seja, o processo começa com a elaboração das aulas, com o professor focado nos seguintes propósitos: “pra quê”, “pra quem”, “como” e “onde” irá trabalhar determinados conteúdos. As perguntas pontuadas anteriormente auxiliam a contextualizar essa prática, e por isso, é válido colocar que o professor, após suas primeiras aulas, já possui um conhecimento prévio e consegue observar as relações estabelecidas entre professor-aluno e alunos-colegas, o que facilita para o docente no momento de organizar os conteúdos a serem compartilhados com os alunos e suas práticas. Desse modo, o olhar do professor e dos alunos não está mais centrado apenas no conteúdo, mas no todo, e assim conseguem enxergar as especificidades que ocorrem dentro do ambiente escolar. É certo que nos dias atuais a educação tem passado por inúmeras inovações e uma delas traz a necessidade dos profissionais se questionarem: “como”, “de que forma” e “com que meios” pode-se colocar em funcionamento 9 as ações escolares para as especificidades da educação especial dentro do ensino regular. Para Stainback e Stainback (1999, p.69), é preciso abordar alguns itens importantes para a criação de comunidades de ensino inclusivo e eficaz: Fonte: Elaborado pelo autor, adaptado pelo D.I. Esses elementos são importantes para relembrar que o sujeito-aprendiz, independentemente de suas habilidades e limitações, precisa ser conhecido e reconhecido pelo potencial e possibilidades de ir além daquilo que os outros esperam deles, seja a sua família, a escola ou a sociedade; e pra tanto é válido contar com os 10 tópicos ressaltados. Todas as reflexões até aqui realizadas, mostram que as pessoas inseridas nesse contexto de convivência com as pessoas portadoras de TGD, devem Desenvolver uma filosofia comum e um plano estratégico Proporcionar uma liderança forte Promover culturas no âmbito da escola e da turma que acolham, apreciem e acomodem a diversidade Desenvolver redes de apoio Usar processos deliberativos para garantir a responsabilidade Desenvolver uma assistência organizada e contínua Manter a flexibilidade Examinar e adotar abordagens efetivas de ensino Comemorar os sucessos e aprender com os desafios Estar a par do processo de mudança, mas não permitir que ele paralise 10 pensar sobre a unicidade do ser humano e antes de atitudes ou realizar qualquer movimento que possa parecer discriminatório, considere as habilidades, conhecimentos e limitações do outro. Ví deo Para contribuir com o conteúdo assista a fala da psicopedagoga e mestre em Educação Isabel Parolin, disponível no site: https://www.youtube.com/watch?v=3JChIRfAQyw Para Refletir Ao assistir o vídeo verifique alguns aspectos que podem contribuir com as suas reflexões: Qual o papel social da escola? Como a família pode contribuir com a aprendizagem dos alunos? Como a sociedade pensa e pode agir diante das especificidades do ser humano? O primordial, é que o aluno com TGD tenha a oportunidade de participar, aprender na escola e no meio social, de maneira significativa e interligada numa tríade até o momento estudada, que é professor – aluno – inclusão. Dessa forma, as experiências serão vividas e divididas com os seus pares, ou seja, amigos, colegas, professores e familiares de maneira satisfatória. Uma estratégia que já acontece nas escolas, é a visita da escola na casa dos alunos com TGD dentro de uma perspectiva de conhecer a realidade de cada um e até aproximar e mostrar para os responsáveis que a instituição e os docentes estão realizando o seu melhor e ainda trabalham com o intuito de que o aluno se desenvolva integralmente. Na escola é preciso considerar que inserir na sala de aula um aluno sem oportunizar estratégias que possam contribuir para o seu aprendizado, pode comprometer as aquisições futuras ou estagnar o processo. Portanto, a https://www.youtube.com/watch?v=3JChIRfAQyw 11 integração pela integração, sem colocar a frente dessa atitude uma objetividade, acaba não atingindo o ponto crucial da integração escolar. Curiosidade O Programa de Integração Família e Escola (PIFE) em Bertioga tem o objetivo de aproximar a escola da família e proporciona o professor conhecer a realidade dos seus alunos e assim trabalhar as questões afetivas, as quais são importantes para o aprendizado dos alunos. Conheça mais acessando o site: https://www.youtube.com/watch?v=izZoKugegLY Viu-se aspectos relacionados à família e ao papel do professor, no entanto, o papel da sociedade é de suma relevância; e o objetivo e papel da sociedade é integrar as pessoas sem distinção, seja por questões de raça, religião, cultura, costumes, deficiências ou outros aspectos. Todos devem interagir com o meio o qual está inserido e esses aspectos hoje ganham voz com a Lei da Inclusão, a qual respalda o lazer, o transporte, a saúde, a educação e demais fatores necessários para o ser humano. Fonte: https://aviesp.com.br/2016/09/23/impacto-da-lei-brasileira-de-inclusao LEI Nº 13.146, DE 6 DE JULHO DE 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: https://www.youtube.com/watch?v=izZoKugegLY https://aviesp.com.br/2016/09/23/impacto-da-lei-brasileira-de-inclusao http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2013.146-2015?OpenDocument 12 LIVRO I PARTE GERAL TÍTULO I DISPOSIÇÕES PRELIMINARES CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS CAPÍTULO IV DO DIREITO À EDUCAÇÃO Art. 27. A educação constitui direito da pessoa com deficiência, assegurados sistema educacional inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características, interesses e necessidades de aprendizagem. Parágrafo único. É dever do Estado, da família, da comunidade escolar e da sociedade assegurar educação de qualidade à pessoa com deficiência, colocando-a a salvo de toda forma de violência, negligência e discriminação. Art. 28. Incumbe ao poder público assegurar, criar, desenvolver, implementar, incentivar, acompanhar e avaliar: I - sistema educacional inclusivo em todos os níveis e modalidades, bem como o aprendizado ao longo de toda a vida; II - aprimoramento dos sistemas educacionais, visando a garantir condições de acesso, permanência, participação e aprendizagem, por meio da oferta de serviços e de recursos de acessibilidade que eliminem as barreiras e promovam a inclusão plena; III - projeto pedagógico que institucionalize o atendimento educacional especializado, assim como os demais serviços e adaptações razoáveis, para atender às características dos estudantes com deficiência e garantir o seu pleno acesso ao currículo em condições de igualdade, promovendo a conquistae o exercício de sua autonomia; IV - oferta de educação bilíngue, em Libras como primeira língua e na modalidade escrita da língua portuguesa como segunda língua, em escolas e classes bilíngues e em escolas inclusivas; V - adoção de medidas individualizadas e coletivas em ambientes que maximizem o desenvolvimento acadêmico e social dos estudantes com deficiência, favorecendo o acesso, a permanência, a participação e a aprendizagem em instituições de ensino; VI - pesquisas voltadas para o desenvolvimento de novos métodos e técnicas pedagógicas, de materiais didáticos, de equipamentos e de recursos de tecnologia assistiva; VII - planejamento de estudo de caso, de elaboração de plano de atendimento educacional especializado, de organização de recursos e serviços de acessibilidade e de disponibilização e usabilidade pedagógica de recursos de tecnologia assistiva; VIII - participação dos estudantes com deficiência e de suas famílias nas diversas instâncias de atuação