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Apostila de Sociologia - Dieikson Carvalho

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APOSTILA DE 
SOCIOLOGIA 
 
 
 
 
 
Professor: Dieikson de Carvalho 
 
 
 
 
 
 
 - 2 - 
 
 
 
 
 
 
 
 
Antropologia, Sociologia e Política 
 
 
Antropologia e Sociologia 
 
1. Antropologia 
 1.1 – Caracteriazer Cultura; 
 1.2 – Caracterizar um fenômeno como manifestação cultural; 
 1.3 – Identificar manifestações de etnocentrismo nas relações étnicas. 
 
2. Sociologia 
 2.1 – Caracterizar Sociologia; 
 2.2 – Entender conceitos básicos da Sociologia; 
 2.3 – Aplicar conceitos básicos da Sociologia à interpretaçãos de fenômenos sociais. 
 
3. Filosofia Política 
 3.1 – Conhecer as principais idéias do pensamento político dos seguintes autores: 
Maquiavel, Hobbes, Locke, Rousseau e Marx. 
 
4. Política 
 4.1 – Caracterizar poder e suas formas; 
 4.2 – Explicar os conceitos de Estado e Nação; 
 4.3 – Caracterizar os regimes políticos, formas e sistema de governo. 
 
5. Geopolítica 
 5.1 – Conhecer princípios de geopolíticas e da geografia política; 
 5.2 – Analisar a configuração atual de poder mundial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 - 3 - 
ÍNDICE 
 
 
ÍNDICE ................................................................................................................................. 3 
INTRODUÇÃO AO CONTEÚDO DA SOCIOLOGIA ......................................................... 4 
UM RÁPIDO PASSEIO PELA PSICOLOGIA.................................................................. 5 
CAPÍTULO I......................................................................................................................... 6 
CONTRIBUIÇÕES DA ANTROPOLOGIA PARA A SOCIOLOGIA .............. 6 
CULTURA .................................................................................................................... 7 
ETNOCENTRISMO...................................................................................................... 8 
RELAÇÕES ÉTNICAS ................................................................................................. 9 
CAPÍTULO II...................................................................................................................... 10 
A SOCIOLOGIA COMO CIÊNCIA........................................................................ 10 
SOCIOLOGIA............................................................................................................. 11 
COMO SURGIU A SOCIOLOGIA ............................................................................. 12 
OS CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA........................................................................... 12 
CONCEITOS BÁSICOS DA SOCIOLOGIA............................................................... 13 
MOBILIDADE SOCIAL ............................................................................................. 25 
DIVISÃO DA SOCIEDADE EM CAMADAS OU ESTRATOS SOCIAIS.................. 25 
ACULTURAÇÃO E ALIENAÇÃO............................................................................. 28 
CAPÍTULO III .................................................................................................................... 31 
CONTRIBUIÇÕES DA FILOSOFIA POLÍTICA PARA A SOCIOLOGIA... 31 
FILOSOFIA POLÍTICA .............................................................................................. 32 
TEMAS DA FILOSOFIA POLÍTICA.......................................................................... 34 
CAPÍTULO IV .................................................................................................................... 48 
POLÍTICA .................................................................................................................... 48 
POLÍTICA................................................................................................................... 49 
CAPÍTULO IV .................................................................................................................... 60 
Cidadania ...................................................................................................................... 60 
CIDADANIA............................................................................................................... 61 
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................... 70 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 - 4 - 
INTRODUÇÃO AO CONTEÚDO DA SOCIOLOGIA 
 
Por outro lado, não podemos perder de vista que, para a maioria de nossos alunos, esta 
disciplina é novidade, diferente das demais de nosso currículo. Como iniciação, nossa abordagem 
deverá ter o compromisso de ser relativamente simples, ainda que com o cuidado de não cair no 
simplismo, procurando uma certa solução de compromisso entre simplificação e rigor. 
Para introduzir agora propriamente nossa - matéria, podemos começar por uma breve 
discussão sobre o objeto de estudo de cada uma destas áreas que compõem nossa disciplina: 
Antropologia, Sociologia e Política. Ocorre então que o "recorte" de três áreas de estudo de uma área 
mais geral chamada de Ciências Sociais não corresponde a objetos nitidamente distintos e estanques. 
Os objetos de estudo do antropólogo, do sociólogo e do cientista político se interpenetram. Apenas há 
distinções que são conceituais ou que corresponderam a uma história de consolidação de cada uma das 
áreas do conhecimento em questão. 
Cracterizaremos a seguir, de forma simplificada,os campos de estudo de nosso interesse. 
A Antropologia, etimologicamente, se define como o estudo do Homem, podendo ser dividida 
em Antropologia Cultural (a que aborderemos) e Antropologia Física. Antropologia (Cultural) possui 
como .. objeto de estudo basicamente a cultura, em suas diversas formas possíveis de manifestação, 
nas várias sociedades humanas. Nesse sentido, então, a Antropologia Cultural corresponde a um 
estudo do Homem em sua diversidade, no que, de certa forma, opõe-se ao enfoque da Sociologia, pois 
esta, tomando por objeto de estudo as sociedades humanas, normalmente trabalha com conceitos que, 
para além das diversidades existentes entre estas sociedades, aplicam-se ao estudo de todas elas. A 
Ciência Política se define como o estudo da área da cultura ou da parte da vida em sociedades 
humanas chamada de "política", em sentido amplo; ou, se quisermos reservar este termo jiara seu 
sentido mais restrito, podemos dizer que a Ciência Política tem como objeto de estudo o poder e suas 
formas nas sociedades humanas.Portanto, de forma resumida, trataremos das relações socais e de 
poder, tendo com centro de tudo isso a figura humana. O estudo do homem, suas características e 
culturas é objeto da Antropologia (do grego ánthropos, homem + lógos, estudo). O homem possui uma 
estrutura física tal qual qualquer animal, porém sua capacidade de pensar e criar o torna muito mais 
complexo. Na Grécia antiga Aristóteles já afirmava que o homem é por natureza um animal social, e, 
como tal, necessita organizar sua vida em coletividade. Aos processos relativos à organização dos 
homens em comunidades, interessa-se a Sociologia (do latim sociu, sócio ). Porém, esse animal social 
aspira à felicidade e o problema é que o entendimento do que seja esta felicidade não é o mesmo para 
cada pessoa, daí a necessidade de se estabelecer leis apropriadas a esta convivência. O estabelecimento 
dessas leis e o conjunto de interesses envolvidos constitui um campo de poder que interessa à Ciência 
Política (O termo política, etimologicamente, se refere ao que é da cidade, pólis, em grego). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 - 5 - 
UM RÁPIDO PASSEIO PELA PSICOLOGIA 
 
O homem, como qualquer animal, possui Instintos (impulsos naturais, independentes da 
reflexão), mas vive cercado de normas e regras sociais que tentam controlar esses impulsos. As regras 
sociaisque controlam os impulsos biológicos fazem parte do que nós chamamos valores sócio-
culturais. A relação entre instintos naturais e valores sociais é uma área de muito interesse para os 
estudiosos das Ciências Sociais e constitui objeto de estudo da Psicologia. 
Sigmund Freud (1856 - 1939), considerado o pai da psicanálise, 
estudou essa relação entre instintos naturais e valores sociais, propondo três 
componentes básicos estruturais da psique humana: o Id, o Ego e o Superego. 
O entendimento desses componentes nos ajudará a compreender conceitos 
como cultura, instituições e valores sociais. 
 
Id - Para Freud o Id tem afunção de descarregar as tensões biológicas 
regido pelo "princípio do prazer". Corresponde a reserva inconsciente dos 
desejos e impulsos de origem genética, voltados para a preservação e 
propagação da vida. 
 
Superego - O Superego, também inconsciente, faz a censura dos impulsos que a sociedade e a 
cultura proíbem ao Id, impedindo o indivíduo de satisfazer plenamente seus instintos e desejos. É o 
órgão da repressão, particularmente a repressão sexual. Manifesta-se á consciência indiretamente, sob 
a forma da moral, como um conjunto de interdições e de deveres, e por meio da educação, pela 
produção da imagem da pessoa moral, boa e virtuosa. 
 
Ego - O Ego é a parte do aparelho psíquico que está em contato com a realidade externa. O 
Ego ou o Eu é a consciência. Obedece ao princípio da realidade, ou seja, a necessidade de encontrar 
objetos que possam satisfazer ao Id sem transgredir as exigências do Superego. É parte perceptiva e a 
inteligência que deve conduzir todo o comportamento e satisfazer simultaneamente as exigências do Id 
e do Superego através de compromissos entre essas duas partes, sem que a pessoa se volte 
excessivamente para os prazeres e sem que, ao contrário, se imponha limitações exageradas à sua 
espontaneidade e gozo da vida. O Ego é pressionado pelos desejos insaciáveis do ld, a severidade 
repressiva do Superego e os perigos do mundo exterior. Se submete-se ao Id, torna-se imoral e 
destrutivo; se submete-se ao Superego, enlouquece de desespero, pois viverá numa insatisfação 
insuportável. 
 
 
 
 
Recorreremos a esse esquema quando formos estudar conceitos de Antropologia 
etnocentrismo, valores culturais, etc) e Sociologia (socialização, valores, regras, instituições, etc). 
 
