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Por: Dayane Lopes RADIOBIOLOGIA e RADIOPROTEÇÃO Friedrich Otto Walkhoff 25 minutos de exposição Placa de vidro com emulsão Primeira radiografia dentária Wilhelm Roentgen e Anna Bertha Ludwig 15 minutos de exposição Mão de sua esposa Primeira radiografia CONTEXTUALIZAÇÃO Freitas, Rosa, Souza (2004) Clarence DallyEmil Grubbé CONTEXTUALIZAÇÃO Teoria radioatividade Tratamento de neoplasias por isótopos radioativos Marie CurieEdmund Kells Raios X Terapias Odontológicas Raios X Terapia contra o câncer Assistente de Thomas Edison Fluorscópio 90 cirurgias mutilações Inúmeras queimaduras. Amputação de progressivas das falanges, dedos e mão. Suicídio Dermatites Amputações Câncer no mediastino Anemia perniciosa aplásica Manifestação secundária à leucemia induzida por radiação Sasare, Khanna, Karjodkar (2011) PROBLEMATIZAÇÃO Os benefícios justificam os riscos? Conhecer e controlar as exposições à radiação Minimizar os riscos DIR. ESQ Esclarecer: Como os raios x interagem com os tecidos biológicos? Quais são os tipos de danos biológicos possíveis ? As doses de radiação podem ser empregadas em níveis seguros? Há riscos para pacientes, operadores e população vizinha? Como realizar a proteção e diminuir o risco à exposição? O que é necessário explicar ao paciente durante o exame? OBJETIVOS Radiobiologia Demonstrar os efeitos da radiação sobre os tecidos biológicos; Classificar e diferenciar os efeitos em determinísticos e estocásticos; Esclarecer como se manifestam os efeitos determinísticos sobre: a célula, órgãos e corpo inteiro; Esclarecer como acontecem os efeitos estocásticos relacionados à carcinogênese e efeitos hereditários; Radioproteção Diferenciar as fontes de exposição à radiação; Determinar os limites seguros de dosagem, exposição e risco; Apresentar as formas de proteção do paciente, profissional, acompanhante e população vizinha; Educação continuada ao paciente . TIPOS DE RADIAÇÃO Radiação é um processo físico de emissão de energia por meio de partículas (alfa, beta) ou de ondas eletromagnéticas Radiação não ionizante Radiação ionizante A radiação ionizante é a radiação que transfere energia suficiente para expulsar os elétrons de sua órbita, resultando na criação de íons. Freitas, Rosa, Souza (2004) EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES EXPOSIÇÃO Absorção Ionização/Excitação Efeitos Biológicos FONTE CAPTAÇÃO Imagem por raios x Interação dos raios X : nível atômico IONIZAÇÃO, EXCITAÇÃO, ATIVAÇÃO • Ocorre a interação física entre o fóton de raios X incidente e átomos de biomoléculas da estrutura absorvente Energia do fóton incidente Energia de ligação do elétron da estrutura absorvente EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES Os efeitos danosos que os raios X promovem nos tecidos vivos são decorrentes da sua capacidade de dano direto ou indireto às macromoléculas H+ 2H 0OH - OHH 0- H+ 2O H2202 O22 OH- H+ PEROXIDAÇÃO LIPÍDICA DEGRADAÇÃO PROTEICA DANO GENÉTICO EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES EFEITO DIRETO Energia da radiação danifica estruturas importantes para fisiologia celular. EFEITO INDIRETO Energia da radiação promove hidrólise e formação de radicais livres DANO DIRETO À MACROMOLÉCULA DE DNA MORTE CELULAR CARCINOGÊNESE EFEITOS HEREDITÁRIOS Freitas, Rosa, Souza (2004) Danos diretos ou indiretos EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES Morte de um grande número de células Função dos órgãos e tecidos Dose dependente EFEITO DETERMINÍSTICO Danos subletais ao genoma Replicação de células mutadas Dose independente EFEITO ESTOCÁSTICO White, Pharoah (2015) Xerostomia, Osteorradionecrose Catarata Leucemia Câncer de tireoide Desordens hereditárias EFEITOS BIOLÓGICOS DA RADIAÇÃO DETERMINÍSTICOS SEVERIDADE ALTERAÇÕES SOMÁTICAS ESTOCÁSTICOS PROBABILIDADE ALTERAÇÕES SOMÁTICAS OU HEREDITÁRIAS DOSE EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES White, Pharoah (2015) Fatores que influenciam os efeitos determinísticos somáticos EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES White, Pharoah (2015) EFEITO Dose Ritmo de aplicação Tamanho da área irradiada Poder de ionização (tipo de radiação) Idade Tipo de célula irradiada ( radiossensibilidade) Fatores que influenciam os efeitos estocásticos hereditários EFEITOS? PROBABILIDADE EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES Células radiossensíveis Células radiorresistentes Metabolismo, Mitose, Vascularização Maior diferenciação e