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TUTORIAL 07 HEMATO IMUNIDADE ADAPTATIVA Imunidade específica extremamente potente contra agentes invasores individuais como bactérias, vírus, toxinas letais e tecidos estranhos de outros animais Ela é causada por sistema imune especial formador de anticorpos e/ou linfócitos ativados, que atacam e destroem organismos invasores específicos ou toxinas. A imunidade adquirida fornece proteção extrema, mas ela não se desenvolve até que o organismo entre em contato com o micro-org ou toxina TIPOS DE IMUNIDADE ADQUIRIDA Imunidade humoral ou imunidade das células B (linfócitos B produzem anticorpos): o corpo desenvolve anticorpos circulantes (moléculas de globulina no plasma, capazes de atacar o agente invasor). Imunidade mediada por células ou imunid das células T: dependente da formação de grande número de linfócitos T ativados, produzidos principalmente nos linfonodos para destruir o agente estranho. Ambos são formados nos tecidos linfoides do corpo. AMBOS OS TIPOS DE IMUNIDADE ADQUIRIDA SÃO INICIADOS POR ANTÍGENOS Como a imunidade adquirida não se desenvolve antes da invasão por micro-organismo ou toxina estranha, o organismo tem mecanismos de reconhecimento dessa invasão. Cada toxina ou cada tipo de microrganismo quase sempre contém um ou mais compostos químicos específicos, diferentes de todos os outros. (antígenos) ANTÍGENOS- proteínas ou grandes polissacarídeos que desencadeiam a imunidade adquirida Para ser considerada antigênica, a substancia deve ter um peso molecular maior que 8000 e grupos moleculares epítopos na superfície das moléculas OS LINFÓCITOS SÃO RESPONSÁVEIS PELA IMUNIDADE ADQUIRIDA A imunidade adquirida é produto dos linfócitos do corpo. Em pessoas com ausência genética de linfócitos ou com linfócitos destruídos por radiação ou produtos químicos, nenhuma imunidade adquirida pode desenvolver-se. Poucos dias após nascer, a pessoa morre por infecção bacteriana fulminante, caso não tratada com medidas heroicas. Os linfócitos ficam situados nos linfonodos, principalmente, mas também em tecidos linfoides especiais (baço, áreas submucosas do TGI, no timo e na medula óssea). O tecido linfoide se distribui pelo corpo para interceptar micro-organismos invasores ou toxinas, antes que possam se disseminar. Geralmente, o agente invasor primeiro penetra nos líquidos teciduais e depois é transportado para linfonodos ou outros tecidos linfoides pelos vasos linfáticos OS LINFÓCITOS B e T PROMOVEM AS IMUNIDADES O tecido linfoide se divide em duas grandes populações: Linfócitos T: responsável pela formação de linfócitos ativados que proporcionam a imunidade “mediada por células”. Linfócitos B: forma anticorpos que promovem a imunidade “humoral”. Os dois tipos de linfócitos são derivados de células-tronco hematopoéticas pluripotentes, formando células progenitoras à medida que se diferenciam. Quase todos os linfócitos formados terminam no tecido linfoide, mas antes eles se diferenciam mais ou são “pré-processados”: PRÉ-PROCESSAMENTO DOS LINFÓCITOS B e T LINFÓCITOS T- As células progenitoras linfoides que se irão formar linfócitos T ativados migram primeiramente para o timo, onde são pré-processadas O processamento no timo ocorre princ antes do nascimento e alguns meses após, depois desse tempo a prod é diminuída O timo também mistura os linfócitos T com quase todos os autoantígenos, para assegurar que ele não reaja contra o próprio corpo LINFÓCITOS B- são pré-processados no fígado, durante a metade da gestação, e na medula óssea, no final da vida fetal e logo após o nascimento. Secretam ativamente anticorpos, são agentes reativos Anticorpos- grandes molec proteicas capazes de se combinar e destruir o organismo antigênico Depois Depois de pré-processados os linfócitos B vão para a corrente sanguínea e se alojam nos tecidos linfoides com certa distância dos linfócitos T LINFÓCITOS T E ANTICORPOS DOS LINFÓCITOS B REAGEM DE MODO ALTAMENTE ESPECÍFICO CONTRA