 
 
 
 
 
 
Metáfora do Iceberg 
É muito conhecida a metáfora do Iceberg para explicar 
a estrutura psíquica estudada por Freud. De acordo 
com essa metáfora (figura ao lado) a nossa mente 
funcionaria como um iceberg, onde a maior parte 
estaria submersa no mar do inconsciente. O Ego, nosso 
eu consciente seria o elo, o canal responsável pela 
administração entre valores e instintos internalizados e 
as demandas da realidade 
 - 6 - 
CAPÍTULO I 
 
 
 
 
 
CONTRIBUIÇÕES DA 
ANTROPOLOGIA PARA A 
SOCIOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
- Cultura 
- Etnocentrismo 
- Relativismo 
- Relações Étnicas 
"A Antropologia autêntica só pode acontecer 
quando estamos plenamente convencidos da nossa 
ignorância" 
Roberto Damatta 
 - 7 - 
 
 
 
 
CULTURA 
 
A espécie humana pode ser distinguida das demais por várias peculiaridades; mas, de um 
modo geral, todas são manifestações de uma peculiaridade básica que a Antropologia considera 
exclusividade de nossa espécie: a cultura. A noção de cultura tem recebido várias definições, mas 
predominam aquelas que se relacionam com a produção humana. Desde já gostaríamos de deixar claro 
que não trataremos aqui cultura no sentido de conhecimento privilegiado, culto, como se observa na 
frase: "tenho vários colegas que são pessoas de cultura". 
Etimologicamente, cultura se refere ao que é cultivado pelo homem, como nas expressões do 
tipo "cultura de grãos", "cultura de arroz". Como o homem, ao contrário dos outros animais, está 
sempre procurando melhorar sua qualidade de vida, e é forçado a adaptar-se a condições diferentes, 
inventando maneiras de satisfazer suas necessidades, pode-se definir cultura como o produto "dos 
esforços do homem para ajustar-se a seu ambiente e melhorar suas maneiras de viver" (KOENIG, 
1976, p.59). Assim, é possível afirmar que cultura é o que se manifesta na natureza através do homem. 
Desta forma, é impossível um grupo ou uma pessoa sem cultura, pois "cultura compreende todo o 
corpo acumulado de maneiras de pensar e agir em grupos humanos"(Idem). 
Voltaremos a esta questão na parte de Sociologia, mas desde já cabe lançar a seguinte 
discussão: quando nascemos nosso grupo social já dispunha de uma cultura, ou seja, nossa cultura 
precedeu nosso surgimento. Então, não só criamos e nos manifestamos pela cultura, mas também 
somos criados por ela e, através de nós, ela se manifesta e tende a se reproduzir. Embora contribuamos 
para a formação ou modificação da cultura, normalmente perpetuamos a maioria de seus traços, que 
aprendemos e repassamos através das gerações. 
Uma questão interessante a que podemos tentar responder é se existe alguma coisa que o 
homem faça que não seja influenciado pela cultura. Mesmo se imaginarmos a satisfação de impulsos 
os mais básicos da espécie, ainda aí podemos perceber que circunstâncias como a intensidade, 
freqüência ou forma de satisfação destes impulsos serão permeadas pela cultura. Assim, a forma como 
Se existe algo no Homem que se possa chamar de natural, é seu comportamento cultural, 
determinado por um processo que pressupõe o aprendizado. 
Portanto, o conceito de cultura que nos interessa é amplo e está relacionado a um conjunto de 
aspectos sociais que inclui crenças, moral, valores, leis, regras, costumes ou qualquer outro hábito 
adquiridos pelo homem como membro de um grupo social. 
 
 
 
 
 
 
 - 8 - 
 
 
ETNOCENTRISMO 
 
Etimologicamente, a palavra grega significa povo, tribo. 
 
O texto apresentado ilustra um fenômeno muito importante para a Antropologia: o 
etnocentrismo. Levando em conta a formação do termo, podemos definir etnocentrismo como 
visão de mundo centrada na etnia de determinado sujeito. 
Etnocentrismo é a lente pela qual tendemos a julgar a nossa cultura como o centro do 
universo, ou seja, a correta, a verdadeira referência. É devido ao etnocentrismo, então, que julgamos 
tão incabíveis os elementos de outra cultura que estão - ou às vezes apenas parecem estar - ausentes de 
nossa cultura. 
Estes elementos "estranhos" de outras culturas às vezes consideramos "ilógicos"; mas, na 
visão antropológica, considera-se que os elementos de uma cultura devem ser entendidos dentro da 
lógica interna desta cultura. O que se procura evitar então é a idéia de que a nossa cultura tem uma 
lógica privilegiada, à luz da qual podemos estabelecer uma hierarquia universal e objetiva de valores 
segundo a qual a cultura do outro é inferior à nossa. 
Normalmente todas as pessoas e povos tendem a ter dos demais uma visão etnocêntrica. Este 
fenômeno não é "privilégio" de nossa civilização de visão eurocêntrica. Se fazemos as coisas de 
determinado modo, ver outros serem diferentes nos leva a racionalizar que deve haver algo de errado 
com eles, pois admitir o contrário poderia significar que os errados somos nós. Em outras palavras, 
não estamos acostumados a aceitar o pluralismo sem estabelecer julgamentos de valor, e a 
Antropologia tem como uma de suas grandes propostas exatamente isto: permitir que relativizemos 
valores, que aprendamos a ampliar nossos horizontes para melhor compreender a pluralidade. A 
Antropologia procura então, afastando-se do chamado senso comum, propor que observemos a 
diversidade humana com o que se pode chamar de olhar antropológico, que seria então aquela visão de 
quem procura se familiar com o estranho, evitando julgá-lo pela sua ótica etnocêntrica.Já vimos que mesmo características muito comuns em nossa própria cultura podem nos 
parecer ilógicas, se apresentadas com um discurso de quem não está se expressando com a lógica da 
própria cultura que está sendo descrita. Assim vemos então que uma contrapartida importante do olhar 
antropológico que procura se familiarizar com o estranho é a atitude de estranhar o familiar. É então 
um exercício importante para o antropólogo saber observar e apontar os elementos de nossa própria 
cultura que também poderiam parecer estranhos se não estivéssemos nós mesmos inseridos nela, ou se 
a olhássemos sem os condicionamentos que ela nos incutiu, ou ainda, se a olhássemos pela ótica de 
outras culturas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 - 9 - 
 
 
 
 
RELAÇÕES ÉTNICAS 
 
 
O etnocentrismo pode ser a priori uma simples atitude mental, mas normalmente ele está 
presente em relações estabelecidas entre diferentes povos, e, quando estas relações se dão com notável 
diferença de poder entre os envolvidos, geralmente aquela postura acaba por servir para o povo 
dominante racionalizar uma justificativa para a dominação que exerce, apresentando-a, como 
acabamos de ver, como algo "natural". As relações entre grupos étnicos diferentes normalmente são 
pautadas pela postura do etnocentrismo, ou seja, numa visão do mundo onde o nosso grupo é tomado 
como centro de tudo e os outros são conceituados a partir de nossos valores, nossos modelos, nossas 
definições do que venha a ser o certo e o errado. 
 
Para os grupos envolvidos, as relações étnicas trazem conseqüências que advêm das diferenças 
culturais entre eles, quaisquer que sejam os aspectos particulares assumidos por estas diferenças 
culturais, incluindo convicções de superioridade religiosa ou racial. Mas, em que consistem essas 
convicções raciais? A quem elas podem servir? 
 
o conceito de raça tem caído em desuso¹. A partir do século XX, as ciências sociais têm 
demonstrado que raça, muito mais do que um fator de diferenciação de grupos sociais, é um 
conceito social. Leia o artigo abaixo publicado por um jornal brasileiro: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
_______________________________________ 
1 A genética tem demonstrado que o ser humano é composto de aproximadamente 25 mil genes. As diferenças mais 
aparentes (cor da pele, textura dos cabelos, formato do nariz) são determinadas por um conjunto de genes insignificantemente 
pequeno. Por exemplo: as diferenças entre um branco nórdico e um preto africano compreendem apenas uma fração de cerca 
de 0,005% do genoma humano. Por essa razão, torna-se impróprio falar em raça entre os homens. 
"O mundo diminuiu, mas as nações nela se aproximaram." 
Henry Kissinger, político norte-americano 
 
 - 10 - 
CAPÍTULO II 
 
 
 
 
 
A SOCIOLOGIA COMO CIÊNCIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
- Fato Social 
- Socialização 
- Instituições 
- Grupos Sociais 
- Ação Social 
"Toda a educação consiste num esforço 
contínuo para impor às crianças maneiras 
[adequadas] de ver, sentir e agir às quais 
elas [supostamente] não chegariam, 
espontaneamente" 
Émile Durkheim 
 - 11 - 
SOCIOLOGIA 
 
Como vimos anteriormente, a Antropologia possui como objeto de estudo a cultura. Vimos 
também que a cultura é uma construção social, ou seja, os indivíduos só adquirem características 
humanas (valores culturais) quando convivem em sociedade com outros seres humanos, por meios das 
relações sociais. Lembremos do exemplo de Amala e Kamala: o comportamento das meninas em nada 
lembrava um ser humano, suas atitudes limitavam-se a instintos animais. O homem é um animal social 
e, sendo assim, sua vida só adquire sentido por meio da sociabilidade, ou seja, na relação com outros 
seres humanos. 
 
