Prévia do material em texto
Colagem: uma prática no psicodiagnóstico (CAP VI) · A prática da avaliação psicológica de crianças, é um processo que se propõe chegar a uma compreensão de determinado fenômeno e coloca o psicólogo diante da tarefa de encontrar sentido no conjunto de informações que lhe são apresentadas e organizá-las, buscando trazer benefícios às pessoas envolvidas, criança e seu grupo familiar, promovendo a saúde e o desenvolvimento psíquico. · Os recursos, teóricos ou instrumentais, são limitados diante das diferentes demandas psicológicas dos clientes, dadas as múltiplas possibilidades de expressão da subjetividade. · Os recursos utilizados, no psicodiagnóstico, têm como objetivo ajudar no processo de investigação e na consequente compreensão da problemática apresentada pelos pais ou responsáveis pela criança. · Poderemos aplicar testes, como um instrumento à mais para a melhor avaliação no processo do psicodiagnóstico, como dito na aula passada. Mas é importante lembrar que. “Será considerada falta ética, conforme disposto na alínea c do art. 1 o e na alínea m do art. 2 o do Código de Ética Profissional do Psicólogo, a utilização de testes psicológicos que não constam na relação de testes aprovados pelo CFP, salvo os casos de pesquisa”. COLAGEM · Violet Oaklander (1980) propôs a atividade de colagem como um recurso a ser utilizado no processo psicoterápico de crianças e adolescentes, considerando-a como: “A colagem é qualquer desenho ou quadro feito grudando-se ou prendendo-se materiais de qualquer espécie a um fundo plano, tal como um pedaço de pano ou papel”. Embora pareça uma atividade simples, ela pode ser utilizada tanto como experiência sensorial, quanto para manifestação emocional. A colagem, para a autora, é representativa do mundo interno da criança, de seus sentimentos e pensamentos. · A “Atividade de colagem”, “exercício de colagem”, “técnica de colagem”, “técnica projetiva”, pode ser individual ou em grupo (família) com diferentes temas e de inúmeras maneiras. · Importante para observar e compreender as interações familiares. · Do ponto de vista psicológico, consideramos que a atividade de colagem tem um caráter projetivo na medida em que expressa sentimentos e conflitos, ou seja, aspectos do mundo interno das crianças e também de seus pais que são desconhecidos para eles. · Material utilizado: figuras de revistas (previamente cortadas), tesouras, colas, cartolinas para serem usadas como fundo, incluindo lápis preto e de cor, canetinhas e/ou giz de cera, caso haja interesse em complementar a atividade com desenhos ou escrita. · As figuras devem abordar diversos temas, como pessoas, situações, animais, objetos, alimentos, transportes, móveis, ambientes etc. Essa variedade permite que haja uma escolha por parte do cliente. · A autoimagem, percepção de situações internas, pensamentos e sentimentos, álbum de família são temas que podem ser trabalhados durante a colagem. Porém, a criança pode, também, trabalhar livremente, e ao final dar o título a sua produção. · Pode ser proposta em qualquer momento do processo psicodiagnóstico. Quando escolhido ao longo do processo, deve-se tomar cuidado para não escolher figuras apenas associadas aos aspectos já revelados pela criança ou família. · Importante observar a forma de exploração, falas, figuras que parecem chamar a atenção da criança, mas não são escolhidas etc. Pode-se pedir, ao término da atividade que a criança apresente o seu trabalho para as estagiárias, para as outras crianças ou para seus pais. Análise da colagem · Na análise deve ser considerado: Tempo de reação; Postura e modo de reação; Figuras escolhidas, figuras coladas, figuras abandonadas; Tema preferido; Tamanhos das figuras; Uso do espaço da cartolina; Uso do verso da cartolina; Localização das figuras na cartolina, coladas de forma aleatória ou ligadas, apresentando uma organização ou aglutinação; Sentimentos expressos, impressões que a colagem causa ao ser observada; Figura central e/ou localização Recortar a figura já cortada; Associações, explicações, falas durante a atividade; Uso do lápis de cor, canetinhas; Modo de utilização da cola — em excesso, colocada cuidadosamente, pouca quantidade. · O uso da colagem como material expressivo na clínica de crianças contribui sobremaneira para a compreensão diagnóstica que ultrapassa a individualidade da criança e oferece efetivamente material de intervenção que está além dos limites de uma comunicação verbal.