ANTÍGENOS ESPECÍFICOS — O PAPEL DOS CLONES DE LINFÓCITOS Quando antígenos específicos entram em contato com linfócitos T e B no tecido linfoide, certos linfócitos T são ativados, e certos linfócitos B são ativados liberando anticorpos. As células T ativadas e os anticorpos reagem de forma muito específica contra os antígenos que desencadearam seu desenvolvimento Milhões de Tipos Específicos de Linfócitos São Armazenados no Tecido Linfoide. O nosso corpo guarda milhões de tipos diferentes de linfócitos B e T no sistema linfático. Cada linfócito é especializado em reconhecer um antígeno específico (como se cada um tivesse uma chave para um tipo de fechadura). Quando o antígeno certo aparece, ele ativa o linfócito correspondente. Esse linfócito começa a se multiplicar muito — é como se ele chamasse "reforços" iguais a ele. Se for um linfócito B, os "reforços" produzem anticorpos específicos contra aquele antígeno e os liberam no corpo. Se for um linfócito T, os "reforços" viram células T ativas que viajam pelo corpo (sangue, linfa, tecidos) atacando o antígeno por muito tempo. Todos os linfócitos que surgiram a partir de um mesmo linfócito original são chamados de "clone" — porque são todos iguais e têm a mesma função. Origem dos diversos tipos de clones de linfócitos Nosso corpo consegue produzir milhões de tipos diferentes de anticorpos e linfócitos T, mesmo tendo apenas centenas a milhares de genes para isso. As células-tronco que dão origem aos linfócitos T e B não possuem os genes completos para formar os receptores (anticorpos ou TCRs). Em vez disso, elas têm segmentos de genes — pequenos pedaços que, sozinhos, não formam a proteína completa. Durante o desenvolvimento dessas células no timo (para linfócitos T) ou na medula óssea (para linfócitos B), enzimas especiais, como a recombinase, combinam aleatoriamente esses segmentos genéticos, formando um gene completo. Como há muitos segmentos diferentes e muitas formas de combiná-los, é possível gerar milhões de combinações diferentes. Cada linfócito T ou B produzido dessa forma terá um receptor único, capaz de reconhecer um único tipo de antígeno. Por isso, eles são chamados de altamente específicos. Essas células específicas então maduram e se espalham pelos tecidos linfóides (como linfonodos e baço), prontas para reconhecer e reagir contra um antígeno correspondente. MECANISMO PARA ATIVAR UM CLONE DE LINFÓCITOS Cada linfócito B ou T é "programado" para reconhecer um tipo específico de antígeno (ou um grupo muito semelhante). Linfócitos B: Têm cerca de 100 mil anticorpos presos na membrana da célula. Quando o antígeno certo aparece, ele se encaixa perfeitamente nesses anticorpos. Isso ativa o linfócito B, que então se multiplica e começa a produzir grandes quantidades de anticorpos contra aquele antígeno. Linfócitos T: Têm receptores específicos chamados proteínas receptoras de superfície (TCR – T Cell Receptors). Esses receptores só reconhecem antígenos apresentados por outras células (geralmente por macrófagos ou células dendríticas). O antígeno precisa se encaixar perfeitamente no TCR da célula T para que ela seja ativada. Papel dos Macrófagos no Processo de Ativação. Além dos linfócitos, milhões de macrófagos também estão nos tecidos linfoides. Eles revestem os sinusoides dos linfonodos, baço e outros, ficando próximos a muitos linfócitos dos linfonodos. A maioria dos microrganismos invasores é primeiro fagocitada e parcialmente digerida pelos macrófagos. Eles fagocitam (engolem) microrganismos invasores. Depois, quebram esses microrganismos em pedaços antigênicos. Esses pedaços são apresentados aos linfócitos, especialmente os linfócitos T. Essa apresentação célula-a-célula ativa o clone de linfócito específico. Além disso, os macrófagos produzem uma substância chamada interleucina-1 (IL-1), que estimula o crescimento e multiplicação dos linfócitos ativados. Participação das Células T na Ativação dos Linfócitos B. Muitos antígenos ativam tanto