A Sociologia é o campo das Ciências Sociais que tem como interesse principal o estudo das 
relações sociais. Assim, a análise dos grupos sociais (sua estrutura, organização, instituições, etc) 
constitui o objeto de pesquisa dos sociólogos. Por que os indivíduos tendem a agir da mesma forma 
que as pessoas com as quais eles convivem? A resposta para essa pergunta deve ser encontrada no 
processo de socializacão, um dos temas mais importantes para a análise sociológica.Pela socialização 
o indivíduo se integra ao grupo em que nasceu, assimilando o conjunto de hábitos e costumes 
característicos daquele grupo. Participando da vida em sociedade, aprendendo suas normas, seus 
valores e costumes, o indivíduo está se socializando. Quanto mais adequada à socialização do 
indivíduo, mas sociável ele poderá se tornar. A seguir retomaremos o esquema apresentado quando 
falamos da psicologia para explicar o processo de socialização: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Qualquer grupo social possui um conjunto de valores que é, pelo processo de socialização, 
internalizado na mente dos indivíduos, naquilo que Freud chamava de Superego. Esses valores 
constituem fatos sociais: representam o que é certo (verdadeiro) para o grupo e os indivíduos que não 
os adotarem serão de alguma forma sancionados. 
Socialização é o processo pelo qual ao longo da vida a pessoa humana aprende e interioriza os 
elementos sócio-culturais do seu meio, integrando-os na estrutura da sua personalidade sob a 
influência de experiências de agentes sociais significativos, adaptando-se assim ao ambiente social em 
que deve Viver. 
 
Socialização é, portanto, o processo social pelo qual o indivíduo se integra ao grupo social em 
que vive, assimilando o conjunto de hábitos e costumes característicos do grupo social; é o ato de 
transmitir, de inculcar na mente do indivíduo os padrões culturais da sociedade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Conjunto de hábitos e costumes de um grupo 
Crenças 
Valores culturais 
Regras sociais 
Normas e leis 
Instituições 
 - 12 - 
COMO SURGIU A SOCIOLOGIA 
 
O termo Sociologia foi inventado em meados do século XIX pelo filósofo francês August 
Comte (1798-1857), formulador de um sistema filosófico chamado Positivismo. O método adotado 
por Comte correspondia ao modelo da Física, considerada, na época, a mais desenvolvida das ciências. 
Tanto é que, antes de chamar Sociologia, Comte chamava seu campo de estudo de Física Social. 
Seus estudos buscavam desenvolver uma ciência da sociedade onde todos os fenômenos 
pudessem ser expressos por leis universalmente válidas (determinismo). Para atingir esse objetivo, 
Comte dividiu sua disciplina em dois ramos: a estática social (organização e ordem social) e dinâmica 
social (mudanças e progresso social). Daí decorre o famoso lema "ordem e progresso". 
 
Uma visão assim determinista do conhecimento humano pressupõe que se possa chegar, para o 
estudo de qualquer objeto, ao ideal de modelos da Física. Nesta ciência é possível representar o 
comportamento de objetos a partir de funções. Estas têm a característica de permitir a determinação 
do comportamento de um objeto, a partir de variáveis ditas independentes, especificando-se (em 
função destas variáveis) as chamadas variáveis dependentes, que refletem então a situação do objeto. 
O problema de transplantar este raciocínio para uma área de conhecimento humanístico é a dificuldade 
(talvez mesmo impossibilidade) de eleger todas as variáveis que devessem ser consideradas na 
"determinação" do comportamento do objeto a ser estudado e, mais ainda, a dificuldade de estabelecer 
a conexão entre essas possíveis variáveis, sua expressão matemática e a expressão da lei que relaciona 
estas variáveis (independentes) com o comportamento (variável dependente) do objeto que se queira 
descrever. 
Uma das conseqüências problemáticas da crença nos princípios positivistas foi a suposição de 
que o modelo de conhecimento representado pelas ciências que se desenvolviam nesse período era 
algo que levava objetivamentea verdades absolutas, e que se ia chegando a estas verdades de forma 
progressiva e acumulativa. Supunha-se também que este progresso científico garantiria o bem-estar 
para um número cada vez mais abrangente de sociedades e pessoas. Hoje, idéias intimamente 
relacionadas aos princípios positivistas, como a idéia da neutralidade científica, do progresso científico 
como algo que garante mais bem-estar e desenvolvimento social universal, têm sido questionadas. 
 
OS CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA 
 
Apesar de Comte ter dado nome ao campo de estudo da sociedade, a Sociologia que 
conhecemos hoje deve seu arcabouço teórico a três grandes autores: Karl Marx, Émile Durkheim e 
Max Weber. 
 
 
Karl Marx (1818 - 1883) 
Priorizando a dimensão sócio-econômica da Sociedade, Marx concentrou 
seus estudos nas relações sociais de produção. Para ele, não se pode pensar a 
relação indivíduo-sociedade separadamente das condições materiais. 
Para Marx, as relações sociais capitalistas eram muitas claras e definidas 
pelo conflito entre as duas classes: os capitalistas (detentores dos meios de 
produção máquinas, capital, etc.) e os proletários (força de trabalho). Exploração 
dos proletários pelos capitalistas resultava na mais-valia - lucro obtido pela 
exploração da mão-de-obra proletária. 
Militante engajado, Marx acreditava que os conflito de classes não 
poderiam ser resolvidos dentro de um modelo capitalista de sociedade. 
Das principais idéias de Marx trataremos quando introduzirmos a Política. 
 
 
 
 
 
 
 
 - 13 - 
Émile Durkheim (1858-1917) 
 Para Durkheirn, a Sociologia tinha por finalidade não só explicar a sociedade, mas também 
encontrar remédios para a vida social. Assim, ela apresentaria estados normais e 
patológicos, isto é, saudáveis e doentios. Pode-se perceber facilmente a 
influência de teóricos da Biologia no método sociológico desenvolvido por Émile 
Durkheim, tais como Jean-Baptista Lamarck (1744 - 1829), estudioso da 
evolução das espécies, e Charles Darwin (1809 - 1882), autor de "A origem das 
espécies". Assim, diferente de August Comte que adotava o modelo da Física 
para estudar a Sociedade, Émile Durkheim adotará o modelo da Biologia. Ainda 
hoje essa influência da Biologia sobre a análise de questões sociais pode ser 
percebida em comentários rotineiros, tais como: a crescer, todos os seus 
organismos devem estarfuncionando". 
Émile Durkheim destacou-se como autor que deu à sociologia um método próprio, 
distinguindoa de todas as outras ciências. Baseou-se, para isso, na idéia de que os fatos sociais têm 
uma realidade específica, diferente de qualquer outro tipo de fato. Para Durkheim, o sociólogo deveria 
encarar os fatos sociais como coisas (objetos), mantendo-se distante e neutro em relação a eles. A 
Sociologia, portanto, deveria se debruçar sobre os fatos sociais. 
 
Max Weber (1864-1920) 
 
Se para a Antropologia cultura é entendida como uma teia de significados 
(conjunto de valores) que permite que as pessoas que vivem sob essa teia orientem 
suas próprias condutas, para Max Weber a sociedade deve ser compreendida como 
uma rede de relações que possuem sentidos, que podem ser mapeados. Para realizar 
esse"mapeamento", na opinião de Weber, cabe às Ciências Sociais, desvendar o 
sentido dessas relações. Para isso, deve-se levar em consideração o conceito de ação 
social. 
Para Weber a sociedade pode ser compreendida a partir do conjunto das ações 
individuais. Estas são todo tipo de ação que o indivíduo faz (tenta estabelecer algum 
tipo de comunicação), orientando-se pela ação de outros. 
Weber não analisa as regras e normas sociais como exteriores aos indivíduos. Para ele as normas e 
regras sociais são o resultado do conjunto de ações individuais. Na sua concepção o método deve enfatizar 
o papel ativo do pesquisador em face da sociedade. 
Max Weber elaborou um sistema ao qual se tem chamado de teoria da ação social, superando o 
determinismo do século XIX, no qual o homem seria movido por forças totalmente externas à sua vontade, 
Por isso, o ponto de partida de toda sua análise sociológica consistiu no esforço de compreensão do modo 
como o ator social agiu e para que fins o fez. 
 
Conforme se considere a visão introduzida por Marx, Durkheim ou por Weber, a Sociologia 
poderia ser definida, respectivamente, como a ciência que estuda o "conflito de classes", os "fatos 
sociais" ou a "ação social". Outros campos de interesse para a Sociologia são os grupos sociais, a 
estrutura social, o comportamento social, a organização social, a interação social e as instituições 
sociais. 
 
CONCEITOS BÁSICOS DA SOCIOLOGIA 
 
Grupos Sociais 
 
 
Procurando o verbete "grupo social", no Novo Dicionário Aurélio, encontramos a seguinte 
definição: "Forma básica da associação humana; agregado social que tem uma entidade e vida própria, 
e se considera como um todo, com suas tradições morais e materiais". 
Do psicanalista argentino José Eleger: "Um grupo é um conjunto de pessoas que entram em 
interação entre si, porém, além disso, o grupo é, fundamentalmente, uma sociabilidade estabelecida". 
Complementando a idéia de Eleger, leia o pensamento do filósofo francês Jean-Paul Sartre: "Enquanto 
não se estabelece a interação, não existe o grupo, mas somente uma serialidade, em que cada 
 
 
 - 14 - 
indivíduo é equivalente a outro e todos constituem um número de pessoas equiparáveis e sem 
distinção entre si". (Exemplo de serialidade: um grupo de pessoas numa fila de ônibus ou de cinema.) 
Existem diversas definições de grupos sociais, com pequenas variações entre elas, dependendo do 
enfoque. O psicanalista define os agrupamentos sociais do ponto de vista da Psicanálise, o sociólogo, 
do do ponto de vista da Estatística, etc. Mas há uma confluência entre os conceitos, pois grupo social 
sempre significa a reunião de pessoas em interação entre si (duas pessoas podem formar um grupo). A 
partir daí cada ciência amplia o conceito de acordo com seus particulares objeto e objetivo de estudo. 
Para a Sociologia, grupo social é toda reunião de duas ou mais pessoas associadas pela 
interação. Devido à interação social, os grupos mantêm uma organização e são capazes de acões 
coniuntas para alcançar objetivos comuns a todos os seus membrosponto de vista da Sociologia, o 
estatístico, do ponto de vista da Estatística, etc. Mas há uma confluência entre os conceitos, pois grupo 
social sempre significa a reunião de pessoas em interação entre si (duas pessoas podem formar um 
grupo). A partir daí cada ciência amplia o conceito de acordo com seus particulares objeto e objetivo 
de estudo. 
Os grupos sociais são formas estáveis de integração social. Um fator mantém a estabilidade e a 
integração do grupo: os contatos sociais são duradouros. 
Nos grupos sociais há normas, hábitos e costumes próprios, divisão de funções e posições sociais 
definidas. Como exemplos temos a família, a escola, a Igreja, o clube, o Estado, etc. 
 