da comunidade escolar; IX - adoção de medidas de apoio que favoreçam o desenvolvimento dos aspectos linguísticos, culturais, vocacionais e profissionais, levando-se em conta o talento, a criatividade, as habilidades e os interesses do estudante com deficiência; X - adoção de práticas pedagógicas inclusivas pelos programas de formação inicial e continuada de professores e oferta de formação continuada para o atendimento educacional especializado; XI - formação e disponibilização de professores para o atendimento educacional especializado, de tradutores e intérpretes da Libras, de guias intérpretes e de profissionais de apoio; 13 XII - oferta de ensino da Libras, do Sistema Braille e de uso de recursos de tecnologia assistiva, de forma a ampliar habilidades funcionais dos estudantes, promovendo sua autonomia e participação; XIII - acesso à educação superior e à educação profissional e tecnológica em igualdade de oportunidades e condições com as demais pessoas; XIV - inclusão em conteúdos curriculares, em cursos de nível superior e de educação profissional técnica e tecnológica, de temas relacionados à pessoa com deficiência nos respectivos campos de conhecimento; XV - acesso da pessoa com deficiência, em igualdade de condições, a jogos e a atividades recreativas, esportivas e de lazer, no sistema escolar; XVI - acessibilidade para todos os estudantes, trabalhadores da educação e demais integrantes da comunidade escolar às edificações, aos ambientes e às atividades concernentes a todas as modalidades, etapas e níveis de ensino; XVII - oferta de profissionais de apoio escolar; XVIII - articulação intersetorial na implementação de políticas públicas. § 1o Às instituições privadas, de qualquer nível e modalidade de ensino, aplica-se obrigatoriamente o disposto nos incisos I, II, III, V, VII, VIII, IX, X, XI, XII, XIII, XIV, XV, XVI, XVII e XVIII do caput deste artigo, sendo vedada a cobrança de valores adicionais de qualquer natureza em suas mensalidades, anuidades e matrículas no cumprimento dessas determinações. § 2o Na disponibilização de tradutores e intérpretes da Libras a que se refere o inciso XI do caput deste artigo, deve-se observar o seguinte: I - os tradutores e intérpretes da Libras atuantes na educação básica devem, no mínimo, possuir ensino médio completo e certificado de proficiência na Libras; (Vigência) II - os tradutores e intérpretes da Libras, quando direcionados à tarefa de interpretar nas salas de aula dos cursos de graduação e pós-graduação, devem possuir nível superior, com habilitação, prioritariamente, em Tradução e Interpretação em Libras. (Vigência) Art. 30. Nos processos seletivos para ingresso e permanência nos cursos oferecidos pelas instituições de ensino superior e de educação profissional e tecnológica, públicas e privadas, devem ser adotadas as seguintes medidas: I - atendimento preferencial à pessoa com deficiência nas dependências das Instituições de Ensino Superior (IES) e nos serviços; II - disponibilização de formulário de inscrição de exames com campos específicos para que o candidato com deficiência informe os recursos de acessibilidade e de tecnologia assistiva necessários para sua participação; III - disponibilização de provas em formatos acessíveis para atendimento às necessidades específicas do candidato com deficiência; IV - disponibilização de recursos de acessibilidade e de tecnologia assistiva adequados, previamente solicitados e escolhidos pelo candidato com deficiência; V - dilação de tempo, conforme demanda apresentada pelo candidato com deficiência, tanto na realização de exame para seleção quanto nas atividades acadêmicas, mediante prévia solicitação e comprovação da necessidade; VI - adoção de critérios de avaliação das provas escritas, discursivas ou de redação que considerem a singularidade linguística da pessoa com deficiência, no domínio da modalidade escrita da língua portuguesa; VII - tradução completa do edital e de suas retificações em Libras. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7210.htm 14 Contudo, a pergunta é: “porque no Brasil é preciso instaurar leis para garantir algo que já é do cidadão de direito?” Não precisa ir muito longe, pois a resposta é clara. Ainda existe um paradigma social repleto de pré-conceitos ou preconceitos, no qual as pessoas não tomaram total consciência do espaço do outro, ou seja, nem sempre a sociedade respeita o direito da pessoa com alguma especificidade. É possível visualizar essa mesma realidade com a pessoa com TGD. O fato principal é o olhar para o diferente e a maneira como a sociedade ainda precisa de formação para lidar com essas questões. Para algumas situações a sociedade avançou, mas ainda existem relatos de discriminação e exclusão e isso precisa ser discutido, trabalhado com palestras, formações, noticiários e documentários na televisão como algumas entrevistas e reportagens já realizadas sobre o TGD. 1.2 O papel e o trabalho a ser desenvolvido pelos pais/responsáveis dos alunos com TGD O papel da família inicia já nos primeiros anos quando a mãe percebe algum sintoma ou até mesmo uma patologia como o medo, a desconfiança e a insegurança, as quais podem tomar conta das ações da criança. Em alguns casos, os primeiros sintomas aparecem cedo, mas o diagnóstico pode iniciar a partir dos 3 anos com a falta de olhar, pouca verbalização, ações repetitivas, dentre outros fatores. Por essa razão, o papel da família na busca pelo diagnóstico é essencial, mas que pode causar ansiedade e tristeza, por isso, cabe aos profissionais estarem atentos às condições psicológicas dos responsáveis/pais também, pois alguns podem precisar de atendimento para que assim possam contribuir com o desenvolvimento e encaminhamento mais adequado para o seu filho. Os pais/responsáveis tem uma caminhada longa junto dos seus filhos e precisam acompanhar e orientá-los desde as questões de higiene, alimentação, estudos até o convívio social para que possam superar suas limitações diariamente. O atendimento que eles recebem dos profissionais das diversas áreas têm o objetivo de procurar o avanço cognitivo, afetivo e social da criança, bem como 15 da adaptação da rotina que elas precisam seguir para desenvolver suas atividades com sucesso. Ví deo Para conhecer um pouco mais sobre a realidade e a luta das famílias com seus filhos assista o documentário de pais com filhos autistas e como eles lidam com os mesmos no seu cotidiano, disponível no link: https://www.youtube.com/watch?v=mNab1gzIy1o A educação dessas crianças deve ser pautada em formar o seu psicológico a lidar com o seu próprio dia a dia, mas para isso o apoio dos responsáveis é indispensável, pois eles precisam sentir segurança e ter sua rotina organizada com atendimentos com os profissionais periodicamente, para que os resultados sejam alcançadosdentro do tempo esperado. Paniagua e Palacios (2005, p. 214), comentam que “a hipótese fundamental sobre as relações pais-filhos e sobre os estilos educativos é, portanto, a do respeito e da consideração”. Contudo, ainda quando pontuado sobre as situações específicas, como o caso dos alunos com TGD, é preciso pensar as condições sociais de cada família, principalmente ao relacionar o tratamento e atendimento com profissionais específicos de acordo com os sintomas da pessoa. É importante considerar que nem todas às vezes esses pais/responsáveis conseguem o tratamento adequado para o seu filho, e dessa maneira o aluno chega à escola com dificuldades mais acentuadas por não receber o atendimento necessário para o seu