os linfócitos T quanto os B ao mesmo tempo. Um tipo especial de linfócito T chamado célula T auxiliar (ou helper)secreta substâncias chamadas linfocinas (ex: interleucinas). Essas linfocinas ajudam os linfócitos B a se multiplicarem e produzirem anticorpos. Sem a ajuda das células T, a resposta dos linfócitos B seria fraca. FORMAÇÃO DOS ANTICORPOS PELOS PLASMÓCITOS Antes da exposição ao antígeno específico, os clones dos linfócitos B permanecem inativos no tecido linfoide. Com antígeno estranho, os macrófagos no tecido linfoide o fagocitam e o apresentam para os linfócitos B adjacentes e células T ao mesmo tempo, formando células T auxiliares ativadas. Elas contribuem para a extrema ativação dos linfócitos B. Os linfócitos B específicos imediatamente se dilatam, tomando a aparência de linfoblastos (imatura). Alguns dos linfoblastos se diferenciam em plasmablastos, precursores dos plasmócitos. Nos plasmablastos, o citoplasma se expande e o RER prolifera. A seguir, começam a se duplicar. Após o plasmócito maduro passa a produzir anticorpos de gamaglobulina, em velocidade extremamente rápida. Os anticorpos são secretados para a linfa e levados para o sangue circulante. Esse processo continua durante dias ou semanas, até que ocorra a exaustão e morte do plasmócito. A Formação das Células de “Memória” Aumenta as Respostas dos Anticorpos a uma Exposição Subsequente aos Antígenos. Quando um linfócito B encontra um antígeno pela primeira vez, ele é ativado. Isso inicia o processo de proliferação, resultando na formação de um clone de linfócitos B. A partir desse clone, alguns linfócitos B se diferenciam em plasmócitos, que são responsáveis pela produção de anticorpos. Outros linfócitos B não se diferenciam em plasmócitos, mas formam um número moderado de novos linfócitos B semelhantes aos do clone original. Ou seja, a população de células B do clone aumenta e os novos linfócitos B se juntam aos linfócitos originais. Eles circulam por todo o corpo, para ocupar todo o tecido linfoide. Contudo, permanecem inativos até que sejam novamente acionados por nova exposição ao mesmo antígeno. Esses linfócitos são referidos como células de memória. A exposição subsequente ao mesmo antígeno vai provocar resposta mais rápida e mais intensa de anticorpos, já que existem muito mais células de memória do que os linfócitos B originais do clone específico. NATUREZA DOS ANTICORPOS São gamaglobulinas, chamadas imunoglobulinas (Ig). Eles constituem cerca de 20% das proteínas do plasma. Todas as imunoglobulinas são formadas por combinações de cadeias de peptídeos leves e pesadas. A maioria é a combinação de duas cadeias leves e duas pesadas. Entretanto, algumas das Ig são combinações de até 10 cadeias pesadas e 10 cadeias leves (Ig de alto PM). ESPECIFICIDADE DOS ANTICORPOS Cada anticorpo é feito para reconhecer e se ligar a um antígeno específico — como uma chave feita sob medida para uma fechadura. Essa especificidade vem da estrutura especial do anticorpo: Cada anticorpo tem duas partes variáveis, chamadas de regiões variáveis (uma na cadeia leve e outra na cadeia pesada). Essas regiões têm uma organização única de aminoácidos, que cria uma forma tridimensional exata. Essa forma combina perfeitamente com uma parte do antígeno chamada epítopo (ou determinante antigênico). A ligação acontece porque o epítopo se encaixa como uma peça de quebra-cabeça na região variável do anticorpo. O que torna essa ligação tão forte? Quando o anticorpo se liga ao antígeno, vários pontos de contato se formam. A ligação é firme e eficiente graças a quatro tipos de interações químicas: · Ligações hidrofóbicas – entre partes que "fogem da água". · Ligações de hidrogênio – atração entre átomos por pontes de hidrogênio. · Atrações iônicas – entre cargas positivas e negativas. · Forças de van der Waals – atração entre moléculas bem próximas. Quanto mais regiões de encaixe houver, mais forte será essa ligação! Ligação segue a lei da ação das massas: Isso