Principais grupos socias 
 
 As pessoas, ao longo de sua vida, em geral participam de vários grupos socias, como: 
 
• Grupo familial - representado pela família; 
• Grupo vicinal - formado pela vizinhança; 
• Grupo educativo - desenvolvido na escola; 
• Grupo religioso - representado pelas instituições religiosas (evangélica, espírita, etc.); 
• Grupo de lazer - os clubes, as associações esportivas e outros tipos de associações de lazer; 
• Grupo profissional-: estabelecido pelas relações profissionais em empresas, lojas, etc. 
• Grupo político - formado pelo Estado, pelos partidos políticos, etc. 
 
Principais características dos grupos sociais 
 
Entre as características de um grupo social, as principais são: 
 
• Pluralidade de indivíduos - há sempre mais de um indivíduo no grupo; grupo dá idéia de algo 
coletivo; 
• Interação social- no grupo, os indivíduos comunicam-se uns comos outros; 
• Organização - todo grupo, para funcionar bem, precisa de uma certa ordem interna; 
• Objetividade e exterioridade - os grupos sociais são superiores e exteriores ao indivíduo, isto 
é, quando uma pessoa entra no grupo, ele já existe; quando sai, ele continua a existir; 
• Conteúdo intencional ou objetivo comum - os membros de um grupo unem-se em torno de 
certos princípios ou valores, para atingir um objetivo de todo o grupo; a importância dos 
valores pode ser percebida pelo fato de que os grupos geralmente se dividem quando ocorre 
um conflito de valores; um partido político, por exemplo, pode dividir-se quando uma parte de 
seus membros passa a discordar de seus princípios básicos; 
• Consciência grupal ou sentimento de "nós" - são as maneiras de pensar, sentir e agir próprias 
do grupo; existe um sentimento mais ou menos forte de compartilhar uma série de idéias, de 
pensamentos, de modos de agir; um exemplo disso é o jogador de futebol que, quando fala da 
vitória de seu time, diz: "Nós ganhamos!"; 
• Continuidade - as interações passageiras não chegam a formar grupos sociais organizados; 
para isso, é necessário que as interações tenham certa duração; como exemplo, temos a 
família, a escola, a Igreja, etc., mas há grupos de duração efêmera, que aparecem e 
desaparecem com facilidade, como os mutirões para a construção de casas. 
 
 
 - 15 - 
Fatos sociais 
 
Durkheim formulou as primeiras orientações para a Sociologia e demonstrou que os fatos 
sociais têm características próprias, que os distinguem dos que são estudados por outras ciências. Para 
ele, a Sociologia é o estudo dos fatos sociais. 
Para Durkheim, os fatos sociais são o modo de pensar, sentir e agir de um grupo social. 
Embora os fatos sociais sejam exteriores, eles são introjetados pelo indivíduo e exercem sobre ele um 
poder coercitivo. Resumindo, podemos dizer que os fatos sociais têm as seguintes características: 
1. Coerção social = força que os fatos exercem sobre os indivíduos, levando-os a se 
conformarem às regras da sociedade em que vi vem, independentemente de suas vontades e escolhas. 
Torna-se evidente pelas sanções (costumes, regras, normas, leis, etc). A educação internaliza regras, 
transformando-as em hábitos. 
2. Exterioridade = Os fatos atuam sobre os indivíduos independentemente de sua vontade ou 
de sua adesão consciente. (Ex. incesto). 
3. Generalidade = Os fatos sociais manifestam sua natureza coletiva (estado comum ao 
grupo). 
É social todo fato que é geral, ou seja, que se repete na maioria dos indivíduos de um grupo. 
Um exemplo simples nos ajuda a entender melhor o conceito de fato social. Se um aluno 
chegasse à escola com roupa de praia, certamente ficaria numa situação muito desconfortável: os 
colegas ririam dele, o professor lhe daria uma enorme bronca e provavelmente o diretor o mandaria de 
volta para colocar uma roupa adequada. 
Existe um modo de vestir que é comum, que todos .seguem, Isto não é estabelecido pelo 
indivíduo. Quando ele entrou no grupo, já existia tal norma, e, quando ele sair, a norma provavelmente 
permanecerá. Quer a pessoa goste ou não, vê-se obrigada a seguir o costume geral, caso contrário 
sofrerá uma punição. O modo de vestir é um fato social. São fatos sociais também, a língua, o sistema 
monetário, a religião, as leis e uma infinidade de outros fenômenos do mesmo tipo. 
 
Estrutura e Organização Social 
 
Numa escola trabalham o diretor, o coordenador pedagógico, vários professores, o secretário e 
os serventes, além dos alunos. Cada um desses indivíduos ocupa uma posição social, um status no 
grupo. Cada posição está relacionada com as demais, e todas elas, em conjunto, formam a estrutura 
social da escola. 
Desse exemplo, pode-se concluir que estrutura social é o conjunto ordenado de partes 
encadeadas que formam um todo. Dito de outro modo, a estrutura social é a totalidade dos status 
existentes num determinado grupo social ou numa sociedade. 
Cada um dos participantes de uma estrutura desempenha o papel correspondente à posição 
social que ocupa. O conjunto de todas as ações que são realizadas quando os membros de um grupo 
desempenham seus papéis sociais compõe a organização social. Esta corresponde, portanto, ao 
funcionamento do organismo social. 
Durante o período letivo, a organização da escola é bastante dinâmica. No período de férias, 
baixa a níveis mínimos, pois quase todos os elementos que a constituem não estão desempenhando 
seus papéis. 
Assim, enquanto a estrutura social dá idéia de algo estático, que simplesmente existe, a 
organização social dá idéia de uma coisa dinâmica, que acontece. 
A estrutura social se refere a um grupo de partes (reunião de indivíduos, por exemplo), 
enquanto a organização social se refere às relações que se estabelecem entre essas partes. 
Quanto mais complexa a sociedade, maior e mais complexa sua estrutura e sua organização 
social. 
Tanto a estrutura quanto a organização social não permanecem sempre iguais. Elas podem 
passar, e passam com freqüência, por um processo de mudança social. Exemplos disso já foram dados 
em diversas passagens de outros e deste capítulo, nas citações sobre as mudanças de comportamento 
de década a década, como a do papel do homem que divide as tarefas domésticas com a mulher ou as 
mudanças de papel da mulher no decorrer do tempo. 
Como vemos, o tema "organização" tem grande importância. Para estudar a sociedade 
contemporânea ou atuar profissionalmente em sua área, o sociólogo precisa conhecer os mecanismos 
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organizacionais, cada vez mais especializados. 
 
Ideologia 
 
Podemos entender ideologia como o sistema de crenças de uma classe ou grupo social, 
incluídos os valores, idéias e projetos de um grupo ou classe social específicos, ou como o processo 
geral de produção de significados e idéias. 
Numa definição muito simples de ideologia, podemos ainda afirmar que se trata de um 
conjunto de idéias, a serviço de interesses de um grupo. 
Tais interesses podem ser explicados de diferentes modos: 
1. Gerais da sociedade - a cosmologia de uma sociedade tribal (como tais sociedades não têm 
classes, os interesses costumam ser comuns a todo o grupo); 
2. Específicos - justificativas para o exercício do poder por um partido; 
3. De classe - o liberalismo econômico, que atende aos interesses da burguesia - aqui o 
conceito corresponde à concepção marxista clássica. 
 
Socialização 
 
Como visto anteriormente, a socialização é o processo social pelo qual o indivíduo se integra 
ao grupo social em que nasceu, assimilando o conjunto de hábitos e costumes característicos dos 
grupos social; é o ato de transmitir, de inculcar na mente do indivíduo os padrões culturais da 
sociedade. O trecho seguinte, retirado da obra de Émile Durkheim, traduz bem o significado de 
socialização: 
 