desenvolvimento. Logo, a escola pode trabalhar com o objetivo de auxiliá-los nessa caminhada. Ainda como realidade das famílias, pode-se encontrar pais/responsáveis sem a devida instrução para lutar por aquilo que o seu filho necessita, não por falta de interesse, mas por não conhecer o caminho ou não ter as oportunidades sociais para atentar e aprimorar o seu olhar dentro dessa perspectiva. https://www.youtube.com/watch?v=mNab1gzIy1o 16 Saiba Mais As Leis e Diretrizes da Educação Especial amparam os alunos com deficiência, transtornos ou dificuldades de aprendizagem por meio de recursos como o Atendimento Educacional Especializado (AEE) e a Sala de Recursos Multifuncionais. Esses são atendimentos e espaços formalizados para atender os alunos com especificidade, o qual é um direito previsto por lei. Os atendimentos podem ser realizados no contraturno do período em que o aluno estuda e o acompanhamento é realizado por profissionais com formação adequada, os quais elaboram e trabalham os conteúdos diante de uma metodologia e proposta que atenda o seu público. Resumo da aula Durante esta aula foram abordados alguns aspectos relevantes com o objetivo de contribuir com a atuação da escola, da sociedade e da família para com a educação e formação das pessoas com TGD dentro de suas características específicas, assim como do seu país de origem e da sociedade no qual está inserida. Para a Educação Especial é importante não apenas a família, mas a escola e a sociedade conhecer e compreender os processos desenvolvidos com seus filhos/familiares. A escola deve voltar-se às adaptações necessárias e vencer as dificuldades existentes e assim buscar resultados significativos para o aluno, para a instituição e para a família. Esse trabalho deve ser realizado junto à sociedade para que as adequações sejam realizadas em conjunto. Em relação à família dos alunos da Educação Especial foi contemplado a relevância dos membros que convivem com eles estarem preparados para lidar com as variantes e situações referentes à aprendizagem dessas crianças, relacionando sempre que possível as dimensões que envolvem o ser humano: cognitivo, afetivo e social e dessa maneira permite com que eles consigam participar dentro de suas habilidades e limitações com os seus pares. A sociedade tem um papel importante a ser desempenhado que é um olhar único para o cidadão que tem seus direitos como pessoa pertencente a um 17 grupo social, o qual deve e precisa ser visto com a possibilidade de caminhar e desenvolver-se sem discriminação, preconceito ou intolerância. Atividade de Aprendizagem Qual sua visão para com a escola que recebe alunos com TGD ou outras especificidades e o trabalho do professor. Você acredita que a inclusão desses alunos acontece de maneira satisfatória? Justifique de acordo com os conteúdos e pesquisas realizadas Aula 2 – Conceitos e Especificidades do Transtorno Global do Desenvolvimento - Autismo Apresentação da Aula Esta aula tem por objetivo abordar conteúdos sobre a Educação Especial e o Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD), seus desdobramentos relacionados ao Autismo, com suas características e as ações a serem tomadas pela escola, família e sociedade. Para atender essa proposta é preciso contribuir trazendo um olhar que a sociedade já tem formado para a Educação Especial e do mesmo modo para as pessoas e famílias com TGD por ainda precisar compreender e estudar os direitos que asseguram as mesmas, bem como as características, habilidades e limitações para que a sociedade possa atender e integrar não apenas um grupo, mas todos os que pertencem a sociedade, independentemente de suas particularidades e sem discriminação. 2.1 Conceitos e Especificidades do Transtorno Global do Desenvolvimento - Autismo Para iniciar a temática sobre o TGD, é necessário resgatar o que a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) traz para a Educação Especial com algumas modificações que foram vivenciadas nos anos 1961, 1971 e 1996. É possível fazer em tópicos um pequeno levantamento dos acontecimentos: 18 • Lei n˚ 4.024, de 20 de Dezembro de 1961 – considerava que a educação de pessoas com deficiência deveria ser inclusa no sistema geral da educação com o objetivo de inseri-los na sociedade; • Lei n˚9.394, de 20 de Dezembro de 1996 – é possível observar como se dá o entendimento da Educação Especial: Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) § 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial. § 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular. (BRASIL, 1996) As leis precisam ser analisadas pelas famílias e a escola também deve ter esse conhecimento para cobrar os seus direitos junto os órgãos, como ter em sala de aula um profissional que possa acompanhar e conduzir o aluno com TGD – Autismo nas suas atividades e interações, pois esse é um de seus direitos. Em relação a definição tanto do TGD como do Autismo, é possível verificar que o termo Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD) surgiu na década de 60, com os trabalhos de M. Ruttter citados nos cadernos do MEC com apoio da Universidade Federal do Ceará (2010), nas quais o autor define ser um conjunto de transtornos qualitativos envolvidos no desenvolvimento humano. Contudo, a definição tornou-se ampla, o que pode dificultar a localização dos relevantes detalhes na caracterização de cada grupo que faz parte do transtorno. Por essa razão, pode-se dizer que o TGD é um distúrbio na interação social, a qual costuma ser manifestada, nos primeiros anos de vida e uma de suas características é a fala estereotipada e o interesse estreito nas atividades. Por essa razão, pode acontecer a ecolalia, a elegibilidade de interesses e as dificuldades nas relações sociais. Outra classificação do TGD pode ser acessada no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), no qual o DSM-IV engloba também o Autismo, Síndrome de Asperger, Síndrome de Rett, Transtorno Desintegrador da Infância e TGD sem outra especificação. Nesse material, o foco é o Autismo. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12796.htm#art1 19 O autismo pode apresentar características especificas como já pontuado o desenvolvimento da interação social e da comunicação prejudicada, a ecolalia, o repertório restrito de interesse e de atividades, o interesse por rotinas e rituais não funcionais, movimentos estereotipados, jogos imaginativos e simbólicos, restritos ou ausentes, aparecendo tais sintomas antes dos três anos de idade. Sendo assim, é relevante colocarque com a pessoa autista, o professor, a família e a sociedade precisam ter esse conhecimento, e dessa maneira trabalhar com estratégias que possam deixar o aluno confortável nos três ambientes para estabelecer seu aprendizado, sendo ele respeitado por suas especificidades. O objetivo principal ao descrever as características do TGD é que a família, a escola e a sociedade conheçam esse perfil e possam trabalhar para o desenvolvimento sem estereótipos ou preconceitos e assim tenham a oportunidade de aceitar com naturalidade os desafios que o outro precisa passar e ultrapassar dentro dos ambientes em que estão inseridos. 