significa que quanto maior a quantidade de antígenos e anticorpos no local, maior será a chance deles se encontrarem e se ligarem rapidamente. A velocidade da reação depende da concentração dos reagentes — exatamente como em reações químicas. CINCO CLASSES GERAIS DE ANTICORPOS Existem cinco classes gerais de anticorpos: IgM, IgG, IgA, IgD e IgE. “Ig” : imunoglobulina e as cinco letras designam as classes. Duas dessas classes de anticorpos têm importância particular: ●IgG, anticorpo bivalente, aproximadamente 75% dos anticorpos da pessoa normal; ●IgE, apenas pequena porcentagem dos anticorpos mas envolvida nas alergias. A classe IgM também é interessante: grande parte dos anticorpos formados durante a resposta primária é desse tipo. Esses anticorpos têm 10 locais de ligação, o que os tornam extremamente efetivos na proteção do corpo contra invasores, mesmo que não existam muitos anticorpos IgM. Mecanismos de Ação dos Anticorpos Os anticorpos atuam na proteção do corpo contra agentes invasores de duas formas: (1) Pelo ataque direto ao invasor; (2) Pela ativação do “sistema do complemento”, dotado de diversos meios para destruir o invasor. celulares, causando sua ruptura. AÇÃO DIRETA DOS ANTICORPOS SOBRE OS AGENTES INVASORES Os anticorpos podem agir diretamente contra microrganismos ou outras substâncias estranhas. Eles fazem isso de quatro maneiras principais: 1️-Aglutinação Os anticorpos ligam várias partículas grandes juntas, como bactérias ou hemácias. Isso forma grumos (aglomerados), facilitando sua remoção pelo sistema imune. 2️-Precipitação Quando os anticorpos se ligam a antígenos solúveis (como toxinas), formam complexos grandes. Esses complexos ficam insolúveis e se precipitam, ou seja, caem fora da solução, facilitando a eliminação. 3️-Neutralização Os anticorpos cobrem as partes tóxicas do antígeno (por exemplo, toxinas de bactérias). Isso impede que o antígeno cause dano às células do corpo. 4️-Lise Em alguns casos, os anticorpos podem atacar diretamente a membrana de células invasoras. Isso causa a ruptura da célula (lise), levando à morte do microrganismo. SISTEMA DE COMPLEMENTO PARA A AÇÃO DE ANTICORPOS Cerca de 20 proteínas, muitas precursoras de enzimas As precursoras de enzimas geralmente estão inativadas e podem ser ativadas pela via clássica VIA CLÁSSICA- A via clássica começa quando um anticorpo se liga ao seu antígeno. Essa ligação ativa uma parte do anticorpo (região constante), que se conecta à proteína C1. Isso inicia uma cascata de reações (efeito dominó) que vai ativando proteínas do complemento em sequência. O que essa cascata provoca? A ativação da via clássica gera diversos efeitos de defesa importantes para o corpo: 1️-Opsonização e Fagocitose A proteína C3b se liga à superfície de microrganismos. Isso marca os invasores, facilitando que fagócitos (como macrófagos e neutrófilos) os reconheçam e engulam. Isso aumenta MUITO a eficiência da destruição dos patógenos (até 100x mais). 2️-Lise (destruição direta do invasor) As proteínas C5b, C6, C7, C8 e C9 se juntam e formam o MAC (Complexo de Ataque à Membrana). Esse complexo fura a membrana dos microrganismos, fazendo com que eles estourem e morram. 3️-Aglutinação Os produtos da cascata alteram a superfície dos microrganismos, fazendo com que eles grudem uns nos outros. Isso facilita sua remoção e impede que se espalhem. 4️-Neutralização de Vírus Algumas proteínas do complemento atacam diretamente vírus, danificando suas estruturas. Isso impede que eles infectem as células. 5️- Quimiotaxia A proteína C5a atrai neutrófilos e macrófagos para o local da infecção. Esse processo de atração celular é chamado de quimiotaxia. 6️-Ativação de Mastócitos e Basófilos As proteínas C3a, C4a e C5a ativam mastócitos e basófilos. Isso faz com que eles liberem histamina, heparina, entre outras substâncias. Resultado: vasodilatação, aumento da permeabilidade vascular e sinais de inflamação/alergia. 