Instituições Sociais 
 
Desde o nascimento, pelo processo de socialização, começamos a aprender as regras e os 
procedimentos que devemos seguir na vida em sociedade. À medida que a pessoa amadurece e 
entende melhor o mundo em que vive, percebe que, em todos os grupos de que participa, existem 
certas regras importantes, certos padrões que a sociedade considera fundamentais. Essas regras, 
instituídas pelos nossos antepassados, receberam modificações maiores ou menores através do tempo. 
E a sociedade exerce grande pressão para que todos cumpram essas regras. 
Quando se observa qualquer grupo social dentro de determinada sociedade, seja ele a família, 
a Igreja ou a escola, verifica-se a existência de regras e procedimentos padronizados, cuja importância 
estratégica é manter a organização do grupo e satisfazer as necessidades dos indivíduos que dele 
participam. O conjunto de regras e procedimentos padronizados socialmente, reconhecidos, aceitos e 
sancionados pela sociedade e que têm grande valorsocial é denominado instituições sociais. 
Assim, instituição é o que está instituído, constituído, sedimentado na sociedade. São os 
modos de pensar, de sentir e de agir que a pessoa encontra preestabelecidos e cuja mudança se faz 
lentamente, muitas vezes com dificuldades. Portanto, as instituições sociais servem principalmente 
como meio para satisfazer as necessidades da sociedade. Nenhuma instituição surge sem que tenha 
surgido antes uma necessidade. As instituições sociais servem também de instrumento de regulação e 
controle das atividades humanas. 
No estudo das instituições sociais, dois aspectos devem ser levados em conta: a diferenciação 
entre grupo e instituição; a interdependência entre as instituições. 
Apesar de dependerem basicamente um do outro, grupo e instituição são duas realidades 
distintas. Os grupos sociais se referem a indivíduos com objetivos comuns, envolvidos num processo 
de interação mais ou menos contínuo. Já as instituições sociais se referem a regras e procedimentos 
Toda a educação consiste num esforço contínuo para impor às crianças maneiras [adequadas] de ver, sentir e 
agir às quais elas [supostamente] não chegariam espontaneamente - (...). Desde os primeiros anos de vida, são 
as crianças forçadas a beber comer e dormir em horários regulares; são constrangidas a terem hábitos 
higiênicos, a serem calmas e obedientes; mais tarde, obrigamo-las a aprender a pensar nos demais, a respeitar 
usos e conveniências; forçamo-las ao trabalho, etc. 
Émile Durkheim. As Regras do Método Sociológico. 
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dos diversos grupos. Por exemplo: o pai, a mãe e os filhos formam um grupo primário; as regras e os 
procedimentos que regulamentam essa relação fazem parte da instituição familiar. 
As principais instituições sociais são instituição familial; instituição educativa; instituição 
religiosa; instituição jurídica; instituição econômica; instituição política. Elas não existem isoladas 
umas das outras. Todas possuem interdependência mútua, de forma tal que uma modificação em 
determinada instituição pode acarretar mudanças maiores ou menores em outras. 
 
A FAMÍLIA 
 
De forte influência na formação do indivíduo, a família é o primeiro grupo social a que 
pertencemos. Embora as normas sociais institucionalizadas determinem as regras de funcionamento 
da instituição familial, cada família tem ainda suas próprias regras de comportamento e controle. Em 
cada grupo familiar, os membros se reconhecem biológica e culturalmente, pois cada família possui 
uma cultura particular. 
 
O ESTADO 
 
 Por que pagamos impostos? Os tributos representam uma apropriação ele recursos ele particulares pelo 
Estado. Sabemos que esses recursos devem financiar os gastos do Estado com seus funcionários. com as obras, 
etc..., mas em que o Estado se baseia para retirar recursos de pessoas e empresas? A ação tributadora se 
fundamenta numa qualidade que integra a própria essência do Estado: o seu poder de coerção. Esse poder é 
a possibilidade que tem o Estado de recorrer à violência física para cumprir os seus fins: proteger a vida e 
os direitos de seus cidadãos. 
 
A IGREJA 
 
 Todas as sociedades conhecem alguma forma de religião. A religião é um fato social universal, 
sendo encontrada em toda parte e desde os tempos mais remotos. A crença em algum tipo de divindade e o 
sentimento religioso são fenômenos generalizados em todas as sociedades. 
 Dentro das mais variadas culturas, o culto ao sobrenatural apresenta-se como fator de estabilidade 
social e de obediência às normas sociais. As religiões e as liturgias variam, mas o aspecto religioso é bem 
evidente. As pessoas procuram no misticismo e no sobrenatural algo que lhes transmita paz de espírito e 
segurança. Por isso, a religião sempre desempenhou uma função social indispensável. 
 Enquanto a origem de todas as outras instituições pode ser encontrada em necessidades físicas do 
ser humano, a religião não corresponde a nenhuma necessidade física. 
 É inegável a tendência moderna de dar mais ênfase aos valores sociais do que aos dogmas 
religiosos, de valorizar mais os aspectos sociais e humanos. Muitos líderes religiosos têm defendido uma 
participação cada vez maior das igrejas nos problemas sociais e têm ressaltado mais o conteúdo ético do 
que os dogmas da religião. Por outro lado, setores conservadores das igrejas procuram manter inalterável o 
papel dessa instituição, defendendo o apego à tradição e dando ênfase às atividades missionárias. 
 Esse espaço vazio deixado pelo fim dos embates ideológicos da Guerra Fria está sendo ocupado 
pelo avanço do fervor religioso. Em alguns países, é significativo o crescimento de seitas religiosas, 
estimulado por fatores como a crise social, política e econômica, os problemas ambientais, o aumento das 
informações e das incertezas. 
 Os movimentos das grandes religiões – cristã, judaica e muçulmana, por exemplo - procuram 
ocupar o vazio deixado pelo desencanto geral em relação às ideologias e às utopias seculares de "igualdade 
e fraternidade". Todos esses movimentos têm como projeto a reconstrução do mundo, buscam nos textos 
sagrados as regras da sociedade do futuro. 
 
AÇÃO SOCIAL 
 
 Enquanto para Émile Durkheim a ênfase da análise recai sobre a sociedade, para o alemão 
Max Weber (1864-1920) a análise deve centrar-se nos atores e sua ações. 
 Para Weber, a sociedade não é algo exterior e superior ao indivíduo, como para Durkheim. Para 
ele a sociedade pode ser compreendida a partir do conjunto das ações individuais reciprocamente 
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referidas. Por isso, ele define como objeto da Sociologia a ação social. Segundo Weber, ação social é 
qualquer ação que o indivíduo pratica orientando-se pelas ações dos outros. Como exemplo podemos 
apresentar um eleitor que define seu voto orientando-se pela ação dos demais eleitores. Ou seja, 
temos a ação de um indivíduo, mas essa ação só é compreensível se percebermos que a escolha feita 
por ele tem como referência o conjunto dos demais eleitores. 
 Só existe ação social quando um indivíduo tenta estabelecer algum tipo de comunicação, a 
partir de suas ações, com os demais. Nem toda ação, desse ponto de vista, será social, mas apenas 
aquelas que impliquem alguma orientação significativa visando outros indivíduos. 
 Segundo Weber, podemos pensar em diferentes tipos de ação social, agrupando-os de acordo 
com o modo pelo qual os indivíduos orientam suas ações. Assim ele estabelece quatro tipos de ação 
social: 
 
• Tradicional: determinada por um costume ou hábito arraigado; 
• Afetiva: aqueles determinados por afetos ou estados emocionais 
• Racional com relação a valores: determinada pela crença consciente num valor considerado 
importante, independentemente do êxito desse valor na realidade; 
• Racional com relação a fins: determinada pelo cálculo racional que estabelece fins e organiza 
os meios necessários. 
 
INTERAÇÃO SOCIAL 
 
As pessoas, freqüentemente, agem umas em função das outras, realizando o que Max Weber 
chamou de ação social. 
A sucessão de ações mutuamente relacionadas entre dois ou mais agentes sociais, chama-se 
interação social. 
Alguns autores enfatizam que tal reciprocidade se dá até certo ponto. Ou seja, constatam que, 
com freqüência, uma das partes pode estar influenciando mais a outra. 
Quando dá uma aula, o professor está em contato com seus alunos estabelecendo uma 
intercomunicação entre professor e alunos e também entre alunos e alunos. Os alunos aprendem 
coisas; seu comportamento, portanto, passa por modificação. Também o comportamento do professor 
se modifica: sua explicação da matéria é diferente de uma turma para outra, pois pode precisar deter-se 
num ponto que para uma turma de alunos mostra-se mais difícil que para outra; pode mesmo mudar de 
opinião após uma discussão em classe. Portanto, o professor influenciaos alunos e é influenciado por 
eles. Dizemos então, que existe entre o professor e os alunos uma interação social. 
O aspecto mais importante da interação social é que ela modifica o comportamento dos 
indivíduos envolvidos, como resultado do contato e da comunicação que se estabelece entre eles. 
A interação social pode ocorrer entre uma pessoa e outra, entre uma pessoa e um grupo ou 
entre dois grupos. 
A interação assume formas diferentes. A interação social observada ao decorrer do tempo 
sublinhado os processos mais comuns ou o aspecto de vida em sociedade onde ocorrem, é nomeada 
relação social. 
Um professor dando aula tem um tipo de relação social com seus alunos, a relação 
pedagógica. 
Uma pessoa comprando e outra vendendo estabelecem uma relação econômica. As relações 
sociais podem ainda ser políticas, religiosas, culturais, familiares, etc. 
A forma mais típica de uma interação social é aquela em que há uma influência recíproca entre os 
participantes. Quando um dos pólos da interação está representado por um meio de comunicação 
apenas físico, como a televisão, o cinema, o rádio, um livro, o outro pólo - o indivíduo que assiste à 
TV, lê o livro ou ouve o rádio - pode ser influenciado, mas não está influenciando o outro pólo; nesse 
caso ocorre uma interação não-recíproca, ou seja, apenas um dos lados influencia o outro. 
 
SISTEMAS SÓCIO-ECONÔMICOS 
 
• Forças produtivas 
 
Todo processo produtivo combina trabalho (o esforço físico e intelectual dos trabalhadores) e 
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meios de produção. (matéria-prima e os instrumentos de produção- máquinas e ferramentas). Isso serve 
tanto para a produção de uma costureira quanto para a de uma grande indústria moderna. Sem o 
trabalho humano nada pode ser produzido; e sem os meios de produção os seres humanos não podem 
trabalhar. 
Portanto, ao conjunto dos meios de produção mais o trabalho humano damos o nome de forças 
produtivas. Assim: 
 
Forças produtivas = meios de produção + trabalho humano 
 
Com o desenvolvimento das técnicas, as forças produtivas alteram-se ao longo da História. No 
processo moderno de produção, a ciência e a tecnologia tornaram-se forças produtivas, deixando de 
ser mero suporte do capital para se converter em agentes de sua acumulação. 
 