2.2 As características específicas da Educação Especial e a relação com o TGD É importante que os pais/responsáveis e a escola com a presença da equipe pedagógica e dos docentes, estejam sempre dispostas a procurar leituras complementares, vídeos, palestras e outros meios para se atualizarem sobre esse assunto. Pesquise Nesses vídeos pode-se esclarecer questões e dúvidas que ainda possam existir como as atitudes, comportamentos e o cotidiano das pessoas com TGD. Nos vídeos, Caroline Scottaelli e Consuelo Fernandes da Universidade Federal do Paraná, falam sobre o TGD e o classificam como entraves no desenvolvimento psíquico. No entanto, é preciso compreender que essas pessoas não são doentes, mas possuem singularidades. Acesse os links: https://www.youtube.com/watch?v=Ir1DMmD9_iU https://www.youtube.com/watch?v=tqEUEKC8MOc https://www.youtube.com/watch?v=Ir1DMmD9_iU https://www.youtube.com/watch?v=tqEUEKC8MOc 20 Dentro da perspectiva do TGD pode-se observar que não apenas a escola trabalha esse assunto, mas a mídia também começou a mostrar como é a realidade das pessoas com Autismo, nas novelas e nos programas de informação, de forma semelhante ao que aconteceu com a Síndrome de Down. Ví deo Assista ao programa apresentado pelo Dr. Dráuzio Varela no Fantástico sobre o Autismo e a dificuldade encontrada pelas famílias. Essas precisam de apoio não só financeiro, mas principalmente psicológico, no sentido de haver a necessidade por parte dos pais/responsáveis em buscar saber como será a inserção do seu filho na faculdade, no mercado de trabalho e na sociedade. Acesse o link: https://www.youtube.com/watch?v=OvFNiFQuGPA O Autismo, assim como todas as deficiências, dificuldades e síndromes, possui suas características. Dentre as principais podemos citar: ✓ A indiferença; ✓ A interação com seus pares é diferenciada (algumas vezes só há interação caso um adulto esteja presente para auxiliar na comunicação); ✓ Insistência em um mesmo assunto; ✓ A convivência com outras crianças é restrita; ✓ A resistência a mudanças; ✓ Ausência de contato visual. Amaral (2014), pontua o desenvolvimento da criança autista dos seus 2 meses até 5 anos. Vejamos a seguir. • 2 meses - um bebê dentro dessa idade fixa o olhar, presta atenção aos sons, se aninha no colo e troca o olhar ao mamar. A criança com autismo não apresenta essas características. • 3 meses - o bebê firma o pescoço, vira a cabeça conforme barulho, segura objetos, reconhece o cheiro e rosto da mãe. O autista é indiferente para esses sinais e também não reage quando está com fome ou sujo. https://www.youtube.com/watch?v=OvFNiFQuGPA 21 • 4 meses - bebê sorri, emite sons, estica os braços para alguém pegá-lo, se distrai com as mãos e pés. O autista nessa fase é pouco sorridente, não tem movimentos emancipatórios e não demonstra interesse com os móbiles. • 6 meses - o bebê sorri, leva os objetos à boca, imita sons, demonstra medo a estranhos, se reconhece no espelho e já fica em pé sem apoio. O bebê com autismo não evidencia resposta ao sorriso, sons de outras pessoas, pois ele precisa de mais estímulo, não responde quando chamado pelo nome, e às vezes, é possível pensar que ele não escuta. • 10/11 meses – o bebê já tem pinça para pegar objetos e participa de brincadeiras com gestos; mas o autista não acena e nem aponta para os objetos com o objetivo de chamar atenção. • 1/3 anos – a criança consegue brincar de faz de conta, com frases curtas e faladas, o vocabulário enriquece e a interação com seus pares aumenta. Com o autista a interação e atenção desprendida é reduzida, assim como seu interesse por pinturas e desenhos. • 4/5 anos – a criança apresenta interesse de afetividade pelas pessoas, se veste sozinha, já separa os objetos por tamanho e cor; no entanto, o autista não demonstra dificuldade em se colocar no lugar do outro, pode apresentar um comportamento peculiar seu. Ao citar o “faz de conta”, é importante dizer do predomínio da fantasia, porém, a atividade psicomotora garante que a realidade se mantenha. O princípio da imaginação garante que a criança modifique sua vontade por meio do “faz de conta”, e como a atividade é expressa por meio do corpo, obrigatoriamente respeita a realidade concreta e as relações com o mundo real. Com o amadurecimento da criança, esse jogo, se estimulado, prevê a diminuição da atividade egocêntrica, e esta passa a adquirir uma socialização crescente. Dentre as características do jogo simbólico se destacam: 22 Fonte: Elaborado pelo autor, adaptado pelo DI. Na prática docente, é preciso explorar as imitações sem modelo, as dramatizações, os desenhos e pinturas, o “faz de conta”, a linguagem, permitindo a exploração do jogo simbólico, seja individualmente, ou em relação com outras crianças. Afinal, essas práticas são fundamentais para o desenvolvimento cognitivo e para sustentação emocional. É fundamental perceber que em crianças com TGD o jogo simbólico acontece de outra forma, é preciso incentivar e promover práticas principalmente por meio da imitação, para que essa criança se desenvolva de forma harmoniosa e completa. O trabalho na sala de apoio especializada para o autista, deve ser específico, com materiais próprios por conta da possível agressividade, dependendo do grau - o que difere de pessoa pra pessoa. Alguns cuidados são citados por Amaral (2014): Luminosidade da sala de aula – pessoas com autismo não gostam de muita luz; cheiro dos produtos utilizados incomodam, podendo apresentar comportamento inadequado; material concreto – alfabeto móvel, blocos lógicos, jogos de quebra-cabeças e jogos da memória. (AMARAL 2014, p.25) Muitas especulações, especialmente sobre os Transtornos Globais do Desenvolvimento, têm surgido desde as pesquisas de Kanner (1943) até os dias de hoje. Essas pesquisas estão especificamente direcionadas para as causas dos transtornos, o diagnóstico e as formas de intervenção, com o objetivo de amenizar os sintomas apresentados pelo indivíduo, de maneira que a interação 1 • Liberdade de regras do mundo adulto, prevalecendo às criadas pela criança. • Desenvolvimento da imaginação. 2 • Ampliação do caráter fantasioso da ação. • Não há um objetivo explícito ou consciente para a criança. 3 • A criança estabelece sua própria lógica com a realidade. • Assimilação da realidade ao "eu". 23 social possa ocorrer de forma eficaz na escola e na sociedade em que está inserido, que passa por constantes mudanças. Para um estudo mais aprofundado, analisaremos e esclareceremos questões relativas aos Transtornos Globais do Desenvolvimento, como caracterizá-lo e fazer um levantamento das tendências atuais do diagnóstico, das dimensões e do impacto ocasionado pelos mesmos. Por esse motivo, as intervenções necessárias para a participação destes sujeitos é feita em espaços menos restritivos, possíveis em Escolas Inclusivas. Smith (2008), ao citar US Departement of Education (1999), ressalta a importância de se buscar as características do processo educativo formal nas pessoas com autismo. A ênfase desse departamento foi dada às questões de ordem emocional dos indivíduos,tais como transtornos na(s): Fonte: Elaborado pelo autor, adaptado pelo D.I. 2.3 Compreensão e ações a serem seguidas relacionadas às pessoas e alunos com TGD Num momento histórico, o direito da pessoa com deficiência existiu desde 1824 em outros países, mas em 1857 que o Brasil iniciou a criação de serviços para atender as pessoas com deficiências físicas, mentais e sensoriais. A partir dessa movimentação que em 1854 surgiu o Instituto dos Meninos Cegos, chamado de Benjamim Constant. Sendo assim, inicia-se o trabalho com a educação inclusiva que visa proporcionar o ensino e a aprendizagem para as pessoas com qualquer tipo de dificuldade ou deficiência, mas para pensar essa modalidade, é preciso refletir Comunicação verbal, resistência a mudanças, dentre outros. Respostas incomuns as experiências sensoriais 24 de acordo com Stainback