7️-Efeitos Inflamatórios A ativação do complemento intensifica a inflamação local, provocando: · Aumento do fluxo sanguíneo. · Maior vazamento de proteínas do sangue para o tecido (permeabilidade aumentada). · Coagulaçãode proteínas no tecido, ajudando a conter o microrganismo no local da infecção. SISTEMA DOS LINFÓCITOS T – AÇÃO, MEMÓRIA E RECONHECIMENTO DE ANTÍGENOS Ativação e Liberação das Células T Quando um macrófago apresenta um antígeno a um linfócito T específico, esse linfócito se ativa. Uma vez ativado, o linfócito T se multiplica rapidamente. Em vez de produzir anticorpos (como os linfócitos B), ele gera células T ativadas, que: · Saem do tecido linfoide para o sangue. · Circulam pelo corpo e tecidos por meses ou anos. · Entram e saem dos capilares, sangue e linfa repetidamente. Formação de Células de Memória T Durante essa ativação, alguns linfócitos T se tornam células de memória. Elas ficam nos tecidos linfoides espalhados pelo corpo. Quando o mesmo antígeno aparece novamente: A resposta é muito mais rápida e intensa pois o corpo já “sabe” como reagir. Reconhecimento de Antígenos pelas Células T As células T não reconhecem o antígeno sozinho. Ele precisa ser apresentado por uma célula chamada célula apresentadora de antígeno (APC). Os principais tipos de APCs são: · Macrófagos · Linfócitos B · Células dendríticas (DCs) – são as mais eficientes e estão por todo o corpo. Proteínas MHC – Como o antígeno é “exibido” Dentro da APC, o antígeno é quebrado em pedaços (peptídeos). Esses fragmentos se ligam às proteínas MHC e são levados à superfície da célula. Existem dois tipos principais de proteínas MHC: MHC I → apresenta antígenos para células T citotóxicas (CD8+). MHC II → apresenta antígenos para células T auxiliares (CD4+). Ligação entre APC e Célula T As células T se ligam às APCs por meio de: · Receptores TCR (T-cell receptors)- muito específicos ao antígeno. · Moléculas de adesão- garantem que a célula T fique grudada na APC tempo suficiente para ser ativada. Cada célula T tem cerca de 100.000 receptores T em sua superfície. VÁRIOS TIPOS DE CÉLULAS T E SUAS DIFERENTES FUNÇÕES Existem vários tipos de células T: (1) células T auxiliares; (2) células T citotóxicas; e (3) células T supressoras. Células T Auxiliares São as Células T mais Numerosas - T-Helper células T auxiliares: são as mais numerosas (mais de ¾). São as principais reguladoras de todas as funções imunes por meio da formação de linfocinas (mediadores proteicos), que atuam sobre outras células do sistema imune e sobre as células da medula óssea. Entre as linfocinas mais importantes secretadas pelas células T auxiliares, têm-se: FUNÇÕES REGULADORAS DAS LINFOCINAS (CITOCINAS PRODUZIDAS PELAS CÉLULAS T AUXILIARES) Importância das Células T Auxiliares As linfocinas são substâncias produzidas pelas células T auxiliares (CD4⁺). Elas regulam quase toda a resposta imune. Se as células T auxiliares forem destruídas (como acontece no HIV/AIDS), o sistema imune fica quase paralisado Funções das Linfocinas: 1. Estímulo às Células T Citotóxicas e Supressoras Sem as células T auxiliares, as células T citotóxicas (CD8⁺) e supressoras são pouco ativadas. A principal linfocina envolvida é a interleucina 2 (IL-2), que estimula fortemente o crescimento e a multiplicação dessas células. Outras linfocinas também participam, mas com menor intensidade. 2. Estímulo às Células B → Produção de Anticorpos As células B precisam do “empurrão” das células T auxiliares para: Crescer, se multiplicar, e virar plasmócitos Linfocinas mais importantes nesse processo: IL-4, IL-5 e IL-6 → por isso são chamadas fatores estimulantes ou fatores de crescimento das células B. 3. Ativação dos Macrófagos As linfocinas também regulam os macrófagos de duas formas: (1) Imobilização: fazem com que os macrófagos parem de migrar e se acumulem no local da inflamação. (2) Ativação: tornam os macrófagos mais eficazes na fagocitose, ou seja, ajudam a destruir mais rapidamente os agentes invasores. 