• Relações de produção para produzir os bens e serviços de que necessitam, os indivíduos 
estabelecem relações uns com os outros. No processo produtivo, as pessoas estão ligadas entre si e 
dependem umas das outras. O trabalho é um ato social, no sentido de que é realizado na sociedade. 
São as relações de produção que determinam a organização e o funcionamento da sociedade e 
caracterizam cada um dos diferentes tipos de sociedade. As relações de produção capitalistas se 
caracterizam, por exemplo, pela relação entre os proprietários dos meios de produção, de um lado, e os 
trabalhadores, de outro. 
 
• Modos de produção: a história da transformação da sociedade humana 
O modo de produção é a maneira pela qual a sociedade produz seus bens e serviços, como os 
utiliza e como os distribui. É chamado também de sistema econômico. Assim, numa determinada 
época histórica, uma sociedade tem uma certa maneira de se organizar para produzir e para distribuir 
sua produção. 
O modo de produção de uma sociedade é formado por suas forças produtivas e pelas relações 
existentes nessa sociedade. Assim: 
 
Modo de produção = forças produtivas _ + relações de produção 
 
Portanto, o conceito de modo de produção resume claramente o fato de as relações de 
produção serem o centro organizador de todos os aspectos da sociedade. 
A História da humanidade é a história da transformação da sociedade humana pelos 
diversos modos de produção. Como vimos, cada sociedade tem uma forma histórica de produção 
que lhe é própria; e sua história é a história do desenvolvimento do seu processo de produção. 
Foi esse processo de desenvolvimento que ocasionou o aparecimento dos principais modos de 
produção. São eles: primitivo, escravista, feudal, capitalista e socialista. Cada modo de produção 
pode ter existido em lugares e épocas diferentes. Por exemplo, o modo de produção primitivo existiu 
nos primeiros tempos da humanidade e existe ainda hoje entre indígenas do Brasil e aborígines da 
Austrália. Da mesma forma, o modo de produção escravista predominou na Grécia e no Império 
Romano antes de Cristo, como também no Brasil, entre os séculos XVI e XIX. 
 
• Principais modos de produção 
 
Modo de produção primitivo 
 
 Inicialmente, os humanos viviam em tribos nômades e dependiam exclusivamente dos recursos da 
região em que a tribo se encontrava. Sobreviviam graças à coleta e ao extrativismo: caçavam animais para 
se alimentar e para usar as peles como roupas, pescavam e colhiam frutos silvestres. Não dominavam a 
natureza. 
A comunidade primitiva foi a primeira forma de organização humana. Ela existiu em diversas 
partes da Terra há dezenas de milhares de anos. Ainda hoje, na África, na Austrália, na Nova Zelândia 
e na região da Amazônia, encontramos tribos com esse tipo de organização: alimentam-se de frutos e 
raízes, da pesca e da caça, e não praticam a agricultura nem o pastoreio. 
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Na comunidade primitiva os homens trabalham em conjunto. Os meios de produção e os frutos do 
trabalho são propriedade coletiva, isto é, de todos. Não existe a idéia de propriedade privada dos meios 
de produção, nem a oposição proprietários x não-proprietários. As relações de produção são relações 
de ajuda entre todos; são baseadas na propriedade coletiva dos meios de produção. 
Nas comunidades primitivas - onde tudo é de todos - não há o Estado. Este só passa a existir quando 
alguns homens começaram a dominar os outros. O Estado surge como um instrumento de organização 
social e de dominação. 
 
Modo de produção escravista 
 
 É um modo de produção que predominou na Antigüidade, mas que também existiu no 
Brasil durante a Colônia e o Império. 
Na sociedade escravista os meios de produção (terras e instrumentos de produção) e os 
escravos eram propriedades do senhor. O escravo era considerado um instrumento, um objeto, como 
um animal ou uma ferramenta. 
Assim, no modo de produção escravista, as relações de produção eram relações de domínio e 
de sujeição: senhores x escravos. Um pequeno número de senhores explorava a massa de escravos, 
que não tinha nenhum direito. Os senhores eram proprietários da força de trabalho (os escravos), dos 
meios de produção (terras, gado, minas, instrumentos de produção) e do produto do trabalho. 
Nesse modo de produção já existia o Estado, pois grupos de indivíduos dominavam outros 
grupos. O Estado surgiu para garantir o interesse dos senhores. 
 
Modo de produção feudal 
 
O modo de produção feudal predominou na Europa ocidental durante toda a Idade Média, 
permanecendo até o século XVI. No Japão, a sociedade feudal foi consolidada pelo xogunato (século 
XVIII). 
A sociedade feudal estruturava-se basicamente em senhores x servos. As relações de produção 
no feudalismo (relações servis) baseavam-se na propriedade do senhor sobre a terra e um grande 
poder sobre o servo. Os servos não eram como os escravos: eles cultivavam um pedaço de terra 
cedido pelo senhor, sendo obrigados a pagar a ele impostos, rendas, e ainda a trabalhar as terras que o 
senhor conservava para si. O servo tinha o usufruto da terra, ou seja, uma parte do que a terra 
produzia era dele. Assim, trabalhava uma parte do tempo para si e outra para o senhor. 
Outra diferença importante entre o servo e o escravo é que o senhor de escravos era dono do 
escravo, podendo vendê-lo, alugá-lo, etc. Com o senhor de servos isso não ocorria: o servo, enquanto 
pessoa, não era propriedade de seu senhor. 
Os senhores feudais tinham o poder econômico (eram os proprietários das terras) e o poder 
político(faziam as leis do feudo e obrigava os servos a cumpri-las). 
As relações feudais de produção deixaram de responder às necessidades da época, pois o 
processo de desenvolvimento da produção dos artesãos nas cidades exigia novas relações de 
produção. 
 
Modo de produção capitalista 
 
 A partir do século XI, com a sua desagregação do modo de produção feudal, surgiu o 
capitalismo. O que caracteriza o modo de produção capitalista são as relações assalariadas de 
produção (trabalho assalariado). As relações de produção capitalistas baseiam-se na propriedade 
privada dos meios de produção pela burguesia - que substituiu a propriedade feudal - e no trabalho 
assalariado que substituiu o trabalho servil do feudalismo. 
O desenvolvimento da produção no capitalismo é movido pelo desejo de lucro. É para 
aumentar os seus lucros que os capitalistas procuram aumentar a produção, por meio dos 
aperfeiçoamentos técnicos, da exigência de maior produtividade dos operários, de uma maior 
racionalização do processo de produção. 
 - 21 - 
Etapas do capitalismo 
 
O capitalismo compreende as etapas: 
• Capitalismo comercial (séculos XV a XVIII) a maior parte do lucro concentra-se nas mãos 
dos comerciantes, que constituem a camada hegemônica da sociedade; o trabalho assalariado 
torna-se o mais comum; 
• Capitalismo industrial (séculos XVIII a XX) - com a Revolução Industrial, o capital passa a 
ser investido basicamente nas indústrias, que se tornam a atividade econômica mais 
importante; o trabalho assalariado firma-se definitivamente; 
• Capitalismo financeiro (século XX) - os bancos e outras instituições financeiras passam a 
controlar as demais atividades econômicas, por meio de financiamentos à agricultura, à 
indústria, à pecuária e ao comércio. 
 
Modo de produção socialista 
 
A base econômica do socialismo é a propriedade social dos meios de produção, isto é, os 
meios de produção são públicos ou coletivos, não existem empresas privadas. Nela não há a separação 
entre proprietários do capital (patrões) e proprietários da força de trabalho (empregados). Isso não 
quer dizer que não continuem existindo diferenças sociais entre as pessoas, bem como salários 
desiguais em função de o trabalho ser manual ou intelectual. 
A economia na sociedade socialista é planificada, visando atender às necessidades básicas da 
população e não ao lucro das empresas. 
Para os teóricos do socialismo, o comunismo é a etapa posterior do socialismo. No 
comunismo, segundo eles, acabariam as diferenças sociais entre as pessoas porque todos teriam tudo 
em comum, e o Estado deixaria de existir. 
Sem dúvida, o fato mais surpreendente e marcante do final do século XX foi a desagregação 
do sistema socialista, principalmente nos países da Europa oriental e da antiga União Soviética. Essa 
desagregação expõe um erro de previsão da Teoria Marxista que julgava uma conseqüência histórica a 
extensão do regime socialista para todas as regiões do globo. 
A capacidade de autotransformação do capitalismo e o movimento de vertiginoso progresso 
tecnológico constituem, no início do século XXI, os principais fatores responsáveis pelo processo de 
globalização e pela adoção do modelo da democracia liberal em quase a totalidade dos países. 
Voltaremos ao tema no Assunto Política. 
 
 
Divisão do Trabalho 
 
 Todas as sociedades humanas conhecidas por nós apresentam formas ele distribuição 
diferenciada de tarefas entre seus membros, freqüentemente de modo bastante complexo. 
Chamou-se a tal repartição de tarefas, geradora de especialização dos indivíduos e grupos, de 
divisão do trabalho. A divisão do trabalho ocorre principalmente por aspectos biológicos, regionais e 
sociais. 
Toda divisão do trabalho pode ser horizontal e/ou vertical. A divisão horizontal, caracterizada 
pela especialização nas tarefas, sem haver, teoricamente, nenhuma forma de discriminação ou 
dominação, é uma notável invenção humana, que aumentou enormemente a produtividade do 
trabalho. Já a divisão vertical é hierárquica, gera desigualdade, domínio e discriminação. E a origem 
das injustiças sociais. 
 