e Stainback (1999, p. 407), que por mais centrado esteja o objetivo da inclusão, o de “criar uma comunidade em que todas as crianças trabalhem, aprendam juntas e desenvolvam repertórios de ajuda mútua aos colegas, pois o objetivo da inclusão é esquecer as diferenças individuais entre elas”, é necessário trabalhá-las de maneira que a escola, família e comunidade possa enxergar a criança passiva de várias habilidades. Os responsáveis têm um papel expressivo no desenvolvimento das crianças pelo fato de ser a primeira instância e contato delas com o mundo e dessa forma é possível visualizar no começo as dificuldades apresentadas, seja no desenvolvimento motor, cognitivo e/ou social. Curiosidade Assista o curta metragem indicado para compreender o que ocorre com a criança ou a pessoa com TGD quando não há ainda um diagnóstico assertivo. Acesse o link: https://www.youtube.com/watch?v=sL6ZQZTRPzE Gonzáles (2007), considera que nesse ambiente é oferecido o melhor alicerce social com os valores e modelos culturais de uma sociedade, e para isso os pais/responsáveis precisam receber uma formação adequada nesse sentido social, assim podem orientar e acompanhar o desenvolvimento da criança. Contudo, para o fator elaborado pelo autor é de suma relevância pensar nas várias realidades brasileiras que nem sempre dialogam ou se conversam no sentido de ter os aspectos necessários para o processo acontecer, como alimentação e moradia adequada, bem como, uma família que possa oferecer esse tempo não pela falta de interesse, mas pela necessidade de trabalhar e sustentar sua família. Outro aspecto é abordar a situação da escola como agente cultural e de aprendizado para todos como um grupo. Por essa razão, é válido considerar também as especificidades que a escola precisa atender para aceitar e assim ter condições físicas de espaço e também de intelecto, ou melhor, de formação dos professores ou pode-se pensar que a integração do aluno da EE é apenas para cumprir com as leis e normas estabelecidas pelo MEC e demais regimentos. https://www.youtube.com/watch?v=sL6ZQZTRPzE 25 O papel da sociedade é fazer com que a interação da família, escola e comunidade aconteça de maneira efetiva e de acordo com as demandas específicas de cada desmembramento do TGD para que a sociedade tenha a oportunidade de conviver com as pessoas de maneira integral e não fragmentada. Dessa maneira, todos almejam e esperam que a Educação Especial consiga abranger e atender as especificidades de cada sujeito/aluno, as quais são reais no meio familiar, escolar e social. Para esse atendimento, é esperado que profissionais habilitados sejam selecionados para direcionar e assim orientar os envolvidos nessa caminhada sempre com o objetivo maior de formar a pessoa, o aluno e o cidadão que faz parte de um grupo e assim deve ser olhado, cuidado e respeitado perante suas habilidades e limitações. Conclusão da aula Nesta aula foi possível conhecer sobre o TGD, seus conceitos e definições. O termo Transtorno Global do Desenvolvimento surgiu na década de 60 nos trabalhos de M. Ruttter e foi caracterizado como o conjunto de transtornos qualitativos envolvidos no desenvolvimento humano. No entanto, essa definição abre possibilidade para muitas interpretações. Como apresentado, cada um possui suas especificidades, as quais devem ser levadas em consideração para que a sociedade como um todo possa melhor compreender o TGD, as suas causas, os diagnósticos e as formas de intervenção, visando amenizar os sintomas para que a interação social ocorra de forma eficaz na escola e na sociedade. Atividade de Aprendizagem Discorra sobre o Transtorno Global do Desenvolvimento, segundo seu aprendizado até esse momento. 26 Aula 3 – Neurociências Apresentação da Aula Nesta aula serão abordados assuntos relacionados ao funcionamento do cérebro e suas particularidades, para que se possam conhecer as ligações que o ser humano realiza para alcançar resultados significativos em suas atividades diárias, com o objetivo na aprendizagem e nas atitudes tomadas na vida pessoal e profissional. O intuito desta aula, é atingir o conhecimento e saber como se estabelece a aprendizagem dos indivíduos. Para isso será abordado também questões sobre a cognição e dois processos cognitivos importantes: a memória e a atenção, norteadores para que o ser humano tenha o desdobramento e a relevância do percurso que o cérebro realiza, no momento do aprender e na execução das atividades cotidianas. No terceiro momento será estudada a metacognição, para auxiliar com as atitudes e mais conscientes e reflexivas no dia a dia, para as especificidades de cada indivíduo, as habilidades, as limitações, o ritmo e o tempo dos mesmos para internalizar e executar o que fora aprendido em vários momentos da vida, pois a aprendizagem é um processo contínuo que inicia ao nascermos até o fechamento do ciclo vital. O tema dessa aula coloca a oportunidade de pensar no trabalho e aplicabilidade dos itens até aqui abordados no ambiente profissional, mas especificamente dentro da sala de aula, por acreditarmos que os profissionais da Educação e as famílias buscam um acompanhamento adequado para que os seus filhos/parentes possam evoluir dentro de suas habilidades e limitações, focando um futuro de aprendizagem e realizações significativas. 3.1 Neurociência e a Aprendizagem A constituição cerebral é definida desde a fase uterina e por essa razão, o bebê desde cedo está aberto a novas aprendizagens; pois ao nascer o bebê aos poucos descobre o mundo a sua volta e começa a atender aos estímulos recebidos conforme as etapas do desenvolvimento humano, já estabelecidas por Vygotsky, Piaget e Wallon da Psicologia. 27 Para aprofundar os estudos sobre a neurociência e a aprendizagem, um dos caminhos é conhecer e acompanhar parte do que os autores: Consenza e Guerra, Jensen e outros, nos apresentam a respeito das questões cerebrais do ser humano. 3.2 O funcionamento do cérebro e a contribuição da Neurociência É válido pontuar que a ciência concebia os seres humanos equipados exclusivamente de tendências inatas, fazendo-se acreditar que era apenas um produto da natureza, no qual cada um trazia consigo aspectos prontos, dentro de uma concepção onde o cérebro não possuía a possibilidades de modificar- se. Com o passar dos tempos e com os avanços obtidos nas áreas relacionadas à neurociência, com a cognição e a aprendizagem, podem-se conhecer os processos cerebrais utilizados para trabalhar nas inúmeras funções relacionando-as a vida do ser humano. Contudo, a neurociência trabalha questões biológicas e funcionais do corpo humano. Profissionais da Educação e também de outros segmentos devem conhecer esse universo para em seguida atuar seja na escola ou nas demais instituições. Dessa maneira, é preciso estar atentos ao começo do que a neurociência explicasobre os genes, os quais eram considerados em seu conceito como determinantes inalteráveis, com as quais o potencial de cada ser humano já estava estabelecido, por vezes, sem a condição de modificá-lo durante as experiências vividas por cada um. O estudo do gen, para os estudiosos da área, não é o suficiente para conhecermos o funcionamento cerebral, em virtude de outros componentes também existirem e receberem informações que podem ser ativadas por alguns hormônios, pela alimentação e pelo ambiente externo. Por isso, pode-se refletir nas modificações que acontecem no decorrer das aprendizagens feitas pelo ser humano dentro do meio social em que vive. Mediante o que fora mencionado acima, um