4. Feedback Estimulante sobre as Próprias Células T Auxiliares A IL-2 também ativa as próprias células T auxiliares que a secretaram, ampliando a resposta. Esse é um feedback positivo: Estimula ainda mais a proliferação dessas células, Potencializa toda a resposta imune contra o antígeno. CÉLULAS T CITOTÓXICAS ("CÉLULAS KILLER") Atuam como células de ataque direto, destruindo: · Microrganismos invasores · Células do próprio corpo infectadas ou alteradas (ex: por vírus ou câncer) 1-Reconhecimento do antígeno: Possuem receptores específicos que se ligam fortemente a antígenos na superfície da célula-alvo. 2-Liberação de perforinas: Perfuração da membrana da célula-alvo com orifícios, pois secreta proteínas produtoras de orifícios (PERFORINAS) após se ligar a essas células 3-Entrada de líquido e destruição: A célula atacada incha rapidamente e se dissolve, devido à entrada de líquido e substâncias citotóxicas. 4-Ação em série: A célula T killer pode se desprender da célula atacada e atacar outras células, destruindo várias em sequência. Algumas permanecem por meses nos tecidos, prontas para novos ataques. Alvos comuns: · Células infectadas por vírus (que expõem proteínas virais na membrana) · Células tumorais · Células de transplantes (por serem reconhecidas como “estranhas”) CÉLULAS T SUPRESSORAS (REGULADORAS) Inibem ou limitam a ação das células T citotóxicas e T auxiliares.Impedem respostas imunológicas excessivas, que poderiam danificar tecidos saudáveis. São essenciais para a tolerância imunológica (não atacar o próprio corpo). Previnem doenças autoimunes e danos colaterais causados por respostas imunes exageradas. Atuando junto com as células T auxiliares, são classificadas como células T reguladoras. TOLERÂNCIA DO SISTEMA IMUNE AOS TECIDOS DO PRÓPRIO CORPO Por que o corpo não ataca a si mesmo? O sistema imune adquirido precisa aprender a diferenciar o que é próprio do corpo (autoantígenos) do que é estranho (como vírus e bactérias). Se isso não acontecesse, o sistema poderia destruir os próprios tecidos da pessoa. O QUE É TOLERÂNCIA IMUNOLÓGICA? É a capacidade do sistema imune de não reagir contra os próprios tecidos do corpo. Ela acontece principalmente durante o pré-processamento dos linfócitos: Linfócitos T ➝ são “treinados” no timo Linfócitos B ➝ são “treinados” na medula óssea Esse treinamento serve para eliminar ou inativar os linfócitos que atacariam o próprio corpo. Linfócitos imaturos que reconhecem antígenos do próprio corpo, se ativam no timo se tornam linfoblásticos (células em divisão) e, ao se ligarem aos antígenos próprios, são destruídos pelas células epiteliais do timo. → Isso evita que migrem e se espalhem pelo corpo. Muitos desses linfócitos também se autodestruem com o tempo por exposição contínua aos autoantígenos. FALHA NO MECANISMO DE TOLERÂNCIA- DOENÇAS AUTOIMUNES Quando esse mecanismo falha, o sistema imune começa a atacar o próprio corpo. Isso causa as doenças autoimunes. Pode ocorrer com o envelhecimento ou após uma lesão que libera muitos autoantígenos → O corpo acaba produzindo anticorpos ou células T ativadas contra esses próprios antígenos. IMUNIZAÇÃO PELA INJEÇÃO DE ANTÍGENOS A imunização foi utilizada durante muitos anos para produzir imunidade adquirida contra doenças específicas. O princípio da vacinação consiste em administrar a forma morta ou atenuada de um agente infeccioso, ou um componente de um microrganismo, que não causa doença mas causa uma resposta imune. As vacinas são mais efetivas quando o agente infeccioso não é latente (SI não reconhece), não sofre variação antigênica e não interfere na resposta imune do hospedeiro. A maioria das vacinas atualmente em uso atua induzindo imunidade humoral. Imunização pode ser feita por três formas: 1- Injeção de micro-organismos mortos, que não são mais capazes de gerar a doença (vac febre tifoide, difteria, coqueluche) 2- Usando toxinas que foram tratadas com substâncias químicas para deixarem de ser perigosas, mas que ainda mantêm as