Divisão biológica do trabalho 
A primeira forma de divisão do trabalho foi a biológica: os homens passaram a dedicar-se à caça, 
enquanto as mulheres intensificaram suas funções de cuidar dos filhos, da cabana e da aldeia. 
Com a divisão biológica do trabalho surgiram as primeiras formas de discriminação social. Os 
homens, por realizarem a tarefa mais importante economicamente, a qual dependia de força física, 
passaram a ser mais prestigiados que as mulheres. 
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Nessas sociedades agrícolas tribais o prestígio da mulher se recuperou. Mas o homem, por ter 
tomado o poder anteriormente e ser mais forte, não abriu mão de sua ascendência social. 
 
Divisão regional do trabalho 
A natureza não é idêntica em todo o globo terrestre. Isso gera uma diversificada distribuição 
dos recursos naturais. Os grupos humanos mais primitivos não tinham plena consciência dessa 
diversidade e suas economias orientavam-se para a auto-suficiência. Aproveitavam todo tipo de 
produto existente em seu território e nem mesmo conheciam o que só existia em outras terras. 
Ao longo do tempo foi se desenvolvendo uma economia aberta, ou seja, com existência de 
comércio, principalmente externo. De início, através de trocas diretas (escambo). Depois com formas cada 
vez mais sofisticadas de moeda. 
Para desenvolver o comércio de forma vantajosa para os dois mercados estabeleceu-se a divisão 
(ou especialização) regional (ou territorial) do trabalho (ou da produção). 
O grupo onde as condições naturais permitiam a produção do bem a que chamaremos de X, mas 
não de Y, passava a produzir X ao máximo, de modo a gerar excedentes para serem negociados com outro 
grupo produtor de Y.O pleno desenvolvimento do comércio internacional só se deu com as civilizações. A 
partir do século XVI, com o mercantilismo, a civilização européia conseguiu juntar a orientação militarista 
com a comercialista. Ou seja, dominou territórios pouco explorados economicamente por seus habitantes, 
impondo a eles a produção de bens inexistentes (plantas tropicais) ou supervalorizados (minérios) na 
Europa e a compra de uma grande variedade de produtos, principalmente os industrializados, provenientes 
da metrópole. 
Mesmo após a independência desses povos, tal estrutura econômica gerou o seu 
subdesenvolvimento. 
Outro fator de agravamento da desigualdade internacional entre os países é que os produtos 
industriais apresentam preços sempre superiores às matérias-primas. O motivo para isso é matemático (o 
produto industrial é a transformação da matéria-prima - então, contém o preço dela e algo mais) e, 
principalmente, político-econômico (as potências industriais manipulam, com facilidade, o mercado 
internacional). 
A análise sobre a divisão regional da produção pode ser aplicada não só a nível internacional, 
como também ao mercado interno, seja do ponto de vista de regiões nacionais, seja quanto às relações 
entre campo e cidade. Enfatizamos mais a especialização internacional devido à sua maior importância 
histórica. 
 
Divisão social do trabalho 
 A divisão biológica e a regional do trabalho, ainda que sejam fenômenos eminentemente 
sociais, têm uma remota origem natural, seja pelo lado orgânico, seja pelo lado ambiental. Já alguns 
fenômenos extremamente importantes para a sociologia, como as profissões e as camadas sociais, 
não têm nenhuma relação com a natureza. Derivam apenas das peculiaridades da existência humana. 
Considera-se, usualmente, que tais fenômenos só passaram a existir com nitidez a partir da 
origem das primeiras civilizações, pois elas se montaram com o advento do Estado. O poder estatal· 
gerou a dualidade entre governantes e governados. E essa dualidade coincidiu, nas origens, com a 
dicotomiaentre classe dominante e classe dominada. Não se tratava mais da diferença de prestígio 
entre dois sexos ou três faixas etárias, ou das diferentes possibilidades geográfico-econômicas. 
Passava a ser uma extrema desigualdade entre grupos inteiros, independentemente de suas 
características naturais. 
O trabalho profissional iniciou-se de uma forma basicamente independente. Nesse período, a 
que podemos chamar de artesanal, cada trabalhador sabia realizar a tarefa inteira, sem depender dos 
colegas, mesmo que compartilhasse os recursos naturais, os instrumentos de trabalho e os 
rendimentos gerados. 
Tal sistema só foi alterado com o mercantilismo, quando surgiu a manufatura. Com o 
advento da máquina, na Primeira Revolução Industrial, os artesãos deixaram de trabalhar em casa 
(sistema doméstico de produção) e passaram a dirigir-se às fábricas para trabalhar em coletividade 
(sistema fabril de produção). Adam Smith descreve bem esse processo em "A Riqueza das Nações": 
"Um operário desenrola o arame, o outro o endireita, um terceiro corta, um quarto o afia nas 
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pontas para a colocação da cabeça do alfinete; para fazer a cabeça do alfinete requerem-se três ou 
quatro operações diferentes”. 
Com a Segunda Revolução Industrial, iniciada com o motor a explosão e a grande indústria e 
consolidada com a invenção da linha de montagem ou esteira de produção por Henry Ford, 
modificou-se ainda mais a natureza da produção coletiva. 
Na linha de montagem inúmeras unidades de produção (automóveis, por exemplo) correm 
numa esteira, enquanto cada operário realiza apenas uma mesma operação o dia inteiro. Um par 
coloca o eixo, outro aparafusa, o seguinte coloca as rodas, seguem-se os que as prendem, sucedem-
nos os que colocam pneus e assim por diante, sem parar... 
Se o patrão quisesse aumentar a produção, bastaria acelerar a esteira. Porém, pesquisa no 
início do século XX constatou que tal sistema gerava uma quantidade extraordinária de doenças 
mentais e psicossomáticas e acidentes de trabalho. 
Uma das principais causas era a perda da dignidade do trabalho ou a alienação do 
trabalhador, como nomeava Marx. O artesão ainda tinha a felicidade de acompanhar o crescimento 
de sua obra. Podia amá-la pelo prazer estético de realizá-la. O mesmo não se pode dizer de um 
homem que aperta o mesmo tipo de parafuso o dia inteiro. A produção é em série. Os produtos são 
perfeitamente padronizados e nenhum trabalhador se reconhece em sua obra. 
O cartum abaixo descreve bem esse sentimento nomeado por Marx. 
 
 
A crise do sistema e a imaginação dos pensadores levaram à busca de varias soluções que 
conciliassem a alta produtividade do fordismo com a humanização das indústrias. A única que 
atenuou um pouco, mas não resolveu o problema, foi a substituição da linha de montagem clássica, 
com cada operário fazendo a mesma função o dia inteiro, pela linha de montagem em rodízio, onde os 
operários trocavam de funções. 
A Terceira Revolução Industrial, a das telecomunicações, não alterou o quadro, mas abriu o 
caminho para a Quarta Revolução Industrial, a da telemática. Surgiu a automação; na qual a operação 
direta na linha de montagem é feita por máquinas. O operário passa a ser um operador de painéis que 
controlam tais máquinas. Menos repetitivo e cansativo, tal trabalho continua, todavia, monótono, ao 
exigir a atenção para inúmeros controles, onde as modificações são eventuais e, geralmente, 
indesejadas. 
O estágio atual, nos setores mais desenvolvidos tecnologicamente, é o da robotização. Os 
robôs não só operam como também controlam a maior parte dos processos. Os operários tornam-se 
mais qualificados, cuidando da manutenção dos robôs e de fiscalizações mais abrangentes. 
O problema é que tanto a automação quanto a robotização diminuíram a necessidade de 
presença humana nas fábricas. Isso poderia ser facilmente resolvido com a redução da jornada de 
trabalho e a valorização de outras atividades fora do âmbito industrial e mais criativas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Estratificação Social 
 
O termo estratificação social identifica um tipo de estrutura social que dispõe o indivíduo, 
com suas posições e seus papéis sociais, em diferentes camadas ou estratos da sociedade. Esses 
estratos correspondem a graus diferentes de poder, riqueza e prestígio. 
Todos os aspectos de uma sociedade - econômico, político, social e cultural – estão 
interligados. 
Assim, os vários tipos de estratificação não podem ser entendidos separadamente. Mas, para 
fins didáticos, vamos começar classificando-os. 
 
Principais tipos de estratificação social 
Econômica. Distingui ricos e pobres com base na posse de bens materiais. 
Política. Baseia-se no poder de mando na sociedade (grupos que têm ou não têm o poder); 
Profissional. Baseia-se nos diferentes graus de importância atribuídos a cada categoria 
profissional pela sociedade. Por exemplo, valorizamos mais um médico do que um pedreiro. 
O aspecto econômico tem sido mais determinante que os outros na caracterização da sociedade. 
As pessoas que ocupam altas posições econômicas em geral também têm poder e desempenham 
funções valorizadas socialmente. 
 
Determinância da estratificação econômica 
Vamos exemplificar como se dá a estratificação econômica numa sociedade, realizando duas 
operações: 
• Reunimos as pessoas em grupos de acordo com o nível de rendimento que apresentam; 
• Formamos os grupos com pessoas de uma mesma situação econômica, hierarquizando esses 
grupos. 
Desse procedimento obtemos uma generalização do que determina a estratificação econômica, de 
acordo com o critério "nível de rendimento": 
• Grupo ou classe ou camada A - pessoas de renda alta; 
• Grupo ou classe ou camada B - pessoas de renda média; 
• Grupo ou classe ou camada C - pessoas de renda baixa. 
Veja na figura a seguir como esses grupos podem ser representados através de uma pirâmide social de 
renda: 
 
Pessoas de renda alta 
 
Pessoas de renda média 
 
Pessoas de renda baixa 
 
 
 
 
Camadas sociais 
 
Podemos definir a estratificação social como a divisão da sociedade em estratos ou camadas 
sociais. Dependendo do tipo de sociedade, esses estratos ou camadas podem ser organizados em: 
• Castas (como na Índia); 
• Estamentos ou estados (Europa ocidental durante o feudalismo); 
• Classes sociais (países capitalistas). 
Cada uma dessas formas de estratificação tem características próprias, que estudaremos mais adiante 
neste capitulo. 
 