significado é possível dar para a expressão "filho de peixe, peixinho é", se for pensado conforme os estereótipos que a sociedade elabora, por exemplo, “ele é assim mesmo puxou 28 pro pai”, “ela escolheu a profissão da mãe”, “é inteligente que nem o avô”, “ela consegue articular o pensamento que nem o tio dela faz”. É importante pensar que cada indivíduo tem um potencial para desenvolver determinadas habilidades independente de seus familiares possuírem a mesma, no entanto, não pode ser esquecido que o ambiente o qual esse sujeito faz parte deve ser favorável para o seu desenvolvimento, no qual tenha subsídios de expressão e possa construir suas relações, demonstrando suas limitações e trabalhando-as simultaneamente. Vocabula rio O “gen” é o início da carga genética e hereditária do ser humano. A função: “É uma unidade de informação hereditária carregada em nossos cromossomos como DNA. Suas funções são servir como modelo para cópias e servir como um fator de transição, atuando sobre as proteínas como expressão gênica. A segunda é altamente suscetível a influências ambientais” Jensen (2011, p.20). Para compreender o cérebro e a mente humana, a neurociência contribui ao dizer que o cérebro é a parte mais importante do sistema nervoso do ser humano, o qual só tem vida plena se os neurônios, aqueles responsáveis por conduzir o processamento das informações, estiverem presentes nas conexões. Ou seja, é nesse movimento cerebral que o indivíduo toma consciência das informações que chegam até ele pelos seus sentidos. Ele pode realizar ligações com suas experiências e expectativas de vida. Curiosidade O sistema nervoso - “os impulsos nervosos podem ser transmitidos pelos nervos ou pelas fibras musculares a uma velocidade superior a 320 km/h. As pessoas são incapazes de fazer cócegas no próprio corpo (propositadamente) porque o cérebro prevê os seus movimentos antes que eles aconteçam, excluindo a sensação de perigo e pânico que provoca as cócegas. Quando alguém nos faz cócegas, o corpo reage, tornando-se tenso. Já quando tocamos o próprio corpo, ele não demonstra esta mesma reação”. 29 Fonte: http://deixadeneura.blogspot.com.br/2011/04/normal-0- 21-false-false-false-pt-br-x.html É importante colocar que o cérebro é maleável, portanto, desde o nascimento. As informações são aos poucos inseridas, por meio de conexões chamadas sinapses, local que regula a passagem da informação no sistema cerebral e que tem um papel fundamental na aprendizagem por assegurar os primeiros processos vitais do ser humano no mundo. Todavia, quanto mais complexos, variados e estimulantes forem os impulsos que o cérebro receber, mais eficaz serão as conexões feitas, a qual constitui a plasticidade que possibilita o sujeito estabelecer novas aprendizagens a todo instante. Por isso, é possível considerar que a criança, ao ingressar no mundo externo, já possui uma bagagem prévia de valores com meio social, contexto familiar, experiências de vida e relações afetivas estabelecidas, as quais farão diferença na sua aprendizagem do presente e futuro. Para exemplificar um pouco o trabalho da Neurociência, Nicolelis em 2014 colocou em prática um projeto implantando e desenvolvido desde 2011. O neurocientista dentro de suas perspectivas pontuou em uma de suas entrevistas para a revista Psique, 2013, o seu objetivo: “o que eu estou tentando fazer na minha pesquisa é mudar o ponto de vista da neurofisiologia para dentro do cérebro e ver o mundo de lá para fora, em vez de fora para dentro. E quando fazemos isso, tudo muda, porque quando racionalizamos o cérebro em casinhas, mostramos nossa maneira cartesiana de ver o mundo, mas o cérebro não evoluiu sobre esses preceitos, ele não evoluiu sobre a lógica das ciências humanas”. O caminho adotado por ele – do movimento ser de dentro pra fora – explica com clareza o que tem sido realizado na experiência demonstradas no quadro abaixo com algumas orientações para aprofundar os conhecimentos na área. http://deixadeneura.blogspot.com.br/2011/04/normal-0-21-false-false-false-pt-br-x.html http://deixadeneura.blogspot.com.br/2011/04/normal-0-21-false-false-false-pt-br-x.html 30 Fonte: Elaborado pelo autor. Pesquise Nicolelis é um neurocientista brasileiro que vem realizando vários estudos, pesquisas e experimentos relacionados ao funciona- mento da mente/cérebro? Sua proposta mais inovadora foi fazer um paraplégico andar na Copa de 2014 no Brasil, com o auxílio de uma veste robótica, um exoesqueleto que está sendo construído na Europa. “O grande avanço do exoesqueleto criado e aperfeiçoa-do pelo neurocientista em suas pesquisas na Universidade Duke, em Durham, na Carolina do Norte (EUA), é o "feedback tátil"; pois o paciente que usar a veste robótica poderá sentir o chão e o peso do corpo ao caminhar, e isso facilitará o indivíduo no ato de andar. Fonte:http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/pacientes-brasileiros- testarao-exoesqueleto-de-nicolelis No livro Enriqueça o Cérebro: como maximizar o potencial de aprendizagem de todos os alunos, Jensen (2011) posiciona o ambiente externo como item também fundamental para a aprendizagem, se considerado que ele aprimorado, pode ser afetado de várias maneiras como na: 1)Alostase metabólica: mudanças na corrente sanguínea, nos níveis básicos de substâncias químicas e no funcionamento metabólico. 2) Estruturas anatômicas aprimoradas: neurônios maiores e estruturas celulares mais desenvolvidas. Prática diária de uma atividade física para exercitar o corpo e a mente. Busca por aprendizagens novas, atividades mais elaboradas com um nível de complexidade maior. Nível de preocupação e estresse menos intenso ou com riscos de comprometimento a saúde. Equilíbrio na alimentação, evitando assim transtornos como a obesidade e problemas cardíacos. Suporte social que auxilie nos atendimentos necessários como forma de diminuir as chances de um isolamento do indivíduo. http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/pacientes-brasileiros-testarao-exoesqueleto-de-nicolelis http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/pacientes-brasileiros-testarao-exoesqueleto-de-nicolelis 31 3) Aumento na conectividade: aumento no circuito elétrico e da ramificação de um neurônio para o outro. 4) Resposta e Eficiência de aprendizagem: aumento da sinalização elétrica, eficiência celular e do processo neural. 5) Aumento da neurogênese e fatores de geração: produção de novas células cerebrais e proteínas especiais importantes para a sobrevivência do cérebro. 