partes que o sistema imune reconhece. (vacinas de tétano e botulismo) 3- Imunização quando o micro-organismo vivo tenha sido atenuado o suficiente para não causar a doença (vac da febre amarela, poliomielite, sarampo e catapora) IMUNIZAÇÃOATIVA Imunização ativa é o processo pelo qual o seu próprio sistema imunológico é estimulado a produzir uma resposta imune contra um agente infeccioso (como vírus ou bactérias) após exposição a antígenos. Essa exposição pode ocorrer: · Naturalmente: ao contrair uma doença infecciosa. · Artificialmente: através de vacinas. Como funciona a imunização ativa? Entrada do antígeno (estranho ao corpo) Você entra em contato com um antígeno — que pode ser: · vírus ou bactéria enfraquecido, · toxina inativada, · partes do microrganismo (como proteínas). O sistema imune reconhece o antígeno como uma ameaça ➝ ativa células do sistema imune como linfócitos T e B. Produção de anticorpos As células B se transformam em plasmócitos, que produzem anticorpos específicos contra aquele antígeno. Algumas células B e T viram células de memória, que “guardam” a informação sobre aquele antígeno. Se o corpo encontrar esse mesmo antígeno no futuro a resposta imune será mais rápida e eficaz, impedindo a doença ou tornando-a bem mais leve. TIPOS DE VACINAS (ATENUADAS OU INATIVADAS) Essas vacinas são feitas com microrganismos vivos atenuados (enfraquecidos) ou mortos/inativados. Eles não causam a doença, mas ainda possuem os antígenos que ativam o sistema imunológico. A grande vantagem dessas vacinas é que elas conseguem ativar todas as partes do sistema imune — tanto a resposta inata quanto a resposta adaptativa (tanto humoral quanto celular). Por isso, são consideradas a forma ideal de gerar uma imunidade protetora eficaz. VACINAS ATENUADAS Usam microrganismos vivos que foram atenuados (enfraquecidos). Isso é feito ao cultivar os microrganismos em meios especiais ou em diferentes animais, até que eles percam a capacidade de causar doenças. Mesmo enfraquecidos, eles ainda possuem os antígenos que estimulam a imunidade. Exemplos: Vacinas contra poliomielite (oral), febre amarela, sarampo, catapora e outras doenças virais. Essas vacinas geralmente induzem imunidade de longa duração — em muitos casos, uma única dose na infância protege por toda a vida. Risco: Apesar de eficazes, o ponto mais preocupante é a segurança. Por exemplo, a vacina oral atenuada contra poliomielite, em casos raros, pode reativar o vírus e causar poliomielite paralítica. Por isso, muitas vezes se prefere o uso da vacina com vírus morto, que é mais segura. VACINAS INATIVADAS Usam microrganismos que foram mortos ou inativados, ou seja, não conseguem causar doença. Mesmo mortos, eles ainda contêm antígenos que estimulam o sistema imune. Exemplos: · Febre tifoide · Coqueluche · Difteria · Influenza (gripe) Essas vacinas são muito usadas para prevenir várias doenças bacterianas e virais. VACINAS DE ANTÍGENOS PURIFICADOS (SUBUNIDADES) Essas vacinas foram desenvolvidas para evitar riscos de segurança associados ao uso de microrganismos vivos atenuados. São feitas com partes específicas do microrganismo, como toxinas purificadas. Essas toxinas são tratadas com substâncias químicas que eliminam sua toxicidade, mas mantêm seus antígenos intactos, ou seja, ainda conseguem estimular o sistema imune. Usada para imunizar contra doenças causadas por toxinas, como: Tétano, Difteria, Botulismo. VACINAS COM VÍRUS RECOMBINANTES Essa técnica usa um vírus não patogênico (como o vírus da vacínia) para transportar genes de antígenos microbianos para dentro do corpo. O vírus carrega o gene do antígeno e estimula uma resposta imune completa. Embora seja eficaz, existe preocupação com a segurança, pois esse vírus pode infectar células do corpo. Mesmo sendo inofensivo, ele ainda produz antígenos nas células infectadas, o que ativa linfócitos T citotóxicos, que destroem as células hospedeiras. VACINAS CONJUGADAS Essas vacinas combinam partes de um