 
 
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MOBILIDADE SOCIAL 
 
Numa sociedade capitalista, estratificada em classes sociais, os indivíduos podem mudar de status 
durante a vida. E possível que alguns deles, que integram a camada de baixa renda (classe C), passem a 
integrar a de renda média (classe B). Por outro lado, alguns indivíduos da camada de alta renda (classe A), 
por algum acontecimento, podem ver sua renda diminuída, passando a integrar a camada B ou C. Esse 
fenômeno é chamado de mobilidade social. 
 
 Mobilidade social: é a possibilidade de mudança de posição social de uma pessoa em 
determinado sistema de estratificação social. 
 
 
DIVISÃO DA SOCIEDADE EM CAMADAS OU ESTRATOS SOCIAIS 
 
Vamos estudar as características próprias dos três tipos de estratificação social já relacionados. 
 
Castas sociais 
 Como vimos, existem sociedades em que os indivíduos nascem numa camada social mais baixa e 
podem alcançar, com o decorrer do tempo, uma posição social mais elevada. 
Existem sociedades em que, mesmo usando toda a sua capacidade e empregando todos os 
esforços, o indivíduo não consegue alcançar uma posição social mais elevada. Nesses casos, a posição 
social lhe é atribuída por ocasião do nascimento, independentemente da sua vontade e sem perspectiva de 
mudança. Ele carrega consigo pelo resto da viela, a posição social herdada.A sociedade indiana é estratificada dessa maneira. Desde há muito tempo implantou-se na 
Índia um sistema de estratificação social muito rígido e fechado, que não oferece a menor 
possibilidade de mobilidade social: o sistema de castas. Enquanto nas sociedades ocidentais pessoas 
de classes sociais diferentes podem se casar - o que não raro possibilita a ascensão social de um dos 
cônjuges na Índia o casamento só é permitido entre pessoas da mesma casta. 
As castas sociais são grupos sociais fechados, endógamos (os casamentos se dão entre os 
membros da mesma casta), cujos membros seguem tradicionalmente determinada profissão herdada 
do pai. Um indivíduo nasce numa casta e nela deve permanecer pelo resto da vida. Adquire ao nascer 
sua posição social, além de direitos e deveres específicos, não podendo ascender socialmente 
mediante qualidades pessoais ou realizações profissionais. 
 Pode-se esquematizar a estratificação social indiana pela seguinte pirâmide social de casta: 
 
 
Bramanês 
 
Xátrias 
 
Vaixás 
 
Sudras 
 
Párias 
 
 
No topo da pirâmide social estão os brâmanes, sacerdotes e mestres da erudição sacra. A eles 
compete preservar a ordem social sob a orientação divina. 
Vêm a seguir os xátrias, guerreiros que formam a aristocracia militar; entre eles estão 
governantes de origem principesca, que têm a função de proteger a ordem social e o sagrado saber. Os 
vaixás, a terceira grande casta, são os comerciantes, os artesãos, os camponeses. Os sudras executam 
os trabalhos manuais e as ocupações servis de toda espécie e constituem a casta mais baixa; é seu 
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dever servir pacificamente às três castas superiores. Fora e abaixo da pirâmide social localizam-se os 
párias, grupo de miseráveis, sem direito a quaisquer privilégios, sem profissão definida e que só 
inspiram asco e repugnância às demais castas; vivem da piedade alheia; por serem considerados 
impuros, não podem banhar-se no rio Ganges (o que é permitido às outras castas), nem ler os Vedas, 
que são os livros sagrados dos hindus. Os parias aceitam com resignação seu lugar na sociedade e se 
conformam com a imutabilidade de sua situação (por mais desprezível e inferior que seja) por 
acreditar na transmigração da alma, isto é, acreditam numa outra vida, em que poderão ocupar uma 
posição social melhor. 
No século XX, as reformas e mudanças na economia do país, principalmente as provocadas 
pela industrialização, começaram a romper o sistema de castas sociais na Índia. Nos grandes centros, 
principalmente Nova Délhi e Calcutá, a abolição desse sistema vem sendo processada gradativamente. 
Entretanto, ele ainda é rígido nas aldeias. Por influência da religião, o sistema de castas está arraigado 
no íntimo de cada hindu, sendo difícil desmontá-lo. 
Em teoria, o sistema de castas foi abolido oficialmente no país em 1947. Basta, porém, andar 
dois dias pela Índia para constatar que o decreto de 1947 nada significa socialmente. A lei das castas 
sociais persiste. Os indianos das castas superiores não aceitam perder o privilégio, e, 
conseqüentemente, os das castas inferiores e os "sem castas" principalmente continuam sendo párias 
absolutos, humilhados, rejeitados, privados de educação moral, destinados aos empregos mais 
subalternos, como limpadores de fossas e lavadores ele cadáveres. Ainda hoje, a vida dos "sem 
castas" continua desumana. 
 
Estamentos ou estados 
 
A sociedade feudal ela Europa na Idade Média foi um exemplo típico de sociedade estratificada em 
estamentos. 
Estamento ou estado é uma camada social semelhante à casta, porém mais aberta. Na 
sociedade estamental a mobilidade social vertical ascendente é difícil, mas não impossível como na 
sociedade de castas. 
Na sociedade feudal os indivíduos só muito raramente conseguiam ascender socialmente. Essa 
ascensão era possível em alguns casos: quando a Igreja recrutava, em certas ocasiões, seus membros 
entre os mais pobres; quando os servos eram emancipados por seus senhores; caso o rei conferisse um 
título de nobreza a um homem do povo; ou, ainda, se a filha de um rico comerciante se casasse com 
um nobre, tornando-se, assim, também membro da aristocracia. Eram situações, como dissemos, 
difíceis de acontecer; normalmente as pessoas permaneciam no estamento em que haviam nascido. 
A pirâmide social do estamento durante o feudalismo apresentava-se da seguinte maneira: 
 
Nobreza e alto clero 
 
Comerciantes 
 
Artesãos. Camponeses livres e baixo clero 
 
Servos 
 
 
 
 
 
No topo da pirâmide encontravam-se a nobreza e o alto clero. Eram os donos da terra, da qual 
obtinham sua renda explorando o trabalho dos servos. Os nobres dedicavam-se à guerra e à caça e 
exerciam o poder judiciário. O alto clero (cardeais, arcebispos, bispos, abades) era uma elite 
eclesiástica e intelectual, e seus membros vinham da nobreza. Constituíam também a única camada 
letrada na primeira fase do período medieval, desempenhando importantes funções administrativas. 
Vinham a seguir na pirâmide social os comerciantes. Embora muitas vezes ricos, eles não tinham os 
mesmos direitos da nobreza, além de sofrer uma série de restrições legais em suas atividades. Essas 
restrições foram desaparecendo à medida que o feudalismo declinava. Mais abaixo estavam os 
 
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artesãos, os camponeses livres e o baixo clero. Os artesãos viviam nas cidades, reunidos em 
associações profissionais; os camponeses livres trabalhavam a terra e vendiam os produtos nas 
cidades; o baixo clero, originário da população pobre, convivia com o povo prestando-lhe assistência 
religiosa. Abaixo de todos estavam os servos, que trabalhavam a terra para si e para seus senhores, 
vivendo em condições precaríssimas: estavam ligados a terra, passando a ter novo senhor quando a 
terra mudava de dono. 
 A estratificação em estamentos - que representava um tipo intermediário entre a casta e a 
classe - existiu na Europa até fins do século XVIII. 
 
Classe social 
 
Consideremos as seguintes situações: um fazendeiro rico, proprietário de grande extensão de 
terra, onde cria gado e planta café, empregando em sua propriedade dezenas de trabalhadores; ou 
ainda, o proprietário de uma grande indústria, na qual trabalham centenas de operários qualificados e 
não qualificados. 
 Esses exemplos são uma amostra da sociedade em que vivemos - a sociedade capitalista - em 
que alguns são proprietários cios meios de produção, e a maioria tem apenas sua força ele trabalho. 
Assim, podemos dividir a sociedade capitalista em dois grupos, segundo a sua situação em 
relação aos elementos da produção: 
• Proprietários, isto é, os donos dos meios de produção (terras, indústrias, etc.); 
• Não proprietários, isto é, os que são donos apenas de sua força de trabalho. 
 
Como vemos, as relações de produção dão origem a camadas sociais diferentes. A essas camadas -
que se diferenciam pelo lugar que ocupam na produção de bens - damos o nome de classes sociais. 
Embora alguns autores usem a expressão "classe social" simplesmente como sinônimo de camada 
social, aplicando-a, portanto, a vários tipos de sociedade, é conveniente reservá-la para as sociedades 
capitalistas; é ao modo de produção capitalista que ela se aplica com maior precisão. 
 
Tipos de classe social do capitalismo segundo a óptica marxista 
 
Na sociedade capitalista existem basicamente duas classes sociais: 
• A burguesia - proprietária dos meios de produção; 
• O proletariado - classe proprietária apenas de sua força de trabalho. Em resumo: 
 
 
Burguesia 
 
 
Proletariado 
 
 
 
 
 
O prestígio social 
 
 As pessoas recebem benefícios diferentes, conforme pertençam a uma ou outra classe social. 
Como isso acontece? 
 Essa desigualdade se explica porque são diferentes as relações que as pessoas mantêm com os 
elementos de produção

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