6) Cura de traumas e distúrbios do sistema: proteção do estresse e maior capacidade de cura após anos. (JANSEN 2011, P. 76-77) Nos seis aspectos citados acima, algumas determinantes biológicas são trabalhadas, de maneira a entender os caminhos que o cérebro faz para avançar como órgão relevante do corpo humano. Logo, como consequência de um enriquecimento satisfatório, é preciso compreender que outros fatores precisam ser desenvolvidos na vida cotidiana do ser humano e devem ser almejadas diariamente ao pensar no seu próprio benefício. Os meios enriquecedores do cérebro,prezam por garantir com maior probabilidade a trajetória mental, física e social do ser humano, o qual constantemente luta por uma qualidade de vida eficaz. No entanto, é interessante lembrá-los das várias limitações encontradas por muitos brasileiros em razão das suas condições básicas, ou seja, de sustento e sobrevivência, o que vai levar uma demanda para sala de aula, em que o professor e a equipe pedagógica precisam trabalhar e traçar um meio de ultrapassá-las. 3.3 A relação da cognição para uma aprendizagem adequada O objetivo de trabalhar aspectos da cognição nesse momento é colocar a importância de conhecer os elementos relevantes para a constituição da dinâmica após o entendimento e funções cerebrais. Dessa maneira, pode-se iniciar dizendo que a cognição pode ser contemplada como o movimento que o nosso cérebro e a nossa mente fazem para a aquisição do conhecimento. Todavia, durante o desenvolvimento humano, para que a aprendizagem seja adquirida, alguns processos cognitivos precisam estar presentes nesse caminho para que atinja a percepção, a memória, a atenção, a linguagem, e outros processos cognitivos que precisam ser trabalhados e estimulados. Ao falar de estímulo, o meio em que estamos inseridos também contribui para o crescimento intelectual da criança, do adolescente ou do adulto, pois eles vão interagir e aprender com o mundo em que vivem, pelo fato do processo ser 32 realizado de maneira externa e interna. Contudo, é válido pontuar que se o sujeito participa de um ambiente em que seus pares possuem oportunidades restritas de conhecimento é possível que o trabalho exija um pouco mais de dedicação do professor e do meio em que vive. Ferreras (1998), pontua que a cognição é parte dos eventos mentais, das ideias, dos sentimentos, das imagens e da consciência; com o objetivo de construir aprendizagens. Desse modo, corrobora para a vida do ser humano em suas ações e na realização das tarefas. Por exemplo, quando uma pessoa anda de bicicleta, ela sabe que para executar a ação é necessário que suba na bicicleta e pedale, provocando o movimento do objeto; como pensar num caminho bonito, com a presença da natureza ou de um parque para relaxar. No entanto, essa ação não mobiliza a reflexão do que tem feito e das atitudes traçadas para alcançar o objetivo final. A cognição atua na relação e estrutura cerebral, do funcionamento biológico do ser humano, ou seja, tudo isso acontece, muitas vezes, de maneira inconsciente como colocado no exemplo pontuado. Por outro lado, atualmente a ciência visualiza o cérebro, segundo Doidge (2011, p.40), como "um sistema muito mais aberto do que imaginávamos, e a natureza foi muito longe para nos ajudar a perceber e apreender o mundo que nos cerca. Deu-nos um cérebro que se transforma para sobreviver em um mundo em constante transformação". Logo, é possível estar em constante aprendizagem, pois o cérebro é um órgão maleável e capaz de assimilar as novas estruturas, a ele solicitados. Atualmente, quando as crianças nascem já iniciam o aprender e são motivadas a tal desde cedo, pois acredita-se que quanto mais nova, melhor será para armazenar e corresponder aos estímulos. Um fato são os programas, os jogos, os brinquedos, os quais servem de disparadores e motivadores do aprimoramento ou não de algumas questões motoras e cerebrais. Ví deo Para complementar seu aprendizado, acesse o link de vídeo que irá auxiliar no entendimento quanto aos processos cognitivos. http://www.youtube.com/watch?v=AqHP8ggjr8A http://www.youtube.com/watch?v=AqHP8ggjr8A 33 Um dos processos cognitivos a ser abordado é a memória com a função de filtrar informações, selecionar e assimilar, seja na memória curta ou longa. Mas ela precisa estar em andamento para que o ser humano tenha o livre arbítrio de buscar os acontecimentos, conforme suas necessidades. Essa habilidade cognitiva é de suma importância por lidar diretamente com o “arquivo” humano; pois se quisermos lembrar um episódio da nossa adolescência e não conseguirmos; ou esquecermos por instantes de algum acontecimento recente e que seja importante para continuar a caminhada; é nesse processo cognitivo que estaremos buscando. Outro elemento cognitivo é a atenção vista como um ponto chave ao ser humano, pois se o sujeito não obtê-la de maneira satisfatória, provavelmente terá uma lacuna que vai quem sabe prejudicar o andamento de suas atividades e aprendizagens. Por esse motivo procuramos o auxílio de profissionais competentes para trabalhar e aprimorar de acordo com suas aprendizagens. Um exemplo simples é quando estamos na sala de embarque do aeroporto esperando a chamada para o voo. Caso não estejamos com os sentidos voltados para essa ação, estamos no risco de perder o embarque e não realizar a viagem. Isso requer a presença da atenção. Na verdade, ela é primordial para cumprirmos os nossos afazeres e planejamento. Com o conjunto dos processos cognitivos e a mente em movimento, que podemos entender a complexidade de adquirir conhecimentos. Mas, para que a reflexão seja contemplada, o ser humano precisa de um ambiente que estimule a pensar nas relações e conexões realizadas durante a atividade, levando-a a algumas escolhas dos caminhos a percorrer e das melhores estratégias para alcançar o objetivo final. 34 Amplie Seus Estudos Sugestão de Leitura Para estudar os processos cognitivos, é indicado a leitura do livro Desenvolvimento Cognitivo, de John Flavell, Patrícia Miller e Scott Miller, 1999. Este livro destaca a citação de diversas referên- cias, que proporcionam acesso rápido a grande parte da literatura na área como a explicação dos termos técnicos; um panorama das teorias contemporâneas sobre o desenvolvimento cog- nitivo; a abordagem de áreas novas ou revitali- zadas, etc. É importante frisar que o foco está ligado a aprendizagem e ao refletir, o qual nos traz a oportunidade com as palavras de Bradford, Brown e Cocking (2007, p.21), dizer que "o significado do 'saber' mudou: em vez de ser capaz de lembrar e repetir informações, a pessoa deve ser capaz de encontrá-la e usá-la". Não apenas no caso da criança, mas de todo aprendiz é preciso de fato instigá- lo e ensiná-lo a ir além da lembrança e do armazenamento da informação, e buscar principalmente a relação com a sua realidade. Por exemplo, quando aprendemos as quatro operações da matemática não sabemos como utilizá-las de imediato, porém de acordo com os exercícios, desenvolvemos essa habilidade. No entanto, não é o suficiente o conhecimento pelo conhecimento, é preciso conhecer e diferenciar o momento que cada indivíduo usará. Para que a aprendizagem seja estabelecida de maneira significativa é necessário identificar a disposição de cada um para construir, elaborar, planejar e modificar ações, com o auxílio e mediação do adulto, porque desde que nascemos temos a oportunidade de fincar nossas aprendizagens e conhecer os meios e níveis que facilitam e caracterizam a construção de um bom aprendiz. Como tem sido assinalado por Claxton (2005, p.16), "a aprendizagem não é algo que fazemos às vezes, em locais especiais ou em alguns períodos da nossa vida. É parte da nossa natureza. Nós nascemos aprendizes". Quando mencionado que o ser humano nasce aprendiz, há a possibilidade de que ele 35 busque ferramentas e vá além das suas primeiras aprendizagens, ou seja, que o processo tenha seus aprimoramentos. Como esse processo depende de vários fatores, um deles é o papel do professor para mobilizar o sujeito a superar suas limitações na realização das atividades. Instigá-lo a mudar sua estratégia, ou continuar as tentativas, evitando, assim, sua desistência da atividade é um facilitador; um momento para exemplificar é quando a criança ou adolescente deseja fazer algo que não pode ecomeça a chorar para chamar atenção da mãe e, quem sabe, vencer a situação. No entanto, é preciso que o responsável mantenha-se consciente da sua postura para continuar mostrando que na vida tudo tem um limite. O ser humano precisa se desenvolver conforme o seu tempo e ritmo para que tenha condições de vivenciar cada momento de acordo com o sentido e o significado disponibilizado pela aprendizagem. Cada ser humano precisa compreender o mundo para participar e ter consciência de suas ações no meio em que está inserido, assim como das relações que são constituídas. A partir da consciência é possível organizar as próprias atividades, evidenciando o conhecimento de si mesma e realizando suas tarefas de maneira autônoma, gerando aprendizagens mais significativas. 