microrganismo (geralmente polissacarídeos da cápsula bacteriana) com uma proteína transportadora para melhorar a resposta imunológica. Isso é especialmente útil em crianças pequenas, cujos sistemas imunes ainda estão imaturos e podem não responder bem aos polissacarídeos sozinhos. Sozinhos, os polissacarídeos não provocam uma resposta imune forte. Quando ligados a uma proteína transportadora, a resposta do sistema imune é mais forte e eficaz. IMUNIZAÇÃO PASSIVA Não envolve a resposta ativa do sistema imunológico do indivíduo. Em vez de estimular o corpo a produzir suas próprias defesas, a imunização passiva fornece anticorpos prontos ou outras substâncias que já têm capacidade de combater patógenos, ou seja, é um tipo de imunidade pronta. Essa proteção é geralmente temporária, já que os anticorpos ou substâncias recebidas não ficam no corpo por muito tempo. Como Funciona a Imunização Passiva? Na imunização passiva, os anticorpos ou substâncias imunes (como imunoglobulinas) são transferidos de uma fonte externa para o indivíduo. Os anticorpos podem ser provenientes de outros seres humanos ou de animais que já passaram pela infecção ou foram vacinados contra uma determinada doença. Esse processo não envolve a ativação do sistema imunológico do receptor, pois os anticorpos já estão prontos para agir. Existem duas formas principais de imunização passiva: 1. Imunização Passiva Natural Acontece naturalmente, sem intervenção médica, quando a mãe transmite anticorpos para o feto durante a gestação, principalmente através da placenta (IgG), ou para o recém-nascido por meio do leite materno. 2. Imunização Passiva Artificial Realizada por meios médicos e envolve a transferência de anticorpos produzidos por outras pessoas ou animais para um indivíduo. Os anticorpos podem ser obtidos por meio de soro de pessoas que já estão imunizadas ou soros animais produzidos por vacinas. Vantagens da Imunização Passiva: Resposta rápida: Como os anticorpos já estão prontos, a proteção é imediata. Isso é especialmente importante em situações de emergência, como após uma picada de cobra, exposição a doenças virais (como hepatite B) ou durante uma infecção. Proteção em casos de risco elevado: Pode ser usada em pessoas com sistemas imunológicos enfraquecidos ou em indivíduos que não podem ser vacinados (como em casos de alergias graves ou imunossupressão). Protetor temporário: Pode ser usado para fornecer proteção enquanto o sistema imunológico da pessoa ainda está em desenvolvimento (como em recém-nascidos ou crianças pequenas). Desvantagens da Imunização Passiva: Proteção temporária: Ao contrário da imunização ativa (vacinas), onde o corpo forma memória imunológica e se torna protegido a longo prazo, a imunização passiva oferece proteção temporária. Os anticorpos são eliminados do corpo com o tempo, geralmente em semanas ou meses, o que significa que a pessoa precisará de nova proteção em exposições futuras. Não promove memória imunológica: Como os anticorpos prontos são fornecidos diretamente, o sistema imunológico da pessoa não é estimulado a produzir seus próprios anticorpos. Portanto, ela não cria uma memória imunológica, ficando desprotegida a longo prazo contra a mesma infecção. Risco de reações alérgicas: Em casos raros, o soro usado para a imunização passiva pode causar reações alérgicas, especialmente se o soro for proveniente de fontes animais. Exemplos de Uso da Imunização Passiva: Soro antiveneno: Quando uma pessoa é mordida por uma cobra venenosa, ela pode receber um soro contendo anticorpos contra o veneno, o que ajuda a neutralizar o veneno rapidamente. Imunoglobulina humana: Para a prevenção de hepatite B após exposição ao vírus, pode ser administrada imunoglobulina humana, que contém anticorpos contra o vírus da hepatite B. Imunização de bebês contra doenças: Em alguns casos, bebês podem receber imunoglobulina para proteção temporária contra doenças enquanto ainda estão imaturos para responder às vacinas. image1.png