maturação Linfócitos - eritroblastos - mieloblastos - células epiteliais - células endoteliais - células do tecido conjuntivo - células do tecido ósseo - células do tecido nervoso - células musculares RADIOSSENSIBILIDADE CELULAR “O efeito das radiações é maior nas células menos diferenciadas e em grande atividade reprodutora” Bergonié e Tribondeau (1906) White, Pharoah (2015) Manifestações agudas - exposição limitada – alterações somáticas EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES Regezi, Sciubba, Jordan (2017) Muneer et al ( 2016) Manifestações agudas - exposição limitada – alterações somáticas EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES Regezi, Sciubba, Jordan (2017) Muneer et al ( 2016) EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES Manifestações crônicas- exposição limitada Freitas, Rosa, Souza (2004) RADIOSSENSIBILIDADE TECIDUAL RADIORRESISTÊNCIA RADIOSSENSIBILIDADE NEURÔNIOS MÚSCULOS EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES TESTÍCULOS ÓRGÃOS LINFÓIDES MEDULA ÓSSEA TIREÓIDE PULMÕES MAMAS MEMBRANAS MUCOSAS SISTEMA EXCRETOR Relação das doses em radiodiagnóstico odontológico Considera-se a dose eritema = 250 Röntgen para os pacientes mais sensíveis Aparelho Odontológico produz aproximadamente 1R/segundo Exposição radiográfica periapical em média de 0,5 segundos Seriam necessárias 500 exposições radiográficas, num curto espaço de tempo, para a possibilidade de produzir um eritema!! Não há limiar abaixo do qual uma dose seja ineficaz como fator de alterações genéticas, portanto qualquer dose é potencialmente capaz de induzir efeitos de natureza genética!!! EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES Raio X PeriapicaI 0,001 a 0,008 Raio X Panorâmico 0,026 a 0,030 Raio X de Torax 0,02 Tomografia feixe cônico 0,1034 a 0,652 Telerradiografia 0,02 a 0,03 A dose máxima permissível para os profissionais é de 50mSv/ano (Comissão Nacional de Energia Nuclear, 2014) Dose Limiar para Catarata 2.000 (mSv) Dose estimada para mutações 1.000 mSv EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES Por ano, em média, uma pessoa é exposta a 2,4mSv de fontes naturais Irradiação durante a gestação Óbitos pré-natais pré-implantação 1a e 2a semanas Período de organogênese 2a e 7a semanas Anomalias de desenvolvimento Alterações do desenvolvimento Mutações somáticas e genéticas Lesões no sistema nervoso central Manifestações crônicas, neoplasias pós natais (leucemia) DURANTE A GESTAÇÃO, O FETO NÃO DEVE ACUMULAR A DOSE DE 1 Rem EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES RADIOPROTEÇÃO Uma vez conhecida a natureza das radiações e seus riscos, quais as medidas devemos adotar como radioproteção? AsLow AsReasonablyAchievable Não há limiar abaixo do qual uma dose seja ineficaz como fator de alterações genéticas, portanto qualquer dose é potencialmente capaz de induzir efeitos de natureza genética!!! Ideologia para radioproteção “Tão baixo quanto razoavelmente possível” RADIOPROTEÇÃO Princípios Básicos de Proteção Radiológica 1. Princípio da Justificação da Prática Nenhuma prática envolvendo exposição pode ser adotada, a menos que produza benefício suficiente ao indivíduo exposto. RADIOPROTEÇÃO 2. Princípio da Otimização da Proteção O valor das doses individuais,o número de pessoas expostas e a probabilidade de ocorrência de exposições, deverão ser mantidos tão baixos quanto razoalvelmente Exeqüíveis. Princípios Básicos de Proteção Radiológica RADIOPROTEÇÃO Princípios Básicos de Proteção Radiológica 3. Princípio da Limitação de Doses Individuais A exposiçãode indivíduos, resultante da combinação de todas as práticas relevantes, deve estar sujeita a limites de doses ou, no caso de exposições potenciais, sujeita a algum controle de risco. RADIOPROTEÇÃO 4. Princípio da Prevenção de Acidentes No projeto e operação de equipamentos e de instalações deve-se minimizar a probabilidade de ocorrência de acidentes (exposições potenciais). Princípios Básicos de Proteção Radiológica RADIOPROTEÇÃO Paciente -Indicação -Equipamento -Receptor -Posicionador e técnica -Barreiras -Treinamento -Informação População vizinha Profissional -Posição -Manutenção do filme -Monitoramento individual Normas de proteção Acompanhante -Barreiras -Barreiras RADIOPROTEÇÃO Proteção do Paciente Condições relacionadas aos aparelhos Calibração do aparelho -Rendimento do aparelho -Energia efetiva do aparelho -Camada semi-redutora em alumínio -Filtração -Diafragma de chumbo -Colimação -Radiação de vazamento