3.4 O papel do professor no processo do aprender do aluno Se a educação atualmente busca “ir além”, isso mostra que não é suficiente o aluno saber ler, somar e subtrair, mas é importante que ele tenha consciência e saiba articular o seu conhecimento com a prática cotidiana da sua vida pessoal, profissional e social. Dessa maneira, a escola inicia o processo de formar pessoas proativas e com liberdade de reflexão. A função da escola é buscar a qualidade do aprender e ensinar e assim prosseguir. Contudo, como o ser humano é um eterno aprendiz, necessita da mediação, participação e colaboração de outras pessoas. Por essa razão, inicia- se uma busca por professores com posturas diferenciadas que tenham estratégias diversificadas para facilitar à aquisição do conhecimento e aprendizagem do aluno, de maneira que ele possa refletir cada vez mais sobre as atividades realizadas. 36 Na abordagem tradicional se formos analisar, o professor preenchia o quadro negro com o conteúdo, os alunos copiavam e respondiam às perguntas ou realizavam os exercícios sem questionar o professor. Dessa maneira, a turma permanecia sem exemplificação para suas dúvidas, o que impedia uma melhor compreensão do assunto. Portanto, o indivíduo não tinha espaço e nem autonomia de pensamento ou liberdade de expressão em sala de aula, pois o que professor falava, transmitia e realizava, era recebido como absoluta verdade. Nos dias atuais, com a busca da aproximação com a realidade e uma prática mais interacionista, percebe-se que o professor agora tem um pouco mais de voz e vez. Assim, procura-se um ensino e uma prática diferenciados, em que o professor não esteja tão adepto da abordagem tradicional, mas compreenda a importância de interagir com seu o aluno e o objeto de estudo. Quando se fala nessa prática pedagógica, podemos voltar a possibilidade de elaborar um planejamento, com atitudes reflexivas, em que o aluno participa e conta com a mediação do professor no seu desenvolvimento e aprendizagem. Sendo assim, acontece uma abertura para que professor não deixe pra trás o que aprendeu com as abordagens anteriores, mas lhe é oferecido a oportunidade de utilizar uma metodologia e uma estratégia adequada para ensinar o conteúdo aos seus alunos, de maneira que eles estejam motivados a aprender sem a necessidade da presença do professor de forma dependente. É preciso que o aluno transforme a informação em conhecimento e construa um sentido e um significado para cada aprendizagem e assim possa facilitar suas relações e inferências com o mundo. Da reflexão realizada por Fourez (2008), pode-se depreender que não é fácil sair de uma abordagem e ir para outra com uma perspectiva inovadora; porque é preciso primeiramente que o professor tome consciência dos ganhos e das perdas oferecidas por esse novo caminho, compreendendo que utilizá-la é sair da sua zona de conforto e se dispor a enfrentar os desafios, pelo qual ele é capaz de se abrir ao novo e ser mais flexível. Um exemplo é quando se leciona inglês, onde somente o conhecimento não é suficiente, tampouco conhecer o idioma, mas é preciso uma compreensão que vai além, o olhar sobre a realidade de quem está na outra ponta (aluno), a do professor e sua aplicabilidade. Ou 37 seja, voltar o pensamento para: "em que", "para que" e "para quem" o conhecimento é ensinado. O profissional precisa ter um espaço que lhe possibilita visualizar as facilidades e as limitações de cada conteúdo proposto. Fourez (2008, p.19) alerta que "não é velando o rosto e se escondendo das dificuldades que se ajudarão os docentes a ser promotores de mudanças positivas". As dificuldades dentro da prática pedagógica existem, mas ao professor cabe o papel de trabalhar para melhorá-las e adequá-las, de acordo com as especificidades dos alunos e da escola. O foco é o professor proporcionar ao aluno uma prática pedagógica na qual ele tenha suas habilidades exploradas e a oportunidade de evoluir como aprendiz, estando preparado para desenvolver seu papel, superando obstáculos e refazendo-se quando for necessário, com o objetivo de rever ou recomeçar o desenvolvimento das aprendizagens, seja elas sistemáticas (dentro da escola, de um sistema) ou assistemáticas (fora do sistema). Se a preocupação é um ensino, uma aprendizagem e um trabalho mais significativo, o foco deve estar voltado ao grande promotor disso, que é o professor e sua prática, pois estando ele alinhado dentro da escola e da universidade o processo torna-se mais acessível. Um aspecto primordial, é a formação e o papel que precisa desenvolver dentro de sala de aula, considerando que, além do aluno permanecer parte do seu tempo em sala de aula, é de sua responsabilidade externar e evidenciar na prática pedagógica seu conhecimento teórico para planejar e organizar as atividades, assim como o espaço e as estratégias a serem utilizadas com o objetivo de estimulá-los a aprender, e dessa maneira, construir um ambiente no qual os alunos possam desenvolver o maior número de habilidades possível. O papel do professor é ensinar e mediar situações de aprendizagem para que o indivíduo esteja preparado para utilizá-la nos diversos âmbitos da vida, e não tenha uma aprendizagem fragmentada sem saber relacioná-las com a sua realidade social. Em sala de aula o professor, como colocado por Grangeat (1999, p.41), não precisa ficar preso às respostas exemplares, mas precisa estar atento aos processos cognitivos de cada aluno. Ao profissional cabe enxergar no aluno o potencial que ele tem e assim trabalhá-lo; e as limitações devem ser reconhecidas e abordadas com 38 conhecimentos adequados para que o aluno tenha uma postura consciente na sua aprendizagem. Sendo assim, ele deve voltar aos seus conhecimentos, à sua formação e ao mesmo tempo reconhecer-se como profissional, que precisa compreender o que está planejando trabalhar, qual sua objetividade e o que espera alcançar durante a aula e a sua atuação com o aluno. Se ele tiver essa consciência há a possibilidade de acessar o seu aluno e construir com ele o raciocínio de que aprender não é somente deter a informação pela informação, mas é necessária a reflexão do que está sendo estudado, de modo que o aluno possa desenvolver sentidos e significados para cada conteúdo e os torne aprendizagem. Caso contrário, o professor continua na construção, no entanto, mobilizando a presença de "pequenas bibliotecas vivas", ou seja, o conhecimento/aprendizagem está armazenado como função cognitiva, mas não está trabalhada de maneira que o aluno tenha autonomia de utilizá-la. Para o professor, é esperado que ele esteja perto do seu aluno, conhecendo aquilo que ele já sabe, o que ainda pode saber e como ele realiza suas atividades. Sendo assim, ele busca conhecimentos e estratégias que atendam aos diferentes estilos de ensinar e de aprender. Ao abordar a figura do professor torna-se visível que o objetivo é colocar o aluno para aprender com mais reflexividade, consciência e autonomia, no entanto, para que aconteça o seu professor precisa