ou escape -Fio do aparelho RADIOPROTEÇÃO Fatores relacionados ao aparelho Filtração Janela Óleo Disco de Alumínio 2,5mm Elimina os raios X menos energéticos, ou seja, aqueles que possuem maior comprimento de onda. Filtração inerente Filtração adicional RADIOPROTEÇÃO Fatores relacionados ao aparelho Diafragma 2,5mm Diafragma Abertura Elimina os raios X mais divergentes, evitando que a área de incidência no paciente ultrapasse o diâmetro de 6 cm. RADIOPROTEÇÃO Colimação Colimador Fatores relacionados ao aparelho Reduz o campo de exposição, aproveitando os feixes menos divergentes. janela óleoFiltro de Alumínio Diafragma de Chumbo RADIOPROTEÇÃO Fatores relacionados ao aparelho Cilindros localizadores Colimador Cilindro Localizador RADIOPROTEÇÃO RADIOPROTEÇÃO 70 kVp 2,5mm Diafragma Colimador Fatores relacionados ao aparelho Filtração Colimação Fatores relacionados ao aparelho Cilindros localizadores RADIOPROTEÇÃO Filmes Proteção do paciente Deve-se fazer a opção pelos filmes mais rápidos (mais ou seja, aqueles que necessitam de menor de radiação para formar uma imagem de sensíveis), quantidade qualidade. D E E+ F 50% 20 a 25% RADIOPROTEÇÃO Sensores digitais diretos e semi-diretos Proteção do paciente Posicionador RADIOPROTEÇÃO Proteção do paciente Avental plumbífero RADIOPROTEÇÃO Proteção do paciente Protetor de tireóide RADIOPROTEÇÃO Proteção do paciente Profissional Bom desempenho da técnica Cuidados no processamento radiográfico Critério na solicitação dos exames Informação ao paciente e sinalização RADIOPROTEÇÃO Proteção do acompanhante A presença de acompanhantes durante os procedimentos radiológicos somente é permitida quando sua participação for imprescindível para conter, confortar ou ajudar pacientes. -Atividade voluntária -Não desenvolver regularmente esta atividade -É obrigatória a utilização de vestimenta de proteção RADIOPROTEÇÃO Propriedades dos raios X 1. Se propagam em linha reta 2. A intensidade diminui à medida que a distância da fonte aumenta 3. Pode haver radiação espalhada no seu trajeto Proteção do profissional Conhecer para controlar! RADIOPROTEÇÃO Proteção do profissional Posição Fio do aparelho Manutenção do filme Monitoramento Adequação do ambiente 90 135 0 0 RADIOPROTEÇÃO Posição Manutenção do filme Monitoramento Adequação do ambiente Fio do aparelho RADIOPROTEÇÃO Proteção do profissional Proteção do profissional Posição Manutenção do filme Monitoramento Adequação do ambiente Fio do aparelho RADIOPROTEÇÃO • Paredes e portas com blindagem adequada • Visor de vidro plumbífero • As blindagens devem ser contínuas e sem falhas • Biombos Proteção do profissional Posição Manutenção do filme Monitoramento Adequação do ambiente Fio do aparelho RADIOPROTEÇÃO Aparelho de 70kVp e 10 mA - Barreiras 1 mm de chumbo 2 mm de aço 8 cm de concreto Vidro plumbífero de 5 mm Massa baritada 1 cm = 1 mm de chumbo Proteção da população vizinha Adequação do ambiente Monitoração de área RADIOPROTEÇÃO Proteção da população vizinha Adequação do ambiente Monitoração de área Alvará da vigilância sanitária Exame da planta baixa do consultório Laudo radiométrico Calibração periódica do aparelho RADIOPROTEÇÃO Portaria 453, da Secretaria de Vigilância Sanitária, que estabelece as “Diretrizes de Proteção Radiológica em Radiodiagnóstico Médico e Odontológico” RADIOPROTEÇÃO Conclusões • As radiações ionizantes são fatores mutagênicos • Os efeitos das radiações ionizantes são deletérios - somáticos e genéticos • Não há limiar abaixo do qual uma dose seja inócua • O efeito da radiação é cumulativo • Os efeitos crescem linearmente com a dose RADIOPROTEÇÃO Conclusões RADIOPROTEÇÃO Bibliografia • FREITAS A, ROSA JE, SOUZA IF. Radiologia Odontológica. 5.ed. São Paulo: Artes Médicas, 2000. • GOAZ PW, WHITE SC. Oral Radiology: principles and interpretation. 4.ed. St Louis: Mosby, 1994. • LANGLAND OE, LANGLAIS RP. Imagem em Odontologia. São Paulo: Santos, 2002. • WHAITES E. Princípios de Radiologia Odontológica. 3.ed. Porto Alegre: Artmed, 2003. • Regezi JA, Sciubba J, Jordan RCK. Oral Pathology: Clinical Pathologic Correlations. 7 ed. Elsevier, 2017 • Muneer N et al.. Osteoradionecrosis: Radiation Complication. Austin J Dent. 2016; 3(5): 1051. • Chambers JA, Long JN. Radiation Injury and the Hand Surgeon. The Journal of Hand Surgery. 2008; 33 (4): 601-611 • VIDIGAL BCL et al. Técnicas radiográficas para pacientes pediátricos com necessidades especiais na Odontologia.. Rev. bras. odontol., Rio de Janeiro, v. 70, n. 2, p. 205-8, jul./dez. 2013